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M a r i a n a 2017 Introdução aos Estudos da Argumentação Magna Campos MAGNA CAMPOS Introdução aos Estudos da Argumentação 3ª edição revista e ampliada Mariana, Edição do autor 2017 SUMÁRIO CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA: ........................................................................... 1 O QUE É ARGUMENTAR? .......................................................................................... 4 Convencer x persuadir .................................................................................................. 7 ARGUMENTAR X MANIPULAR ................................................................................. 11 A IMPORTÂNCIA DO ENQUADRAMENTO DISCURSIVO ........................................ 12 CUIDADOS COM O DISCURSO ................................................................................ 14 FALÁCIA: ARGUMENTOS FALACIOSOS .................................................................. 17 Casos em que a argumentação pode se dar pela via da falácia ................................. 19 1) Argumento ad hominem (contra a pessoa ou condenando a fonte): ................... 19 2) Argumento ad baculum (apelo à força): .............................................................. 19 3) Argumento ad terrorem (do terror): ..................................................................... 20 4) Argumento ad populum (ao povo): ...................................................................... 20 5) Argumento ad verecundiam (apelo à autoridade eminente – mau uso da autoridade): ............................................................................................................. 21 6) Argumento Secundum Quid (Generalização Precipitada) ................................... 22 7) Argumento ad misericordiam (Dirigido às Emoções, ao Sentimento de Pena): ... 22 8) Argumento do senso comum e dos estereótipos: ................................................ 22 9) Falácia da novidade: (Ad Novitatem) .................................................................. 23 10) Falácia do naturalista ou apelo ao natural: ........................................................ 23 ARGUMENTOS VERDADEIROS OU NÃO FALACIOSOS: ........................................ 24 1) Argumento de Autoridade (ab auctoritate): .......................................................... 24 2) Argumento de provas concretas (por comprovação): .......................................... 25 3) Argumento de causa / consequência: ................................................................. 26 4) Argumento pelo raciocínio lógico: ....................................................................... 27 5) Argumento do exemplo/ilustração: ...................................................................... 28 6) Argumento de oposição: ..................................................................................... 29 7) Argumento de analogia: ...................................................................................... 30 ATIVIDADES........ .......................................................................................................32 1 IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO AAOOSS EESSTTUUDDOOSS DDAA AARRGGUUMMEENNTTAAÇÇÃÃOO 11 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA: Desde a Grécia Antiga já existia a preocupação com o domínio da expressão verbal, afinal os gregos participavam de um regime democrático em que suas ideias teriam que ser expostas publicamente para serem aceitas ou não. Isso fez com que as escolas da época criassem disciplinas que ensinassem a arte da habilidade com as palavras: A eloquência (oratória); A gramática; A retórica (a argumentação) e a lógica. Com isso, a questão já não era mais falar, mas falar de forma elegante. surgem OS SOFISTAS2. Figura 01: Sócrates e os sofistas. Fonte: http://blogdoenem.com.br/sofistas-socrates-filosofia-enem/ Acompanhe, nos trechos retirados de Moreno e Martins (2006, p. 35;36)3, uma explicação desse contexto grego relacionado à argumentação, denominada até então de retórica: 1 Como citar esse material didático: CAMPOS, Magna. Introdução aos estudos da argumentação. Mariana: EA, 2015-16. 44 p. 2 “Sophistés ou Sofista. Inicialmente significa todo àquele que é excelente numa arte ou técnica, que pratica o sophízein para tornar-se hábil, sensato e prudente. Em Atenas, a partir da segunda metade do século V a.C., significa mestre de retórica e eloquência. Com Platão, passa-se a designar pejorativamente o sofista. O verbo sophízomai- tem como um dos significados “tornar-se astucioso e engenhoso para enganar com palavras”- é capital para entender o conceito de sofista”. O sofista passa a ser entendido como alguém que usa de raciocínio capcioso, de má-fé, com a intenção de enganar. Disponível em: http://projetofilosofia.blogspot.com.br/2008/06/o-sofista-e-retrica-o-homem-medida-de.html. Acesso em: 29 out. 2011. 2 3 MORENO, Claudio; MARTINS, Túlio. Português para convencer: comunicação e persuasão em direito. São Paulo: Ática, 2006. 3 4 O QUE É ARGUMENTAR? Antes de definir com precisão o que é argumentar, é preciso definir o que é dissertar: Dissertar: tem como propósito principal discorrer ou explanar, explicar ou interpretar ideias, geralmente uma questão polêmica ou problemática, sem defender um ponto de vista. Espera-se que textos dissertativos apresentem uma estrutura básica: introdução, desenvolvimento e conclusão. Caráter mais expositivo. Já Argumentar: na argumentação, pode-se também expor sobre uma questão, mas essencialmente, nos posicionamos, procurando formar a opinião do leitor ou a do ouvinte, tentando convencê-lo, persuadi-lo da validade de nossa tese ou de que a razão está conosco, de acordo com Othon M. Garcia4. Assim: argumentar é expor para convencer ou persuadir; argumentar é defender pontos de vista; argumentar é formar opinião. E o que é um texto dissertativo-argumentativo? É estruturar um texto que apresente INTRODUÇÃO (apresentação do tema +a tese= ponto de vista que será defendido) + DESENVOLVIMENTO (dois ou 03 parágrafos nos quais se apresente os argumentos (estratégias argumentativas) com as quais se defende o ponto de vista = posicionamento argumentado) + CONCLUSÃO. Ou seja, é explicitar um ponto de vista claro e articulado a um tema específico, apresentando argumentos para defendê-lo5. Caráter mais argumentativo. De acordo com Guerreiro (2010, p.42)6, Uma boa argumentação abre portas. [...] Numa era de comunicação global, em que comunicar/interagir está na base das relações pessoais e profissionais, estar familiarizado com as principais formas de convencimento/persuasão virou trunfo de mão dupla: quem sabe a importância de convencer alguém saberá também não cair tão fácil na primeira lábia de um interlocutor.” No livro, “Tratado de Argumentação”, Perelman e Tyteca desenvolvem a sua teoria da argumentação (contra o racionalismo) esforçando-se por valorizar o verossímil relativamente ao necessário e por destacar a importância das opiniões/persuasão por comparação com os fatos. Assim, “o campo da argumentação é o do verossímil, do plausível, do provável, na medida em que este último escapa às certezas do cálculo” (PERELMAN; TYTECA, 1996, p.1)7. A argumentação, diferentemente do raciocínio matemático,está afastada do conceito puro de verdadeiro ou falso. O raciocínio persuasivo ou convencedor ou persuasivo e 4 GARCIA, Othon. Comunicação em Prosa Moderna. 13 ed. Rio de Janeiro: FGV, 1986. 5 ABAURRE, Maria Luiza; ABAURRE, Maria Bernadete. Produção de texto: interlocução e gêneros. São Paulo: Moderna, 2007. p.277. 6 GUERREIRO, Carmen. A atração pelo argumento. Revista Língua, ano 5, n.60, p.42-47, out./2010. 7 PERELMAN, Chaim; TYTECA, Lucie Olbrechts. Tratado da argumentação: a nova retórica. São Paulo: Martins Fontes, 1996. 5 trabalha com a verossimilhança, com a ideia do que é meramente provável. Do que é válido e do que não é válido. Por isso, o argumento é uma ideia que conduz a determinada conclusão, e não necessariamente uma prova inequívoca da verdade (demonstração). De acordo com o dicionário eletrônico, HOUAISS 3.0, verossímil significa: adjetivo de dois gêneros 1 que parece verdadeiro Ex.: uma narrativa v. 2 que é possível ou provável por não contrariar a verdade; plausível Ex.: uma teoria v. O transcurso argumentativo, portanto, aceita o verossímil (que não é o mesmo que o verdadeiro), o verossímil é aquilo que aparece como verdadeiro/plausível no transcorrer do percurso argumentativo. Perelman e Tyteca (1996) afirmam, ainda, que a eficácia persuasiva de um argumento ou discurso retórico depende não só do orador, mas também da qualidade do auditório que é persuadido pelo discurso. Exemplário Exemplo de texto dissertativo-expositivo: O CNJ e sua atuação8 O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) é uma instituição pública que visa aperfeiçoar o trabalho do sistema judiciário brasileiro, principalmente no que diz respeito ao controle e à transparência administrativa e processual. O CNJ desenvolve e coordena vários programas de âmbito nacional que priorizam áreas como Gestão Institucional, Meio Ambiente, Direitos Humanos e Tecnologia. Entre eles estão: Conciliar é Legal, Metas do Judiciário, Lei Maria da Penha, Pai Presente, Começar de Novo, Justiça Aberta, Justiça em Números. Tem como missão contribuir para que a prestação jurisdicional seja realizada com moralidade, eficiência e efetividade em benefício da Sociedade. Atua na política judiciária zelando pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, expedindo atos normativos e recomendações. Também é responsável por receber reclamações, petições eletrônicas e representações contra membros ou órgãos do Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por delegação do poder público ou oficializado. Além disso, visa julgar processos disciplinares, assegurada ampla defesa, podendo determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas aos envolvidos. Nota‐se, portanto, que o CNJ é um órgão do Judiciário de grande importância no controle e na regulação administrativa desse poder. 8 Adaptado a partir do texto disponível em: http://www.cnj.jus.br/sobre-o-cnj/quem-somos-visitas-e- contatos. Acesso em: 16 abr.2016. 6 Exemplo de texto dissertativo-argumentativo: Reincidência Social Antonio Zacarias de Oliveira Filho –IFMG-OP (2015) O “quebra” da ignorância relativa às leis vigentes, em especial, ao Código Penal e ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), é fator crucial para entender o retrocesso democrático que a PEC 173/93 representa. Em primeiro lugar, é preciso “quebrar” a ideologia que se fixou sobre a não legislação, alegando-se a inimputabilidade em delitos cometidos por jovens. Ora, todo brasileiro está condicionado ao Código Penal que prevê explicitamente punições para qualquer ato infracionário cometido por pessoas maiores de 12 anos. O jovem entre 12 e 18 anos que infringir a lei será punido como medidas socioeducativas (sociodemagógicas), em diferentes graus, dependendo do ato cometido, indo desde a prestação de serviços à reclusão e internação em unidades como a Fundação Casa, por exemplo. O que falta à sociedade brasileira não é aumentar seu contingente carcerário, entulhando nas celas ainda mais jovens, mas sim executar em plenitude as leis e todo o conjunto de responsabilidades dos órgãos responsáveis pela fiscalização da execução destas. A existência de uma legislação comprometida em tornar a sociedade um lugar mais seguro e pacífico não pode ser confundido com legalidade em desviar atenção do governo de suas responsabilidades para com a juventude; tampouco pode servir de desculpa para se retirar das “vistas” dos nobres civis, os muitos jovens abandonados pelo Estado que sequer fornece-lhes uma educação libertadora. O Brasil possui a quarta 4ª maior população carcerária do planeta, com prisões superlotadas, verdadeiras escolas do crime, com índice de reincidência na casa dos 70%. Já os crimes cometidos por menores infratores não representam 10% do índice marginal, no qual apenas 1% são atentados contra a vida, além disso, a taxa de reincidência dos jovens no mundo criminal é inferior a 10%, segundo dados da ONU. Reduzir a maioridade penal não significa reduzir o aliciamento de menores. Apenas serão mais novas as crianças aliciadas para o crime, e, avançando neste ritmo, em dez anos, veremos que a redução para 16 anos só possibilitou mais explosão carcerária e mais injustiça social. Aí pediremos a redução para 14, depois para 12, 10, 08... só parando, porque o Brasil é um país que proíbe o aborto. A alta reincidência criminal dos adultos presos é causada pelos massivos danos psicológicos e físicos que o adulto sofre em prisão. Se adultos não suportam esse inferno insalubre onde a condição humana e reduzida a animalidade, o que será então da mente dos nossos jovens lá adentrando cada vez mais jovens. Só daremos a ele a melhor escola de crime, já que a escola que deveríamos dar, não fomos capazes. A resolução de tal problema não consiste em apenas reduzir a maioridade penal, antes os defensores insanos de tal atrocidade estivessem cobertos de razão. Precisamos pensar nas políticas sociais, dentre elas as educacionais, e nas políticas humanitárias, antes de apontar o dedo e dizer que jovens marginalizados têm que ir para a cadeia. País que se preocupa com a segurança, não propõe redução de maioridade penal, cuida antes da mitigação da ignorância ideológica. 7 Exemplo de campanhas argumentativas: Tema: doação de órgãos e de sangue Exemplo de texto argumentativo: Tudo o que é ruim vicia, eu diria se quisesse ofender Diogo Mainardi, que até seus críticos (como eu) leem compulsivamente. Mas não quero ofendê-lo. Quero apenas estimular as pessoas a lê-lo conscientemente. Mainardi não é veneno. É como o álcool, que pode ser usado para sair (só um pouco) do sério. Mainardi é diversão. Lê-lo é como ir ao circo. Se não existisse gente como ele, que tem o dom de fornecer à classe média desculpas para ser inconsequente e alienada, não ficaria tão claro que tipo de postura diante da vida se deve combater. (E.G.- SP - carta do leitor, Revista Veja, 28- 07-2004, Coluna: Seria o caso de mudar para Cabul?)9 Convencer x persuadir Convencer é "com vencer", "vencer com", "vencer junto", ou seja, é fazer o outro acreditar em seus pensamentos, por meio da: razão (raciocínio que conduz à indução ou dedução de algo); demonstração (dados/estatística); prova (testemunhas/provas). Veja o exemplo a seguir: 9 Exemplo citado por: PILLON, Samariene Lúcia Lopes Pillon. Argumentação e leitura.Disponível em: http://coral.ufsm.br/lec/02_05/Samariene.pdf . Acesso em: 29 out. 2011. 8 Fonte: http://www.ecodebate.com.br/2010/09/15/cai-o-numero-de-pessoas-que-passam-fome-no-mundo- paises-em-desenvolvimento-concentram-98-dos-famintos/ Persuadir é fazer com que o outro faça algo que queremos que ele faça, usando: o campo da emoção, das imagens criadas, do trabalho com a linguagem, motivando aquela pessoa a aderir ao ponto de vista desejado. Veja o exemplo a seguir: 10 Fonte: http://www.ucrs.com.br/?p=9781 9 CAMPANHAS A FAVOR DO DESARMAMENTO CONVENCIMENTO PERSUASÃO 10 11 A eficácia das palavras certas Análise o texto adiante e verifique onde foi empregado convencimento e onde foi empregado persuasão: O cego e o publicitário Havia um cego sentado numa calçada em Paris. A seus pés, um boné e um cartaz, em madeira, escrito com giz branco dizia: "Por favor, ajude-me. Sou cego". Um publicitário da área de criação, que passava em frente a ele, parou e viu umas poucas moedas no boné. Sem pedir licença, pegou o cartaz e com o giz escreveu outro conceito. Colocou o pedaço de madeira aos pés do cego e foi embora. Ao cair da tarde, o publicitário voltou a passar em frente ao cego que pedia esmola. Seu boné, agora, estava cheio de notas e moedas. O cego reconheceu as pisadas do publicitário e perguntou se havia sido ele quem reescrevera o cartaz, sobretudo querendo saber o que ele havia escrito. O publicitário respondeu: "Nada que não esteja de acordo com o conceito original, mas com outras palavras". E, sorrindo, continuou o seu caminho. O cego nunca soube o que estava escrito, mas seu novo cartaz dizia: "Hoje é primavera em Paris e eu não posso vê-la". Fonte: http://www.portaldapropaganda.com/marketing/meu_conceito/2004/07/0001. ARGUMENTAR X MANIPULAR A manipulação é o uso de recursos argumentativos com o intuito de ludibriar o ouvinte, corresponde ao uso da retórica em que as limitações da racionalidade do auditório são vistas como uma oportunidade a explorar com objetivo negativo e perverso. Manipular alguém é fazer essa pessoa aceitar ou fazer algo sem avaliar cuidadosamente as coisas por si mesmo. A seguir, apresento um esquema básico para diferenciar argumentação de manipulação: Dica: dois filmes tratam a questão entre argumentação e manipulação de forma 12 interessante, como temática de seu enredo, no intuito de manipular a opinião pública: Obrigado por fumar (2005) e Especialista em crise (2015). A IMPORTÂNCIA DO ENQUADRAMENTO DISCURSIVO O “enquadramento” funciona como uma delimitação e relativização das crenças do seu leitor para que se construa nele a disposição para ouvir/ler e, possivelmente, ser convencido ou persuadido. Refere-se, ainda, conforme ensinam Perelman e Tyteca (1996), a criar o contexto adequado para se tratar de uma temática, para que ela alcance seus objetivos argumentativos: Leia a decisão do juiz descrita abaixo e observe como o juiz enquadra sua decisão: Caso melancia Justiça: Penal Direito discutido: furto N. processo: autos nº 124/03 Localidade: Palmas/TO Nome do juiz: Rafael Gonçalves de Paula Instância: primeira- 3ª Vara Criminal da Comarca Ponto relevante da decisão: decisão contra a lei, o juiz não aponta fundamentação legal DECISÃO Trata-se de auto de prisão em flagrante de Saul Rodrigues Rocha e Hagamenon Rodrigues Rocha, que foram detidos em virtude do suposto furto de duas (2) melancias. Instado a se manifestar, o Sr. Promotor de Justiça opinou pela manutenção dos indiciados na prisão. Para conceder a liberdade aos indiciados, eu poderia invocar inúmeros fundamentos: os ensinamentos de Jesus Cristo, Buda e Ghandi, o Direito Natural, o princípio da 13 insignificância ou bagatela, o princípio da intervenção mínima, os princípios do chamado Direito alternativo, o furto famélico, a injustiça da prisão de um lavrador e de um auxiliar de serviços gerais em contraposição à liberdade dos engravatados que sonegam milhões dos cofres públicos, o risco de se colocar os indiciados na Universidade do Crime (o sistema penitenciário nacional). Poderia sustentar que duas melancias não enriquecem nem empobrecem ninguém. Poderia aproveitar para fazer um discurso contra a situação econômica brasileira, que mantém 95% da população sobrevivendo com o mínimo necessário. Poderia brandir minha ira contra os neoliberais, o consenso de Washington, a cartilha demagógica da esquerda, a utopia do socialismo, a colonização europeia. Poderia dizer que George Bush joga bilhões de dólares em bombas na cabeça dos iraquianos, enquanto bilhões de seres humanos passam fome pela Terra - e aí, cadê a Justiça nesse mundo? Poderia mesmo admitir minha mediocridade por não saber argumentar diante de tamanha obviedade. Tantas são as possibilidades que ousarei agir em total desprezo às normas técnicas: não vou apontar nenhum desses fundamentos como razão de decidir. Simplesmente mandarei soltar os indiciados. Quem quiser que escolha o motivo. Expeçam-se os alvarás. Palmas - TO, 05 de setembro de 2003. Rafael Gonçalves de Paula Juiz de Direito Ainda, é necessário ressaltar que o “enquadramento” funciona por meio de uma contra argumentação inicial, tentando destituir de autoridade e valor o argumento mais forte contrário à sua tese. Se o argumento contrário à sua tese for irrefutável, incorpore-o ao seu discurso, relativizando-o. Suponha que seu leitor seja um ativista pelos direitos humanos e você deseje defender no seu texto a implantação da pena de morte. A melhor forma de começar seu texto é explicitar desde o início sua tese? Certamente, que não. É preciso vir se construindo um território “amigável” até chegar a tal tese. Exemplo de uma defesa que usa o enquadramento11: "Por isso, senhores, se um dia, em um momento trágico da sua vida, este pobre homem chega ao homicídio, não é a imoralidade que o arrasta ao crime, mas, sobretudo, a aberração momentânea de uma paixão desculpável e generosa, o amor, que lhe tira a energia de querer e o torna menos firme no caminho da vida". 11 Outro exemplo interessante de enquadramento pela criação de “imagem” pode ser observado no vídeo “O poder da imagem” que está no link: http://www.youtube.com/watch?v=Z0ka3A5uSVI, que da forma com que o Marketing Político se utiliza da arte da persuasão para nos convencer. 14 "É unicamente sob esse ângulo visual que vós, juízes humanos, deveis e podeis julgar a responsabilidade do réu, no momento em que cometeu o crime, sem que façam desviar e obscurecer a vossa consciência certas preocupações, nobres em si mesmas, quando olhadas em abstrato, mas que nada têm a ver com o caso quando olhadas com profundidade." Enrico Ferri – Livro: Defesas Penais CUIDADOS COM O DISCURSO Ao se construir o texto argumentativo, seja oral ou escrito, é fundamental ter cuidado na escolha dos argumentos. No processo da argumentação, as posições ideológicas fundamentalistas não podem constituir argumentos de autoridade, constituem-se como falácias, pois sua validade só é reconhecida pelo locutor, mas não obrigatoriamente pelos interlocutores. Por exemplo: 1. Não darei importância ao caso, pois foi proposto por um grupo de maçons e todos nós sabemos que essa gente vive misturada com magia negra e forças ocultas para ficarem poderosos. 2. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) concluiu a denúncia contra Marco Feliciano(PSC/SP) e Jair Bolsonaro (PP/RJ) por campanha de ódio. Em conjunto com mais de vinte entidades ligadas aos direitos humanos, a entidade deve enviar ao presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN). Os grupos querem entrar com uma representação junto à Corregedoria da Câmara, acusando os dois parlamentares de quebra de decoro parlamentar em virtude de divulgação de vídeos considerados difamatórios, o que poderia resultar na cassação dos mandatos de ambos. 3. Ex. 4: Leia adiante, reportagem do Jornal Pragmatismo Político, que critica “posicionamento preconceituoso” de Jair Bolsonaro, em discurso no Clube Hebraica12, no Rio de Janeiro, em 04 de abril de 2017: 12 Link para palestra completa: https://www.youtube.com/watch?v=wgIuIsMrVxE 15 Jair Bolsonaro faz comentário imperdoável sobre negros quilombolas Durante discurso para a comunidade judaica no clube Hebraica no Rio de Janeiro, Jair Bolsonaro afirmou que negros quilombolas 'não servem pra nada, nem para procriar'. O deputado afirmou ainda que reservas indígenas e quilombos atrapalham a economia Jair Bolsonaro no clube Hebraica, no Rio de Janeiro Em discurso para cerca de 300 pessoas no auditório do clube Hebraica, na zona sul do Rio de Janeiro, nesta terça-feira (4), o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) voltou a proferir frases polêmicas e ofensivas. Segundo o Estadão, o presidenciável prometeu que irá acabar com todas as reservas indígenas e comunidades quilombolas do país caso seja eleito em 2018. Bolsonaro aproveitou o momento para atacar as comunidades tradicionais: – Pode ter certeza que se eu chegar lá não vai ter dinheiro pra ONG. Se depender de mim, todo cidadão vai ter uma arma de fogo dentro de casa. Não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou para quilombola. Em fevereiro, na Paraíba, Bolsonaro sugeriu dar um fuzil para os fazendeiros como cartão de visita contra o MST. O deputado afirmou que as reservas indígenas e quilombolas atrapalham a economia: “Onde tem uma terra indígena, tem uma riqueza embaixo dela. Temos que mudar isso daí”. Ele disse que foi “a um quilombo”. De lá, voltou com a seguinte percepção: “O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada. Eu acho que nem para procriador eles servem mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gasto com eles.” O presidenciável também não poupou os refugiados. “Não podemos abrir as portas para todo mundo”, disse. Ele não se mostrou, porém, avesso a todos os estrangeiros: “Alguém já viu algum japonês pedindo esmola? É uma raça que tem vergonha na cara!”. No mesmo discurso, Bolsonaro ainda ironizou as mulheres: “Eu tenho cinco filhos. Foram quatro homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio uma mulher” Bolsonaro foi convidado para discursar no clube Hebraica do Rio de Janeiro após ter sua palestra boicotada no Hebraica de São Paulo. Mesmo no Rio, 100 pessoas protestaram do lado de fora do clube contra a palestra do deputado. 16 Repercussão Muitos representantes da comunidade judaica no Rio de Janeiro repudiaram a fala racista de Bolsonaro. O médico Nelson Nisenbaum disse que o evento foi uma ofensa ao legado do judaísmo. “É profundamente amargo verificar que entre nós, judeus, há tantas pessoas que não tem capacidade de perceber, entender e temer os discursos de ódio, discriminação e totalitarismo desse patético ser. Permitir sequer que estas ideias adentrem um ambiente judaico, ainda que não essencialmente religioso ou litúrgico, é um verdadeiro sacrilégio, uma profanação, uma grave ofensa ao legado humanista do judaísmo, tão sagrado e caro a nós”, afirmou. Em vídeo publicado no Facebook, a cineasta Ieda Rosenfeld criticou o fato de haver “300 judeus cegos” aplaudindo as declarações preconceituosas de Bolsonaro. “Eu estava lá para ver se era verdade tudo que falam dele e ele é um imbecil”, afirmou. “Eu fui criada na Hebraica, é o berço dos meus avós”, completou. Confira abaixo algumas das frases mencionadas no tumblr e outras passagens rememoradas por Pragmatismo Político: 1. “O erro da ditadura foi torturar e não matar.” (Jair Bolsonaro, em discussão com manifestantes) 2. “Pinochet devia ter matado mais gente.” (Bolsonaro sobre a ditadura chilena de Augusto Pinochet. Disponível na revista Veja, edição 1575, de 2 de Dezembro de 1998 – Página 39) 3. “Seria incapaz de amar um filho homossexual. Prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí.” (Jair Bolsonaro em entrevista sobre homossexualidade na revista Playboy) 4. “Não te estupro porque você não merece.” (Jair Messias Bolsonaro, para a deputada federal Maria do Rosário) 5. “Eu não corro esse risco, meus filhos foram muito bem educados” (Bolsonaro para Preta Gil, sobre o que faria se seus filhos se relacionassem com uma mulher negra ou com homossexuais) 6. “A PM devia ter matado 1.000 e não 111 presos.” (Bolsonaro, sobre o Massacre do Carandiru) 7. “Não vou combater nem discriminar, mas, se eu vir dois homens se beijando na rua, vou bater.” (Afirmação de Jair Bolsonaro após caçoar de FHC sobre este segurar uma bandeira com as cores do arco-íris) 8. “Você é uma idiota. Você é uma analfabeta. Está censurada!”. (Declaração irritada de Jair Bolsonaro ao ser entrevistado pela repórter Manuela Borges, da Rede TV. A jornalista decidiu processar o deputado após os ataques) 9. “Parlamentar não deve andar de ônibus”. (Declaração publicada pelo jornal O Dia em 2013) 17 10. “Mulher deve ganhar salário menor porque engravida” (Bolsonaro justificou a frase: “quando ela voltar [da licença-maternidade], vai ter mais um mês de férias, ou seja, trabalhou cinco meses em um ano”) Atividade 1) Um exercício que ajuda a desenvolver bastante a capacidade argumentativa é o desafio de tentar convencer ou persuadir alguém a comprar coisas absurdas. Encontre argumentos para persuadir/convencer um colega a comprar de você: a) um bilhete de loteria já vencido e não premiado b) um monumento público de sua cidade c) uma escova de dente usada d) um saquinho de leite furado e) um dente de leite f) um cheque sem fundos 2) Explique com suas palavras os seguintes conceitos: 1. O que é dissertar? 2. O que é argumentar? 3. O que é um texto dissertativo-argumentativo? 4. O que é convencer? 5. O que é persuadir? 6. Qual a diferença entre argumentação e manipulação? 7. Por que, ao argumentar, em muitas ocasiões, é importante fazer o prévio enquadramento do discurso? 8. Qual o perigo de se assumir defesa de posicionamento ideológicos fundamentalistas e preconceituosos, durante uma argumentação? Por quê? FALÁCIA13: ARGUMENTOS FALACIOSOS14 Falácia: qualquer enunciado ou raciocínio falso que, entretanto, simula a veracidade. (Dicionário Houaiss eletrônico v.2.0) A falácia, conforme ensina o professor Fredric Litto, da ECA-USP: 13 O sofisma e a falácia são designações dadas a argumentos capciosos e falsos, intencionais ou não. 14 Essa unidade está baseada nos pressupostos teóricos de Chaim Perelman e Lucie Olbrechts-Tyteca, dispostos no livro, A Nova Retórica (1996); em Antonio S. Abreu, no livro, A Arte de Argumentar (2009). 18 é um argumento falso, ou uma falha num argumento, ou ainda, um argumento mal direcionado ou conduzido. A origem da palavra "falaz" remete à ideia do deceptivo, do fraudulento, do ardiloso, do enganador, do quimérico. [...] Note bem: não confunda mentiras com falácias. Mentirassão desvios ou erros propositais sobre fatos reais; falácias, por outro lado, são discursos, ou tentativas de persuadir o ouvinte ou leitor; promovendo um engano ou desvio, porque suas estruturas de apresentação de informação não respeitam uma lógica correta ou honesta, pois foram manipuladas certas evidências ou há insuficiência de prova concreta e convincente. Uma afirmação falaciosa pode ser composta de fatos verdadeiros, mas sua forma de apresentação conduz a conclusões erradas. Toda pessoa esclarecida, instada a elaborar argumentos, por força do trabalho que executa ou de situações cotidianas, deve reconhecer nos próprios argumentos o uso proposital do raciocínio falacioso (intenção de ludibriar) e a imperícia de raciocínio (lógica acidentalmente comprometida). (LITTO, 2015, p. 1) 15 Uma falácia é, portanto, ou um desvio ou uma falha num argumento, ou ainda, um argumento mal direcionado ou conduzido, que foge ao cerne da questão debatida. Uma afirmação falaciosa pode ser composta de fatos verdadeiros, mas sua forma de apresentação conduz a conclusões erradas. A falácia tem todo o aspecto de um argumento correto e válido, embora não o seja. Esse é seu grande perigo: parece correto, mas não é, além do que, leva a outros erros de pensamento, como conclusões erradas. Não falham no nível lógico, mas sim no nível do conteúdo. Ex. 1: Leia o anúncio publicitário e tente descobrir a falácia nele presente:16 Texto do anúncio: Saddam: Em 1990 invadiu outro país sem autorização da ONU por causa do petróleo. Em 2004 está preso e sendo julgado por crimes de guerra e contra a humanidade. Bush: Em 2002 invadiu outro país sem autorização da ONU por causa do petróleo. Em 2004 foi reeleito presidente dos Estados Unidos da América. Conclusão: O mundo trata melhor quem fala inglês (CNA). Ex. 2 de falácia17: Mariana vive um momento de grande índice de desemprego. Entrevistei, aleatoriamente, 20 pessoas desempregadas em Mariana e acredito que as conclusões de minha pesquisa dão um retrato fiel da situação do marianense desempregado. Ex. 3 de falácia18 15 LITTO, Fredric Michael. Argumentos falaciosos: pequeno compêndio para evitar a compra de gato por lebre. 2002. Disponível em: http://cev.org.br/biblioteca/argumentos-falaciosos-pequeno-compencio- para-evitar-compra-gato-por-lebre/ Acesso em: 17 out. 2016. 16 Generalização precipitada 17 Generalização precipitada 19 Deputado de um partido político considerado de "esquerda" afirma: "É importante limitar a liberação de agrotóxicos cancerígenos em nosso país porque é possível que os seus efeitos envenenem a atmosfera e o solo." E um deputado de um partido considerado de "direita" responde: "Não podemos acreditar na opinião do meu colega porque ele é 'esquerdista', e todo mundo sabe que a 'esquerda' está sempre tentando controlar o crescimento do agronegócio." Casos em que a argumentação pode se dar pela via da falácia 1) Argumento ad hominem (contra a pessoa ou condenando a fonte): Ataca-se o interlocutor, tenta-se desacreditar o oponente, sem se discutir o assunto em questão. Exemplo: 1- O que o colega está dizendo sobre as estratégias a serem adotadas na empresa não pode ter o menor fundamento, uma vez que ele não é um pai responsável. 2- L1: Foi este o homem que vi roubando aquele carro! L2: Como pode afirmar isso sendo você um conhecido bêbado? 3. Não sabes o que dizes por que é um analfabeto. 2) Argumento ad baculum (apelo à força): Quando não há argumentos, fazem-se ameaças (quase física ou física). Uma argumentação baseada no argumentum ad baculum assume geralmente seguinte forma: Se x não aceitar P como verdade, então Q. Q é um castigo (consequência negativa) para x. Portanto, P é verdade. Exemplo: 1- É melhor você votar a favor da nossa proposta, senão será demitido, sem conversa. 2- Siga meu conselho, amigo, senão você vai se arrepender. 3- Se você apagar esses comentários eu escolherei os temas mais populares do seu blog e publicarei neles, todos os dias, esses textos acima, todos eles! Mantenha publicado as minhas respostas aos seus equívocos, ou aprenderá na marra!!!19 4- Faça assim ou você vai para o Inferno quando morrer! 5- O exemplo colhido de Abreu (2009, p.66): quando uma mãe, para afastar o filho pequeno das proximidades do fogão, em vez de dizer-lhe que “é muito quente”, que ele pode se machucar, afirma simplesmente: “Sai daí, senão você apanha”, está empregando o Argumentum ad Baculum, cuja tradução é “argumento do porrete”. 18 Ad hominem 19 In: http://eradoespirito.blogspot.com.br/2013/11/crencas-ceticas-xxii-pequeno-manual-de.html 20 3) Argumento ad terrorem (do terror): Apela-se para as consequências negativas que podem advir da não aceitação da tese. Terror psicológico. Exemplo: 1. Ou você aceita nossa condição ou pode ser o fim da empresa. 3. Preste atenção no que digo: se você apagar esses comentários eu escolherei os temas mais populares do seu blog e publicarei neles, todos os dias, esses textos acima, todos eles!20 2. “Conversaram no trajeto; a autora, hesitante, relutante, com medo de perder o emprego. O réu, gentil, polido, falsamente sedutor, mas deixando clara a opção: ou a autora se transformava em sua amante fixa ou teria que procurar rapidamente um novo emprego” (trecho do livro: Em segredo de Justiça) Para eliminar dúvidas: Ad baculum Ad terrorem 1. Flávia: _ Olá, Marcos! Você irá participar do protesto que vamos promover? Marcos: Ainda não sei... Flávia: Se você não participar, você irá se ver com a gente depois! 2. Flávia: _ Olá, Marcos! Você irá participar do protesto que vamos promover? Marcos: Ainda não sei... Flávia: Se você não participar, podemos todos ser demitidos! -------------------------------------------------------------------------- 4) Argumento ad populum (ao povo): É a tentativa de distrair a atenção da ideia em discussão e criar no ouvinte o desejo de ser aceito dentro do grupo. Sugere que quanto mais pessoas apoiam uma ideia, mais correta ou verdadeira ela é. Em vez de apresentar evidência referente à falsidade ou qualidade verídica de uma enunciação, substituir a 20 In: http://eradoespirito.blogspot.com.br/2013/11/crencas-ceticas-xxii-pequeno-manual-de.html 21 informação por impressões: como as pessoas se sentem sobre ela. Apela-se à emoção do interlocutor por meio de uma retórica que o desvia do foco do assunto. Falácia que presume que algo popular é bom, correto ou desejável Exemplos: 1- Você quer ser feliz? Então entre para o nosso clube de vantagens. (propaganda) 2- Talvez Sérgio viesse a ser o melhor presidente do Clube dos Funcionários, mas todo mundo vai votar em João. Entre na onda. Por que gastar seu voto em alguém que não vai ganhar? 5) Argumento ad verecundiam (apelo à autoridade eminente – mau uso da autoridade): Quando se apresenta como força da argumentação a referência ou citação de autoridades no assunto ou pessoas respeitáveis, sem que de fato tenham a ver com o tema tratado. Utilizar-se de tais referências sem fundamento pode confundir o leitor/ouvinte, que acabará acreditando antes de realizar qualquer julgamento. Exemplo: 1. Quando digo que tenho razão, penso em Ronaldo Fenômeno, que diz na propaganda que a lâmina da Gilette é a melhor que existe. Ele é um craque, sabe bem o que diz! 3. Um advogadose vê questionado de maneira insistente por um estagiário. Lá pelas tantas, irritado após cometer um deslize em sua fala, o advogado argumenta que tem especialização e mestrado e isso é mais do que suficiente para o estagiário confiar nele, independente do que falar. ------------------------------------------------------------------------------- 2. Apelo à Falsa Autoridade: se o Cristiano Ronaldo usa pulseiras quânticas, e ele é uma autoridade no futebol, então só pode ser especialista em física quântica, e se as usa é porque funcionam. 22 6) Argumento Secundum Quid (Generalização Precipitada) O erro de afirmar que o que é verdade em algumas instâncias deve ser verdade em todas ou em quase todas as instâncias, ou de tentar estabelecer uma regra geral após achar algumas poucas evidências. É tentar caracterizar uma grande população a partir de evidência de poucos dos seus membros. Exemplo: 1- João estava atrasado para o serviço na segunda-feira. Suzana e José estavam atrasados na terça-feira. João, Suzana e José fazem parte do mesmo departamento, que tem vinte funcionários. Evidentemente, os funcionários daquele departamento sempre chegam atrasados ao serviço. 2- Entrevistei cem pessoas de uma favela de São Paulo sobre seus hábitos alimentares. Acredito que as minhas conclusões dão um retrato fiel da situação alimentar da população favelada na cidade. ----------------------------------------------------------------- 7) Argumento ad misericordiam (Dirigido às Emoções, ao Sentimento de Pena): É a tentativa de ignorar a evidência e convencer o ouvinte a acreditar numa afirmação baseada no seu sentimento de comiseração, ou de superstição. Exemplo: (Do mundo do tribunal de justiça) 1- Membros do júri, o réu nunca poderia ter cometido esse crime. Afinal de contas, é um pai de família: tem esposa e seis filhos que dependem dele. --------------------------------------------------------------------- 8) Argumento do senso comum e dos estereótipos: O argumento de senso comum é aquele que se aproveita de uma afirmação que goza de consenso geral, não sendo contestada por nenhum dos interlocutores. O senso comum é aquele conhecimento amplo e genérico que não possui lastro científico aprofundado, mas que está amplamente difundido no seio da sociedade. Portanto, se alguém afirma que a função do Direito é distribuir justiça ou, também na mesma esteira, afirma que sem a educação o país não vai adiante, está usando do senso comum. Tal senso comum transforma-se em argumento, então, quando é aplicado no discurso para fundamentar determinada ideia. Esse tipo de argumento e sempre muito brando, vago, obtuso, e por isso são raras as vezes que sua colocação em um discurso opera a vitória, exclusivamente. A argumentação baseada exclusivamente no senso comum, como se sabe, não ultrapassa a mera exposição, e assim não persuade. É bastante corriqueira no discurso politico. 23 É comum terminar com expressões parecidas com essa: por que é assim eu não sei, só sei que sempre foi assim. Exemplo: 1. Claro que ele é culpado, veja onde morava e com quem andava, meus caros, é sabido que a favela é lugar de bandido, sempre foi assim. 2. É lógico que foi o Marcos e não a Olívia quem fez isso, você sabe como é... meninos são sempre desorganizados!" ------------------------------------------------------------------------------ 9) Falácia da novidade: (Ad Novitatem) Argumentar que o novo é sempre melhor. Exemplo: É lógico que o meu carro é melhor que o seu, pois o meu é o novo modelo da marca. -------------------------------------------------------------------------------- 10) Falácia do naturalista ou apelo ao natural: Argumentar que, porque algo é natural, é bom. Exemplo: Suco em caixinha! É bom porque é natural. 24 ARGUMENTOS VERDADEIROS OU NÃO FALACIOSOS: Cinco tipos básicos: 1. ARGUMENTO DE AUTORIDADE 2. ARGUMENTO DE PROVAS CONCRETAS 3. ARGUMENTO DE CAUSA E CONSEQUÊNCIA 4. ARGUMENTO DO RACIOCÍNIO LÓGICO 5. ARGUMENTO DA EXEMPLIFICAÇÃO/ILUSTRAÇÃO 6. ARGUMENTO DA OPOSIÇÃO 7. ARGUMENTO DA ANALOGIA 1) Argumento de Autoridade (ab auctoritate): Quando se utiliza um pensador, estudioso ou teórico renomado como embasamento para a tese. Deve-se ter o cuidado de não transformar a argumentação em coerção, uma vez que nem sempre o estudioso está correto em seus posicionamentos. A intenção, ao usar um argumento de autoridade, é confirmar a proposta apresentada. Baseia-se em argumentos de especialistas da área, cuja opinião é partilhada pelo redator. Argumentar por autoridade significa trazer ao discurso a opinião de pessoa reconhecida em determinada área do saber, para que suas palavras funcionem como reforço à veracidade da tese ou daquilo que se apresenta no texto produzido. Quando o argumentante usa esse tipo de técnica, toma de empréstimo o conhecimento e o renome da autoridade citada e acrescenta-os a seu próprio discurso. Indique com perfeição a fonte citada - O argumento de autoridade deve permitir a seus interlocutores a comprovação de sua autenticidade. Por isso a citação bibliográfica precisa é imprescindível. Resumindo: É a citação de autores ou entidades renomados, autoridades num certo domínio do saber, numa área da atividade humana para: • reforçar uma tese, um ponto de vista; • criar a imagem de que o falante sabe o que está falando (uma vez que já leu o que pensaram outros autores sobre ele) • tornar os autores citados fiadores de veracidade. • Gerar confiabilidade da informação 25 Servem a isso os estudos teóricos da área, os códigos, a lei, os juristas de notório saber, as jurisprudências. Ex. 1: Redução da maioridade penal O UNICEF expressa sua posição contrária à redução da idade penal, assim como à qualquer alteração desta natureza. Acredita que ela representa um enorme retrocesso no atual estágio de defesa, promoção e garantia dos direitos da criança e do adolescente no Brasil. O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA) defende o debate ampliado para que o Brasil não conduza mudanças em sua legislação sob o impacto dos acontecimentos e das emoções. O Conselho Regional de Psicologia (CRP) lança a campanha Dez Razões da Psicologia contra a Redução da idade penal, CNBB, OAB, Fundação Abrinq lamentam publicamente a redução da maioridade penal no país. Ex. 2: Publicidade Infantil e obesidade Sandra Amorim, que representa o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, afirma que faltam recursos para garantir às crianças todos direitos previstos na Constituição e para protegê-las de toda a forma de exploração, violência e opressão. “Ao permitir que elas [crianças] recebam informações em excesso que as incitem ao consumismo estamos produzindo uma violação ao direto da criança de ter um desenvolvimento saudável”, afirma. (Fonte: http://www.ecodebate.com.br/2012/09/12/publicidade- infantil-obesidade-infantil-esta-relacionada-a-propaganda-de-refeicoes-fast-food/) 2) Argumento de provas concretas (por comprovação): ao empregarmos os argumentos baseados em provas concretas, buscamos evidenciar nossa tese por meio de informações concretas, extraídas da realidade. • Dados estatísticos, • Provas, evidências e laudos, • Testemunhas, evidências • Fotografias e gravações etc. O uso de provas, dados estatísticos, elementos que comprovem o dito. Exemplo: Ex.1: Publicidade Infantil e obesidade A publicidade infantil voltada para estimular o consumo de alimentos gordurosos deve ser mais controlada pelo governo, pois houve aumento substancial do percentual de crianças e adolescentes com excessode peso e obesas nos últimos anos, atingindo mais de 30% do público entre 5 e 9 anos de idade e cerca de 20% de crianças e jovens entre 10 e 19 anos. Ex. 2: 26 A redução da maioridade penal, de 18 para 16 anos, é apoiada por 87% dos entrevistados em uma pesquisa feita pelo Datafolha e divulgada nesta segunda-feira (22). Foram ouvidas 2.840 pessoas em 174 municípios do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. Entre os que defendem a redução, 73% acham que ela deveria ser aplicada para qualquer tipo de crime, e 27% para determinados crimes. 11% dos entrevistados se disseram contrários à mudança na legislação; 1% se declarou indiferente e 1% não soube responder. No entanto, se pudessem sugerir outra idade para uma pessoa ir para a cadeia por um crime que cometeu, 11% dos entrevistados disseram que a idade mínima deveria ser de 12 anos; 26% acham que deveria ser de 13 a 15 anos; 48%, de 16 a 17 anos; 12% de 18 a 21 anos e 4% não souberam responder. (Fonte: http://g1.globo.com/politica/noticia/2015/06/reducao-da-maioridade-penal-e-aprovada-por-87-diz-datafolha.html) Ex. 3: Violência nas escolas O tema da violência nas escolas não é novo, o que acontece hoje é que são mais visíveis e corriqueiros. Em 1999 - EUA - Dois alunos armados matam doze estudantes e um professor em Columbine. Em 2007 - EUA - Um estudante da universidade Virginia Tech matou 32 pessoas e feriu 15. Em 2009 - Alemanha - Jovem de 17 anos, ex-aluno da escola secundária Albertville, abre fogo contra estudantes e mata dez pessoas. Em 2011 – Brasil - Tragédia em Realengo – Rio de Janeiro - 12 mortos e vários feridos. Em 2011 – Brasil - Tragédia em São Caetano do Sul - SP , garoto de 10 anos atira contra professora dentro da sala de aula e depois se mata. 3) Argumento de causa / consequência21: Causa: estabelece-se uma relação de causalidade ou não para a comprovação da tese. É um argumento pragmático, muito fácil de ser utilizado. para comprovar uma tese, você pode buscar as relações de causa (os motivos, os porquês) e de consequência (os efeitos) entre seus elementos. Exemplo: 21 Quando mal usados, podem se tornar falaciosos também: Tautologia ou Petição de Princípio: (demonstrar uma tese, repetindo-a com palavras diferentes) – acontece quando se utiliza a própria afirmação como causa dela mesma. Exemplo: o fumo faz mal á saúde porque prejudica o organismo (prejudicar o organismo é o mesmo que fazer mal à saúde ou em “a ação é injusta porque é condenável e que é condenável porque é injusta”). Tomar como causa, explicação, razão de ser um fato, que, na verdade, não é causa dele – O que veio depois de um fato não é necessariamente efeito do que aconteceu antes dele. 27 Ex.1: Publicidade Infantil O grande vilão da obesidade infantil seriam as peças publicitárias que se valem do licenciamento de personagens ou mascotes e da venda casada para estimular o consumismo nesse público. Isso faz com que a criança não peça ao pai o biscoito de um gosto específico, mas do personagem A ou B”. Ex.2: Redução da maioridade penal O problema da marginalidade é causado por uma série de fatores. Vivemos em um país onde há má gestão de programas sociais/educacionais, escassez das ações de planejamento familiar, pouca oferta de lazer nas periferias, lentidão de urbanização de favelas, pouco policiamento comunitário, e assim por diante. A redução da maioridade penal não visa a resolver o problema da violência. Apenas fingir que há “justiça”. Um autoengano coletivo quando, na verdade, é apenas uma forma de massacrar quem já é massacrado. Se reduzida a idade penal, os jovens serão recrutados cada vez mais cedo. Ex. 3.Retirado de Perelman e Olbrechts-Tyteca (1996, p.300): “se um exército sempre teve excelentes informações sobre o inimigo, infere-se que seu serviço de inteligência é excelente, e que sempre será assim”. Com efeito, esse argumento alicerça-se numa constatação de uma ocorrência constante nos fatos, deles inferindo um nexo causal. Ex. 4. A zona rural apresenta inúmeros problemas que dificultam a permanência do homem no campo, tais como: falta de escola, de condições de gerar renda, de acesso à tecnologia, aos tratamentos de saúde. Com isso, muitos se mudam para a zona urbana. Mas as cidades encontram-se despreparadas para absorver esses migrantes e oferecer-lhes condições de subsistência e de trabalho. Sem ter como trabalhar, sem dinheiro, muitos não conseguem voltar para casa e caem na marginalidade. Ex. 5. Com o gradual enchimento das nossas cidades, mais e mais edifícios foram tomando o lugar das casas - porém o número médio de automóveis por apartamento já há bastante tempo tem crescido a uma progressão bem maior. Acresça-se a isso uma fase de melhoria da economia brasileira que acelerou ainda mais dramaticamente essa carência por vagas, por conta da realização do antigo sonho de consumo do nosso povo: o automóvel próprio. Consequência direta desse fenômeno foi que as ruas das cidades médias e grandes viraram imensos estacionamentos, mormente à noite. É esse o contexto que inspirou a proibição de alienação ou locação de vagas em condomínio pela Lei 12.607/2012. 4) Argumento pelo raciocínio lógico: Consiste em apresentar conclusões oriundas de proposições/premissas válidas. A criação de relações de dedução ou indução é um recurso utilizado para demonstrar que uma conclusão (afirmada no texto) é necessária, e não fruto de uma interpretação pessoal que pode ser contestada. 28 A conclusão nasce da lógica entre as relações dos elementos que compõem a sentença. A criação de relações de dedução ou indução é um recurso utilizado para demonstrar que uma conclusão (afirmada no texto) é necessária, e não fruto de uma interpretação pessoal que pode ser contestada. Exemplo: Ex. 1: Redução da maioridade penal A violência não será solucionada com a culpabilização e punição, mas pela ação da sociedade e governos nas instâncias psíquicas, sociais, políticas e econômicas que as reproduzem, pois o sistema penitenciário brasileiro NÃO tem cumprido sua função social de controle, reinserção e reeducação dos agentes da violência. Ao contrário, tem demonstrado ser uma “escola do crime”. Portanto, reduzir a maioridade penal não afasta crianças e adolescentes do crime, apenas evidencia uma mudança de um tipo de Estado que deveria garantir direitos para um tipo de Estado Penal que administra a panela de pressão de uma sociedade tão desigual. Ex. 2: Redução da maioridade penal Há ainda o clássico argumento de que o crime organizado utiliza os menores de idade para “puxar o gatilho” e pegar penas reduzidas. Se aprovada a redução da maioridade penal, os jovens seriam recrutados cada vez mais cedo. Se baixarmos para 16 anos, quem vai disparar a arma é o jovem de 15. Se baixarmos para 14, quem vai matar será o garoto de 13. Estaríamos produzindo assassinos cada vez mais jovens. Além disso, o que inibe o criminoso não é o tamanho da pena e sim a certeza de punição. Ex. 3. Um exemplo interessante de argumentação pelo raciocínio lógico pode ser observado em: http://www.youtube.com/watch?v=32n0lT2PlkQ 5) Argumento do exemplo/ilustração: O argumento pelo exemplo busca solidificar uma regra geral com base em vários casos particulares assemelhados. Procede-se, assim, a um raciocínio indutivo, ou seja, partindo-se de casos particulares se extrai uma conclusão aplicável a outros casos. a exemplificação consiste no relato de um pequeno fato (real), de outros elementos que sirvam para exemplificar o pretendido ou ilustra um fato, (hipoteticamente), para servir de apoio à tese. no campo jurídico, o argumento pelo exemplo faz-se presente quando a tese do caso concreto é reforçada pela citação de outras teses iguais ou semelhantes já acolhidas por outros órgãos jurisdicionais. 29 Ex.1: Exemplificação baseada em Fato Real – redução da maioridade penal No Brasil, toda vez que o Estado se depara com uma grave crise política, motivada pela violência, lança-se uma lei para, de forma demagógica, “acalmar” a sociedade. Exemplo disso ocorreu com a Lei de Crimes Hediondos, com a Lei da Prisão Temporária, com o Estatuto da Criança e do Adolescente, com a Lei de Tortura, com o Estatuto do Idoso, com Estatuto do Desarmamento, e agora vem aí a mais absurda delas: a redução da maioridade penal. Ex. 2: Recorre-se ao argumento pelo exemplo se, defendendo a tese de que as pessoas com mais de 50 anos de idade ainda podem realizar grandes coisas, usa-se como prova o exemplo do romano Júlio César (100 - 44 A.C), que, depois de seus cinquenta anos, venceu os gauleses, derrotou Pompeu e tornou-se governador absoluto em Roma. Ex. 3. Na história recente do Brasil, Abreu (2009, p.61) relata que, quando Tancredo Neves pretendia ser candidato à presidência da República, houve, dentro do PMDB, rumores contrários à sua candidatura, alegando ter ele idade avançada. De imediato, Tancredo argumentou pelo exemplo, retrucando que, aos 23 anos, Nero tinha posto fogo em Roma, e que, com 71 anos, Churchill havia vencido os nazistas, na Segunda Guerra Mundial. 6) Argumento de oposição: O contraditório é uma realidade a ser enfrentada pelo argumentador. Nesse sentido, tentar prever alguns valores ou argumentos a serem utilizados pela outra parte ao longo da busca da solução do conflito pode ser uma estratégia discursiva bastante útil. É justamente por isso que a oposição se mostra um tipo de argumento eficiente. Uso dos conectores: mas, porém, entretanto, contudo, todavia. E também de ainda que, apesar de, embora. Ex.22 O motorista atropelou várias pessoas, quando subiu a calçada mas percebeu que além dos feridos, as pessoas do lugar também queriam linchá-lo. Embora seja obrigação do condutor de um veículo socorrer as vítimas de um acidente de trânsito, O motorista que deixou de para socorrer os feridos não praticou omissão de socorro, porque a lei não pode exigir de alguém que ponha sua própria vida ou sua integridade física em risco para socorrer outrem. 22 Retirado de: FETZNER. Néli Luiza Cavalieri (coord.). Lições de argumentação jurídica: da teoria à prática. Rio de Janeiro: Gen/ Forense, 2013, p. 115. 30 7) Argumento de analogia23: Raciocínio fundado na correspondência de uma situação a outra parecida. Analogia, portanto, é o procedimento por mio do qual se pode estabelecer uma relação de semelhança entre coisas diversas. Recorrer à analogia significa fazer uma espécie de comparação entre os termos em questão. A metáfora é um tipo de analogia, por exemplo. Ex. 1 A Constituição protege os direitos fundamentais dos seus cidadãos e estabelece as normas de estruturação e organização do Estado, assim como a Bíblia reúne as orientações de Deus ao homem para que este viva em paz e seja feliz. Por isso, devemos seguir os preceitos dos princípios constitucionais, a fim de evitarmos a insegurança jurídica. Ex. 2 O Estado protege de maneira peculiar as mulheres nas relações de trabalho porque há situações específicas em que ela está em desvantagem em relação aos homens. O Estado protege, com maiores garantias, as crianças e os adolescentes porque são mais fracos que os adultos. O Estado protege os consumidores nas relações de consumo porque há situações específicas em que eles estão em desvantagem relativamente às empresas. Dessa forma, é papel do Estado proteger também os indígenas, por sua situação de vulnerabilidade social. 23 Idem. 31 ATIVIDADES SEÇÃO 1: FALÁCIAS Qual o(s) tipo(s) de falácia(s) ocorrem nos casos abaixo24: 1) “A sociedade brasileira sofre com a violência cotidiana em diversos níveis e não tolera mais essa prática. Certamente, a violência é o pior recurso para a solução de qualquer tipo de conflito. Uma pessoa sensata pondera, dialoga ou se afasta de situações que podem desencadear embates violentos. Não foi essa a opção de Anísio. Preferiu pegar uma faca e, como um bárbaro, assassinar a mulher, evitando todas as outras soluções pacíficas existentes, como a imediata separação que o afastaria definitivamente de quem o traiu. Aceitar sua conduta desmedida seria instituir a pena de morte para a traição amorosa”. 2) As afirmações de Richard Nixon a respeito da política de relações externas em relação à China não são confiáveis, pois ele foi forçado a abdicar durante o escândalo de Watergate por falta de punho político.” 3) “Eu não assassinei os meus pais com um machado! Por favor, não me acusem, não vê que já estou sofrendo o bastante por ter me tornado órfão”. 4) “Você deve tomar 10g de vitamina C por dia para manter o corpo sadio, pois isso foi recomendado por Sartre, um grande filósofo existencialista”. 5) “Todos nós sabemos que o nobre deputado é um mentiroso e trapaceiro, portanto como poderemos concordar com sua idéia de redução de impostos”. 6) "Todo mundo sabe que todos os brasileiros são apaixonados por café, carnaval, praia e futebol". 7) 8) Os pterossauros tinham olhos ocos iguais aos de aves atuais! Essa adaptação evolutiva ajudava o pterossauro a voar! Já algumas outras adaptações evolutivas não deram muito certo. Como é o caso do pterossauro de cabeça oca! Dããã! Ah, Lek, Lek, Lek, Lek, Lek, Lek... 24 A lista foi elaborada com base nos exemplos trazidos pelos alunos da turma do 1º período de Direito (2013 e 2014) Analise: A associação da imagem do Pelé à publicidade de celular. 32 9) 10) 11) Comentários: VÁ COSTURAR A CALCA SUA PANACA E DEIXE A VIDA DAS COLEGAS DE TRABALHO EM PAZ. VAI CUIDAR DO FILHO PARA QUE ELE NÃO TENHA VERGONHA DO QUE VOCE FAZ COM AS PESSOAS QUANDO ELE FOR ADULTO. Essa Débil deve ir para marte falar mau e desinfetar a Terra. Leia mais: http://extra.globo.com/famosos/luana- piovani-embarca-para-brasil-ao-lado-do-marido- com-calca-furada-no-bumbum-ops- 8637473.html#ixzz2WfofSmg1 33 12) (Imagina 2014 (Brahma) Imagina a Festa). 13) João é a favor do tratamento do reservatório de água da cidade com flúor. João é um ladrão. Logo, não devemos tratar o reservatório de água com fluor. 14) Para mim, a 3ª guerra mundial será por causa da informática, veja como estão os jovens de hoje, matando por tão pouco e usando drogas. 15) 16) Cê vai arder no mármore do inferno! Vou porque posso e tenho bom gosto! Agora pobre como você vai arder no chapisco mesmo 17) Meu professor diz que eu deveria ter orgulho de ser brasileiro. E ele é um mega professor! Logo, eu devo ter orgulho de ser brasileiro! 18) Apesar da derrota, o grupo assegurou que a insurgência continua, enquantos soldados advertiram que vão esmagar os rebeldes. 19) No discurso de Calheiros (2007): “Seria uma brutalidade, ser banido injustamente da vida pública e, como cidadão, perder a condição vital, de olhar nos olhos de minha mulher, de meus filhos e neto, dos meus amigos senadores e senadoras. Quem perde isso perde o próprio sentido da vida. Entrego meu destino à Vossas Excelências. Está diante deste Plenário, do Senado e dos olhos da Nação um homem - com seus acertos e seus defeitos - que dedicou todasua vida à causa de Alagoas, da democracia e do País. Que procurou honrar esta Casa e dignificar o mandato de Senador”. 20) “Percorro um longo e espinhoso caminho - e Deus me dá muita força para isso - na esperança de amenizar o estrago causado na minha honra, que, depois da vida, é o bem mais valioso de todos nós. A pena que se propõe é de morte política. Cívica. Uma violência sem tamanho. Com a eventual cassação do meu mandato de Senador e a consequente inelegibilidade de 15 anos e meses, eu estaria banido da vida pública até 2022”. 34 21) 22) A Toyota está plantando uma árvore na pampulha. Um singela demonstração de sua preocupação com o meio ambiente. E, com essa árvore, está nascendo uma nova concessionária Toyota: Osaka Pampulha. Faz parte da natureza estar cada vez mais perto de você! 23) É melhor admitir que a nova orientação da empresa seja a melhor – se pretende manter o emprego. 24) Hoje à noite na reunião quero que você defenda o meu projeto, se não o fizer, o pau vai quebrar! 25) As sondagens sugerem que os liberais vão ter a maioria no parlamento, por isso, você também deve votar neles. 26) Ele não merece atenção, pois é um marxista da época de Stalin. 27) Ele diz que não devo beber, mas não está sóbrio faz mais de um ano. 28) Todo mundo sabe que a Terra é redonda...então porque razão insiste nas suas excêntricas teorias? 29) A maioria das pessoas acreditam em alienígenas, portanto eles devem mesmo existir. 30) Ou nós ou o caos. A escolha é sua! 31) Marco Antônio Feliciano sobre os negros disse: “a maldição que Noé lança sobre seu neto, Canãa, respinga sobre o continente africano, daí a fome, as pestes, as doenças e as guerras étnicas.” 32) Novo celular da Motorola X, muito melhor que os concorrentes, antecipará vontade do usuário. 33) 34) Os melhores roteiros jovens estão na Tia Eliane. Não perca tempo. Venha para Orlando Magic conosco e faça parte do time. 35) André não está falando a verdade, pois ele é um mau-caráter. 36) Como questionar esse argumento, se nas Escrituras Sagradas está escrito, então é verdade. 37) Todo mundo generaliza! Todo político é ladrão, os policiais são corruptos e brasileiro é tudo malandro. 38) Depois de Dalva apresentar de maneira eloquente e convincente uma possível reforma do sistema de cobrança do condomínio, Samuel pergunta aos presentes se eles deveriam mesmo acreditar em qualquer coisa dita por uma mulher que não é casada, já foi presa e, para ser sincero, tem um cheiro meio estranho. Chegou a hora do espetáculo. Mas ainda dá tempo de você comprar seu ingresso. Junte-se aos campeões. 35 39) Lucas não queria comer o seu prato de cérebro de ovelha com fígado picado, mas seu pai o lembrou de todas as crianças famintas de algum país de terceiro mundo que não tinham a sorte de ter qualquer tipo de comida. 40) ) 41) Luciano, bêbado, apontou um dedo para João e perguntou como é que tantas pessoas acreditam em duendes se eles são só uma superstição antiga e boba. João, por sua vez, já havia tomado mais Guinness do que deveria e afirmou que já que tantas pessoas acreditam, a probabilidade de duendes de fato existirem é grande. 42) Um professor de matemática se vê questionado de maneira insistente por um aluno especialmente chato. Lá pelas tantas, irritado após cometer um deslize em sua fala, o professor argumenta que tem mestrado pós-doutorado e isso é mais do que suficiente para o aluno confiar nele. 43) 44) 45) O curandeiro chegou ao vilarejo com a sua carroça cheia de remédios completamente naturais, incluindo garrafas de água pura muito especial. Ele disse que é natural as pessoas terem cuidado e desconfiarem de remédios “artificiais”, como antibióticos. 46) Data vênia, a decisão exagerada pelo Direto X é temerária, vez que produz efeitos e consequências incalculáveis, que desconsidera que o licitante deva cumprir Está escrito: Não temos Mickey, Minnie ou Pato Donald. Mas se você não levar a sua família, já temos um pateta. 36 atentamente aos quesitos estabelecidos no Edital, do qul se encontra estritamente vinculado, confere insegurança jurídica aos administradores, e torna subjetivo o julgamento da licitação, conferindo poderes aos agentes para mudarem as regras dos editais quando estes já foram publicados, conferindo tratamente anti-isonômico aos licitantes. 47) Charge: Arraiá da Copa! Olha o metrô pronto antes da copa, minha gente!!! UUhuu! É mentira! Todo mundo acreditou, né! 48) Nova coleção outono-invervo. Para você arrasar no seu dia a dia! 49) 50) 51) É a oportunidade ideal para substituir a sua “Lolita”, “Claúdia” ou qualquer outro nome que durante tantos anos pronunciou ao chamar a sua WaveRunner. BeautyDrink Bebida com vitaminas, minerais e frutas para aumentar a sua beleza! 37 52) SEÇÃO 2: ARGUMENTOS NÃO FALACIOSOS No texto abaixo, localize argumentos: de autoridade, de provas concretas, de raciocínio lógico, de causa e consequência, de exemplo. PUBLICIDADE DE CERVEJA EM HORÁRIO NOBRE E MORTE DE JOVENS NO TRÂNSITO Deputado Federal Paulo Pimenta Jornal da Câmara dos Deputados Todos os dias, a imprensa registra os números de acidentes de trânsito com vítimas fatais no País. Especialmente nas segundas-feiras, os noticiários de TV em todo Brasil publicam estatísticas, comentam os números, e os fatos se repetem. No mundo, cerca de 1,3 milhão de pessoas morrem vítimas de acidentes de trânsito por ano, mais de 50 milhões ficam feridas e o gasto com saúde pública para esses casos é de aproximadamente 100 bilhões de dólares. No Brasil, são 60 mil mortes anualmente, embora a estimativa seja o dobro, em virtude de só serem considerados para fins de estatísticas as vítimas que morrem no local do acidente. As despesas médico-hospitalares, previdenciárias, entre outras, aqui em nosso País são de R$ 40 bilhões. Os mortos na maioria são jovens, homens, que perderam a vida nos finais de semana e, no geral, beberam, e beberam muito. Essa realidade faz parte de um fenômeno mundial, ao ponto de ser pauta de fóruns internacionais e resoluções da Organização Mundial Saúde, muitas das quais somos signatários. Nos últimos dias, após relatório da OMS evidenciando que o álcool mata mais que aids, tuberculose e violência, editoriais de grandes jornais de circulação nacional se debruçaram sobre as causas dos acidentes, chamando a atenção da sociedade e dos governos, mas estranhamente ignoraram as ações que, segundo o documento recente, poderiam reduzir essa trágica realidade Na avaliação de especialistas do mundo inteiro, que pensaram políticas para enfrentar esse quadro, o baixo custo da bebida aliada à publicidade excessiva, especialmente voltada para o público jovem é a principal causa das morte. Sugerem medidas, como aumentar a tributação da cerveja e proibir a propaganda da bebida. O Brasil, diante de um silêncio hipócrita consentido, caminha no sentido contrário. A guerra publicitária das cervejas movimenta milhões. A qualquer tentativa de regular a matéria as grandes agências de publicidade invadem o Salão Verde do Congresso Nacional, e cantores, atores, esportistas, todos “especialistas” na matéria convencem a todos que só no Brasil não há relação direta entre propaganda de cerveja e mortes de jovens no trânsito. Dessa forma, assistimos ao crescimento do número de mortes, do mercado da cerveja e da 38 publicidade dessa bebida pela televisão e em horário nobre, culpando autoridades, mas ignorando as responsabilidades das grandes empresas de cerveja e o mercado da propaganda. O Conselho de Autorregulamentação Publicitária (CONAR), timidamente, orienta para que não se vinculea publicidade das cervejas a esporte, carros, mulheres, sinal de maturidade etc. A Itaipava faz associação direta de seu produto com mulheres insinuantes, atividades esportivas – como o futebol – e explora, ao máximo, ambientes sociais, como praias e rodas de churrasco. Com certeza, isso não é exclusividade da cerveja Itaipava, pois esses mesmos elementos, utilizados para criar uma relação de identificação entre produto e consumidor, são também explorados pelas outras grandes marcas de cerveja do País. O Congresso não pautará essa matéria se não for pressionado pela sociedade, que por sua vez depende da mídia para se fazer ouvir. Cobrem do Parlamento a aprovação de uma medida que proíba a publicidade de cerveja no Brasil durante 180 dias e, se o número de mortes não reduzir em mais de 30%, nunca mais falo nesse assunto. Tenham a mesma coragem que tiveram com o cigarro, que teve restringida sua publicidade por lei, e mostrem estatísticas pós esse período que nos encham de orgulho, e exijam do Congresso e do governo uma lei que ajude a pôr fim à carnificina de jovens no trânsito. 4) Qual o tipo de argumento usado nos trechos abaixo: 1) “A Constituição é muito clara quando diz que a vida é um bem inviolável. Uma sociedade democrática defende esse direito e recorre a todos os meios disponíveis para que a vida seja sempre preservada e para que qualquer atentado a esse direito seja severamente punido. No caso em questão, Teresa foi atacada de maneira covarde e violenta, porque não dispunha de meios para ao menos tentar preservar sua vida. Portanto, o réu desrespeitou a Constituição Brasileira e incorreu no crime de homicídio doloso previsto no artigo 121 do Código Penal Brasileiro”. 2) “Ao se desesperar num congestionamento em São Paulo, daqueles em que o automóvel não se move nem quando o sinal está verde, o indivíduo deve saber que, por trás de sua irritação crônica e cotidiana, está uma monumental ignorância histórica. São Paulo só chegou a esse caos porque um seleto grupo de dirigentes decidiu, no início do século, que não deveríamos ter metrô”. (Adaptado de Folha de S. Paulo. 01/10/2000) 3) 39 SEÇÃO 3: falácias e argumentos25 3. Apelo ao júri para que contemple a condição do réu: um homem pobre e sofrido que agora passa pelo transtorno de ser julgado em tribunal. 4. Ao se deparar em um congestionamento em São Paulo, daqueles em que o automóvel não se move nem quando o sinal está verde, o indivíduo deve saber que por trás de sua irritação crônica e cotidiana, está uma monumental ignorância histórica, pois São Paulo só chegou a esse caos porque um grupo de dirigentes decidiu no início do século, que não deveríamos ter metrô em toda a cidade. 5. Se vocês mandarem meu cliente para a cadeira elétrica, vocês vão tornar esta pobre mulher viúva e essas inocentes crianças órfãos. O que eles fizeram para merecer isso? 6. Os moradores devem deixar suas casas para não correrem o risco de morte, como atestou a Defesa Civil. 7. O dr. Michael Danton, especialista em genética molecular humana da Universidade de Otago, Nova Zelândia, concluiu que todas as evidências disponíveis nas ciências biológicas sustentam a teoria apresentada sobre a cianobactéria. 8. A embaixadora americana junto à ONU, Samantha Power, advertiu que o que ocorreu na Crimeia “não pode se repetir em outras partes da Ucrânia”, afirmando que Washington está pronto para adotar medidas adicionais em caso de nova agressão do território ucraniano. 9. A embaixadora americana junto à ONU, Samantha Power, foi além e disse: “um ladrão pode roubar algo, mas isto não confere o direito de propriedade ao ladrão”. O que a Rússia fez foi um erro em matéria de direito, errado em matéria de ladrão e, portanto, perigoso em matéria de política. 10. Flávia: _ Olá, Marcos! Você irá participar do protesto que vamos promover? Marcos: Ainda não sei... Flávia: Se você não participar, você irá se ver com a gente depois! 11. Flávia: _ Olá, Marcos! Você irá participar do protesto que vamos promover? Marcos: Ainda não sei... Flávia: Se você não participar, podemos todos ser demitidos! 12. A Deise não conseguiu nota suficiente para passar de ano, porque ela faltou muito às aulas e não estudou suficiente para recuperar o conteúdo perdido. 13. Lucas não queria dividir seu brinquedo com as outras crianças, mas seu pai o lembrou de todas as crianças que não têm sequer um brinquedinho para brincarem e ainda passam fome. 14. Depois de Salma apresentar uma maneira eloquente e convincente uma possível reforma do sistema de cobrança do condomínio, Samuel pergunta aos presentes se eles deveriam mesmo acreditar em qualquer coisa dita por uma mulher que não é casada, já foi presa e, pra ser sincero tem um cheiro estranho. 15. Luciano, bêbado, apontou um dedo para joão e perguntou, como é que tantas pessoas acreditam em duendes se eles são só uma superstição antiga e boba. João, por sua vez já havia tomado mais cachaça do que deveria e afirmou que já que tantas pessoas acreditam, a probabilidade de duendes de fato existirem é grande. 25 Lista de exercícios argumentos falaciosos (falácias) e argumentos não falaciosos (argumentos fortes) colhidos pela turma do 1º período de 2014. 40 16. Se os transportes coletivos fossem realmente de qualidade, então as pessoas prefeririam usá-los. E se as pessoas optassem mais pelo transporte público, haveria menos automóveis em circulação pela cidade. 17. Peixe sem rabo e cabeça: É como na alegoria do hermeneuta que chega a uma ilha e lá constata que as pessoas desprezam a cabeça e o rabo dos peixes, mesmo diante da escassez de alimentos. Intrigado, revolveu o chão linguístico em que estava assentada a tradição e reconstruiu a história institucional daquele “instituto”, descobrindo que, no início do povoamento da ilhota, os peixes eram grandes e abundantes, não cabendo nas frigideiras. Consequentemente, cortavam a cabeça e o rabo... Hoje, mesmo que os peixes sejam menores que as panelas, ainda assim continuam a cortar a cabeça e o rabo. Perguntado, um dos moradores o porquê de assim agirem: “Não sei... mas as coisas sempre foram assim por aqui!”. 18. Os macacos: Um grupo de cientistas colocou sete macacos em uma jaula. No meio da jaula, uma escada, e, sobre ela, um cacho de bananas. Quando um macaco subia na escada para pegar as bananas, um jato de água fria era acionado em cima dos que estavam no chão. Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros pegavam-no e enchiam-no de pancada. Com mais algum tempo, mais nenhum macaco subia a escada, apesar da tentação das bananas. Então, os cientistas substituíram um dos macacos por um novo. A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo retirado pelos outros, que o surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo já não mais subia a escada. Um segundo macaco, veterano, foi substituído, e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado, com entusiasmo, na surra ao novato. Um terceiro foi trocado e o mesmo ocorreu. Um quarto, um quinto, um sexto e, afinal, o último dos veteranos, foram substituídos. Os cientistas, então, ficaram com um grupo de sete macacos que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse pegar as bananas. Se possível fosse perguntar a algum deles por que batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria: "Não sei... mas as coisas sempre foram assim por aqui!" 19. “A prática do direito já lhe tinha ensinado há muito tempo que não vêm a juízo canalhas integrais nem perfeitos anjos de pureza. Que, mesmo para atos mais escuros, há sempre alguma forma de explicação ou justificativa, e que
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