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COMUNICAÇÃO 
PARA O 
PLANEJAMENTO 
PROFISSIONAL 
 
 
 
Lisane Félix Veloso 
2018 
COMUNICAÇÃO P. PROFISSIONAL 2018/2 
 
ULBRA – Cachoeira do Sul 
Lisane Félix Veloso 
2 
 
1. LINGUAGEM, LÍNGUA E FALA. 
 LINGUAGEM é matéria do pensamento e veículo de comunicação social. LÍNGUA 
é o sistema linguístico socializado, ou seja, o conjunto de convenções necessárias. A 
FALA, por sua vez, é o ato individual; resulta das combinações feitas pelo sujeito falante 
ao utilizar o código da língua. 
A linguagem não só traduz a capacidade de expressão do ser humano como 
também o desejo e a necessidade de comunicar-se, de estar com o outro. A palavra 
comunicar vem do latim communicare, que significa “pôr em comum”. Depreende-se daí 
que a essência da palavra comunicar está associada à ideia de convivência, 
comunidade, relação de grupo, sociedade. 
Todo ato de comunicação constitui um processo cujo objetivo é a transmissão de 
uma mensagem e, como todo processo, apresenta alguns elementos fundamentais. São 
seis os elementos envolvidos no processo de comunicação: 
 
O emissor ou destinador é quem transmite a mensagem. 
O receptor ou destinatário é aquele que recebe a mensagem. 
O referente é o assunto da comunicação, o conteúdo da mensagem. 
A mensagem, por sua vez, é tudo aquilo que o emissor transmite ao receptor; é o objeto 
da comunicação. Toda mensagem é transmita através de um canal de comunicação. 
Este canal ou contato é o meio físico por meio do qual a mensagem é levada do emissor 
ao receptor. De maneira geral, as mensagens circulam através de dois principais meios: os 
sonoros e os visuais. 
Código é um conjunto de signos e suas regras de comunicação. Cada tipo de 
comunicação tem seu código próprio. 
A comunicação só se realiza quando todos os seus elementos funcionam adequadamente. 
COMUNICAÇÃO P. PROFISSIONAL 2018/2 
 
ULBRA – Cachoeira do Sul 
Lisane Félix Veloso 
3 
Se o receptor, por exemplo, não capta ou não compreende a mensagem, não pode haver 
comunicação. Estranhamente, nossa sociedade tão evoluída em formas de comunicar e de 
interagir apresenta vários ruídos que comprometem o entendimento entre as pessoas. 
 
2. FUNÇÕES DA LINGUAGEM 
 As funções da linguagem têm sido objeto de estudo de vários autores. Atualmente, o 
esquema desenvolvido por Roman Jakobson embasa a maioria dos estudos. Em Linguística e 
Comunicação, este autor aponta a correspondência entre os elementos da comunicação e as 
funções da linguagem como se pode perceber no esquema abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.1 Função Emotiva – A linguagem como expressão individual 
A função emotiva ou expressiva é a que põe ênfase no emissor. A linguagem é 
subjetiva; predominam as sensações, opiniões e reflexões pessoais. O tom é quase 
sempre confessional e observa-se a presença da primeira pessoa (eu/nós). 
 
2.2 Função Conativa – A linguagem para persuadir 
 A função conativa ou apelativa é dirigida ao receptor. A linguagem apresenta 
caráter persuasivo, procura convencer o receptor; mudar seu comportamento. 
 
2.3 Função Referencial – A linguagem que informa 
 A função referencial destina-se a transmitir a informação objetiva, sem 
comentários nem juízos de valor. Seu objetivo é a notícia. A linguagem deve ser objetiva, 
precisa e denotativa. 
Emissor 
Função emotiva 
Receptor 
Função conativa 
Referente 
Função referencial 
Canal 
Função fática 
Código 
Função metalinguística 
Mensagem 
Função poética 
COMUNICAÇÃO P. PROFISSIONAL 2018/2 
 
ULBRA – Cachoeira do Sul 
Lisane Félix Veloso 
4 
2.4 Função Fática – A linguagem do contato 
A função fática instaura ou facilita a comunicação, procura assegurar a eficiência 
do processo comunicativo; enfatiza o canal e sua característica principal é a de preparar 
a comunicação. Permite abrir, manter ou fechar o canal de comunicação. 
 
2.5 Função Metalinguística – A linguagem que se explica 
 A função metalinguística é a centrada no código. A linguagem fala sobre a 
própria linguagem, como nos textos explicativos, nas definições e nas reflexões a 
respeito da linguagem. 
 
2.6 Função Poética – A linguagem da criação literária 
 A função poética ou estética valoriza a comunicação pela forma da mensagem. 
Há preocupação com a beleza do texto. A linguagem é criativa e recorre a figuras, ritmos, 
sonoridades, etc. 
 
3. LÍNGUA ORAL E LÍNGUA ESCRITA 
 O processo de comunicação pode realizar-se pela linguagem oral ou pela escrita. 
Embora a língua seja a mesma, a expressão escrita difere muito da oral. Ninguém fala 
como escreve e vice-versa, exceção feita às “conversas por escrito” como o que ocorre 
através do uso de ferramentas tecnológicas. 
 As diferenças entre as duas manifestações possíveis de uma mesma língua nos 
permitem perceber suas características e os aspectos relevantes de uso. Sendo assim, é 
possível identificar aspectos que são marcantes na oralidade, mas inexistem na escrita. 
 Observemos os seguintes aspectos que diferenciam a oralidade da escrita: 
a) Características 
 
FALA 
 
ESCRITA 
 
- comunica “pelo ouvido”; 
 
 
- comunica “pela visão”; 
- traços marcantes: timbre de voz; a 
altura da emissão vocal; entoação das 
frases; gestos do corpo, dos braços, das 
mãos e da fisionomia; 
 
- os traços da fala desaparecem e 
linguagem é feita por meio de símbolos 
gráficos numa espécie de “linguagem 
mutilada”; 
- contextualizada; 
 
- descontextualizada; 
- dependente; 
 
- autônoma; 
COMUNICAÇÃO P. PROFISSIONAL 2018/2 
 
ULBRA – Cachoeira do Sul 
Lisane Félix Veloso 
5 
- imprecisa; - precisa; 
- redundante; 
 
- condensada; 
- não normatizada. 
 
- normatizada. 
 
b) Condições de produção: 
 
 
FALA 
 
ESCRITA 
- Interação face a face; 
 
- Interação a distância; 
- planejamento simultâneo à produção; 
 
- planejamento anterior à produção; 
- criação coletiva: administrada passo a 
passo; 
- criação individual; 
- impossibilidade de apagamento; 
 
- possibilidade de revisão; 
- sem condições de consulta a outros 
textos; 
- livre consulta; 
- a reformulação pode ser feita tanto pelo 
falante quanto pelo interlocutor; 
- a reformulação é feita apenas pelo 
escritor; 
- acesso imediato às relações do interlo-
cutor; 
- sem possibilidade de acesso imediato; 
- o texto mostra todo o seu processo de 
criação. 
- o texto tende a esconder seu processo 
de criação, revelando apenas o resultado. 
 
 Fonte: FÁVERO, L.L.; ANDRADE, M.L.C.V.O.; AQUINO, Z.G. Oralidade e escrita. São Paulo: Cortez, 2004. 
 
No entanto, as relações entre fala e escrita não são fixas e imutáveis. Há 
diferenças, mas também similaridades, gradações e mesclas. Por vezes, as similaridades 
são tão marcantes que mal percebemos a mistura, tal a integração entre as modalidades. 
Outras vezes, as diferenças entre elas tornam-se evidentes e necessárias. 
A língua oral e a língua escrita não são dois sistemas distintos ou duas línguas 
diferentes, mas duas modalidades que apresentam semelhanças e diferenças advindas 
de nossas necessidades comunicativas. Compreendê-las é, portanto, essencial para que 
entendamos a nossa capacidade de (inter)agir pela linguagem. 
 
4. VARIANTES LINGUÍSTICAS E NÍVEIS DE LINGUAGEM 
A língua permite uma multiplicidade de usos, que podem ser adotados pelos 
falantes, tornando-os aptos a utilizá-la com eficiência na produção e interpretação dos 
textos com que organizamosnossa vida social. 
 
COMUNICAÇÃO P. PROFISSIONAL 2018/2 
 
ULBRA – Cachoeira do Sul 
Lisane Félix Veloso 
6 
Em português, temos vários níveis de linguagem, várias formas de dizer a 
mesma mensagem, uma vez que não falamos sempre do mesmo jeito. Para nos 
comunicarmos melhor e adequadamente, temos de levar em consideração alguns 
elementos que garantem a eficiência de nossa mensagem. Se você conversa com um 
colega, um amigo, você fala de um modo, usa uma determinada linguagem. Se esse 
mesmo assunto for falado com uma autoridade, seu jeito de se comunicar será diferente. 
E mais, se esse mesmo conteúdo for dirigido a uma criança pequena, também você terá 
de mudar sua forma de comunicação. 
As variações observadas na utilização da língua recebem o nome de variantes 
linguísticas ou dialetos. Existem várias formas de classificação dos dialetos, levando em 
consideração os fatores socioculturais, dentre eles o de Dino Preti (1982) que apresenta 
o seguinte esquema: 
 
 
 Culto Padrão linguístico de maior prestígio; 
 situações mais formais; 
 falantes mais cultos; 
 sintaxe mais completa; 
 vocabulário mais amplo; 
 maior ligação com a gramática e com a língua dos escritores. 
 
 
Dialetos Comum 
Sociais 
 Padrão linguístico de menor prestígio; 
 situações menos formais; 
 falantes menos cultos; 
 linguagem escrita popular; 
 simplificação sintática; 
 vocabulário mais restrito; 
 Popular uso de gírias e linguagem obscena; 
 fora dos padrões da gramática tradicional. 
 
O nível culto ou formal corresponde à língua-padrão, empregado por pessoas 
cultas, em situações de maior cerimônia, quando devem ser observadas as normas 
gramaticais, opõe-se ao dialeto popular que seria empregado por pessoas de baixa 
escolaridade, em situações informais. Entre os dois extremos existiria uma hipotética 
linguagem comum (informal ou coloquial) usada mais comumente em conversas entre 
amigos, conhecidos mais íntimos e pelos modernos meios de comunicação. 
COMUNICAÇÃO P. PROFISSIONAL 2018/2 
 
ULBRA – Cachoeira do Sul 
Lisane Félix Veloso 
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Essas variantes contextuais decorrem das circunstâncias que cercam o ato da 
fala. O mesmo falante que emprega o nível popular pode utilizar o nível culto ao dirigir -se 
a um chefe, a uma autoridade ou a uma pessoa com quem não tenha grande intimidade. 
Inegavelmente, há uma estreita relação entre o uso da linguagem e o contexto social e 
cultural. 
As variações podem ser atribuídas a diversas influências: geográficas (variações 
regionais), sociológicas (variações referentes às classes sociais) ou contextuais (tipo de 
assunto e de ouvinte, circunstâncias da comunicação). Como se percebe, vários fatores 
podem originá-las como: 
a) geográficos - há variações entre as formas que a língua portuguesa assume nas 
diferentes regiões em que é falada. Basta pensar nas evidentes diferenças entre o modo 
de falar de um lisboeta e de um carioca, por exemplo, ou na expressão de um gaúcho em 
contraste com a de um mineiro. Essas variações regionais constituem os falares e os 
dialetos. 
b) sociais - o português empregado pelas pessoas que têm acesso à escola e aos meios 
de instrução difere do português empregado pelas pessoas privadas de escolaridade. 
Algumas classes sociais, assim, dominam uma forma de língua que goza de prestígio, 
enquanto outras são vitimas de preconceito por empregarem formas de língua menos 
prestigiadas. 
Cria-se, dessa maneira, uma modalidade de língua - a norma culta -, que deve ser 
adquirida durante a vida escolar e cujo domínio é solicitado como forma de ascensão 
profissional e social. O idioma é, portanto, um instrumento de dominação e discriminação 
social. Também são socialmente condicionadas certas formas de língua que alguns 
grupos desenvolvem a fim de evitar a compreensão por parte daqueles que não fazem 
parte do grupo. 
O emprego dessas formas de língua proporciona o reconhecimento fácil dos 
integrantes de uma comunidade restrita, seja um grupo de estudantes, seja uma 
quadrilha de contrabandistas. Assim se formam as gírias, variantes linguísticas sujeitas a 
contínuas transformações. 
c) profissionais - o exercício de algumas atividades requer o domínio de certas formas 
de língua chamadas línguas técnicas. Abundantes em termos específicos, essas 
variantes têm seu uso praticamente restrito ao intercâmbio técnico de engenheiros, 
médicos, químicos, linguistas e outros especialistas. 
COMUNICAÇÃO P. PROFISSIONAL 2018/2 
 
ULBRA – Cachoeira do Sul 
Lisane Félix Veloso 
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d) situacionais - em diferentes situações comunicativas, um mesmo indivíduo emprega 
diferentes formas de língua. Basta pensar nas atitudes que assumimos em situações 
formais (por exemplo, um discurso numa solenidade de formatura) e em situações 
informais (uma conversa descontraída com amigos, por exemplo). A fala e a escrita 
também implicam profundas diferenças na elaboração de mensagens. 
 
5. LEITURA E COMPREENSÃO DE TEXTOS 
Texto é um tecido verbal cujas ideias devem estar entrelaçadas para formar um 
todo. Para Citelli (1994), “a noção de texto pode ser aplicada tanto para as 
manifestações orais como para as escritas. Falamos ou escrevemos porque desejamos 
elaborar uma rede de significados com vistas a informar, explicar, discordar, convencer, 
aconselhar, ordenar”. 
Um texto exige, para sua constituição, uma informação nova. Se não há nada novo 
para dizer, falta a matéria-prima do texto. A curiosidade do leitor só se satisfaz com a 
informação nova, porém, ao mesmo tempo, são as informações “velhas” que nos 
permitem tecer essa rede de significados necessários à coerência do que se lê. 
 
5.1 O ATO DE LER 
 A leitura é prática necessária à vida e tarefa da universidade como espaço 
privilegiado para desenvolver habilidades intelectuais do pensamento. O pensar decorre 
da existência de um problema ou situação que exige uma solução. A solução provém de 
uma atividade sistemática na qual levantamos hipóteses, analisamos dados, sintetizamos 
informações, emitimos julgamentos e chegamos a conclusões e soluções. 
Ler e compreender um texto envolve apreensão dos significados nele cont idos e 
capacidade de relacionar o lido às experiências/conhecimentos pré-existentes no 
“mundo” já conhecido. Freire (1988) explica essa habilidade intrínseca ao ato de ler 
quando afirma que “a leitura do mundo precede a leitura da palavra” e, assim, “linguagem 
e realidade se prendem dinamicamente”. 
Sem dúvida, o leitor, ao construir o sentido do texto, baseia-se em seus valores 
sociais, seus conhecimentos prévios e suas experiências de vida. Tal tarefa exige muitas 
habilidades ligadas aos processos mentais que as tornam possíveis. 
Durante a leitura de um texto, o processamento da informação se dá por meio de 
uma “memória de trabalho” que realiza operações mentais. Essa memória de trabalho 
tem capacidade limitada, por isso, na medida em que as informações são processadas, 
COMUNICAÇÃO P. PROFISSIONAL 2018/2 
 
ULBRA – Cachoeira do Sul 
Lisane Félix Veloso 
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são também interligadas e tornam-se parte da memória de longaduração. 
O nível de compreensão do que está implícito, por sua vez, ocorre através de 
conhecimentos sobre o mundo e de conceitos que vão além da elementar codificação; é 
a leitura que, segundo Orlandi (1988), envolve saber ler o que o texto diz e o que ele não 
diz, mas o constitui significativamente. 
 
5.2 LER E COMPREENDER COMO PROCESSO MENTAL 
A leitura é aqui entendida como prática social e, do ponto de vista da interação, 
dá-se no encontro entre autor e leitor por meio do texto. Nesse sentido, Hartmann e 
Santarosa (2012, p.60) entendem que a leitura “se configura numa prática que conduz à 
autonomia do pensamento, porque não é apenas recepção, é diálogo, é construção de 
sentidos[...]”, ou seja, o leitor processa a compreensão, por meio de fatores envolvidos 
neste trabalho. 
 Nessa perspectiva, texto é lugar de interação, são os enunciados concretos que 
se realizam nas práticas sociais que se vivencia diariamente. É no contato com o texto 
que construímos o processo pessoal da leitura, por meio de fatores especialmente 
ligados às habilidades de ler e interpretar. Koch e Elias (2010) destacam como fatores 
essenciais ao processamento textual o conhecimento linguístico, o conhecimento 
enciclopédico e o conhecimento interacional. 
 
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO TEXTUAL 
 
 
 
 
 
5.2.1 Conhecimento linguístico 
O conhecimento linguístico refere-se ao conhecimento gramatical e lexical 
necessários para a compreensão dos recursos utilizados na organização do que se lê. 
Abrange o conhecimento do vocabulário, das regras da língua e dos seus usos. Ou, 
como destaca Leffa (2012), é a tradução do código; o que significa afirmar que o leitor 
aplica seus conhecimentos, acerca do código linguístico, na tarefa de decifrar o texto. 
 
 
 
CONHECIMENTO 
DO SISTEMA 
LINGUÍSTICO 
CONHECIMENTO 
ENCICLOPÉDICO 
 
CONHECIMENTO 
INTERACIONAL 
COMUNICAÇÃO P. PROFISSIONAL 2018/2 
 
ULBRA – Cachoeira do Sul 
Lisane Félix Veloso 
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5.2.2 Conhecimento enciclopédico 
 O conhecimento enciclopédico ou conhecimento de mundo, por sua vez, está 
ligado aos conhecimentos gerais sobre o mundo, relativos a vivências pessoais e 
eventos já arquivados na memória que são evocados na tarefa de produzir sentidos. 
 
5.2.3 Conhecimento interacional 
Por último, o interacional é o conhecimento das formas de interação por meio da 
linguagem. Este tipo de conhecimento refere-se à capacidade de compreender os 
objetivos do autor, a situação comunicativa em que o texto se insere, a variante 
linguística empregada assim como o reconhecimento do gênero textual quanto aos seus 
aspectos estruturais, por exemplo. 
 
5.3 A COMPREENSÃO E A ATIVIDADE INFERENCIAL 
 Na leitura, estão envolvidos elementos linguísticos, como letras, sílabas, 
palavras, estruturas e proposições, bem como as expectativas do leitor, sua 
interpretação e compreensão. Para a construção de significados, também colaboram 
elementos que constituem o conhecimento de mundo do leitor, os quais são 
armazenados na sua memória sob a forma de modelos cognitivos que permitem formular 
inferências. 
Compreender um texto, portanto, exige, como vêm revelando os nossos estudos, que 
o leitor aplique vários tipos de conhecimento necessários à leitura. Nesta tarefa de produção 
de sentidos, o conhecimento prévio é essencial, posto que “no processo de compreensão, 
desenvolvemos atividades inferenciais” (MARCUSCHI, 2008, p. 239). Mas o que são as 
atividades inferenciais? 
Inferência consiste no resultado de um processo cognitivo por meio do qual uma 
informação nova é gerada com base numa informação velha, ou seja, chega-se à 
conclusão de algo a partir de um dado conhecimento. São, pois, conexões que as 
pessoas fazem na tentativa de interpretar o que leem. 
No processamento das informações do texto e com base no contexto que envolve 
a situação comunicativa, o leitor ativo estabelece relações entre os conhecimentos 
anteriormente constituídos e as informações novas contidas no texto. Ou seja, 
a inferência não está no texto, mas na leitura, e vai sendo construída à medida que 
leitores vão interagindo com a escrita. 
 
 
COMUNICAÇÃO P. PROFISSIONAL 2018/2 
 
ULBRA – Cachoeira do Sul 
Lisane Félix Veloso 
11 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
ANDRADE, Maria Margarida de; HENRIQUES, Antonio. Língua Portuguesa: noções 
básicas para cursos superiores. São Paulo: Altas, 1999. 
CITELLI, Adilson. O texto argumentativo. São Paulo: Ed.Scipione, 1994. 
COSTA VAL, Maria da Graça. Redação e Textualidade. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 
1999. 
FÁVERO, Leonor Lopes. Oralidade e escrita: perspectivas para o ensino de língua 
materna. São Paulo: Cortez, 2002. 
FIORIN, José Luiz & SAVOLI, Francisco Platão. Para entender o texto. São Paulo: Ática, 
1992. 
FLORES, Onici e SILVA da Mozara Rossetto. Da oralidade à escrita: uma busca da 
mediação multicultural e pluriliguística. Canoas: Editora da ULBRA, 2005. 
GUIMARÃES, Elisa. A articulação do Texto. S.Paulo: Ática, 1997. 
HARTMANN, Schirley Horácio de Góis e SANTAROSA, Sebastião Donizete. Práticas de 
leitura para o letramento no Ensino Superior. [livro eletrônico] Curitiba: InterSaberes, 
2012 (Série Língua Portuguesa em Foco). 
 
ILARI, Rodolfo; GERALDI, João W. Semântica. São Paulo: Ática, 2001. 
KOCH, Ingedore Villaça e TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Texto e Coerência.5.ed. São Paulo: 
Cortez, 1997. 
KOCH, Ingedore Villaça e TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual. 8.ed. São 
Paulo: Contexto, 1998. 
KOCH, Ingedore Villaça. A inter-ação pela linguagem. São Paulo: Contexto, 2003. 
KOCH, I. V. Argumentação e linguagem. São Paulo: Cortez,1984. 
LEFFA, Vilson José. Interpretar não é compreender: um estudo preliminar sobre a 
interpretação de texto. In: Vilson J. Leffa; Aracy Ernst. (Org.). Linguagens: metodologia 
de ensino e pesquisa. .Pelotas: Educat, 2012, p. 253-269. Disponível em: 
http://www.leffa.pro.br/textos/trabalhos/interpretar_compreender.pdf 
MATA, Francisco Salvador. Como Prevenir as Dificuldades na Expressão Escrita. Porto 
Alegre: Artmed, 2003. 
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da fala para a escrita: atividades de retextualização . 2. ed. 
São Paulo: Cortez, 2001. 
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São 
COMUNICAÇÃO P. PROFISSIONAL 2018/2 
 
ULBRA – Cachoeira do Sul 
Lisane Félix Veloso 
12 
Paulo: Parábola Editorial, 2008. 
MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, 
resenhas. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2006. 
MEDEIROS, João Bosco; TOMASI, Carolina. Português Forense: A Produção do Sentido. 
São Paulo: Atlas, 2004. 
MENDES, Eunice; JUNQUEIRA Costacurta L. A. Falar em público: prazer ou ameaça?: 
pequenos grandes segredos para o sucesso nas comunicações formais e informais Rio 
de Janeiro : Qualitymark, 1997. 
ORLANDI, Eni Pulcinelli. Discurso e leitura. 6.ed. São Paulo: Cortez, 2001. 
STERNBERG, Robert. Capacidades intelectuais humanas. Porto Alegre: Artes Médicas, 
1992.

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