Buscar

Fascículo Introdução aos Estudos da Argumentação 2017

Prévia do material em texto

M a r i a n a 
2017 
 
 
Introdução aos 
Estudos da 
Argumentação 
 
 
 
Magna Campos 
 
 
MAGNA CAMPOS 
 
 
 
 
 
 
Introdução aos Estudos 
da Argumentação 
 
 
 
3ª edição revista e ampliada 
 
 
 
 
 
 
 
Mariana, 
Edição do autor 
2017 
SUMÁRIO 
 
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA: ........................................................................... 1 
O QUE É ARGUMENTAR? .......................................................................................... 4 
Convencer x persuadir .................................................................................................. 7 
ARGUMENTAR X MANIPULAR ................................................................................. 11 
A IMPORTÂNCIA DO ENQUADRAMENTO DISCURSIVO ........................................ 12 
CUIDADOS COM O DISCURSO ................................................................................ 14 
FALÁCIA: ARGUMENTOS FALACIOSOS .................................................................. 17 
Casos em que a argumentação pode se dar pela via da falácia ................................. 19 
1) Argumento ad hominem (contra a pessoa ou condenando a fonte): ................... 19 
2) Argumento ad baculum (apelo à força): .............................................................. 19 
3) Argumento ad terrorem (do terror): ..................................................................... 20 
4) Argumento ad populum (ao povo): ...................................................................... 20 
5) Argumento ad verecundiam (apelo à autoridade eminente – mau uso da 
autoridade): ............................................................................................................. 21 
6) Argumento Secundum Quid (Generalização Precipitada) ................................... 22 
7) Argumento ad misericordiam (Dirigido às Emoções, ao Sentimento de Pena): ... 22 
8) Argumento do senso comum e dos estereótipos: ................................................ 22 
9) Falácia da novidade: (Ad Novitatem) .................................................................. 23 
10) Falácia do naturalista ou apelo ao natural: ........................................................ 23 
ARGUMENTOS VERDADEIROS OU NÃO FALACIOSOS: ........................................ 24 
1) Argumento de Autoridade (ab auctoritate): .......................................................... 24 
2) Argumento de provas concretas (por comprovação): .......................................... 25 
3) Argumento de causa / consequência: ................................................................. 26 
4) Argumento pelo raciocínio lógico: ....................................................................... 27 
5) Argumento do exemplo/ilustração: ...................................................................... 28 
6) Argumento de oposição: ..................................................................................... 29 
7) Argumento de analogia: ...................................................................................... 30 
 ATIVIDADES........ .......................................................................................................32 
 
1 
 
IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO AAOOSS EESSTTUUDDOOSS DDAA AARRGGUUMMEENNTTAAÇÇÃÃOO
11
 
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA: 
 
Desde a Grécia Antiga já existia a preocupação com o domínio da expressão verbal, 
afinal os gregos participavam de um regime democrático em que suas ideias teriam 
que ser expostas publicamente para serem aceitas ou não. 
Isso fez com que as escolas da época criassem disciplinas que ensinassem a arte da 
habilidade com as palavras: 
 A eloquência (oratória); 
 A gramática; 
 A retórica (a argumentação) e a lógica. 
Com isso, a questão já não era mais falar, mas falar de forma elegante.  surgem OS 
SOFISTAS2. 
 
Figura 01: Sócrates e os sofistas. Fonte: http://blogdoenem.com.br/sofistas-socrates-filosofia-enem/ 
 
Acompanhe, nos trechos retirados de Moreno e Martins (2006, p. 35;36)3, uma 
explicação desse contexto grego relacionado à argumentação, denominada até então 
de retórica: 
 
1
 Como citar esse material didático: CAMPOS, Magna. Introdução aos estudos da argumentação. 
Mariana: EA, 2015-16. 44 p. 
2
 “Sophistés ou Sofista. Inicialmente significa todo àquele que é excelente numa arte ou técnica, que 
pratica o sophízein para tornar-se hábil, sensato e prudente. Em Atenas, a partir da segunda metade do 
século V a.C., significa mestre de retórica e eloquência. Com Platão, passa-se a designar pejorativamente 
o sofista. O verbo sophízomai- tem como um dos significados “tornar-se astucioso e engenhoso para 
enganar com palavras”- é capital para entender o conceito de sofista”. O sofista passa a ser entendido 
como alguém que usa de raciocínio capcioso, de má-fé, com a intenção de enganar. Disponível em: 
http://projetofilosofia.blogspot.com.br/2008/06/o-sofista-e-retrica-o-homem-medida-de.html. Acesso em: 29 
out. 2011. 
2 
 
 
 
 
 
3
 MORENO, Claudio; MARTINS, Túlio. Português para convencer: comunicação e persuasão em direito. 
São Paulo: Ática, 2006. 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
O QUE É ARGUMENTAR? 
Antes de definir com precisão o que é argumentar, é preciso definir o que é dissertar: 
Dissertar: tem como propósito principal discorrer ou explanar, explicar ou 
interpretar ideias, geralmente uma questão polêmica ou problemática, sem 
defender um ponto de vista. Espera-se que textos dissertativos apresentem 
uma estrutura básica: introdução, desenvolvimento e conclusão. Caráter mais 
expositivo. 
Já 
Argumentar: na argumentação, pode-se também expor sobre uma questão, 
mas essencialmente, nos posicionamos, procurando formar a opinião do leitor 
ou a do ouvinte, tentando convencê-lo, persuadi-lo da validade de nossa tese 
ou de que a razão está conosco, de acordo com Othon M. Garcia4. 
Assim: 
 argumentar é expor para convencer ou persuadir; 
 argumentar é defender pontos de vista; 
 argumentar é formar opinião. 
 
 
E o que é um texto dissertativo-argumentativo? 
 
É estruturar um texto que apresente INTRODUÇÃO (apresentação do tema +a tese= 
ponto de vista que será defendido) + DESENVOLVIMENTO (dois ou 03 parágrafos 
nos quais se apresente os argumentos (estratégias argumentativas) com as quais se 
defende o ponto de vista = posicionamento argumentado) + CONCLUSÃO. Ou seja, é 
explicitar um ponto de vista claro e articulado a um tema específico, apresentando 
argumentos para defendê-lo5. Caráter mais argumentativo. 
 
De acordo com Guerreiro (2010, p.42)6, 
Uma boa argumentação abre portas. [...] Numa era de comunicação global, 
em que comunicar/interagir está na base das relações pessoais e 
profissionais, estar familiarizado com as principais formas de 
convencimento/persuasão virou trunfo de mão dupla: quem sabe a 
importância de convencer alguém saberá também não cair tão fácil na 
primeira lábia de um interlocutor.” 
No livro, “Tratado de Argumentação”, Perelman e Tyteca desenvolvem a sua teoria da 
argumentação (contra o racionalismo) esforçando-se por valorizar o verossímil 
relativamente ao necessário e por destacar a importância das opiniões/persuasão por 
comparação com os fatos. Assim, “o campo da argumentação é o do verossímil, do 
plausível, do provável, na medida em que este último escapa às certezas do cálculo” 
(PERELMAN; TYTECA, 1996, p.1)7. 
 
A argumentação, diferentemente do raciocínio matemático,está afastada do conceito 
puro de verdadeiro ou falso. O raciocínio persuasivo ou convencedor ou persuasivo e 
 
4
 GARCIA, Othon. Comunicação em Prosa Moderna. 13 ed. Rio de Janeiro: FGV, 1986. 
5
 ABAURRE, Maria Luiza; ABAURRE, Maria Bernadete. Produção de texto: interlocução e gêneros. São 
Paulo: Moderna, 2007. p.277. 
6
 GUERREIRO, Carmen. A atração pelo argumento. Revista Língua, ano 5, n.60, p.42-47, out./2010. 
7
 PERELMAN, Chaim; TYTECA, Lucie Olbrechts. Tratado da argumentação: a nova retórica. São Paulo: 
Martins Fontes, 1996. 
5 
 
trabalha com a verossimilhança, com a ideia do que é meramente provável. Do que é 
válido e do que não é válido. Por isso, o argumento é uma ideia que conduz a 
determinada conclusão, e não necessariamente uma prova inequívoca da verdade 
(demonstração). 
De acordo com o dicionário eletrônico, HOUAISS 3.0, verossímil significa: 
 adjetivo de dois gêneros
1 que parece verdadeiro 
Ex.: uma narrativa v. 
2 que é possível ou provável por não contrariar a verdade; plausível 
Ex.: uma teoria v. 
O transcurso argumentativo, portanto, aceita o verossímil (que não é o mesmo que o 
verdadeiro), o verossímil é aquilo que aparece como verdadeiro/plausível no 
transcorrer do percurso argumentativo. 
Perelman e Tyteca (1996) afirmam, ainda, que a eficácia persuasiva de um argumento 
ou discurso retórico depende não só do orador, mas também da qualidade do auditório 
que é persuadido pelo discurso. 
 
Exemplário 
Exemplo de texto dissertativo-expositivo: 
O CNJ e sua atuação8 
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) é uma instituição pública que visa aperfeiçoar o 
trabalho do sistema judiciário brasileiro, principalmente no que diz respeito ao controle 
e à transparência administrativa e processual. 
O CNJ desenvolve e coordena vários programas de âmbito nacional que priorizam 
áreas como Gestão Institucional, Meio Ambiente, Direitos Humanos e Tecnologia. 
Entre eles estão: Conciliar é Legal, Metas do Judiciário, Lei Maria da Penha, Pai 
Presente, Começar de Novo, Justiça Aberta, Justiça em Números. 
Tem como missão contribuir para que a prestação jurisdicional seja realizada com 
moralidade, eficiência e efetividade em benefício da Sociedade. Atua na política 
judiciária zelando pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto 
da Magistratura, expedindo atos normativos e recomendações. Também é 
responsável por receber reclamações, petições eletrônicas e representações contra 
membros ou órgãos do Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias 
e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por delegação do 
poder público ou oficializado. 
Além disso, visa julgar processos disciplinares, assegurada ampla defesa, podendo 
determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou 
proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas 
aos envolvidos. 
Nota‐se, portanto, que o CNJ é um órgão do Judiciário de grande importância 
no controle e na regulação administrativa desse poder. 
 
 
8
Adaptado a partir do texto disponível em: http://www.cnj.jus.br/sobre-o-cnj/quem-somos-visitas-e-
contatos. Acesso em: 16 abr.2016. 
6 
 
Exemplo de texto dissertativo-argumentativo: 
Reincidência Social 
Antonio Zacarias de Oliveira Filho –IFMG-OP (2015) 
 
O “quebra” da ignorância relativa às leis vigentes, em especial, ao Código Penal 
e ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), é fator crucial para entender o 
retrocesso democrático que a PEC 173/93 representa. 
Em primeiro lugar, é preciso “quebrar” a ideologia que se fixou sobre a não 
legislação, alegando-se a inimputabilidade em delitos cometidos por jovens. Ora, todo 
brasileiro está condicionado ao Código Penal que prevê explicitamente punições para 
qualquer ato infracionário cometido por pessoas maiores de 12 anos. O jovem entre 12 
e 18 anos que infringir a lei será punido como medidas socioeducativas 
(sociodemagógicas), em diferentes graus, dependendo do ato cometido, indo desde a 
prestação de serviços à reclusão e internação em unidades como a Fundação Casa, 
por exemplo. 
O que falta à sociedade brasileira não é aumentar seu contingente carcerário, 
entulhando nas celas ainda mais jovens, mas sim executar em plenitude as leis e todo 
o conjunto de responsabilidades dos órgãos responsáveis pela fiscalização da 
execução destas. A existência de uma legislação comprometida em tornar a sociedade 
um lugar mais seguro e pacífico não pode ser confundido com legalidade em desviar 
atenção do governo de suas responsabilidades para com a juventude; tampouco pode 
servir de desculpa para se retirar das “vistas” dos nobres civis, os muitos jovens 
abandonados pelo Estado que sequer fornece-lhes uma educação libertadora. 
O Brasil possui a quarta 4ª maior população carcerária do planeta, com prisões 
superlotadas, verdadeiras escolas do crime, com índice de reincidência na casa dos 
70%. Já os crimes cometidos por menores infratores não representam 10% do índice 
marginal, no qual apenas 1% são atentados contra a vida, além disso, a taxa de 
reincidência dos jovens no mundo criminal é inferior a 10%, segundo dados da ONU. 
Reduzir a maioridade penal não significa reduzir o aliciamento de menores. 
Apenas serão mais novas as crianças aliciadas para o crime, e, avançando neste 
ritmo, em dez anos, veremos que a redução para 16 anos só possibilitou mais 
explosão carcerária e mais injustiça social. Aí pediremos a redução para 14, depois 
para 12, 10, 08... só parando, porque o Brasil é um país que proíbe o aborto. 
A alta reincidência criminal dos adultos presos é causada pelos massivos danos 
psicológicos e físicos que o adulto sofre em prisão. Se adultos não suportam esse 
inferno insalubre onde a condição humana e reduzida a animalidade, o que será então 
da mente dos nossos jovens lá adentrando cada vez mais jovens. Só daremos a ele a 
melhor escola de crime, já que a escola que deveríamos dar, não fomos capazes. 
A resolução de tal problema não consiste em apenas reduzir a maioridade penal, 
antes os defensores insanos de tal atrocidade estivessem cobertos de razão. 
Precisamos pensar nas políticas sociais, dentre elas as educacionais, e nas políticas 
humanitárias, antes de apontar o dedo e dizer que jovens marginalizados têm que ir 
para a cadeia. País que se preocupa com a segurança, não propõe redução de 
maioridade penal, cuida antes da mitigação da ignorância ideológica. 
 
7 
 
Exemplo de campanhas argumentativas: 
 
Tema: doação de órgãos e de sangue 
 
 
Exemplo de texto argumentativo: 
Tudo o que é ruim vicia, eu diria se quisesse ofender Diogo Mainardi, que até 
seus críticos (como eu) leem compulsivamente. Mas não quero ofendê-lo. Quero 
apenas estimular as pessoas a lê-lo conscientemente. Mainardi não é veneno. É como 
o álcool, que pode ser usado para sair (só um pouco) do sério. Mainardi é diversão. 
Lê-lo é como ir ao circo. Se não existisse gente como ele, que tem o dom de fornecer 
à classe média desculpas para ser inconsequente e alienada, não ficaria tão claro que 
tipo de postura diante da vida se deve combater. (E.G.- SP - carta do leitor, Revista 
Veja, 28- 07-2004, Coluna: Seria o caso de mudar para Cabul?)9 
 
Convencer x persuadir 
 Convencer é "com vencer", "vencer com", "vencer junto", ou seja, é fazer o outro 
acreditar em seus pensamentos, por meio da: razão (raciocínio que conduz à 
indução ou dedução de algo); demonstração (dados/estatística); prova 
(testemunhas/provas). Veja o exemplo a seguir: 
 
9
 Exemplo citado por: PILLON, Samariene Lúcia Lopes Pillon. Argumentação e leitura.Disponível em: 
http://coral.ufsm.br/lec/02_05/Samariene.pdf . Acesso em: 29 out. 2011. 
8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: http://www.ecodebate.com.br/2010/09/15/cai-o-numero-de-pessoas-que-passam-fome-no-mundo-
paises-em-desenvolvimento-concentram-98-dos-famintos/ 
 
 Persuadir é fazer com que o outro faça algo que queremos que ele faça, usando: 
o campo da emoção, das imagens criadas, do trabalho com a linguagem, 
motivando aquela pessoa a aderir ao ponto de vista desejado. Veja o exemplo a 
seguir: 
 
10 
Fonte: http://www.ucrs.com.br/?p=9781 
 
 
9 
 
 
CAMPANHAS A FAVOR DO DESARMAMENTO 
CONVENCIMENTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PERSUASÃO 
 
 
 
10 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
A eficácia das palavras certas 
 
Análise o texto adiante e verifique onde foi empregado convencimento e onde foi 
empregado persuasão: 
O cego e o publicitário 
Havia um cego sentado numa calçada em Paris. A seus pés, um boné e um cartaz, em 
madeira, escrito com giz branco dizia: "Por favor, ajude-me. Sou cego". Um publicitário 
da área de criação, que passava em frente a ele, parou e viu umas poucas moedas no 
boné. Sem pedir licença, pegou o cartaz e com o giz escreveu outro conceito. Colocou 
o pedaço de madeira aos pés do cego e foi embora. Ao cair da tarde, o publicitário 
voltou a passar em frente ao cego que pedia esmola. Seu boné, agora, estava cheio 
de notas e moedas. O cego reconheceu as pisadas do publicitário e perguntou se 
havia sido ele quem reescrevera o cartaz, sobretudo querendo saber o que ele havia 
escrito. O publicitário respondeu: "Nada que não esteja de acordo com o conceito 
original, mas com outras palavras". E, sorrindo, continuou o seu caminho. O cego 
nunca soube o que estava escrito, mas seu novo cartaz dizia: "Hoje é primavera em 
Paris e eu não posso vê-la". 
Fonte: http://www.portaldapropaganda.com/marketing/meu_conceito/2004/07/0001. 
ARGUMENTAR X MANIPULAR 
A manipulação é o uso de recursos argumentativos com o intuito de ludibriar o ouvinte, 
corresponde ao uso da retórica em que as limitações da racionalidade do auditório são 
vistas como uma oportunidade a explorar com objetivo negativo e perverso. Manipular 
alguém é fazer essa pessoa aceitar ou fazer algo sem avaliar cuidadosamente as 
coisas por si mesmo. 
A seguir, apresento um esquema básico para diferenciar argumentação de 
manipulação: 
 
Dica: dois filmes tratam a questão entre argumentação e manipulação de forma 
12 
 
interessante, como temática de seu enredo, no intuito de manipular a opinião pública: 
Obrigado por fumar (2005) e Especialista em crise (2015). 
 
 
A IMPORTÂNCIA DO ENQUADRAMENTO DISCURSIVO 
O “enquadramento” funciona como uma delimitação e relativização das crenças do 
seu leitor para que se construa nele a disposição para ouvir/ler e, possivelmente, ser 
convencido ou persuadido. Refere-se, ainda, conforme ensinam Perelman e Tyteca 
(1996), a criar o contexto adequado para se tratar de uma temática, para que ela 
alcance seus objetivos argumentativos: 
Leia a decisão do juiz descrita abaixo e observe como o juiz enquadra sua decisão: 
Caso melancia 
Justiça: Penal 
Direito discutido: furto 
N. processo: autos nº 124/03 
Localidade: Palmas/TO 
Nome do juiz: Rafael Gonçalves de Paula 
Instância: primeira- 3ª Vara Criminal da Comarca 
Ponto relevante da decisão: decisão contra a lei, o juiz não aponta fundamentação 
legal 
 
 
DECISÃO 
Trata-se de auto de prisão em flagrante de Saul Rodrigues Rocha e Hagamenon 
Rodrigues Rocha, que foram detidos em virtude do suposto furto de duas (2) 
melancias. Instado a se manifestar, o Sr. Promotor de Justiça opinou pela manutenção 
dos indiciados na prisão. 
 
Para conceder a liberdade aos indiciados, eu poderia invocar inúmeros fundamentos: 
os ensinamentos de Jesus Cristo, Buda e Ghandi, o Direito Natural, o princípio da 
13 
 
insignificância ou bagatela, o princípio da intervenção mínima, os princípios do 
chamado Direito alternativo, o furto famélico, a injustiça da prisão de um lavrador e de 
um auxiliar de serviços gerais em contraposição à liberdade dos engravatados que 
sonegam milhões dos cofres públicos, o risco de se colocar os indiciados na 
Universidade do Crime (o sistema penitenciário nacional). 
 
Poderia sustentar que duas melancias não enriquecem nem empobrecem ninguém. 
 
Poderia aproveitar para fazer um discurso contra a situação econômica brasileira, que 
mantém 95% da população sobrevivendo com o mínimo necessário. 
 
Poderia brandir minha ira contra os neoliberais, o consenso de Washington, a cartilha 
demagógica da esquerda, a utopia do socialismo, a colonização europeia. 
 
Poderia dizer que George Bush joga bilhões de dólares em bombas na cabeça dos 
iraquianos, enquanto bilhões de seres humanos passam fome pela Terra - e aí, cadê a 
Justiça nesse mundo? 
 
Poderia mesmo admitir minha mediocridade por não saber argumentar diante de 
tamanha obviedade. 
 
Tantas são as possibilidades que ousarei agir em total desprezo às normas técnicas: 
não vou apontar nenhum desses fundamentos como razão de decidir. 
 
Simplesmente mandarei soltar os indiciados. Quem quiser que escolha o motivo. 
Expeçam-se os alvarás. 
 
Palmas - TO, 05 de setembro de 2003. 
Rafael Gonçalves de Paula 
Juiz de Direito 
 
Ainda, é necessário ressaltar que o “enquadramento” funciona por meio de uma contra 
argumentação inicial, tentando destituir de autoridade e valor o argumento mais forte 
contrário à sua tese. Se o argumento contrário à sua tese for irrefutável, incorpore-o ao 
seu discurso, relativizando-o. 
Suponha que seu leitor seja um ativista pelos direitos humanos e você deseje 
defender no seu texto a implantação da pena de morte. A melhor forma de começar 
seu texto é explicitar desde o início sua tese? Certamente, que não. É preciso vir se 
construindo um território “amigável” até chegar a tal tese. 
 
Exemplo de uma defesa que usa o enquadramento11: 
"Por isso, senhores, se um dia, em um momento trágico da sua vida, este pobre 
homem chega ao homicídio, não é a imoralidade que o arrasta ao crime, mas, 
sobretudo, a aberração momentânea de uma paixão desculpável e generosa, o amor, 
que lhe tira a energia de querer e o torna menos firme no caminho da vida". 
 
11
 Outro exemplo interessante de enquadramento pela criação de “imagem” pode ser observado no vídeo 
“O poder da imagem” que está no link: http://www.youtube.com/watch?v=Z0ka3A5uSVI, que da forma 
com que o Marketing Político se utiliza da arte da persuasão para nos convencer. 
 
14 
 
"É unicamente sob esse ângulo visual que vós, juízes humanos, deveis e podeis julgar 
a responsabilidade do réu, no momento em que cometeu o crime, sem que façam 
desviar e obscurecer a vossa consciência certas preocupações, nobres em si 
mesmas, quando olhadas em abstrato, mas que nada têm a ver com o caso quando 
olhadas com profundidade." 
Enrico Ferri – Livro: Defesas Penais 
 
CUIDADOS COM O DISCURSO 
Ao se construir o texto argumentativo, seja oral ou escrito, é fundamental ter cuidado 
na escolha dos argumentos. No processo da argumentação, as posições ideológicas 
fundamentalistas não podem constituir argumentos de autoridade, constituem-se 
como falácias, pois sua validade só é reconhecida pelo locutor, mas não 
obrigatoriamente pelos interlocutores. 
Por exemplo: 
1. Não darei importância ao caso, pois foi proposto por um grupo de maçons e todos 
nós sabemos que essa gente vive misturada com magia negra e forças ocultas para 
ficarem poderosos. 
2. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) concluiu a denúncia contra Marco 
Feliciano(PSC/SP) e Jair Bolsonaro (PP/RJ) por campanha de ódio. Em conjunto com 
mais de vinte entidades ligadas aos direitos humanos, a entidade deve enviar ao 
presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN). Os grupos querem entrar 
com uma representação junto à Corregedoria da Câmara, acusando os dois 
parlamentares de quebra de decoro parlamentar em virtude de divulgação de vídeos 
considerados difamatórios, o que poderia resultar na cassação dos mandatos de 
ambos. 
3.
 
 
Ex. 4: Leia adiante, reportagem do Jornal Pragmatismo Político, que critica 
“posicionamento preconceituoso” de Jair Bolsonaro, em discurso no Clube 
Hebraica12, no Rio de Janeiro, em 04 de abril de 2017: 
 
 
12
 Link para palestra completa: https://www.youtube.com/watch?v=wgIuIsMrVxE 
15 
 
Jair Bolsonaro faz comentário imperdoável sobre negros quilombolas 
Durante discurso para a comunidade judaica no clube Hebraica no Rio de Janeiro, Jair 
Bolsonaro afirmou que negros quilombolas 'não servem pra nada, nem para procriar'. O 
deputado afirmou ainda que reservas indígenas e quilombos atrapalham a economia 
 
Jair Bolsonaro no clube Hebraica, no Rio de Janeiro 
Em discurso para cerca de 300 pessoas no auditório do clube Hebraica, na zona sul do Rio de Janeiro, 
nesta terça-feira (4), o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) voltou a proferir frases polêmicas e 
ofensivas. 
Segundo o Estadão, o presidenciável prometeu que irá acabar com todas as 
reservas indígenas e comunidades quilombolas do país caso seja eleito em 2018. 
Bolsonaro aproveitou o momento para atacar as comunidades tradicionais: 
– Pode ter certeza que se eu chegar lá não vai ter dinheiro pra ONG. Se 
depender de mim, todo cidadão vai ter uma arma de fogo dentro de casa. Não vai ter 
um centímetro demarcado para reserva indígena ou para quilombola. 
Em fevereiro, na Paraíba, Bolsonaro sugeriu dar um fuzil para os fazendeiros 
como cartão de visita contra o MST. 
O deputado afirmou que as reservas indígenas e quilombolas atrapalham a 
economia: “Onde tem uma terra indígena, tem uma riqueza embaixo dela. Temos que 
mudar isso daí”. 
Ele disse que foi “a um quilombo”. De lá, voltou com a seguinte percepção: “O 
afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada. Eu acho que nem 
para procriador eles servem mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gasto com eles.” 
O presidenciável também não poupou os refugiados. “Não podemos abrir as 
portas para todo mundo”, disse. Ele não se mostrou, porém, avesso a todos os 
estrangeiros: “Alguém já viu algum japonês pedindo esmola? É uma raça que tem 
vergonha na cara!”. 
No mesmo discurso, Bolsonaro ainda ironizou as mulheres: “Eu tenho cinco 
filhos. Foram quatro homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio uma mulher” 
Bolsonaro foi convidado para discursar no clube Hebraica do Rio de Janeiro 
após ter sua palestra boicotada no Hebraica de São Paulo. Mesmo no Rio, 100 
pessoas protestaram do lado de fora do clube contra a palestra do deputado. 
16 
 
Repercussão 
Muitos representantes da comunidade judaica no Rio de Janeiro repudiaram a 
fala racista de Bolsonaro. O médico Nelson Nisenbaum disse que o evento foi uma 
ofensa ao legado do judaísmo. 
“É profundamente amargo verificar que entre nós, judeus, há tantas pessoas 
que não tem capacidade de perceber, entender e temer os discursos de ódio, 
discriminação e totalitarismo desse patético ser. Permitir sequer que estas ideias 
adentrem um ambiente judaico, ainda que não essencialmente religioso ou litúrgico, é 
um verdadeiro sacrilégio, uma profanação, uma grave ofensa ao legado humanista do 
judaísmo, tão sagrado e caro a nós”, afirmou. 
Em vídeo publicado no Facebook, a cineasta Ieda Rosenfeld criticou o fato de 
haver “300 judeus cegos” aplaudindo as declarações preconceituosas de Bolsonaro. 
“Eu estava lá para ver se era verdade tudo que falam dele e ele é um imbecil”, afirmou. 
“Eu fui criada na Hebraica, é o berço dos meus avós”, completou. 
 
Confira abaixo algumas das frases mencionadas no tumblr e outras passagens 
rememoradas por Pragmatismo Político: 
 
1. “O erro da ditadura foi torturar e não matar.” (Jair Bolsonaro, em discussão com 
manifestantes) 
2. “Pinochet devia ter matado mais gente.” (Bolsonaro sobre a ditadura chilena de Augusto 
Pinochet. Disponível na revista Veja, edição 1575, de 2 de Dezembro de 1998 – 
Página 39) 
3. “Seria incapaz de amar um filho homossexual. Prefiro que um filho meu morra num acidente 
do que apareça com um bigodudo por aí.” (Jair Bolsonaro em entrevista sobre 
homossexualidade na revista Playboy) 
4. “Não te estupro porque você não merece.” (Jair Messias Bolsonaro, para a deputada 
federal Maria do Rosário) 
5. “Eu não corro esse risco, meus filhos foram muito bem educados” (Bolsonaro para Preta 
Gil, sobre o que faria se seus filhos se relacionassem com uma mulher negra ou com 
homossexuais) 
6. “A PM devia ter matado 1.000 e não 111 presos.” (Bolsonaro, sobre o Massacre do 
Carandiru) 
7. “Não vou combater nem discriminar, mas, se eu vir dois homens se beijando na rua, vou 
bater.” (Afirmação de Jair Bolsonaro após caçoar de FHC sobre este segurar uma 
bandeira com as cores do arco-íris) 
8. “Você é uma idiota. Você é uma analfabeta. Está censurada!”. (Declaração irritada de Jair 
Bolsonaro ao ser entrevistado pela repórter Manuela Borges, da Rede TV. A jornalista 
decidiu processar o deputado após os ataques) 
9. “Parlamentar não deve andar de ônibus”. (Declaração publicada pelo jornal O Dia em 
2013) 
17 
 
10. “Mulher deve ganhar salário menor porque engravida” (Bolsonaro justificou a frase: 
“quando ela voltar [da licença-maternidade], vai ter mais um mês de férias, ou seja, 
trabalhou cinco meses em um ano”) 
 
Atividade 
 
1) Um exercício que ajuda a desenvolver bastante a capacidade argumentativa é 
o desafio de tentar convencer ou persuadir alguém a comprar coisas absurdas. 
 Encontre argumentos para persuadir/convencer um colega a comprar de você: 
a) um bilhete de loteria já vencido e não premiado 
b) um monumento público de sua cidade 
c) uma escova de dente usada 
d) um saquinho de leite furado 
e) um dente de leite 
f) um cheque sem fundos 
 
2) Explique com suas palavras os seguintes conceitos: 
1. O que é dissertar? 
2. O que é argumentar? 
3. O que é um texto dissertativo-argumentativo? 
4. O que é convencer? 
5. O que é persuadir? 
6. Qual a diferença entre argumentação e manipulação? 
7. Por que, ao argumentar, em muitas ocasiões, é importante fazer o prévio 
enquadramento do discurso? 
8. Qual o perigo de se assumir defesa de posicionamento ideológicos 
fundamentalistas e preconceituosos, durante uma argumentação? Por quê? 
 
 
FALÁCIA13: ARGUMENTOS FALACIOSOS14 
Falácia: qualquer enunciado ou raciocínio falso que, entretanto, simula a veracidade. 
(Dicionário Houaiss eletrônico v.2.0) 
 
A falácia, conforme ensina o professor Fredric Litto, da ECA-USP: 
 
13
 O sofisma e a falácia são designações dadas a argumentos capciosos e falsos, intencionais ou não. 
14
 Essa unidade está baseada nos pressupostos teóricos de Chaim Perelman e Lucie Olbrechts-Tyteca, 
dispostos no livro, A Nova Retórica (1996); em Antonio S. Abreu, no livro, A Arte de Argumentar (2009). 
18 
 
é um argumento falso, ou uma falha num argumento, ou ainda, um 
argumento mal direcionado ou conduzido. A origem da palavra "falaz" remete 
à ideia do deceptivo, do fraudulento, do ardiloso, do enganador, do quimérico. 
[...] 
Note bem: não confunda mentiras com falácias. Mentirassão desvios ou 
erros propositais sobre fatos reais; falácias, por outro lado, são discursos, ou 
tentativas de persuadir o ouvinte ou leitor; promovendo um engano ou desvio, 
porque suas estruturas de apresentação de informação não respeitam uma 
lógica correta ou honesta, pois foram manipuladas certas evidências ou há 
insuficiência de prova concreta e convincente. Uma afirmação falaciosa pode 
ser composta de fatos verdadeiros, mas sua forma de apresentação conduz a 
conclusões erradas. Toda pessoa esclarecida, instada a elaborar 
argumentos, por força do trabalho que executa ou de situações cotidianas, 
deve reconhecer nos próprios argumentos o uso proposital do raciocínio 
falacioso (intenção de ludibriar) e a imperícia de raciocínio (lógica 
acidentalmente comprometida). (LITTO, 2015, p. 1)
 15
 
 
Uma falácia é, portanto, ou um desvio ou uma falha num argumento, ou ainda, um 
argumento mal direcionado ou conduzido, que foge ao cerne da questão debatida. 
Uma afirmação falaciosa pode ser composta de fatos verdadeiros, mas sua forma de 
apresentação conduz a conclusões erradas. A falácia tem todo o aspecto de um 
argumento correto e válido, embora não o seja. Esse é seu grande perigo: parece 
correto, mas não é, além do que, leva a outros erros de pensamento, como 
conclusões erradas. Não falham no nível lógico, mas sim no nível do conteúdo. 
Ex. 1: Leia o anúncio publicitário e tente descobrir a falácia nele presente:16 
 
Texto do anúncio: 
Saddam: Em 1990 invadiu outro país sem 
autorização da ONU por causa do 
petróleo. 
Em 2004 está preso e sendo julgado por 
crimes de guerra e contra a humanidade. 
 
Bush: Em 2002 invadiu outro país sem 
autorização da ONU por causa do 
petróleo. 
Em 2004 foi reeleito presidente dos 
Estados Unidos da América. 
 
Conclusão: O mundo trata melhor quem 
fala inglês (CNA). 
 
Ex. 2 de falácia17: 
Mariana vive um momento de grande índice de desemprego. Entrevistei, 
aleatoriamente, 20 pessoas desempregadas em Mariana e acredito que as conclusões 
de minha pesquisa dão um retrato fiel da situação do marianense desempregado. 
Ex. 3 de falácia18 
 
15
 LITTO, Fredric Michael. Argumentos falaciosos: pequeno compêndio para evitar a compra de gato 
por lebre. 2002. Disponível em: http://cev.org.br/biblioteca/argumentos-falaciosos-pequeno-compencio-
para-evitar-compra-gato-por-lebre/ Acesso em: 17 out. 2016. 
16
 Generalização precipitada 
17
 Generalização precipitada 
19 
 
Deputado de um partido político considerado de "esquerda" afirma: "É importante 
limitar a liberação de agrotóxicos cancerígenos em nosso país porque é possível que 
os seus efeitos envenenem a atmosfera e o solo." E um deputado de um partido 
considerado de "direita" responde: "Não podemos acreditar na opinião do meu colega 
porque ele é 'esquerdista', e todo mundo sabe que a 'esquerda' está sempre tentando 
controlar o crescimento do agronegócio." 
 
 
Casos em que a argumentação pode se dar pela via da falácia 
1) Argumento ad hominem (contra a pessoa ou condenando a fonte): 
 Ataca-se o interlocutor, tenta-se desacreditar o oponente, sem se discutir o 
assunto em questão. 
Exemplo: 
1- O que o colega está dizendo sobre as estratégias a serem adotadas na empresa 
não pode ter o menor fundamento, uma vez que ele não é um pai responsável. 
 2- L1: Foi este o homem que vi roubando aquele carro! 
 L2: Como pode afirmar isso sendo você um conhecido bêbado? 
 
3. Não sabes o que dizes por que é um analfabeto. 
2) Argumento ad baculum (apelo à força): 
 Quando não há argumentos, fazem-se ameaças (quase física ou física). 
 Uma argumentação baseada no argumentum ad baculum assume geralmente 
seguinte forma: 
 Se x não aceitar P como verdade, então Q. 
 Q é um castigo (consequência negativa) para x. 
 Portanto, P é verdade. 
 
Exemplo: 
1- É melhor você votar a favor da nossa proposta, senão será demitido, sem conversa. 
2- Siga meu conselho, amigo, senão você vai se arrepender. 
3- Se você apagar esses comentários eu escolherei os temas mais populares do seu 
blog e publicarei neles, todos os dias, esses textos acima, todos eles! Mantenha 
publicado as minhas respostas aos seus equívocos, ou aprenderá na marra!!!19 
4- Faça assim ou você vai para o Inferno quando morrer! 
5- O exemplo colhido de Abreu (2009, p.66): quando uma mãe, para afastar o filho 
pequeno das proximidades do fogão, em vez de dizer-lhe que “é muito quente”, que 
ele pode se machucar, afirma simplesmente: “Sai daí, senão você apanha”, está 
empregando o Argumentum ad Baculum, cuja tradução é “argumento do porrete”. 
 
18
 Ad hominem 
19
 In: http://eradoespirito.blogspot.com.br/2013/11/crencas-ceticas-xxii-pequeno-manual-de.html 
20 
 
 
3) Argumento ad terrorem (do terror): 
 Apela-se para as consequências negativas que podem advir da não aceitação 
da tese. Terror psicológico. 
Exemplo: 
1. Ou você aceita nossa condição ou pode ser o fim da empresa. 
3. Preste atenção no que digo: se você apagar esses comentários eu escolherei os 
temas mais populares do seu blog e publicarei neles, todos os dias, esses textos 
acima, todos eles!20 
2. “Conversaram no trajeto; a autora, hesitante, relutante, com medo de perder o 
emprego. O réu, gentil, polido, falsamente sedutor, mas deixando clara a opção: ou a 
autora se transformava em sua amante fixa ou teria que procurar rapidamente um 
novo emprego” (trecho do livro: Em segredo de Justiça) 
Para eliminar dúvidas: 
 
Ad baculum Ad terrorem 
1. Flávia: _ Olá, Marcos! Você irá participar 
do protesto que vamos promover? 
Marcos: Ainda não sei... 
Flávia: Se você não participar, você irá se ver 
com a gente depois! 
2. Flávia: _ Olá, Marcos! Você irá participar 
do protesto que vamos promover? 
Marcos: Ainda não sei... 
 Flávia: Se você não participar, podemos 
todos ser demitidos! 
 
-------------------------------------------------------------------------- 
4) Argumento ad populum (ao povo): 
 É a tentativa de distrair a atenção da ideia em discussão e criar no ouvinte o 
desejo de ser aceito dentro do grupo. Sugere que quanto mais pessoas apoiam 
uma ideia, mais correta ou verdadeira ela é. Em vez de apresentar evidência 
referente à falsidade ou qualidade verídica de uma enunciação, substituir a 
 
20
 In: http://eradoespirito.blogspot.com.br/2013/11/crencas-ceticas-xxii-pequeno-manual-de.html 
21 
 
informação por impressões: como as pessoas se sentem sobre ela. Apela-se à 
emoção do interlocutor por meio de uma retórica que o desvia do foco do 
assunto. 
 Falácia que presume que algo popular é bom, correto ou desejável 
Exemplos: 
1- Você quer ser feliz? Então entre para o nosso clube de vantagens. (propaganda) 
2- Talvez Sérgio viesse a ser o melhor presidente do Clube dos Funcionários, mas 
todo mundo vai votar em João. Entre na onda. Por que gastar seu voto em alguém que 
não vai ganhar? 
 
 
5) Argumento ad verecundiam (apelo à autoridade eminente – mau uso da 
autoridade): 
 Quando se apresenta como força da argumentação a referência ou citação de 
autoridades no assunto ou pessoas respeitáveis, sem que de fato tenham a ver 
com o tema tratado. Utilizar-se de tais referências sem fundamento pode 
confundir o leitor/ouvinte, que acabará acreditando antes de realizar qualquer 
julgamento. 
 
Exemplo: 
1. Quando digo que tenho razão, penso em Ronaldo Fenômeno, que diz na 
propaganda que a lâmina da Gilette é a melhor que existe. Ele é um craque, sabe bem 
o que diz! 
 
3. Um advogadose vê questionado de maneira insistente por um estagiário. Lá pelas 
tantas, irritado após cometer um deslize em sua fala, o advogado argumenta que tem 
especialização e mestrado e isso é mais do que suficiente para o estagiário confiar 
nele, independente do que falar. 
------------------------------------------------------------------------------- 
2. Apelo à Falsa Autoridade: se o 
Cristiano Ronaldo usa pulseiras 
quânticas, e ele é uma autoridade no 
futebol, então só pode ser especialista 
em física quântica, e se as usa é porque 
funcionam. 
 
22 
 
6) Argumento Secundum Quid (Generalização Precipitada) 
 O erro de afirmar que o que é verdade em algumas instâncias deve ser 
verdade em todas ou em quase todas as instâncias, ou de tentar estabelecer 
uma regra geral após achar algumas poucas evidências. É tentar caracterizar 
uma grande população a partir de evidência de poucos dos seus membros. 
Exemplo: 
1- João estava atrasado para o serviço na segunda-feira. Suzana e José estavam 
atrasados na terça-feira. João, Suzana e José fazem parte do mesmo departamento, 
que tem vinte funcionários. Evidentemente, os funcionários daquele departamento 
sempre chegam atrasados ao serviço. 
2- Entrevistei cem pessoas de uma favela de São Paulo sobre seus hábitos 
alimentares. Acredito que as minhas conclusões dão um retrato fiel da situação 
alimentar da população favelada na cidade. 
 
----------------------------------------------------------------- 
7) Argumento ad misericordiam (Dirigido às Emoções, ao Sentimento de Pena): 
 É a tentativa de ignorar a evidência e convencer o ouvinte a acreditar numa 
afirmação baseada no seu sentimento de comiseração, ou de superstição. 
Exemplo: 
(Do mundo do tribunal de justiça) 
1- Membros do júri, o réu nunca poderia ter cometido esse crime. Afinal de contas, é 
um pai de família: tem esposa e seis filhos que dependem dele. 
 
--------------------------------------------------------------------- 
8) Argumento do senso comum e dos estereótipos: 
 O argumento de senso comum é aquele que se aproveita de uma afirmação 
que goza de consenso geral, não sendo contestada por nenhum dos 
interlocutores. O senso comum é aquele conhecimento amplo e genérico que 
não possui lastro científico aprofundado, mas que está amplamente difundido 
no seio da sociedade. Portanto, se alguém afirma que a função do Direito é 
distribuir justiça ou, também na mesma esteira, afirma que sem a educação o 
país não vai adiante, está usando do senso comum. 
 Tal senso comum transforma-se em argumento, então, quando é aplicado no 
discurso para fundamentar determinada ideia. Esse tipo de argumento e 
sempre muito brando, vago, obtuso, e por isso são raras as vezes que sua 
colocação em um discurso opera a vitória, exclusivamente. 
 A argumentação baseada exclusivamente no senso comum, como se sabe, 
não ultrapassa a mera exposição, e assim não persuade. É bastante 
corriqueira no discurso politico. 
23 
 
 É comum terminar com expressões parecidas com essa: por que é assim eu 
não sei, só sei que sempre foi assim. 
Exemplo: 
1. Claro que ele é culpado, veja onde morava e com quem andava, meus caros, é 
sabido que a favela é lugar de bandido, sempre foi assim. 
2. É lógico que foi o Marcos e não a Olívia quem fez isso, você sabe como é... 
meninos são sempre desorganizados!" 
------------------------------------------------------------------------------ 
9) Falácia da novidade: (Ad Novitatem) 
 Argumentar que o novo é sempre melhor. 
Exemplo: 
É lógico que o meu carro é melhor que o seu, pois o meu é o novo modelo da marca. 
 
-------------------------------------------------------------------------------- 
10) Falácia do naturalista ou apelo ao natural: 
Argumentar que, porque algo é natural, é bom. 
Exemplo: 
Suco em caixinha! É bom porque é natural. 
 
24 
 
 
ARGUMENTOS VERDADEIROS OU NÃO FALACIOSOS: 
 
Cinco tipos básicos: 
1. ARGUMENTO DE AUTORIDADE 
2. ARGUMENTO DE PROVAS CONCRETAS 
3. ARGUMENTO DE CAUSA E CONSEQUÊNCIA 
4. ARGUMENTO DO RACIOCÍNIO LÓGICO 
5. ARGUMENTO DA EXEMPLIFICAÇÃO/ILUSTRAÇÃO 
6. ARGUMENTO DA OPOSIÇÃO 
7. ARGUMENTO DA ANALOGIA 
 
 
1) Argumento de Autoridade (ab auctoritate): 
 Quando se utiliza um pensador, estudioso ou teórico renomado como 
embasamento para a tese. Deve-se ter o cuidado de não transformar a 
argumentação em coerção, uma vez que nem sempre o estudioso está correto 
em seus posicionamentos. 
 A intenção, ao usar um argumento de autoridade, é confirmar a proposta 
apresentada. Baseia-se em argumentos de especialistas da área, cuja opinião 
é partilhada pelo redator. Argumentar por autoridade significa trazer ao 
discurso a opinião de pessoa reconhecida em determinada área do saber, para 
que suas palavras funcionem como reforço à veracidade da tese ou daquilo 
que se apresenta no texto produzido. Quando o argumentante usa esse tipo de 
técnica, toma de empréstimo o conhecimento e o renome da autoridade citada 
e acrescenta-os a seu próprio discurso. 
 Indique com perfeição a fonte citada - O argumento de autoridade deve permitir 
a seus interlocutores a comprovação de sua autenticidade. Por isso a citação 
bibliográfica precisa é imprescindível. 
Resumindo: É a citação de autores ou entidades renomados, autoridades num certo 
domínio do saber, numa área da atividade humana para: 
• reforçar uma tese, um ponto de vista; 
• criar a imagem de que o falante sabe o que está falando (uma vez que 
já leu o que pensaram outros autores sobre ele) 
• tornar os autores citados fiadores de veracidade. 
• Gerar confiabilidade da informação 
25 
 
Servem a isso os estudos teóricos da área, os códigos, a lei, os juristas de notório 
saber, as jurisprudências. 
Ex. 1: Redução da maioridade penal 
O UNICEF expressa sua posição contrária à redução da idade penal, assim como à 
qualquer alteração desta natureza. Acredita que ela representa um enorme retrocesso 
no atual estágio de defesa, promoção e garantia dos direitos da criança e do 
adolescente no Brasil. O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do 
Adolescente (CONANDA) defende o debate ampliado para que o Brasil não conduza 
mudanças em sua legislação sob o impacto dos acontecimentos e das emoções. O 
Conselho Regional de Psicologia (CRP) lança a campanha Dez Razões da 
Psicologia contra a Redução da idade penal, CNBB, OAB, Fundação Abrinq 
lamentam publicamente a redução da maioridade penal no país. 
 
Ex. 2: Publicidade Infantil e obesidade 
Sandra Amorim, que representa o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e 
do Adolescente, afirma que faltam recursos para garantir às crianças todos direitos 
previstos na Constituição e para protegê-las de toda a forma de exploração, violência 
e opressão. “Ao permitir que elas [crianças] recebam informações em excesso que as 
incitem ao consumismo estamos produzindo uma violação ao direto da criança de ter 
um desenvolvimento saudável”, afirma. (Fonte: http://www.ecodebate.com.br/2012/09/12/publicidade-
infantil-obesidade-infantil-esta-relacionada-a-propaganda-de-refeicoes-fast-food/) 
 
2) Argumento de provas concretas (por comprovação): 
ao empregarmos os argumentos baseados em provas concretas, buscamos evidenciar 
nossa tese por meio de informações concretas, extraídas da realidade. 
• Dados estatísticos, 
• Provas, evidências e laudos, 
• Testemunhas, evidências 
• Fotografias e gravações etc. 
 O uso de provas, dados estatísticos, elementos que comprovem o dito. 
Exemplo: 
Ex.1: Publicidade Infantil e obesidade 
A publicidade infantil voltada para estimular o consumo de alimentos gordurosos deve 
ser mais controlada pelo governo, pois houve aumento substancial do percentual de 
crianças e adolescentes com excessode peso e obesas nos últimos anos, atingindo 
mais de 30% do público entre 5 e 9 anos de idade e cerca de 20% de crianças e 
jovens entre 10 e 19 anos. 
 
Ex. 2: 
26 
 
 
A redução da maioridade penal, de 18 para 16 anos, é apoiada por 87% dos 
entrevistados em uma pesquisa feita pelo Datafolha e divulgada nesta segunda-feira 
(22). Foram ouvidas 2.840 pessoas em 174 municípios do país. A margem de erro é 
de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. 
Entre os que defendem a redução, 73% acham que ela deveria ser aplicada para 
qualquer tipo de crime, e 27% para determinados crimes. 11% dos entrevistados se 
disseram contrários à mudança na legislação; 1% se declarou indiferente e 1% não 
soube responder. 
No entanto, se pudessem sugerir outra idade para uma pessoa ir para a cadeia por um 
crime que cometeu, 11% dos entrevistados disseram que a idade mínima deveria ser 
de 12 anos; 26% acham que deveria ser de 13 a 15 anos; 48%, de 16 a 17 anos; 12% 
de 18 a 21 anos e 4% não souberam responder. 
(Fonte: http://g1.globo.com/politica/noticia/2015/06/reducao-da-maioridade-penal-e-aprovada-por-87-diz-datafolha.html) 
 
Ex. 3: Violência nas escolas 
O tema da violência nas escolas não é novo, o que acontece hoje é que são mais 
visíveis e corriqueiros. Em 1999 - EUA - Dois alunos armados matam doze estudantes 
e um professor em Columbine. Em 2007 - EUA - Um estudante da universidade 
Virginia Tech matou 32 pessoas e feriu 15. Em 2009 - Alemanha - Jovem de 17 anos, 
ex-aluno da escola secundária Albertville, abre fogo contra estudantes e mata dez 
pessoas. Em 2011 – Brasil - Tragédia em Realengo – Rio de Janeiro - 12 mortos e 
vários feridos. Em 2011 – Brasil - Tragédia em São Caetano do Sul - SP , garoto de 10 
anos atira contra professora dentro da sala de aula e depois se mata. 
 
3) Argumento de causa / consequência21: 
 Causa: estabelece-se uma relação de causalidade ou não para a comprovação 
da tese. É um argumento pragmático, muito fácil de ser utilizado. 
 para comprovar uma tese, você pode buscar as relações de causa (os 
motivos, os porquês) e de consequência (os efeitos) entre seus elementos. 
 
Exemplo: 
 
21
 Quando mal usados, podem se tornar falaciosos também: Tautologia ou Petição de Princípio: 
(demonstrar uma tese, repetindo-a com palavras diferentes) – acontece quando se utiliza a própria 
afirmação como causa dela mesma. Exemplo: o fumo faz mal á saúde porque prejudica o organismo 
(prejudicar o organismo é o mesmo que fazer mal à saúde ou em “a ação é injusta porque é condenável e 
que é condenável porque é injusta”). 
Tomar como causa, explicação, razão de ser um fato, que, na verdade, não é causa dele – O que veio 
depois de um fato não é necessariamente efeito do que aconteceu antes dele. 
 
27 
 
Ex.1: Publicidade Infantil 
O grande vilão da obesidade infantil seriam as peças publicitárias que se valem do 
licenciamento de personagens ou mascotes e da venda casada para estimular o 
consumismo nesse público. Isso faz com que a criança não peça ao pai o biscoito de 
um gosto específico, mas do personagem A ou B”. 
Ex.2: Redução da maioridade penal 
O problema da marginalidade é causado por uma série de fatores. Vivemos em um 
país onde há má gestão de programas sociais/educacionais, escassez das ações de 
planejamento familiar, pouca oferta de lazer nas periferias, lentidão de urbanização de 
favelas, pouco policiamento comunitário, e assim por diante. 
A redução da maioridade penal não visa a resolver o problema da violência. Apenas 
fingir que há “justiça”. Um autoengano coletivo quando, na verdade, é apenas uma 
forma de massacrar quem já é massacrado. Se reduzida a idade penal, os jovens 
serão recrutados cada vez mais cedo. 
 
Ex. 3.Retirado de Perelman e Olbrechts-Tyteca (1996, p.300): “se um exército sempre 
teve excelentes informações sobre o inimigo, infere-se que seu serviço de inteligência 
é excelente, e que sempre será assim”. Com efeito, esse argumento alicerça-se numa 
constatação de uma ocorrência constante nos fatos, deles inferindo um nexo causal. 
 
Ex. 4. A zona rural apresenta inúmeros problemas que dificultam a permanência do 
homem no campo, tais como: falta de escola, de condições de gerar renda, de acesso 
à tecnologia, aos tratamentos de saúde. Com isso, muitos se mudam para a zona 
urbana. Mas as cidades encontram-se despreparadas para absorver esses migrantes 
e oferecer-lhes condições de subsistência e de trabalho. Sem ter como trabalhar, sem 
dinheiro, muitos não conseguem voltar para casa e caem na marginalidade. 
Ex. 5. Com o gradual enchimento das nossas cidades, mais e mais edifícios foram 
tomando o lugar das casas - porém o número médio de automóveis por apartamento 
já há bastante tempo tem crescido a uma progressão bem maior. Acresça-se a isso 
uma fase de melhoria da economia brasileira que acelerou ainda mais dramaticamente 
essa carência por vagas, por conta da realização do antigo sonho de consumo do 
nosso povo: o automóvel próprio. Consequência direta desse fenômeno foi que as 
ruas das cidades médias e grandes viraram imensos estacionamentos, mormente à 
noite. É esse o contexto que inspirou a proibição de alienação ou locação de vagas em 
condomínio pela Lei 12.607/2012. 
 
4) Argumento pelo raciocínio lógico: 
 Consiste em apresentar conclusões oriundas de proposições/premissas 
válidas. 
 A criação de relações de dedução ou indução é um recurso utilizado para 
demonstrar que uma conclusão (afirmada no texto) é necessária, e não fruto de 
uma interpretação pessoal que pode ser contestada. 
28 
 
 A conclusão nasce da lógica entre as relações dos elementos que compõem a 
sentença. 
 A criação de relações de dedução ou indução é um recurso utilizado para 
demonstrar que uma conclusão (afirmada no texto) é necessária, e não 
fruto de uma interpretação pessoal que pode ser contestada. 
 
Exemplo: 
Ex. 1: Redução da maioridade penal 
A violência não será solucionada com a culpabilização e punição, mas pela ação da 
sociedade e governos nas instâncias psíquicas, sociais, políticas e econômicas que as 
reproduzem, pois o sistema penitenciário brasileiro NÃO tem cumprido sua função 
social de controle, reinserção e reeducação dos agentes da violência. Ao contrário, 
tem demonstrado ser uma “escola do crime”. Portanto, reduzir a maioridade penal não 
afasta crianças e adolescentes do crime, apenas evidencia uma mudança de um tipo 
de Estado que deveria garantir direitos para um tipo de Estado Penal que administra a 
panela de pressão de uma sociedade tão desigual. 
Ex. 2: Redução da maioridade penal 
Há ainda o clássico argumento de que o crime organizado utiliza os menores de idade 
para “puxar o gatilho” e pegar penas reduzidas. Se aprovada a redução da maioridade 
penal, os jovens seriam recrutados cada vez mais cedo. Se baixarmos para 16 anos, 
quem vai disparar a arma é o jovem de 15. Se baixarmos para 14, quem vai matar 
será o garoto de 13. Estaríamos produzindo assassinos cada vez mais jovens. Além 
disso, o que inibe o criminoso não é o tamanho da pena e sim a certeza de punição. 
 
Ex. 3. Um exemplo interessante de argumentação pelo raciocínio lógico pode ser 
observado em: http://www.youtube.com/watch?v=32n0lT2PlkQ 
 
 
 
5) Argumento do exemplo/ilustração: 
 O argumento pelo exemplo busca solidificar uma regra geral com base em 
vários casos particulares assemelhados. Procede-se, assim, a um raciocínio 
indutivo, ou seja, partindo-se de casos particulares se extrai uma conclusão 
aplicável a outros casos. 
 a exemplificação consiste no relato de um pequeno fato (real), de outros 
elementos que sirvam para exemplificar o pretendido ou ilustra um fato, 
(hipoteticamente), para servir de apoio à tese. 
no campo jurídico, o argumento pelo exemplo faz-se presente quando a tese 
do caso concreto é reforçada pela citação de outras teses iguais ou 
semelhantes já acolhidas por outros órgãos jurisdicionais. 
 
29 
 
Ex.1: Exemplificação baseada em Fato Real – redução da maioridade penal 
No Brasil, toda vez que o Estado se depara com uma grave crise política, motivada 
pela violência, lança-se uma lei para, de forma demagógica, “acalmar” a sociedade. 
Exemplo disso ocorreu com a Lei de Crimes Hediondos, com a Lei da Prisão 
Temporária, com o Estatuto da Criança e do Adolescente, com a Lei de Tortura, com o 
Estatuto do Idoso, com Estatuto do Desarmamento, e agora vem aí a mais absurda 
delas: a redução da maioridade penal. 
Ex. 2: Recorre-se ao argumento pelo exemplo se, defendendo a tese de que as 
pessoas com mais de 50 anos de idade ainda podem realizar grandes coisas, usa-se 
como prova o exemplo do romano Júlio César (100 - 44 A.C), que, depois de seus 
cinquenta anos, venceu os gauleses, derrotou Pompeu e tornou-se governador 
absoluto em Roma. 
Ex. 3. Na história recente do Brasil, Abreu (2009, p.61) relata que, quando Tancredo 
Neves pretendia ser candidato à presidência da República, houve, dentro do PMDB, 
rumores contrários à sua candidatura, alegando ter ele idade avançada. De imediato, 
Tancredo argumentou pelo exemplo, retrucando que, aos 23 anos, Nero tinha posto 
fogo em Roma, e que, com 71 anos, Churchill havia vencido os nazistas, na Segunda 
Guerra Mundial. 
 
6) Argumento de oposição: 
 O contraditório é uma realidade a ser enfrentada pelo argumentador. Nesse 
sentido, tentar prever alguns valores ou argumentos a serem utilizados pela 
outra parte ao longo da busca da solução do conflito pode ser uma 
estratégia discursiva bastante útil. É justamente por isso que a oposição se 
mostra um tipo de argumento eficiente. 
 Uso dos conectores: mas, porém, entretanto, contudo, todavia. E também 
de ainda que, apesar de, embora. 
Ex.22 
O motorista atropelou 
várias pessoas, quando 
subiu a calçada 
 
mas 
percebeu que além dos 
feridos, as pessoas do 
lugar também queriam 
linchá-lo. 
Embora seja obrigação do 
condutor de um veículo 
socorrer as vítimas de um 
acidente de trânsito, 
O motorista que deixou de 
para socorrer os feridos 
não praticou omissão de 
socorro, 
porque a lei não pode 
exigir de alguém que 
ponha sua própria vida ou 
sua integridade física em 
risco para socorrer outrem. 
 
 
22
 Retirado de: FETZNER. Néli Luiza Cavalieri (coord.). Lições de argumentação jurídica: da teoria à 
prática. Rio de Janeiro: Gen/ Forense, 2013, p. 115. 
30 
 
7) Argumento de analogia23: 
 Raciocínio fundado na correspondência de uma situação a outra parecida. 
Analogia, portanto, é o procedimento por mio do qual se pode estabelecer 
uma relação de semelhança entre coisas diversas. Recorrer à analogia 
significa fazer uma espécie de comparação entre os termos em questão. A 
metáfora é um tipo de analogia, por exemplo. 
Ex. 1 
A Constituição protege os direitos fundamentais dos seus cidadãos e estabelece as 
normas de estruturação e organização do Estado, assim como a Bíblia reúne as 
orientações de Deus ao homem para que este viva em paz e seja feliz. Por isso, 
devemos seguir os preceitos dos princípios constitucionais, a fim de evitarmos a 
insegurança jurídica. 
 
 
Ex. 2 
 
O Estado protege de maneira peculiar as mulheres nas relações de trabalho porque há 
situações específicas em que ela está em desvantagem em relação aos homens. O Estado 
protege, com maiores garantias, as crianças e os adolescentes porque são mais fracos que os 
adultos. O Estado protege os consumidores nas relações de consumo porque há situações 
específicas em que eles estão em desvantagem relativamente às empresas. Dessa forma, é 
papel do Estado proteger também os indígenas, por sua situação de vulnerabilidade social. 
 
 
23
 Idem. 
31 
 
ATIVIDADES 
SEÇÃO 1: FALÁCIAS 
Qual o(s) tipo(s) de falácia(s) ocorrem nos casos abaixo24: 
1) “A sociedade brasileira sofre com a violência cotidiana em diversos níveis e não tolera 
mais essa prática. Certamente, a violência é o pior recurso para a solução de qualquer tipo 
de conflito. Uma pessoa sensata pondera, dialoga ou se afasta de situações que podem 
desencadear embates violentos. Não foi essa a opção de Anísio. Preferiu pegar uma faca 
e, como um bárbaro, assassinar a mulher, evitando todas as outras soluções pacíficas 
existentes, como a imediata separação que o afastaria definitivamente de quem o traiu. 
Aceitar sua conduta desmedida seria instituir a pena de morte para a traição amorosa”. 
2) As afirmações de Richard Nixon a respeito da política de relações externas em relação à 
China não são confiáveis, pois ele foi forçado a abdicar durante o escândalo de Watergate 
por falta de punho político.” 
3) “Eu não assassinei os meus pais com um machado! Por favor, não me acusem, não vê 
que já estou sofrendo o bastante por ter me tornado órfão”. 
4) “Você deve tomar 10g de vitamina C por dia para manter o corpo sadio, pois isso foi 
recomendado por Sartre, um grande filósofo existencialista”. 
5) “Todos nós sabemos que o nobre deputado é um mentiroso e trapaceiro, portanto como 
poderemos concordar com sua idéia de redução de impostos”. 
6) "Todo mundo sabe que todos os brasileiros são apaixonados por café, carnaval, praia e 
futebol". 
7) 
 
8) Os pterossauros tinham olhos ocos iguais aos de aves atuais! Essa adaptação evolutiva 
ajudava o pterossauro a voar! Já algumas outras adaptações evolutivas não deram 
muito certo. Como é o caso do pterossauro de cabeça oca! Dããã! Ah, Lek, Lek, Lek, 
Lek, Lek, Lek... 
 
 
24
 A lista foi elaborada com base nos exemplos trazidos pelos alunos da turma do 1º período de Direito 
(2013 e 2014) 
Analise: A 
associação da 
imagem do Pelé 
à publicidade de 
celular. 
32 
 
9) 
 
10) 
 
 
11) 
 
Comentários: 
VÁ COSTURAR A CALCA SUA PANACA E DEIXE A 
VIDA DAS COLEGAS DE TRABALHO EM PAZ. VAI 
CUIDAR DO FILHO PARA QUE ELE NÃO TENHA 
VERGONHA DO QUE VOCE FAZ COM AS PESSOAS 
QUANDO ELE FOR ADULTO. 
 
Essa Débil deve ir para marte falar mau e 
desinfetar a Terra. 
 
Leia mais: http://extra.globo.com/famosos/luana-
piovani-embarca-para-brasil-ao-lado-do-marido-
com-calca-furada-no-bumbum-ops-
8637473.html#ixzz2WfofSmg1 
33 
 
12) (Imagina 2014 (Brahma) Imagina a 
Festa). 
13) João é a favor do tratamento do reservatório de água da cidade com flúor. João é um 
ladrão. Logo, não devemos tratar o reservatório de água com fluor. 
14) Para mim, a 3ª guerra mundial será por causa da informática, veja como estão os 
jovens de hoje, matando por tão pouco e usando drogas. 
 
15) 
16) Cê vai arder no mármore do inferno! 
Vou porque posso e tenho bom gosto! 
Agora pobre como você vai arder no chapisco mesmo 
 
17) Meu professor diz que eu deveria ter orgulho de ser brasileiro. E ele é um mega 
professor! Logo, eu devo ter orgulho de ser brasileiro! 
18) Apesar da derrota, o grupo assegurou que a insurgência continua, enquantos soldados 
advertiram que vão esmagar os rebeldes. 
19) No discurso de Calheiros (2007): “Seria uma brutalidade, ser banido injustamente da 
vida pública e, como cidadão, perder a condição vital, de olhar nos olhos de minha 
mulher, de meus filhos e neto, dos meus amigos senadores e senadoras. Quem perde 
isso perde o próprio sentido da vida. Entrego meu destino à Vossas Excelências. Está 
diante deste Plenário, do Senado e dos olhos da Nação um homem - com seus acertos 
e seus defeitos - que dedicou todasua vida à causa de Alagoas, da democracia e do 
País. Que procurou honrar esta Casa e dignificar o mandato de Senador”. 
20) “Percorro um longo e espinhoso caminho - e Deus me dá muita força para isso - na 
esperança de amenizar o estrago causado na minha honra, que, depois da vida, é o 
bem mais valioso de todos nós. A pena que se propõe é de morte política. Cívica. Uma 
violência sem tamanho. Com a eventual cassação do meu mandato de Senador e a 
consequente inelegibilidade de 15 anos e meses, eu estaria banido da vida pública até 
2022”. 
34 
 
21) 
 
22) A Toyota está plantando uma árvore na pampulha. Um singela demonstração de sua 
preocupação com o meio ambiente. E, com essa árvore, está nascendo uma nova 
concessionária Toyota: Osaka Pampulha. Faz parte da natureza estar cada vez mais 
perto de você! 
23) É melhor admitir que a nova orientação da empresa seja a melhor – se pretende manter 
o emprego. 
24) Hoje à noite na reunião quero que você defenda o meu projeto, se não o fizer, o pau vai 
quebrar! 
25) As sondagens sugerem que os liberais vão ter a maioria no parlamento, por isso, você 
também deve votar neles. 
26) Ele não merece atenção, pois é um marxista da época de Stalin. 
27) Ele diz que não devo beber, mas não está sóbrio faz mais de um ano. 
28) Todo mundo sabe que a Terra é redonda...então porque razão insiste nas suas 
excêntricas teorias? 
29) A maioria das pessoas acreditam em alienígenas, portanto eles devem mesmo existir. 
30) Ou nós ou o caos. A escolha é sua! 
31) Marco Antônio Feliciano sobre os negros disse: “a maldição que Noé lança sobre seu 
neto, Canãa, respinga sobre o continente africano, daí a fome, as pestes, as doenças e 
as guerras étnicas.” 
32) Novo celular da Motorola X, muito melhor que os concorrentes, antecipará vontade do 
usuário. 
 
33) 
34) Os melhores roteiros jovens estão na Tia Eliane. Não perca tempo. Venha para Orlando 
Magic conosco e faça parte do time. 
35) André não está falando a verdade, pois ele é um mau-caráter. 
36) Como questionar esse argumento, se nas Escrituras Sagradas está escrito, então é 
verdade. 
37) Todo mundo generaliza! Todo político é ladrão, os policiais são corruptos e brasileiro é 
tudo malandro. 
38) Depois de Dalva apresentar de maneira eloquente e convincente uma possível reforma 
do sistema de cobrança do condomínio, Samuel pergunta aos presentes se eles 
deveriam mesmo acreditar em qualquer coisa dita por uma mulher que não é casada, já 
foi presa e, para ser sincero, tem um cheiro meio estranho. 
Chegou a hora do 
espetáculo. Mas 
ainda dá tempo de 
você comprar seu 
ingresso. Junte-se 
aos campeões. 
35 
 
39) Lucas não queria comer o seu prato de cérebro de ovelha com fígado picado, mas seu 
pai o lembrou de todas as crianças famintas de algum país de terceiro mundo que não 
tinham a sorte de ter qualquer tipo de comida. 
 
40) )
 
41) Luciano, bêbado, apontou um dedo para João e perguntou como é que tantas pessoas 
acreditam em duendes se eles são só uma superstição antiga e boba. João, por sua 
vez, já havia tomado mais Guinness do que deveria e afirmou que já que tantas 
pessoas acreditam, a probabilidade de duendes de fato existirem é grande. 
42) Um professor de matemática se vê questionado de maneira insistente por um aluno 
especialmente chato. Lá pelas tantas, irritado após cometer um deslize em sua fala, o 
professor argumenta que tem mestrado pós-doutorado e isso é mais do que suficiente 
para o aluno confiar nele. 
43) 
 
44) 
45) O curandeiro chegou ao vilarejo com a sua carroça cheia de remédios completamente 
naturais, incluindo garrafas de água pura muito especial. Ele disse que é natural as 
pessoas terem cuidado e desconfiarem de remédios “artificiais”, como antibióticos. 
46) Data vênia, a decisão exagerada pelo Direto X é temerária, vez que produz efeitos e 
consequências incalculáveis, que desconsidera que o licitante deva cumprir 
Está escrito: Não 
temos Mickey, 
Minnie ou Pato 
Donald. Mas se você 
não levar a sua 
família, já temos um 
pateta. 
36 
 
atentamente aos quesitos estabelecidos no Edital, do qul se encontra estritamente 
vinculado, confere insegurança jurídica aos administradores, e torna subjetivo o 
julgamento da licitação, conferindo poderes aos agentes para mudarem as regras dos 
editais quando estes já foram publicados, conferindo tratamente anti-isonômico aos 
licitantes. 
47) Charge: Arraiá da Copa! 
Olha o metrô pronto antes da copa, minha gente!!! UUhuu! 
É mentira! Todo mundo acreditou, né! 
 
48) Nova coleção outono-invervo. Para você arrasar no seu dia a dia! 
 
49) 
 
50) 
 
51) 
 
É a oportunidade ideal para 
substituir a sua “Lolita”, 
“Claúdia” ou qualquer outro 
nome que durante tantos 
anos pronunciou ao chamar 
a sua WaveRunner. 
BeautyDrink 
Bebida com 
vitaminas, minerais 
e frutas para 
aumentar a sua 
beleza! 
37 
 
52) 
 
 
SEÇÃO 2: ARGUMENTOS NÃO FALACIOSOS 
No texto abaixo, localize argumentos: de autoridade, de provas concretas, de 
raciocínio lógico, de causa e consequência, de exemplo. 
PUBLICIDADE DE CERVEJA EM HORÁRIO NOBRE E MORTE DE JOVENS NO TRÂNSITO 
Deputado Federal Paulo Pimenta 
Jornal da Câmara dos Deputados 
Todos os dias, a imprensa registra os números de acidentes de trânsito com vítimas fatais no 
País. Especialmente nas segundas-feiras, os noticiários de TV em todo Brasil publicam 
estatísticas, comentam os números, e os fatos se repetem. 
No mundo, cerca de 1,3 milhão de pessoas morrem vítimas de acidentes de trânsito por ano, 
mais de 50 milhões ficam feridas e o gasto com saúde pública para esses casos é de 
aproximadamente 100 bilhões de dólares. No Brasil, são 60 mil mortes anualmente, embora a 
estimativa seja o dobro, em virtude de só serem considerados para fins de estatísticas as 
vítimas que morrem no local do acidente. As despesas médico-hospitalares, previdenciárias, 
entre outras, aqui em nosso País são de R$ 40 bilhões. Os mortos na maioria são jovens, 
homens, que perderam a vida nos finais de semana e, no geral, beberam, e beberam muito. 
Essa realidade faz parte de um fenômeno mundial, ao ponto de ser pauta de fóruns 
internacionais e resoluções da Organização Mundial Saúde, muitas das quais somos 
signatários. Nos últimos dias, após relatório da OMS evidenciando que o álcool mata mais que 
aids, tuberculose e violência, editoriais de grandes jornais de circulação nacional se 
debruçaram sobre as causas dos acidentes, chamando a atenção da sociedade e dos 
governos, mas estranhamente ignoraram as ações que, segundo o documento recente, 
poderiam reduzir essa trágica realidade 
Na avaliação de especialistas do mundo inteiro, que pensaram políticas para enfrentar esse 
quadro, o baixo custo da bebida aliada à publicidade excessiva, especialmente voltada para o 
público jovem é a principal causa das morte. Sugerem medidas, como aumentar a tributação 
da cerveja e proibir a propaganda da bebida. O Brasil, diante de um silêncio hipócrita 
consentido, caminha no sentido contrário. 
A guerra publicitária das cervejas movimenta milhões. A qualquer tentativa de regular a matéria 
as grandes agências de publicidade invadem o Salão Verde do Congresso Nacional, e 
cantores, atores, esportistas, todos “especialistas” na matéria convencem a todos que só no 
Brasil não há relação direta entre propaganda de cerveja e mortes de jovens no trânsito. Dessa 
forma, assistimos ao crescimento do número de mortes, do mercado da cerveja e da 
38 
 
publicidade dessa bebida pela televisão e em horário nobre, culpando autoridades, mas 
ignorando as responsabilidades das grandes empresas de cerveja e o mercado da 
propaganda. 
O Conselho de Autorregulamentação Publicitária (CONAR), timidamente, orienta para que não 
se vinculea publicidade das cervejas a esporte, carros, mulheres, sinal de maturidade etc. A 
Itaipava faz associação direta de seu produto com mulheres insinuantes, atividades esportivas 
– como o futebol – e explora, ao máximo, ambientes sociais, como praias e rodas de 
churrasco. Com certeza, isso não é exclusividade da cerveja Itaipava, pois esses mesmos 
elementos, utilizados para criar uma relação de identificação entre produto e consumidor, são 
também explorados pelas outras grandes marcas de cerveja do País. 
O Congresso não pautará essa matéria se não for pressionado pela sociedade, que por sua 
vez depende da mídia para se fazer ouvir. Cobrem do Parlamento a aprovação de uma medida 
que proíba a publicidade de cerveja no Brasil durante 180 dias e, se o número de mortes não 
reduzir em mais de 30%, nunca mais falo nesse assunto. Tenham a mesma coragem que 
tiveram com o cigarro, que teve restringida sua publicidade por lei, e mostrem estatísticas pós 
esse período que nos encham de orgulho, e exijam do Congresso e do governo uma lei que 
ajude a pôr fim à carnificina de jovens no trânsito. 
 
 
4) Qual o tipo de argumento usado nos trechos abaixo: 
1) “A Constituição é muito clara quando diz que a vida é um bem inviolável. Uma sociedade 
democrática defende esse direito e recorre a todos os meios disponíveis para que a vida 
seja sempre preservada e para que qualquer atentado a esse direito seja severamente 
punido. No caso em questão, Teresa foi atacada de maneira covarde e violenta, porque 
não dispunha de meios para ao menos tentar preservar sua vida. Portanto, o réu 
desrespeitou a Constituição Brasileira e incorreu no crime de homicídio doloso previsto no 
artigo 121 do Código Penal Brasileiro”. 
 
2) “Ao se desesperar num congestionamento em São Paulo, daqueles em que o automóvel 
não se move nem quando o sinal está verde, o indivíduo deve saber que, por trás de sua 
irritação crônica e cotidiana, está uma monumental ignorância histórica. São Paulo só 
chegou a esse caos porque um seleto grupo de dirigentes decidiu, no início do século, que 
não deveríamos ter metrô”. (Adaptado de Folha de S. Paulo. 01/10/2000) 
 
3) 
39 
 
SEÇÃO 3: falácias e argumentos25 
 
3. Apelo ao júri para que contemple a condição do réu: um homem pobre e sofrido que agora 
passa pelo transtorno de ser julgado em tribunal. 
4. Ao se deparar em um congestionamento em São Paulo, daqueles em que o automóvel não 
se move nem quando o sinal está verde, o indivíduo deve saber que por trás de sua 
irritação crônica e cotidiana, está uma monumental ignorância histórica, pois São Paulo só 
chegou a esse caos porque um grupo de dirigentes decidiu no início do século, que não 
deveríamos ter metrô em toda a cidade. 
5. Se vocês mandarem meu cliente para a cadeira elétrica, vocês vão tornar esta pobre 
mulher viúva e essas inocentes crianças órfãos. O que eles fizeram para merecer isso? 
6. Os moradores devem deixar suas casas para não correrem o risco de morte, como atestou 
a Defesa Civil. 
7. O dr. Michael Danton, especialista em genética molecular humana da Universidade de 
Otago, Nova Zelândia, concluiu que todas as evidências disponíveis nas ciências 
biológicas sustentam a teoria apresentada sobre a cianobactéria. 
8. A embaixadora americana junto à ONU, Samantha Power, advertiu que o que ocorreu na 
Crimeia “não pode se repetir em outras partes da Ucrânia”, afirmando que Washington está 
pronto para adotar medidas adicionais em caso de nova agressão do território ucraniano. 
9. A embaixadora americana junto à ONU, Samantha Power, foi além e disse: “um ladrão 
pode roubar algo, mas isto não confere o direito de propriedade ao ladrão”. O que a Rússia 
fez foi um erro em matéria de direito, errado em matéria de ladrão e, portanto, perigoso em 
matéria de política. 
10. Flávia: _ Olá, Marcos! Você irá participar do protesto que vamos promover? 
Marcos: Ainda não sei... 
Flávia: Se você não participar, você irá se ver com a gente depois! 
11. Flávia: _ Olá, Marcos! Você irá participar do protesto que vamos promover? 
 Marcos: Ainda não sei... 
 Flávia: Se você não participar, podemos todos ser demitidos! 
12. A Deise não conseguiu nota suficiente para passar de ano, porque ela faltou muito às aulas 
e não estudou suficiente para recuperar o conteúdo perdido. 
13. Lucas não queria dividir seu brinquedo com as outras crianças, mas seu pai o lembrou de 
todas as crianças que não têm sequer um brinquedinho para brincarem e ainda passam 
fome. 
14. Depois de Salma apresentar uma maneira eloquente e convincente uma possível reforma 
do sistema de cobrança do condomínio, Samuel pergunta aos presentes se eles deveriam 
mesmo acreditar em qualquer coisa dita por uma mulher que não é casada, já foi presa e, 
pra ser sincero tem um cheiro estranho. 
15. Luciano, bêbado, apontou um dedo para joão e perguntou, como é que tantas pessoas 
acreditam em duendes se eles são só uma superstição antiga e boba. João, por sua vez já 
havia tomado mais cachaça do que deveria e afirmou que já que tantas pessoas acreditam, 
a probabilidade de duendes de fato existirem é grande. 
 
25
 Lista de exercícios argumentos falaciosos (falácias) e argumentos não falaciosos (argumentos fortes) 
colhidos pela turma do 1º período de 2014. 
 
40 
 
16. Se os transportes coletivos fossem realmente de qualidade, então as pessoas prefeririam 
usá-los. E se as pessoas optassem mais pelo transporte público, haveria menos 
automóveis em circulação pela cidade. 
17. Peixe sem rabo e cabeça: É como na alegoria do hermeneuta que chega a uma ilha e lá 
constata que as pessoas desprezam a cabeça e o rabo dos peixes, mesmo diante da 
escassez de alimentos. Intrigado, revolveu o chão linguístico em que estava assentada a 
tradição e reconstruiu a história institucional daquele “instituto”, descobrindo que, no início 
do povoamento da ilhota, os peixes eram grandes e abundantes, não cabendo nas 
frigideiras. Consequentemente, cortavam a cabeça e o rabo... Hoje, mesmo que os peixes 
sejam menores que as panelas, ainda assim continuam a cortar a cabeça e o rabo. 
Perguntado, um dos moradores o porquê de assim agirem: “Não sei... mas as coisas 
sempre foram assim por aqui!”. 
18. Os macacos: Um grupo de cientistas colocou sete macacos em uma jaula. No meio da 
jaula, uma escada, e, sobre ela, um cacho de bananas. Quando um macaco subia na 
escada para pegar as bananas, um jato de água fria era acionado em cima dos que 
estavam no chão. Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros 
pegavam-no e enchiam-no de pancada. Com mais algum tempo, mais nenhum macaco 
subia a escada, apesar da tentação das bananas. Então, os cientistas substituíram um dos 
macacos por um novo. A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo retirado 
pelos outros, que o surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo já não 
mais subia a escada. Um segundo macaco, veterano, foi substituído, e o mesmo ocorreu, 
tendo o primeiro substituto participado, com entusiasmo, na surra ao novato. Um terceiro 
foi trocado e o mesmo ocorreu. Um quarto, um quinto, um sexto e, afinal, o último dos 
veteranos, foram substituídos. Os cientistas, então, ficaram com um grupo de sete 
macacos que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele 
que tentasse pegar as bananas. Se possível fosse perguntar a algum deles por que batiam 
em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria: "Não sei... mas as coisas 
sempre foram assim por aqui!" 
19. “A prática do direito já lhe tinha ensinado há muito tempo que não vêm a juízo canalhas 
integrais nem perfeitos anjos de pureza. Que, mesmo para atos mais escuros, há sempre 
alguma forma de explicação ou justificativa, e que

Continue navegando