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Prévia do material em texto

REALIDADE 
SOCIOECONÔMICA 
E POLÍTICA 
BRASILEIRA
Daniele Fernandes 
da Silva
Revisão técnica:
Luciana Bernadete de Oliveira
Graduada em Ciências Políticas e Econômicas
Especialista em Administração Financeira
Mestre em Desenvolvimento Econômico Regional
Lilian Martins
Especialista em Controladoria e Planejamento Tributário
Gisele Lozada
Graduada em Administração de Empresas
Especialista em Controladoria e Finanças
Alexsander Canaparro da Silva
Bacharel em Administração de Empresas
MBA em Marketing Práticas Avançadas
MBA em Comércio Exterior e Internacional
Mestre em Administração
Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin - CRB -10/2147
R429 Realidade socioeconômica e política brasileira [recurso 
eletrônico ] / Daniele Fernandes da Silva... et al.; [revisão 
técnica: Luciana Bernadete de Oliveira... et al.]. – Porto 
Alegre: SAGAH, 2018.
ISBN 978-85-9502-450-2
1. Economia. I. Silva, Daniele Fernandes da.
CDU 338
A ambientalização das 
relações de consumo
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identificar o consumo, o capitalismo e suas relações com o meio 
ambiente.
  Reconhecer o conceito de desenvolvimento e consumo sustentável.
  Indicar as consequências das relações de consumo sobre o meio 
ambiente.
Introdução
Neste capítulo, você vai aprofundar-se no estudo da complexa relação 
entre o consumo e o meio ambiente, vendo o que significa consumo 
sustentável e analisando as consequências dessa relação. 
Consumo no capitalismo e os impactos 
no meio ambiente
Desde a era de produção em massa, no início do século XX, estimulada pelo novo 
modo de produção fordista, as relações de consumo passaram a apresentar uma 
nova fase. A implementação de linhas de montagem automatizadas na fábrica 
de automóveis de Henry Ford permitiu que os trabalhadores se especializassem 
na produção de uma determinada etapa do processo produtivo. A esteira rolante 
reduzia o tempo de transporte das peças ao longo do processo de produção, de 
maneira que, com a repetição da mesma tarefa sucessivamente, o trabalhador 
se tornaria cada vez mais ágil, aumentando a produtividade – a quantidade 
de bens produzidos por hora aumentou consideravelmente (RIBEIRO, 2015). 
O uso de máquinas transformou radicalmente a natureza da atividade 
produtiva: o processo produtivo passou a ser rotinizado com a precisão de um 
relógio e se esperava que tudo acontecesse com precisão no modo e no tempo 
C22_REALIDADE_Ambientalizacao_relacoes_consumo.indd 1 16/04/2018 10:09:07
esperados. Assim, “as máquinas levaram” as organizações a se adaptarem às 
suas exigências e o processo mecanizado passou a ditar as relações e o modo 
como as pessoas se comunicam.
Contudo, o processo de produção vigente apresentava uma visão autoritária 
de Ford, que tinha grande controle sobre os trabalhadores tanto durante quanto 
após a jornada de trabalho. Isso se justificava pela necessidade de garantir a 
resistência física dos trabalhadores, uma vez que se tratava de um processo 
de produção intensivo. Porém, essa metodologia gerava insatisfação da classe 
trabalhadora, tornando-se um ponto negativo para os resultados que Ford 
esperava. Assim, uma das formas que o empresário encontrou para estimular 
a adesão dos trabalhadores foi o aumento dos salários, que passaram a ser dos 
maiores entre as grandes empresas da época. Ford identificou que era preciso 
satisfazer necessidades dos trabalhadores para que eles interagissem melhor 
com a empresa (RIBEIRO, 2015).
A produção aumentou significativamente e, mesmo com maiores custos 
devido ao pagamento de maiores salários aos trabalhadores, bem como uma 
quantidade de horas de trabalho diárias inferior, a lucratividade passou a 
crescer consideravelmente com o novo método de gestão de Ford. Assim, 
o sucesso desse modo de produção capitalista, em que o crescimento da 
riqueza é resultado da exploração da força de trabalho, disseminou-se pelo 
país e pelo mundo. 
A partir do início do século XX, a produção em massa da indústria norte-
-americana, junto a maiores ganhos salariais, oferecia à sociedade maior poder 
aquisitivo e maior quantidade de bens a preços mais acessíveis. Novas necessi-
dades de consumo passavam a ser criadas pelas empresas, estimulando ainda 
mais o consumo; surgia uma nova mentalidade na sociedade norte americana. 
A população passava a objetivar melhores condições de vida, introduzindo em 
seus planos a aquisição da casa própria e do carro, que anteriormente eram 
considerados bens de luxo, ao alcance de poucos indivíduos (RIBEIRO, 2015).
Os desejos dos consumidores passaram a ser moldados pela cultura de uma 
sociedade capitalista e o que em tempos antigos era considerado necessidade, 
passou a ser confundido com desejo. Por exemplo, para alguém que tivesse 
sede, um copo de água seria o ideal; em uma sociedade capitalista, para satis-
fazer a sede, passa-se a desejar um copo de suco ou refrigerante (conforme a 
característica de cada pessoa). Nota-se que desejo e necessidade passam a ser 
confundidos entre a população: de acordo com Sandroni (2005), a necessidade 
é a exigência individual ou social que deve ser satisfeita por meio do consumo 
de bens e serviços. O desejo, segundo Jales (2017), é a vontade de comprar 
aquilo que se quer (não o que se precisa). 
A ambientalização das relações de consumo2
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As necessidades não são apenas fisiológicas, como representa a Figura 1, 
pois envolvem também questões psicológicas e relacionadas às condições básicas 
de vida.
Figura 1. As necessidades humanas.
Fonte: Andreasi (2011, documento on-line).
A pirâmide de Maslow, criada em meados dos anos 1950 pelo psicólogo 
norte-americano Abraham Maslow, é uma representação de que as necessidades 
humanas ultrapassam a esfera biológica. A teoria de Maslow organizou essas 
necessidades em uma pirâmide, na qual, na base, encontram-se as necessi-
dades mais básicas, relacionadas à sobrevivência do indivíduo, como água e 
comida, e, no topo, as mais complexas, envolvendo a autorrealização, como 
o desenvolvimento pessoal e o talento (REZ, 2016).
Desse modo, sabendo que as necessidades das pessoas não se resumem 
apenas a itens relacionados à própria sobrevivência, com o tempo, as empre-
sas passaram a adquirir cada vez mais espaços publicitários para conquistar 
a atenção dos consumidores. Porém, diante de tamanha concorrência nos 
anúncios, tornou-se difícil para uma marca se destacar entre as outras, o que 
refletiu a menor eficácia da propaganda tradicional. 
Para chamar e reter a atenção das pessoas, os anunciantes identificaram 
que era preciso oferecer algo que se destacasse em todos os veículos de co-
3A ambientalização das relações de consumo
C22_REALIDADE_Ambientalizacao_relacoes_consumo.indd 3 16/04/2018 10:09:08
municação: intervalo de televisão, outdoor, revista, ônibus, metrô, mensagens 
no celular, e-mail e redes sociais.
Assim, o estímulo diário da propaganda sobre os desejos das pessoas torna 
insaciável o consumo na sociedade. A questão que se levanta, nesse sentido, é 
o impacto da aceleração do consumo sobre o meio ambiente, pois os recursos 
para a produção dos bens e serviços são escassos e se confrontam com as 
necessidades e desejos humanos, que são ilimitados e renascem diariamente. 
Um adicional a essa pressão é o crescimento populacional e o aumento dos 
padrões de vida, que aumentam o consumo absoluto e a pressão sobre a utili-
zação dos recursos escassos (VASCONCELLOS; GARCIA, 2014).
Alguns países já começaram a alertar a população em relação à utilização 
racional dos recursos disponíveis, em especial aos métodos de produção das 
indústrias, que podem provocar degradação do meio ambiente (ar, solo, rios,por exemplo). Assim, cada vez mais, a satisfação do consumidor e a opinião 
pública passaram a estar diretamente ligadas à participação das organizações 
em causas sociais, e a responsabilidade social transformou-se numa vantagem 
competitiva por parte das empresas (LEITE et al., 2007).
Desenvolvimento e consumo sustentável
O modo de produção capitalista, iniciado no século XX, tem como característica 
principal o acúmulo de riquezas por parte dos donos dos meios de produção 
e a exploração da força de trabalho. A produção em massa, resultado da 
mecanização dos processos de produção, permitiu, também, o consumo em 
massa: a maior quantidade de bens a preços mais populares representou um 
avanço no desenvolvimento econômico. 
Desenvolvimento econômico se distingue de crescimento econômico: 
o primeiro está relacionado a questões qualitativas, ou seja, se o aumento 
de riquezas está sendo distribuído de forma igualitária entre os indivíduos 
daquela sociedade, gerando bem-estar – são exemplos de itens que provo-
cam aumento da qualidade de vida. Para Vasconcellos e Garcia (2014), o 
crescimento econômico se refere à geração de riquezas em um país em um 
determinado período – um país ser rico não significa que é desenvolvido, e 
vice-versa. O crescimento é um dos principais objetivos dos governos em 
todos os países do planeta, portanto, é inevitável que aconteça. Em alguns 
casos, o crescimento ocorre de modo mais lento e, em outros, mais acelerado, 
mas o importante é criar uma estrutura para suportá-lo e supri-lo de forma 
sustentável. Isso significa dizer que, com o aumento da produção de bens e 
A ambientalização das relações de consumo4
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serviços, é preciso dar importância às atitudes relacionadas à utilização dos 
recursos do meio ambiente. Em relação ao consumidor, a sua tarefa está no 
consumo consciente, para que a agressão ao meio ambiente seja minimizada 
ou zerada (ARAÚJO et al., 2006).
Estimular o consumo significa aumento de produção, geração de empregos 
e renda, crescimento e desenvolvimento. Assim, dado que o consumo de bens 
é um dos itens que representa crescimento com desenvolvimento, configura-
-se como um elemento fundamental nas políticas econômicas dos governos, 
mas gera preocupações em relação aos impactos no meio ambiente, pois os 
recursos naturais são limitados. 
A ameaça de escassez dos recursos disponíveis, tanto para a produção de 
bens e de serviços quanto para o próprio consumo direto, tem recebido grande 
atenção por parte dos governos e da população. O consumo e a utilização 
racional dos recursos permitem que o desenvolvimento seja sustentável, ou 
seja, que possa ser usufruído pelas gerações futuras – daí surge a ideia do 
capitalismo sustentável. A sustentabilidade pode ser econômica, social e 
ambiental, mas todas se preocupam com a utilização dos recursos existentes 
de forma racional, para manter a subsistência das próximas gerações, confi-
gurando uma preocupação de longo prazo (BRASIL, 2005).
Para Philippi (2001), sustentabilidade é a capacidade de se autossustentar, 
de se automanter. Quando se realiza uma atividade sustentável qualquer, 
isso significa que a mesma pode ser mantida por um período indeterminado 
de tempo. Uma sociedade sustentável é aquela que não coloca em risco os 
recursos naturais necessários para a vida do ser humano, não comprometendo 
a capacidade das gerações futuras de suprir as suas próprias necessidades.
O meio ambiente é motivo de preocupação, principalmente, desde as últimas 
décadas do século XX, quando passou a fazer parte da agenda dos governos 
de vários países, bem como dos diversos segmentos da sociedade civil or-
ganizada. Os dados revelam que os problemas ambientais têm se agravado 
com as atividades produtivas e com o consumismo nas sociedades. A partir 
da Revolução Industrial, com a possibilidade de produção em grande escala 
e, posteriormente, com a produção em massa, permitida pela introdução da 
linha de montagem automatizada por Henry Ford, no século XX, a poluição 
no planeta se agravou (BRASIL, 2005).
Segundo o Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2005), o modelo 
atual de desenvolvimento econômico vem gerando enormes desequilíbrios 
sociais. O mundo vem apresentando elevados níveis de crescimento econô-
mico, ou seja, de geração de riqueza, ao mesmo tempo em que se registra 
o crescimento da miséria, da degradação do meio ambiente e o aumento da 
5A ambientalização das relações de consumo
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poluição do planeta. Daí a importância do desenvolvimento sustentável, que 
surge como uma forma de reduzir as desigualdades existentes, bem como 
de dar continuidade às atividades que são essenciais para a vida humana. 
Foi na década de 1970 que assuntos relacionados ao desenvolvimento sustentável 
surgiram pela primeira vez, sendo chamados, na época, de ecodesenvolvimento. O link 
a seguir apresenta melhor esse conceito.
https://goo.gl/Qgd7eb
Segundo o Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2005), quando surgiu 
a preocupação com o meio ambiente e a relação do mesmo com a busca pelo 
desenvolvimento econômico nos diversos países, podia-se observar duas visões: 
  Os possibilistas culturais (ou “tecnocêntricos” radicais): os possibi-
listas culturais defendiam que os benefícios gerados pelo crescimento 
econômico eram maiores do que os custos do impacto sobre o meio 
ambiente. Tais benefícios se resumem na eliminação das desigualdades 
sociais na medida em que o crescimento econômico é alcançado, o que 
constituía, para esses indivíduos, um bem maior quando comparado aos 
impactos desse crescimento sobre as condições ambientais. 
  Deterministas geográficos (ou “ecocêntricos” radicais): os determi-
nistas geográficos apresentavam uma preocupação máxima em relação 
às condições ambientais, que sofriam grandes ameaças com a aceleração 
do crescimento econômico. Para os mesmos, os limites do meio ambiente 
são tamanhos que a humanidade estaria próxima de uma catástrofe. 
Isso porque o crescimento econômico observado nas diversas regiões 
do planeta exigia a expansão da utilização dos recursos naturais que 
são limitados, levando-os ao esgotamento, ao mesmo tempo em que 
os níveis de poluição aumentavam significativamente. 
Assim, o ecodesenvolvimento surge como uma proposição conciliadora 
entre o crescimento e os limites do meio ambiente, pois o relatório The limits 
to growth (“Os limites do crescimento”), publicado em 1972, alertou sobre 
a situação potencial do planeta, por meio da apresentação de cenários catas-
A ambientalização das relações de consumo6
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tróficos, caso o padrão de desenvolvimento utilizado na época continuasse. 
Nesse sentido, o crescimento econômico estava limitado à capacidade dos 
recursos naturais (BRASIL, 2005).
Para os ecocêntricos radicais, o crescimento se constituía em um processo 
relevante para o progresso, mas não absoluto na erradicação da pobreza e 
das disparidades sociais. Havia a necessidade de se conquistar um equilíbrio 
global, estando-se atento aos limites do crescimento populacional, ao modo 
com o que os países menos desenvolvidos buscavam o crescimento e desen-
volvimento econômico e, principalmente, aos impactos das ações do homem 
no meio ambiente. 
Desde então, outros relatórios passaram a alertar sobre a necessidade de 
mudança no padrão de desenvolvimento que vigorava nos diversos países do 
mundo. Assim, surge a necessidade de intervenção e o direcionamento do 
desenvolvimento econômico, de forma a conciliar os níveis de crescimento 
econômico com o uso prudente dos recursos naturais. Cabe à entidade su-
perior, o Estado, agir no sentido de estimular um consumo sustentável,com 
base na criação de leis e na fiscalização adequada do cumprimento das regras 
estabelecidas.
É na década de 1980 que o conceito de desenvolvimento sustentável surge, 
a partir do relatório Our common future (“Nosso futuro comum”), que também 
ficou conhecido como Relatório de Brundtland. Esse relatório foi divulgado 
pela Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada em 
1983, apresentando de forma detalhada os desafios a serem enfrentados pelos 
diversos países, bem como os esforços a serem realizados por todos em relação 
à paz, à segurança, ao desenvolvimento e ao meio ambiente (BRASIL, 2005). 
Nesse relatório, encontram-se:
[...] estratégias ambientais de longo prazo para obter um desenvolvimento 
sustentável por volta do ano 2000 e daí em diante; [...] maneiras para que a 
preocupação com o meio ambiente se traduza em maior cooperação entre 
os países em desenvolvimento e entre países em estágios diferentes de de-
senvolvimento econômico e social e leve à consecução de objetivos comuns 
e interligados que considerem as inter-relações de pessoas, recursos, meio 
ambiente e desenvolvimento; [...] meios e maneiras pelos quais a comunidade 
internacional possa lidar mais eficientemente com as preocupações de cunho 
ambiental; [...] noções comuns relativas a questões ambientais de longo prazo 
e os esforços necessários para tratar com êxito os problemas da proteção e 
da melhoria do meio ambiente, uma agenda de longo prazo para ser posta 
em prática nos próximos decênios e os objetivos a que aspira a comunidade 
mundial (COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESEN-
VOLVIMENTO, 1991, apud LAYRARGUES, 1998, p. 143-144). 
7A ambientalização das relações de consumo
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A evolução do conceito de ecodesenvolvimento para o de desenvolvi-
mento sustentável foi resultado da maior abrangência deste último e da 
ligação entre o crescimento econômico e as relações com o meio ambiente 
no longo prazo:
[...] o fator diferenciador entre ecodesenvolvimento e desenvolvimento sus-
tentável reside a favor deste último quanto à sua dimensão, globalizante, tanto 
desde o lado do questionamento dos problemas ambientais como da ótica 
das reações e soluções formuladas pela sociedade. Ele não se refere especi-
ficamente ao problema limitado de adequações ecológicas de um processo 
social, mas a uma estratégia para a sociedade que deve levar em conta tanto a 
viabilidade econômica quanto a ecológica. Num sentido abrangente, a noção 
de que a sustentabilidade leva à necessária redefinição das relações sociedades 
humanas/natureza, portanto, a uma mudança substancial do próprio processo 
civilizatório, introduzindo o desafio de pensar a passagem do conceito para 
ação (OLIVEIRA FILHO, 2004, p. 8).
Para Vasconcellos e Garcia (2014), se as necessidades a serem supridas se 
limitassem à esfera biológica, seria possível dizer que a quantidade de bens 
disponível seria suficiente, solucionando o problema da escassez. Contudo, 
as ilimitadas necessidades se expandem para fora da esfera biológica da so-
brevivência. Além disso: 
  as necessidades se renovam diariamente, exigindo o contínuo suprimento 
dos bens para atendê-las;
  enfrentamos a constante criação de novos desejos e necessidades mo-
tivados pela perspectiva de aumento do nível vida.
Observando que a necessidade abrange tanto a esfera biológica quanto a 
psicológica, a sua satisfação, bem como a dos desejos humanos, está muito 
longe de ser alcançada. Isso ocorre tanto em economias mais desenvolvidas 
quanto em vias de desenvolvimento – o resultado disso é que o problema de 
escassez se renova (VASCONCELLOS; GARCIA, 2014).
Com o passar do tempo e com a influência do Estado e das atitudes or-
ganizacionais sobre os impactos no meio ambiente, os indivíduos passaram 
a se dar conta da necessidade do uso consciente dos recursos da natureza, 
uma vez que eles são escassos e podem se esgotar. Assim, a noção de que 
A ambientalização das relações de consumo8
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o desenvolvimento econômico deve ser sustentável se dissemina entre os 
diversos países do planeta.
O consumo e o meio ambiente
Os danos ambientais provocados pelas indústrias para atender ao consumismo 
existente estão entre as grandes preocupações que envolvem tanto os políticos 
quanto a população em geral. O modelo de produção industrial em massa, 
para atender o consumo em massa, inicialmente levou as empresas a deixarem 
de lado as preocupações com os impactos na natureza, que se encontram 
entre as externalidades negativas de sua atuação – o grande objetivo era a 
acumulação de riquezas.
Quando uma transação econômica resulta em custos ou benefícios para terceiros, 
ocorre uma externalidade negativa ou positiva (respectivamente). Se essas externa-
lidades resultarem em benefícios, chamamos isso de externalidade positiva; se os 
impactos provocarem custos ou prejuízos, estaremos diante de uma externalidade 
negativa (SANDRONI, 2005).
As ameaças ao meio ambiente e as pressões de organismos não governa-
mentais ligados ao meio ambiente influenciaram a legislação e o surgimento 
voluntário de novas condutas ambientais por parte dos indivíduos e também 
dos setores industriais. Todas essas questões modificaram a rotina das orga-
nizações, as quais passaram a adequar os seus processos de produção e de 
prestação de serviços às novas regras e à nova visão dos consumidores em 
relação às questões ambientais. 
Os consumidores estão cada vez mais conscientes sobre suas próprias 
atitudes, que podem impactar o meio ambiente, e têm se tornado mais exi-
gentes com relação à atuação das empresas nas questões sociais e ambientais 
– muitos indivíduos acabam priorizando os produtos de empresas que estão 
comprometidas com a questão ambiental.
9A ambientalização das relações de consumo
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Posto isso, a imagem das empresas em relação à sua participação nas 
questões sociais e ambientais passou a ser fundamental nos seus planeja-
mentos estratégicos. A adoção de novas posturas entre os administradores e 
empresários os levou a adequar os processos às novas exigências impostas 
pela sociedade: minimizar ou zerar os impactos das atividades sobre o meio 
ambiente passou a ser um diferencial na conquista de maiores fatias de mercado. 
A inserção em novos mercados também passou a exigir que as empresas sejam 
ecologicamente corretas. 
Dentre as atitudes das empresas em relação à sustentabilidade ambiental, 
destaca-se adequar a estrutura, assim como os colaboradores em geral e os 
parceiros comerciais para que também sejam responsáveis pela questão da 
sustentabilidade. Isso permite que se efetive o objetivo da empresa de minimizar 
os impactos ambientais de suas atividades.
São exemplos simples de medidas sustentáveis que podem ser realizadas 
nas organizações, segundo Grisotto (2015):
  economia no uso da energia elétrica;
  utilização racional dos materiais de expediente;
  redução no uso de materiais descartáveis;
  prática de reuso, reciclagem ou renovação de recursos.
O envolvimento de todos os colaboradores contribui para que as práticas 
sustentáveis se multipliquem dentro e fora da organização. Segundo Marques 
(2009), as organizações têm forte influência sobre o ambiente político social 
no desempenho das suas atividades, assumindo novas responsabilidades 
nesse âmbito. Além da melhora na imagem da empresa no mercado, as 
práticas sustentáveis podem influenciar o aumento da lucratividade, uma 
vez que ampliam o leque de consumidores que se preocupam com as ques-
tões ambientais.
O consumidor que opta por produtos e serviços de empresas que realizam 
práticas sustentáveis acaba sendo um consumidorconsciente que também rea-
liza o seu papel em relação à sustentabilidade ambiental. Uma das estratégias 
utilizadas pelas organizações para conquistar esse tipo de clientela é o chamado 
“marketing verde”, voltado ao processo de venda de produtos e serviços que 
apresentam benefícios ao meio ambiente. É uma estratégia de vinculação 
A ambientalização das relações de consumo10
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de marca, produto ou serviço a uma imagem ecologicamente consciente, de 
uma empresa que faz sua parte perante a sociedade, ou seja, uma empresa 
ecologicamente consciente (OLIVEIRA et al., 2015).
A empresa brasileira Natura é um exemplo de organização que apresenta 
uma forte imagem no mercado relacionada à preocupação com o meio am-
biente. Desde o surgimento da empresa, na década de 1950, a questão de 
sustentabilidade está presente nas suas práticas, que permanecem até os dias 
atuais, sendo o seu grande diferencial (TERRA, 2009).
Apesar de ser uma preocupação mais atual na sociedade, a questão da 
sustentabilidade sempre foi utilizada nas estratégias de marketing da Na-
tura. Atualmente, a empresa apresenta-se engajada nas causas sustentáveis 
e, desde 2005, faz parte do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE). O 
reconhecimento de suas práticas em relação ao uso sustentável da biodiver-
sidade brasileira ocorre tanto no Brasil quanto no exterior (CARVALHO; 
BARBIERI, 2012).
A influência das atitudes da Natura sobre a sociedade inicia no controle 
das práticas sustentáveis dos próprios fornecedores. São diversas as estra-
tégias adotadas com foco sua cadeia de suprimentos; os seus fornecedores, 
por exemplo:
  São induzidos a passar por processos de autoavaliação em relação à 
qualidade, ao meio ambiente e à responsabilidade social. 
  Passam por programas de capacitação de fornecedores para elaboração 
de relatórios de sustentabilidade e quantificação e gestão de emissões 
de gases de efeito estufa (CARVALHO; BARBIERI, 2012).
Em relação aos próprios produtos:
  Algumas linhas apresentam o uso de tecnologias limpas, as quais re-
duzem os impactos ambientais ao longo da cadeia produtiva.
  Existe um direcionador específico em relação às fórmulas dos produtos 
da empresa, de modo a evitar a utilização de matérias-primas de origem 
animal, mineral ou sintética em prol das alternativas de origem vegetal. 
Com isso, a empresa busca reduzir os efeitos negativos do processo 
produtivo em todo o ciclo de vida do produto. 
11A ambientalização das relações de consumo
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Em 2008, a Natura implementou o Programa de Certificação de Ingredientes, de modo 
a garantir que os insumos utilizados como matéria-prima no processo de produção 
sejam extraídos de maneira sustentável, bem como promovam o desenvolvimento 
social das comunidades extrativistas.
O principal exemplo do caso Natura é que é possível adotar inovações que gerem 
benefícios sociais e ambientais ao longo de uma cadeia produtiva completa (CARVALHO; 
BARBIERI, 2012).
A empresa Faber-Castell, líder mundial na fabricação de lápis de madeira reflorestada, 
é outro exemplo de organização que realiza práticas sustentáveis. A fabricação dos 
lápis, chamados de EcoLápis, é realizada com 100% de madeira reflorestada. Além 
disso, existe um total aproveitamento da madeira e dos seus subprodutos que não 
são utilizados na fabricação do EcoLápis e que são direcionados, por exemplo, para 
a geração de energia, como substrato orgânico para plantas, para a fabricação de 
chapas de aglomerado e em granjas de criação de frangos. A empresa assumiu um 
compromisso com a sociedade e o meio ambiente que se estende a projetos socio-
ambientais para despertar a consciência da comunidade em relação à importância 
de cuidar do ambiente natural, além de oferecer oportunidade para que crianças em 
situação de desigualdade social desenvolvam sua criatividade (FABER CASTELL, 2018). 
ANDREASI, D. Consumismo x pirâmide de Maslow: uma outra visão da teoria. [S.l.]: 
Jovem Administrador, 2011. Disponível em: <http://jovemadministrador.com.br/
consumismo--x-piramide-de-maslow-uma-outra-visao-da-teoria/>. Acesso em: 10 
jan. 2018.
ARAÚJO, G. C. et al. Sustentabilidade Empresarial: conceito e indicadores. In: CON-
GRESSO VIRTUAL BRASILEIRO DE ADMINISTRAÇÃO – CONVIBRA. 3., nov. 2006. Artigos... 
Disponível em: <http://www.convibra.com.br/2006/artigos/61_pdf.pdf>. Acesso 
em: 11 abr. 2018.
BRASIL. Manual de educação para o Consumo Sustentável. Brasília, DF: Consumers 
International/ MMA/ MEC/ IDEC, 2005. 160 p. Disposnível em: <http://www.mma.
gov.br/estruturas/educamb/_arquivos/consumo_sustentavel.pdf>. Acesso em: 
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A ambientalização das relações de consumo14
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