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Lei Maria da Penha

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1 
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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
Lei Maria da Penha 
Renato Brasileiro 
Aula 13 
 
 
ROTEIRO DE AULA 
 
 
Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher (Lei n. 11.340/06) 
 
1. Fundamento Constitucional e Convencional. 
 
Constituição Federal, art. 226. (...) 
 
§ 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando 
mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações. 
 
Também existem várias convenções internacionais que foram elaboradas com o objetivo de proteção da 
mulher, um exemplo ocorre em 1975 na cidade do México, onde foi celebrada a primeira conferência mundial 
sobre a mulher. Com o passar do tempo foi elaborada a Convenção sobre a eliminação de todas as formas de 
discriminação contra as mulheres, que foi promulgada pelo Decreto 26/94. 
 
Alguns anos depois, outras convenções foram realizadas, como, por exemplo, no ano de 1980, em que houve 
uma convenção realizada em Copenhague (Dinamarca), conhecida como a segunda conferência mundial sobre 
a mulher. 
 
Mais tarde, mediante uma nova conferência (conhecida como terceira conferência mundial sobre a mulher), 
realizada em 1985 no Quênia na cidade de Nairóbi. 
 
Obs.1: No plano interamericano, podemos destacar a convenção de Belém do Pará celebrada no ano de 1994, 
visando prevenir e erradicar a violência doméstica. Essa convenção foi incorporada ao ordenamento pátrio 
pelo Decreto 1.973/96. 
 
Obs.2: Isso é chamado pela doutrina de processo de especificação do sujeito do direito. 
 
2. Origem da “Lei Maria da Penha”. 
 
A Lei que tutela a violência doméstica e familiar contra a mulher (Lei Maria da Penha) entrou em vigor no dia 
22/09/2006. 
 
Por que a Lei possui esse nome? Dá-se esse nome por conta de Maria da Penha Maia Fernandes, vítima dessa 
violência. Ela sofreu uma primeira violência no dia 29/05/1983, vítima de disparo de arma de fogo efetuado 
pelo próprio marido, ficando paraplégica. 
 
 
2 
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A violência não cessou. Menos de uma semana depois (junho de 1983), ela é vítima novamente, mas agora de 
uma descarga elétrica. Repare que o indivíduo apenas foi preso em setembro de 2002, sendo que fora 
denunciado em 1984. Esse caso foi levado à Corte Interamericana que publicou o relatório: 
 
Relatório n. 54/2001 da Comissão Interamericana de Direitos Humanos: “A ineficácia judicial, a 
impunidade e a impossibilidade de a vítima obter uma reparação mostra a falta de cumprimento do 
compromisso assumido pelo Brasil de reagir adequadamente ante a violência doméstica”. 
 
Com a publicação desse relatório o Brasil resolveu criar uma Lei específica tutelando essa violência. 
 
3. Finalidades da Lei Maria da Penha (caráter multidisciplinar). 
 
Essa Lei tem inúmeras finalidades. Primeiramente é necessário salientar que ela não é uma lei estritamente 
penal, sendo que traz dispositivos relacionados à saúde pública, contempla a criação de mecanismos 
destinados à proteção da mulher, traz elementos de natureza civil. Assim, dizem que ela possui um caráter 
multidisciplinar, vejamos o primeiro artigo da lei. 
 
Lei n. 11.340/06, art. 1o Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e 
familiar contra a mulher, nos termos do §8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a 
Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para 
Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados 
pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e 
Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de 
violência doméstica e familiar. 
 
 Estudaremos aqui, o caráter criminal da Lei. 
 
4. Interpretação da Lei Maria da Penha. 
 
Como a Lei Maria da Penha foi criada pensando na proteção da mulher, ela deve ser interpretada nesse 
sentido, vejamos o art. 4º: 
 
Lei n. 11.340/06, art. 4º Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins sociais a que ela se 
destina e, especialmente, as condições peculiares das mulheres em situação de violência doméstica e 
familiar. 
 
5. Violência doméstica e familiar contra a mulher. 
 
A Lei enumera ao menos três pressupostos: O Primeiro é a exigência de que a vítima seja mulher, (temos uma 
violência de gênero). O Segundo requisito é a presença alternativa de um dos incisos do art. 5º da Lei 11.340. 
Assim, o terceiro pressuposto é que seja produzida uma forma de violência (incisos do art. 7º da Lei 11.340). 
 
5.1. Pressupostos cumulativos para a incidência da Lei Maria da Penha. 
 
Lei n. 11.340/06, art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar 
contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, 
sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: 
 
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de 
pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; 
 
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são 
ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade 
expressa; 
 
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III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a 
ofendida, independentemente de coabitação. 
 
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação 
sexual. 
 
Obs. A Lei fala em “violência doméstica e familiar”. Num primeiro momento podemos pensar em se 
tratar de dois requisitos que precisam estar juntos para que exista a proteção da Lei. Mas, na verdade, 
não há essa necessidade, basta ocorrer uma violência no âmbito familiar ou no doméstico para já 
possuir proteção legal. 
 
 Sujeito passivo: mulher 
 
 Presença alternativa de um dos incisos do art. 5º da Lei 11.340 
 
 Que seja produzida uma forma de violência doméstica e familiar contra a mulher. (incisos do art. 
7º da Lei), vejamos: 
 
Lei n. 11.340/06, art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre 
outras: 
 
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde 
corporal; 
 
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e 
diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que 
vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, 
constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição 
contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou 
qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; 
 
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a 
manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação 
ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua 
sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao 
matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou 
manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; 
 
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, 
subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos 
pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer 
suas necessidades;V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou 
injúria. 
 
5.2. Sujeito passivo. 
 
O sujeito passivo da Lei Maria da Penha é exclusivamente a mulher. 
 
Um julgado do STJ reconheceu que figura pública também pode ser vítima de violência doméstica e 
familiar contra mulher (REsp 1.416.580). 
 
RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL PENAL. CRIMES DE LESÃO CORPORAL PRATICADOS CONTRA 
NAMORADA DO RÉU E CONTRA SENHORA QUE A ACUDIU. NAMORO. RELAÇÃO ÍNTIMA DE 
AFETO. CARACTERIZAÇÃO. INCIDÊNCIA DA LEI MARIA DA PENHA. ART. 5.º, INCISO III, E ART. 14 
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DA LEI N.º 11.340/06. PRECEDENTES DO STJ. VÍTIMA MULHER DE RENOME DA CLASSE 
ARTÍSTICA. HIPOSSUFICIÊNCIA E VULNERABILIDADE AFASTADA PELO TRIBUNAL A QUO PARA 
JUSTIFICAR A NÃO-APLICAÇÃO DA LEI ESPECIAL. FRAGILIDADE QUE É ÍNSITA À CONDIÇÃO DA 
MULHER HODIERNA. DESNECESSIDADE DE PROVA. COMPETÊNCIA DO I JUIZADO DE VIOLÊNCIA 
DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER DA CAPITAL FLUMINENSE. RECURSO PROVIDO. 
DECLARAÇÃO, DE OFÍCIO, DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE, EM RELAÇÃO AO CRIME COMETIDO 
CONTRA A PRIMEIRA VÍTIMA, EM FACE DA SUPERVENIENTE PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO 
PUNITIVA ESTATAL. 
1. Hipótese em que, tanto o Juízo singular quanto o Tribunal a quo, concluíram que havia, à 
época dos fatos, uma relação de namoro entre o agressor e a primeira vítima; e, ainda, que a 
agressão se deu no contexto da relação íntima existente entre eles. Trata-se, portanto, de fatos 
incontestes, já apurados pelas instâncias ordinárias, razão pela qual não há falar em incidência 
da Súmula n.º 07 desta Corte. 
2. O entendimento prevalente neste Superior Tribunal de Justiça é de que "O namoro é uma 
relação íntima de afeto que independe de coabitação; portanto, a agressão do namorado 
contra a namorada, ainda que tenha cessado o relacionamento, mas que ocorra em 
decorrência dele, caracteriza violência doméstica" (CC 96.532/MG, Rel. Ministra JANE SILVA - 
Desembargadora Convocada do TJMG, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 05/12/2008, DJe 
19/12/2008). No mesmo sentido: CC 100.654/MG, Rel. Ministra LAURITA VAZ, TERCEIRA 
SEÇÃO, julgado em 25/03/2009, DJe 13/05/2009; HC 181.217/RS, Rel. Ministro GILSON DIPP, 
QUINTA TURMA, julgado em 20/10/2011, DJe 04/11/2011; 
AgRg no AREsp 59.208/DF, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 
26/02/2013, DJe 07/03/2013. 
3. A situação de vulnerabilidade e fragilidade da mulher, envolvida em relacionamento íntimo 
de afeto, nas circunstâncias descritas pela lei de regência, se revela ipso facto. Com efeito, a 
presunção de hipossuficiência da mulher, a implicar a necessidade de o Estado oferecer 
proteção especial para reequilibrar a desproporcionalidade existente, constitui-se em 
pressuposto de validade da própria lei. 
Vale ressaltar que, em nenhum momento, o legislador condicionou esse tratamento 
diferenciado à demonstração dessa presunção, que, aliás, é ínsita à condição da mulher na 
sociedade hodierna. 
4. As denúncias de agressões, em razão do gênero, que porventura ocorram nesse contexto, 
devem ser processadas e julgadas pelos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a 
Mulher, nos termos do art. 14 da Lei n.º 11.340/2006. 
5. Restabelecida a condenação, cumpre o reconhecimento, de ofício, da extinção da 
punibilidade do Recorrido, em relação ao crime cometido contra a primeira vítima, em face da 
prescrição da pretensão punitiva estatal, a teor do art. 110, § 1.º, c.c. o art. 
119, c.c. o art. 109, inciso VI (este com a redação anterior à Lei n.º 12.234, de 5 de maio de 
2010, já que o crime é de 23/10/2008), todos do Código Penal. 
6. Recurso especial provido para, cassando o acórdão dos embargos infringentes, restabelecer 
o acórdão da apelação que confirmara a sentença penal condenatória. Outrossim, declarada, 
de ofício, a extinção da punibilidade do Recorrido, em relação ao crime de lesão corporal 
cometido contra a primeira vítima, em face da superveniente prescrição da pretensão punitiva 
estatal, remanescendo a condenação contra a segunda vítima (REsp 1416580/RJ, Rel. Ministra 
LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 01/04/2014, DJe 15/04/2014) 
 
Parte da doutrina (minoritária) diz que o transexual poderia ser vítima e figurar no polo passivo da Lei 
11.340, mas que, para isso ocorrer, algumas questões deverão ser observadas. 
 
a) Que ele fosse submetido a uma cirurgia de reversão genital, criando-se a chamada “neovagina”; 
 
b) Que tivesse obtido a retificação do sexo no seu registro civil. 
 
Obs. A Violência doméstica e familiar contra a mulher pode ter como sujeito passivo apenas a mulher. 
Isso não significa dizer que a Lei 11.340/06 não tenha dispensado nenhuma atenção aos homens. 
 
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O homem pode ser vítima de violência doméstica e familiar contra mulher, porém sem a possibilidade 
de aplicação da Lei Maria da Penha; 
 
CP, art. 129. (...) 
 
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou 
com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações 
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade (Incluído pela Lei n. 11.340/06): 
 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. 
 
Cuidado: nem toda violência contra mulher será aplicada a Lei Maria da Penha, exige-se uma violência 
de gênero. 
 
Violência de gênero: o objetivo da Lei Maria da Penha não foi o de conferir uma proteção indiscriminada 
a toda e qualquer mulher, mas apenas àquelas que efetivamente se encontrarem em uma situação de 
vulnerabilidade. É indispensável, portanto, que a vítima esteja em uma situação de hipossuficiência 
física ou econômica, enfim, que a infração tenha como motivação a opressão à mulher. Ausente esta 
violência de gênero, não se aplica a Lei Maria da Penha; 
 
5.3. Sujeito ativo. 
 
O sujeito ativo da Lei 11.340 pode ser tanto um homem como também pode uma mulher. 
 
Lei n. 11.340/06, art. 5º (...) 
 
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação 
sexual. 
 
A Doutrina costuma fazer uma diferença entre: 
 
- Presunção absoluta de vulnerabilidade. (Quando um homem for o sujeito ativo da violência) 
 
- Presunção relativa de vulnerabilidade. (Quando uma mulher é sujeito ativo da violência). 
 
STJ: “(...) Delito contra honra, envolvendo irmãs, não configura hipótese de incidência 
da Lei nº 11.340/06, que tem como objeto a mulher numa perspectiva de gênero e em 
condições de hipossuficiência ou inferioridade física e econômica. Sujeito passivo da 
violência doméstica, objeto da referida lei, é a mulher. Sujeito ativo pode ser tanto o 
homem quanto a mulher, desde que fique caracterizado o vínculo de relação 
doméstica, familiar ou de afetividade. No caso, havendo apenas desavenças e ofensas 
entre irmãs, não há qualquer motivação de gênero ou situação de vulnerabilidade que 
caracterize situação de relação íntima que possa causar violência doméstica ou familiar 
contra a mulher. Não se aplica a Lei nº 11.340/06”. (STJ, 3ª Seção, CC 88.027/MG, Rel. 
Min. Og Fernandes, DJe 18/12/2008). 
 
5.4. Elemento subjetivo necessário para fins de incidência da Lei Maria da Penha. 
 
Para que se possa aplicar a Lei Maria da Penha, a conduta desenvolvida pelo agente deve ser movida 
pelo dolo (elemento subjetivo exclusivo). Assim, eventuais condutas culposas não caracterizam a 
violência doméstica e familiar. 
 
5.5. Âmbito da unidade doméstica. 
 
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Lei n. 11.340/06,art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar 
contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, 
sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: 
 
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de 
pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; 
(...) 
 
Cuidado para não achar que apenas haverá violência quando houver crime, o dispositivo é claro em 
dizer “qualquer ação ou omissão”, isto é, essa ação ou omissão não necessariamente precisa ser uma 
infração penal. 
 
Sobre a unidade doméstica, a própria lei diz “com ou sem vínculo familiar”. Mas, e a empregada 
doméstica, poderá ser vítima? A doutrina responde dizendo que depende do caso concreto. Porque às 
vezes a empregada doméstica aparece uma vez a cada 15 dias (evidente que não faz parte do convívio 
permanente). Mas, quando ela trabalha com uma certa habitualidade estará caracterizada a unidade 
doméstica, fazendo jus à proteção legal. 
 
5.6. Âmbito familiar. 
 
Lei n. 11.340/06, art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar 
contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, 
sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: 
(...) 
 
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são 
ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade 
expressa; 
 
No caso do inciso II, independe do local, isto é, a violência não precisa ser praticada no âmbito da 
unidade doméstica. Percebam ainda que esse inciso II não necessita de coabitação entre o agente e a 
vítima; 
 
STJ: “(...) CRIME DE AMEAÇA PRATICADO CONTRA IRMÃ DO RÉU. (...) Na espécie, apurou-se 
que o Réu foi à casa da vítima para ameaçá-la, ocasião em que provocou danos em seu carro 
ao atirar pedras. Após, foi constatado o envio rotineiro de mensagens pelo telefone celular com 
o claro intuito de intimidá-la e forçá-la a abrir mão "do controle financeiro da pensão recebida 
pela mãe" de ambos. Nesse contexto, inarredável concluir pela incidência da Lei n.º 11.340/06, 
tendo em vista o sofrimento psicológico em tese sofrido por mulher em âmbito familiar, nos 
termos expressos do art. 5.º, inciso II, da mencionada legislação. Para a configuração de 
violência doméstica, basta que estejam presentes as hipóteses previstas no artigo 5º da Lei 
11.343/2006 (Lei Maria da Penha), dentre as quais não se encontra a necessidade de 
coabitação entre autor e vítima. (5ª Turma, Resp 1.239.850/DF, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 
16/02/2012). 
 
Obs. 2: Não se pode acreditar que todo e qualquer crime envolvendo relação entre parentes possa dar 
ensejo à aplicação da Lei Maria da Penha; 
 
STJ: “(...) AMEAÇA. SOGRA E NORA. (...) A incidência da Lei n.º 11.340/2006 reclama situação 
de violência praticada contra a mulher, em contexto caracterizado por relação de poder e 
submissão, praticada por homem ou mulher sobre mulher em situação de vulnerabilidade. 
Precedentes. No caso não se revela a presença dos requisitos cumulativos para a incidência da 
Lei n.º 11.340/06, a relação íntima de afeto, a motivação de gênero e a situação de 
vulnerabilidade. Concessão da ordem. Ordem não conhecida. Habeas corpus concedido de 
oficio, para declarar competente para processar e julgar o feito o Juizado Especial Criminal da 
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Comarca de Santa Maria/RS”. (STJ, 5ª Turma, HC 175.816/RS, Rel. Min. Marco Aurélio Belizze, 
j. 20/06/2013, DJe 28/06/2013). 
 
5.7. Qualquer relação íntima de afeto, independentemente de coabitação. 
 
Lei n. 11.340/06, Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar 
contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, 
sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: 
(...) 
 
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a 
ofendida, independentemente de coabitação. 
 
Alguns doutrinadores sustentam que pode ser qualquer tipo de relação (exemplo: amizade). Outros 
doutrinadores fazem uma interpretação restritiva, sustentando que essa relação deve ser de 
conotação sexual ou amorosa. 
 
Nesse terceiro inciso entra o problema da amante ou namorada, será que elas podem ser vítimas 
dessa violência? O STJ entende que depende do caso concreto. Vejamos um julgado: 
 
STJ: “(...) LEI MARIA DA PENHA. VIOLÊNCIA PRATICADA EM DESFAVOR DE EX-NAMORADA. (...) 
a aplicabilidade da mencionada legislação a relações íntimas de afeto como o namoro deve ser 
analisada em face do caso concreto. Não se pode ampliar o termo - relação íntima de afeto - 
para abarcar um relacionamento passageiro, fugaz ou esporádico. In casu, verifica-se nexo de 
causalidade entre a conduta criminosa e a relação de intimidade existente entre agressor e 
vítima, que estaria sendo ameaçada de morte após romper namoro de quase dois anos, 
situação apta a atrair a incidência da Lei n.º 11.340/2006. (...)”. (STJ, 3ª Seção, CC 
100.654/MG, Rel. Min. Laurita Vaz, DJe 13/05/2009). 
 
Convencionalidade do inciso III: Esse inciso III vai além das convenções internacionais, de modo a 
inserir outra hipótese dentro do contexto de violência, que seria a relação íntima de afeto. Há 
doutrinadores dizendo que esse inciso III não sobrevive a um controle de convencionalidade, pois esse 
contexto de violência não estaria previsto nos textos internacionais. 
 
A Luz do princípio “pro homine”, quando houver um aparente conflito entre uma convenção 
internacional e uma legislação interna do país, sempre deverá prevalecer a norma mais favorável. 
Logo, o ideal é concluir que o inciso III é “convencional”. 
 
5.8. Formas de violência contra a mulher. 
 
Vejamos o artigo 7º da Lei Maria da Penha. 
 
Lei n. 11.340/06, art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre 
outras: 
(...) 
 
Essas violências devem ser praticadas sempre a título de dolo; Essas formas de violência não 
necessariamente precisam tipificar infração penal. 
 
As formas desse artigo 7º são taxativas ou exemplificativas? Para responder temos duas correntes. 
 
a) 1ª corrente (minoritária) 
 
Os adeptos dessa corrente sustentam que o rol do art. 7º é taxativo. 
 
b) 2º corrente (maioria) 
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Para a segunda corrente esse rol do art. 7º é exemplificativo. 
 
 Vejamos as formas de violência: 
 
5.8.1. Violência física. 
 
Lei n. 11.340/06, art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a 
mulher, entre outras: 
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua 
integridade ou saúde corporal; 
(...) 
 
 Essa violência física abrange qualquer conduta (desde vias de fato até o feminicídio). 
 
5.8.2. Violência psicológica. 
 
Lei n. 11.340/06, art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a 
mulher, entre outras: 
(...) 
 
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause 
dano emocional e diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e 
perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas 
ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, 
constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, 
perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e 
limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à 
saúde psicológica e à autodeterminação; 
 
O adultérionão é mais crime, porém a sua prática poderá gerar uma humilhação à mulher. Isto 
é, houve a prática de uma violência psicológica. 
 
5.8.3. Violência sexual. 
 
Lei n. 11.340/06, art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a 
mulher, entre outras: 
(...) 
 
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a 
presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante 
intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou 
a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer 
método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou 
à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que 
limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; 
 
Nessa violência podemos citar a prática de vários crimes, como exemplo o estupro, estupro de 
vulnerável. 
 
5.8.4. Violência patrimonial. 
 
Lei n. 11.340/06, Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a 
mulher, entre outras: 
(...) 
 
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IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure 
retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos 
de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos 
econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; 
 
Dentro da violência patrimonial podemos citar o estelionato, apropriação indébita, furto. 
 
Dentro dessa violência patrimonial, devemos fazer alguns apontamentos: 
 
Obs. 1: (Im) possibilidade de aplicação das imunidades absolutas e relativas aos crimes 
patrimoniais praticados no contexto da violência doméstica e familiar contra a mulher 
sem o emprego de violência ou grave ameaça à pessoa; 
 
a) 1ª corrente: essas imunidades (art. 181 e 182) não são aplicáveis 
 
CP, art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes 
previstos neste título, em prejuízo: 
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; 
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou 
ilegítimo, seja civil ou natural. 
 
CP, art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime 
previsto neste título é cometido em prejuízo: 
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; 
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; 
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. 
 
b) 2º corrente: essas imunidades são aplicáveis, porque a lei não fala o 
contrário 
 
CP, art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores: 
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja 
emprego de grave ameaça ou violência à pessoa; 
II - ao estranho que participa do crime. 
III - se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 
60 (sessenta) anos. 
 
5.8.5. Violência moral. 
 
A Lei Maria da Penha define a violência moral, vejamos o dispositivo: 
 
Lei n. 11.340/06, art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, 
entre outras: 
(...) 
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, 
difamação ou injúria. 
 
Exemplo: crimes contra a honra (art. 138, 139 e 140, do CP), porém praticados no âmbito de 
violência doméstica e familiar. 
 
Obs. essa seria a única hipótese que pela própria definição pressupõe a prática de um crime. 
 
6. Juizados de Violência doméstica e familiar contra a mulher. 
 
Repare que a Lei no artigo 14 se utilizou da palavra “juizados”, porém o que ela realmente quer dizer são varas 
especializadas para o julgamento dessa violência doméstica contra a mulher. 
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Lei n. 11.340/06, art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da 
Justiça Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito Federal 
e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das causas decorrentes 
da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher. 
 
Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em horário noturno, conforme dispuserem as 
normas de organização judiciária. 
 
Obs. 1: competência para o processo e julgamento de crimes e contravenções penais praticados no contexto 
da violência doméstica e familiar contra a mulher. 
 
STJ: “(...) Configurada a conduta praticada como violência doméstica contra a mulher, 
independentemente de sua classificação como crime ou contravenção, deve ser fixada a competência 
da Vara Criminal para apreciar e julgar o feito, enquanto não forem estruturados os Juizados de 
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, consoante o disposto nos artigos 7º e 33 da Lei Maria 
da Penha. (...)”. (STJ, 5ª Turma, HC 158.615/RS, Rel. Min. Jorge Mussi, DJE 08/04/2011). 
 
6.1. Cumulação da competência por varas criminais. 
 
As varas criminais acumularão competência quando não forem estruturados os Juizados de Violência 
Doméstica e Familiar contra a Mulher, assim dispõe o art. 33 da Lei Maria da Penha. 
 
Lei n. 11.340/06, art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de Violência Doméstica e 
Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumularão as competências cível e criminal para 
conhecer e julgar as causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a 
mulher, observadas as previsões do Título IV desta Lei, subsidiada pela legislação processual 
pertinente. 
 
Parágrafo único. Será garantido o direito de preferência, nas varas criminais, para o processo e 
o julgamento das causas referidas no caput. 
 
Com base nesse dispositivo, no Distrito Federal o Tribunal de Justiça resolveu outorgar essa 
competência cumulativa a uma vara dos juizados especiais criminais, assim o Juiz do Jecrim ora irá 
julgar uma infração de menor potencial ofensivo, ora a violência doméstica e familiar contra a 
mulher. 
 
O Juiz do Jecrim deverá tomar muito cuidado, pois o julgamento dessas ações são completamente 
diferentes. 
 
a) Em se tratando de infração de menor potencial ofensivo é cabível a aplicação das medidas 
despenalizadoras (Lei 9.099/95). O juízo ad quem será a turma recursal (art. 98, I, da CF). 
 
b) Quando se trata de violência doméstica ou familiar contra mulher, o Juiz deve-se lembrar 
que aqui não se aplica a Lei 9.099/95, sendo o juízo ad quem o Tribunal de Justiça, ou, no 
caso da justiça federal, o TRF. 
 
Obs. 1: (in) constitucionalidade da criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a 
mulher; 
 
Por ocasião da entrada em vigor da Lei Maria da Penha, parte da doutrina começou a trabalhar com 
a tese de que a criação dessas varas especializadas seria inconstitucional. Isso porque a criação 
dessas varas especializadas seria incompatível com o poder de auto-organização do judiciário local 
 
Constituição Federal, art. 125. (...) 
 
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§1º. A competência dos Tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de 
Organização Judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça. 
 
Esse entendimento não é dominante, até porque o art. 14 da Lei Maria da Penha diz que os juizados 
poderão ser criados pelo Estado, vejamos a jurisprudência: 
 
STF: “(...) COMPETÊNCIA – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – LEI Nº 11.340/06 – JUIZADOS DE 
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER. O artigo 33 da Lei nº 11.340/06, no 
que revela a conveniência de criação dos juizados de violência doméstica e familiar contra a 
mulher,não implica usurpação da competência normativa dos estados quanto à própria 
organização judiciária. (...)”. (STF, Pleno, ADC 19/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 09/02/2012). 
 
6.2. Crimes dolosos contra a vida praticados no contexto da violência doméstica e familiar contra a 
mulher. 
 
O Tribunal do júri é composto por duas fases, uma primeira chamada de Iudicium Accusationis, a 
segunda conhecida como Iudicium Causae. Na primeira fase temos a participação apenas do Juiz 
Sumariante, que pode pronunciar, impronunciar, absolver sumariamente ou desclassificar. Apenas 
na segunda fase é que entra a atuação do Júri sendo composto pelo Juiz Presidente e por mais 25 
jurados, 7 dos quais irão compor o Conselho de sentença. 
 
Em alguns Estados essa primeira fase do Tribunal do Júri vem tramitando nos Juizados de violência 
doméstica e familiar contra a Mulher, enquanto que, em outros, a primeira fase tramita nas varas 
privativas do júri. Isso é possível, dependendo da Lei de Organização judiciária local, pois o que a 
Constituição Federal obriga é o Julgamento propriamente dito do crime doloso contra a vida pelo 
Tribunal do Júri. 
 
STJ: “(...) Ressalvada a competência do Júri para julgamento do crime doloso contra a vida, seu 
processamento, até a fase de pronúncia, poderá ser pelo Juizado de Violência Doméstica e 
Familiar contra a Mulher, em atenção à Lei 11.340/06. (...)”. (STJ, 5ª Turma, HC 73.161/SC, 
Rel. Min. Jane Silva, DJ 17/09/2007). 
 
7. Ação penal nos crimes de lesão corporal leve e lesão corporal culposa praticados no contexto de violência 
doméstica e familiar contra a mulher. 
 
Nos crimes de lesão leve e de lesão culposa a espécie de ação penal é pública condicionada à representação 
(art. 88 da Lei 9.099/95): 
 
Lei n. 9.099/95, Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de 
representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas. 
 
Vejamos o art. 41, da Lei Maria da Penha, que afasta a aplicação da Lei 9.099/95. 
 
Lei n. 11.340/06, Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, 
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei n. 9.099/95. 
 
Como não se aplica a Lei 9.099/95, chegamos a concluir que o art. 88 não poderá ser aplicado para os crimes 
praticados no contexto da Lei Maria da Penha. 
 
Assim sendo, teremos: 
 
a) O crime de lesão corporal leve praticado no contexto da violência doméstica e familiar contra 
mulher é um crime de ação penal pública incondicionada, porque não se aplica a Lei 9.099/95. 
 
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b) O crime de lesão culposa não está sujeito à Lei 11.340/06. Logo, a ele não se aplica o art. 41 da Lei, 
Portanto, a ação penal será pública condicionada a representação, nos termos do art. 88 da Lei n. 
9.099/95. 
 
STF: “(...) AÇÃO PENAL – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER – LESÃO CORPORAL – 
NATUREZA. A ação penal relativa a lesão corporal resultante de violência doméstica contra a 
mulher é pública incondicionada – considerações”. (STF, Pleno, ADI 4.424/DF, Rel. Min. Marco 
Aurélio, j. 09/02/2012). 
 
Súmula n. 542 do STJ: “A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência 
doméstica contra a mulher é pública incondicionada”. 
 
A decisão do Supremo reconhecendo que a ação penal é pública incondicionada vale 
exclusivamente para o crime de lesão corporal, NÃO É QUALQUER CRIME. 
 
Exemplo: um crime de estupro, ameaça, ainda que sejam praticados no contexto da violência 
doméstica e familiar contra a mulher, devemos observar a regra do Código Penal (Ação Penal 
Pública condicionada a Representação). Isso ocorre pois a Lei Maria da Penha se restringiu ao 
crime de lesão corporal, nada falando dos demais crimes. Assim o Estado apenas poderá agir caso 
a vítima represente contra o agressor. 
 
7.1. Retratação da representação nos crimes praticados no contexto da violência doméstica e familiar 
contra a mulher. 
 
Lei n. 11.340/06, Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da 
ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em 
audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e 
ouvido o Ministério Público. 
 
Renunciar significa abrir mão de um direito que jamais foi exercido, repare que o artigo 16 fala em 
renunciar antes do recebimento da denúncia. Ora, se o Juiz está recebendo a denúncia é porque o 
Ministério Público já ofereceu a peça acusatória, mas o MP apenas pode ter oferecido se a 
representação foi implementada anteriormente. 
 
Cuidado, apesar de o art. 16 fazer uso do termo “renúncia”, trata-se, na verdade, de retratação da 
representação. 
 
Em regra, qual o limite temporal para a retratação da representação? Cuidado, pois no CPP a 
retratação da representação poderá se dar até o oferecimento da denúncia (art. 25), mas na Lei 
Maria da Penha ocorre até o recebimento da denúncia. 
 
CPP Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia. 
 
Atenção: Caso essa retratação ocorra o juiz deverá designar uma audiência com essa finalidade. 
 
Obs. 1: (des) necessidade de designação de audiência para ratificação de representação 
anteriormente oferecida. 
 
Alguns juízes vinham marcando essa audiência como se fosse uma etapa do procedimento, sendo 
que se utilizavam de uma audiência para que tão somente uma mulher pudesse confirmar a 
representação. Isso é muito errado, pois com isso causavam um novo constrangimento à mulher, 
obrigando que ela representasse novamente, mas na presença do agressor. Os Tribunais Superiores 
entenderam que esse raciocínio estaria equivocado. 
 
Vejamos tal julgamento: 
 
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STJ: “(...) A audiência de que trata o art. 16, da Lei n.º 11.340/06, não deve ser realizada ex 
officio, como condição da abertura da ação penal, sob pena de constrangimento ilegal à 
mulher, vítima de violência doméstica e familiar, pois configuraria ato de 'ratificação' da 
representação, inadmissível na espécie. 4. A realização da referida audiência deve ser 
precedida de manifestação de vontade da ofendida, se assim ela o desejar, em retratar-se da 
representação anteriormente registrada, cabendo ao magistrado verificar a espontaneidade e 
a liberdade na prática do referido ato. Precedentes”. (STJ, 5ª Turma, RMS 34.607/MS, Rel. Min. 
Adilson Vieira Macabu, j. 13/09/2011). 
 
8. Medidas protetivas de urgência. 
 
Primeiramente essas medidas tem natureza de medidas cautelares, de modo que essas medidas estão sujeitas 
à cláusula de reserva jurisdição, devendo apresentar seus pressupostos: a) Fumus Comissi Delicti; b) Periculum 
libertatis. 
 
O Procedimento para aplicação dessas medidas é aquele dos parágrafos do art. 282 do Código de Processo 
Penal (redação pela Lei 12.403/11). 
 
 Sobre o assunto, vejamos o dispositivo da Lei Maria da Penha: 
 
Lei n. 11.340/06, art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a 
requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida. 
 
§1o As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato, independentemente de 
audiência das partes e de manifestação do Ministério Público, devendo este ser prontamente 
comunicado. 
 
§ 2o As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada ou cumulativamente, e poderão ser 
substituídas a qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre que os direitos reconhecidos nesta 
Lei forem ameaçados ou violados. 
 
§ 3o Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedidoda ofendida, conceder novas 
medidas protetivas de urgência ou rever aquelas já concedidas, se entender necessário à proteção da 
ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério Público. 
 
Obs. 1: (im) possibilidade de aplicação das medidas protetivas a pessoas do sexo masculino. 
 
Com o advento da Lei 12.403 (Lei das cautelares), essas medidas protetivas passaram a ser utilizadas para 
pessoas do sexo masculino. Vejamos o art. 313, III do CPP: 
 
 CPP, art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva: 
 
(...) 
 
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, 
enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência; 
 
Note que a própria redação do inciso III deixa claro que essas medidas de urgência podem ser usadas para 
tutelar a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, podendo ser tanto do sexo 
masculino, como do feminino. 
 
Obs. 2: a aplicação das medidas protetivas de urgência pressupõe a existência de violência doméstica e 
familiar contra a mulher, mas não necessariamente a prática de crime no contexto dos arts. 5º e 7º da Lei 
Maria da Penha; 
 
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Já estudamos que várias situações podem causar violência doméstica e familiar, por mais que não haja crime 
(exemplo, adultério, exploração sexual de criança em redes sociais). 
 
8.1. Medidas protetivas de urgência destinadas ao agressor e à ofendida. 
 
Essas medidas podem ser de duas espécies: a) Medidas protetivas que obrigam o agressor; b) 
Medidas protetivas que visam proteger a ofendida. 
 
Cuidado, pois a grande parte dessas medidas protetivas tem natureza extrapenal. 
 
Lei n. 11.340/06 
 
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA QUE OBRIGAM O AGRESSOR 
 
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos 
desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as 
seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras: 
 
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, 
nos termos da Lei n. 10.826/03; 
 
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; 
 
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: 
 
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de 
distância entre estes e o agressor; 
 
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação; 
 
c) freqüentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica 
da ofendida; 
 
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de 
atendimento multidisciplinar ou serviço similar; 
 
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios. 
 
 
Lei n. 11.340/06 
 
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA À OFENDIDA 
 
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas: 
 
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção 
ou de atendimento; 
 
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicílio, após 
afastamento do agressor; 
 
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, 
guarda dos filhos e alimentos; 
 
IV - determinar a separação de corpos. 
 
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Lei n. 11.340/06, art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou 
daqueles de propriedade particular da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as 
seguintes medidas, entre outras: 
 
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida; 
 
II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação de 
propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial; 
 
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor; 
 
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais 
decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida. 
 
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins previstos nos incisos 
II e III deste artigo. 
 
8.2. Prisão preventiva 
 
De nada adiantaria tantas medidas protetivas se elas não possuíssem coercibilidade. Por isso a Lei 
Maria da Penha se utiliza da prisão preventiva: 
 
Lei n. 11.340/06, art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, 
caberá a prisão preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do 
Ministério Público ou mediante representação da autoridade policial. 
Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no curso do processo, verificar a 
falta de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a 
justifiquem. 
 
Obs. 1: (in) constitucionalidade da decretação da prisão preventiva ex officio durante as 
investigações; 
 
CPP, art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão 
preventiva decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do 
Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade 
policial. 
 
Cuidado, pois no CPP existe a possibilidade de o juiz decretar a prisão ex officio, mas apenas durante 
o processo. Agora na Lei Maria da Penha o artigo 20 prevê a possibilidade de decretação ex officio, 
mas o faz na fase investigatória e fase processual. 
 
 
CPP Lei Maria da Penha 
Existe a possibilidade de o juiz decretar a 
prisão ex-officio, mas apenas durante o 
processo. 
Prevê a possibilidade de decretação ex 
officio na fase investigatória e fase 
processual 
 
Alguns doutrinadores dizem que a Lei Maria da Penha é norma especial e deve prevalecer sobre o 
quanto disposto no CPP. Aos olhos do professor, aqui não se trata de princípio da especialidade, na 
verdade é algo que está acima da hermenêutica. Afinal, a possibilidade de o Juiz decretar qualquer 
cautelar de ofício na fase investigatória revela-se incompatível com a garantia da imparcialidade 
(desdobramento do devido processo legal). Diante disso, a conclusão inevitável da doutrina é no 
sentido de que a previsão da Lei 11.340 não vale mais, devendo ser aplicado o mesmo regramento 
do CPP. 
 
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Conclui-se que a decretação de ofício de medidas cautelares na Lei Maria da penha só pode ocorrer 
durante a fase processual, sendo que, durante a fase investigatória, o juiz apenas poderia decretar se 
anteriormente provocado pelo MP ou Delegado. 
 
Obs. 2: (im) possibilidade de decretação da prisão preventiva tão somente em virtude do 
descumprimento das medidas protetivas de urgência; 
 
O STJ entende que o descumprimento isolado da medida protetiva não enseja a prisão preventiva, 
entendendo que deverá conjugar esse descumprimento com uma das hipóteses do periculum 
libertatis do art. 312, vejamos uma decisão: 
 
STJ: “(...) Muito embora o art. 313, IV, do Código de Processo Penal, com a redação dada pela 
Lei nº 11.340/2006, admita a decretação da prisão preventiva nos crimes dolosos que 
envolvam violência doméstica e familiar contra a mulher, para garantir a execução de medidas 
protetivas de urgência, a adoção dessa providência é condicionada ao preenchimento dosrequisitos previstos no art. 312 daquele diploma. É imprescindível que se demonstre, com 
explícita e concreta fundamentação, a necessidade da imposição da custódia para garantia da 
ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar 
a aplicação da lei penal, sem o que não se mostra razoável a privação da liberdade, ainda que 
haja descumprimento de medida protetiva de urgência, notadamente em se tratando de 
delitos punidos com pena de detenção”. (STJ, 6ª Turma, HC 100.512/MT, Rel. Min. Paulo 
Gallotti, DJe 23/06/2008). 
 
Obs. 3: (in) constitucionalidade da decretação da prisão preventiva para fins de assegurar o 
cumprimento de medidas protetivas de urgência de natureza cível; 
 
Com a decretação de uma prisão preventiva para se assegurar a medida protetiva de natureza cível, 
não temos propriamente uma prisão preventiva, mas sim uma prisão de natureza cível. Alguns 
doutrinadores entendem que poderá ser decretada a preventiva, mas desde que ela tenha origem na 
prática de algum crime. 
 
Obs. 4: descumprimento injustificado das medidas protetivas e tipificação do crime de 
desobediência: 
 
CP, Desobediência - art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público: 
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. 
 
O descumprimento das medidas protetivas não tipifica o crime de desobediência. Na visão dos 
Tribunais Superiores, a própria lei já diz qual a consequência do descumprimento das medidas 
protetivas (prisão preventiva) e em nenhum momento fala em crime de desobediência. 
 
Informativo n. 544 do STJ: O descumprimento de medida protetiva de urgência prevista na Lei 
Maria da Penha (art. 22 da Lei 11.340/2006) não configura crime de desobediência (art. 330 do 
CP). De fato, a jurisprudência do STJ firmou o entendimento de que, para a configuração do 
crime de desobediência, não basta apenas o não cumprimento de uma ordem judicial, sendo 
indispensável que inexista a previsão de sanção específica em caso de descumprimento (HC 
115.504-SP, Sexta Turma, Dje 9/2/2009). 
 
Desse modo, está evidenciada a atipicidade da conduta, porque a legislação previu alternativas 
para que ocorra o efetivo cumprimento das medidas protetivas de urgência, previstas na Lei 
Maria da Penha, prevendo sanções de natureza civil, processual civil, administrativa e 
processual penal. Precedentes citados: REsp 1.374.653-MG, Sexta Turma, DJe 2/4/2014; e AgRg 
no Resp 1.445.446-MS, Quinta Turma, DJe 6/6/2014. RHC 41.970-MG, Rel. Min. Laurita Vaz, 
julgado em 7/8/2014 (Vide Informativo n. 538). 
 
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9. (In) aplicabilidade da Lei dos Juizados Especiais Criminais às infrações penais praticadas com violência 
doméstica e familiar contra a mulher. 
 
Lei n. 11.340/06, Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, 
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei n. 9.099/95. 
 
Obs. 1: contravenções penais praticadas no contexto da violência doméstica e familiar contra a mulher e (im) 
possibilidade de aplicação da Lei dos Juizados; 
 
Na visão do Supremo, esse dispositivo vale não só para crime como também para contravenções penais. 
 
STF: “(...) O preceito do artigo 41 da Lei nº 11.340/06 alcança toda e qualquer prática delituosa contra 
a mulher, até mesmo quando consubstancia contravenção penal, como é a relativa a vias de fato. (...)”. 
(STF, Pleno, HC 106.212/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, DJe 112 10/06/2011). 
 
Obs. 2: (in) constitucionalidade do art. 41 da Lei n. 11.340/06; 
 
Quando a Lei Maria da Penha entrou em vigor, havia doutrinadores sustentando que essa vedação e a própria 
Lei seria inconstitucional, dizendo que a Lei 11.340/06 está trazendo um tratamento desigual (exemplo, dois 
filhos um menino e uma menina serão tratados de maneira diferenciada). 
 
Prevalece o entendimento de que não apenas a lei Maria da Penha, como também a vedação do art. 41, é 
plenamente inconstitucional. 
 
Fundamentos favoráveis à constitucionalidade: A promoção da igualdade entre os sexos passa não apenas 
pelo combate à discriminação contra a mulher, mas também pela adoção de políticas compensatórias capazes 
de acelerar a igualdade de gênero; 
 
Ações afirmativas: podem ser conceituadas como o conjunto de ações, programas e políticas especiais e 
temporárias que buscam reduzir ou minimizar os efeitos intoleráveis da discriminação em razão do gênero, 
raça, sexo, religião, deficiência física, ou outro fator de desigualdade. 
 
STF: “(...) VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – LEI Nº 11.340/06 – GÊNEROS MASCULINO E FEMININO – 
TRATAMENTO DIFERENCIADO. O artigo 1º da Lei nº 11.340/06 surge, sob o ângulo do tratamento 
diferenciado entre os gêneros – mulher e homem –, harmônica com a Constituição Federal, no que 
necessária a proteção ante as peculiaridades física e moral da mulher e a cultura brasileira. VIOLÊNCIA 
DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER – REGÊNCIA – LEI Nº 9.099/95 – AFASTAMENTO. O artigo 
41 da Lei nº 11.340/06, a afastar, nos crimes de violência doméstica contra a mulher, a Lei nº 9.099/95, 
mostra-se em consonância com o disposto no § 8º do artigo 226 da Carta da República, a prever a 
obrigatoriedade de o Estado adotar mecanismos que coíbam a violência no âmbito das relações 
familiares”. (STF, Pleno, ADC 19/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 09/02/2012). 
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