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MODELOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL
NOME DO ALUNO sem negrito FONTE 14
RESUMO:
O presente Texto Para Discussão visa a difundir o conhecimento teórico sobre a área de Relações Internacionais. O trabalho, com o objetivo de explicitar os conceitos fundamentais e os principais determinantes teóricos para os seus pesquisadores.
A globalização e o desenvolvimento do comércio internacional geraram a necessidade dos Estados se unirem para juntarem forças e obterem maior competitividade internacionalmente. Assim, os Estados começaram a se integrar regionalmente, buscando atingir interesses em comum. Surgiram então as fases de integração econômica e conseqüentemente a formação de alianças entre Estados vizinhos, surgindo os Blocos Econômicos. Atualmente dois Blocos Econômicos de destaque são o MERCOSUL e a União Européia. Para chegarem ao patamar que se encontram hoje, o primeiro como uma União Aduaneira e o segundo como uma União Econômica e Monetária, os Estados membros destes blocos tiveram que passar por muitas reuniões, protocolos e acordos, passando pelas fases de integração econômica e formando uma estrutura organizacional para admistrar os blocos. Todo esse processo levou muito tempo para ser concluído e ainda hoje estes dois Blocos Econômicos buscam maior integração entre os seus Estados-membros para maior desenvolvimento econômico-social e maior competitividade internacionalmente.
Palavra chave: Integração. MERCOSUL. União Européia. Relações Internacionais.
Breve currículo do (s)
autor (s), em notas de
rodapé.
____________________
Autor XXXXX -- Biibblliiootteecc aa Unniivveerr ss iittáárriiaa
Universidade XXXXXX
Mestre em Engenharia de Produção
Universidade Federal de Santa Catarina
e-mail: berna@bu.ufs.br
ABSTRACT:
The present text aims to deepen the theoretical knowledge about an area of ​​International Relations. The work, with the purpose of explaining the fundamental concepts and the main theoretical determinants for its researchers.
Globalization and international development have generated the need for the United States to increase strength and increase internationalization. States thus began to integrate regionally, seeking to achieve common interests. Thus emerged as phases of integration and consequently the formation of alliances between neighboring states, emerging the Economic Blocks. The two most important Economic blocs are MERCOSUR and the European Union. To obtain the level they are today, the first as a Customs Union and the second as an Economic and Monetary Union, the States that participate in the work block, meetings and agreements, integration phases and formation of an organizational structure to admit the blocks. The entire process was resolved to be completed and even today there are two blocks Economic Blocks seek greater integration among its member states greater economic-social development and greater competition internationally.
Keyword: Integration. MERCOSUR. European Union. International relations.
Breve currículo do (s)
autor (s), em notas de
rodapé, em inglês (repare que pouca coisa mudará, pois nome próprio não se traduz).
____________________
Author XXXXX - Biibblliiootteecc aa Unniivveerr ss iittáárriiaa
University XXXXXX
Master in Production Engineering
Federal University of Santa Catarina
e-mail: berna@bu.ufs.br
SUMÁRIO:
Introdução. ........................................................................................................... pg 01
As etapas do processo de integração regional .................................................. pg. 02
Relações internacionais ....................................................................................... pg. 03
2.1- Conceitos básicos de integração ....................................................................... pg. 03
2.2- As teorias econômicas da integração ............................................................... pg. 04
2.3- As questões inerentes à efetivação do projeto de uma nova ordem internacional .................................................................................................................................. pg. 06
2.5- Conceitos pertinentes ao estudo das Relações Internacionais .......................... pg. 08
2.6- A teoria crítica .................................................................................................. pg. 09
3. Os múltiplos processos de integração .................................................................. pg. 11
3.1- A Aliança do Pacífico e o MERCOSUL .......................................................... pg. 12
3.2- Integração Européia .......................................................................................... pg. 12
3.2.1- Antecedentes ao Surgimento de FEDER ...................................................... pg. 13
4. Projetos de integração .......................................................................................... pg. 14
4.1 - A China e a integração asiática ....................................................................... pg. 16
5. Considerações finais ............................................................................................ pg. 17
6. Referências Bibliográficas .................................................................................... pg 19
INTRODUÇÃO:
A idéia de criar um mercado comum, como espaço econômico comum, é interessante por atender aos propósitos da eficiência econômica, como pregado pela teoria da integração econômica.
A afirmativa aristotélica que o homem é um ser social transparece a idéia que, desde que indivíduos passaram a reunir-se em grupos, ligados por características sociais, culturais e políticas homogêneas, já se reconhecia a existência da sociedade. Essa noção apenas se alargou na medida em que o ser humano se viu obrigado a transpor impedimentos físicos que a natureza lhe impunha, como montanhas, florestas, desertos e mares, quando, então, descobria a existência de outras comunidades, surgindo, por consequência, a necessidade de coexistência com esses outros grupos, muitas vezes de características totalmente distintas às suas, bem como a de criação de determinadas normas de conduta a fim de reger a vida em grupo.
Essa relação de coexistência que se formava entre as comunidades, com o decurso dos séculos, ultrapassou barreiras territoriais e formou o que podemos chamar de sociedade internacional (MAZZUOLI, 2007, 29-34).
A idéia de viver em sociedade surgiu da necessidade das trocas que se realizam, hoje na psicologia é explicada a na definição de Strey (2002) que cada indivíduo, ao nascer “encontra-se num sistema social criado ao longo de gerações já existentes e que é assimilado por meio de inter-relações sociais”. O homem, desde seus primórdios, é considerado um ser de relações sociais, que incorpora normas, valores vigentes na família, em seus pares, na sociedade. (STREY, 2002, p. 59).
A ideologia do Estado do século XX, contudo, foi consideravelmente transmudada, passando a compreender que existem certos problemas que não podem ser resolvidos por aqueles entes soberanos sem a colaboração dos demais membros da sociedade internacional. Vai se abandonando o princípio da auto tutela para abraçar o da segurança coletiva (NASCIMENTO: 2006, 175).
- As etapas do processo de integração regional: 
A Segunda Grande Guerra Mundial se encerra junto com o acordo de Breton Woods a ordem político-econômica alterou-se profundamente e o que se viu foi à divisão do mundo em dois blocos. De um lado, os praticantes da economia de mercado, liderados pelos Estados Unidos da América, e de outro, os partidários da economia planificada, comandados pela antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). 
Neste panorama pôde-se observar a formação de blocos culturais ou ideológicos, que se apresentavam de modo claro nas organizações internacionais, como a Organização das Nações Unidas, quando os Estados acompanhavam na votaçãosua potência líder de modo quase integral. Essa realidade persistiu, com alguns percalços, até fins da década de 70, quando as nações que surgiam fruto do início do processo de descolonização na América Latina e África passaram a exigir maior poder de decisão nos órgãos políticos das organizações internacionais, formando blocos alternativos à antiga sociedade internacional bipolarizada, como a Liga Africana, a Liga dos Países Árabes, entre outros. Acrescente-se a isso a derrocada e o consequente desaparecimento do bloco comunista, culminado com as mudanças ocorridas no Leste Europeu e representativamente com a queda do Muro de Berlim em 1989 (MELLO: 2004, 51-77)
Os fenômenos da globalização e da internacionalização da economia têm produzido o surgimento de grandes conglomerados no setor privado, detentores de um capital cada vez mais concentrado, tornando seu controle muito difícil de ser executado pelos Estados de forma isolada, como têm demonstrado as inúmeras crises econômicas que vêm abalando o mundo desde o fim do século passado.
A União Européia, pela relevância que adquiriu o processo de integração europeu, que tem mais de cinqüenta anos, e é considerada uma realização paradigmática, quando se trata de integração regional. A história de um continente fortemente marcado pelo nacionalismo e pelas guerras, e que chegou ao mais avançado dos processos de integração no mundo "tem servido de exemplo e inspiração para vários outros esquemas de integração". Hoje, a União conta com 22 países e conseguiu mostrar um fôlego sem precedentes, ainda que se saiba das várias divergências existentes entre os países que a compõem. Os problemas em torno da Política Agrícola Comum (PAC) é apenas uma delas, com a qual, inclusive, os países do MERCOSUL passaram a ter uma triste familiaridade, em consequência do protecionismo do qual são objeto. (MENEZES e PENNA FILHO, 2006).
RELAÇÕES INTERNACIONAIS: 
2.1- Conceitos básicos de integração:
O termo integração econômica somente depois de 1950 adquiriu maior precisão, significando o processo voluntário de crescente interdependência de economias separadas. Neste sentido, o processo de integração econômica pressupõe medidas que conduzem à supressão de algumas formas de discriminação (BALASSA, 1961).
Dado que antes de Viner (1950) apenas se considerava os efeitos da integração econômica sobre a produção, assumem grande importância as extensões feitas por outros autores - Meade (1955), Gehrels (1956) e Lipsey (1957, 1960 e 1970) - que consideraram também os efeitos da integração econômica sobre o consumo.
O contributo para a análise sistemática da integração econômica internacional foi atribuído a Jacob Viner com o seu trabalho de 1950 sobre as uniões aduaneiras, embora Haberler (1936) e Gregory (1921) tenham sido os precursores do estudo das uniões aduaneiras (Ferreira, 1997). Antes disso as análises baseavam-se na teoria das vantagens comparativas, e esses acordos produziam muitas das consequências da liberalização global do comércio.
De acordo com o âmbito econômico envolvido, a integração econômica divide-se em integração setorial e integração geral. No primeiro caso apenas abrange sectores delimitados da atividade econômica, enquanto a integração geral ocorre quando é abrangida a generalidade dos sectores econômicos.
Por causa dos graus de aprofundamentos, classifica-se a integração econômica:
Área de comércio livre: caracteriza-se pela liberdade de movimentos da generalidade dos produtos;
União aduaneira: além da livre circulação de mercadorias, existe uma política comercial comum relativamente a países terceiros, a qual se traduz na aplicação de uma pauta única aos produtos importados do exterior;
Mercado comum: além das características típicas de uma união aduaneira, identifica-se pela liberdade de circulação de pessoas, serviços e capitais;
União econômica: caracteriza-se pela harmonização das legislações econômicas nacionais, pela coordenação das políticas econômicas e pela substituição de certas políticas econômicas nacionais por políticas comuns; 
União monetária: pressupõe a substituição das moedas dos países participantes por uma moeda comum a todos eles e;
União econômica e monetária: caracteriza-se pela existência, entre vários Estados, de políticas econômicas concertadas, de uma moeda única e de um banco central comum, que detém o poder de emitir moeda.
Segundo Gilpin (2001), o interesse dos economistas pela integração tem-se orientado para as consequências que decorrem dos agrupamentos regionais no tocante ao bem-estar dos países membros e dos não membros, enquanto os esforços dos cientistas políticos têm estado mais relacionados com as causas da integração econômica e política.
2.2 - As Teorias Econômicas da Integração:
Nicolau Maquiavel (1469-1527), autor de O Príncipe, defendeu o argumento de que para defender os interesses do Estado, a política não pode submeter-se aos valores morais. É sabido que as idéias de Maquiavel influenciaram profundamente o surgimento e a consolidação do absolutismo europeu.
Para Thomas Hobbes (1588-1679), o homem é um ser mau por natureza, que não mede esforços para garantir sua sobrevivência e defender seus interesses. Assim, nessa luta incessante de homem contra homem, a morte é uma ameaça constante à vida dos indivíduos. Partindo-se, então, do medo da morte, surge a necessidade de todos abrirem mão de seus direitos em benefício de um Estado (Leviatã) que garanta paz, segurança e prosperidade. Hobbes utiliza a figura do Leviatã para legitimar o Estado como ator que age em benefício de todos. Discute-se que os postulados de Hobbes embasam os estudos sobre o contrato social. 
John Locke (1632-1704) ponderou sobre os limites ao poder das monarquias absolutistas. Nesse sentido, Locke defende a idéia de que a liberdade não pode ser entendida como o preço a ser pago pela instituição do poder estatal. Nesse caso, ficaria estabelecido o direito da sociedade rebelar-se contra o Estado, pois sua liberdade seria o contraponto ao próprio poder do soberano. É dentro desse contexto que surge a separação entre as esferas públicas e privadas.
Barão de Montesquieu (1689-1755) tratou da separação dos poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) em sua obra O Espírito das Leis. O contrato social ganhou forma na estrutura de uma democracia representativa. Edificaram-se, então, os pilares do Estado liberal que rivalizaria com o poder absolutista dos reis.
Jean Jacques Rousseau (1712-78) embasou seu pensamento na figura do bom selvagem. Enquanto para Thomas Hobbes o homem era um ser mau e egoísta por natureza, inserido em um contexto de anarquia e caos, Rousseau argumentou que, na verdade, o homem é um ser originalmente bom. Desse modo, sua transformação, na figura hobbesiana, dá-se a partir do surgimento da propriedade privada que o leva à violência e escravidão. Para Rousseau, o contrato social ideal seria aquele que a soberania popular, expressa na forma da democracia direta, fosse o pilar principal sobre o qual se estabeleceria o Estado. As idéias de Rousseau são identificadas como embrionárias do pensamento comunista. 
O período de consolidação das monarquias européias deu-se, então, no contexto da articulação dos agrupamentos humanos em torno de Estados que respondessem por suas demandas políticas, econômicas e sociais. Alcançada a legitimação do poder doméstico, os Estados passaram, em maior ou menor grau, a se projetar internacionalmente, no sentido de garantir recursos que assegurassem sua sobrevivência ou expansão territorial. Essa dinâmica de poder entre os Estados absolutistas européia fomentou a consolidação do sistema estatal moderno. Na medida em que o Estado absolutista ia sendo substituído pelo Estado liberal (legitimado pela soberania popular), o sistema internacional consolidou-se como palco de luta de interesses nacionais divergentes.
O sistema capitalista beneficiou-se das diversas estruturas estatais anteriormente estabelecidas. Desse modo, o processo de acumulação capitalista passou aser paulatinamente instrumentalizado como recurso de poder nas Relações Internacionais. Ainda que o dinamismo do processo de acumulação capitalista seja, para muitos, a principal fonte de atrito do sistema internacional, vale ressaltar que o ambiente conflituoso entre as potências européias é anterior ao surgimento do capitalismo.
2.3 - As Questões Inerentes à Efetivação do Projeto de uma Nova Ordem Internacional:
Tendo a recordação de que os acordos a firmar deveriam ter um respaldo mais institucionalizado, às organizações foram atribuídas e acentuadas as características como a multilateralidade, a permanência e a institucionalização, cada qual refletindo tanto a interdependência entre nações, quanto uma nova perspectiva nos âmbitos do Direito Internacional e do Direito Constitucional, respectivamente.
O preceito ajusta-se à preocupação com a regulamentação da economia e com o disciplinamento de condutas de Estados em determinados âmbitos, como o do comércio internacional, o que força o Direito, em especial o Direito Internacional às necessidades de normatizar situações no espaço regional a ser estabelecido, ao mesmo tempo em que tem no processo de integração regional sua concretização. É o que teremos como exemplo na União Européia e no MERCOSUL.
Ao seu turno, a característica conhecida como permanência é uma inovação para as relações internacionais, embora não seja para o Direito. Propõe que seja confirmado o compromisso estabelecido em acordo internacional versando sobre o objetivo comum aos signatários. Como o próprio termo indica, a permanência contrapõe-se ao transitório, aos ajustes tópicos que os Estados fazem para delimitar a esfera de validade e de eficácia da associação e pressupõe esforço interno em fazer com que tais regras sejam incorporadas aos ordenamentos internos.
2.4- As Teorias Políticas da Integração:
O processo de integração, ou seja, o processo pelo qual os Estados decidem transferir uma parte da sua soberania para uma entidade política soberana ou para instituições é um processo que exige, para além da correspondente manifestação de vontade, atitudes políticas conducentes a essa associação.
As teorias econômicas da integração se centram fundamentalmente nas causas da integração regional, ao passo que as teorias políticas sobre o processo de integração têm estado muito ligadas à explicação do processo que constitui a integração européia. Segundo Gilpin (2001), os cientistas políticos têm manifestado interesse na integração política e econômica desde há relativamente muito tempo, mas nenhum formulou teorias gerais antes do movimento de integração européia.
As principais teorias explicativas da integração regional são fundamentalmente as seguintes: federalismo, funcionalismo, neofuncionalismo, neo-institucionalismo e o intergovernamentalismo.
O federalismo explica a integração regional pela criação de instituições para as quais os Estados transferem soberania, de forma voluntária. O processo federal é sustentado pela força exercida por uma elite política, que é muitas vezes conduzida por uma personalidade de relevo dos Estados que promovem a integração, como parece estar a acontecer na União Européia; e o processo será tanto mais rápido quanto maior for à pressão de uma ameaça externa, quer seja de natureza militar, quer implique com a prosperidade ou com os valores partilhados em comum.
Historicamente, a integração política de entidades politicamente independentes resultou de conquista militar ou de união dinástica, e nenhum destes métodos conduz necessariamente à criação de uma economia integrada. Aquela idéia de que a teoria federalista não tem um impacto decisivo em matéria de integração, uma vez que são "reduzidos os casos de sucesso". 
A teoria funcionalista considera por sua vez, que a forma mais segura de alcançar a integração e a paz é a cooperação ao nível de certas tarefas funcionais, tanto de natureza técnica como econômica, ao invés da criação de novas estruturas institucionais no plano político. Nesse sentido, as organizações internacionais funcionais estariam mais habilitadas do que os Estados, para levar a cabo determinadas tarefas, com o que conquistariam as "lealdades nacionais" e excluiriam quaisquer suspeitas de pretenderem exercer um controlo supranacional.
Para posicionar o Neo-funcionalismo frente a outras teorias, Philippe Schimitter, discípulo e defensor das ideias de Ernst Haas, desenvolveu uma observação importante sobre algumas teorias de integração, que pode ser observada no quadro 1. 
Quadro 1 – Características gerais das principais Teorias da Integração em relação as suas bases ontológicas e epistemológicas.
2.5- Conceitos pertinentes ao estudo das Relações Internacionais:
Nas Relações Internacionais, o processo de entendimento dos eventos internacionais passa pelo debate acerca de conceitos que são transversais às teorias desse campo do conhecimento. O universo conceitual das RI, longe de esgotar as possibilidades analíticas, trabalha com definições e conceitos inerentes à dinâmica das relações inter-estatais. Nesse sentido, é comum a discussão sobre o comportamento individual de Estados em relação aos demais.
O sistema internacional é caracterizado pela não existência de um Governo central. Não existe um governo supranacional, pelo menos em tese, que determine as regras de governança globais, ou que seja capaz de impor punições a Estados que “descumpram” tais regras. Entende-se que o sistema internacional é composto por Estados soberanos, política e territorialmente constituídos, que buscam maximizar seus interesses de forma legítima.
A idéia de que Estados soberanos buscam maximizar interesses nacionais em um sistema internacional marcado pela inexistência de um governo central leva à constatação de que a política internacional opera em um ambiente anárquico. Dessa forma, a anarquia seria a principal característica do sistema internacional.
Ainda que alguns teóricos das RI percebam a anarquia do sistema internacional como característica secundária, para muitos, a primazia da mesma parte da convicção generalizada de que a maximização dos interesses nacionais é reflexo da característica egoísta do ser humano. Assim, da mesma forma que o homem é um ser egoísta que busca, acima de tudo, a garantia da própria sobrevivência, os Estados nacionais também agem de forma egoísta para assegurar sua existência no sistema internacional.
No entanto, é importante ressaltar que, ainda que o sistema internacional seja anárquico, existe um conjunto de imposições, sanções e regras implícitas que norteiam o comportamento dos Estados no sistema internacional. Adicionalmente, chama a atenção o fato de que o ambiente anárquico do sistema não restringe possibilidades de cooperação bi ou multilateral entre os Estados.
A sensibilidade de um país em relação ao cenário externo pode revelar sua dificuldade para formular novas políticas em um curto espaço de tempo, dado o comprometimento de sua política interna ou acordos internacionais. No tocante à vulnerabilidade, evidencia-se a capacidade dos países em efetivamente formular novas políticas e encontrar alternativas, em curto espaço de tempo, frente a uma situação adversa no contexto internacional.
Assim, observa-se que, enquanto a sensibilidade identifica o grau de dependência do país em relação às dinâmicas do sistema internacional, sua vulnerabilidade trata de sua efetiva capacidade de reação em cenários internacionais desfavoráveis (KEOHANE, 2001).
2.6 - A teoria crítica:
Ainda que a leitura dos sistemas-mundo de Wallerstein permaneça bastante atual, a partir dos anos 80, observa-se o aparecimento de trabalhos de inspiração marxista, mas que se apresentavam críticos tanto às escolas realista e liberal das RI, como às próprias proposições mais clássicas do marxismo. Esses autores, influenciados pela chamada Escola de Frankfurt, vieram a constituir o que se denomina teorias críticas das RI. Diferentemente dos demais subgrupos do marxismo, as teorias críticas têm seu epicentro emuniversidades da América do Norte e da Europa Ocidental. É interessante frisar que essas teorias reflexivas de forma alguma foram e são peculiaridades das RI; mas integram um movimento que já encontrava ampla ressonância em outras Ciências Sociais décadas antes. 
No entanto, é apenas com o fim da Guerra Fria e o súbito desmonte dos regimes comunistas na Europa Oriental que elas ganharam adeptos na academia ocidental. Os críticos sustentam que o realismo teria falhado ao observar apenas a questão da distribuição das capacidades materiais, sobretudo bélicas, entre as duas superpotências. Na década de 80, com efeito, a paridade estratégica nuclear pouco havia alterado; mas um exame mais aprofundado acerca da quebra da legitimidade de instituições soviéticas, como o Partido Comunista, por exemplo, poderia dar pistas acerca das mudanças que se sucederam no final daquela década.
As teorias críticas denunciam a falta de componente dinâmico nas teorias positivistas de RI, porquanto estas apresentam compromisso com a manutenção dos mecanismos de dominação social do Estado nação, que são reproduzidos em âmbito global via a formulação analítica do sistema internacional inter estatal. O poder, na visão das teorias mais tradicionais, tem como compromisso apenas a segurança (ou sobrevivência) daqueles que o exercem, os Estados, e não para a promoção de mudanças sociais.
A partir dos anos 90, tem havido um grande debate em torno das chamadas teorias construtivistas em Relações Internacionais, especialmente na América do Norte e, em menor grau, na Europa. São dois os autores considerados pioneiros nessa agenda de estudos: Nicholas Onuf, por meio da obra World of Our Making: rules and rule in social theory and International Relations, de 1989, cunhou o termo construtivista, e Alexander Wendt, autor do artigo Anarchy is What States Make of It, de 1992. Esses autores configurar-se-ão, também, em duas das principais subdivisões do construtivismo: a primeira, mais à esquerda, detém maior aproximação com as visões pós-modernas ou pós-coloniais, enquanto a segunda apresenta uma agenda de pesquisa mais próxima às visões mais tradicionais (realismo e liberalismo).
A questão fundamental que veio à tona, com o advento do construtivismo nas Ciências Sociais, foi o papel das idéias e dos valores na realidade social, e as Relações Internacionais não passaram incólumes a esse debate. O fim da Guerra Fria e o súbito desmonte dos sistemas socialistas, no Leste Europeu, certamente deram impulso às visões não realistas, em especial ao construtivismo, ao liberalismo e, em menor grau, às teorias genuinamente pós-modernas. De acordo com essas visões, o realismo falhou não apenas em não prever os acontecimentos do início dos anos 90, como também teria sido incapaz de observar tendências internas desses países que, ao menos em parte, foram responsáveis pelas transformações na ordem global.
OS MÚLTIPLOS PROCESSOS DE INTEGRAÇÃO:
Em função das disparidades, da heterogeneidade e da forma como os governos nacionais lidam, e estratégias de inserção internacional surgidas distintas, expressas numa multiplicidade de orientações econômicas que originam diferentes fórmulas de integração, designadamente o Mercado Comum e a Comunidade das Caraíbas (CARICOM), a participação do México no North American Free Trade Agreement (NAFTA), a estratégia global do Chile, a Comunidade Andina e, mais recentemente, a Aliança do Pacífico, para além do MERCOSUL, da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) e da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (ALBA). É uma diversidade de processos de cooperação / integração regional dominados, cada qual, por interesses próprios e estratégias de atuação distintas, quando mesmo inconciliáveis. 
Enquanto o MERCOSUL substitui o foco central da coerência neoliberal da década de 1990, pela visão utilitária que o Brasil dedica hoje ao entorno regional, nele englobando pragmaticamente a Venezuela, a Unasul surge como reflexo da estratégia geopolítica e geoeconômica do Brasil de promover a integração da infra-estrutura energética da sub-região e assim acionar a cooperação no setor da energia, surgindo a ALBA, por seu lado ainda, como parte da estratégia regional e geopolítica da Venezuela destinada a erigir um grupo próprio de Estados para promover as visões bolivarianas assentes num discurso marcadamente revisionista anti-EUA. Seguindo a lógica chilena em direção à diversificação de parceiros implicando poucos ou nenhuns comprometimentos institucionais, o Peru e a Colômbia engendram um grupo diferente, ao qual o México se soma quando se trata dos acordos de livre comércio assinados entre si e com os EUA – contexto no qual se assiste à criação da Aliança do Pacífico em Junho de 2012.
A criação da Aliança do Pacífico pelo Chile, Colômbia, Peru e México representa a estruturação de um modelo alternativo de atuação dos governos nacionais na promoção de uma inserção voltada para o comércio internacional, sendo certo que, frente à pluralidade de orientações econômicas hoje existentes na região, a competição mais acirrada é sem dúvida entre a nova Aliança do Pacífico e o velho MERCOSUL. 
3.1- A Aliança do Pacífico e o MERCOSUL:
A competição pela expansão entre a Aliança e o MERCOSUL vem assentando nas características políticas dos Estados membros de cada bloco e não tem sido favorável a este último. As tensas reuniões entre Brasília e Buenos Aires visando suspender as barreiras ao comércio dentro do bloco e o sucessivo desrespeito argentino pelas disposições dos tratados constitutivos do MERCOSUL, a que o Brasil raramente responde, em nome da estabilidade regional, criam dificuldades internas ao Brasil, designadamente ao setor industrial automobilístico. 
O reforço dos laços bilaterais entre os Estados membros da Aliança do Pacífico e entre estes e o resto do mundo acaba por rodear o MERCOSUL, e o Brasil em particular, de uma rede de acordos de livre comércio a que os Estados do MERCOSUL não têm acesso, o que impõe um enorme desafio à política externa brasileira, reivindicando um maior dinamismo ao seu modelo de integração – desafio a que o Brasil atual não parece capaz de dar resposta, frente à atual retração da sua política externa, em virtude da estagnação econômica; das dificuldades de gestão política interna; e ainda o escândalo de corrupção na Petrobrás, que vem arrastando a maioria dos partidos.
3.2- Integração Européia: 
O processo de integração entre Estados soberanos é extremamente complexo. O sistema internacional é formado por nações que possuem o monopólio da força nos seus territórios sem estar submetido a qualquer norma supranacional. Para se entender, portanto, o surgimento de um fundo de desenvolvimento supra-estatal, – o FEDER - inserido em uma Organização Internacional, é forçoso uma breve digressão sobre os progressos e obstáculos pelos quais a União Européia passou.
Foi necessário alguns séculos e duas guerras devastadoras para os Estados Europeus se unirem em torno de um projeto unificador, integrador, e dotado de um poder supranacional que legitimasse a paz na região. A União Européia tem início formal em 1950, quando Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Itália, França e Alemanha assinam a declaração Schuman 01 e criam um espaço institucional com o objetivo desenvolver a economia do continente, afastar de vez a iminência de guerras e evitar que o socialismo se alastrasse para além dos locais já geridos pela União Soviética.
Atualmente a União Européia possui 28 nações e sua história foi construída através de vários Tratados de refundação. Os Fundos Estruturais sempre assumem um trabalho especial nas etapas de revigoramento da União Européia em tempos de turbulência econômica ou institucional. Essa função está presente desde o nascimento do processo, mesmo que de forma ainda não tão ampla. Por isso, a despeito de a Política Regional Européia surgir somente na década de 1970, com a criação do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, as políticas comuns para a melhoria da vida dos cidadãoseuropeus e, por consequência, das regiões, remontam ao Fundo Social Europeu (FSE), originado no Tratado de Roma de 1957 .
________________________
01 O Plano Schuman, apesar de levar o nome do ministro francês Robert Schuman, foi concebido por Jean Monnet. Neste sentido, consultar: OLIVEIRA, Odete Maria de. União Européia: processos de integração e mutação. Curitiba: Juruá, 2002 p. 92
3.2.1- Antecedentes ao Surgimento de FEDER: 
Por ser notória a dificuldade estrutural para dar vida à integração194 do Velho Continente, os mentores da União Européia garantiram que tanto a Integração Negativa e a Positiva estivessem presentes desde o Tratado de Roma de 1957. Neste mesmo ano foi criado o Fundo Social Europeu (FSE). O FSE é um dos fundos estruturais da UE responsáveis pela redução das assimetrias entre os Estados membros e regiões. Seu objetivo primordial é promover a coesão econômica e social no bloco, fortalecendo a integração regional. Os recursos provenientes deste fundo eram destinados a projetos que, entre outros fins, resultassem no desenvolvimento dos recursos humanos e aumento do emprego na então nascente UE195 . Portanto, a Integração Positiva por meio de Fundos Estruturais européia possui contornos bem estabelecidos desde o princípio. O simples desmonte das barreiras tarifárias, a criação de tarifas externas comuns e instituições, mesmo que supranacionais, não se mostravam suficientes para dar credibilidade e atração ao projeto ambicioso a ser empreendido. Em virtude dos conflitos bélicos e políticos que assombravam o continente, o Tratado de Roma já comportava no seu bojo um campo social que daria suporte à unidade econômica do bloco. Ou seja, os líderes nacionais contavam com um projeto de desenvolvimento regional integrado as políticas internas.
No âmbito do estimulo à economia e à geração de empregos, o FEDER atua em consonância com a Carta Européia das Pequenas e Médias Empresas. Neste sentido, dedicada atenção é oferecida às empresas e localidades distantes dos principais fluxos de mercados. Essas regiões são muito afetadas pelas concentrações industriais, muitas vezes ocasionadas pelo processo de formação do mercado único. No entanto as regiões mais débeis economicamente são aquelas que se encontram em zonas montanhosas e nas adjacências das nações. Nesses casos o FEDER é incumbido de promover o desenvolvimento regional sustentável.
PROJETOS DE INTEGRAÇÃO:
Baldwin (2006) estimou acertadamente que em 2010 haveria cerca de noventa acordos preferenciais ou de livre comércio em vigência na Ásia, em processo que denominou noodle bowl syndrome naquele continente, em alusão ao termo spaghetti bowl, cunhado por Jagdish Bhagwati, que se refere ao fenômeno do surgimento de densa e complexa rede de acordos preferenciais de comércio, ocorrendo, em algumas circunstâncias, em detrimento do sistema multilateral. Baldwin (2006), no entanto, faz ressalvas a respeito da amplitude dos acordos regionais asiáticos, que considera insuficientes em razão da profundidade da redução tarifária proporcionada e, em matérias não tarifárias, como a incapacidade para gerir regras de origem. Segundo o autor, cortes unilaterais de tarifas promovidas pelos países asiáticos são os maiores responsáveis pela liberalização comercial na região. Em que pesem as críticas, a rápida evolução normativa na Ásia já constitui objeto digno de análise pormenorizada. 
A principal instituição do regionalismo asiático contemporâneo, a ASEAN, sofreu grandes transformações de seu escopo e mandato. Com o fim da Guerra Fria, ampliou-se o número de países-membros, de cinco para dez, abarcando nações ex-socialistas como Vietnã, Laos e Camboja. Além disso, converteu-se também em acordo preferencial de tarifas – Preferential Trade Agreement (PTA), o AFTA, firmado em 1992, que previa a liberalização gradual de tarifas entre seus membros até o ano de 2002. Em processo que poderia ser analisado por uma perspectiva neofuncionalista das relações internacionais, porquanto se transfigurou a finalidade dessa instituição, inicialmente proposta para lidar com temas de segurança e estabilidade regional, por meio do efeito spill-over6 (Haas, 1971). Foram estabelecidas novas áreas de convergência, distintas daquelas estabelecidas precipuamente, transcendendo o interesse individual dos Estados, em razão da interdependência material – integração produtiva e complementaridade comercial – ao regular temas como o sistema financeiro regional e o comércio entre os países que a compõem. 
Pode-se explicar o rápido crescimento do número de acordos e instituições por quatro razões fundamentais: a crise financeira asiática, em 1997; a ascensão econômica chinesa nos anos 2000; o impasse nas negociações multilaterais da Rodada de Doha da OMC, iniciadas em 2001, porém ainda inconclusas; e a atual crise global, iniciada em 2008 (PEMPEL, 2008). A China, nesse contexto, tem procurado adensar relações comerciais com os países da região, como instrumento para ampliar mercados para suas exportações, em alternativa ao arrefecimento da demanda por parte das economias européia e norte-americana, e, concomitantemente, assegurar a competitividade internacional, diminuindo custos de sua produção transfronteiriça regionalizada. 
A crise asiática em 1997 é considerada marco no processo de integração e convergência em matéria econômica dos Estados do Leste Asiático. Como consequência desse fenômeno, estabeleceu-se a dimensão financeira da cooperação na ASEAN. A crise, que se originou na Tailândia, em 1997, com a forte desvalorização do bath (moeda tailandesa) – que passou a flutuar devido à insuficiência de reservas cambiais para que o banco central daquele país pudesse manter a taxa de câmbio fixa, em momento de fuga de capitais – logo levou ao contágio de outros países da região, pois investidores internacionais ficaram temerários quanto à capacidade de solvências dos países da região. No período que precedeu a crise, entre 1993 e 1996, a proporção dívida externa/PIB dos países da ASEAN passou de 100% do PIB para mais de 160% do PIB (Asian Development Bank, 2003). Naquele contexto, o Japão propôs a criação de um fundo regional de estabilização financeira, o Fundo Monetário Asiático, em face da atuação limitada das instituições existentes. Essa proposta não vingou como propugnada pelo Japão, por falta de acolhida entre os países da região, além da oposição dos Estados Unidos e do próprio Fundo Monetário Internacional (FMI), mas ensejaria posteriormente, no ano 2000, a criação de um mecanismo regional, com o apoio decisivo da China no processo de negociação, durante a reunião do Banco Asiático de Desenvolvimento, realizada na cidade histórica tailandesa de Chiang-Mai, que daria nome ao mecanismo de estabilização regional (KAHLER, 2011).
4.1- A China e a integração asiática: 
O engajamento da China na Ásia, no início do século XXI, acompanhado do crescimento de sua pujança econômica, é peça central na compreensão do fenômeno do crescente regionalismo, em razão de sua postura proativa, porém aberta ao diálogo, flexível e pragmática, diferente da política periférica das décadas anteriores, cunhada por atitudes contumazes, clivadas ideologicamente. Tanto no plano bilateral, quanto no multilateral regional, à percepção dos países do entorno da China tem se tornado positiva e sua atuação internacional é vista como benéfica na Ásia, de maneira que muitos países da região anseiam pela liderança chinesa e esse fator – a hegemonia chinesa – é, frequentemente, levado em consideração no processo decisório dos países da região. Essa tendência política reflete-se nas instituições: é emblemático o fato de constituírem-se, em praticamente todas as chancelarias asiáticas, departamentos inteiros voltados à China na última década, pari passou os já existentes para Estados Unidos e UE (SHAMBAUGH, 2005). 
A inflexão do paradigma de integração asiática, observado na década de 2000 com a ascensão chinesa e a mudança de conjuntura internacional pós-crise de 1997 e respectiva mudançano padrão político-institucional desse processo, são expressas de forma contundente por Pempel (2008, p. 268): 
Os laços regionais asiáticos já não são mais preponderantemente o produto de conexões de mercado de baixo para cima. Pelo contrário, depois da crise [asiática, 1997-98], a maioria dos países asiáticos tem tomado medidas coletivas e individuais para aumentar suas atividades econômicas, inclusive o apelo a uma arquitetura regional aperfeiçoada e integrante (...). Hoje, o regionalismo da Ásia Oriental é tão governamental e político quanto econômico. Um grupo de novas instituições foi criado através da Ásia (...). E o novo regionalismo é mais China cêntrico (sic) e exclusivamente asiático do que antes. 
A estratégia da China para a Ásia, na última década, tem sido a de ampliar a integração com os países do seu entorno e, por conseguinte, potencializar a interdependência dessas economias, como forma de contrabalançar a influência dos Estados Unidos na região, de maneira não confrontacional, afastando a hipótese de uma aliança antiChina em seu entorno. 
Para tanto, a China tem se esforçado para demonstrar que a cooperação econômica com ela é benéfica para países menores. Essa política tornou-se evidente durante a negociação do Acordo de Livre Comércio China-ASEAN – ASEAN-China Free Trade Agreement (ACFTA), em 2002, quando a China empregou a estratégia early harvest de negociação comercial, na qual se adotam reduções tarifárias mútuas em menor quantidade de produtos, antes de se estabelecer liberalização mais ampla. As ofertas chinesas no acordo eram mais benéficas aos países da ASEAN, para construir confiança e afastar o temor desses países de que a maior competitividade comercial industrial chinesa seria deletéria àquelas economias, tornando desejável, aos países do entorno, aprofundar laços comerciais com a China (MINGJIANG, 2007).
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Embora tenha ocorrido como processo tardio nas relações econômicas internacionais, o regionalismo asiático tem sido intenso e profícuo, consoante o rápido crescimento econômico da região. O “milagre asiático”, termo cunhado pelo Banco Mundial em 1993, não terminou com a Crise Asiática de 1997-1998. Ao contrário, deu novo ímpeto ao crescimento daquela região, porém sob bases mais sustentáveis. A questão contemporânea a ser discutida não é se a Ásia terá papel central na economia internacional no século XXI, mas como ela exercerá seu papel proeminente na arena global (Asian Development Bank, 2008). Concomitantemente, a crise iniciada em 1997, e a consequente busca por soluções e medidas preventivas, fez aprofundar a integração econômica regional, sob aspectos financeiros e comerciais, ao ressaltar interesses compartilhados e expor fragilidades institucionais. 
Se as lideranças regionais eram reticentes ao modelo de integração interestatal, durante as décadas de 1970 a 1990, essa percepção não subsiste na atualidade. Segundo pesquisa realizada pelo Banco Asiático de Desenvolvimento (2008), com 600 lideranças dos países que compõem a ASEAN +3, quando questionados se os países asiáticos teriam a ganhar com a criação de uma comunidade econômica asiática, 83% responderam afirmativamente – que haveria grandes benefícios – enquanto 13% responderam que os custos não compensariam. Essa mudança de percepção quanto à institucionalidade da integração asiática reflete-se, portanto, nas iniciativas alcançadas. 
A integração econômica que havia anteriormente, por meio de cadeias produtivas integradas e investimentos transnacionais, nas últimas três décadas, forneceu a base material para a integração por meio de acordos inter-estatais. Os Estados asiáticos seguiram o movimento de integração, inicialmente liderado pelo mercado, devido à conjunção de fatores elencados no texto, entre os quais se destaca a emergência chinesa e sua ambição de exercer liderança regional. Esse regionalismo, no entanto, é ainda nascente e guarda diversos desafios, tais como a coordenação de políticas macroeconômicas, em conjuntura de grande instabilidade internacional e possível tendência de protecionismo comercial. 
Por outro lado, a integração, por meio de acordos regionais, traz benefícios, como ganhos de produtividade – por meio da complementaridade comercial; estabilidade financeira – ao oferecer meios de solução para desequilíbrios provocados por choques externos; e ganhos políticos na arena global – pelo exercício de liderança em bloco, em cenário de maior aprofundamento das relações políticas regionais.
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