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Extra O significado da cidade

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O SIGNIFICADO DA CIDADE 
 
Pode-se estudar uma cidade sob um número de ângulos infinitos: 
Da História: 
“A história universal é a história da cidade.” Spengler 
Da Economia: 
“Em nenhuma civilização a vida das cidades se desenvolveu independentemente do 
comércio e da indústria.” Pirenne. 
Da Sociologia: 
“A cidade é a forma e o símbolo de uma relação social integrada”. Munford. 
Da Política: 
“A cidade é um certo número de cidadãos.” Aristóteles. 
 
Todos estes ângulos representam a cidade enquanto organização 
da sociedade em seus aspectos políticos, econômicos, culturais. 
 
Ao lado destes enfoques, existe um outro: 
 
“A cidade como situação física de uma determinada sociedade. 
Mais durável que a própria sociedade, pode ser constatada quando a 
sociedade que a produziu já desapareceu há muito tempo 
e mesmo quando a cidade encontra-se em ruínas.” 
Leonardo Benévolo. 
 
SITUAÇÃO FÍSICA DE UMA CIDADE: 
Implantação no sítio, 
esquema planimétrico, 
relação entre espaços, 
conformação das edificações. 
 
TIPOS FUNDAMENTAIS DE CIDADE 
 
CIDADE PÚBLICA 
Civitas romana ou polis gregas. 
A cidade política ou pública tem como elemento principal 
o forum e a ágora, como local de encontro dos cidadãos, 
que, com suas fachadas, se ergue urbana em oposição ao campo. 
 
CIDADE DOMÉSTICA 
Towns anglo-saxônicas 
Apresentam ao invés da ágora, o common, grande porção vazio do campo que 
circunda toda a cidade e que por ele é preservado em seu interior. 
Este local, longe de ser destinado ao convívio social, está simbolicamente 
ligado às raízes rurais da cidade e servia ao pasto dos animais. 
 
 
 “A cidade clássica nasce de um instinto oposto ao doméstico. Edifica-se a casa para 
se estar nela; funda-se a cidade para se sair de casa e reunir-se com os outros que 
também saíram de suas casas.” Ortega e Gasset. 
 
CIDADE PRIVADA 
A cidade islâmica 
Surge como um terceiro tipo de cidade, no qual o interior das casas representa um 
recinto sagrado que se isola totalmente das ruas, 
vias reduzidas e tortuosas delimitadas por fachadas despojadas 
que podem esconder um casebre ou um palácio. 
O espaço público da cidade islâmica é a mesquita, local de encontro onde – 
diferentemente da cidade política – o encontro se dá por razões de culto religioso. 
Este pátio coletivo se repete nas casas em pátios internos, para onde se voltam os 
ambientes que negam a presença da rua. 
 
 
O VALOR DA CIDADE MEDIEVAL 
 
A cidade medieval como a mais clara correspondência 
entre o evento e o ambiente, isto é, 
entre organização social e situação física. 
 
EVENTO: 
Organização comunal, estatuto jurídico da casa e da terra: 
regulamentação administrativa da propriedade burguesa, 
iniciada com a vigilância e defesa das muralhas. 
A cidade como isenção de direitos e privilégios em um meio rural 
circundante submetido ao poder feudal absoluto. 
A permanência desta liberdade na cidade de hoje está confirmada 
no fato de que não existe uma diferença 
de status jurídico, mas sim de status social entre os cidadãos. 
 
AMBIENTE: 
Implantação = Adequação ao território = Organiciscmo 
Estrutura Urbana = Unidade = Homogeneidade = Totalidade 
Praças e Ruas = Espaços Cívicos. 
 
Muito do ambiente destas cidades medievais está presentes 
nas cidades coloniais brasileiras, que buscam adequar 
as normas de fundação à topografia acidentada dos sítios. 
 
A partir da crise das cidades – ocorrido por volta da década de 60 –, 
o olhar dos estudiosos se volta para a invenção urbana medieval, 
responsável por cidades como Florença e Veneza, 
hoje valorizadas como obras de arte. 
 
A CIDADE COMO OBRA DE ARTE 
 
Na Renascença, surge uma nova definição de cidade, 
derivada da afirmação de autonomia da arte: 
“A cidade como conjunto de qualidades formais auto-suficientes 
que um artista sozinho está em condições de imaginar e projetar, 
aplicado ao organismo medieval.” 
 
A “arte misteriosa” medieval será esquematizada pelos tratadistas 
do Renascimento- Vitrúvio, Alberti, Serlio - 
como projeto e inserção urbana. 
 
Na medida em que as dimensões e a complexidade da cidade 
compromete esta visão, surge sua transposição 
para um modelo teórico: a cidade ideal do utopismo. 
 
Sob o poder absoluto este modelo ideal se realiza através 
de elementos separados, uma ordem parcial 
que privilegia espaços representativos da nobreza. 
 
A partir da instauração da cidade industrial, ela se reduz às aparências 
estabilizadas pelo hábito – uniformidade, hierarquia, decoro – 
que passam a ser codificadas para tornar respeitável 
– o novo cenário da cidade burguesa. 
 
As propostas de Rossi, Cullen e Lynch na busca da 
riqueza ambiental da cidade tradicional: 
A cidade formada pela arquitetura, a visão serial da cidade 
e as imagens da cidade pelos seus habitantes. 
 
ELEMENTOS ESTRUTURAIS DA CIDADE 
 
 
A casa, a rua, a praça, os monumentos e os limites constituem 
os elementos que definem a cidade, dentro 
de sua localização no espaço. 
 
Todos estes elementos obedecem a uma concepção unitária 
que dá a cada cidade homogeneidade formal: 
segundo Egli, “a idéia fundamental de uma cidade está implícita 
na idéia da casa individual dessa cidade”. 
 
Esta concepção unitária é própria de cada sociedade, 
de forma que a origem de uma cidade estaria 
embasada na tradição e na cultura 
e o traço, o plano de uma cidade, sempre existe, 
ainda que inconscientemente. 
 
A cidade muçulmana se organiza de dentro para fora, 
da casa para a rua, enquanto na cidade ocidental 
ocorre o contrário: a partir da rua previamente traçada, 
as casas foram ocupando seu lugar. 
 
A rua representaria a ordem ou a lei geral 
a que se submete o capricho e a vontade individual; 
este imperativo superior faltaria nas cidades islâmicas, 
onde a noção abstrata do bem comum não está desenvolvida. 
Sociedade e política estão asfixiados pela religião. 
 
 
A CIDADE INDUSTRIAL E TECNOLÓGICA 
 
A implantação da fábrica nos limites urbanos 
modifica o equilíbrio entre os elementos estruturais da cidade. 
As exigências funcionais, a explosão demográfica e o mercado imobiliário 
substituem a tradição e a cultura na estruturação urbana. 
 
A invenção dos transportes coletivos e privados, a massificação habitacional 
a pavimentação dos caminhos e o saneamento de grande escala, 
permitem a extensão sem fronteiras das cidades, 
rompendo sua concepção unitária e fazendo surgir a fragmentação espacial. 
 
Fragmentação espacial: 
descontinuidade urbana entre os elementos estruturais da cidade, 
provocando dificuldades de acessibilidade e mobilidade, 
exigindo a utilização obrigatória de transportes automotores, 
levando à ociosidade de infra-estrutura e dos serviços, 
contribuindo para a degradação ambiental. 
 
Degradação ambiental: 
utilização irracional dos recursos naturais, comprometendo sua perenidade. 
No espaço urbano, os recursos naturais estão representados 
pelo solo urbano, que pode se extinguir a partir do desperdício 
provocado pela segregação social. 
 
Segregação social: 
distribuição das diferentes classes sociais no território segundo 
sua capacidade de adquirir espaço segundo as leis do mercado imobiliário: 
terras mais baratas estão mais longes, não contam com serviços nem infra-estrutura. 
 
	CIDADE DOMÉSTICA
	Towns anglo-saxônicas
	Apresentam ao invés da ágora, o common, grande porção vazio 
	CIDADE PRIVADA
	A cidade islâmica
	Surge como um terceiro tipo de cidade, no qual o interiorda
	vias reduzidas e tortuosas delimitadas por fachadas despojad
	que podem esconder um casebre ou um palácio.
	O espaço público da cidade islâmica é a mesquita, local de e
	O VALOR DA CIDADE MEDIEVAL

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