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COMUNICAÇÃO
E EXPRESSÃO
Letícia Sangaletti
Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB-10/2147
S225c Sangaletti, Leticia.
 Comunicação e expressão [recurso eletrônico] / Leticia
 Sangaletti, Laís Virginia Alves Medeiros; [revisão técnica: 
 Laís Virginia Alves Medeiros] . – Porto Alegre: SAGAH 2018.
 ISBN 978-85-9502-215-7
 1. Comunicação. 2. Língua Portuguesa. I. Medeiros, Laís
 Virginia Alves. II. Título.
CDU 81’38
Revisão técnica:
Laís Virginia Alves Medeiros
Mestra em Letras – Estudos da Linguagem: 
Teorias do Texto e do Discurso
Bacharela em Letras – Habilitação Tradutora: Português e Francês
Teoria da Comunicação: 
elementos da comunicação
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Reconhecer os elementos que compõem um evento comunicativo.
 � Identificar e selecionar elementos adequados para as situações co-
municativas vivenciadas no cotidiano.
 � Perceber os ruídos que prejudicam a efetividade de um evento
comunicativo.
Introdução
Neste texto, você explorará as bases da Teoria da Comunicação. Assim, 
sua tarefa será compreender os elementos envolvidos em todo e qualquer 
evento comunicativo, bem como os problemas que podem interferir no 
processo. Esse estudo deve tornar você mais hábil tanto nos momentos de 
produção quanto nos de compreensão daquilo que lê e ouve. Aproveite 
para melhorar sua comunicação.
Elementos da comunicação
Enquanto processo, a comunicação é indissociável do universo em que ocorre. 
Afinal, qualquer ato comunicativo está ligado a tudo (SOUSA, 2006). Mas, 
para compreender a realidade e os atos comunicativos, diversos teóricos 
desenvolveram modelos dos processos comunicacionais. Esses modelos são 
artefatos imaginativos, criados para compreender a realidade comunicacional. 
Portanto, você não deve entendê-los como espelho do real. 
Os elementos da comunicação foram evoluindo ao longo dos tempos e 
por meio de estudos. O primeiro foi proposto pelo filósofo Aristóteles (século 
IV a.C.), que apresentou um modelo básico. Este diz que para comunicar é 
preciso que exista alguém para transmitir a alguém um conteúdo, ou seja, três 
elementos: o emissor, o receptor e o conteúdo. 
Para Sousa (2006), todos os modelos são incompletos e imperfeitos, pois 
se tratam de reconstruções intelectuais e imaginativas da realidade. O autor 
cita inúmeros modelos entre os que propõem o estudo dos elementos de co-
municação. Além do modelo de Aristóteles, há o modelo (ou paradigma) de 
Lasswell (1948), o modelo de Shanon e Weaver (1949), o Newcomb (1953), o 
modelo de Schramm (1954) e, ainda, o modelo de Roman Jakobson (1960). 
Outros modelos, como o da Escola de Palo Alto e o modelo de Maletzke, 
também são elencados. 
Entre os citados, você vai conhecer melhor o modelo de Roman Jakob-
son (2005). Ele é o mais recente e o mais utilizado em muitas áreas, como 
a literatura. O teórico construiu um modelo direcionado para o estudo da 
comunicação sob o prisma da linguística. 
Considere que o principal objetivo da linguagem é transmitir uma informa-
ção para um ou mais sujeitos. Para que essa comunicação ocorra, é necessário 
que haja compreensão dos elementos que fazem parte do processo comunica-
tivo, certo? Conforme Jakobson, tais elementos são o emissor, o receptor, o 
canal, a mensagem, o código e o referente. O destinador envia uma mensagem 
ao destinatário. Para que seja operante, a mensagem precisa de um contexto 
para o qual remete. Esse contexto, apreensível pelo destinatário, ora é verbal, 
ora é suscetível de ser verbalizado. Posteriormente, a mensagem requer um 
código que seja comum aos dois, no todo ou, pelo menos, em parte. Enfim, a 
mensagem requer um canal físico e uma conexão psicológica entre destinador 
e destinatário, um contato que permita o estabelecimento da comunicação. A 
seguir, você pode ver esses fatores esquematizados na Figura 1.
Figura 1. Modelo de comunicação por Jakobson.
Fonte: Jakobson (2005, p. 123).
Teoria da Comunicação: elementos da comunicação14
Esses atos comunicativos podem acontecer com alguma intenção, seja 
ela explícita ou não. Jakobson elaborou esse esquema para mostrar como seis 
fatores essenciais, os chamados elementos da comunicação, operam para 
que a comunicação aconteça. A seguir, você pode compreender melhor cada 
um desses elementos:
 � Emissor: também conhecido como referente, é quem emite a mensagem; 
pode ser um indivíduo ou um grupo. 
 � Mensagem: é o objeto da comunicação e é constituída pelo conteúdo 
das informações. Ou seja, é o conteúdo que o emissor quer transmitir.
 � Canal: é a via de circulação da mensagem (voz, ondas sonoras, uma 
folha de papel, um blog, um livro). É o meio pelo qual a mensagem é 
transmitida. Pode ser por ar (ao falar), jornal, televisão, revista, internet, 
rádio, etc. Em Publicidade e Propaganda (PP), o canal se relaciona 
bastante com a mídia.
 � Código: é o conjunto de regras, de signos e códigos utilizados para for-
mar a mensagem. Para que a comunicação seja bem-sucedida, é preciso 
que o receptor compreenda o código usado pelo emissor. Como exemplos 
de código, você pode considerar: letras, idiomas, código morse, etc.
 � Referente: é constituído pelo contexto, pela situação e pelos objetos 
aos quais a mensagem está relacionada.
 � Destinatário: é aquele que recebe a mensagem, também chamado de 
receptor; pode ser uma pessoa ou um grupo de pessoas.
Jakobson estabeleceu que cada um desses seis fatores determina uma 
diferente função da linguagem. O modelo mostra que a mensagem deve 
contar com um contexto, ou seja, precisa se referir a algo externo a ela. O 
modelo acrescenta, ainda, o contato. Este representa, simultaneamente, o canal 
físico em que a mensagem circula e as ligações psicológicas entre destinador 
e destinatário. Isso quer dizer que ambos só percebem a mensagem porque 
dominam o mesmo código.
15Teoria da Comunicação: elementos da comunicação
No modelo proposto por Jakobson, a comunicação só se realiza se o receptor decodifica 
a mensagem transmitida pelo emissor. Ou seja, ela só acontece se o interlocutor 
entende a mensagem transmitida.
Por exemplo, duas pessoas que vivem em países diferentes (Brasil e Japão) e que não 
conhecem a língua uma da outra utilizarão códigos diferentes. Portanto, a mensagem 
não será inteligível para ambas, impossibilitando o processo comunicacional.
Mas, se, por exemplo, um brasileiro morador do Nordeste conversa com uma pessoa 
que vive no Sul, por mais que haja diferenças linguísticas, a comunicação ocorre, pois 
a língua é a mesma (no caso, a língua portuguesa).
Situações comunicativas com elementos da 
comunicação
Os elementos da comunicação podem aparecer em diferentes situações comuni-
cativas, e um elemento específico pode se evidenciar como o mais importante. 
A seguir, você vai ver exemplos de situações que envolvem os elementos da 
comunicação, de acordo com alguns autores, especialmente Vanoye (1993). 
Em cada uma delas, um dos elementos é o principal da situação comunicativa. 
Exemplo 1: o governador de Santa Catarina envia uma mensagem à po-
pulação do estado por meio de um porta-voz. Nesse caso, ele seria a fonte, e 
o porta-voz, o emissor. 
Exemplo 2: um professor envia um e-mail para os alunos avisando sobre 
o material para a próxima aula. Aqui, emissor e fonte são a mesma pessoa.
Nesses casos, o foco da situação é o emissor da mensagem. Observe que a 
fonte é responsável pela codificação da mensagem que será enviada. Ela pode 
utilizar a comunicação oral, a escrita, bem como gestos, desenhos. Martins e 
Zilberknop (1997, p. 24) diferenciam o emissor da fonte da mensagem. Eles 
consideram que, em alguns contextos comunicativos, é possível perceber que 
a fonte (de onde se origina a mensagem) e o emissor (quem envia a mensagem) 
não são a mesma pessoa.
Nos dois exemplos, a população de Santa Catarina e os alunos que re-
ceberam o e-mail são os receptores, responsáveis pelo recebimentoe pela 
decodificação da mensagem. A comunicação só ocorre efetivamente quando 
tiver a incidência de um comportamento verbal ou de uma atitude sobre a 
ação do destinatário. Isso quer dizer que, se os alunos responderem o e-mail, 
a comunicação será efetivada. Mas, se não responderem, você pode considerar 
Teoria da Comunicação: elementos da comunicação16
que o ato comunicativo ocorreu da mesma forma, já que o silêncio também é 
uma forma de comunicação não verbal. 
Em outro exemplo de situação comunicativa, o foco é na mensagem. Esta 
possui o conteúdo das informações que foram codificadas para transmissão. 
Além disso, pode ser visual, auditiva, audiovisual.
Por exemplo, uma mensagem visual pode ser escrita com o alfabeto que 
você utiliza cotidianamente:
Olá! Tudo bem com você?
Ou ainda pode ser uma imagem, uma fotografia, ou mesmo um emoticon, 
como =) ou <3. 
Já a auditiva pode ser uma música, um áudio gravado por redes sociais ou 
pelo celular. A audiovisual pode ser um vídeo gravado pelo próprio emissor, 
ou retirado da TV, da internet, etc. 
Para enviar essa mensagem, são necessários códigos verbais ou não verbais. 
Quanto mais próximos emissor e receptor estiverem do repertório que ambos 
usam, maior será a probabilidade de a comunicação ser bem-sucedida, pois 
a decodificação ficará mais fácil. De acordo com Barros (2004, p. 31), “[...] 
códigos diferentes impedem a comunicação (a não ser que ela se estabeleça 
por outro código, que não o verbal, por exemplo, como ocorre na comunicação 
gestual entre falantes de línguas diferentes).”. 
O código pode passar também por uma flutuação. É quando um mesmo 
significante pode gerar mais de um significado. Veja o seguinte exemplo: 
“Bombril, bom de cozinha e bom de copa.” (CESAD, c2017) 
(Propaganda veiculada durante o período da Copa Mundial de 1998)
Aqui, o signo “copa” remete ao espaço de uma residência, mas também está 
relacionado à Copa Mundial de Futebol, já que a publicidade era veiculada no 
período da competição. Nesse contexto, o referente é o objeto ou a situação 
a que a mensagem remete ou se refere. Ele pode ser situacional ou textual. 
17Teoria da Comunicação: elementos da comunicação
O referente situacional engloba os elementos da situação do emissor, do receptor e 
do contexto em que se dá a comunicação. Por exemplo: 
 � Venha aqui em casa e traga teus cadernos para estudarmos.
O termo “aqui” se refere à situação espacial, e “venha e traga”, à temporal. O uso 
das palavras que mostram (pronomes demonstrativos, pronomes pessoais, tempos 
verbais, etc.) proporciona às línguas naturais uma grande agilidade. No entanto, as 
frases que veiculam esses elementos só podem ser compreendidas em estreita relação 
com determinadas situações. 
Já o referente textual engloba os elementos do contexto linguístico. Ou seja, ele 
surge quando se faz referência aos elementos contidos no próprio texto. Por exemplo: 
 � A garota trouxe os lápis, a borracha e a régua e os pôs sobre a escrivaninha que 
está no escritório.
 � Compre tudo o que consta na lista: tomate, alface, pepino, pimentão e repolho.
O canal é o meio pelo qual o emissor enviará a mensagem codificada para 
que o destinatário a descodifique. É todo e qualquer elemento físico usado para 
levar a mensagem até o receptor. O canal pode ser: natural ou tecnológico. O 
primeiro trata de meios sonoros (como a voz, as ondas sonoras, o ouvido); de 
meios visuais (como a excitação luminosa, a percepção da retina); de meios 
táteis (como a mão, a pele); de meio olfativo (o nariz); e ainda de meio gustativo 
(a língua). Já o canal tecnológico necessita de meios criados para transmitir 
a mensagem, como rádio, TV, telefone, entre outros. 
O canal deve ser escolhido considerando: 
 � o conteúdo da mensagem; 
 � os tipos de mensagem (isto é, se será verbal ou não verbal); 
 � os objetivos do remetente; 
 � as condições de recepção da mensagem, etc. 
Na comunicação, é necessário utilizar um código conhecido do destinatário e usar, 
preferencialmente, um código fechado. Nesse sentido, se deve respeitar a bagagem 
cultural de quem vai receber a mensagem, além, é claro, de escolher e utilizar o veículo 
adequado. Certos tipos de comunicação podem se dar por meio do uso simultâneo 
de diferentes códigos e canais de comunicação; é o caso do cinema. 
Teoria da Comunicação: elementos da comunicação18
Observe a Figura 2. Nela, você pode ver o emissor (o menino que fala com 
a menina), a mensagem (o que ele conversa com ela), o canal (que é natural, 
por meio da fala), além do código (que é um conjunto de signos verbais), do 
referente (que é textual) e do destinatário (que é a Mafalda).
Figura 2. Os elementos da comunicação em uma tirinha da Mafalda.
Fonte: Branco (c2017).
Para saber mais sobre outros modelos de comunicação, leia Elementos de Teoria e 
Pesquisa da Comunicação e dos Media (SOUSA, 2006).
Ruídos na comunicação
Para que haja êxito na comunicação, todos os elementos precisam funcionar. 
Portanto, não podem ser perturbados por alguma barreira ou obstáculo. Quando 
19Teoria da Comunicação: elementos da comunicação
isso acontece, se fala que há um ruído na comunicação. O ruído se trata de 
qualquer perturbação que impeça a mensagem de chegar devidamente ao 
receptor, interferindo na comunicação como um todo. 
As causas dessas barreiras podem ser inúmeras. Sousa (2006) explica que 
qualquer tipo de comunicação pode sofrer com ruídos, e, por vezes, algumas 
barreiras chegam a impedir a comunicação ou mesmo afetar a fluidez das trocas 
comunicacionais. Conforme o autor, essas barreiras podem ser (SOUSA, 2006): 
 � Físicas, como um obstáculo entre dois interlocutores que os impede de 
dialogar. Por exemplo: a queda no sinal de um telefone quando se está 
conversando via telefonia, ou a queda da internet, quando o diálogo se 
dá por redes sociais.
 � Culturais, como o desconhecimento do código de comunicação dentro 
de uma cultura (saber uma língua, por exemplo, nem sempre é garantia 
suficiente para interpretar adequadamente uma mensagem). Por exem-
plo, um morador de Portugal e uma pessoa que vive no Brasil podem 
não se entender, mesmo falando a língua portuguesa. Isso ocorre pois 
em cada cultura determinados termos significam coisas diferentes, 
dificultando o entendimento.
 � Pessoais, como a maneira de estar, de ser e de agir de cada sujeito 
envolvido na relação de comunicação, bem como as capacidades ou 
deficiências físicas pessoais que facultam ou dificultam a comunica-
ção, etc. Por exemplo: uma pessoa que não sabe a língua de sinais terá 
dificuldades para conversar com alguém que usa a Libras.
 � Psicossociais, como o estatuto e o papel social que os sujeitos envolvi-
dos na relação comunicacional atribuem uns aos outros. Estes marcam 
uma dada distância social, ou a saturação dos sujeitos envolvidos na 
comunicação em relação ao tema que motiva o ato comunicacional. 
Problemas de relacionamento podem ser um exemplo de barreira causada 
por questões psicossociais. 
Veja o exemplo na Figura 3: 
Teoria da Comunicação: elementos da comunicação20
Figura 3. Um ruído no sinal telefônico pode ter feito o receptor compreender errado a 
mensagem.
Fonte: Garcia (2016).
BARROS, D. L. P. A comunicação humana. In.: FIORIN, J. L. (org.) Introdução à linguística 
– objetos teóricos. São Paulo: Contexto, 2004. 
BRANCO, A. C. C. Figuras de linguagem. [S.l.]: Emaze, c2017. Disponível em: <https://
www.emaze.com/@AWROCQFF/figuras-de-linguagem>. Acesso em: 27 set. 2017.
CESAD. Teoria da comunicação e linguística. São Cristóvão: UFS, c2017. Disponível em: 
<http://www.cesadufs.com.br/ORBI/public/uploadCatalago/13132628042015Lingu
istica_Aula_11.pdf>. Acesso em: 27 set. 2017.
GARCIA, R. O que é comunicação? [S.l.]: SlideShare, 2016. Disponível em: <https://
pt.slideshare.net/prof.rosegarcia/o-que-comunicao-59401908>. Acesso em: 27 set. 
2017.
JAKOBSON, R. Linguística e comunicação. São Paulo: Cultrix, 2005.
MARTINS, D. S.; ZILBERKNOP, L. S. Português instrumental.19. ed. Porto Alegre: Sagra 
Luzzatto, 1997.
SOUSA, J. P. Elementos de teoria e pesquisa da comunicação e dos media. 2. ed. Porto: 
UFP, 2006.
VANOYE, F. Usos da linguagem: problemas e técnicas na produção oral e escrita. 9. ed. 
São Paulo: Martins Fontes, 1993.
21Teoria da Comunicação: elementos da comunicação
Conteúdo:
COMUNICAÇÃO E 
EXPRESSÃO
Letícia Sangaletti
 Teoria da Comunicação: 
funções da linguagem
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Escolher o elemento da comunicação a ser enfatizado em seus textos.
 Distinguir as funções da linguagem.
 Estabelecer a função preponderante em um texto, associando-a a
intenção do emissor.
Introdução
Neste texto, você explorará as funções da linguagem como aprofunda-
mento da Teoria da Comunicação. Assim, você deve compreender que, 
dependendo da intenção comunicativa, o emissor de uma mensagem 
enfatiza um ou outro elemento da comunicação, tendo maiores chances 
de obter sucesso em seu objetivo. 
Assim, os seis elementos da comunicação se evidenciam para a leitura 
e a produção de textos. E você aproveitará a oportunidade para aplicar 
esses novos conhecimentos à sua linguagem oral e escrita.
 Elementos da comunicação
É impossível falar sobre funções da linguagem sem abordar os elementos da 
comunicação. Afi nal, cada um deles dá origem a uma função linguística. Es-
ses atos comunicativos podem acontecer de maneira intuitiva ou com alguma 
intenção, seja ela explícita ou não. Como você pode ver na Figura 1, Jakobson 
(2005) elaborou um esquema para explicar como operam os seis fatores essenciais 
para que a comunicação se realize, os chamados elementos da comunicação:
Comunicacao_Expressao_Book.indb 13 12/08/2019 09:29:52
Figura 1. Modelo de comunicação por Roman Jakobson.
Fonte: Jakobson (2005, p. 123). 
De acordo com o modelo, a mensagem precisa de um contexto. Ou seja, 
deve se referir a algo externo a ela mesma. Quanto ao contato, ele representa 
o canal físico em que a mensagem circula e as ligações psicológicas entre 
destinador e destinatário. Isso significa que ambos só percebem a mensagem 
porque dominam o mesmo código. Veja cada um dos elementos descritos:
  Emissor: também conhecido como referente, é quem emite a mensagem; 
pode ser um indivíduo ou um grupo. 
  Mensagem: é o objeto da comunicação e é constituída pelo conteúdo 
das informações. Ou seja, é o conteúdo que o emissor quer transmitir.
  Canal: é a via de circulação da mensagem (voz, ondas sonoras, uma 
folha de papel, um blog, um livro). É o meio pelo qual a mensagem é 
transmitida. Pode ser por ar (ao falar), jornal, televisão, revista, internet, 
rádio, etc. 
  Código: é o conjunto de regras, de signos e códigos utilizados para 
formar a mensagem. Para que a comunicação seja bem-sucedida, 
é preciso que o receptor compreenda o código usado pelo emissor. 
Como exemplo de código, você pode considerar: letras, idiomas, 
código Morse, etc.
  Referente: é constituído pelo contexto, pela situação e pelos objetos 
aos quais a mensagem está relacionada.
  Destinatário: é aquele que recebe a mensagem, também chamado de 
receptor; pode ser uma pessoa ou grupo de pessoas.
Para Jakobson (2005), cada um desses seis fatores determina uma diferente 
função da linguagem, como você verá na próxima seção.
Teoria da Comunicação: funções da linguagem14
Comunicacao_Expressao_Book.indb 14 12/08/2019 09:29:52
 Funções da linguagem por Roman Jakobson
Lev Jakubinskij, em 1916, propôs, pela primeira vez, uma teoria que di-
ferenciava um sistema de linguagem prática de um sistema de linguagem 
poética. Um pouco mais tarde, em 1921, Jakobson afi rmou ser a poesia uma 
linguagem que se valia da função estética, num sentido autônomo da pala-
vra sintonia. Entre os anos de 1933 e 1934, o teórico identifi cou na poesia 
a função poética da linguagem, que se caracteriza como palavra e sintaxe 
que possui peso e valor próprios. Já em 1935, o formalista russo voltou a 
afi rmar que o uso dominante da função poética da linguagem é da natureza 
da poesia, num sentido em que a linguagem se apresenta orientada para o 
signo enquanto tal. Anos depois, em 1960, Jakobson retomou suas teorias 
sobre a função estética da linguagem no estudo “Linguística e poética”, com 
quadro teórico baseado na Linguística Geral e na Teoria da Comunicação 
(ANDRADE; MEDEIROS, 1997).
Então, partindo dos seis elementos, Jakobson (2005) elaborou estudos sobre 
as funções da linguagem, necessárias para a análise e a produção de textos. De 
acordo com o autor, as seis funções da linguagem são (JAKOBSON, 2005): 
função referencial, função emotiva, função conativa ou apelativa, função 
fática, função metalinguística e função poética. 
Em todo processo de comunicação, a linguagem é expressa de acordo 
com a função que se deseja enfatizar. No momento em que se estabelece uma 
comunicação verbal, um dos elementos apresentados prevalece e determina 
uma das funções. De acordo com esse modelo, a mensagem é o elo entre 
emissor e receptor. 
Desse modo, o esquema de comunicação de Jakobson (2005), se preenchido 
pelas funções da linguagem no lugar dos elementos, ficaria como na Figura 2.
Figura 2. As funções da linguagem no esquema de Jakobson.
Fonte: Jakobson (2005).
15Teoria da Comunicação: funções da linguagem
Comunicacao_Expressao_Book.indb 15 12/08/2019 09:29:52
Ou seja, cada elemento comunicativo possui intrinsecamente uma função. 
Observe a Tabela 1:
Elemento de destaque Função 
Emissor Emotiva 
Receptor Conativa
Referente Referencial 
Código Metalinguística 
Canal Fática 
Mensagem Poética
Tabela 1. Elementos comunicativos e suas funções.
A seguir, você pode conhecer melhor cada uma das funções da linguagem.
  Função referencial: está relacionada ao referente, que é o objeto ou a situ-
ação de que a mensagem trata. A função referencial privilegia justamente 
o referente da mensagem, buscando transmitir informações objetivas sobre 
este. A função referencial, voltada ao contexto, predomina nos textos de 
caráter científico, em textos dissertativos, técnicos e instrucionais. Além 
disso, é privilegiada nos textos jornalísticos, como notícias, reportagens.
Exemplo (G1 RS, 2017):
Começa campanha de arrecadação para projeto de Memorial às Vítimas 
da Kiss
Publicada em 21/08/2017 às 07h01m
G1/RS
A construção do Memorial às Vítimas da Kiss, para lembrar dos 242 mortos 
no incêndio da boate em Santa Maria em 2013, terá financiamento coletivo. 
Teoria da Comunicação: funções da linguagem16
Comunicacao_Expressao_Book.indb 16 12/08/2019 09:29:52
A arrecadação começa nesta segunda-feira (21), com o lançamento de 
uma campanha para levantar os fundos.
Um evento na Praça Saldanha Marinho, no centro da cidade, marcou o 
início da campanha pela manhã. A captação de recursos deve ocorrer 
até outubro. A iniciativa é da Associação dos Familiares de Vítimas e 
Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM).
  Função emotiva: com foco no emissor, é conhecida também como 
função expressiva. Imprime no texto as marcas de sua atitude pessoal, 
de sua subjetividade, como emoções, avaliações, opiniões. Ao ler o 
texto, o leitor sente a presença do emissor. É geralmente escrita em 
primeira pessoa e usa pontuações como as reticências e a exclama-
ção. Como exemplos, você pode considerar: músicas, depoimentos, 
relatos, poesias.
Exemplo (SEIXAS, 1976): 
Eu nasci há dez mil anos atrás
(Raul Seixas)
Um dia, numa rua da cidade, eu vi um velhinho sentado na calçada
Com uma cuia de esmola e uma viola na mão
O povo parou pra ouvir, ele agradeceu as moedas
E cantou essa música, que contava uma história
Que era mais ou menos assim:
Eu nasci há dez mil anos atrás
e não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais
  Função conativa ou apelativa: procura organizar o texto de forma que 
o emissor se imponha sobre o receptor da mensagem, com o intuito 
de persuadi-lo, seduzi-lo, influenciá-lo, convencê-lo, manipulá-lo. Nas 
mensagensem que predomina essa função, se busca envolver o leitor 
com o conteúdo transmitido, o levando a adotar este ou aquele com-
portamento. Alguns tipos de textos que possuem a função conativa 
ou apelativa são as campanhas publicitárias e as campanhas políticas. 
Observe um exemplo na Figura 3.
17Teoria da Comunicação: funções da linguagem
Comunicacao_Expressao_Book.indb 17 12/08/2019 09:29:52
Figura 3. A função apelativa tem relação 
estreita com a publicidade.
Fonte: Caires (2010).
  Função fática: está ligada ao canal de comunicação. Essa função 
acontece quando a mensagem se orienta sobre o canal de comunicação 
ou contato, buscando verificar e fortalecer sua eficiência. Normalmente, 
é usada quando o emissor testa o canal, com o objetivo de manter a 
comunicação. Exemplo: “Alô”, “Oi?”, “Entendeu?”, “Hum”.
Exemplo (MENDEZ, 2010): 
Trecho de “Fofinhos”, de Luís Fernando Veríssimo
— Alô, boneca.
Silêncio
— Eu topo
Mais silêncio.
— Como é, vamos?
— O senhor quer fazer o favor de me deixar em paz?
— Ah, quer dizer que o decalco aí atrás é falso?
— Por favor...
— O tal “Siga-me, estou indo para o motel” é papo furado, hein?
Teoria da Comunicação: funções da linguagem18
Comunicacao_Expressao_Book.indb 18 12/08/2019 09:29:53
  Função metalinguística: nessa função, o emissor explica um código 
usando o próprio código. É a mensagem sobre a mensagem. A linguagem 
se volta sobre si mesma, se transformando em seu próprio referente. Quando 
isso acontece, ocorre a função metalinguística. Como exemplo, você pode 
considerar: textos sobre escrita, filmes sobre a indústria cinematográfica.
Exemplo (DICIONÁRIO AURÉLIO DE PORTUGUÊS ONLINE, 2017): 
Verbete de dicionário
Língua: s.f. Sistema de comunicação comum a uma comunidade linguística.
  Função poética: essa função é capaz de despertar no leitor prazer 
estético e surpresa. Ela se expressa na estrutura da mensagem. Assim, 
se utiliza da criação de ritmos, rimas, trocadilhos, tonalidade, etc. A ma-
nifestação da função poética da linguagem ocorre quando a mensagem 
é elaborada de forma inovadora e imprevista, utilizando combinações 
sonoras ou rítmicas, jogos de imagem ou de ideias. Como exemplo, você 
pode considerar poesias e campanhas publicitárias, como a da Figura 4.
Figura 4. Campanha publicitária Margs 
com poesia.
Fonte: Angelo (2013).
19Teoria da Comunicação: funções da linguagem
Comunicacao_Expressao_Book.indb 19 12/08/2019 09:29:53
Mesmo que cada função esteja ligada a um elemento comunicativo, elas não são 
exploradas isoladamente. De modo geral, ocorre a superposição de várias delas. O 
que acontece é que uma se sobressai, o que permite a identificação da finalidade 
principal do texto.
Saiba mais sobre as funções da linguagem em Do texto ao texto: curso prático de leitura 
e redação (INFANTE, 1998). 
 Intenções do emissor
Considerando o arcabouço teórico de Roman Jakobson (2005), você certamente 
já compreendeu que todo evento comunicativo se constitui por um emissor, 
que tem o intuito de transmitir determinada mensagem a um receptor, dentro 
de um determinado contexto. Para tanto, o emissor utiliza um código e envia 
sua mensagem por um canal. Para o estudioso, dependendo da intenção de 
quem fala ou escreve, ou seja, do emissor, um desses elementos comunicativos 
será enfatizado nesse circuito.
Nessa esteira, para compreender a mensagem e aprimorar o processo de 
leitura e produção de textos, é imprescindível entender as intencionalidades 
do emissor. Tais intenções podem ser inúmeras, como emocionar, esclarecer, 
persuadir, informar, manter contato, encantar, manipular, entre outras. Por 
exemplo, se o emissor pretende emocionar o receptor, a ênfase será no uso 
de verbos em primeira pessoa. Além disso, ele falará dos seus sentimentos, 
emoções e posicionamentos.
Ainda que o foco da ação comunicativa seja um só, no caso do exemplo, 
de emocionar, a mensagem pode servir para várias outras funções. Assim, 
você dificilmente encontrará uma única função da linguagem; o que terá 
é apenas a prevalência de uma sobre as outras. Sobre isso, Chalhub (1990, 
p. 8) diz que:
Teoria da Comunicação: funções da linguagem20
Comunicacao_Expressao_Book.indb 20 12/08/2019 09:29:53
Numa mesma mensagem [...] várias funções podem ocorrer, uma vez que, 
atualizando concretamente possibilidades de uso do código, entrecruzam-se 
diferentes níveis de linguagem. A emissão, que organiza os sinais físicos 
em forma de mensagem, colocará ênfase em uma das funções – e as demais 
dialogarão em subsídio.
Nesse sentido, a ênfase dada a um dos elementos na construção da men-
sagem não descarta o uso dos outros. O que ocorre é que a utilização de mais 
de um elemento colabora para o resultado final proposto pelo emissor.
A partir da intencionalidade, o emissor fará escolhas linguísticas para chegar ao seu 
objetivo. Assim, ao enfatizar algum recurso, ele necessita ativar sua capacidade criativa 
e levar em consideração se o receptor terá capacidade de responder a ela.
21Teoria da Comunicação: funções da linguagem
Comunicacao_Expressao_Book.indb 21 12/08/2019 09:29:53
ANDRADE, M. M.; MEDEIROS, J. B. Curso de língua portuguesa para a área de humanas. 
São Paulo: Atlas, 1997.
ANGELO, R. C. A função poética da linguagem e os textos publicitários. Brasília, DF: Portal 
do Professor, 2013. Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecni-
caAula.html?aula=50632>. Acesso em: 27 set. 2017.
CAIRES, A. Figuras de linguagem. [S.l.]: SlideShare, 2010. Disponível em: <https://
pt.slideshare.net/90566088/figuras-de-linguagemlamadre>. Acesso em: 27 set. 2017.
CHALHUB, S. Funções da linguagem. 3. ed. São Paulo: Ática, 1990. (Série Princípios).
DICIONÁRIO AURÉLIO DE PORTUGUÊS ONLINE. Significado de língua. [S.l.]: Dicionário 
do Aurélio, 2017. Disponível em: <https://dicionariodoaurelio.com/lingua>. Acesso 
em: 27 set. 2017.
FERREIRA, A. B. H. Dicionário Aurélio da língua portuguesa. 5. ed. Curitiba: Positivo, 2010.
Teoria da Comunicação: funções da linguagem22
Comunicacao_Expressao_Book.indb 22 12/08/2019 09:29:54
G1 RS. Começa campanha de arrecadação para projeto de Memorial às Vítimas 
da Kiss. G1, Rio de Janeiro, 21 ago. 2017. Disponível em: <https://g1.globo.com/rs/
rio-grande-do-sul/noticia/comeca-campanha-de-arrecadacao-para-projeto-de-
-memorial-as-vitimas-da-kiss.ghtml>. Acesso em: 27 set. 2017.
INFANTE, U. Do texto ao texto: curso prático de leitura e redação. 5. ed. São Paulo: 
Scipione, 1998.
JAKOBSON, R. Linguística e comunicação. São Paulo: Cultrix, 2005.
MENDEZ, A. F. A teoria da comunicação. Porto Alegre: Cultura de Travesseiro, 2010. 
Disponível em: <http://culturadetravesseiro.blogspot.com.br/2010/12/teoria-da-
-comunicacao.html>. Acesso em: 27 set. 2017.
OLIVEIRA, E. C. Lei contra a palmada: governo coloca os pais no banco dos réus. São 
Paulo: IPCO, 2010. Disponível em: <https://ipco.org.br/lei-contra-a-palmada-governo-
-coloca-os-pais-no-banco-dos-reus/#.Wct1iGhSzIU>. Acesso em: 27 set. 2017.
SEIXAS, R. Eu nasci há dez mil anos atrás. In: SEIXAS, R. Há 10 mil anos atrás. Amsterdam: 
Philips Records, 1976. 1 disco sonoro.
Leitura recomendada
SILVA, M. C. As funções da linguagem. São Paulo: Brasil Escola, c2017. Disponível em: 
<http://brasilescola.uol.com.br/redacao/as-funcoes-linguagem.htm>. Acesso em: 
22 ago. 2017.
23Teoria da Comunicação: funções da linguagem
Comunicacao_Expressao_Book.indb 23 12/08/2019 09:29:54
EXPRESSÃO E 
COMUNICAÇÃO
Daysi Batista Pail
Comunicação, expressão 
e diversidade linguística
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Reconhecer as variações da expressão linguística.
  Identificar os aspectos que diferenciam os modos de utilizar a língua.
  Comparar os contextos de produção e circulação dos textos.
Introdução
Neste capítulo, você estudará como as línguas apresentam variações, 
isto é, diferentes formas de falar, de utilizá-las, e verá que o passar do 
tempo provoca mudançasnestas, mas não sozinho, uma vez que o 
contato com outras línguas também influenciará essas variações. Esse 
princípio está relacionado à existência de diferentes línguas, mas é não 
restrito a isso. Uma mesma língua terá diferentes grupos, os quais terão 
variadas características linguísticas que os ligam e os separam, como o 
dialeto paulista, carioca, mineiro, gaúcho, entre outro. Além disso, haverá 
grupos dentro de grupos, como os formados de acordo com a idade, o 
gênero, a profissão.
Você também estudará que uma língua, como o português, tem duas 
modalidades, isto é, duas formas de realização: por meio da oralidade (fala) 
ou da escrita. Estas funcionam como um conjunto, às vezes até mesmo 
sendo amalgamadas no uso.
Entre variação linguística, modalidade e níveis de fala (variação de registro), 
é importante a adequação linguística, em que se escolhe qual norma 
(variedade linguística), qual modalidade (e se é preciso uma apenas) 
e qual nível de fala melhor atende aos objetivos da comunicação e ao 
contexto comunicativo.
Variação linguística
Uma língua viva sempre apresenta variações. Isso signifi ca que, enquanto 
uma língua tiver falantes nativos, ela será dinâmica e heterogênea (FARACO, 
2008). Com o passar do tempo, ela passará por mudanças e, se estas forem 
grandes demais, pode até se tornar uma outra língua, ou outras, como aconte-
ceu, por exemplo, com o Latim e as línguas românicas que dele se 
originaram. Se você ler um texto de épocas passadas, poderá encontrar 
diferenças, tais como aquelas encontradas em palavras, expressões, até 
mesmo na estrutura (para exemplos ver textos de romances do período 
Realista ou Naturalista, como os de Machado de Assis e Aluísio de 
Azevedo). Essa diferença pode ser observada também entre falantes de 
diferentes gerações.
A língua também é influenciada pelo espaço. Pense em um lago e em 
atingir sua superfície atirando várias pedras. Cada uma delas gerará 
ondulações e, em alguns pontos, irão se encontrar e se afetar umas às outras. 
Com a língua ocorre um fenômeno análogo, zonas próximas apresentam maior 
similaridade e são reconhecidas e diferenciadas, porém, conforme se afastam, 
as diferenças vão se tornando maiores, devido à experiência dos falantes, 
assim como a influência de outras comunidades linguísticas, de outras 
línguas. Nesse aspecto, o processo de colonização, imigração e migração, 
assim como a presença de diferentes tribos autóctones, tem fortes 
consequências. É possível observar a distância entre as diferentes regiões do 
país, e, até mesmo, dentro dos estados. Outra grande variável que se pode 
elencar é quanto ao indivíduo. Nesta, é possível identificar a influência do 
lugar onde o indivíduo cresceu, seu grau de contato com a cultura letrada, 
seu círculo social (mais informal, menos informal, entre outros). Esse âmbito 
é o que permite a identificação de estilo de um indivíduo inserido em uma 
comunidade linguística, ou seja, o que o distingue linguisticamente (ainda 
que não exclusivamente).
Comunicação, expressão e diversidade linguística2
Comunidade linguística é um agrupamento de falantes que têm características 
linguísticas em comum (BELINE, 2014).
Qualquer língua que ainda seja natural (diferentemente de línguas arti-
ficiais, como Klingon e Dothraki) tem variação, isto é, varia no tempo e no 
espaço (objeto de estudo da sociolinguística variacionista) e também de um 
indivíduo para outro, modificando-se até quando utilizada por um mesmo 
indivíduo em diferentes situações (objeto de estudo da sociolinguística inte-
racional). Linguisticamente, não há uma variedade linguística melhor, mais 
bonita ou mais desenvolvida do que outra. Qualquer que seja a variedade, 
ela será igualmente válida, rica e desenvolvida. A valorização de uma em 
detrimento de outra é social, isto é, a sociedade (ou parte dela) que classifica 
uma variedade positiva ou negativamente.
Algumas variedades são estigmatizadas, como, por exemplo, as do interior 
dos estados em relação às das regiões metropolitanas, as de classes sociais 
menos prestigiadas e menos escolarizadas em relação às mais prestigiadas e 
mais escolarizadas (BAGNO, 1999; FARACO, 2008; GÖRSKI; COELHO, 
2009). É comum, com essa postura, encontrar afirmações como: “eu não sei 
português”, “fala feio”, “antes de aprender inglês, francês, tinha que aprender 
português”, “matou a língua portuguesa”; todas com relação a falantes nativos. 
Ao dizer isso, a pessoa expõe desconhecimento sobre a realidade linguística 
e também sobre o preconceito linguístico. De acordo com Görski e Coelho 
(2009, p. 82), “[...] muitas pessoas acham que falar uma variedade diferente da 
variedade padrão é um problema sério para a sociedade, uma manifestação 
de inferioridade. Sempre que isso acontece, a língua se torna um veículo de 
preconceitos e exclusões.”
Segundo Faraco (2008), todas as variedades linguísticas têm uma própria 
norma, isto é, um conjunto de características que lhes são normais, envolvendo 
aspectos fonéticos (identificados no sotaque), lexicais, semânticos, sintáticos 
3Comunicação, expressão e diversidade linguística
e, às vezes, até pragmáticos. Contudo, saindo do âmbito linguístico, norma 
é entendida como um conjunto de regras que normatizam a forma como os 
falantes deveriam utilizar a língua. Esse tipo é chamado pelo autor de norma 
padrão, um “ideal” artificial que, apesar de defendido, nenhum falante utiliza 
de fato (é aquela encontrada nas gramáticas mais tradicionais, normativas e 
não linguísticas). Para ele, a norma associada aos grupos mais escolarizados é 
a norma culta. Essa seria comum aos falantes de áreas urbanas em situações 
mais formais, principalmente na escrita, e seria balizada pela linguagem 
urbana comum.
Modalidades da língua
Além da variação que as línguas apresentam, elas também podem ter mais de 
uma modalidade. A língua portuguesa, por exemplo, apresenta as modalidades 
oral e escrita, mas nem todas as línguas são assim. Algumas apresentam 
apenas a modalidade oral, sendo denominadas ágrafas.
A modalidade oral, sempre primeira com relação à escrita, sofre e aceita 
mudanças muito mais rapidamente. Ela é mais dinâmica, seja por ser mais 
propensa à variação e à mudança, seja por causa do “jogo” comunicativo 
como palco e fonte. Ela influencia as mudanças na modalidade escrita, que, 
por sua vez, tem o poder de “frear” a modalidade oral. Com o advento da 
imprensa, esse poder foi intensificado. Entretanto, a modalidade escrita 
continua sendo uma representação da oral, dependendo de convenções para 
sua inteligibilidade (como ortografia e uso do mesmo alfabeto), bem como 
para questões políticas.
A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é, como o nome diz, uma língua, e não uma 
modalidade da língua portuguesa. A LIBRAS apresenta, como qualquer outra língua, os 
sistemas fonológico (em sentido um pouco diferente), morfológico, sintático e semântico. 
Além disso, ela é uma língua natural e, consequentemente, também apresenta variação.
Comunicação, expressão e diversidade linguística4
Apesar de a modalidade oral ser mais identificada em registros mais informais, 
ela também ocorre em situações mais formais. Da mesma forma, a modalidade 
escrita, que é mais identificada em registros formais, ocorre em situações mais 
informais. Assim, uma conversa de texto por aplicativos e redes sociais irá se 
aproximar mais da oralidade, ao passo que uma palestra acadêmica, da escrita. 
Essa identificação advém de a oralidade permitir a realização da comunicação 
linguística de modo mais natural, menos rígido e menos regrada quando comparada 
com a escrita, principalmente quando se desconsidera a mudança que a cultura 
digital trouxe. Antes, por exemplo, não era considerado diálogo uma conversa 
que não fosse feita pessoalmente ou por telefone, entretanto, com a mudança 
de paradigma causada pela cultura digital, é contrassenso não considerar como 
diálogo as conversas por aplicativos, como Whatsapp, Messenger, entre outros. 
Desconsiderando-seum pouco o paradigma da cultura digital, qualquer produ-
ção, seja oral ou escrita, tem uma audiência (um destinatário) real ou imaginário. 
Algumas manifestações permitem uma interação maior entre os envolvidos, que, 
então, intercalam-se no papel de locutor e interlocutor. Na modalidade oral, quanto 
mais informal for a situação, mais interrupções e sobreposições serão possíveis. 
Além disso, é comum mudanças de estilo estrutural, sentenças incompletas na 
oralidade, que, na escrita, tornam-se difíceis de compreender. A escrita, enquanto 
representação da fala, apresenta menor possibilidade de interferência, mas permite 
que se pense, planeje e revise o texto antes de liberá-lo.
Adequação linguística
No âmbito acadêmico e profi ssional, você terá de lidar com situações que exigirão 
uma ou outra modalidade (ou até as duas, em conjunto). Seja qual for a modalidade 
a ser usada e em qual situação, a adequação linguística será fundamental. O uso 
da língua por um falante é sempre infl uenciado por uma série de fatores, alguns 
dos quais foram mencionados anteriormente. Em certas situações, é esperado o 
uso de um nível de fala mais formal, assim como uma determinada norma, como 
a culta, ao passo que, em outras, ocorre o oposto. Essas escolhas seriam feitas 
tendo em vista um fi m comunicativo, em outras palavras, como atingir da melhor 
forma um objetivo (ou uma série deles). Quanto a isso, até mesmo a escolha por 
não seguir o que se esperaria pode ser um meio de conseguir sucesso. 
5Comunicação, expressão e diversidade linguística
Tipos de variação
Variação diatópica é aquela que ocorre em decorrência da região, por exemplo: 
jerimum versus abóbora, mexerica versus bergamota, rótico velar (“erre” forte — 
comum no Rio Grande do Sul) versus rótico uvular (“erre” forte, caipira — comum 
no interior paulista), etc.
Variação diastrática é aquela comum a estratos sociais, por exemplo: classes 
mais ou menos prestigiadas, advogados, influenciadores digitais (que ainda varia 
de acordo com o campo de interesse), etc.
Variação diafásica é aquela que ocorre em função do contexto comunicativo, por 
exemplo: mais ou menos informal, mais ou menos afetiva, mais ou menos técnica, etc.
Variação de registro é um tipo de variação diafásica e diz respeito ao nível de 
formalidade ou de informalidade.
Para ler mais sobre alguns exemplos de variação linguística, acesse o link a seguir.
https://goo.gl/3e1QYK
A experiência permite que o falante force os limites entre normas e entre 
níveis de fala, do mais formal ao mais coloquial. Entretanto, quando ainda não 
se tem essa experiência, algumas orientações se tornam úteis. Algumas são 
mais ou menos assumidas como instintivas, outras já seguem certos padrões 
estabelecidos (por exemplo, por gêneros textuais ou por contexto comunicativo).
O meio acadêmico apresenta uma grande variação de contextos comu-
nicativos, de conversas informais com amigos a produções formais, como 
tese de doutorado e respectiva defesa oral. Considerando-se os textos e 
discursos comuns a esse meio, alguns permitirão uma linguagem coloquial, 
enquanto outros, não, de uma linguagem urbana comum à norma culta. No 
Quadro 1, são apresentados alguns gêneros textuais, uma breve definição 
e a linguagem esperada.
Comunicação, expressão e diversidade linguística6
Gênero 
textual Caracterização Linguagem
Memorial Do tipo acadêmico, é uma 
apresentação textual da 
trajetória acadêmica de 
uma pessoa de modo 
mais detalhado do que o 
currículo (que apresenta os 
dados através de tópicos).
Norma culta.
Resumo Apresenta as principais 
ideias de um outro texto ou 
trabalho, de modo conciso, 
objetivo, coeso e coerente.
A linguagem tende a 
seguir o estilo do original, 
porém, do acadêmico, 
espera-se a norma culta.
Entrevista É um diálogo a princípio 
planejado, pois pelo menos 
uma das partes terá se 
preparado. Consiste em 
perguntas feitas a um 
entrevistado. Ela pode ser feita 
inteiramente de forma oral, 
mista (quando as perguntas 
são passadas por escrito para 
que o entrevistado possa 
se preparar, ou quando 
é transcrita) ou escrita.
A linguagem será determinada 
pelo contexto, mais informal 
ou mais formal. Em contexto 
acadêmico, é comum a 
entrevista de teóricos e 
pesquisadores, e, nesse caso, 
a linguagem será mais formal.
Manifesto É um texto em que um grupo 
de pessoas ou entidades 
expressam sua opinião sobre 
uma situação-problema.
A linguagem pode 
apresentar uma formalidade 
maior, por meio do uso da 
norma culta, ou um pouco 
menos formal, por meio da 
linguagem urbana comum.
 Quadro 1. Gênero textuais e níveis de linguagem 
(Continua)
7Comunicação, expressão e diversidade linguística
Gênero 
textual Caracterização Linguagem
Ensaio Consiste em um texto 
argumentativo acerca 
de um assunto.
Norma culta.
Procuração É um documento legal em 
que uma pessoa dá à outra o 
poder para tomar decisões, 
cuidar de propriedades ou 
negócios no seu lugar.
Linguagem mais formal, 
preferência da norma culta.
Editorial É um texto argumentativo 
que expressa a posição 
de um jornal ou revista 
sobre um assunto.
Linguagem mais formal, 
podendo apresentar 
elementos coloquiais, 
bem como se manter 
na norma culta.
Edital É um documento público que 
visa a comunicar, informar, 
convocar sobre determinado 
assunto. É comum em 
concursos, informando 
regras, requisitos, datas.
Norma culta.
Certificado É um documento 
comprobatório acerca da 
participação de alguém em 
algum evento ou acerca 
da verdade sobre algo.
Norma culta.
Ata É um registro resumido 
do que foi discutido ou 
tratado em uma reunião, 
assembleia, sessão.
Linguagem mais formal, 
preferência da norma culta.
 Quadro 1. Gênero textuais e níveis de linguagem 
(Continuação)
Comunicação, expressão e diversidade linguística8
BAGNO, M. Preconceito lingüístico: o que é, como se faz. São Paulo: Edições Loyola, 1999.
BELINE, R. A variação linguística. In: FIORIN, J. L. (Org.). Introdução à linguística: objetos 
teóricos. 6. ed. São Paulo: Contexto, 2014. v. 1.
FARACO, C. A. Norma culta brasileira: desatando alguns nós. São Paulo: Parábola Edi-
torial, 2008.
GÖRSKI, E. M.; COELHO, I. L. Variação linguística e ensino de gramática. Working Papers 
em Linguística, v. 10, n. 1, p. 73-91, fev. 2010. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.
br/index.php/workingpapers/article/view/1984-8420.2009v10n1p73/12022>. Acesso 
em: 2 dez. 2018. 
Leituras recomendadas
FIORAVANTI, C. "R" caipira é invenção dos brasileiros, conclui estudo linguístico. Re-
vista Pesquisa Fapesp, abr. 2015. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/ciencia/
ultimas-noticias/redacao/2015/04/12/em-200-anos-teremos-dificuldades-para-nos-
-comunicar-com-portugueses.htm>. Acesso em: 2 dez. 2018.
MESAN, L. Jornal Hoje — Sotaques do Brasil mostra os jeitos diferentes de falar brasileiro. 
Youtube, jul. 2015. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=HwHfkuRCfl
c&feature=youtu.be>. Acesso em: 2 dez. 2018.
9Comunicação, expressão e diversidade linguística
COMUNICAÇÃO 
E EXPRESSÃO
Letícia Sangaletti
 Comunicação oral
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Conhecer elementos de variação linguística.
  Interpretar as modalidades de fala e o grau de formalidade.
  Identifi car os gêneros de cunho oral, textual e híbrido.
Introdução
A necessidade de comunicação é natural dos seres humanos e, para que 
esta ocorra, línguas são usadas para promover as trocas. Interagir, influen-
ciar o próximo, explicitar sentimentos, trocar ideias são apenas algumas 
das formas usadas para estabelecer relações interpessoais. Enquanto a 
linguagem é a capacidade que o ser humano tem de se comunicar 
e também todo e qualquer sistema de códigos que pode ser usado 
como meio de comunicação entre sujeitos, a língua é, entre eles, o 
código mais utilizado para estabelecer a comunicação. Já o código 
é o conjunto de possibilidades que proporciona a comunicação 
e, junto com a linguagem, permiteque se construa uma língua, 
caracterizando um povo, uma sociedade.
Neste texto, você vai acompanhar todo o processo que compreende a 
comunicação oral e poder avaliar que não se trata de uma simples troca, 
mas que existem diferentes elementos de variação linguística, modalidades 
de fala e grau de formalidade, além de diferentes gêneros de cunhos oral, 
textual e híbridos que fazem parte da comunicação oral. A língua pode 
ser padrão (também chamada de linguagem formal e norma culta) ou 
informal (linguagem coloquial), ou seja, a que usamos no dia a dia. Assim, o 
uso que cada indivíduo faz da língua é a fala, que pode ser também formal 
ou informal. Como vivemos em um país multicultural, e é natural que as 
pessoas não falem da mesma forma, essa fala pode ser diferente de um 
lugar para outro, de uma época para outra, assinalando a diversidade que 
temos na língua e caracterizando o que chamamos de variação linguística.
Comunicacao_Expressao_Book.indb 43 12/08/2019 09:29:56
 Elementos de variação linguística
A necessidade de se comunicar é natural aos seres humanos. A fi m de que 
diferentes formas de comunicação ocorram, ele utiliza linguagens. Por meio 
delas, é possível realizar trocas. A linguagem é a capacidade que o ser humano 
tem de se comunicar. Ela pode ser verbal e não verbal. Para Jakobson (2008), 
a linguagem é um dos sistemas de signos que pode ser usado como meio de 
comunicação entre sujeitos.
Já o código é o conjunto de possibilidades que proporciona a comunicação 
e, junto com a linguagem, vai permitir que se construa uma língua. Esta 
caracteriza um povo, uma sociedade. A língua pode ser padrão, (ou língua 
formal e norma culta) ou informal (ou linguagem coloquial, a que se usa no 
dia a dia). Assim, o uso que cada indivíduo faz da língua é a fala, que pode 
ser também formal ou informal.
Variação linguística é a capacidade que a língua tem de se transformar e 
se adaptar de acordo com alguns componentes, como o histórico, o social, o 
regional e o estilo por meio do qual os indivíduos se manifestam verbalmente. 
Ela é um movimento natural da língua, já que o sistema linguístico não é uni-
tário e comporta vários eixos de diferenciação. Assim, a variação pode ocorrer 
em um ou em vários subsistemas de uma língua, seja fonético, morfológico, 
fonológico, sintático, léxico ou semântico, promovendo a evolução da língua.
Níveis de variação linguística
Todo idioma se estabelece em vários níveis. Estes estão relacionados à forma 
de pronunciar as palavras, que seria o nível fonético-fonológico. Também se 
relacionam com a maneira de organizar os enunciados, no caso a sintaxe. Além 
disso, têm relação com a maneira de escolher as palavras, que tange ao lexical 
ou vocabular. Ainda estão em jogo o modo de dar sentido aos vocábulos, que é 
o nível semântico, ou mesmo a maneira como a palavra é escrita ou utilizada, 
no caso o nível morfológico. Observe alguns exemplos:
  Nível fonético-fonológico: está relacionado à diversificação das ma-
neiras de pronunciar palavras ou expressões. Por exemplo, gaúchos, 
cariocas e nordestinos falam de forma diferente.
  Nível morfossintático: ocorre na variação da estrutura dos enunciados, 
como na organização em períodos. Também há a conjugação de verbos 
Comunicação oral44
Comunicacao_Expressao_Book.indb 44 12/08/2019 09:29:56
irregulares como se fossem regulares. Exemplo: “manteu” em vez de 
“manteve”, “ansio” quando o correto é “anseio”. Outro exemplo é o fato 
de que em algumas regiões do Brasil se fala “você vai” e em outras 
“tu vais” ou “tu vai”.
  Nível vocabular: diz respeito à utilização de diferentes palavras para 
representar o mesmo objeto, fenômeno ou ser. Por exemplo: os termos 
moleque, garoto, menino e guri significam a mesma coisa, assim como 
mandioca, aipim e macaxeira. Outro exemplo de nível vocabular de 
variação linguística é o uso de gírias. 
  Nível semântico: esse nível está relacionado à variação no sentido que 
as palavras adquirem ao longo do tempo, do espaço ou em diferentes 
grupos sociais. Em Portugal, por exemplo, se usa a palavra alcatrão 
com um sentido diferente do uso brasileiro. Aqui, alcatrão é um dos 
componentes do cigarro; lá, se refere ao asfalto.
Tipos de variação linguística
No Brasil, a língua portuguesa possui diversos linguajares e é falada de várias 
maneiras. Essas variações linguísticas são bastante evidentes. Afi nal, cada 
região teve sua história socioeconômica e por isso possui peculiaridades 
linguísticas. Tais diferenças são compreendidas por meio dos elementos de 
variação linguística, como questões históricas, geográfi cas, sociais e de estilo. 
A variação linguística histórica é a maneira como a língua evolui ao longo 
do tempo. São as mudanças que a língua sofreu ao longo da história. Como 
exemplo, considere o pronome você. Ele se originou da expressão vossa mercê, 
passou para vosmecê, virou vancê e chegou ao termo que se usa atualmente: 
você. Isso quer dizer que a palavra evoluiu e se transformou ao longo do tempo. 
Já a variação regional é chamada também de diatópica. Ela está relacionada 
com palavras ditas em regiões diferentes, mas que significam a mesma coisa. Por 
exemplo: aipim, mandioca e macaxeira são três palavras diferentes usadas para 
designar a mesma coisa. Aqui também entra a parte fonética, como a forma de 
pronunciar certas letras. O “r” no meio das palavras, por exemplo, é pronunciado de 
forma diferente no Paraná e no Rio de Janeiro. Isso muda de acordo com a região.
A variação social ou diastrática tem a ver com os diferentes grupos sociais 
e com os contrastes na linguagem. Pode ser por idade: quando o avô conversa 
com a neta, as falas são diferentes. Por exemplo: “Seu avô era um pão” e 
“Aquele menino é meu crush”. 
45Comunicação oral
Comunicacao_Expressao_Book.indb 45 12/08/2019 09:29:57
É difícil falar em diferenças culturais e variações de linguagem sem abordar o pre-
conceito linguístico. O estudioso Marcos Bagno, em seu livro Preconceito linguístico: 
o que é, como se faz, recusa a noção que separa o uso da língua em certo e errado. O 
autor apresenta alguns mitos sobre o preconceito linguístico, de modo a instigar seu 
combate no dia a dia. 
Para Bagno, o preconceito linguístico está ligado, em boa medida, à confusão que 
foi criada, no curso da história, entre língua e gramática normativa. 
Para o autor, esse preconceito é alimentado diariamente, especialmente pela mídia 
e por livros e manuais que pretendem ensinar o que é “certo” e o que é “errado”. Além 
disso, os instrumentos tradicionais de ensino da língua, que são a gramática normativa 
e os livros didáticos, também contribuem para esse preconceito. 
De acordo com Bagno (1999), o preconceito linguístico se baseia na crença de que só 
existe uma única língua portuguesa digna deste nome. Esta seria a língua ensinada nas 
escolas, explicada nas gramáticas e catalogada nos dicionários. Para Bagno (1999, p. 42):
“Qualquer manifestação linguística que escape desse triângulo escola-gramática-
-dicionário é considerada, sob a ótica do preconceito linguístico, ‘errada, feia, estropiada, 
rudimentar, deficiente’, e não é raro a gente ouvir que ‘isso não é português’. 
Um exemplo. Na visão preconceituosa dos fenômenos da língua, a transformação 
de L em R nos encontros consonantais como em Cráudia, chicrete, praca, broco, 
pranta é tremendamente estigmatizada e às vezes é considerada até como um sinal 
do ‘atraso mental’ das pessoas que falam assim. Ora, estudando cientificamente a 
questão, é fácil descobrir que não estamos diante de um traço de ‘atraso mental’ dos 
falantes ‘ignorantes’ do português, mas simplesmente de um fenômeno fonético que 
contribuiu para a formação da própria língua portuguesa padrão.”
Classe social também pode apontar variações de linguagem. Isso tem a ver 
com o tipo de cultura com que você tem contato. Além disso, o grupo social 
em que os indivíduos estão inseridos, como nerds, skatistas, surfistas, indica 
variação. Se você nãofaz parte de determinado grupo, pode não entender 
parte da linguagem utilizada por ele. 
A variação de estilo ou diafásica é a que tem relação com a situação de 
uso da língua, do que é e do que não é adequado. O estilo pode ser formal e 
informal, padrão e não padrão, coloquial e culto. O modo de usar a língua 
vai se adequar ao momento. Por exemplo: diante de um juiz, o sujeito vai 
formalizar a língua, mas quando está com a família, amigos ou em intimidade, 
a tendência é falar informalmente.
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Você pode encontrar os mesmos tipos de variação com outros termos, escritos por 
outros teóricos, como Marcos Bagno. O pesquisador explica que há diferenças entre 
os termos utilizados nas definições de variações linguísticas. Observe (BAGNO, 2007):
  Dialeto: uso da língua em determinada região.
  Socioleto: variedade linguística de determinado grupo com características (sociais, 
profissionais, econômicas) comuns.
  Cronoleto: variedade de certa faixa etária.
  Idioleto: modo de falar característico de um indivíduo.
A transcrição da língua falada é um recurso cada vez mais explorado pela literatura, 
tendo em vista a vivacidade que dá ao texto. Observe, no trecho a seguir, algumas 
das características da língua falada. Você pode perceber, por exemplo, o uso de gírias 
e de expressões populares e regionais, além de incorreções gramaticais e repetições.
“– Menino, eu nada disto sei dizer. A outro eu não falava, mas a ti eu digo. Eu não sei 
que gosto tem esse bicho de mulher. Eu vi Aparício se pegando nas danças, andar por 
aí atrás das outras, contar histórias de namoro. E eu nada. Pensei que fosse doença, e 
quem sabe não é? Cantador assim como eu, Bentinho, é mesmo que novilho capado. 
Tenho desgosto. A voz de Domício era de quem falava para se confessar:
– Desgosto eu tenho, pra que negar?…” (REGO, 1979).
 Modalidades de fala e grau de formalidade
As modalidades são as diferenças presentes entre fala e escrita. Isso porque 
na língua falada há, entre falante e ouvinte, uma interação direta. Já na língua 
escrita, a comunicação ocorre geralmente sem a presença de um dos sujeitos 
participantes. Estando próximos durante a troca, falante e ouvinte podem 
utilizar diversos outros elementos signifi cativos que complementam o discurso 
verbal no processo de comunicação. Há, por exemplo, gestos, entonação, 
expressões faciais, entre outros. 
Vistas como práticas sociais, já que o estudo da língua se funda em usos, 
as duas modalidades de fala da língua portuguesa são a oral e a escrita (MAR-
CUSCHI, 2001, p. 1). Como manifestação da prática oral, a fala é adquirida 
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de modo natural em contextos informais do dia a dia. Também se desenvolve 
nas relações sociais que se estabelecem desde o momento em que uma criança 
nasce e tem os primeiros contatos com a mãe. Desse modo, o uso da língua 
natural e o aprendizado são formas de socialização e inserção cultural.
É necessário identificar os elementos que fazem parte da situação comu-
nicativa para compreender e analisar adequadamente um texto, seja ele falado 
ou escrito. Nesse caso, os componentes seriam falante – ouvinte/escritor – e 
leitor. Além disso, é importante considerar as condições em que cada texto 
foi produzido. São elas que possibilitam a ação social ou de interação que é 
estabelecida entre os sujeitos. Além disso, elas são distintas em cada modali-
dade. A fala, por exemplo, possui como características, entre outras tantas, o 
uso da palavra sonora e a interação face a face. Portanto, requer a presença dos 
interlocutores no mesmo espaço físico e de tempo; o planejamento simultâneo 
ou quase simultâneo à execução; a espontaneidade e o imediatismo. Além disso, 
pode ser repetitiva e redundante. Ela considera o contexto extralinguístico e 
possui recursos como signos acústicos e extralinguísticos, gestos, entorno 
físico e psíquico.
No texto oral, você pode encontrar características inerentes à língua falada. 
Há, por exemplo, os marcadores conversacionais. Eles são elementos típicos 
da fala que não integram o conteúdo do texto, apresentando valor tipicamente 
interacional. Por exemplo: “bom”, “eu acho que”, “quer dizer”, “então”, “en-
tende?” e “né?”). Há também as marcas prosódicas. Elas estão relacionadas 
à pronúncia. Um exemplo são os alongamentos, como nos termos “ouVIR::” e 
“faLAR::” (marcados com ::). Outros exemplos são a entonação enfática, assim 
como nas palavras do exemplo anterior, “ouVIR::” e “faLAR::” (marcado com 
::); e as hesitações, como “na medida em que... ahn” (uso do marcador “ahn” 
associado ao alongamento é uma marca prosódica). Outra característica é a 
repetição. Por exemplo: “O rádio de pilha, né? Quer dizer, o rádio de pilha”. 
A correção é outra das características, por exemplo: “O rádio eu acho que 
tem um papel até... numa certa medida... ele provocou pelo alCANce que tem 
uma revolução até maiOr do que a televisão...”. E há ainda a paráfrase. Ela 
é a relação de equivalência semântica: “através do rádio de pilha... ele pôde 
se ligar ao resto do mundo, saber que existem outros lugares, outras pessoas, 
que existe um governo...” (ANDRADE, 2011).
Você deve observar também os graus de formalidade que se usam na fala. 
Geralmente, em uma situação formal, o indivíduo culto procura seguir as 
regras da língua e conversar usando a norma culta, procurando também não 
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usar vocabulário vulgar. Há pelo menos dois níveis de língua falada: a culta ou 
padrão e a coloquial ou popular. Além dessas, a linguagem coloquial também 
é registrada quando há o uso de gírias, na linguagem familiar, na linguagem 
vulgar e nos regionalismos e dialetos.
De acordo com Marcuschi (2000), tanto a variedade escrita quanto a falada apresentam: 
língua padrão/variedades não padrão; língua culta/língua coloquial; norma padrão/
normas não padrão. Afinal, a língua em si não é um sistema único e abstrato, mas 
heterogêneo e repleto de variação.
Com relação às nomenclaturas, Bagno (2001) questiona a que tipo de 
norma culta se referem aqueles que lidam direta ou indiretamente com a 
língua portuguesa, já que há dois sentidos para o termo: (1) o que é norma, 
frequente e habitual; ou (2) o que é normativo, elaborado, regra imposta. 
De acordo com o teórico, o primeiro conceito está ligado à linguagem que 
é empregada para designar formas linguísticas existentes na realidade 
social. Já o segundo sentido é o mais difundido. Ele tem circulação maior 
na sociedade e já se tornou senso comum, virando mais um preconceito 
do que um conceito. Isso pois trata a língua como única e estática, como 
se existisse apenas uma maneira certa de falar ou discorrer. Bagno propôs 
novas nomenclaturas, pois percebeu alguns impasses no uso da norma 
culta. Observe:
  Norma-padrão: designa o modelo ideal de língua; algo que está fora 
e acima da atividade linguística dos falantes.
  Variedades prestigiadas: indicam as variedades linguísticas faladas 
pelo cidadão com alta escolarização e vivência urbana.
  Variedades estigmatizadas: assinalam as variedades linguísticas que 
caracterizam os grupos sociais desprestigiados do Brasil.
Você pode observar essas distinções na Figura 1.
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Figura 1. Nomenclaturas propostas por Bagno.
Fonte: Bagno (2001).
Você pode observar que existe uma zona intermediária entre as variedades 
prestigiadas e as estigmatizadas. As influências de umas sobre as outras são 
intensas e constantes. Para Bagno (2001, p. 80), “Isso é mais do que natural numa 
sociedade complexa como a brasileira contemporânea, sobretudo por causa dos 
meios de comunicação de massa (principalmente a televisão e o rádio)”. 
A norma padrão fica no alto, na estratosfera da abstração, do virtual. Para 
o teórico, ela exerce umainfluência muito forte sobre o imaginário de todos
os brasileiros. Porém, essa influência diminui na medida em que se afasta das
camadas sociais privilegiadas. Essa norma-padrão está ligada à escola, ao en-
sino formal. Só se aproximam dela os brasileiros que conseguiram passar pelo
funil da educação formal, percorrendo até o fim o trajeto de formação escolar.
Por outro lado, há autores que apontam três níveis de linguagem que co-
laboram para compreender como o indivíduo falante pode se manifestar em 
diferentes situações. De acordo com Preti (1994), é possível dividir os níveis 
de fala em espécies. Observe:
 Formal (ou culta): usado em situações de formalidade, possui o pre-
domínio de linguagem culta, ou seja, obedece à gramática normativa.
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Geralmente é usado em situações que exigem tal posicionamento 
do falante, como em discursos, sermões, apresentações de trabalhos 
científicos. 
  Coloquial (ou informal): é habitual em situações familiares ou de 
menor formalidade. Tem predomínio de linguagem popular, linguagem 
afetiva, expressões obscenas. É a manifestação espontânea da língua. 
Nela, os falantes usam gírias, vocabulário às vezes pejorativo, formas 
subtraídas ou cortes das palavras e conjugação verbal inadequada. 
Também é pontuada por problemas de concordância verbal e nominal 
e outras marcas da oralidade, como “né”, “daí”, “a gente”, etc. Esse 
nível independe de regras e está presente nas conversas entre amigos 
e familiares, por exemplo. Na internet, é comum encontrar o nível 
coloquial em textos de diálogos, ou em redes sociais e em programas 
de mensagens instantâneas.
  Comum: recebe contribuições de um e de outro.
Veja, na Figura 2, o nível de formalidade utilizado antigamente. Esse 
também é um exemplo de variação linguística histórica. 
Figura 2. Formalidade e variação linguística histórica.
Fonte: Biblioteca Digital Luso-Brasileira.
51Comunicação oral
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 Gêneros de cunho oral, textual e híbrido
Ao compreender como é a funcionalidade dos textos na interação dos indi-
víduos, você também investiga os diferentes textos utilizados para a comu-
nicação na sociedade. Isso leva a uma discussão sobre gêneros, já que eles 
estão presentes em todas as circunstâncias e ações humanas. Afi nal, em 
qualquer lugar em que exista linguagem, há gêneros textuais ou discursivos, 
orais ou escritos.
Como as esferas de produção da linguagem são diversas, também há uma 
multiplicidade de gêneros em diferentes situações e em formatos diversos. 
No supermercado, por exemplo, você encontra panfletos, placas, indicações 
de ofertas e a conta no caixa. 
Desse modo, cada esfera elabora seus gêneros. E faz isso conforme aspectos 
sociais próprios, finalidades comunicativas e especificidades das situações 
de interação em que os enunciados estão sendo produzidos. 
A denominação de gênero discursivo foi apresentada pela primeira vez 
pelo autor russo Mikhail Bakhtin (1979). Ele caracterizou os gêneros como 
tipos relativamente estáveis de enunciados. De acordo com o teórico, os gê-
neros de que os interlocutores sociais fazem uso nas interações verbais são 
tão variados e heterogêneos quanto a diversidade de esferas de circulação 
social nas interações verbais e as diferentes atividades humanas. Para Bakhtin 
(1979), nas inúmeras esferas de circulação, o uso da língua ocorre ou em forma 
de enunciados ou pela heterogeneidade de gêneros que os constitui. Você 
pode encontrar uma diversidade de gêneros discursivos que se modificam e 
se ampliam, dependendo dos contextos social e histórico em que circulam, 
conforme as condições e finalidades de cada uma das esferas.
Circulando em diferentes esferas, os gêneros refletem o conjunto de temas e relações 
possíveis nas formas de enunciar ou dizer algo. Assim, o enunciado está sempre nas 
relações sociais. Ele constitui a unidade formal da língua e incorpora o estilo, a com-
posição e o tema. Bakhtin considerava esses aspectos indissoluvelmente vinculados. 
Também afirmava que eles se concretizam em forma de gêneros. 
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De acordo com o teórico Marcuschi (2005), os gêneros surgem como formas 
da comunicação para atender a necessidades de expressão do ser humano. Eles 
são conformados por influência do contexto histórico e social das diversas 
esferas da comunicação humana. Para o estudioso, os gêneros textuais são 
como “[...] entidades sociodiscursivas e formas de ação social incontornáveis 
de qualquer situação comunicativa [...]” (MARCUSCHI, 2005, p. 19).
Isso quer dizer que os gêneros podem se modificar com o passar do tempo. 
Eles podem surgir e desaparecer, além de se diferenciar de uma cultura para 
outra. São dinâmicos e heterogêneos, variando de um diálogo informal até 
as teses de doutorado, por exemplo. Você pode encontrá-los nas formas oral, 
escrita e híbrida. Para Marcuschi (2008), não existe comunicação que não 
seja feita por meio de algum gênero. Mesmo um indivíduo falante que não 
possua saber técnico tem capacidade para se comunicar e ser compreendido 
por seu interlocutor. 
Marcuschi (2002, p. 22-23) explica que:
Usamos a expressão gênero textual como uma noção propositalmente vaga 
para referir os textos materializados que encontramos em nossa vida diária e 
que apresentam características sócio-comunicativas definidas por conteúdos, 
propriedades funcionais, estilo e composição característica.
De acordo com o Marcuschi (2005), alguns exemplos de gêneros textuais seriam: 
telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, reportagem 
jornalística, aula expositiva, reunião de condomínio, notícia jornalística, horóscopo, 
receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio de restaurante, instruções 
de uso, outdoor, inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada, conversação 
espontânea, conferência, carta eletrônica, bate-papo por computador, aulas virtuais 
e assim por diante.
Marcuschi (2008) explica que os gêneros orais e escritos estão relacionados, 
mas fala e escrita não são idênticas. O que dá tal classificação para cada uma 
é a forma em que se originou. Por exemplo, um texto jornalístico não deixa 
de ser um texto escrito por ter sido apresentado em um telejornal. 
53Comunicação oral
Comunicacao_Expressao_Book.indb 53 12/08/2019 09:29:58
Existem gêneros das culturas orais que nunca farão parte de culturas 
caracteristicamente escritas, e vice-versa. Também é importante você lembrar 
que a fala nem sempre reproduzirá a escrita, ou a escrita reproduzirá a fala. 
Elas podem caminhar juntas sem anular as peculiaridades de uma ou outra. 
Por outro lado, Marcuschi (2008) indica que os gêneros textuais não podem ser 
considerados estanques. Eles são como entidades dinâmicas da materialização 
de ações comunicativas. Podem ser híbridos, de modo a atingir determinados 
objetivos comunicativos. 
No link e no código a seguir, você pode assistir a uma 
reportagem do Jornal Hoje que trata da riqueza linguística 
do Brasil (ZIMMERMAN, 2014):
https://goo.gl/0UxH5z 
Comunicação oral54
Comunicacao_Expressao_Book.indb 54 12/08/2019 09:29:59
ANDRADE, M. L. C. V. de O. Língua: modalidade oral/escrita. In: UNIVERSIDADE ESTA-
DUAL PAULISTA. Caderno de formação: formação de professores didática geral. São 
Paulo: Cultura Acadêmica, 2011. v. 11, p. 50-67.
BAGNO, M. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística. 
São Paulo: Parábola, 2007.
BAGNO, M. Norma linguística e preconceito social: questões de terminologia. Veredas, 
Juiz de Fora, v. 5, n. 2, 2001.
BAGNO, M. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. 2. ed. São Paulo: Loyola, 1999.
BAKHTIN, M. M. Os gêneros do discurso. In: BAKHTIN, M. M. Estética da criação verbal. 
São Paulo: Martins Fontes, 1979. p. 277-326.
BIBLIOTECA DIGITAL LUSO-BRASILEIRA. O Mercantil: jornal noticioso,commercial e 
político. Rio de Janeiro: BDLB, c2017. Disponível em: <https://bdlb.bn.gov.br/acervo/
handle/123456789/48028>. Acesso em: 18 set. 2017.
Comunicação oral56
Comunicacao_Expressao_Book.indb 56 12/08/2019 09:29:59
BRASIL. Ministério da Educação. Oralidade e escrita. Brasília, DF: TV Escola, c2017. 1 
vídeo. Disponível em: <http://tvescola.mec.gov.br/tve/video/perspectivas-lingua-
-portuguesa-oralidade-e-escrita>. Acesso em: 18 set. 2017.
JAKOBSON, R. Linguística e comunicação. 21. ed. São Paulo: Cultrix, 2008.
MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: 
Cortez, 2000. 
MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONISIO, A. P.; 
MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.
MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONISIO, A. 
P.; MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. Gêneros textuais e ensino. 4. ed. Rio de Janeiro: 
Lucerna, 2005.
MARCUSCHI, L. A. Letramento e oralidade no contexto das práticas sociais e eventos 
comunicativos. In: SIGNORINI, I.; MARCUSCHI, L. A. (Org.). Investigando a relação oral/
escrito e as teorias do letramento. Campinas: Mercado de Letras, 2001. p. 23-50.
MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. 3. ed. São Paulo: 
Parábola, 2008.
PRETI, D. Sociolinguística: os níveis de fala. 7. ed. São Paulo: EDUSP, 1994.
REGO, J. L. Pedra bonita. 9. ed. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1979.
TURMA DA MÔNICA. Chico Bento no shopping (1997). [S.l.]: YouTube, 2012. 1 vídeo. 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ffKjDBFvPxY>. Acesso em: 
18 set. 2017.
ZIMMERMAN, A. ‘Sotaques do Brasil’ desvenda as diferentes formas de falar do bra-
sileiro. Jornal Hoje, 02 set. 2014. Disponível em: <http://g1.globo.com/jornal-hoje/
noticia/2014/08/sotaques-do-brasil-desvenda-diferentes-formas-de-falar-do-brasi-
leiro.html>. Acesso em: 18 set. 2017.
Leituras recomendadas
NOVO MILÊNIO. História da imprensa de Santos (1). [S.l.: s.n.], 2012. Disponível em: <http://
www.novomilenio.inf.br/santos/h0318z01.htm>. Acesso em: 17 set. 2017.
PRETI, D. O discurso oral culto. 2. ed. São Paulo: Humanitas, 1999.
57Comunicação oral
Comunicacao_Expressao_Book.indb 57 12/08/2019 09:30:00
LEITURA 
E INTERPRETAÇÃO 
DE TEXTOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Diferenciar as perspectivas de leitura moderna e tradicional.
 > Desenvolver leituras verticais e horizontais, adequadas aos objetivos do 
leitor.
 > Incrementar as estratégias de leitura literal de um texto.
Introdução
Vivemos uma geração de contato reforçado com a escrita e com a leitura. Redes 
sociais, mensagens de WhatsApp e e-mail, etc., estão centradas na troca de in-
formações com base na leitura e na escrita de textos, imagens, figuras, gifs, entre 
outros. Qual tipo de escrita e qual tipo de leitura são evidenciados nessas trocas? 
Estamos tratando da forma tradicional de leitura, baseada em decodificação? 
Ou estamos em outro espaço de leitura, em que a relação com o texto está na 
construção de sentidos?
Neste capítulo, você vai estudar as diferenças entre a leitura moderna e a 
tradicional. Além disso, vai conhecer dois tipos de leitura, vertical e horizontal, 
de acordo com os objetivos do leitor. Por fim, vai ver estratégias de leitura literal 
de textos.
Estratégias de 
leitura: leitura 
textual ou literal
Nadia Studzinski E. de Castro
Perspectivas de leitura: moderna e 
tradicional
Quando falamos em leitura, construímos no nosso imaginário alguém lendo 
um jornal, uma revista, um livro (impresso ou digital), uma bula de remédio, 
um e-mail, etc. Nessa perspectiva, imaginamos o ato de ler como algo que 
está relacionado com a escrita. Assim, trata-se, muitas vezes, da leitura como 
decodificação de letras e códigos. Contudo, devemos nos perguntar: apenas 
a leitura da palavra e a decodificação do código bastam para o processo 
efetivo de ler?
O processo de leitura se divide em três definições: geral, específico e 
conciliatório. Veja a seguir as características de cada um (LEFFA, 1996).
 � Geral:
 ■ leitura como processo de representação;
 ■ sentido da visão;
 ■ leitura por intermédio de outros elementos da realidade (espelhos);
 ■ reconhecer o mundo por meio de espelhos do que se observa;
 ■ leem-se as palavras e o mundo que nos cerca;
 ■ olhar e ver = leitura;
 ■ ler é usar segmentos da realidade para chegar a outros segmentos.
 � Específico:
 ■ de forma restritiva, ler é extrair significado do texto e atribuir sig-
nificado ao texto;
 ■ extrair do texto — movimento do texto para o leitor (ênfase no texto);
 ■ atribuir ao texto — movimento do leitor para o texto (ênfase no leitor);
 ■ ler implica significado; logo, ao se usar o verbo extrair, põe-se o 
significado dentro do texto, e ao se usar o verbo atribuir, imprime-
-se significado ao leitor.
 � Conciliatório:
 ■ ler é interagir com o texto;
 ■ não apenas leitor, não apenas texto, mas os dois polos e mais um 
terceiro elemento, que é a interação entre os dois;
 ■ é preciso afinidade e condições adequadas;
 ■ é necessário ter competências de leitura e a intenção de ler;
 ■ tentativa de colimação de um determinado objetivo em relação a 
um determinado texto.
Estratégias de leitura: leitura textual ou literal2
Em uma perspectiva tradicional, a leitura está diretamente relacionada 
à decodificação. Porém, a partir dos avanços nos estudos sobre a leitura, há 
uma abordagem moderna. Por essa via, a leitura está vinculada à construção 
de sentidos (MARTINS, 1988). Vamos entender um pouco mais a seguir sobre 
cada uma dessas perspectivas de leitura.
Leitura tradicional
Nessa interpretação da leitura, relacionamos o processo de ler à decodifi-
cação do código. Ou seja, o conhecimento das palavras e dos significados a 
elas atrelados é o fator definitivo para a leitura do texto. O conhecimento da 
língua é o destaque para essa abordagem.
A leitura tradicional pode ser entendida como um reflexo do que se ob-
serva nas escolas mais tradicionais, baseadas em um ensino mais tradicional, 
onde se mantêm uma excessiva preocupação com a escrita e pouca atenção 
à leitura. Conforme explica Kato (2007, p. 7):
A disseminação maior de métodos sintéticos nas escolas brasileiras — seja o b +a 
= ba, o ba + be + bi + bo + bu, ou ainda o fônico —, pode também ser motivada pela 
ênfase maior dada à atividade de escrita, a qual envolve, no início da aprendiza-
gem, uma operação basicamente de composição, embora mais tarde ela possa ser 
acompanhada complementarmente por uma operação de decomposição mental 
do léxico visual já adquirido.
A leitura, posterior à aprendizagem da escrita, acontece de forma linear. 
Ou seja, as palavras são lidas uma a uma de forma linear, e esse movimento 
configura a leitura. Estratégias de leitura não se fazem presentes nesse 
movimento. O conhecimento do código possibilitaria, portanto, a leitura e o 
entendimento do texto.
A atividade de leitura, em uma abordagem tradicional, transforma o leitor 
em alguém passivo, pois ele busca significados nas letras, na construção 
das sílabas, nas palavras, nas sentenças e, então, no texto. O leitor deco-
difica palavra por palavra, e o exercício está em encontrar na combinação 
de palavras o sentido do texto. Infere-se, nessa perspectiva, que os signos 
não são variáveis e flexíveis. Pelo contrário, são imutáveis e sempre estarão 
relacionados aos mesmos significados, o que gera uma séria limitação para 
o processo de leitura.
Decodificar representa apenas a primeira etapa da leitura. Após essa 
etapa, há a compreensão, a interpretação, a ação e a retenção. Essa dinâmica 
entende o processo de leitura em uma perspectiva moderna.
Estratégias de leitura: leitura textual ou literal 3
Leitura moderna
Não é apenas o conhecimento da língua que possibilita a leitura. Na verdade, 
fazem parte do processo de leitura todas as relações entre pessoas e entre 
elas com o mundo que as cerca, todas as relações entre as várias áreas doconhecimento, da expressão, das circunstâncias, etc.
Quando os seres humanos começam a ler? É depois de conhecer as pa-
lavras? Não, pois um bebê lê o mundo muito antes de conhecer o código. O 
bebê percebe o calor do colo da mãe, o conforto e a segurança dos lugares, 
entende e reage de acordo com os estímulos do ambiente e, em seguida, 
passa a dar sentido ao mundo que o cerca.
Pense nas seguintes expressões:
 � Ler um gesto.
 � Ler o olhar de alguém.
 � Ler o tempo.
Esses são apenas alguns exemplos que demonstram a complexidade do 
processo de leitura. Lemos as palavras, mas não apenas como uma ação de 
decodificar, pois, a partir de nossas experiências e vivências, imprimimos dife-
rentes sentidos para os textos. Duas pessoas, por exemplo, podem ler o mesmo 
texto de formas diferentes, dependendo das experiências prévias de cada uma 
delas. Do mesmo modo, uma mesma mensagem escrita pode impactar de forma 
diferente cada leitor.
Para além do entendimento tradicional de leitura, na perspectiva moderna, 
entendemos que a leitura está na construção de sentido, uma ação que ocorre 
entre o leitor e o texto. Por esse motivo, o mesmo texto pode ser lido de 
diferentes formas por diversos leitores. As expressões faciais, por exemplo, 
podem ser lidas e interpretadas de formas diferentes, mudando de acordo 
com o leitor (observador) e o contexto.
Segundo Bakhtin (1986, p. 93):
O essencial na tarefa de decodificação não consiste em reconhecer a forma 
linguística utilizada, mas compreendê-la num contexto preciso, compreender 
sua significação numa enunciação particular. Em suma, trata-se de perceber seu 
caráter de novidade e não somente sua conformidade à norma. Em outros termos, 
o receptor, pertencente à mesma comunidade linguística, também considera a 
forma linguística utilizada como um signo variável e flexível e não como um sinal 
imutável e sempre idêntico a si mesmo.
Estratégias de leitura: leitura textual ou literal4
Na perspectiva moderna, a leitura é entendida de forma mais ampla e 
pressupõe muito mais do que a decodificação e a leitura linear do texto. Essa 
perspectiva confere um espaço muito mais significativo para a construção de 
sentido. Não há uma preocupação excessiva com a decodificação do código 
linguístico, mas, sim, uma ênfase na autonomia semântica do leitor, em que os 
contextos sociais, históricos e culturais do indivíduo também são valorizados.
Leituras verticais e horizontais e objetivos 
do leitor
Na seção anterior, mencionamos a leitura linear, mas também existem as 
leituras vertical e horizontal. É importante conhecer essas estratégias para 
que elas sejam utilizadas de forma adequada ao propósito de leitura e aos 
objetivos do leitor, ou seja, a uma construção consciente dos sentidos da 
leitura.
A leitura horizontal é classificada como superficial, estrutural, com base 
na observação de títulos e subtítulos. Ela é mais inspecional. Logo, tem como 
objetivo principal fazer com que o leitor se familiarize com o conteúdo, exa-
minando partes-chave do texto (SOUZA, 2021). Em outras palavras, o objetivo 
da leitura horizontal é a familiarização com o conteúdo e um entendimento 
mais geral do tema do texto. A leitura horizontal pode ser caracterizada pela 
obtenção de uma informação de caráter geral.
Solé (2014, documento on-line), sobre essa leitura mais geral, afirma que:
Esta é a leitura que fazemos quando queremos “saber de que trata” um texto, “saber 
o que acontece”, ver se interessa continuar lendo... Quando lemos para obter uma 
informação geral, não somos pressionados por uma busca concreta, nem precisa-
mos saber detalhadamente o que diz o texto; é suficiente ter uma impressão, com 
as ideias mais gerais. Poderíamos dizer que é uma leitura guiada sobretudo pela 
necessidade do leitor de aprofundar-se mais ou menos nela.
Pense na leitura de um jornal, que pode ser impresso ou digital. O que 
lemos primeiro são as manchetes. Caso a notícia seja de nosso interesse 
(tenha uma chamada interessante), acessamos o conteúdo na íntegra e desen-
volvemos a leitura completa. Caso contrário, seguimos na leitura horizontal, 
examinando apenas partes dos textos.
Ao acessarmos o jornal da Universidade de São Paulo (USP, c2019) (Figura 
1), lemos as imagens, nos apropriamos dos títulos e, quando a imagem e/ou o 
título chamam a nossa atenção de alguma forma (por interesse na temática, 
por exemplo), passamos a ler o descritivo do título (subtítulo). Confirmando 
Estratégias de leitura: leitura textual ou literal 5
a adesão aos nossos interesses de leitura (objetivo do leitor), acessamos o 
texto na íntegra e partimos para a leitura. Essa leitura pode ser horizontal em 
um primeiro momento, para a confirmação da pertinência do texto, ou pode 
ser diretamente vertical (uma leitura mais aprofundada do texto).
Figura 1. Página inicial do jornal da USP, com manchetes e subtítulos.
Fonte: Jornal da USP (c2019, documento on-line).
A leitura vertical é profunda, reflexiva e analítica. É feita a observação 
de toda a estrutura linguística do texto. Para Souza (2021, documento on-
-line), a leitura analítica é crítica “tanto no sentido de buscar mais detalhes, 
examinando os argumentos e conceitos fundamentais, quanto no sentido de 
realmente criticar o conteúdo, entendendo a posição do autor ao ponto de 
concordar ou discordar dele”.
Na leitura vertical, buscamos aprender algo de forma a atribuir significado 
ao conteúdo proposto pelo texto. Existe, portanto, uma construção pessoal 
(por parte do leitor e seu contexto) sobre algo proposto objetivamente (o 
autor e o texto). Aquilo que está nas entrelinhas também é observado. Além 
do que se faz presente no texto, na leitura vertical, o leitor busca o que está 
implícito e procura estabelecer relações com o contexto, com outros textos e 
com conhecimentos prévios. Assim, o leitor pode construir o seu entendimento 
do texto e utilizá-lo de acordo com os seus objetivos.
De acordo com Solé (2014, documento on-line), essa leitura possibilita:
Ampliação do conhecimento prévio com a introdução de novas variáveis, modifica-
ção radical do mesmo, estabelecimento de novas relações com outros conceitos... De 
qualquer forma, nosso conhecimento anterior sofreu uma reorganização, tornou-se 
mais completo e mais complexo, permitimos relacioná-lo a novos conceitos, e por 
isso podemos dizer que aprendemos.
Estratégias de leitura: leitura textual ou literal6
É importante conhecer as leituras horizontal e vertical, pois elas são úteis 
para o processo de aprendizagem. Pense, por exemplo, na construção de um 
trabalho de conclusão de curso. A princípio, reunimos um conjunto de textos, 
que são as referências em uma determinada área de pesquisa. Depois, lemos 
os títulos e subtítulos para selecionar aqueles que serão utilizados. Por fim, 
lemos o conteúdo total dos textos, com o objetivo de reorganizar noções e 
conceitos para construir uma escrita autoral.
Estratégias de leitura literal
As estratégias de leitura são utilizadas como instruções que ampliam a reali-
zação do objetivo de leitura. São ações como itinerários, que, de certa forma 
ordenada, possibilitam o atingimento de determinada meta. Isso não significa 
que exista uma regra ou receita para a ordenação dessas estratégias, mas, 
sim, que elas, de alguma forma, facilitam o processo de leitura e interpretação 
de textos. Com as estratégias, o pensamento estratégico é praticado.
Para Solé (2014, documento on-line), “a estratégia tem em comum com 
todos os demais procedimentos sua utilidade para regular a atividade das 
pessoas, à medida que sua aplicação permite selecionar, avaliar, persistir ou 
abandonar determinadas ações para conseguir a meta a que nos propomos”.
As estratégias são necessárias para a formação de leitores autônomos. 
Elas são importantes para a formação de leitores capazes de efetivamente 
aprender a partir dos textos, com o objetivo de questionar o conhecimento 
e modificá-lo (SOLÉ, 2014).
As estratégias são divididas em cognitivas e metacognitivas(KLEIMAN, 
2002). As estratégias metacognitivas são as operações (e não regras) realizadas 
com objetivo previamente determinado. Sobre elas, temos controle cons-
ciente, ou seja, temos condições de compreender a nossa ação. De acordo 
com Kleiman (2002, p. 50):
As estratégias metacognitivas da leitura são, primeiro, autoavaliar constantemente 
a própria compreensão, e segundo, determinar um objetivo para a leitura. Devemos 
entender que o leitor que tem controle consciente sobre essas duas operações 
saberá dizer quando ele não está entendendo um texto e saberá dizer para que 
ele está lendo um texto.
Isso significa que se o autor encontra alguma dificuldade de entendimento 
do texto, por exemplo, ele pode recorrer a palavras-chave, realizar buscas 
de significado dessas palavras ou retornar no texto e encontrar explicações 
para as dúvidas. De forma consciente, o leitor reconhece as dificuldades de 
Estratégias de leitura: leitura textual ou literal 7
alcance do objetivo de leitura e pratica determinadas ações para resolver 
esse problema, pois detecta as causas de sua dificuldade.
As estratégias cognitivas, por sua vez, são inconscientes. Um exemplo, 
conforme Kleiman (2002), está no fatiamento sintático. Essa é uma ação 
necessária para a leitura, mas que não acontece de forma consciente. É 
um processamento em que procedimentos são utilizados, mas não temos 
domínio sobre eles.
Vamos ampliar os conhecimentos sobre as estratégias para a formação 
de leitores proficientes. A princípio, temos o objetivo de leitura. De acordo 
com esse objetivo (ou objetivos), selecionamos os textos. A partir de conheci-
mentos prévios sobre o assunto, selecionamos as leituras pertinentes. Nessa 
etapa, podemos realizar uma leitura mais horizontal/superficial, apenas para 
confirmar a aderência do texto ao objetivo proposto. Nessa estratégia (rela-
cionada ao objetivo de leitura), estabelece-se uma análise de tipos de texto. 
Por exemplo, um romance romântico pode ser utilizado para determinado 
objetivo de aprendizagem, já uma pesquisa científica, para outro. De acordo 
com o objetivo proposto, vamos selecionar os tipos de textos que serão per-
tinentes. Veja a seguir quais são esses tipos (SOLÉ, 2014, documento on-line).
 � Narrativo: há um desenvolvimento cronológico, com o objetivo de 
explicar alguns acontecimentos em uma determinada ordem. Alguns 
textos narrativos seguem uma organização (estado inicial > complicação 
> ação > resolução > estado final), já outros introduzem uma estrutura 
dialogal dentro da estrutura narrativa. São exemplos o conto, a lenda, 
o romance, entre outros.
 � Descritivo: descreve um objeto ou fenômeno com o uso de comparações 
e outras técnicas. Esse tipo de texto é frequente tanto na literatura 
quanto nos dicionários, em guias turísticos, em inventários, etc.
 � Expositivo: explica determinados fenômenos ou proporciona infor-
mações sobre eles. Os livros didáticos e os manuais utilizam muito 
esse tipo de texto.
 � Instrutivo-indutivo: tem o objetivo de induzir a ação do leitor. São 
exemplos as palavras de ordem, as instruções de montagem ou de 
uso, etc.
 � Dissertativo: texto centrado na defesa de uma ideia. Com a apre-
sentação de diferentes pontos de vista, o texto dissertativo aborda 
temas com profundidade reflexiva, convidando o leitor a construir 
conhecimentos sobre um tema específico. São exemplos o artigo de 
opinião, a redação dissertativa, entre outros.
Estratégias de leitura: leitura textual ou literal8
Após a seleção dos tipos de texto, de acordo com o objetivo de leitura, 
partimos para a leitura horizontal (mais superficial). Depois, seguimos, de 
acordo com a pertinência do texto, para a leitura vertical (aprofundamento 
dos tópicos), que é mais profunda, reflexiva e analítica.
Nesse ponto, as estratégias utilizadas envolvem as leituras textual, con-
textual e intertextual. Na textual, o leitor busca informações no texto. Na 
contextual, as pistas estão indicadas nas entrelinhas. Na intertextual, tam-
bém chamada de cultural, o leitor estabelece relações intertextuais para o 
entendimento do seu objetivo de leitura.
Para finalizar, é importante conhecer as estratégias de leitura de forma 
mais direta. A princípio, tem-se a identificação da ideia geral do texto em fun-
ção dos objetivos propostos para leitura. Em seguida, busca-se a elaboração 
de resumos (ou fichas de leitura), com o intuito de encontrar o tema de um 
texto, as ideias principais e as secundárias. Para isso, quatro regras podem 
ser utilizadas pelo leitor: omitir, selecionar, generalizar e construir ou integrar 
(SOLÉ, 2014). Omitindo e selecionando, separamos as ideias importantes para 
o nosso objetivo de leitura daquelas que não são tão pertinentes.
Após a seleção das informações, colocam-se em prática duas regras: gene-
ralização e construção. Por meio da generalização, abstraímos uma sequência 
de ideias/informações e construímos/integramos uma ideia importante para 
o objetivo de leitura. Assim, uma nova informação é elaborada, muitas vezes 
contendo informações particulares que não estavam presentes no genérico. 
Lembre-se de que os resumos são construídos com base nos conhecimentos 
que já temos. Assim, temos as estratégias de construção de conceitos su-
bordinados a partir de determinados conjuntos de informações (SOLÉ, 2014).
Outra estratégia para uma leitura ativa está centrada na formulação de 
perguntas e respostas. Isso pode ocorrer oralmente ou de forma escrita. O 
leitor formula perguntas sobre o texto e, assim, regula o processo de leitura. 
Essas perguntas vão facilitar para o leitor a identificação do tema e das ideias 
principais do texto. Formular hipóteses é a estratégia integrante. A partir da 
leitura horizontal, hipóteses podem ser formuladas, Em seguida, a leitura 
vertical vai validando ou refutando as hipóteses, e as perguntas para o texto 
vão sendo formuladas. Com o desenvolvimento da leitura, as perguntas são 
respondidas e o resumo vai se construindo (SOLÉ, 2014). Utilizar as estratégias 
de leitura na prática é um movimento constante do leitor sobre o texto e vice-
-versa. Nesse processo, há interação; logo, há construção de conhecimento.
O ato de ler representa movimento, e o conhecimento não está fixo no 
texto, mas na interação do leitor com o texto a partir dos seus objetivos de 
leitura e do seu conhecimento prévio. Com a utilização das estratégias, o 
Estratégias de leitura: leitura textual ou literal 9
leitor amplia o processo de interpretação e apropriação do texto, construindo 
novos saberes. Em síntese, deve-se considerar a importância do leitor em 
assumir progressivamente o controle da leitura para utilizar as estratégias 
necessárias para uma leitura eficiente, alcançando os seus objetivos de leitura.
Referências
BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método 
sociológico na ciência da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1986.
JORNAL da USP. Universidade de São Paulo (USP), c2019. Disponível em: https://jornal.
usp.br/. Acesso em: 21 jun. 2022.
KATO, M. A. O aprendizado da leitura. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
KLEIMAN, A. Oficina de leitura: teoria & prática. São Paulo: Pontes, 2002.
LEFFA, V. J. Aspectos da leitura. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1996.
MARTINS, M. H. O que é leitura. São Paulo: Brasiliense, 1988.
SOLÉ, I. Estratégias de leitura. 6. ed. Porto Alegre: Penso, 2014. E-book. 
SOUZA, I. Estratégias de leitura para ler e compreender melhor. São Paulo: Ideia Books, 
2021. E-book. 
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