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UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL CAMPUS REALEZA INSPEÇÃO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL PROFESSORA KARINA STARIKOFF ACADÊMICOS MARLON, YURI, SANDRO E WILLIAM DOENÇAS NA APICULTURA REALEZA, 2015 1. Doenças na Apicultura As abelhas são muito importantes em nosso meio, uma vez que suas atividades de polinização potencializam a reprodução das culturas vegetais de forma a melhorar a qualidade e quantidade de frutos que as mesmas produzem. (SILVA, 2010) Assim como todos os animais, as abelhas também podem ficar doentes através de varios organismos, que podem se manifestar tanto na fase de larva quanto na fase adulta. Na fase de larva, as doenças são causadas principalmente por bactérias, fungos e vírus, já na fase adulta, os principais causadores são os protozoários, acaros e insetos. A ocorrência das doenças nas abelhas, variam conforme varios fatores, como o manejo que é usado pelo produtor e principalmente pela região onde a propriedade está localizada. No Brasil, os danos causados pelas doenças são reduzidos, tanto pelo clima, que é menos favorável a disseminação das mesmas, quanto pela africanização das abelhas utilizadas, as quais possuem maior ressistência. Desta maneira, a produção fica facilitada, uma vez que a necessidade de uso de antibióticos e pesticidas nas colméias fica reduzido, garantindo um produto livre de resíduos químicos. (EMBRAPA, 2003) (UFPEL, 2003) Porém, mesmo com essas facilidades, o apicultor deve manter-se atento a situação sanitárias de suas colméias para impedir a introdução de doenças. Caso contrário, deverá tomar medidas de correção, como o isolamento das colméias acometidas e o envio de amostras para diagnóstico, alem de notificar produtores para evitar disseminação da doença. (EMBRAPA, 2003) A ocorrências das doenças podem levar a prejuísos na produção, acarretando em menor produtividade e aumento da mortalidade. Se a mortalidade for muito alta, o produtor pode perder a colméia inteira, uma vez que as abelhas africanas abandonam a colméia quando a população cai muito. Não se pode esquecer o gasto com o tratamento das doenças e os prejuísos decorrentes dos resíduos de antibióticos que inviabilizam a comercialização do produto. (EMBRAPA, 2003) São varias as doenças que podem afetar as abelhas, como por exemplo, nas crias: cria pútrida européia, cria pútrida americana e cria ensacada, e nas adultas: nosemose, acariose, paralisia, amebíase, septicemia e varroase. As principais doenças serão tratadas na sequência. 2. CRIA PÚTRIDA EUROPEIA (CPE) 2.1 Agente Etiológico e Características Causada pela bactéria Melissococus pluton, gram-positiva, anaeróbia para microaerofila, não formadora de esporos e que pode ficar viavel no favo por até três anos, e desta forma causar reinfecções nos anos seguintes. O M. pluton se aloja no intestino da larva, e compete por alimento, causando a morte da larva por inanição. Pode ocorrer também a ação de bactérias secundárias, como: Bacterium enrydice, Bacilus alvei, Streptococus faecalis e Bacillus lateroporus. As larvas se contaminam quando ingerem o alimento, sendo essa uma doença bacteriana extremamente patológica e que causa graves prejuízos para a apicultura em todo o mundo. Possui notificação obrigatória pela Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) e ocorre em todo o território brasileiro. (OLIVEIRA, 2013) (SILVA,2010) 2.2 Sinais e Sintomas Do mesmo modo que ocorre na doença da cria americana, nesta os favos que possuem as crias infectadas terão falhas, decorrente da retirada das crias mortas pelos operários, porém em menor intensidade por ser mais comum atingir e matar a larva que está desoperculada. Ainda opérculos perfurados, larvas doentes em posições não habituais e com coloração que varia de amarelo-pardo até marrom-escura. Cheiro pútrido por conta da morte das abelhas. As larvas acometidas se encontram em posição anormal, contorcidas nas paredes dos alveolos e podem adquirir coloração que varia de branco a amarelo podendo chegar à marrom. Após a morte, os opérculos se apresentam escurecidos, afundados e perfurados. Ausencia de crias com menos de cinco dias é indicio da permanencia da doença. (OLIVEIRA, 2013) (EMBRAPA, 2003) 2.3 Diagnóstico Varios sinais servem de indicativo da cria pútrida européia, sendo eles: ● Ausência de crias com idade de três a cinco dias, uma vez que morte ocorre geralmente na fase de larva, antes que os alvéolos sejam operculados; ● Favos falhados pela retirada das crias mortas pelos operários; ● Larvas em posições anormais dentro do alveolo; ● Coloração das larvas, que podem variar de branco a amarelo podendo chegar à marrom; A associação destes sinais, juntamente, quando necessário, com o exame laboratorial por isolamento e identificação do agente, nos leva ao diagnóstico da cria pútrida européia. (SILVA, 2010) Na imagem à esqueda, Favos com crias saudáveis e na da direita, sintomas de Cria Pútrida Européia: área de crias com muitas falhas (a) e mudança de posição e coloração das larvas (b). Fonte:http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Mel/SPMel/doencas.htm 2.4 Tratamento Segundo Oliveira (2013), o tratamento é baseado em antibióticos de amplo uso na medicina veterinária, como a terramicina, estreptomicina, auremicina e a tetraciclina. Para aplicação, no caso da terramicina, deve-se usar uma colher de sopa bem cheia do antibiótico, misturado à um quilo e meio de açucar de confeiteiro. Essa mistura deve ser espalhada sobre os quadros, na medida de quatro colheres de sopa por colméia. Outra opção de diluição da terramicina, é uma colher de sopa bem cheia do antibiótico em três litros de charope 50%, que será aplicado frio nos alimentadores internos. O tratamento deve ser feito a cada dois dias na primeira semana e a cada três dias na segunda semana e não é recomendado em épocas de grandes floradas por conta da contaminação do mel, ao menos que realmente seja necessário, nesse caso o mel não pode ser destinado à alimentação humana. (OLIVEIRA, 2013) 2.5 Controle Algumas medidas devem ser tomadas buscando o controle da cria pútrida europeia, entre elas, remover os quadros que possuam crias doentes, se a rainha for susceptivel a doença, troca-la por uma mais resistente, e ainda, ter cuidado no manejo dos equipamentos de manejo, para não carrear a doença das colmeias afetadas para as sadias. (EMBRAPA, 2003) 3. CRIA ENSACADA 3.1 Características Essa doença é caracterizada por ser causada por um virus denominado SBV (Sac Brood Virus) que em portugues significa “Virus da cria ensacada” e também pode ter uma etiologia diferente, induzida pelo polen da planta Stryphnodendron sp ou mais conhecida como Barbatimão. Deste modo, a doença causada pelo virus se denomina Cria Ensacada, e a doença induzida pelo pólen da planta é denominada Cria Ensacada Brasileira. (SILVA, 2010) A cria ensacada brasileira (CEB) é uma doença que cursa com alta e rápida mortalidadedas larvas pré-pupas . A colméia doente costuma apresentar invasão de outros insetos como formigas e forídeos (Pseudohypocera kertesi), ou fuga de enxames. Pode ocorrer um grande número de mortalidade de pupas e pré-pupas, que podem culminar com o enfraquecimento de um enxame em pouco tempo. Devido a africanização das abelhas brasileiras, que são consideradas resistentes, o problema sido mais controlado na maioria das regiões (PACHECO, 2007). 3.2 Sintomas Quando um enxame é acometido por esta enfermidade, costumam apresentar favos com falhas e opérculos afundados, além de que as crias não conseguem completar a ecdise para pupa e podem apresentar coloraçoes marrom ou acinsentada. (SILVA, 2010) Em alguns casos pode acontecer de a cria morta nao apresentar mudança de coloração, porem, está envolvida por uma especie de capsula com conteudo liquido no interior, que pode ser decorrente de uma atrofia dos tecidos internos ao exoesqueleto em formação, um acumulo de liquido que pode ser induzidos pelas propriedades toxicas do pólen do Barbatimão. (SILVA, 2010) 4.3 Tratamento Como a doença é viral o tratamento não passa pelo uso de antibiioticos, como pode ser feito indiscriminadamente por alguns apicultores desprovidos de informação. A maneira de tratar a doença é através de medidas de controle e erradicação do agente. No caso de cria ensacada Brasileira, como parte do controle pode-se adotar medidas como o corte das plantas que induzem este tipo de reação como o Barbatimão, porém, o corte destas arvores é ilegal, todavia pode-se optar pela transferencia do enxame para um local a um raio de 6km de distancia deste tipo de planta. (SILVA, 2010) Quando a doença tem o virus como agente etiologico, a solução é a identificação e eliminação dos favos acometidos, transferindo os sadios para uma outra caixa, deste modo realizar este processo varias vezes para controlar a contaminação pelo virus que é muito dificil de se conseguir eficientemente uma vez acometidos. Pode-se utilizar-se de imersão dos equipamentos em agua clorada para esterilização. (SILVA, 2010) 3.4 Controle O controle como supracitado passa por medidas que evitem a exposição de enxames a presença de plantas como o Barbatimão e o contado com caixilhos ou favos contaminados procedentes de outras caixas. Pode-se utilizar também da alimentação artificial com polen nas epocas de floração do Barbatimão. Além de utilizar a esterilização dos equipamentos atraves de imersão em hipoclorito a 0,5%. (SILVA, 2010) 4. NOSEMOSE 4.1 Características A Nosemose é uma doença causada pelo o desenvolvimento de um microsporideo Nosema apis ou Nosema cerenae nas células da mucosa do intestino médio das abelhas adultas: acometendo zangões, operárias, rainhas, as larvas e ninfas não são acometidas. O microsporideo se desenvolve em uma temperatura de 30-34Cº, ou seja, compativel com a de dentro da comeia, completando seu ciclo evolutivo em 3-4 dias sob estas condiçoes. (NUNES, 2015) A Nosemose é uma doença que teve notavel incidencia nos anos 80, atualmente no Brasil pouco é relatada, existe uma teoria que a africanização das abelhas tenham influenciado para que tal doença tenha aparecido com menor frequência, visto que estas abelhas tem a caracteristicas de apresentar maior resistência. (SILVA, 2010) 4.2 Sintomas Os sinais clinicos não são bem definidos ainda, mas acredita-se que os sinais mais especificos seria a disenteria das abelhas acometidas por Nosema apis, juntamente com um sinal mais inespecifico de abelhas “cambaleantes”, com tremores e dificuldade para voar. As abelhas acometidas por Nosema cerenae tendem a ter ausencia de diarreia, e sim, uma disfunção intestinal, causando-lhes constipação e morte súbita. (SILVA, 2010) De uma forma geral a doença acomete as abelhas afetando seu desempenho produtivo, con consequencia queda de produção e diminuindo a longevidade das abelhas individualmente e a perpetuação do enxame. (SILVA, 2010) 4.3 Tratamento Quando a prevenção falha, é necessario atuar sob os enxames com tratamento atraves de produtos, que devem ser igualmente eficientes para o combate tanto de Nosema apis e Nosema cerenae. É importante se ter atenção com o uso de antibioticos que eliminar apenas a forma vegetativa do microsporideo (ex.:fumagalina), pois durante o ciclo evolutivo o microsporideo pode formar esporos, muitos resistentes que servem como fonte de contaminação podendo tornar o problema recorrente. (SILVA, 2010) 4.4 Controle A Nosemose deve ser tratada com uma doença focada na pervenção, que de preferência ocorrer no periodo de final do outono que coincide com o periodo das chuvas. É importante evitar recipientes com água que possam coletar fezes de abelhas contaminando outras abelhas que possam ir utilizar da água, também deve procurar controlar traças e outros artropodes que possam servir como disseminador atraves da postura de ovos e migração entre os ninhos. (SILVA, 2010) 5. VARROASE 5.1 Características A Varroase é uma doença parasitária que acomete abelhas, podendo atingir todos os insetos de uma mesma colméia, em qualquer fase da vida. A doença é causada por um ectoparasita, o ácaro Varroa destructor . a doença foi registrada inicialmente em abelhas Apis cerana, na Indonésia, em 1904. No ano de 2000 foi descoberto uma nova espécie, com virulência diferente da espécie V. destructor, a V. jacobsonir (APISANTOS , 2015). A Varroase, ou Varrotose, é hoje em dia, segundo Costa (2008) a principal doença, é a doença que mais tem restringido a produção apícola na Europa e USA, ou em demais países produtores apícolas em regiões de clima temperado. A Varroase é uma doença que faz com que as novas abelhas nasçam fracas, “miudas”, ou ainda faz com que as abelhas morram antes da eclosão dos ovos, quando a esfoliação causada por um ou por mais ácaros é muito intensa (silva, 2010). A contaminação de uma colméia, de acordo com ApiSantos (2015) ocorre pela introdução do ácaro por uma abelha que saiu a campo, acabou se contaminando e retornando para a colméia, oura forma de contaminação é a pilhagem de colméias contaminadas por abelhas de outras colméias ainda saudáveis. Na abelha Apis cerana ao longo do tempo estabelece um equilíbrio na parasitose, onde o parasita não coloca a colméia em risco, devido a mecanismos que esta abelha desenvolveu para se proteger do agente, como a limpeza, onde a abelha realiza uma dança de pedido de ajuda, e com o auxilio de outras abelhas, ocorre a retirada de cerca de 99% dos ácaros presentes no corpo da enquanto que na Apis melífera este numero cai para 0,3% (APISANTOS 2015). De acordo com ApiSantos (2015) a apis melífera também pode ser parasitada pela Varroase, com conseqüências mais graves, por ser um tipo de abelha com menos defesas contra esta doença (COSTA 2008). O ácaro fêmea se alimenta da hemolinfa de abelhas adultas, e em alguns casos das próprias larvas de abelhas, enquanto que os machos, larvas e ninfas do parasito se alimentam da hemolinfa das ninfas de abelhas (COSTA 2008). O ciclo de desenvolvimento de Varroa destructor acontece no mesmotempo que o ciclo de desenvolvimento da abelha operaria ou de macho, durante a fase postura. No verão um ácaro de Varroase pode sobreviver por três meses em uma colônia, enquanto que no inverno este tempo se eleva para seis meses (APISANTOS 2015). abelha parasitada por Varroa destructor Fonte: http://naturfoto-hecker.photoshelter.com/image/I0000K8pr_f236vg A Varroatose está espalhada por todos os continentes, a proxima figura mostra a distribuição, as areas em escuro mostram as regiões acometidas pela doença. Fonte:http://entnemdept.ufl.edu/creatures/misc/bees/varroa_mite.htm No Brasil o ácaro foi encontrado pela primeira vez em 1978, afirma Silva (2010), e atualmente pode ser encontrado em praticamente todo o teritório nacional. O surgimento no Brasil foi pela importação de Rainhas do Paraguai, de origem japonesa, que estavam contaminadas, porém, pelo fato de muitas espécies brasileiras terem se “africanizado” a enfermidade tem se mantido sob controle no Brasil, com baixas populações do ácaro, sem grandes prejuísos economicos (silva, 2010). 5.2 Agente Etiológico O Agente etiológico é um ácaro, Varroa destructor. Apresenta dimorfismo sexual bem destacado no estagio adulto, existindo a fêmea, que é quem dissemina a doença, o macho, as formas larvais, e as ninfas, que ainda estão imaturas. A fêmea vive na abelha adulta, e no local de postura de ovos, enquanto os machos somente na postura de ovos (APISANTOS 2015). O ácaro é globoso, visivel a “olho nu” com coloração castanho amarela, o macho mede cerca de um mm, e a femêa pode chegar a dois mm, comumente este parasita é chamado carrapato das abelhas. Ácaro Varroa destructor Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Varroa_destructor 5.3 Sintomas A Varroase não apresenta sintomas clínicos até o momento em que esta em um estagio de desenvolvimento em que a doença se torna critica para a colméia, a um ponto que dificilmente a colônia de abelhas irá se recuperar (COSTA 2008). Um dos sintomas é decorrente da ação mecânica do ácaro, que fica presente em áreas de movimento na abelha, importantes para que ela desempenhe suas funções, deste modo a abelha tem sua movimentação obstruída, na conseguindo voar em um primeiro momento, e posteriormente nõ conseguindo desempenhar sua função na colméia. Quando a uma grande pressão do parasita na colméia, serão observados abelhas mortas na colméia, abelhas e ninfas atrofiadas, larvas recém nacidas presentes na prancha de vôo, abelhas que se arrastam ao sol, andando de modo desorientado, abelhas com asas deformadas, em alguns casos enegrecidas, ou ainda asas assimétricas. Ocorre ainda, pelo fato de a rainha estar afetada, uma diminuição na postura da mesma, ou postura em mosaico, ninfas vivas atrofiadas (APISANTOS 2015). Todos estes sintomas são evidentes quando a colméia provavelmente já esteja condenada, de modo que os sinais que podem ser observados para impedir que isto ocorra, e a intervenção seja realizada a tempo, são asas atrofiadas e presença de ácaros no corpo das abelhas. Imagens de colméia parasitada pelo Varroa destructor Fonte:http://nadainteressante.blog.br/2015/05/os-primeiros-21-dias-da-vida-das-abelhas-em-um-hi pn Fonte:http://adventuresinbeeland.com/2012/10/21/3rd-honey-bee-pests-diseases-and-poisoning-revi sion-post-the-lifecycle-of-varroa-destructor-and-monitoringtreatment-techniques/ 5.4 Tratamento Em casos em que não houve prevenção, e que exista um reconhecimento precoce, ou desconfiança que a colméia esteja sendo acometida por Varroase existem formulações químicas que podem proteger a colméia, que são: Folbex, Sineacar, Keltane, Varrostar, e Galekron, todavia estes tratamentos não são recomendados, pela toxicidade dos acaricidas, e possivel intoxicação das abelhas, ou do mel ou outros produtos, outras alternativas no tratamento são a colocação de cartões de enxofre, e fumaça de fumo de corda (APISANTOS 2015). 5.5 Controle Silva (2010) mostra que quando ocorrem infecções reincidentes em uma mesma colonia é recomendado que se faça a troca da rainha por rainhas provenientes de colméias mais resistentes, tornando as abelhas resistentes, através de seleção genética. Para o controle pode-se também fazer a retirada dos favos de zangõees da colméia, pois são onde a maior reprodução dos ácaros da varroa, e os mesmos não são importantes para a colônia, visto que em épocas de copula são atraidos zangões externos a colméia, atravez de feromônios. Outra alternativa é a seleção genética para abelhas com alto padrão higiênico, para que as mesmas retirem os ácaros dos seus corpos (SILVA, 2010) 6. Cria Pútrida Americana (CPA) 6.1 Características e agente etiológico Ela é uma enfermidade bacteriana que é causada pelo Paenibacillus larvae, aonde esse microrganismo é móvel por flagelos e tem forma que se assemelha a um bastão com cerca de 2,5 a 5 micros de largura por 0,4 a 0,8 micros de comprimento e ele possui dois estágios, sendo um vegetativo, que é durante a qual ela se reproduz principalmente dentro do intestino, e o estágio de esporos onde é altamente resistente as condições adversas do meio, sendo o responsável pela dificuldade de extermínio e controle da doença (Silva, 2010). Ainda segundo o mesmo autor, os esporos de Paenibacillus larvae são altamente resistentes ao calor, aos desinfetantes químicos, ao cloro, a radiação UV, iodados e a água quente com qualquer aditivo, e ainda podem permanecer infectantes por mais de 40 anos. A doença não acomete as abelhas adultas, mas as mesmas podem ser fontes de contaminação para as larvas, o uso de alimentos ou introdução de rainha, ambos possibilitam a disseminação do microrganismo e a ocorrência da doença, ou até mesmo pela compra de enxames que estejam contaminados, são posteriormente misturados e podem disseminar a doença pelo apiário (Silva, 2010). No Brasil já foram isolados esporos dessa bactéria em abelhas e mel provenientes de colméias sem sintomas da doença, no Estado do Rio Grande do Sul, onde a contaminação pode ter ocorrido pela alimentação das abelhas com mel e pólen importados, contaminados com a bactéria, ou mesmo pela coleta, por abelhas campeiras, de alimento contaminado em entreposto, conseqüentemente foi realizado um programa de contingenciamento pelo Comitê Consultivo Científico em Sanidade Apícola do MAPA visando controlar o foco (Lopes et al., 2004). 6.2 Sintomas e Sinais De acordo com Lopes 2004 e colaboradores, os principais sintomas e sinais de que estão ocorrendo à doença no apiário, são os seguintes: · Favos de cria falhados com opérculos perfurados, escurecidos e afundados; · A cria morre na fase larva (pré-pupa) ou pupa, quando o corpo está em posição vertical na célula; · Larvas com mudança de cor, passando do branco-pérola para amarelo até marrom escuro; · Cheiro pútrido da cria (pré-pupa ou pupa); · As larvas mortas apresentam consistência viscosa, principalmente quando apresentam coloração marrom-escura. Para verificar esse sintoma, deve-se fazer o teste do palito que consiste em inserir um palito de madeira (como o de fósforo ou similar) na cria, esmagá-la e puxar o palito devagar, observando se ocorre a formação de um fio viscoso e longo, com 2,5cm ou mais; · Quando a morte ocorre na fase de pupa, observa-se geralmente a língua da pupa estendidade um lado para o outro do alvéolo. · No estágio final da doença, a cria fica escura e ressecada formando escamas finas e achatadas, geralmente de cor marrom ou preta, que ficam aderidas nas paredes do alvéolo e de difícil remoção. Para observar as escamas é importante ter boa iluminação. Sintomas de cria pútrida americana: favos falhados (a) e opérculos perfurados (b). Sintomas de cria pútrida americana: consistência viscosa da cria – teste do palito. Sintomas de cria pútrida americana: restos de crias mortas e ressecadas. 6.3 Tratamento Segundo Silva, 2010 não há tratamento preconizado e o uso de antibióticos deve ser evitado, pois pode levar ao aumento de resistência do microrganismo ao fármaco, bem como mascarar os sinais da doença, mantendo a contaminação na colméia e em seus produtos, facilitando com isso a disseminação da enfermidade. E ao invés de antibióticos podem ser usado produtos clorados que agem bem sobre doenças bacterianas e virais das abelhas, sem deixar efeito residual nas instalações da colméia, devido a sua volatilidade ou ainda produtos iodados, que tem boa ação sobre a maioria dos microrganismos (vírus, fungos, protozoários e bactérias), mas evita-se o seu uso por poder deixar resíduos que alcancem os produtos das abelhas. Nos Estados Unidos da América, várias drogas já foram testadas, mas nenhuma conseguiu erradicar efetivamente a doença. O método mais eficaz consiste em queimar as colônias. 6.4 Prevenção e Controle Como dito anteriormente, não deve se utilizar antibióticos para o tratamento preventivo ou curativo, pois pode levar à resistência da bactéria e contaminar os produtos da colméia, além de ser um gasto adicional para o apicultor e esse tratamento preventivo pode ainda “esconder” os sintomas da doença. Segundo Lopes et al. 2004, quando o apicultor suspeitar da ocorrência da CPA em seu apiário deve tomar as seguintes medidas: · Marcar as colônias com sintomas de CPA; · Realizar anotações sobre as colônias afetadas e relatar a ocorrência para sua associação e instituições competentes, tais como: instituições de ensino e pesquisa que trabalhem com Apicultura, Confederação Brasileira de Apicultura (CBA), Superintendência Federal de Agricultura, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA); · Enviar amostras dos favos com sintomas para análise em laboratórios especializados no diagnóstico de doenças de abelhas; · Limpar equipamentos de manejo (luvas, formão, fumigador etc.) e não utilizá- los nas colônias sadias. A esterilização de equipamentos pode ser feita com hipoclorito de sódio (água sanitária). · Após comprovação da doença por meio do resultado da análise laboratorial, destruir as colônias afetadas; para isso, pode se optar pela queima da colméia completa ou, se o apicultor quiser preservar as caixas, cuja madeira esteja em bom estado, deve matar as abelhas adultas e depois queimá-las juntamente com os favos. Para o reaproveitamento das caixas, elas devem ser esterilizadas com vassoura de fogo ou ateando fogo; · As esterilizações das caixas também podem ser feitas com uso de produtos químicos de duas maneiras: mergulhando as peças em parafina a 160° C durante 10 minutos ou em solução de hipoclorito de sódio a 0,5% durante 20 minutos. Para evitar que essa doença grave seja disseminada em no Brasil, os apicultores devem ficar atentos para nunca utilizarem mel ou pólen importados, para a alimentação de suas abelhas no período de entressafra, pois eles podem estar contaminados e conseqüentemente, contaminarão as colméias (Silva, 2010). Referências: APISANTOS. Varrose. Disponível em: <http://www.apisantos.com/1/varrose_328717.html>. Acesso em: 22 jun. 2015. COSTA, Paulo Sergio Cavalcanti. SANIDADE APÍCOLA: A CHAVE PARA ALTAS PRODUÇÕES. 2008. Professor Adjunto MSc. da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista - Bahia. Disponível em: <http://www.apacame.org.br/mensagemdoce/128/artigo2.htm>. Acesso em: 22 jun. 2008. EMBRAPA. Produção de Mel. Doenças e Inimigos Naturais das Abelhas. 2003. Disponível em: http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Mel/SPMel/doencas.htm. Acessado em: 16/06/2015. UFPEL. Pragas e Doenças. RS - Brasil. 2003. OLIVEIRA, Andréa. Apicultura - doenças da cria das abelhas e tratamento. Centro de Produções Técnicas. 2013. Disponível em: http://www.cpt.com.br/cursos-agricultura-organica/artigos/apicultura-doencas-da-cria-das-abelhas -e-tratamento#ixzz3dH9363rl. Acessado em: 16/06/2015. SILVA, Felipe Silveira da. Revisão das Doenças que podem acometer Apis mellifera. 2010. 116 f. TCC (Graduação) - Curso de Medicina Veterinária, Faculdade de Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010. Disponível em: <https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/39035/000822359.pdf?sequence=1>. Acesso em: 17 jun. 2015. NUNES, Felipe; RELVA, Carlos. Nosemose, Doença e consequências. Disponível em: <http://www.somosdoagro.com.br/pdf.api/Nosemose_doenca.pdf>. Acesso em: 17 jun. 2015. LOPES, Maria Tereza do Rego; GONÇALVEZ, Janaina de Carvalho; MESSAGE, Dejair; PEREIRA, Fábia de Mello; CAMARGO, Ricardo Costa Rodriguez. Doenças e Inimigos Naturais das Abelhas - Embrapa. Teresina - PI, 2004. Disponivel em: <http://www.cpamn.embrapa.br/publicacoes/documentos/2004/doc_103.pdf>. Acesso em: 17 jun. 2015.
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