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Globalização Milton Santos & Bauman

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Milton Santos foi um geógrafo brasileiro, considerado por muitos como o maior pensador da história da Geografia no Brasil e um dos maiores do mundo. Destacou-se por escrever e abordar sobre inúmeros temas, como a epistemologia da Geografia, a globalização, o espaço urbano, entre outros.
Conquistou, em 1994, o Prêmio Vautrin Lud, o Nobel de Geografia, sendo o único brasileiro a conquistar esse prêmio e o primeiro geógrafo fora do mundo Anglo-Saxão a realizar tal feito. Além dessa premiação, destaca-se também o prêmio Jabuti de 1997 para o melhor livro de ciências humanas, com “A Natureza do Espaço”. Foi professor da Universidade de São Paulo, mas lecionou também em inúmeros países, com destaque para a França.
A obra de Milton Santos caracterizou-se por apresentar um posicionamento crítico ao sistema capitalista e aos pressupostos teóricos predominantes na ciência geográfica de seu tempo. Em seu livro “Por uma Geografia Nova”, em linhas gerais, o autor criticou a corrente de pensamento Nova Geografia, marcada pela predominância do pensamento neopositivista e da utilização de técnicas estatísticas.
Diante desse pensamento, propôs – fazendo eco a outros pensadores de seu tempo – a concretização de uma “Geografia Nova”, marcada pela crítica ao poder e pela predominância do pensamento marxista. Nessa obra, defendia também o caráter social do espaço, que deveria ser o principal enfoque do geógrafo.
Um dos conceitos mais difundidos e explorados por esse geógrafo foi a noção de “meio técnico-científico informacional”, que seria a transformação do espaço natural realizada pelo homem através do uso das técnicas, que difundiram graças ao processo de globalização e a propagação de novas tecnologias.
Sobre a globalização, Milton Santos era um de seus críticos mais ferrenhos. Em uma de suas mais célebres frases, ele afirmava que “Essa globalização não vai durar. Primeiro, ela não é a única possível. Segundo, não vai durar como está porque como está é monstruosa, perversa. Não vai durar porque não tem finalidade”.
Em uma das suas obras mais difundidas pelo mundo – Por uma outra globalização –, muito lida por “não geógrafos”, Milton Santos dividiu o mundo em “globalização como fábula” (como ela nos é contada), “globalização como perversidade” (como ela realmente acontece) e “globalização como possibilidade”, explorando a ideia de uma outra globalização.
Além disso, o geógrafo proporcionou uma fecunda análise a respeito do território brasileiro, abordando as suas principais características e inserindo a produção do espaço no Brasil sob a lógica da Globalização. Nessa obra, de mais de 500 páginas, propôs, inclusive, uma nova regionalização do Brasil, dividido em quatro grandes regiões.
Milton Santos faleceu em 24 de junho de 2001, vítima de complicações proporcionadas por um câncer, aos 75 anos. Deixou uma vasta obra, com dezenas de livros e uma infinidade de textos, artigos e capítulos. Seu pensamento ainda é considerado atual e muitas das críticas dos movimentos antiglobalização fundamentam-se em suas ideias.
O filósofo e sociólogo polonês Zygmunt Bauman, morto em 2017 aos 91 anos, foi considerado um dos intelectuais mais importantes do século 20.
Nascido em Poznan, no oeste da Polônia, em 1925, Bauman fugiu do nazismo, ainda pequeno, com a família para a União Soviética. Lá, serviu na Segunda Guerra Mundial pelo Exército local.
Mais tarde voltou à Polônia, onde foi professor da Universidade de Varsóvia. O que não durou muito. Destituído do posto, teve obras censuradas e foi expulso do Partido Comunista do qual era afiliado.
Em 1968, deixou a Polônia por conta de perseguições antissemitas. Mais tarde, renunciaria à sua nacionalidade e se instalaria em Tel Aviv, em Israel. Anos depois, se fixou Universidade de Leeds, na Inglaterra, onde desenvolveu a maior parte de sua carreira.
Com uma visão crítica da realidade, Bauman era considerado um pessimista.
Uma de suas teorias mais conhecidas era a da "modernidade líquida" – que compreende um período de intensa mudança na humanidade: tudo que era sólido se liquidificou. De acordo com o conceito, agora "nossos acordos são temporários, passageiros, válidos apenas até novo aviso".
A filosofia, a cultura, o individualismo, o avanço da desigualdade, a revolução digital, a efemeridade das relações a partir dessa revolução são algumas questões estudadas pelo pensador – que se tornou uma figura de referência em diferentes campos do conhecimento.
A maioria dos livros de Bauman foi traduzida para o português.
A seguir, conheça 9 pensamentos deixados pelo intelectual:
1) Sobre identidade e redes sociais
"A diferença entre a comunidade e a rede é que você pertence à comunidade, mas a rede pertence a você. É possível adicionar e deletar amigos, e controlar as pessoas com quem você se relaciona. Isso faz com que os indivíduos se sintam um pouco melhor, porque a solidão é a grande ameaça nesses tempos individualistas. Mas, nas redes, é tão fácil adicionar e deletar amigos que as habilidades sociais não são necessárias. Elas são desenvolvidas na rua, ou no trabalho, ao encontrar gente com quem se precisa ter uma interação razoável. Aí você tem que enfrentar as dificuldades, se envolver em um diálogo [...] As redes sociais não ensinam a dialogar porque é muito fácil evitar a controvérsia... Muita gente as usa não para unir, não para ampliar seus horizontes, mas ao contrário, para se fechar no que eu chamo de zonas de conforto, onde o único som que escutam é o eco de suas próprias vozes, onde o único que veem são os reflexos de suas próprias caras. As redes são muito úteis, oferecem serviços muito prazerosos, mas são uma armadilha." Trecho extraído de entrevista ao El País.
2) Sobre consumo e poder de escolha
"Numa sociedade sinóptica de viciados em comprar/assistir, os pobres não podem desviar os olhos; não há mais para onde olhar. Quanto maior a liberdade na tela e quanto mais sedutoras as tentações que emanam das vitrines, e mais profundo o sentido da realidade empobrecida, tanto mais irresistível se torna o desejo de experimentar, ainda que por um momento fugaz, o êxtase da escolha. Quanto mais escolha parecem ter os ricos, tanto mais a vida sem escolha parece insuportável para nós." Trecho extraído do livro Modernidade Líquida.
3) Sobre o sofrimento mediado pelo consumo
"Algum tipo de sofrimento é um efeito colateral da vida numa sociedade de consumo. Numa sociedade assim, os caminhos são muitos e dispersos, mas todos eles levam às lojas. Qualquer busca existencial, e principalmente a busca da dignidade, da autoestima e da felicidade, exige a mediação do mercado." Trecho extraído do livro Vida Líquida.
4) Sobre redes sociais e privacidade
"Os adolescentes equipados com confessionários eletrônicos portáteis são apenas aprendizes treinando e treinados na arte de viver numa sociedade confessional – uma sociedade notória por eliminar a fronteira que antes separava o privado e o público, por transformar o ato de expor publicamente o privado numa virtude e num dever público (...)" Trecho extraído do livro Modernidade Líquida.
5) Sobre globalização e uma humanidade interligada
"Nós somos responsáveis pelo outro, estando atento a isto ou não, desejando ou não, torcendo positivamente ou indo contra, pela simples razão de que, em nosso mundo globalizado, tudo o que fazemos (ou deixamos de fazer) tem impacto na vida de todo mundo e tudo o que as pessoas fazem (ou se privam de fazer) acaba afetando nossas vidas." Trecho extraído do livro Modernidade Líquida.
6) Sobre o Brasil
"Vocês estão no caminho certo e eu espero de todo o meu coração que vocês cheguem lá. Eu apenas direi que os representantes de 66 governos do mundo vieram para o Rio de Janeiro para se consultarem, para aprenderem sobre a experiência de retirar 22 milhões de pessoas da pobreza. Ninguém mais repetiu esse milagre, só o Brasil. Desejo que continuem isso, mas também agora algumas deficiências estão vindo à tona". Trecho extraído de entrevista ao jornalistaAlberto Dines, em 2015.
7) Sobre a pós-modernidade globalizada
"Na hierarquia herdada dos valores reconhecidos, a 'síndrome consumista' destronou a duração, promoveu a transitoriedade e colocou o valor da novidade acima do valor da permanência." Trecho extraído do livro Vida Líquida.
8) Sobre relacionamentos em um mundo individualista
"Em nosso mundo de furiosa individualização, os relacionamentos são bençãos ambíguas. Oscilam entre o sonho e o pesadelo, e não há como determinar quando um se transforma no outro. Na maior parte do tempo, esses dois avatares coabitam - embora em diferentes níveis de consciência. No líquido cenário da vida moderna, os relacionamentos talvez sejam os representantes mais comuns, agudos, perturbadores e profundamente sentidos da ambivalência." Trecho extraído do livro Amor Líquido.
9) Sobre relacionamento e riscos
"Não se deixe apanhar. Evite abraços muito apertados. Lembre-se de que, quanto mais profundas e densas suas ligações, maiores os seus riscos. (...) E lembre-se, claro, de que apostar todas as suas fichas em um só número é a máxima insensatez!" Trecho extraído do livro Amor Líquido.
A Globalização e suas Marcas
O que diferencia a globalização do imperialismo dos séculos XVIII, XIX e parte do XX é o modos operandi. Enquanto as nações imperialistas se faziam presentes de maneira física, se fazia sentir quanto força opressora, exploradora e expropriadora, com seus exércitos, suas armas e sua política de protetorados, hoje a presença se dá de modo sutil, suave como uma brisa, invisível. O domínio não se dá mais pelo controle das fronteiras e territórios e sim pelos Fluxos. 
Sob a forma de organizações, o capitalismo mundial foi impulsionado no período pós guerra e principalmente na II metade do século XX através do Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial ou Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), Organização Mundial do Comércio (OMC), Organização para Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), Organização Mundial da Saúde (OMS), Organização das Nações Unidas (ONU), Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), União Europeia (EU), Brasil, Rússia, Índia, China e África do sul (BRICS), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Associação Latino-Americana para o Desenvolvimento Industrial e Social (ALADIS), Comissão Econômica para a America Latina (CEPAL), Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) Comunidade Econômica Europeia (CEE) entre tantos outros. Cotações; Ouro, Euro, Dólar, Yuan, Libra Esterlina, etc. 
Milton Santos (1996) afirma de que a universalização do mundo pode ser constatada nos fatos. Universalização da produção, incluindo a produção agrícola, dos processos produtivos e do marketing. Universalização das trocas, universalização do capital e de seu mercado, universalização da mercadoria, dos preços e do dinheiro como mercadoria-padrão, universalização das finanças e das dividas, universalização do modelo de utilização dos recursos por meio de uma universalização do trabalho, isto é, do mercado do trabalho e do trabalho improdutivo, universalização do ambiente das firmas e das economias, universalização dos gostos, do consumo, da alimentação. Universalização da cultura e dos modelos de vida social, universalização de uma racionalidade a serviço do capital erigida em moralidade igualmente universalizada, universalidade de uma ideologia mercantil concebida do exterior, universalização do espaço, universalização da sociedade tornada mundial e do homem ameaçado por uma alienação total. 
Desse modo, a globalização, sob o mote da “mútua dependência” (enquanto uns poluem outros não podem, enquanto uns produzem os outros consomem, enquanto uns permanecem agroexportadores, outros impõem seus bens tecnológicos) leva aos quatro cantos do globo as “benesses do desenvolvimento econômico”, em detrimento da “pobreza e do habitus retrógrado” das localidades. As diferenças se esvaem. Segundo Ianni (2001, p.93): “A globalização tende a desenraizar as coisas, as gentes e as ideias. Sem prejuízo de suas origens, marcas de nascimento, determinações primordiais, adquirem algo de deslocado, genérico, indiferente. [...] aos poucos predomina o espaço global em tempo principalmente presente”.
Por sua vez Bauman (1999 p. 15), apresenta um quadro mais sombrio sobre as mudanças “globalizantes”. Conforme ele, estas mudanças levam-nos invariavelmente ao movimento, à errância e até mesmo a mendicância de sentido:
 
Todos nós estamos, a contragosto, por desígnio ou à revelia, em movimento. Estamos em movimento mesmo que fisicamente estejamos imóveis: a imobilidade não é uma opção realista num mundo em permanente mudança. E, no entanto, os efeitos dessa nova condição são radicalmente desiguais. Alguns de nós tornam-se plena e verdadeiramente “globais”; alguns se fixam na sua “localidade” – transe que não é nem agradável nem suportável num mundo em que os “globais” dão o tom e fazem as regras do jogo da vida.
Nada disso é novidade ao cidadão médio de qualquer parte do mundo. Porém, se é verdade que a globalização e o que advêm dela tende a homogeneizar o mundo. Também é verdade que ela não se dá de modo simultâneo e igual em todas as partes. Num plano puramente técnico, a economia de mercado só pode ser introduzida na medida em que o sistema de transporte for suficientemente eficaz para garantir o encaminhamento dos excedentes da produção a seus consumidores eventuais. Santos (2001, p. 86) afirma que criaram-se incompatibilidades entre velocidades diversas; e os portadores das velocidades extremas buscam induzir os demais atores a acompanhá-los “[...] Há, sempre, uma seletividade nessa difusão, separando os espaços da pressa daqueles outros propícios à lentidão”.
Se a globalização tende a homogeneizar, colocar fim às barreiras geográficas, enfraquecer as tradições e inserir os diversos espaços dentro de um único sistema econômico, isso não quer dizer que as pesquisas sociológicas, geográficas, antropológicas entre outras devam seguir o mesmo caminho. Os grandes movimentos “ideológicos” (humanismo, positivismo e iluminismo), cada um no seu devido tempo propugnaram um melhor modo de produzir, consumir e pensar; e todos foram devidamente criticados por grandes pensadores.
 Os estudos em torno da globalização e seus efeitos tendem a chegar num denominador comum. Bauman (2008, p.48) afirma que “todos estamos fadados a contragosto ou não aos desígnios da globalização”. 
Acreditamos na possibilidade de escolha e resistência. Entretanto, isso só será possível compreendendo, analisando e explicando a parte que nos cabe, ou seja, o espaço geográfico e sociocultural no qual estamos inseridos. Logo, pretendemos dar uma viagem compreensiva de ida e vindas em torno do conceito de globalização e seus aspectos mais gerais para quiçá jogar luz sobre a realidade. A realidade do Oeste Catarinense e se possível, sob o efeito da globalização, o risco que nos cabe. Pois como afirma Beck (2010, p. 66):
superficiais e em sua maioria risíveis. O Facebook, o Orkut entre outras redes sociais, torna-se o elemento aglutinador das massas, que não tem outra função a não ser entreter, anestesiar as mentes e desenvolver o distanciamento. Conforme Balandier ( 1997, p. 224) “Há mecanismos de controle na sociedade aberta, semelhantes a um animal numa reserva. Carregamos inúmeras coleiras eletrônicas”.

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