Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
BARRAGENS Prof. Dr. Eng. Paulo Cícero Fritzen 1 Geração de Energia 2 As barragens foram, desde o início da história da Humanidade, fundamentais para seu desenvolvimento. Descobertas arqueológicas recentes indicam que barragens simples de terra e redes de canais foram construídas já em 2.000 a.C. para fornecer às pessoas fontes confiáveis da água. Em nível mundial, algumas das barragens mais antigas de que há conhecimento situavam-se, por exemplo, no Egito, Médio Oriente e Índia. Histórico das Barragens Com a Revolução Industrial, houve a necessidade de construir um crescente número de barragens, o que permitiu o progressivo aperfeiçoamento das técnicas de projeto e construção. Apareceram então as primeiras barragens de aterro modernas, assim como as barragens de concreto. As barragens são feitas de forma a acumularem o máximo de água possível, tanto através da chuva como também pela captação da água caudal do rio existente. Construídas principalmente para abastecimento de água em zonas residenciais, agrícolas, indústrias, produção de energia elétrica 3 Motivos para Construção das Barragens a) Controle de cheias b) Rejeitos ou minerações c) Correção torrencial d) Conservação de água e) Armazenagem de água para obtenção de energia elétrica: 4 Definição para Barragens As barragens são definidas como barreiras ou estruturas que cruzam córregos, rios ou canais para confinar e assim controlar o fluxo da água. As barragens variam em tamanho: de pequenos maciços de terra, usados frequentemente em fazendas, a enormes estruturas de concreto, geralmente usadas para fornecimento de água, energia hidrelétrica e irrigação. A construção de barragens geralmente requer a relocação de vilas, casas, fazendas, estradas, ferrovias e serviços públicos do vale do rio para áreas de elevação maior, acima do nível do reservatório. 5 Definição para Barragens Os principais tipos de barragens no mundo são as de aterro, de gravidade e em arco. As estruturas acessórias ou adicionais das barragens incluem vertedouros, estruturas de descarga, usinas hidrelétricas e unidades de controle. 6 Definição para Barragens As barragens são construídas para armazenar e controlar a água para fins de fornecimento doméstico, irrigação, navegação, recreação, controle de sedimentação, controle de enchentes ou para obtenção de energia hidrelétrica. Algumas de nossas barragens têm apenas uma função e são assim conhecidas como “barragens de função única”. Hoje, as barragens são construídas para servir a diversas funções e são, por isso, conhecidas como “barragens de usos múltiplos”. As barragens de usos múltiplos são projetos muito importantes e baratos para países em desenvolvimento, pois a população recebe vários benefícios domésticos e econômicos de um único investimento. Elas são à base do desenvolvimento dos recursos hídricos das bacias fluviais. 7 Definição para Barragens Em uma usina hidrelétrica, a barragem é a estrutura que tem a função de represar a água, visando, com a elevação do nível d’água do rio, possibilitar a alimentação da tomada d’água. No caso de locais de baixa queda, a barragem tem também a função de criar o desnível necessário à produção da energia desejada (ELETROBRÁS). 8 Função das Barragens No passado, as barragens eram construídas com o único propósito de fornecimento de água ou irrigação. Atualmente serem as barragens são construídas para um fim específico tal como fornecimento de água, controle de enchentes, irrigação, navegação, controle de sedimentos e energia hidrelétrica. A recreação é às vezes incluída em benefício da população. As barragens são as bases do desenvolvimento e da gestão dos recursos hídricos das bacias fluviais. As barragens de usos múltiplos são projetos muito importantes para países em desenvolvimento, pois as populações recebem benefícios domésticos e econômicos de um único investimento. 9 Funcionamento das Barragens Para operar adequadamente, as barragens devem ter vários componentes específicos: um reservatório, um vertedouro, estruturas de descarga e uma unidade de controle. No caso de barragens com instalações de energia hidrelétrica, condutos forçados, geradores e subestações estão incluídos. O reservatório é o componente que armazena a água. A alimentação ou vazão afluente deve ser continuamente monitorada e a vazão deve ser controlada para obter o máximo de benefícios. 10 Funcionamento das Barragens Sob condições normais de operação o nível do reservatório é controlado pela unidade de controle, que controla a vazão pelas estruturas de descarga, que consistem em um grande túnel ou conduto no nível da água e comportas. Sob condições de enchente o nível do reservatório é mantido pelo vertedouro e pelas estruturas de descarga. Os reservatórios das barragens para controle de enchentes são mantidos no nível mais baixo possível durante vários meses do ano para criar o máximo de capacidade de armazenamento para uso na estação das enchentes. 11 Principais Elementos das Usinas Hidrelétricas 12 Principais Elementos das Usinas Hidrelétricas UHE 1. Reservatório ou lago 2. Barragem 3. Vertedouro 4. Tomada d’água 5. Conduto Forçado 6. Casa de Força 7. Canal de Fuga 8. Subestação 9. Turbina 10. Gerador 13 Principais Elementos UHE 14 Elementos básicos das Barragens As barragens são formadas por diversos componentes, que podem ou não estar presentes em todos os tipos de barragens: 15 Elementos básicos das Barragens Paramentos: São as superfícies mais ou menos verticais que têm como função limitar o corpo da barragem. O paramento a montante está em contato com a água, e o paramento a jusante é a parede visível da estrutura. Coroamento: É a superfície que delimita a parte superior da barragem, podendo ou não servir para a passagem de uma estrada. Encontros: São as superfícies laterais da barragem que se encontram em contato com as margens do vale, e a fundação é a superfície inferior em contato com o fundo do vale. 16 Elementos básicos das Barragens Descarregador de cheias: É o sistema hidráulico que descarrega a água armazenada em excesso na albufeira. Tomadas de água: São os canais hidráulicos que extraem a água da albufeira para a sua posterior utilização. Descarregador de fundo: É o órgão hidráulico que permite esvaziar a albufeira de forma a esvaziá-la ou a assegurar o caudal ecológico do curso de água. 17 Elementos básicos das Barragens Eclusas: São mecanismos hidráulicos que permitem ultrapassar o desnível imposto pela barragem de modo a facilitar a navegação fluvial. Escada de peixes: São estruturas que permitem que os peixes e outras espécies fluviais subam e desçam livremente o curso de água de modo a manterem os seus ciclos biológicos. Quando o solo original não for de boa qualidade, deve ser construído um núcleo central no maciço com material granular adequado trazido de outro local, para evitar a infiltração de água pelo corpo da barragem. 18 Tipos de Barragens Barragem de Terra; Barragem de Enrocamento; Barragem de Concreto. 19 Barragens de Terra São as barragens mais comumente utilizadas • utilizam materiais naturais com um mínimo de processamento • podem ser utilizadas em condições de fundações menos resistentes • maciço constituído por solos compactados em camadas sucessivas • podem ser homogêneas ou zonadas As barragens de terra são caracterizadas pelos seguintes elementos principais: • zona de vedação (núcleo) • sistema de drenagem interna • zona resistente (espaldares) Principais desvantagens: • cronograma de construção pode ser afetado pelas condições climáticas (execução do aterro paralisada em períodos chuvosos) 20 Barragens de Terra 21 Barragens de Terra Locais considerados aptos para a implantação Pedreiras localizadas em cotas superiores, visando facilitar o transporte de materiais; As fundações com resistênciae estanqueidade suficientes, O eixo posicionado no local mais estreito do rio; As margens do reservatório estáveis. 22 Barragens de Terra Deve-se ainda evitar correntes de alta velocidade adjacente ao talude no contato com o vertedouro. As barragens pertencentes a esse grupo apresentam, tem como característica principal um núcleo impermeável utilizado como um filtro a jusante e é construída com terra compactada. Possuem revestimento protetor de pedra ou grama e possui as seções transversais nas formas trapezoidais. São também classificadas como não galgável, pois, mesmo com o risco de erosão, água não deve passar sobre sua crista (ELETROBRAS). 23 Barragens de Terra Escolha do Local para a implantação O local escolhido deve possuir solo estável, não podendo ocorrer deslizamentos ou grandes acomodações devido ao peso da terra acrescentada sobre o solo original. A construção da barragem sobre as nascentes devem ser evitadas, pois a pressão da água pode comprometer a estabilidade do aterro. 24 Barragens de Terra Escolha do Local para a implantação Evitar locais com afloramentos rochosos, pois quando a barragem está assentada sobre laje de pedra, o escoamento de água entre o aterro e a rocha pode comprometer a estabilidade devido ao deslizamento do aterro. Em falta de um local melhor, construir uma cortina (muro) de concreto armado, formando uma barreira (núcleo central) que impeça a infiltração de água. 25 Barragens de Terra Seções Típicas Em função do regime hidrológico da região, períodos chuvosos e secos, a intensidade das chuvas entre outros utiliza-se barragens com seções homogêneas em solo e de enrocamento, cujos detalhes típicos são apresentados nas Figuras a seguir. Caso o balanceamento de materiais mostre que existe volume de rocha excedente, a seção da barragem deve ser mista (terra-enrocamento), uma vez que, certamente, significará economia para o empreendimento. 26 Barragens de Terra Seções Típicas det. 2 a m2 1 det. 1 det. 3 borda livre NA máx. 1 m1 H h 5,00 5,00 aterro compactado 0,3h m1H a 0,3hm2m2H pavimento flexível proteção com grama Figura 4: Baragem Homogênea (H≤10m) Fonte: Eletrobrás 27 Barragens de Terra Seções Típicas a m2 1 borda livre NA máx. 1 m1 H h 5,00 5,00 aterro compactado tapete drenante m1H a 0,3hm2m2H filtro vertical aterro compactado pavimento flexível dreno de pé proteção com grama det. 3 Figura 5: Barragem Homogênea (H>10m) Fonte: Eletrobrás 28 Barragens de Terra Dimensões básicas Largura da Crista A largura mínima da crista deverá ser de 3,0m. Entretanto, se a barragem for utilizada como estrada sua largura mínima deverá ser de 6,0m (ELETROBRAS, 2008). Cota da Crista A cota da crista da barragem é determinada considerando-se a “borda livre”, que é uma folga acima da elevação do nível de água máximo normal de operação do reservatório (ELETROBRAS, 2008). Inclinação dos Taludes A inclinação dos taludes da barragem é caracterizada por um coeficiente de inclinação, que indica quantas vezes a projeção horizontal é maior que a projeção vertical. Esse coeficiente depende do tipo de barragem, do material empregado, da altura da barragem e do material da fundação (ELETROBRAS). 29 Barragens de Terra Dimensões básicas Largura da Base da Barragem Segundo as Diretrizes para Projetos de PCH (ELETROBRAS), a largura da base (b) é calculada em função da geometria da barragem, utilizando-se a fórmula: 𝑏 = 𝑎 + 𝑚1 +𝑚2 ∗ 𝐻. a = largura da crista da barragem (m); m1 = inclinação do talude de montante; m2 = inclinação do talude de jusante; H = altura da barragem (m). Sendo que para altura da barragem de terra existem algumas limitações. 30 Barragens de Terra Dimensões básicas Abaixo são apresentados alguns parâmetros considerados em algumas dessas definições: • Manual de Irrigação do Ministério da Integração Regional: altura máxima do maciço de 10 m (Hradilek et alli, 2002); • Bureau of Reclamation (1967, p. 7): altura máxima do maciço de 15 m; • Manual de Segurança e Inspeção de Barragens do Ministério da Integração Regional (2002, p. 18): altura máxima do maciço de 15 m e capacidade do reservatório menor que 1.000.000 m3; • Molle e Cardier (1992, p. 83): altura máxima do maciço de 10m. 31 Barragens de Terra - Detalhes Construtivos Principais Preparo da Fundação e das Ombreiras A área sob a barragem, mais uma faixa de 5,0m para montante e para jusante, deverá ser limpa. O material removido deverá ser transportado para área fora do canteiro de obras e do futuro reservatório. Após limpeza o terreno deverá ser ajustado e compactado com trator esteira. Em seguida ocasionais surgências de água na fundação (olho d’água) deverão ser convenientemente tratadas. O detalhe é apresentado na Figura a seguir. (Diretrizes para Projetos de PCH, ELETROBRAS). 32 Barragens de Terra - Detalhes Construtivos Principais Preparo da Fundação e das Ombreiras lançamento da pasta nível de lançamento NA estabilizado tubo de concreto ou fundação infiltração abertura do olho d`água TRATAMENTO DE OLHO D`ÁGUA NA FUNDAÇÃO camadas compactadas da barragem 1,00 cerâmica (manilha) de cimento da brita (final) Figura: Tratamento de olho d’água na fundação Fonte: Eletrobrás 33 Barragens de Terra - Detalhes Construtivos Principais Preparo da Fundação e das Ombreiras Caso a fundação seja mais permeável que o aterro da barragem, ou do núcleo central no caso de seção mista deverá ser prevista uma trincheira de vedação, cujos detalhes e dimensões são mostrados na Figura a seguir. Figura: Trincheira em fundação muito permeável Fonte: Eletrobrás filtro de areia até o pé do talude de jusante B=b+3h b h DETALHE 1 - TRINCHEIRA EM FUNDAÇÃO MUITO PERMEÁVEL nota: b>=3m aterro compactado material mais impermeável 1,5 1 1,5 1 34 Barragens de Terra - Detalhes Construtivos Principais Lançamento, Espalhamento e Compactação O material da barragem deverá ser lançado com caminhão basculante e espalhado com trator esteira equipado com lâmina ou moto-niveladora. A compactação deverá ser realizada através de passadas de rolo compactador ou utilizando-se placas vibratórias ou manualmente, por apiloamento. 35 Barragens de Terra - Detalhes Construtivos Principais Proteção dos Taludes das Barragens O talude de montante das barragens de terra homogêneas deverá ser protegido contra a ação de ondas e contra a variação do nível d’água do reservatório. A proteção deverá ser executada com materiais granulares. Essa proteção deverá ser executada acompanhando o alteamento do aterro. Evidentemente, o diâmetro de cada material deverá ser menor que a espessura da camada, medida normalmente ao talude, a qual poderá variar de acordo com o material disponível. (Diretrizes para Projetos de PCH - ELETROBRAS) pedra de mão transição (brita) m1 1 areia (enrocamento) 0,40 0,20 0,20 nota: dimensões em metro aterro compactado DETALHE 2 - PROTEÇÃO DO TALUDE DE MONTANTE 36 Barragens de Terra - Detalhes Construtivos Principais Proteção dos Taludes das Barragens O talude de jusante deverá ser protegido contra a flutuação do nível d’água de jusante e contra a ação de chuvas. A proteção deverá ser igual a do talude de montante. Acima dessa altura, o talude deverá ser protegido, sempre que possível, através do plantio de grama. Os detalhes dessa proteção são mostrados na Figura, a seguir. nota: dimensões em metro 0,20 0,20 0,40 (enrocamento) 0,3h mínimo DE JUSANTE DETALHE 3 - PROTEÇÃO DO TALUDE filtro de areia areia transição (brita) pedra de mão grama 37 Barragens de Terra - Detalhes Construtivos Principais Proteção dos Taludes das Barragens Caso não existam materiais granulares em abundância na região, o talude de montante deverá ser protegido com uma camada de solo-cimento. O método de execução deverá acompanhar o alteamento do aterro da barragem. Durante a elevação do aterro, deverãoser tomados cuidados com a umidade adequada para a cura das camadas executadas anteriormente. A mistura de cimento com o solo deverá ser realizada em betoneiras ou no próprio local. Poderá ser adicionada água à mistura, se necessário, para melhorar a trabalhabilidade. 38 Barragens de Terra - Detalhes Construtivos Principais Proteção dos Taludes das Barragens O talude de jusante deverá ser protegido como especificado anteriormente. A Figura, apresenta os detalhes da proteção e do alteamento de solo-cimento m1 1 SEQUÊNCIA DE ALTEAMENTO camadas de proteção de solo-cimento talude da barragem camadas compactadas da barragem linha de escavação do talude para junção das camadas 0,20 1,00 1,00 aterro compactado camada de solo-cimento nota: dimensões em metro Figura: Sequência de alteamento Fonte: Eletrobrás 39 Barragens de Terra - Detalhes Construtivos Principais Exemplos de Problemas e Soluções Devido a forte colisão da água, a face do talude montante fica sujeita a efeitos destrutivos. Sendo estes, solucionados com uso de uma camada de pedra sobre a face da barragem em que se colide a água. Figura Efeito destrutivo sobre o talude montante (Fonte: Desconhecida) Figura: Solução do efeito destrutivo (Fonte: Desconhecida) 40 Barragens de Terra - Detalhes Construtivos Principais Exemplos de Problemas e Soluções Outro grande problema em barragens de terra são as infiltrações, que por sua vez, danificam a estrutura da barragem. A solução mais eficaz consiste na construção da barragem com um núcleo impermeabilizante de argila, e também com o uso de drenos capazes de mudar a direção da infiltração. Figura : Infiltração da Barragem (Fonte: Desconhecida) Figura: Solução da infiltração (Fonte: Desconhecida) 41 Barragens de Terra - Detalhes Construtivos Principais Exemplos de Problemas e Soluções Figura: Solução do efeito destrutivo (Fonte: Desconhecida) 42 Barragens de Enrocamento Maciço constituído por enrocamentos (blocos de rocha) lançados ou compactados em camadas com núcleo de material terroso • menor interferência no cronograma de execução • menores volumes de aterro • permitem a adoção de ensecadeira incorporada As barragens de terra e enrocamento são caracterizadas pelos seguintes elementos principais: • zona de vedação (núcleo) • sistema de drenagem interna • transições • zona resistente (espaldares) Principal desvantagem: • exigem fundações em rocha sã ou alterada 43 Barragens de Enrocamento 44 Barragens de Enrocamento Segundo Goulart, uma barragem de enrocamento é um maciço formado por fragmentos de rocha compactados em camadas cujo peso e imbricação colocaram entre si a estabilidade do corpo submetido ao impulso hidrostático. A impermeabilização é conseguida através de duas maneiras: - Núcleo argiloso compactado que pode ser vertical ou inclinado; - Face impermeável (estanque) sobre o talude de montante. Essa face pode ser de betão, asfalto, metal, plástico, etc. As barragens com face de betão, ou outro material tem sido motivo de acesas controvérsias devido as más experiências anteriores, onde ocorrem grandes infiltrações provocadas por fissurações. Mas essas barragens têm vindo a ser aperfeiçoadas por apresentarem vantagens como menor custo e maior rapidez na construção. 45 Barragens de Enrocamento Esse tipo de barragem é aquele em que são utilizados blocos de rocha de tamanho variável e uma membrana impermeável na face de montante. O custo para a produção de grandes quantidades de rocha, para a construção desse tipo de barragem, somente é econômico em áreas onde o custo do concreto fosse elevado ou onde ocorresse escassez de materiais errosos e houvesse, ainda, excesso de rocha dura e resistente. Devemos lembrar que a rocha de fundação adequada para uma barragem de enrocamento pode não ser aceitável para uma de concreto. A rocha que deve preencher a maior parte da barragem precisa ser inalterada pelo intemperismo, não sendo facilmente desintegrada ou quebrada. Rochas que, quando sujeitas à ação de explosivos, fragmentam-se facilmente em pedaços muito pequenos, com elevada porcentagem de lascas e pó, são igualmente inadequadas. As rochas para essas barragens, devendo ter resistência ao intemperismo físico e químico, gnaisse, diabásio, etc. Os blocos de rocha são colocados de modo a se obter o maior contato entre suas superfícies e os vazios entre elas, que são preenchidos por material de menor tamanho. 46 Barragens de Enrocamento Escolha do Local Segundo a ELETROBRÁS, para se utilizar a tecnologia de Enrocamento, a usina deverá estar situada em um local com as seguintes características: As fundações e laterais do rio devem ser bem definidas, estáveis e resistentes a estanques; Deve haver uma grande disponibilidade de rochas e pedras para utilização na obra; A largura do vale do rio deve ser a mais estreita possível na altura da barragem, a fim de economizar material e poupar trabalho desnecessário; O local deve facilitar a construção do enrocamento em si, bem como a construção de acessos a barragem. 47 Barragens de Enrocamento Estrutura Básica Basicamente, as barragens de enrocamento são constituídas por um núcleo interno impermeável, circundado por camadas de um maçico de rochas assentadas. O enrocamento constitui-se principalmente de um montate de rochas de vários tamanhos e modelos. Para assentar esse material e impermeabilizar a mistura, é utilizado um cimento impermeável na barragem (ELETROBRÁS). 48 Barragens de Enrocamento Estrutura Básica Barragens de enrocamento necessitam sempre de um elemento de vedação, uma vez que o coeficiente de permeabilidade de um aterro de enrocamento é bastante alto. Esse elemento pode ser basicamente de dois tipos: interno e externo. O elemento de vedação define o tipo de barragem de enrocamento. 49 Barragens de Enrocamento - TIPOS Enroncamento convencional O perfil mais comum de uma barragem de enrocamento é praticamente simétrico em relação ao curso do rio, comparando- se a disposição das rochas a montante e jusante (Diretrizes para Projetos de PCH - ELETROBRAS). Deve haver uma proteção interna na barragem, a fim de evitar o vazamento do material impermeabilizante das rochas até o núcleo. Essa proteção é feita juntamente com o processo de construção do núcleo impermeável, observando-se os possíveis vazamentos de impermeabilizante para dentro do núcleo. (Diretrizes para Projetos de PCH - ELETROBRAS). 50 Barragens de Enrocamento - TIPOS Enroncamento convencional Um esquema típico do Enrocamento Convencional é mostrado na figura a seguir: H h trincheira (eventual) NA máx. det. 4 a a - 2,00 0,75hnúcleo impermeável 0,5H 0,5H 1 m1 m2 1 m1H a m2H 0,5 1 0,5 1 enrocamento enrocamento Figura: Barragem de enrocamento convencional Fonte: Eletrobrás 51 Barragens de Enrocamento - TIPOS Enroncamento vertedouro O perfil da barragem “vertedouro” oferece um enrocamento mais comprido e alongado a jusante, fazendo com que o peso das pedras se concentre na parte anterior da usina (montante). Dependendo da altura da barragem, são utilizadas duas seções com suas próprias características, como demonstrado a seguir, sendo a primeira para alturas de 3 a 8 metros, e a segunda para alturas menores que 3 metros. 52 Barragens de Enrocamento - TIPOS Enroncamento vertedouro Figura: Barragem de enrocamento vertedouro (Fonte: Eletrobrás) NA máx. crista da barragem vedação central área de limpeza cordões pioneiros de pedras lançadas última camada, com pedra selecionada e embricada tirante d`água sobre a crista (máx. = 1,00m) trincheira (eventual) crista da barragem área de limpeza tirante d`água sobre a crista (máx. = 1,00m) trincheira e arrumadas NA variável cordão central pedras maiores, selecionadas brita (próximo dos taludes do cordão) (eventual) 53 Barragens de Enrocamento Dimensões Básicas Largura da Crista (a) A largura da crista mínimadeverá ser de 3 metros. Se a barragem for utilizada como estrada, a largura mínima será de 6 metros. Cota da Crista •A cota da crista da barragem deve ser igual à elevação do NA normal do reservatório. Tabela para cota da crista da barragem Fonte: Eletrobrás 54 Barragens de Enrocamento Dimensões Básicas Inclinação dos Taludes A inclinação dos taludes da barragem de enrocamento convencional está indicada na Tabela abaixo Fonte: Eletrobrás 55 Barragens de Enrocamento Detalhes Construtivos Principais Preparo da Fundação e das Ombreiras O preparo das fundações da barragem e de uma faixa de 5,0 m, deverá ter uma remoção de terra vegetal até uma profundidade de 20 cm na área dos cordões e 50 cm na área central. O material removido deverá ser transportado para locais de bota-fora pré-determinados, fora do canteiro de obras e do futuro reservatório. Nas margens ou ombreiras, deverão ser removidos o solo coluvionar e o material solto. Caso o material da fundação seja mais permeável que o material vedante da parte central da barragem, deverá ser escavada uma trincheira na fundação, como indicado anteriormente para a barragem de terra. Após a limpeza, o terreno deverá ser regularizado e a área da base da barragem deverá ser compactada com um trator de esteiras rebocando um rolo compactador de 4 t, pelo menos. Deverão ser dadas 10 passadas por toda a área da fundação e no trecho das ombreiras com inclinação acessível ao trator. 56 Barragens de Enrocamento Detalhes Construtivos Principais Lançamento, Espalhamento e Compactação O corpo dos prismas deve ter mais 50% de pedras com tamanho superior a 20 cm. As pedras maiores, com diâmetro mínimo definido no item 7.1.2 - Vertedouro, devem ser colocadas nos taludes, sobretudo no de jusante. As partículas menores devem ser deixadas no centro da seção, durante o espalhamento. O cuidado na colocação deve aumentar do centro do aterro para a parte externa. O material da parte central deve ser proveniente de pedreiras, sem seleção, ou seja, contendo a fração de materiais mais finos de brita, areia e pó de pedra/solo. O material do corpo da barragem, exceto as camadas finais dos taludes e da crista, deve ser lançado com caminhões basculante e espalhado com trator de esteiras ou moto- niveladora. 57 Barragens de Enrocamento Detalhes Construtivos Principais Lançamento, Espalhamento e Compactação Na barragem de enrocamento convencional e na barragem de enrocamento vertedoura do Tipo I, a compactação da parte externa deverá ser feita em camadas de 60 cm, através de trator de esteiras rebocando um rolo compactador com 10 t, ou mais, ou caminhões carregados, com, no mínimo, 2 passadas em cada faixa no sentido paralelo ao eixo da barragem. Na parte central, do material mais fino e menos permeável, deverão ser dadas 6 passadas. No caso de trincheira, a compactação será feita manualmente (apiloamento), ou com placas vibratórias (sapos), em camadas de 10 a 15 cm de espessura. Na barragem do Tipo II, a parte central deverá ser constituída de pedras com dimensões não superiores a 20 cm, misturadas com a fração do material brita, areia e pó de pedra/solo. O material deverá ser lançado em camadas de 30 cm e a compactação poderá ser manual. 58 Barragens de Enrocamento Detalhes Construtivos Principais Reforço da Crista e dos Taludes da Barragem As últimas camadas da crista e dos taludes deverão ser colocadas de forma cuidadosa, visando reduzir os vazios entre as pedras. Após a colocação, os vazios deverão ser preenchidos com pedras menores. A compactação dessa camada de reforço deverá ser feita por duas passadas de trator de esteira rebocando um rolo compactador com 10 t, ou de caminhão carregado, ao longo do talude/crista (ELETROBRÁS). 59 Barragens de Concreto Tipos As barragens de concreto podem ser subdivididas com relação a sua forma. Existem várias barragens, como segue: Barragens de concreto a gravidade; Barragens de concreto em arco (raio constante ou variável); Barragens de concreto em abóboda; Barragens de concreto de contrafortes. 60 Barragens de Concreto a Gravidade As barragens de gravidade dependem inteiramente de seu próprio peso para resistir à tremenda força da água armazenada. Algumas das primeiras barragens de gravidade foram construídas com blocos de alvenaria e concreto e são conhecidas como barragens de alvenaria. Hoje, as barragens de gravidade são construídas com concreto massa ou concreto compactado a rolo (concreto colocado em camadas e compactado por um rolo). Esse tipo de barragem é recomendado para vales estreitos, encaixados, em maciço rochoso pouco fraturado e com boas condições de fundação. A seção da barragem pode incorporar o vertedouro quando as condições topográficas do local dificultarem a concepção de vertedouro lateral (ELETROBRÁS, 2009). 61 Barragens de Concreto a Gravidade Fig. Barragem de Itaipu Fonte: JIE Fig. Barragem de Itumbiara Fonte: Itumbiara News 62 Barragens de Concreto a Gravidade Fig. Corte transversal de barragem a gravidade em concreto massa. Fonte: Desconhecida 63 Barragens de Concreto a Gravidade Forma triangular típica e estabilidade garantida pelo peso próprio da estrutura 64 Barragens de Concreto a Gravidade Aliviadas A barragem principal da Itaipu é de concreto, do tipo gravidade aliviada. Durante a concepção do projeto, foram estudadas opções: de gravidade maciça, de gravidade aliviada, de enrocamento e em arco. Após avaliação técnica e geológica, optou-se pela barragem de concreto do tipo "gravidade aliviada" para a barragem principal. Na barragem de concreto, do tipo gravidade aliviada, enormes “ocos” em seu interior, não prejudicam seu desempenho estrutural, porém trazem economia substancial de material e financeira. 65 Barragens de Concreto a Gravidade Aliviadas 66 Barragens de Concreto em Arco As estruturas em arco resistem com facilidade a cargas uniformemente distribuídas sobre seu dorso, transmitindo-as para as suas ombreiras. Nestas condições, as forças decorrentes do impulso hidrostático são transferidas para as margens e fundo do rio. Para que possa ser construído este tipo de barragens são necessárias condições naturais especiais, ou seja, margens altas constituídas por rochas resistentes e o fundo do rio igualmente em rocha resistente. A relação entre a largura do rio no local e a altura da barragem não pode ser maior que 3 a 4. Dadas as suas pequenas secções transversais, empregam pouco material, de forma que seu peso desempenha papel secundário no equilíbrio estático. Podem ser construídas em concreto ou em concreto armado. 67 Barragens de Concreto em Arco Fig. Transmissão de forças em uma barragem em arco Fonte: Desconhecida Fig. Barragem de Santa Luzia Fonte: CNPGB 68 Barragens de Concreto em Arco Estrutura delgada e em arco, apoiada em ombreiras e fundações rochosas Barragem da Usina Sayano-Shushenskaya parcialmente destruída em 2009 - Rússia Barragem Hoover na fronteira de Nevada com Arizona - EUA 69 Barragens de Concreto em Arco Barragem Hoover na fronteira de Nevada com Arizona - EUA 70 Barragens de Concreto em Abóboda Muitas barragens de gravidade têm uma ligeira curvatura em plantas, não só porque às vezes é exigida pela topografia do lugar, mas também é projetada com a finalidade de provocar pressões tangenciais no arco, sob o efeito da pressão d’agua do reservatório, de tal forma que possam compensar a retração do concreto. Esta forma, além disso, pode ser aproveitada para reduzir o volume da barragem, de modo que os esforços atuantes sobre a mesma sejam suportados parcialmente, no plano vertical, pelo perfil transversal da barragem, que age como construção engastada em sua fundação. O arco é apoiado contra as encostas do vale que são constituídas de uma rocha sã e firme (SCHREIBER, 1990, pág. 62). 71 Barragens de Concreto em Abóboda O único material utilizadopara a construção deste tipo de barragem é o concreto armado, mas, devido ao reduzido volume de material utilizado, torna-se a de menor custo. Figura- Barragem de Castelo de Bode – Portugal Fonte: Portugal Fotografia Aérea 72 Barragens de Concreto em Abóboda Fig. Barragem de Alqueva Fonte: Moura Digital Fig. Usina de Funil Fonte: Fenomenum 73 Barragens de Concreto em Abóboda Fig. Planta da barragem de Alqueva Fonte: Castelo de Bode Fig. Perfil da barragem de Alqueva Fonte: Castelo de Bode 74 Barragens de Concreto de Contrafortes Barragens de contrafortes são formadas por elementos planos ou curvos que recebem, numa de suas faces o empuxo da água, transmitindo-o nos apoios a contrafortes que tem perfil triangular convencional e cuja função é transmitir o peso próprio de toda a estrutura e demais às fundações. As barragens de contraforte podem ser rígidas ou articuladas. As rígidas são quando os elementos que recebem diretamente o empuxo da água são solidários aos contrafortes, formando um bloco monolítico ou domos múltiplos. Já as barragens de contraforte articuladas, os elementos que recebem diretamente o empuxo da água são planos e se apoiam nos contrafortes (independentes), existindo entre eles juntas de dilatação. Este tipo também é conhecido como Barragens de Ambursen (SANDRO; SANTOS; BORTONI, 2009, pág. 153). 75 Barragens de Concreto de Contrafortes Uma barragem de abóbadas múltiplas é uma barragem de contraforte, pois é construída em concreto armado, sendo formadas por diversas barragens em abóbodas que se apoiam sobre os contrafortes maciços, cuja função é transferir o peso da própria estrutura e o empuxo da água às fundações. Este tipo de barragem necessita de um controle geológico maior. Fig. Barragem de Itaipu Fonte: JIE 76 Barragens de Concreto de Contrafortes Fig. Barragem de Hume Lake Fonte: Desconhecida Utilização de lajes de sustentação ou pilares (contrafortes) ao longo do corpo da barragem 77 Barragens de Concreto Local Adequado Um local considerado adequado para o projeto de uma barragem de concreto deverá possuir as seguintes características: A largura do vale na crista da barragem deve ser a mais estreita do trecho aproveitável do rio, visando-se reduzir o volume da barragem; Disponibilidade de pedreiras para obtenção da brita e jazidas de areia facilmente exploráveis nas proximidades do local; Facilidade de conseguir cimento em quantidade suficiente na região; As fundações e as ombreiras devem ser resistentes. O maciço rochoso deve ser pouco fraturado (1 a 3 fraturas/metro). A camada aluvionar na região das fundações, caso exista, não deverá ser muito espessa (≤ 2,0 m), visando não onerar o custo da obra com o serviço de remoção da mesma; Facilidade de construção e de acessos. 78 Barragens de Concreto Seção Típica A seção típica referente a um barragem de concreto é apresentada na figura a seguir. Registra-se que, na maioria dos casos, adota-se uma seção com paramento de montante vertical, em função dos cálculos de estabilidade. b2b1 B 0,30 1,00 H Hv NA máx. NA normal superfície do terreno natural lâmina vertente nota: dimensões em metro mureta eventual BARRAGEM DE CONCRETO 1,00 0,50 0,10 0,70 1 1 b1=0,10H b2=0,70H Fig. Cotas de uma barragem de concreto Fonte: Eletrobrás 79 Barragens de Concreto Seção Típica As barragens de concreto devem ser construídas em blocos, entre os quais deverão ser previstas juntas verticais de dilatação vedadas contra vazamentos. O trecho do vertedouro deverá ser rebaixado em altura correspondente à da lâmina d’água máxima vertente. Na crista da barragem, no trecho em que não passara a água (não vertente), deverá ser construída uma mureta de proteção contra ondas, em concreto ou em alvenaria de tijolos maciços. 80 Barragens de Concreto Seção Típica O parâmento de jusante da barragem, no trecho vertente, atualmente, é construído com degraus para dissipar parte da energia do escoamento vertente. O restante da energia é dissipado para a jusante sobre o maciço rochoso, quando este é são, resistente e não fraturado. Quando o maciço é resistente, mas fraturado, normalmente, escava-se uma bacia (tanque) de dissipação a jusante, para amortecer o impacto do escoamento vertente. Quando o maciço é fraturado e pouco resistente, deve- se protegê-lo com laje de concreto. 81 Barragens de Concreto Dimensões Básicas Nas Diretrizes para Estudos e Projetos de Pequenas Centrais Hidrelétricas (ELETROBRÁS, cap. 7), encontramos algumas dimensões importantes para o estudo de barragens. Cota da Crista da Barragem Para barragem com altura menor que 10 m, a cota mínima da crista deverá estar 1,0 m acima da elevação do NA normal do reservatório. A mureta de proteção contra ondas deverá ter uma altura mínima de 30 cm e largura de 20 cm. Para barragem com altura maior que 10 m, deve-se estimar a borda-livre utilizando-se os critérios do USBR (United States Department of Interior, Bureau of Reclamation). 82 Barragens de Concreto Dimensões Básicas Dimensões da Barragem Para barragens com altura menor a 10 m, as dimensões da base são calculadas com base na geometria. Para barragens com altura maior que 10 m, a estabilidade da estrutura deverá ser verificada de acordo com os critérios apresentados na publicação do USBR (United States Department of Interior, Bureau of Reclamation). 83 Barragens de Concreto Dimensões Básicas Distâncias entre as Juntas As juntas entre os blocos da barragem devem estar espaçadas entre si de no máximo 15 m, para evitar fissuras no corpo da estrutura. 15,00 crista da barragem crista do trecho vertedouro juntas superfície da rocha VISTA DE JUSANTE (DISTÂNCIA ENTRE JUNTAS) Fig. Vista de Jusante Fonte: Eletrobrás 84 Barragens de Concreto Detalhes Construtivos Principais Preparo da Fundação e das Ombreiras As juntas entre os blocos da barragem devem estar espaçadas entre si de no máximo 15 m, para evitar fissuras no corpo da estrutura. O preparo das fundações sob a barragem e de uma faixa de 5,0 m, a montante e a jusante, consiste na limpeza, incluindo o desmatamento e o destocamento. Deverá ser removido, para bota-fora, todo e qualquer material terroso ou rocha decomposta, até ser atingida, em toda a área, a rocha apropriada para fundação. Entende-se por rocha apropriada a que apresente boas condições de impermeabilidade, pouco fraturada, que possa suportar o peso da barragem sem deformações. Segundo as Diretrizes para Estudos e Projetos de Pequenas Centrais Hidrelétricas (ELETROBRÁS, cap. 7), são mostrados os principais detalhes construtivos de uma barragem. 85 Barragens de Concreto Detalhes Construtivos Principais Escavação da Fundação A escavação em rocha será de preferência “a frio”, através de cunhagem, procurando-se evitar o uso de explosivos, uma vez que se trata, normalmente, de pequenos volumes. A escavação deverá ser conduzida de tal forma que a superfície da rocha, depois de concluída a escavação, se apresente bem rugosa e plana. Os trabalhos de escavação só deverão ser dados por concluídos depois que o local estiver limpo e desimpedido de fragmentos de rocha, lama ou detritos de qualquer natureza. A limpeza deverá ser executada utilizando-se jato de água/ar. 86 Barragens de Concreto Detalhes Construtivos Principais Tratamento da Fundação Deverão ser drenados os olhos d’água porventura encontrados na área da fundação. Todas as irregularidades da superfície rochosa que formem taludes negativos ou balanços deverão ser eliminadas; o espaço deverá ser preenchido com concreto. Se o maciço for fraturado, deverá ser executada uma cortina de injeção de impermeabilização típica, com furos primários a cada 3 m. Se necessário executar furos secundários. Para reduzir a subpressão deverá ser executada uma cortina de drenagem típica. 87 Barragens de Concreto DetalhesConstrutivos Principais Concretagem das Estruturas Para efeito destas Diretrizes, considera-se que o concreto será produzido na central do canteiro de obras. Essa central deverá ter capacidade compatível com o volume de concreto previsto e o prazo para execução. O procedimento industrial de fabricação do concreto deverá atender a uma Especificação Técnica (ET) preparada por especialistas no assunto (engenheiro estrutural e tecnologista de concreto). Esse documento incluirá, para todas as fases do processo (seleção e aceitação dos materiais componentes, fabricação, transporte, lançamento e cura dos concretos), os controles a serem obedecidos. 88 Barragens de Concreto INFORMAÇÕES REFERENTES A BARRAGENS DE CONCRETO Como esta descrito nas Diretrizes para Estudos e Projetos de Pequenas Centrais Hidrelétricas (ELETROBRÁS, cap. 7), algumas informações adicionais com relação ao concreto para a construção das barragens são de importante análise, sendo estas citadas a seguir: A resistência do concreto deverá ser especificada em função do dimensionamento estrutural; Os agregados miúdos (areia) e graúdos (brita e/ou cascalho) deverão ser de boa qualidade, ter partículas sólidas e duráveis, livres de impurezas orgânicas de qualquer natureza e de materiais pulverulentos; O cimento deverá ser armazenado na obra de modo adequado, visando protegê-lo contra deterioração, em pilhas de no máximo 10 sacos, durante um período nunca superior a 90 dias, em galpões fechados e convenientemente ventilados. A data de chegada de cada lote na obra deverá ser rigorosamente controlada; 89 Barragens de Concreto INFORMAÇÕES REFERENTES A BARRAGENS DE CONCRETO • A água destinada à preparação do concreto deverá ser limpa e não deverá conter sais, óleos, ácidos, álcalis e substâncias orgânicas; • O agregado graúdo (brita) deverá ser proveniente, preferencialmente, de pedreira ou de cascalheira do leito do rio; o agregado miúdo (areia) deverá ser proveniente de bancos situados no próprio leito do rio; • Em função da realidade do local e das necessidades da obra, os agregados poderão ser adquiridos de empresas comerciais da região, caso isso seja atrativo economicamente; • Os agregados deverão ser estocados em pilhas com sistema de drenagem eficiente. A contaminação por materiais estranhos e misturas com modificação da granulometria deve ser evitada; 90 Barragens de Concreto INFORMAÇÕES REFERENTES A BARRAGENS DE CONCRETO • O concreto deverá ser dosado na central de acordo com as especificações anteriormente referidas, em função da resistência a ser obtida. Da central o concreto deverá ser transportado diretamente para o local de aplicação, procurando-se evitar a segregação dos agregados, a perda de água de amassamento ou a variação da trabalhabilidade da mistura; • O lançamento do concreto só deverá ser realizado sobre superfícies previamente preparadas e liberadas; • A colocação deverá ser em princípio, contínua e quando houver necessidade de juntas de construção, por qualquer motivo, devem ser observadas as instruções especificadas para tratamento das mesmas na ocasião da retomada da concretagem; • Todo concreto deverá ser adensado por vibração; 91 Barragens de Concreto INFORMAÇÕES REFERENTES A BARRAGENS DE CONCRETO • A superfície concretada não poderá ser exposta à ação de água de cura antes que tenha endurecido o suficiente, para que não seja danificada pelo umedecimento; • Todo concreto deverá ser lançado de uma altura inferior a 2,0 m para evitar a segregação de seus componentes; • Cada bloco da barragem será concretado, em princípio, por faixas de 2,0 m de largura, paralelas ao eixo, e em camadas de 40 cm de espessura, até perfazer 1,5 m de altura; • Os lançamentos serão sucessivos; cada camada deverá ser concretada e compactada antes que a camada anterior tenha iniciado a pega, a fim de evitarem-se juntas horizontais; as superfícies deverão ser deixadas rugosas a fim de se obter sempre uma boa ligação com a camada seguinte; 92 Barragens de Concreto INFORMAÇÕES REFERENTES A BARRAGENS DE CONCRETO • No caso do emprego de vibrador de imersão, este deverá penetrar na parte superior da camada subjacente, colocada na mesma concretagem; • As camadas que forem concluídas num dia de trabalho ou que tiverem sido concretadas pouco antes de se interromperem temporariamente as operações serão limpas logo que a superfície tiver endurecido o suficiente, retirando-se toda a nata de cimento, bem como todos os materiais soltos ou estranhos; • Quando a concretagem for suspensa por período de tempo superior àquele em que se iniciou a pega, será caracterizada uma junta de concretagem. A localização das juntas de concretagem deverá ser planejada antecipadamente e a concretagem será contínua de junta a junta; 93 Barragens de Concreto INFORMAÇÕES REFERENTES A BARRAGENS DE CONCRETO • Para unir concreto fresco com outro já endurecido, a superfície da parte já endurecida deverá ser raspada para retirar a argamassa superficial, o material solto e eventuais corpos estranhos; essa superfície, lavada e limpa com escovas de aço, deverá ser molhada e conservada assim até a concretagem; • As juntas verticais entre os blocos serão do tipo “junta seca” e deverão ser construídas de modo a permitir absoluta liberdade entre os blocos. Essas juntas de dilatação deverão ser vedadas, para minimizar as perdas de água; • A superfície do concreto será protegida adequadamente da ação direta do sol e da chuva, de águas em movimento e de agentes mecânicos, e deverá ser mantida úmida desde o lançamento até, pelo menos, 14 dias após. 94 Barragens de Concreto INFORMAÇÕES REFERENTES A BARRAGENS DE CONCRETO • A água para cura deverá ser potável; • As superfícies de concreto destinadas a ficarem aparentes e que não estiverem em contato com fôrmas durante a concretagem deverão ser alisadas enquanto o concreto ainda estiver fresco; • A desforma só poderá ser iniciada depois de 14 dias.
Compartilhar