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BARRAGENS E RESERVATÓRIOS Prof. Luis Bacellar UFOP/EM/DEGEO ☻Entre 1900 e 1965, 1% das 9000 maiores barragens do mundo se romperam e 2 % apresentaram sérios problemas (Stapledon, 1976) ! ☻Nos EUA, 45% das barragens se romperam por mal dimensionamento geológico e 30 % por mal dimensionamento hidrológico; ☻Segundo a FEAM, cerca de 10% das 606 totais do estado estávam instáveis em 2007. TIPOS DE BARRAGENS Concreto Gravidade (Ex.: Barra Bonita - SP) Contafortes (Ex.: Itaipú) Arco (Ex.: Funil) Terra Homogêneas e Mistas (Ex.: Três Marias, Furnas) Enrocamento (Ex.: Foz de Areia; Irapé, MG) HOVER DAM (USA) Barragem de Funil (RJ) Homogênea Zoneada Barragens de Enrocamento. Fonte Watzko, 2007 ELEMENTOS DAS BARRAGENS a) Ensecadeira (coffer dam) – estrutura para desviar água do seu curso; b) Túneis ou canais de desvio – por onde a água é desviada; c) Canais e túneis de adução – levam água para casa de força; d) Vertedouros (spillway) – controlam fluxo de água; Ensecadeiras Túneis em barragens Vertedouros Barragem de Queimados - Local de implantação de casa de força subterrânea SELEÇÃO DO TIPO DE BARRAGEM Depende da: Geologia tipo de fundação materiais de construção Topografia forma e declividade Hidrologia Procura-se sempre compatibilizar Custo X Segurança IMPORTÂNCIA DA GEOLOGIA a) Localização da barragem; b) Mapear fundações, bacia de acumulação e ombreiras para construir com menos custo e maior segurança; c) Selecionar e cubar materiais de construção solos, enrocamentos e agregados para concreto; d) Estudos de impactos ambientais (escorregamentos, assoreamento, contaminação de aquíferos, alagamentos de vales, danificação de poços, etc.). FATORES GEOLÓGICOS CONDICIONANTES Cobertura de solos e rocha decomposta: - Importante para definir tipo de barragem - Transição solo/rocha (brusca, gradativa ou com matacões), com suas características geotécnicas e hidráulicas. - Obras de concreto – cobertura removida, ficando a atenção para escavação, estabilidade de taludes e materiais de construção. - Obras de terra – propriedades como material de aterro e características de suporte e permeabilidade. Maciço rochoso - Fundação para estruturas de concreto - Projeto condicionado pela deformabilidade, resistência ao cisalhamento e permeabilidade do maciço. Feições Estruturais Descontinuidades requerem métodos estatísticos de análise e tratamento generalizado; Falhas, fraturas de descompressão e contatos litológicos são estruturas mais localizadas, mas podem ser geotecnicamente mais significantes, exigindo tratamento específico. Fundações da barragem de concreto de Camará, na Paraíba Enchimento da barragem de Camará Barragem de Camará no dia seguinte (18/06/04) Barragem de Camará no dia seguinte (18/06/04) Fernandes (2007) Defeitos geológicos mais prejudiciais: Descontinuidades ou camadas de baixa resistência subhorizontais próximas ao contato concreto-rocha (ex.: Itaipú); Camadas de alto mergulho podem suscitar recalques diferenciais ou zonas de permeabilidade mais elevada (subpressões) Furos de sondagem com injeção de cimento (ou resinas) para tratar (consolidar) fundações com baixa resistência ou alta permeabilidade. Características de condutividade hidráulica Depende da porosidade integranular da rocha (geralmente pouco significativa) e das descontinuidades. Ensaios de perda d’água sobre pressão em sondagens podem definí-las. Causas de Acidentes em Barragens: a) Escorregamentos devido a: rocha de baixa resistência na fundação ou na ombreira/taludes (represa de Vayont -Itália); material de construção de baixa qualidade; b) Tombamento (raro) c. Erosão Interna (piping) – resultado de excessiva percolação da água pela fundação (10% dos problemas –Ex. Hales Bar Dam) ou pela própria barragem (Rep. da Pampulha); d. Deformação com recalques diferenciais do corpo da barragem ou da fundação em maciços compressíveis. e. Galgamento (extravasamento) devido mal dimensionamento da enchente máxima (Rep. de Euclides da Cunha) ou por grandes escorregamentos marginais no reservatório (represa de Vayont). - Concreto, em arco (L=150m, H= 257m, Esp.= 22,7m a 3,4m). - Fundação em cal- cários, margas e argilas - Ruptura (1963) - um escorregamento envol- vendo 100 milhões de m3 de solo e rocha, provocou uma onda de 90m, que galgou o dique, matando 3.000 pessoas e inutilizando a barragem. BARAGEM DE VAIONT (ITÁLIA) Barragem de Vajont, vista de Langarone..Foto de M. Diederichs, 2003. Barragem em Arco de Malpasset (França) - Construção em 1954 (L= 103m, H = 60m, Esp max= 6,8m) - ruiu em 1959 - Fundação em gnaisse e mica-xisto cisalhado e fraturado com uma massa em forma de cunha sobre juntas preenchidas por argila. A barragem não contava com um eficiente sistema de drenagem (poços de alívio). - Ruptura em 1959 - Enchente catastrófica provocou deslizamento das rochas ao longo de plano paralelo às fundações na ombreira esquerda. - Destruição por 2 km, com 450 mortes. Barragem de Malpasset. Foto de M. Diederichs, 2003. Barragem de Teton (USA) Construção – 1975 (L= 900m, H= 92m) Fundação – riolito fortemente fraturado, com juntas abertas (injeção de 16.000m3 de concreto). Ruptura – erosão interna no silte utilizado na construção - Fraturas não seladas na fundação - Ausência de materiais filtrantes entre o aterro e a fundação. Barragem de Harles Dam – concluída em 1913. Houve problemas de percolação de água sob a barragem. Soluções adotadas para conter a percolação: Injeção em 1919 de 78324 pes cúbicos de asfalto quente -Na década de 40 foi construída uma cortina de vedação de concreto de 8 a 34 metros de profundidade em relação ao leito do rio e uma cortina de injeção de asfalto e concreto. Isto envolveu a execução de centenas de sondagens ao logo do eixo da barragem; - Em 1963 a barragem foi abandonada, pois nunca se conseguiu controlar a percolação Fonte: J. D. Rogers (2012) Barragem de Hales Bar (EUA). Problemas com percolação excessiva de água pela fundação cárstica. Barragem da Pampulha – Brasil - 1954 (VARGAS et. al , 1955) • Construída com terra selada por placas de concreto armado a montante, com 16,5 metros de altura, 330 metros de comprimento e 18 hm3 de volume de reservatório. • Em16/05/54, observou-se surgência de água com artesianismo no pé do talude jusante. Em 17/05, o furo apresentava diâmetro de dois metros. Iniciou-se o esvaziamento da barragem; • Fenda localizada em placa de concreto armado no talude de montante; tentou-se, sem sucesso, vedá-la com chapas de aço, colchões e sacos de areia. Conseguiu-se esvaziar cerca de 30% do lago e a água baixou até cerca de 1 metro acima da fenda. • Em 20/05, a barragem rompeu-se, com inundação do aeroporto da Pampulha; grande parte de BH ficou sem abastecimento de água, sendo necessário construir sistema de abastecimento de emergência. Vargas et al. (1955) Rompimento da Barragem da Pampulha Soluções Adotadas para Evitar Percolação ou Piping: Decapeamento de camadas compressíveis ou de baixa durabilidade, especialmente nas barragens de concreto;Regularização superficial com concreto (concreto dental); Injeções de consolidação de maciços (aumentam a resistência e diminuem o recalque e permeabilidade) na forma de cortinas de injeção ou de injeções esporádicas; Impermeabilização da fundação: diafragmas; trincheiras de vedação (cutoff) preenchidas com argila ou concreto; Tapetes impermeáveis de argila a montante no reservatório; Drenos profundos (cortinas de drenagem) a jusante das cortinas de injeção. Proteção contra percolação pelo corpo da barragem: drenos longitudinais; drenos em chaminé e tapete drenante; filtro de pé; núcleos impermeáveis em barragens mistas; impermeabilização do paramento de montante. Controle da percolação nas fundações: trincheira de vedação; tapete impermeável a montante; cortina de injeção; diafragma; trincheiras ou poços de alívio a jusante. Barragem de Terra de Euclides da Cunha (SP), no rio Pardo • Altura máxima: 56m; Comprimento: 312m • Precipitação: 260mm em 24h numa área de 1670Km2 • Galgamento na crista direita da barragem que estava 30cm mais baixa. Uma lâmina de 1,2 metro passou por cima da barragem durante um período de 4 horas. O transbordamento começou as 20:30h do dia 19/01 e a ruptura às 03:30h do dia 20/01. Barragem de Barra Bonita: Análise da viabilidade de 2 alternativas de localização. Miraí (rio Muriaé), 2ª ruptura (2007) - 2 milhões de m3 de lama. Miraí, na 2ª ruptura – 60 pessoas desabrigadas, 765 desalojadas. 2 mil pessoas afetadas pelo vazamento e 35 casas destruídas. 235 moradias precisaram ser reformadas. Quatro pontes destruídas, duas indústrias danificadas pela mistura de água e argila. Cerca de 150 mil pessoas afetadas pelo corte no abastecimento de água. O alumínio no rejeito acarreta aumento da acidez do solo, limitando a produção agrícola. Barragem de Salto Santiago – fundação cortada por falhas com caixa preenchida de solo Represa de Tucuruí – Consolidação da falha geológica encontrada na fundação Tratamento de ombreiras e fundações ancoragem ancoragem Tirantes Injeções de cimento Injeções de cimento Tratamento de ombreiras e Fundações Cortinas de Injeção Fonte: Bedient & Huber (1992) Qualquer barreira aumentará o percurso das linhas de fluxo, reduzindo o gradiente hidráulico e, portanto, a possibilidade de erosão por piping e de escorregamentos no pe´da barragem