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Direito Processual Penal I

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Direito Processual Penal I
1 - NOÇÕES GERAIS DO DIREITO PROCESSUAL PENAL.
A) CONCEITO. FONTES DO DIREITO PROCESSUAL PENAL. ARTS. 1º A 3º DO CPP
As fontes do direito processual são divididas em:
1.  Fonte material: É a fonte de produção, refere-se ao ente que tem competência para elaborar as normas, ou seja, é aquela que cria o Direito.
2. Fonte formal: É aquela que revela o direito. É a exteriorização. As fontes formais de subdividem em: fontes primárias/imediatas: são as leis, Constituição Federal, Emendas à Constituição, Tratados, convenções e regras de Direito Internacional e fontes secundárias/mediatas: analogia, costumes, jurisprudência, doutrina e princípios gerais do direito.
Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código, ressalvados:
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional;
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade 
III - os processos da competência da Justiça Militar;
IV - os processos da competência do tribunal especial 
V - os processos por crimes de imprensa
Parágrafo único.  Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos nos. IV e V, quando as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo diverso.
Art. 2o  A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.
Art. 3o  A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito.
B) APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO E NO ESPAÇO.
Lei Processual no Espaço: diz respeito ao principio da territorialidade, ou seja, a lei processual brasileira só se aplica nos processos realizados no espaço territorial do Brasil, conforme o artigo 1º do CPC/73, que afirma que a "Jurisdição civil, contenciosa e voluntaria, é exercida pelos juízes, em todo território nacional, conforme as disposições que este Código estabelece.". Em outras palavras, no Brasil, só são aplicadas as normas processuais brasileiras. A Jurisdição e o Poder Soberano do Estado, não podem ser regulados por lei estrangeira.
Lei Processual no Tempo: essa diz respeito ao tempo, aos momentos quando leis novas entram em vigor, e como proceder com os casos já em andamento. Caso a lei nova crie um outro recurso, ou faça a extinção do mesmo, a lei antiga permanece, para manter o direito assegurado daquele que desejou recorrer, uma vez que o processo já foi iniciado e esta em andamento. Se a lei nova diminui os prazos, a lei antiga permanece ainda até o fim do processo. Se a lei nova, pelo contrario, aumenta os prazos, ela vai ser utilizada, aplicada ao processo, uma vez que favorece ao réu.
C) FORMAS DE INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL.
Interpretar a lei processual penal é procurar seu sentido, seu alcance e sua correta aplicação ao caso penal e, sendo a lei a única fonte formal de incriminação, a hermenêutica adquire maior relevância no Direito Penal. A doutrina moderna é pacífica no sentido de que a interpretação é indispensável mesmo quanto às normas claríssimas, que não apresentam qualquer obscuridade.Nos ensinamentos do professor Fernando Capez “Interpretação é a atividade que consiste em extrair da norma seu exato alcance e real significado. Deve buscar a vontade da lei, não importando a vontade de quem a fez”. A grande maioria dos doutrinadores subdivide a interpretação em objetiva e subjetiva. Essa divisão surge exatamente pelas teorias antagônicas que existiam. Alguns pensadores da Escola História de Direito, defendiam que a lei sendo clara, não necessita de interpretação, resguardando-se no princípio do “In Claris Cessat Interpretatio” (ou, que o texto legal, quando redigido de forma clara e objetiva, não necessita de interpretação). Outros, da Escola da Exegese, acreditavam que falar em vontade do legislador é ater-se ao sentido da lei, ou seja, pesquisar a vontade daquele que produziu o texto legal, era inerente a qualquer dispositivo, inclusive aqueles aparentemente claros e suficientes. Hoje, o entendimento majoritário dos juristas brasileiros está apoiado no preceito do artigo 5º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, que dispõe que qualquer norma, por mais clara e satisfeita que sua redação possa transmitir, exige interpretação, até que seja claro o seu verdadeiro significado. Tem-se por interpretação objetiva aquela que visa entender e atingir a suposta intenção trazida pela lei. Já a subjetiva é a suposta vontade do legislador. Muito se discute acerca da “vontade do legislador”, sendo que deve transmitir o interesse não só de uma única pessoa, mas um cúmulo de vontades. Aplicam-se ao processo penal as regras usuais de interpretação da lei. O processo penal admite interpretação extensiva, bem como o uso da analogia e dos princípios gerais de direito. Portanto, necessário o estudo sobre a interpretação e a especificação das suas espécies.
D) PRINCIPAIS PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL PENAL.
· Princípio da Verdade real: O processo penal não se conforma com ilações fictícias ou afastadas da realidade. O magistrado pauta o seu trabalho na reconstrução da verdade dos fatos, superando eventual desídia das partes na colheita probatória, como forma de exarar um provimento jurisdicional mais próximo possível do ideal de justiça. Todavia, a proatividade judicial na produção probatória encontra forte resistência na doutrina em razão do filtro constitucional desempenhado pela adoção do sistema acusatório, limitando a atuação do julgador.
· Princípio da Obrigatoriedade: Os órgãos incumbidos da persecução criminal, estando presentes os permissivos legais, estão obrigados a atuar. A persecução criminal é de ordem publica, e não cabe juízo de conveniência ou oportunidade. Assim, o delegado de policia e o promotor de justiça, como regra, estão obrigados a agir, não podendo exercer juízo de conveniência quanto ao inicio da persecução.
· Princípio da Oficialidade: Os órgãos incumbidos da persecução criminal (IP e processo), atividade eminentemente publica, são órgãos oficiais por excelência, tendo a CF consagrado a titularidade da ação penal publica ao MP (129, I), e disciplinado a policia judiciaria no &4º, do art. 144 CPP.
· Princípio da Oficiosidade: A atuação oficial na persecução criminal, como regra, ocorre sem necessidade de autorização, isto é, prescinde de qualquer condição para agir, desempenhando suas atividades ex officio. Excepcionalmente, o inicio da persecução penal pressupõe autorização do legitimo interessado, como se dá na ação penal publica condicionada a representação da vitima ou á requisição do Ministro da Justiça (24, CPP).
· Princípio do Juiz Natural: Tal principio consagra o direito de ser processado por juiz competente (art. 5, LIII) e a vedação constitucional a criação de juízos ou tribunais de exceção (art. 5º, XXXVII). Em outras palavras, impede a criação casuística de tribunais pós-fato, para apreciar um determinado caso. 
· Princípio da indisponibilidade: O principio da indisponibilidade é uma decorrência do principio da obrigatoriedade, rezando que, uma vez iniciado o IP ou o processo penal, os órgãos incumbidos da persecução criminal não podem deles dispor.
· Princípio do Contraditório: Traduzido no binômio ciência e participação, e de respaldo constitucional (art. 5º, inc LV), impõe que ás partes deve ser dada a possibilidade de influir no convencimento do magistrado, oportunizando-se a participação e manifestação sobre os atos que constituem a evolução processual. O principio do contraditório, o qual esta aliado o da ampla defesa, já existia de forma implícita no ordenamento jurídico brasileiro vigente sob a égide das constituições anteriores a 1988. No entanto, sua positivação expressa se deu com o advento da CF/88, reconhecendo-lhe a qualidade de direito de primeira geração, de proteção a liberdade.
· Princípioda Inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos: As provas obtidas por meios ilícitos são inadmissíveis no processo penal, conforme art. 5º LVI da CF88, desta forma, nenhum dispositivo infraconstitucional pode deixar de estar em consonância com esta norma. Porém, quanto ao estado das pessoas preceitua o artigo 155 do CPP que serão observadas as normas da lei civil, sendo pacificamente recepcionado pelas regras constitucionais.
· Princípio do Devido Processo Legal: É o princípio que assegura a todos o direito a um processo com todas as etapas previstas em lei e todas as garantias constitucionais. Se no processo não forem observadas as regras básicas, ele se tornará nulo. É considerado o mais importante dos princípios constitucionais, pois dele derivam todos os demais. Ele reflete em uma dupla proteção ao sujeito, no âmbito material e formal, de forma que o indivíduo receba instrumentos para atuar com paridade de condições com o Estado-persecutor.
· Princípio do Estado de Inocência ou Presunção de Inocência: Presunção de inocência, presunção de não culpabilidade e estado de inocência são denominações tratadas como sinônimas pela mais recente doutrina. Não há utilidade pratica na distinção. Trata-se de principio que foi inserido expressamente no ordenamento jurídico brasileiro pela CF/88. A CF cuidou do estado de inocência de forma ampla, isto é, de forma mais abrangente que a Convenção Americana de direitos humanos (ratificada pelo Brasil pelo decreto 678/92), na medida em que estabeleceu que “toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma a sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa” (art. 8, Item 2), enquanto que a CF dispôs como limite da presunção da não culpabilidade o transito em julgado da sentença penal condenatória.
· Princípio da Ampla Defesa: Enquanto o contraditório é principio protetivo de ambas as partes (autor e réu), a ampla defesa – que com o contraditório não se confunde – é garantia com destinatário certo: o acusado.
A defesa pode ser subdividida em: defesa técnica, que é a defesa efetuada por profissional habilitado; e autodefesa (defesa material ou genérica) que é a defesa realizada pelo próprio imputado. A defesa técnica é sempre obrigatória, enquanto a autodefesa pode ou não ser exercida pelo acusado, que pode optar por permanecer inerte, invocando inclusive o silêncio. A autodefesa comporta também subdivisão, representada pelo direito de audiência (oportunidade de influir na defesa por intermédio do interrogatório), e no direito de presença, consistente na possibilidade de o réu tomar posição, a todo momento, sobre o material produzido, sendo-lhe garantia a imediação com o defensor, o juiz e as provas.
· Princípio Favor Rei: O princípio do favor rei se caracteriza, principalmente, pela prevalência dos valores da justiça e da liberdade sobre o poder de punir do Estado, garantindo, no curso do processo penal, certos direitos exclusivamente ao réu. Exatamente por isso, o intento do presente trabalho é o de explorar as origens do princípio do favor rei, bem como sua incidência no processo penal brasileiro. Para tanto, buscar-se-á oferecer uma correta conceituação de tal princípio por meio de uma pesquisa histórica, doutrinária e, em especial, da própria legislação processual penal vigente no país, de modo a desvelar os pormenores da influência que tal princípio exerce no processo penal. Insta, ainda, concatenando e comparando as características do favor rei a outros princípios e disposições albergadas na Constituição Federal de 1988 acerca dos direitos e garantias do acusado, desvendar se tal princípio possui ou não guarida constitucional.
· Princípio da Identidade Física do Juiz: O postulado da identidade física do juiz busca, em síntese, a vinculação do magistrado que conduziu o feito e participou efetivamente da sua instrução, à prolação da sentença, de molde a privilegiar, ao máximo possível, o processo cognitivo desenvolvido ao longo do iter processual.
E) PRAZOS NO DIREITO PROCESSUAL PENAL.
No Processo Penal, Decreto-Lei nº 3.689/1941, todos os prazos contam-se da data da efetiva ciência (citação, notificação ou intimação) e não da juntada do mandado.
A Corte Suprema estabeleceu regras para definir o início do prazo processual penal, conforme entendimento sumulado a seguir:
Súmula 710 do STF:
“No processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem”.
Importante destacar também a Súmula 310 do STF:
“Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente, caso em que começará no primeiro dia útil que se seguir”.
no Processo Penal, o dia do começo é excluído.
O Código de Processo Penal possui norma expressa no §1 do art. 798 não gerando qualquer tipo de lacuna no assunto, conforme se observa:
“Art. 798 (…)
§ 1o  Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento.”
Tal diferença se dá para garantir às partes possibilidade de manifestação, exercício do contraditório e ampla defesa. Na prática, isso significa mais tempo para a defesa nos atos processuais.
Do inquérito Policial
Conceito
O inquérito policial é um procedimento administrativo informativo, destinado a apurar a existência de infração penal e sua autoria, a fim de que o titular da ação penal disponha de elementos suficientes para promovê-la.
Natureza
Trata-se de uma instrução provisória, preparatória e informativa, em que se colhem elementos por vezes difíceis de obter na instrução judiciária, como auto de flagrante, exames periciais, entre outros.
Finalidade
Seu destinatário imediato é o Ministério Público (nos crimes de ação penal pública) ou o ofendido (nos crimes de ação penal privada), que com ele formam a sua opinio delicti para a propositura da denúncia ou queixa. Por outro lado, o inquérito tem como destinatário mediato o Juiz, que nele também pode encontrar fundamentos para julgar.
Diz o artigo 12 do Código de Processo Penal: "o inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra". Deste dispositivo deduz-se que o inquérito não é indispensável para o oferecimento da denúncia ou da queixa. Além disso, o artigo 39, § 5º e 46, § 1º, do mesmo codex, acentuam que o órgão do MP pode dispensar o inquérito. Por isso, tem-se decidido que, tendo o titular da ação penal os elementos necessários para o oferecimento da denúncia ou queixa, o inquérito é perfeitamente dispensável.
Ademais, o artigo 27 do código em comento determina que qualquer um do povo pode provocar a iniciativa do MP fornecendo-lhe informações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os meios de convicção.
O inquérito policial não se confunde com a instrução criminal. Por essa razão, não se aplicam ao inquérito os princípios do processo penal, nem mesmo o contraditório, pois o inquérito não tem finalidade punitiva, mas apenas investigativa. O que se assegura, unicamente, é a possibilidade da vítima e do indiciado fazerem requerimentos ao delegado, as quais poderão ou não ser atendidos.
Início do Inquérito Policial
O inquérito policial pode começar:
· de ofício, por portaria ou auto de prisão em flagrante;
· requisição do Ministério Público ou do Juiz;
· por requerimento da vítima;
· mediante representação do ofendido.
Características
O inquérito policial é:
· Discricionário: a polícia tem a faculdade de operar ou deixar de operar dentro de um campo limitado pelo direito. Por isso, é lícito à autoridade policial deferir ou indeferir qualquer pedido de prova feito pelo indiciado ou pelo ofendido (art. 14/CPP), não estando sujeita a autoridade policial à suspeição (art. 107/CPP). O ato de polícia é autoexecutável, pois independe de prévia autorização do Poder Judiciário para a sua concretização jurídico material.
· Escrito: porque é destinado ao fornecimento de elementos ao titular da ação penal. Todasas peças do inquérito serão, em um só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade (art. 9º /CPP).
· Sigiloso: pois só assim a autoridade policial pode providenciar as diligências necessárias para a completa elucidação do fato sem que lhe seja posto empecilhos para impedir ou dificultar a colheita de informações, com ocultação ou destruição de provas, influência sobre testemunhas etc. Por isso, dispõe a lei que "a autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade" (art. 20/CPP). Tal sigilo não se estende ao Ministério Público, que pode acompanhar os atos investigatórios, nem ao Poder Judiciário. O advogado só pode ter acesso ao inquérito policial quando possua legimitatio ad procedimentum e, decretado o sigilo, em segredo de Justiça, não está autorizada sua presença a atos procedimentais, diante do princípio da inquisitoriedade que norteia nosso Código de Processo Penal quanto à investigação. Pode, porém, manusear e consultar os autos findos ou em andamento (art. 7º, XIII e XIV, do EOAB). Diante do art. 5º, LXIII, da CF, que assegura ao preso a assistência de advogado, não há dúvida que poderá o advogado, ao menos nessa hipótese, não só consultar os autos de inquérito policial, mas também tomar as medidas pertinentes em benefício do indiciado. Com a edição da súmula vinculante nº 14, garantiu-se ao advogado o amplo acesso aos elementos de prova colhidos durante o procedimento investigatório, desde que já documentados, a fim de que o seu representado possa exercer seu direito de defesa.
· Indisponível: porque uma vez instaurado regularmente, em qualquer hipótese, não poderá a autoridade arquivar os autos (art. 17/CPP).
· Obrigatório: na hipótese de crime apurável mediante ação penal pública incondicionada, a autoridade deverá instaurá-lo de ofício, assim que tenha notícia da prática da infração (art. 5º, I, do CPP).
Competência
Salvo exceções legais, a competência para presidir o inquérito policial é deferida, em termos constitucionais, aos delegados de polícia de carreira (autoridade policial), de acordo com as normas de organização policial dos Estados.
Essa atribuição é distribuída, de um modo geral, de acordo com o lugar onde se consumou a infração (ratione loci), em obediência à lei processual que se refere ao território das diversas circunscrições. O art. 22, porém, determina que "no DF e nas comarcas em que houver mais de uma circunscrição policial, a autoridade com exercício em uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja procedendo, ordenar diligências em circunscrições de outra, independentemente de precatória ou requisições, e bem assim providenciará, até que compareça a autoridade competente sobre qualquer fato que ocorra em sua presença, noutra circunscrição". O art. 4º, aliás, não impede que a autoridade policial de uma circunscrição (Estado ou Município) investigue os fatos criminosos que, praticados em outro local, hajam repercutido na de sua competência, pois os atos de investigação, por serem inquisitoriais (e não um processo), não se acham abrangidos no artigo 5º, LIII, da CF, segundo a qual ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente.
Nada impede também que se proceda à distribuição da competência em razão da matéria (ratione materiae), ou seja, levando-se em conta a natureza da infração penal. Aliás, em vários estados têm sido criada delegacias especializadas (homicídios, tóxicos, da mulher etc).
A competência para o inquérito policial que envolva titulares de prerrogativa de função cabe ao próprio foro do titular (STF, STJ, TJ etc).
Valor probatório
Como instrução provisória, de caráter inquisitivo, o inquérito policial tem valor informativo para instauração da competente ação penal. Entretanto, nele se realizam certas provas periciais que contém maior dose de veracidade, porque são baseadas em fatores de ordem técnica. Nessas circunstâncias, têm igual valor a das provas colhidas em juízo.
O conteúdo do inquérito, tendo por finalidade fornecer ao detentor do direito de ação os elementos necessários para a propositura de ação penal, não deixa de influir no espírito do juiz na formação de seu livre convencimento para o julgamento da causa. Não se pode, porém, fundamentar uma decisão condenatória apoiada exclusivamente no inquérito policial, o que contraria o princípio constitucional do contraditório, que não existe no inquérito.
Vícios
Sendo o inquérito mero procedimento informativo, os seus possíveis vícios não afetam a ação penal a que deu origem. A desobediência às formalidades legais podem acarretar a ineficácia do ato em si (relaxamento de prisão em flagrante, por exemplo), mas não influi na ação já iniciada, com denúncia recebida. Porém, tais irregularidades diminuem o valor dos atos a que se refiram, merecendo consideração no exame do mérito da causa.
Juizado de instrução
É o instrumento destinado à apuração das infrações penais sob a presidência de um juiz, ou seja, um juiz instrutor colhe as provas. A função da polícia seria apenas de prender os infratores e apontar os meios de provas.
Não é aplicado no país, embora a CF não impeça sua criação pelos próprios estados federados (arts. 24, X e XI, e 98, I).
NOTITIA CRIMINIS
Conceito
A notícia do crime é o conhecimento, espontâneo ou provocado, pela autoridade policial de um fato aparentemente criminoso.
A espontânea é aquela em que o conhecimento pela autoridade policial ocorre direta e imediatamente, durante o exercício de sua atividade. Pode ocorrer por conhecimento direto ou comunicação não formal (cognição imediata). Ex: encontro de corpo de delito, comunicação de um funcionário subalterno, informação pelos meios de comunicação etc.
A provocada é a transmitida pelas diversas formas previstas na legislação processual penal, consubstanciando-se num ato jurídico. Pode ocorrer por comunicação formal da vítima ou de qualquer do povo, por representação, por requisição judicial ou do Ministério Público etc. (cognição mediata).
Pode também a notícia do crime estar revestida de forma coercitiva, hipótese de prisão em flagrante delito por funcionário público no exercício de suas funções ou particular (cognição coercitiva).
Autores e destinatários da notitia criminis
Geralmente, o autor da notitia criminis é o ofendido ou seu representante legal (art. 5º, II e §§ 4º e 5º ), e o seu destinatário é a autoridade policial (art. 5º, II, §§ 3º e 5º), o MP (arts. 27, 39 e 40/CPP), ou, excepcionalmente, o juiz (art. 39/CPP);
Na ação penal pública incondicionada pode, também, ser autor:
- qualquer pessoa do povo: que deve comunicá-la, por escrito ou verbalmente, à autoridade policial (delatio criminis simples), nada impedindo que seja anônima (notitia criminis inqualificada). Após, a autoridade investiga sua procedência e instaura o inquérito policial (art. 5º, § 3º);
- o juiz: que deve comunicá-la ao MP (art. 40) ou requisitar à autoridade policial a instauração de inquérito policial;
- qualquer funcionário público que tenha conhecimento no exercício de função pública: que deve comunicá-la à autoridade policial, constituindo a omissão contravenção penal (art. 66, I, da LCP);
- qualquer pessoa que tenha conhecimento no exercício de medicina ou de outra profissão sanitária: que deve comunicar à autoridade policial, constituindo a omissão contravenção penal (art. 66, II, da LCP);
Na ação penal pública condicionada à representação do ofendido, só pode ser autor da notitia criminis o ofendido ou o seu representante legal (art. 5º, II, e §§ 4º e 5º)
Na ação pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça (crimes praticados contra a honra do Presidente da República, ou chefe de governo estrangeiro, entre outros – art. 145, parágrafo único/CP; art. 23, I c.c. art. 7º, § 3º/CP), a notitia criminis é faculdade do Ministro da Justiça.
Nos crimes de engajamento e deserção, é o Capitão do porto (art. 3º, parágrafo único, do Dec.-lei 4124/42);
Nos crimes de responsabilidade dos governadores de Estado:às Assembleias Legislativas;
Nos crimes de responsabilidade do Presidente da República: à Câmara dos Deputados ou Senado Federal;
Nos crimes militares: autoridade militar competente (art. 7º da CPPM);
Nos crimes relacionados com serviço postal ou com o serviço de telegrama: o MP Federal (art. 45 da Lei 6538/78).
Instauração de inquérito no caso de ação pública incondicionada
É com a notitia criminis que se instaura o inquérito policial, mas a lei processual disciplina a matéria prevendo formas específicas dessa comunicação.
Quando a ação penal é pública incondicionada, o inquérito policial pode ser instaurado:
· de ofício, pela autoridade policial, através de Portaria (art. 5º, I). A Portaria é uma peça singela, na qual a autoridade policial consigna haver tido ciência da prática do delito;
· por requisição do Ministério Público, ou, excepcionalmente, do juiz (art. 5º, II). O art. 40 do Código de Processo Penal determina que quando o juiz verificar a existência de crime de ação pública incondicionada, deve remeter ao MP cópia dos documentos necessários para o oferecimento da denúncia. Sendo insuficientes tais documentos, o MP deverá requisitar a instauração de inquérito policial com fundamento nesses elementos, como de outros que lhe forem fornecidos (art. 27, 39 e 40/CPP);
· por requerimento escrito da vítima (art. 5º, II/CPP). Tal requerimento pode ser indeferido pela autoridade policial por entender que o fato não constitui crime. Do indeferimento do pedido cabe recurso administrativo ao chefe de polícia (art. 5º § 2º). Entretanto, a comunicação verbal é a mais comum, cumprindo à autoridade policial, determinar, ad cautelam, que as declarações sejam reduzidas a termo;
· pela prisão em flagrante: quando o respectivo auto será a primeira peça do procedimento.
O inquérito não deve ser instaurado se:
· o fato é atípico - porque já se tem decidido que constitui constrangimento ilegal sanável pela via do habeas corpus;
· a punibilidade do agente estiver extinta;
· autoridade for incompetente;
· não serem fornecidos os elementos indispensáveis para proceder à investigação;
· do indiciado já ter sido absolvido ou condenado pelo fato, ainda que a sentença não tenha transitado em julgado, senão há bis in idem.
Instauração do inquérito no caso de ação penal pública condicionada
Diz o art. 5º, § 4º, da legislação processual penal que nos crimes em que a ação penal pública depende de representação, o inquérito não pode ser iniciado sem ela. A representação é um pedido autorização em que o interessado manifesta o desejo de que seja proposta a ação penal pública, e portanto, como medida preliminar, o inquérito policial. Nos termos do art. 100, § 1º, do CP e 24/CPP, podem oferecer representação o ofendido ou seu representante legal, e, por força do art. 39, o procurador com poderes especiais.
A representação denominada na doutrina de delatio criminis postulatória, pode ser dirigida à autoridade policial, ao juiz ou ao órgão do MP. O magistrado e o membro do MP, se não tiverem elementos para o oferecimento da denúncia, deverão encaminhá-los à autoridade policial, requisitando a instauração do procedimento inquisitorial. Ela pode ser escrita ou oral, e deve conter as informações necessárias para apuração do fato e da autoria (arts. 5º, § 1º, e 39, § 1º). A representação oral ou sem assinatura autenticada deve ser reduzida a termo (art. 39, § 1º).
O direito de representação está sujeito à decadência, extinguindo-se a punibilidade do crime se não for ela oferecida no prazo legal. Há casos em que a instauração depende de requisição do Ministro da Justiça. Neste caso, a representação não está sujeita à decadência.
Instauração de inquérito no caso de ação privada
Quando a lei prevê que determinado crime só pode ser instaurado mediante queixa, trata-se de crime de ação penal privada. Nessas hipóteses, o inquérito policial também só pode ser instaurado mediante iniciativa da vítima ou seu representante legal– requerimento (art. 5º, §3º, do CPP). Na hipótese de morte ou ausência judicialmente declarada do titular, o direito de queixa passa a ser do cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (art. 31).
O art. 34 não mais se aplica em virtude do Código Civil ter fixado o término da menoridade aos 18 anos. Assim, completando a vítima 18 anos, desde que não seja doente mental, somente ela pode exercer o direito de queixa.
O art. 35 previa outorga marital para a mulher casada, no entanto, foi revogado pelo arts. 5º, I, e 226, §5º, da CF e pela Lei nº 9.520/97.
O requerimento não exige formalidades, mas é necessário que contenha elementos indispensáveis à instauração do Inquérito Policial (art. 5º, §1°, do CPP).
Exige-se que o requerimento seja reduzido a termo quando apresentado verbalmente ou mediante petição sem autenticação da assinatura do subscritor.
Na hipótese de prisão em flagrante por crime de ação privada, o auto respectivo e a instauração do inquérito policial só poderão ser lavrados quando requeridos, por escrito ou oralmente, pela vítima ou outra pessoa qualificada para a propositura da ação (art. 5º, §5º, do CPP).
Decorrido o prazo de decadência da ação privada (6 meses - art. 38 do CPP), o inquérito policial não pode ser instaurado – extinção da punibilidade. A instauração do inquérito policial não interrompe o prazo decadencial, devendo a queixa ser proposta antes de seu término.
Encerrado o inquérito policial, os autos poderão ser entregues ao requerente, se o pedir, mediante o traslado, ou, se não o fizer, deverão ser remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal (art. 19/CPP).
São características do Inquérito Policial:
1.  Escrito;
2. Sigiloso;
3. Oficial;
4. Oficioso ou obrigatório;
5. Autoritário;
6. Indisponível;
7. Inquisitivo.
1. Procedimento escrito
Segundo o artigo 9º do CPP, todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade. Não existe Inquérito Policial oral, apenas escrito.
2. Procedimento sigiloso
Nos termos do artigo 20 do CPP, A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. O sigilo é essencial para o sucesso das investigações. O sigilo não se estende ao Ministério Público nem ao juiz, mas refere-se à comunidade.
DEFESA E SIGILO NO INQUÉRITO POLICIAL:
No que se refere aos advogados, o STF editou a Súmula Vincula 14, a qual confere aos advogados e defensores, acesso amplo aos elementos de provas já documentados em procedimento investigatório.
Súmula Vinculante 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.
PERGUNTA: E o que seria uma diligência investigatória não materializada?
RESPOSTA: Seria, por exemplo, uma interceptação telefônica em curso.
Cabe ainda ressaltar que essa interpretação do STF foi incorporada ao Estatuto da OAB:
Art. 7º São direitos do advogado: (…)
XIV – examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital.
OBS.: O acesso do advogado independe de procuração do investigado, mesmo que esse IP se encontre concluso à autoridade policial. O advogado pode tomar por termo, cópia ou fazer cópia digital do inquérito.
PERGUNTA: O advogado sempre poderá ter acesso ao IP sem procuração?
RESPOSTA: Não, segundo §10º do art. 7º do estatuto da OAB, nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração.
Art. 7º São direitos do advogado: (…)
§ 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o exercício dos direitos de que trata o inciso.
VALE LEMBRAR: O inciso XIV, do artigo 7º do Estatuto da OAB, tratado direito do advogado de ter acesso ao inquérito policial na delegacia de polícia ou em qualquer órgão que realize investigação, sem que precise apresentar procuração. Lembrando que todo inquérito policial é sigiloso perante a sociedade, mas não guarda sigilo em relação ao juiz, ao investigado e ao Ministério Público.
3. Procedimento oficial
O inquérito policial é instaurado e presidido, via de regra, pela autoridade policial.
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.
4. Procedimento oficioso ou obrigatório
A autoridade policial tem a obrigação de instaurar inquérito policial para apuração das circunstâncias do cometimento de crime, cujo processamento se dá pelo oferecimento de ação penal pública incondicionada, independente de provocação de terceiros. Não se trata, pois, de ato discricionário da autoridade policial.
Mas cuidado! A instauração ex officio é apenas para os crimes cuja ação penal é pública incondicionada. Se for ação penal pública condicionada à representação ou ação penal privada a autoridade policial está restrita à manifestação da parte.
Art. 5º do CPP. Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
I – De ofício;
5. Procedimento autoritário
Embora o IP não seja um procedimento discricionário, a autoridade policial usufrui de amplos poderes para, com base na conveniência e oportunidade das investigações, buscar atingir a finalidade pretendida, que é a materialidade e a autoria.
Os artigos 6º e 7º do CPP dispõem de todas as diligências que ficam a serviço do delegado:
Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
I – Dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais;
II – Apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais;  
III – colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
IV – Ouvir o ofendido;
V – ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura;
VI – Proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
VII – determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias;
VIII – ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;
IX – Averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter.
X – Colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa
Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública.
6. Procedimento indisponível
Após sua instauração, o inquérito policial não pode mais ser arquivado pela autoridade policial. O arquivamento deve ser determinado pelo Juiz de direito, que apenas poderá fazê-lo após requisição do Ministério Público.
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.
ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL APÓS A LEI ANTICRIME:
Com o advento do pacote anticrime, fora alterado o artigo 28 do CPP que trata sobre o arquivamento do inquérito policial.
A redação antiga dispunha que se o MP, ao invés de apresentar a denúncia, requeresse o arquivamento, o juiz, se considerasse improcedente as razões invocadas, faria remessa do IP ao procurador-geral, e este ofereceria a denúncia ou insistiria no arquivamento, ao qual só então estaria o juiz obrigada a atender.
Redação antiga:
Art. 28 do CPP: Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.
Após a publicação da Lei 13.964/2019 o artigo passou a vigorar com a seguinte redação:
Redação atual:
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, na forma da lei.
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica.
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União, Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem couber a sua representação judicial.
A nova redação trouxe significativas mudanças. Observa-se que pela nova regra, o MP ordenado o arquivamento do IP, comunica à vítima, ao investigado e à autoridade policial e encaminha os autos para instância de revisão ministerial para fins de homologação.
Além disso, a nova regra também trouxe a possibilidade da vítima ou seu representante legal, submeter a meteria à revisão da instância competente do órgão ministerial, caso não concorde com o arquivamento do inquérito policial, no prazo de 30 dias do recebimento da sua comunicação.
IMPORTANTE! A nova regra prevista no artigo 28 do CPP, está suspensa por decisão do Relator Ministro Luiz Fux, em medida cautelar em Ação Direta de Inconstitucionalidade, nº 6.299.
ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO:
Em caso de concurso de agentes, quando o MP deixa de oferecer denúncia contra todos os envolvidos, parte da doutrina entende estar diante de um arquivamento implícito.
 O arquivamento implícito não foi concebido pelo ordenamento jurídico brasileiro em razão do princípio da indivisibilidade. Todavia, nada impede que o Ministério Público proceda ao aditamento da denúncia, no momento em que se verificar a presença de indícios suficientes de autoria de outro corréu.
Nesse sentido, vale mencionar o Informativo Nº 562 DO STF:
Inquérito Policial e Arquivamento Implícito
O sistema processual penal brasileiro não agasalhou a figura do arquivamento implícito de inquérito policial. Com base nesse entendimento, a Turma desproveu recurso ordinário em habeas corpus interposto contra acórdão do STJ que denegara writ lá impetrado ao fundamento de que eventual inobservância do princípio da indivisibilidade da ação penal não gera nulidade quando se trata de ação penal pública incondicionada. No caso, o paciente fora preso em flagrante pela prática do delito de roubo, sendo que — na mesma delegacia em que autuado — já tramitava um inquérito anterior, referente ao mesmo tipo penal, contra a mesma vítima, ocorrido dias antes, em idênticas condições, sendo-lhe imputado, também, tal fato. Ocorre que o parquet — em que pese tenha determinado o apensamento dos dois inquéritos, por entendê-los conexos — oferecera a denúncia apenas quanto ao delito em que houvera o flagrante, quedando-se inerte quanto à outra infração penal. O Tribunal local, todavia, ao desprover recurso de apelação, determinara que, depois de cumprido o acórdão, fosse aberta vista dos autos ao Ministério Público para oferecimentode denúncia pelo outro roubo. Destarte, fora oferecida nova exordial acusatória, sendo o paciente novamente condenado. Sustentava o recorrente, em síntese, a ilegalidade da segunda condenação, na medida em que teria havido arquivamento tácito, bem como inexistiria prova nova a autorizar o desarquivamento do inquérito.[1]
ARQUIVAMENTO INDIRETO:
Cuida-se de construção doutrinária a partir da hipótese de o promotor deixar de oferecer denúncia por entender que o juízo é incompetente para a ação penal.
O STF já decidiu que se o magistrado discordar da manifestação ministerial, que entende ser o juízo incompetente, deve encaminhar os autos ao procurador-geral de justiça, para, na forma do art. 28 do CPP (redação antiga), dar solução ao caso, vendo-se, na hipótese, um pedido indireto de arquivamento. Trata-se, assim, de um conflito de competência, porém a doutrina utiliza essa nomenclatura em razão da aplicação analógica do art. 28 do CPP.
Não havendo prova da materialidade ou indícios mínimos de autoria, o MP poderá promover o arquivamento do inquérito. Entretanto, após o arquivamento do IP pela autoridade judiciária, poderá a autoridade policial continuar realizando investigações se tiver notícia de fatos que eram desconhecidos quando do arquivamento. Encontrando novas provas, é possível a instauração de ação penal com base na investigação realizada pela autoridade policial.
O STF traz a previsão jurisprudencial de situações em que o arquivamento do IP faz coisa julgada material, e não coisa julgada formal. É o caso em que o arquivamento se dá em razão da atipicidade do fato ou quando resta comprovado a ausência de autoria do investigado, por exemplo.
INQUÉRITO POLICIAL MILITAR – ARQUIVAMENTO – TRÂNSITO EM JULGADO – CORREIÇÃO – ARTIGO 498 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL MILITAR – ALCANCE. O disposto no artigo 498 do Código de Processo Penal Militar não alcança situação jurídica em que verificada a preclusão maior de pronunciamento judicial no sentido do arquivamento do inquérito policial militar.
Observação
– Acórdão(s) citado(s): (CORREIÇÃO PARCIAL, JUSTIÇA MILITAR, COISA JULGADA MATERIAL) HC 74581 (1ªT), HC 116249 (1ªT), HC 116364 (1ªT). Número de páginas: 13. Análise: 12/09/2018, JRS.[2]
Assim, naquela relação finalizada com o arquivamento do IP nada mais poderá ser feito, porém nada impede que a partir da realização de novas diligências se ofereça ação penal, não com base no inquérito arquivado, mas no conjunto indiciário que surgiu após o arquivamento do IP originário.
Art. 18 do CPP: Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
7. Procedimento inquisitivo
O inquérito policial tem natureza inquisitiva, nele não é observado os princípios do contraditório e da ampla defesa, pois não há acusação. É um procedimento destinado à formação da opinio delicti do órgão acusatório.
Logo, nessa fase, essas garantias constitucionais são mitigadas, até mesmo porque os elementos de informação colhidas no inquérito não se prestam, por si só, a fundamentar uma condenação criminal (art. 155 do CPP).
 Apesar de no inquérito policial não existirem as mesmas garantias que em um processo judicial, é preciso dizer que “o investigado não é mero objeto de investigação; ele titulariza direitos oponíveis ao Estado” (Min. Celso de Mello). Assim, alguns autores e ministros defendem que existe um contraditório no IP, mas que ele é mitigado.
A questão, por aqui, é de grau ou de nível quanto a esses direitos fundamentais (e inerentes) à garantia (maior) do devido procedimento legal (artigo 5º, LIV, da CRFB), que também vincula o inquérito policial num Estado de Direito. [3]
Ação Penal: definição, tipos, princípios e requisitos
O conceito de ação penal consiste no direito de se exigir ou pedir a tutela jurisdicional do Estado, tendo como objetivo a resolução de um conflito decorrente de um fato concreto.
Na contexto da legislação penal brasileira, incluído o Código Penal, o Código de Processo Penal e legislação extravagante, estão previstas as condutas tipificadas como lesivas que carecem da intervenção do Estado na resolução do conflito, bem como os meios pelos quais o controle social formal é exercido pelo ente estatal. 
Vez que, em regra, não há autorização legal para que a própria vítima promova justiça com suas próprias mãos, compete ao Estado pacificar os conflitos, em especial na área das ciências criminais.
Diante da ocorrência dessas infrações, surge para o Estado, através de seus órgãos, o dever de investigar, averiguar a veracidade dos fatos, descobrir a autoria e, consequentemente, aplicar a devida sanção ao autor da infração.
Nesse ponto surge a ação penal, que pode-se entender pelo direito de pedir (exigir) a tutela jurisdicional do Estado, tendo em vista a resolução de um conflito concreto. Acompanhe esse texto, pois trataremos dos principais pontos da ação penal, seus tipos, requisitos, princípios entre outros.
Qual o conceito da ação penal?
A ação penal equivale ao direito de provocar o Estado na sua função jurisdicional para a aplicação do direito penal objetivo em um caso concreto. Também é o direito do Estado, único titular do “jus puniendi”, de atender a sua pretensão punitiva. 
Em outras palavras, o conceito de ação penal consiste no direito de se exigir ou pedir a tutela jurisdicional do Estado, tendo como objetivo a resolução de um conflito decorrente de um fato concreto.
Notamos que o conceito está familiarmente ligado ao princípio da irrenunciabilidade da jurisdição com base no Art. 5°, inc. XXXV, da CF/88 que diz: “a lei não excluirá da apreciação do Poder judiciário lesão ou ameaça a direito”.
A ação penal é um direito autônomo, abstrato, subjetivo e público. O autônomo, o autor satisfaz sua pretensão, já o abstrato é porque independe do resultado final do processo; direito subjetivo porque o titular do direito pode exigir do Estado/Juiz a prestação de sua função jurisdicional, e por fim, direito público, pois a prestação jurisdicional a ser invocada é de natureza pública. 
Quais são os tipos de ação penal?
Existem os seguintes tipos de ação penal:
· Ação Penal Pública Incondicionada
· Ação Penal Pública Condicionada à Representação
· Ação Penal Pública Condicionada à Requisição
· Ação Penal Privada Exclusiva
· Ação Penal Privada Subsidiária da Pública
· Ação Penal Privada Personalíssima
Ação Penal Pública
A ação penal pública é aquela cujo o titular do direito de ação for o próprio Ministério Público, isto é, o Estado propriamente dito, na figura dos promotores de justiça ou dos Procuradores da República que visa a tutela dos interesses sociais e a manutenção da ordem pública, exercendo esse direito por meio da denúncia (peça inicial da ação penal pública).
Princípios
OBRIGATORIEDADE
O princípio da legalidade está demonstrado no Artigo 24, caput, do Código de Processo Penal:
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
Dispondo o Ministério Público de elementos mínimos para a proposta da ação penal (prova da materialidade e indícios suficientes de autoria), deverá promovê-la, sem a intervenção de critérios políticos ou de utilidade social. Entende-se que, caso fosse o contrário, estar-se-ia atribuindo o poder de indulto ao órgão estatal acusador.
Em outras palavras, o princípio pelos presentes elementos legais, quais sejam, prova da ocorrência do crime e indícios de autoria, o Ministério Público é obrigado a denunciar. A exceção se dá na Lei 9.099/95 dos juizados especiais criminais.
INDISPONIBILIDADE
A adesão desse princípio proíbe a interrupção injustificada da investigação policial ou seu arquivamento pela autoridade policial. Além de que não permite que o Ministério Público desista da ação.
Como forma de garantia do referido princípio, a lei processualpenal traz diversos dispositivos, como, por exemplo, a determinação dos prazos para a conclusão do inquérito policial (Art. 10) e, ainda, a proibição da autoridade policial de formular pedido de arquivamento. 
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.
OFICIALIDADE
De acordo com este princípio, a pretensão punitiva do Estado deve se fazer valer por órgãos públicos, isto é, a autoridade policial, no caso do inquérito, e o Ministério Público, no caso da ação penal pública.
OFICIOSIDADE
Através deste princípio, durante a persecução penal não é necessário que haja autorização ou provocação para a atuação oficial, isto é, a autoridade policial ou Ministério Público pode agir sob qualquer condição.
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BIncondicionada
A ação penal pública incondicionada é promovida pelo Ministério Público, independente da vontade ou interferência de quer que seja, bastando, para tanto, que concorra às condições de ações e pressupostos processuais. 
Tem-se, via de regra, a iniciativa de ação penal de conhecimento de caráter condenatório do Ministério Público, obrigando este a promovê-la sempre que ocorrente a opinio delicti: dispõe, nesse sentido, o §1º do Art. 100 do CP e o Art. 24 do CPP, que, sendo o crime de ação pública, “esta será promovida por denúncia do Ministério Público”. 
A ação penal pública incondicionada por ser a promovida pelo Ministério Público sem que esta iniciativa dependa ou se subordine a nenhuma condição, tais como as que a lei prevê para os casos de ação penal pública condicionada, tais como representação do ofendido e requisição do ministro da Justiça. 
Por fim, na ação penal incondicionada, desde que provado um crime, tornando verossímil a acusação, o órgão do Ministério Público deverá promover a ação penal, sendo irrelevante a oposição por parte da vítima ou de qualquer outra pessoa. É a regra geral na moderna sistemática processual penal.
Condicionada
Apesar de que continue sendo do Ministério Público a iniciativa para interposição da ação penal pública, neste contexto, esta fica condicionada à representação do ofendido ou requisição do Ministro da Justiça, ou seja, são crimes em que o interesse público fica em segundo plano, dado que a lesão atinge primariamente o interesse privado.
No caso da ação penal pública condicionada, o ofendido autoriza o Estado a promover processualmente a apuração infracionária.
A esta autorização entende-se por representação, com a qual o órgão competente, isto é, o parquet, assume o dominus litis, sendo irrelevante, a partir daí, que venha o ofendido a mudar de idéia.
Então, quando a ação penal for condicionada, a Lei o dirá claramente, trazendo, em geral ao fim do artigo, a regra de que somente proceder-se-á mediante representação.
Requisitos para ação penal pública
Representação
DO OFENDIDO: Consiste a representação do ofendido em uma espécie de pedido-autorização por meio do qual o ofendido ou seu representante legal expressam o desejo de instauração da ação, autorizando a persecução penal. É necessária até mesmo para abertura de inquérito policial, constituindo-se na delito criminis postulatória. 
A representação é um direito da vítima e pode ser exercido por ela ou por seu representante legal, ou, ainda, por procurador (da vítima ou do seu representante legal) com poderes especiais, mediante declaração escrita ou oral (Art.39, caput). 
Esta representação não há de necessariamente ser feita por intermédio de profissional dotado de capacidade postulatória, por tratar-se de figura processual.
Requisição do Ministério da Justiça
Em casos excepcionais a Lei brasileira exige, para o início da ação penal, uma manifestação do Ministro da Justiça.
Esta requisição do Ministro da Justiça é um ato administrativo, discricionário e irrevogável, que deve conter a manifestação de vontade, a autorização para a instauração de ação penal, com menção do fato criminoso, nome e qualidade da vítima, nome e qualificação do autor do crime, entre outros. 
Atende razões de ordem política que subordinam a ação penal pública em casos específicos a um pronunciamento do Ministro.
Ação penal privada
Entende-se que a regra é que a iniciativa da ação penal seja pública, pelo fato de que cabe ao Estado tutelar e pacificar a sociedade diante das infrações penais cometidas. 
Nesse sentido, ao dar à vítima a titularidade exclusiva para propor a ação penal, o Estado passa a abrir mão de tutelar os bens jurídicos protegidos pelo Direito Penal, pois o início da ação restará condicionada à vontade da vítima.
Nessa condição, a ação penal privada é aquela em que o Estado, titular exclusivo do direito de punir, concede a legitimidade para a propositura da ação penal à vítima ou a seu representante legal.
O conceito propriamente dito de uma Ação Penal Privada se entende como sendo toda ação movida por iniciativa da vítima ou, se for menor ou incapaz, por seu representante legal. No Artigo 100, § 2º, do Código Penal, diz:
Art. 100, § 2º do CP – A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo.
E no Artigo 30 do Código de Processo Penal:
Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a ação privada.
A distinção básica que se faz entre ação penal privada e ação penal pública reside na legitimidade ativa. Nesta, tem o órgão do Ministério Público, com exclusividade (CF, Art. 129, I); naquela, o ofendido ou quem por ele de direito.
Princípios
OPORTUNIDADE
O princípio de oportunidade significa que o querelante oferece a queixa crime se lhe for conveniente, enquanto a pública o promotor é obrigado a processar.
INTRANSCENDÊNCIA
Vale-se para ação pública, somente pode processar criminalmente o autor da infração penal, quem praticou o crime.
DISPONIBILIDADE
O querelante pode desistir da ação penal, na pública o princípio é da indisponibilidade o promotor não pode desistir da ação, o ofendido pode desistir, perdão do ofendido e haver a perempção.
Exclusiva
A ação penal privada exclusiva é aquela em que a vítima ou seu representante legal exerce diretamente. É também chamada Ação Penal Privada propriamente dita. Resumidamente então,  a ação privada exclusiva  é cabível a propositura para aqueles que têm o direito de representação, dentro do prazo decadencial de seis meses.
Personalíssima
Esta já é diferente, pois a ação somente pode ser proposta pela vítima, somente ela possui este direito. Não há representante legal nem a possibilidade dos legitimados no Artigo 31 do CPP. A única hipótese de cabimento atualmente é no crime de induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento ao casamento, tipificado no Art. 236 no CP. 
Art. 236 – Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único – A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.
Neste o prazo decadencial é também seis meses.
Subsidiária Pública
A ação penal privada subsidiária pública é proposta pelo titular da ação penal privada exclusiva, através de uma queixa – crime subsidiária, ocorrendo a inércia do direito de ação do Ministério Público (cinco dias para acusado preso ou quinze dias para acusado solto), Art. 5º, LIX, CF/88. 
Prazo decadencial de seis meses, a serem contados a partir do dia posterior ao término do prazo para o Ministério Público apresentar a denúncia.
Perguntas frequentes sobre ação penal
Qual o conceito da ação penal?
A ação penal equivale ao direito de provocar o Estado na sua função jurisdicional para a aplicação do direito penal objetivo em um caso concreto. Também é o direito do Estado, único titular do “jus puniendi”, de atender a sua pretensão punitiva.
Quais são os tipos de ação penal?
Existem os seguintes tipos de ação penal:
-Ação Penal Pública Incondicionada
-Ação Penal Pública Condicionadaà Representação
-Ação Penal Pública Condicionada à Requisição
-Ação Penal Privada Exclusiva
-Ação Penal Privada Subsidiária da Pública
-Ação Penal Privada Personalíssima
Como se inicia a ação penal?
O início da ação penal depende da sua classificação, podendo ser iniciada pelo Ministério Público ou pelo particular, por meio de advogado ou da Defensoria Pública.
Quais são os princípios da ação penal pública?
- Obrigatoriedade;
- Indisponibilidade;
- Oficialidade;
- Oficiosidade.
Quais são os princípios da ação penal privada?
- Oportunidade;
- Intranscendência;
- Disponibilidade.
Conclusão
As ações penais constituem-se em um meio hábil e fundamental para a deflagração do processo.
É o meio que o Estado tem de apurar adequadamente os casos concretos que foram investigados por ocasião do Inquérito Policial e dar vazão ao devido processo legal, princípio constitucional tão relevante no ordenamento jurídico.
Porém é necessário que se realize sempre dentro da Lei para resguardar princípios tão importantes quanto o da indisponibilidade e da oportunidade, por exemplo, que norteiam a deflagração da Ação Penal.
Titular é o MP (CF, art. 129, I) e a peça acusatória é a denúncia.
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
I – promover, privativamente, a ação penal pública , na forma da lei.
Ação Penal Pública Incondicionada
MP não está sujeito ao implemento de qualquer condição.
A regra é que a Ação Penal é pública incondicionada, salvo quando expressamente a lei declara de modo diverso (CP, art. 100).
CP Art. 100 – A ação penal é PÚBLICA, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido.
Ação Penal Pública Condicionada
MP depende do implemento de uma condição, não pode dar início a persecução através da ação penal sem o implemento da condição.
Ação Penal Pública “subsidiária da Pública”
Alguns doutrinadores trabalham com a Ação Penal Pública Subsidiária da Pública.
Duas modalidades:
1ª Modalidade: Decreto 201/67 (crimes de responsabilidade dos prefeitos e vereadores), art. 2º, §2º. Aqui, se o MP não faz nada, pode requerer -se ao PGR alguma providência.
DL 201/ 67 Art. 2º O processo dos crimes definidos no artigo anterior é o comum do juízo singular, estabelecido pelo Código de Processo Penal, com as seguintes modificações:….
Esse dispositivo, no entanto, não foi recepcionado pela CF/88, por dois motivos. Primeiro, porque desloca para a j ustiça federal matéria que não é de inter esse da União. Segundo, pois fere a autonomia dos MPs dos Estados, colocando-os em posição de subordinação hierárquica ao MPF.
2ª Modalidade: Código Eleitoral, Art. 357, §§ 3º e 4º. Em crimes eleitorais o MPE age por delegação. Se o MPE f or inerte, poderá o Procurador Regional Eleitoral oferecer denúncia subsidiária. Este dispositivo está em vigor, pois o MP já age por delegação, não existindo subordinação hierárquica.
AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA
Titular da ação é o ofendido ou seu representante legal, sendo a peça acusatória a chamada Queixa ou Queixa-crime. São três as espécies de ação penal privada:
• Ação Penal Privada Personalíssima;
• Ação Penal Privada Exclusivamente privada;
• Ação Penal Privada Subsidiária da Pública.
Vejamos:
Ação Penal Privada Personalíssima
Art. 236 CP. Contrair casamento induzindo erro essencial. O único exemplo de ação personalíssima, pois adultério (que era o outro exemplo) foi revogado em 2005.
Aqui, não há sucessão processual. Morrendo o ofendido, estará extinta a punibilidade.
Ação penal privada exclusivamente privada
Aqui há sucessão processual. Exemplo: crimes contra honra em geral.
Ação penal privada subsidiária da pública
Quando estiver caracterizada a inércia do MP.
CPP Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
AÇÃO PENAL POPULAR
Dois exemplos da doutrina (Ada Pelegrini): HC e Faculdade de qualquer cidadão oferecer “denúncia” por crime de responsabilidade praticado por agentes políticos.
Críticas:
Habeas corpus não se trata de uma ação penal por excelência (ação penal propriamente dita), mas sim de uma ação libertária, um meio de impugnação autônomo.
Faculdade de qualquer cidadão oferecer “denúncia” por crime de responsabilidade?
Vejamos:
Quanto à “denúncia” perante o SF das autoridades mencionadas no art. 52, I e II da CF c/c arts. 14 e 41 da lei 1.079/50:
Lei 1 .079/50 Art. 14. É permitido a qualquer cidadão denunciar o Presidente da República ou Ministro de Estado, por crime de responsabilidade, perante a Câmara dos Deputados.
Art. 41. É permitido a todo cidadão denunciar perante o Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e o Procurador Geral da República, pêlos crimes de responsabilidade que cometerem (artigos 39 e 40).
CF Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
I – processar e julgar o Presidente e o Vice -Presidente da República nos crimes de responsabilidade , bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles;
II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade;
“Não se caracteriza o procedimento desencadeado junto ao SF contra os agentes rotulados no art. 53, I e II da CF uma ação penal, mas sim um procedimento de natureza política visando à apuração de infrações político-administrativas. Pensar o contrário é aceitar a existência de uma ‘ação penal’ sem crime’ (não há pena privativa de liberdade cominada, sequer alternativamente)”.
AÇÃO PENAL EX OFFICIO (PROCESSO JUDICIALIFORME)
O processo, antigamente, tratando-se de contravenções penais, tinha início pelo auto de prisão em flagrante ou portaria da autoridade policial ou judiciária. Previsto no Art. 26 CPP e no 531.
Este processo judicialiforme não foi recepcionado pela CF. O art. 531 foi revogado pela Lei 11.719/08. Independentemente dessa revogação, o processo judicialiforme já não tinha sido recepcionado pela CF, que em seu art. 129, I, dá atribuição privativa ao MP
para oferecimento de denúncia.
AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A HONRA
A regra é a Ação Penal Privada.
Há algumas exceções.
Vejamos quais são:
Injúria real mediante vias de fato
Em regra, é a ação penal privada.
Exceções:
– Injúria real for cometida mediante lesão corporal GRAVE ou GRAVÍSSIMA: Ação Penal Pública Incondicionada
– Injúria real cometida mediante lesão corporal LEVE: Ação Penal Pública condicionada à representação. CP Art. 140, §2º 9.099/95.
– Injúria qualificada / “injúria-preconceito” / “racismo impróprio” (140§3º – alteração
12.033/09): antes da nova lei, a ação era privada. Hoje é crime de ação penal pública
condicionada à representação.
Crime contra a honra do Presidente da República
Ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça.
Crime contra a honra de servidor público em razão de suas funções.
Súmula 714 STF. Duas possibilidades: Ação Pública condicionada à representação ou
Ação Privada. Legitimidade concorrente ( ALTERNATIVA).

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