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2016 2 NotasAulaGBI174 Tema1 Introdução às células

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Universidade Federal de Lavras 
Departamento de Biologia 
Setor de Biologia Celular 
 
Fundamentos de Biologia Celular - GBI 174 
Notas de Aula 
 
Tema 1 – Introdução ao Estudo das Células 
 
 As propriedades que distinguem os seres vivos dos inanimados (complexidade 
estrutural, dinâmica energética e capacidade de reprodução) são inerentes às células, que 
constituem a menor unidade funcional e estrutural da vida (Figura 1). As células são pequenas 
unidades limitadas por membrana, preenchida pelo citoplasma. O citoplasma por sua vez é 
composto pelo citosol (solução aquosa na qual estão diluídos uma multiplicidades de moléculas) 
e as estruturas celulares, as quais realizam suas funções vitais básicas e permitem que novas 
células sejam produzidas através de divisão, transmitindo suas características e informações a 
seus descendentes. 
 
 
 
Figura 1 – A célula na hierarquia da vida. Fonte: Sadava et al, 2010. 
 
A área da Ciência que tem por objetivo estudar a estrutura, função e comportamento 
das células e seus componentes, bem como a origem e evolução celular é a Biologia Celular. Por 
isso, a Biologia Celular é a base para as Ciências Biológicas e para as Ciências Aplicadas, como a 
Medicina e Engenharias (Agronomia, Engenharia Florestal, Engenharia de Alimentos, Engenharia 
Ambiental e Sanitária, etc) que lidam com organismos seres vivos. A partir de uma perspectiva 
reducionista para o estudo da complexidade da vida podemos dizer que o estudo detalhado das 
células é o primeiro passo para o entendimento das características e interações inerentes a 
todos os níveis de organização na hierarquia da vida (Figura 1). O conhecimento atual sobre as 
células é bastante aprofundado, graças aos diversos avanços tecnológicos em microscopia, que 
permitem a descrição detalhada das estruturas celulares e das células, e em bioquímica e 
biologia molecular, áreas que desvendam os aspectos funcionais. 
A observação, mesmo que superficial, de uma amostra de seres vivos já revela uma 
grande diversidade, a chamada biodiversidade. O mesmo pode ser afirmado para as células que 
são diversas em aparência, formas, tamanhos e funções, inerentes às particularidades de cada 
uma. No entanto, observamos também aspectos universais quando consideramos que todas 
possuem uma maquinaria química comum fundamental à manutenção da vida que envolve pelo 
menos o material genético (DNA), capacidade de sintetizar proteínas e membrana plasmática. 
Toda esta diversidade de células, cujas propriedades e organização são semelhantes, pode 
constituir organismos unicelulares, que são as formas de vida mais simples, bem como seres 
multicelulares, formando arranjos ordenados de células, constituindo os tecidos. Neste sentido, 
os biólogos celulares atuam identificando os tipos de células, compreendendo a organização 
estrutural das células e de seus componentes e suas respectivas funções; visualizando as células 
não apenas como uma entidade individual completa, mas como parte de sistemas complexos. 
 
 
Propriedades básicas das células 
 Conforme mencionado anteriormente as células possuem mecanismos fundamentais à 
vida apresentando organização interna similar e previsível. Logo, referindo às células de um 
modo geral, sem especificar um tipo de célula em particular, podemos listar as propriedades 
que todas as células compartilham. Essas propriedades básicas das células estão diretamente 
relacionadas às propriedades da vida: capacidade de crescer, de metabolizar moléculas, manter 
as funções vitais e as condições para sua sobrevivência, interagir com o meio, reproduzir, 
envelhecer e morrer. 
Mais detalhadamente podemos citar as seguintes propriedades que serão tratadas de 
alguma forma ao longo do curso: 
 
1. Complexidade de estrutura e organização interna; 
2. Possuir informação genética, armazenada nas moléculas de DNA (genoma), que determina 
todas as características e processos ao longo do ciclo de vida da célula e é transmitida às 
gerações seguintes por ocasião da divisão celular; 
3. Capacidade de se reproduzir, a partir da duplicação do DNA seguida da divisão celular; 
4. Manutenção de sua forma e estrutura através da conversão e metabolização de energia; 
A base energética para as atividades celulares é a luz solar, que é usada apenas por células 
fotossintetizantes para converter energia luminosa em energia química a ser usada na 
transformação de carbono inorgânico (CO2) em carbono orgânico (Glicose). As moléculas 
orgânicas produzidas são usadas por todos os tipos celulares para a produção de ATP, molécula 
utilizada como fonte energética para todas as funções celulares. 
5. Realização de reações químicas controladas por enzimas, as quais contribuem para a 
manutenção do funcionamento celular interno e homeostase constante; 
6. Movimentação, mediada por proteínas motoras, tanto de estruturas celulares (motilidade) 
como de células inteiras (mobilidade); 
7. Resposta a estímulos do meio em que está inserida, através de receptores da superfície 
celular; 
8. Capacidade de auto regulação, com sistema de regulação constante. 
 
Algumas propriedades celulares diretamente relacionadas às características essenciais para os 
seres vivos são ilustradas na figura 2. 
Figura 2 – Principais propriedades das células. Fonte: Cox, Doudna e O’Donnell. 
 
As propriedades celulares listadas deixam claro que nada menos complexo que uma 
célula, para os biólogos celulares, pode ser reconhecido como ser vivo. Neste sentido, quando 
debatemos a respeito da definição de Vida, considerada como o conjunto complexo de 
processos resultantes da ação de proteínas codificadas por ácidos nucléicos, verificamos que os 
vírus não podem ser considerados seres vivos. 
A partícula viral é constituída de um ácido nucléico (DNA ou RNA) que armazena a 
informação genética para que novas partículas virais sejam montadas, envolto por uma 
cobertura proteica denominada capsídeo. Por vezes eles podem apresentar uma cobertura extra 
formada de proteínas e lipídeos, denominada envelope (figura 3). No entanto, os envoltórios 
virais não possuem capacidade seletiva, nem formam uma barreira como a membrana 
plasmática para as células, e o material genético é apenas um pacote de informação, que sem 
as células hospedeiras não é expresso. Logo, os vírus são considerados agregações complexas 
de substâncias químicas ou micróbios simples; eles são parasitas intracelulares obrigatórios, pois 
são inertes fora das células hospedeiras incapazes de produzir energia, dependentes da 
maquinaria de síntese proteica das células hospedeiras para sua multiplicação. 
 
 
 
Figura 3 – Esquema de uma partícula viral completa. Fonte: 
 
Organização estrutural das células 
O universo biológico é constituído por diferentes grupos de organismos, os quais, 
são constituídos de células. Há duas categorias celulares que podem ser reconhecidas 
entre os organismos vivos: as células procariotas e as eucariotas. Estas duas classes de 
células são diferenciadas por seu tamanho e pela sua organização interna. 
No sistema de classificação atual dos seres vivos, dividido em três grandes 
domínios, as células procariotas, estruturalmente mais simples, representadas por 
todos os tipos de bactérias e algas azuis, constituem os organismos dos domínios 
Eubactéria (anteriormente classificado como Reino Monera) e Arqueobactéria, o qual 
agrupa as bactérias consideradas como extremófilas por viverem em condições 
ambientais adversas como geleiras, águas termais, larvas vulcânicas, etc. O terceiro 
domínio, Eucarya, agrupa todos os outros tipos de organismos, classificados nos reinos 
Protista, Fungi, Plantae e Animalia, constituídos por célulaseucariotas, mais complexas, 
podendo ser unicelulares ou multicelulares (Figura 4). 
 
 
Figura 4 – Classificação dos seres vivos em Domínios: Eubacteria, Archae e Eucarya e sua relação 
com tipos celulares (procariotos e eucariotos) encontrados nos organismos vivos. 
 
A diferença básica entre os tipos celulares, procariotos e eucariotos, é a presença 
de inúmeras membranas internas, nas células eucariotas, formando organelas e 
separando o material genético (DNA) do restante do citoplasma, constituindo o núcleo. 
 
Células Procariotas 
As células procariotas são assim denominadas, pois não possuem um núcleo 
envolto por membrana. A palavra procarioto é constituída do prefixo pro que significa 
“antes” e do sufixo karyon que significa “parte central” ou núcleo, portanto tem como 
significado “anterior ao núcleo”. 
Na ausência do envoltório nuclear, o material genético das células procariotas 
está em contato direto com o citoplasma ao seu redor e ocupa um espaço denominado 
nucleóide. O DNA está organizado em um único “cromossomo” circular, sem associação 
com proteínas, e pode atingir comprimento entre 0,25mm a 3mm sendo suficiente para 
codificar centenas e milhares de proteínas necessárias para seu desenvolvimento. 
As células procariotas são pequenas (1 a 10 micrômetros de comprimento), com 
um único compartimento, o citoplasma, envolto por uma membrana plasmática, 
revestida por parede celular que mantém a estrutura da célula e protegem a delicada 
forma de vida presente em seu interior. A organização interna do citoplasma das células 
procariotas é bastante simples: ele é desprovido de estruturas membranosas, as 
organelas. No citoplasma estão presentes apenas o nucleóide e os ribossomos, 
estruturas supramoleculares constituídas de proteínas e RNA, que constituem as 
bancadas para a síntese protéica. Em alguns casos as células procariotas possuem um 
flagelo, formado pela proteína flagelina, que se projeta para fora da célula e com um 
giro exerce pressão no fluido circundante e força a célula a propulsionar-se através do 
meio, locomovendo o organismo. Estas características gerais da célula Procariota está 
representada na figura 5. 
 
 
 
Figura 5 – Representação esquemática de uma célula Procariota e seus principais componentes. 
A célula procariota tem organização simples, com citoplasma constituído de DNA e ribossomos, 
revestida por membrana plasmática e adicionalmente uma parede celular, podendo ter flagelo 
que promove locomoção. 
 
Os organismos constituídos por células procariotas são pequenos seres de vida 
livre cujo transporte de substâncias nutritivas do meio para a célula e até mesmo dentro 
da célula é realizado através de difusão, não havendo necessidade de canais 
membranosos. 
Em relação à divisão celular, os procariotos têm um mecanismo simples: o DNA 
do nucleóide é duplicado pela maquinaria proteica, as duas cópias são separadas 
unicamente e de forma precisa através do crescimento de uma membrana celular 
divisória. 
Os procariotos são seres assexuados, possuem uma única cópia de seu único 
cromossomo e não produzem gametas. Logo, eles não têm fertilização verdadeira. A 
reprodução ocorre por divisão binária e a diversidade genética observada é 
consequência da capacidade de troca de fragmentos de DNA entre cromossomos de 
células diferentes, processo denominado conjugação, que gera novas combinações 
gênicas. As mutações seguidas de altas velocidades de divisão celular também é fonte 
de diversidade entre as células procariotas. 
Em relação ao metabolismo, as células procariotas são bastante sofisticadas, 
sendo capaz de metabolizar uma diversidade de moléculas, podendo explorar os mais 
diferentes habitats do planeta. Tal diversidade química reflete na diversidade de 
espécies procariotas existentes, fato que faz com que as células procariotas 
representem organismos de dois domínios (Archeae e Eubacteria) distintos, além de 
serem os organismos mais numerosos, em termos populacionais, que habitam a Terra. 
Neste sentido, os procariotos do domínio Archeae e Eubacteria diferem em relação a 
organização molecular de seus genomas e ao tipo de habitat que vivem. 
Procariotos do domínio Arcahea são agrupados em função da organização e 
semelhança de sequência de nucleotídeos de seu genoma. Além disso são considerados 
organismos extremófilos pois vivem em ambientes considerados inóspitos, ou difíceis 
de abrigar quaisquer formas de vida. Eles são considerados próximos aos primeiros seres 
vivos que surgiram no planeta, sendo os parentes procariotos ancestrais mais próximos 
dos seres com células eucariotas que existe. Por outro lado, os procariotos do domínio 
Eubacteria, considerados as bactérias “verdadeiras”, possuem sequencias de 
nucleotídeos bastante diferentes dos procariotos Archeae e exploram apenas habitats 
que são considerados comuns. Seus representantes são as bactérias que estão em 
contato conosco usualmente, como aquelas que causam doenças, ou fazem parte da 
nossa flora intestinal. Entre as Eubacteria encontram-se ainda tanto os micoplasma, 
micróbio mais simples que se tem notícia, como as cianobactérias, ou bactérias 
fotossintetizantes, mais complexas, com citoplasma repleto de imaginações da 
membrana plasmática aonde ocorre as reações associadas aos pigmentos que captam 
luz no processo de fotossíntese. 
 
Células Eucariotas 
As células eucariotos são maiores (5 a 100 micrômetros) e mais complexas 
quando comparadas às células procariotas. A diferença básica existente entre uma 
célula procariota e uma célula eucariota está na organização do material genético. O 
DNA das células procariotas está disperso no citoplasma em uma região denominada 
nucleóide, enquanto nos eucariotos o material genético está associado a proteínas e 
envolto por uma estrutura membranosa complexa constituindo o núcleo da célula. A 
palavra eucarioto, portanto, tem significado de “núcleo verdadeiro” em função do 
prefixo eu que significa verdadeiro, seguido do sufixo karyon. O DNA de uma célula 
eucariota é muito mais complexo e extenso do que de uma célula procariota, podendo 
atingir metros de comprimento além de ser distribuído em numerosos cromossomos, 
os quais aparecem como estruturas lineares durante a divisão celular, transportando a 
informação genética da célula mãe para as células filhas. 
Analisando superficialmente uma micrografia eletrônica de uma célula eucariota 
observa-se que seu citoplasma é preenchido por uma diversidade de estruturas que 
constituem as organelas membranosas, as quais são ilustradas na figura 6. 
 
 
 
 
Ribossomo 
Citoesqueleto 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 6 – Representação esquemática de uma célula Eucariota Vegetal (esquerda) e Animal 
(direita). Em termos de organização interna as células eucariotas são complexas, com 
apresentando dois compartimentos distintos, o núcleo, que armazena o DNA, delimitado por 
uma membrana dupla, contínua ao retículo endoplasmático rugoso, e o citoplasma revestida 
por membrana plasmática que delimita a célula separando-a do meio. No citoplasma, além dos 
ribossomos, estão distribuídas diversas organelas, sendo as principais, comum a todos os dos 
tipos de células eucariotas, as mitocôndrias, o retículo endoplasmático liso e rugoso, o complexo 
de Golgi, as vesículas membranosas e os peroxissomos, além de apresentarem uma rede de 
citoesqueleto. As células eucariotos vegetal (esquerda) apresentam parede celular celulósica 
externa a membrana plasmática, vacúolo e plastídeos, destacando os cloroplastos, não 
presentes na célula eucarioto animal (direita), as quais apresentam com exclusividade os 
centríolos e lisossomos. 
 
As mitocôndriassão as organelas mais notáveis no citoplasma e estão presentes 
essencialmente em todas as células realizando a respiração celular, onde a energia 
química na forma de ATP é produzida a partir da oxidação de moléculas orgânicas. Os 
plastídeos constituem outro grupo de organelas membranosas que estão presentes 
apenas em células eucariotas vegetais. É nos cloroplastos que ocorre a fotossíntese 
processo no qual a energia solar é transformada em energia química através da fixação 
de carbono e liberação de oxigênio. Além dessas duas organelas membranosas o 
citoplasma de uma célula eucariota é constituído por uma rede de endomembranas da 
qual fazem parte o retículo endoplasmático (liso e rugoso), o complexo de Golgi, 
endossomos e lisossomos. Juntas, essas organelas são responsáveis pela produção, 
ordenação, modificação e transporte de moléculas biológicas a partir de em produto 
bruto. O destino final dessas moléculas pode ser organelas celulares, membrana 
plasmática, meio extracelular ou lisossomos. Os lisossomos constituem organelas 
amorfas cuja função é a digestão intracelular. 
Além das organelas citadas até então uma célula eucariota possui em seu 
citoplasma inúmeras vesículas membranosas simples que possuem formas, tamanhos e 
funções variadas. Entre elas citam-se vesículas envolvidas no transporte de material de 
uma organela a outra e vesículas enzimáticas, como os peroxissomos, responsáveis pela 
degradação do peróxido de hidrogênio. Neste sentido as membranas presentes nas 
organelas das células eucariotas funcionam como divisórias no citoplasma permitindo a 
compartimentalização e especialização de atividades celulares. 
O citoplasma da célula eucariota se comporta como um gel aquoso onde está 
contido um gama de moléculas sendo o local de ocorrência de muitas reações químicas 
fundamentais a existência da célula. Ele contém ainda túbulos e filamentos que são 
ancorados em uma das extremidades das membranas que se irradiam por toda a célula, 
constituindo o citoesqueleto. A rede interna de filamentos do citoesqueleto é 
constituída por proteínas e auxiliam na estruturação, manutenção da forma da célula, 
na motilidade e mobilidade celular. 
A divisão das células eucariotos, ocorre de forma coordenada e complexa, 
envolvendo os filamentos do citoesqueleto e proteínas motoras, e é denominada 
mitose. A célula eucariota antes de se dividir, duplica toda sua informação genética 
armazenada nas moléculas de DNA distribuídas pelos cromossomos. Na ocasião da 
divisão os cromossomos se compactam, associando-se a proteínas histônicas e outras 
proteínas com função estrutural, possibilitando a divisão longitudinal do material 
genético entre as células filhas. 
Em termos de organização, as células eucariotas são bem distintos, podendo 
constituir organismos de vida livre, unicelulares, como leveduras, que são os eucariotos 
mais simples, e os protozoários; ou formarem organismos multicelulares, complexos, 
que se desenvolvem através de inúmeras divisões sequencias de uma única célula ovo 
inicial. Neste sentido as células eucariotos são diversas também em relação ao modo 
de reprodução, podendo reproduzir de forma assexuada, conforme as células 
procariotas, ou de forma sexuada. Neste último caso, que ocorre em seres 
multicelulares, células especializadas no corpo dos organismos passam por um processo 
de divisão celular especial, a meiose, o qual produz os gametas. A união dos gametas 
forma o ovo ou zigoto, células que através de sucessivas divisões mitóticas e do processo 
de diferenciação celular, forma um organismo complexo. 
Como pode ser observado na figura 4, células eucariotas certamente surgiram a 
partir de uma célula ancestral procariotas. Em função da existência de um ancestral 
comum as células eucariotas compartilham semelhanças com células procariotas: 
apresentam uma linhagem genética idêntica codificada no DNA; possuem mecanismos 
de transcrição e tradução da informação genética e ribossomos similares; possuem 
maquinaria de conversão de energia química (ATP) em membranas biológicas; 
compartilham passos metabólicos como glicólise, ciclo do ácido tricarboxílico e 
fotossíntese similares; apresentam mecanismos fotossintéticos semelhantes; possuem 
um membrana plasmática com mesma constituição molecular, a qual delimita a célula 
constituindo uma barreira seletiva e permeável entre o mundo vivo e o inanimado; além 
de mecanismo de síntese e inserção de proteínas nas membranas. 
A Evolução das Células 
A figura 7 ilustra uma ideia a respeito dos principais eventos no processo de 
evolução da célula em função de uma condição ambiental importante, a concentração 
de oxigênio na atmosfera. A Terra formou-se há 4.5 bilhões de anos atrás e as primeiras 
formas de vida surgiram há cerca de 4 bilhões de anos atrás. Os fósseis mais antigos de 
organismos unicelulares procariotos, encontrados na Austrália, foram datados em 3,5 
bilhões de anos. Acredita-se que o ancestral comum aos três domínios atuais (Bacteria, 
Archaea e Eukarya) viveu há mais de 3 bilhões da anos atrás, enquanto o ancestral 
comum de Archaea e Eukarya há mais de dois bilhões de anos atrás. Interessante notar 
que Archaea é mais relacionado a Eukarya do que a Bacteria. As primeiras células 
existentes eram extremamente simples, consideradas “bolhas químicas” capazes de se 
reproduzir. A fotossíntese foi um evento metabólico que surgiu logo após o 
aparecimento das primeiras eubactérias e foi um evento crucial na história evolutiva das 
células. As primeiras bactérias fotossintetizantes eram semelhantes às cianobactérias 
existentes hoje e contribuíram para o aumento da concentração de gás oxigênio (O2) na 
atmosfera. Durante aproximadamente 1.5 bilhões de anos de liberação de O2 este 
começou a acumular na atmosfera possibilitando a formação, mais tarde, da camada de 
ozônio, a qual passou a proteger os organismos das irradiações do raio ultravioleta do 
sol, impedindo as mutações letais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 7 – Diagrama representando os principais eventos no processo de evolução da célula 
desde sua origem até a consolidação das células modernas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Formação da Terra 
Primeiras células vivas 
Primeiros procariotos fotossintetizantes 
Acúmulo de O2 (consumo Fe2+ e camada O3); primeiros procariotos 
aeróbios 
Primeiros eucariotos 
Endossimbiose (origem de mitocôndria e cloroplasto) 
Formação dos organismos multicelulares 
 
4,5 3,5 2,5 1,5 0,5 
Bilhões de anos 
10 
% O2 
Atmo
sfera 
20 
1 1 2 3 4 5 6 7 
1 
2 
3 
4 
5 
6 
7 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Formação da Terra 
Primeiras células vivas 
Primeiros procariotos fotossintetizantes 
Acúmulo de O2 (consumo Fe2+ e camada O3); primeiros procariotos 
aeróbios 
Primeiros eucariotos 
Endossimbiose (origem de mitocôndria e cloroplasto) 
Formação dos organismos multicelulares 
 
4,5 3,5 2,5 1,5 0,5 
Bilhões de anos 
10 
% O2 
Atmo
sfera 
20 
1 1 2 3 4 5 6 7 
1 
2 
3 
4 
5 
6 
7 
Com o aumento substancial de oxigênio na atmosfera os primeiros seres de 
respiração aeróbias foram surgindo no planeta. A medida que a respiração aeróbia se 
fixou entre os organismos e as células passaram a produzir mais energia, novos habitats 
foram sendo explorados e uma maior diversidade de organismos apareceu. As primeiras 
células eucariotas surgiram a 2.5 bilhões de anos atrás,a partir de alterações 
morfológicas e bioquímicas que ocorreram em células procariotas ancestrais. Um 
modelo sugere uma sequência de eventos que levou à diferenciação desse grupo de 
células mais complexas: perda da parede celular e consequente aumento da 
flexibilidade da superfície celular, aumento da superfície de membrana por 
invaginações, aumento do volume de membranas internas destacadas da membrana 
plasmática, surgimento do citoesqueleto, individualização de compartimentos 
membranosos (núcleo, retículo, vesículas) e endossimbioses que deram origem a 
organelas como mitocôndria e cloroplasto e menos provavelmente ao peroxissomo 
(Figura 8) 
A história evolutiva das células após o aparecimento das células eucariotas, 
caminhou para o surgimento dos primeiros seres multicelulares, seguido do 
aparecimento dos primeiros animais a plantas, há aproximadamente 1 bilhão de anos 
atrás. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 8 – Um modelo de evolução da célula procariótica para a eucariótica. 
 
BIBLIOGRAFIA: 
ALBERTS, B. et al. Fundamentos de biologia celular. 3a ed. Porto Alegre: Artmed editora, 
2011. 864p. 
SADAVA, David E. et al. Vida: a ciência da biologia. Porto Alegre, RS: Artmed, 2009. 3 v. 
DE ROBERTIS, E. D.P. e DE ROBERTIS, E. M. F. Bases da Biologia Celular e Molecular. 9ª 
ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012, 376p. 
KARP, G. Biologia Celular e Molecular. 3 ed. Barueri: Manole, 2005. 
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia Celular e Molecular. 9ª ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2012, 376p 
 
EXERCÍCIOS PROPOSTOS 
1. Qual a importância do estudo das células para a Biologia? 
2. Quais são as propriedades básicas das células? 
3. Faça uma comparação entre um vírus e uma célula procariótica. 
4. Quais são os domínios de organismos vivos formados pelas células procarióticas 
ou eucarióticas? Dê exemplos dentro de cada domínio. 
5. Quais são as diferenças básicas entre as células eucarióticas e procarióticas? 
6. Quais características são compartilhadas entre as células em função de 
apresentarem um ancestral comum? 
7. Faça um breve resumo dos eventos mais significativos da evolução celular.

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