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ALMEIDA - Cap 5 (resumo) - Integração Regional Uma Introdução

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Por que não integrar: Razões antigas e modernas, boas e más
5.1. Examinando os efeitos adversos dos esquemas de integração 
	Serão considerados as razões pelas quais os processos de integração podem gerar aspectos negativos, seja a economia nacional ou o sistema multilateral de comercio. Em geral, a integração é considerada um avanço positivo do ponto de vista da competitividade nacional. Eles são considerados capazes de conduzir à liberalização precoce do comercio, antes dos resultados serem alcançados em âmbito mais amplo. Mas podem causar aspectos negativos no plano teórico e prático. 
Quais seriam os efeitos adversos em uma integração de ZLC ou UA? A literatura concentra-se na dicotomia entre “criação” ou “desvio” do comércio de bens, serviços e investimentos. Usa esses termos para avaliar a adequação às regras do sistema multilateral e, seus efeitos eventualmente positivos (ou não) em termos de maximização do bem-estar dos agentes envolvidos (preferencialmente os consumidores do mercado afetados pelo esquema). Ou seja, um determinado esquema de integração será tanto mais positivo, e favorável, às economias envolvidas, quanto mais ele for capaz de aumentar o volume do comércio e de investimentos, e não “desviar” (ou limitar) fluxos nessas duas vertentes pois, nesse caso, seriam estabelecidos esquemas com outros parceiros econômicos mais indicados no quesito custo-benefício.
Observamos que todo esquema de integração prevê a redução reciproca de tarifas e outras barreiras ao acesso de bens e serviços nos mercados das partes envolvidas. Com isso, as mercadorias têm uma vantagem competitiva em relação as terceiras partes, justamente pela redução de uma tarifa imposta pelo GATT ou GATS. Se tarifas precedentes ou remanescentes se situarem em níveis muito elevados, o acordo possui potencial para desvio de comércio do que a criação de comércio (que seria feita com a redução de tarifas).
Jacob Viner identificou efeitos “desviantes” e discriminatórios no comércio internacional contra terceiras partes, por causa da tarifa fixada como proteção comum contraofertas de terceiras partes. O GATT deveria monitorar esses efeitos desviantes, mas há variáveis intervenientes que podem deslocar fluxos já consolidados. Viner observou na teoria clássica do comercio internacional, limitações para a guia nas políticas nacionais ou para a economia mundial, porém que a substituição por outras teorias, novas ou antigas, estavam longe de ser um progresso. 
Os principais defeitos protecionistas derivam mais da concepção protecionista do que por cálculos sobre os efeitos distorcivos desse tipo de acordo. Esses tipos de acordo são mais comuns em países em desenvolvimento do que os avançados, tanto pelas teorias ultrapassadas do comercio internacional quanto por práticas estatais de políticas comerciais protecionistas, mais por necessidades fiscais dos governos do que por propósitos de avanço industrial ou desenvolvimentista. Isso se deu por causa da economia de exportação de produtos primários no século XIX e XX, e os países latino-americanos tiveram que recorrer aos impostos de exportação e importação, com fonte exclusiva de recursos para o bom funcionamento do Estado e da própria economia. 
Muitos economistas alegam que os países avançados conseguiram chegar à industrialização através da política comercial protecionista, enquanto os países latino-americanos era regidos por práticas liberais no comercio exterior por causa da submissão à hegemonia econômica britânica. Na verdade, os países latino-americanos já praticam a proteção tarifaria antes da segunda metade do século XIX com a Tarifa Alves Branco em 1844, elevando a receita por um bom período, mas isso não proporcionou o avanço industrial; mas apenas na metade do século XX que adotam tarifas diretamente com proposito industrializante, que, por sua vez, até reduziu as receitas do comercio exterior. As variáveis de natureza tecnológica, mais especificamente capital humano, explicam o impulso industrial dos EUA, algo que foi estendido desde a Grã-Bretanha na época da primeira Revolução Industrial. 
5.2. A influência das teorias econômicas nas políticas de comércio internacional 
O avanço industrial dos EUA não se deu somente pelas tarifas protecionistas, mas por muitas outras variáveis que construíram uma base econômica solida, competitiva no plano mundial, baseada na flexibilidade do sistema, na dimensão do seu mercado interno e na inovação tecnológica e ausência de barreiras à competição entre os agentes privados; ao passo que os países latino-americanos praticaram o protecionismo comercial e não levou a algum desenvolvimento significativo da indústria. 
Na teoria de Mihail Manoilesco – tendo como seguidor o alemão Friedrich List – ele propunha um pouco protecionismo sempre e quando o país se capacitava para mudar sua pauta de exportação para produtos de maior valor agregado, ou seja, industriais. O protecionismo do autor foi seguido no Brasil nos anos 1930.
Raul Prebisch fundamentou sua teoria com base em Manoilesco. Propôs uma “Teoria como deterioração dos termos de intercâmbio” para aqueles que exportam compulsivamente matérias primas, por isso via-se a necessidade da implementação de políticas “listianas” de promoção da indústria nacional, que eventualmente passaria por um a integração regional. Prebisch formulou a crítica à Ricardo de que a teoria das vantagens comparativas só servia para países industrializados, condenando os demais a serem eternos exportadores de matérias primas. 
No século XX, a teoria do comercio internacional foi aperfeiçoada. Bertil Ohlin, em cerca de 1930, contribuiu com a importância quantitativa de diferentes fatores ou recursos naturais. Bella Balassa destacou as economias de escala como incremento do comercio exterior e tratou mais afundo sobre os processos regionais de integração, estabelecendo uma tipologia para cada um deles. Em sua “teoria da integração econômica”, ele trata da criação e desvio de comercio como resultado dos acordos regionais.
Um revisionista chamado Paul Krugman foi destacado pela sua “política comercial estratégica”, abordando uma revisão sobre as virtudes de uma política liberal de comercio. Demonstra que o comercio muitas vezes deriva das oportunidades abertas pelo aproveitamento das economias de escala por meio das exportações e não de supostas vantagens comparativas. Os padrões de especialização podem derivar de eventos históricos, efeito eventual de processos cumulativos, mudanças tecnológicas, choques econômicos temporários, não só das vantagens comparativas. 
O autor diz que o protecionismo pode ser um remédio “razoável” para determinada indústria. Isso não quer dizer que todas as industrias devem proteger um ramo industrial considerado “estratégico”. Através de modelos matemáticos, o Krugman demonstra que se um pais decide proteger sua indústria, ele pode conseguir economias de escala suficientes para criar um ganho líquido ou até mesmo preços menores para os consumidores nacionais. 
Esta não é uma teoria substitutiva, mas pode ser um segundo melhor caso, no qual, através de mecanismos (subsídios a exportação, tarifas temporárias, etc.), um país pode alterar a especialização internacional em seu favor. Krugman procura demonstrar que a história pesa, pois, uma pequena disparidade na industrialização pode levar a uma crescente desigualdade com o decorrer do tempo. Admite que um certo grau de proteção domestica pode representar um mecanismo aceitável de promoção de exportações e de transferência de renda, mas alerta que a estratégia pode não proporcionar um bom funcionamento se expandida para o conjunto a indústria. 
5.3. O pensamento latino americano 
O pensamento latino americano fundamentou-se nas fontes que defendiam certo ativismo nas políticas macroeconômicas em geral e setoriais de modo particular, com ênfase nas políticas comerciais e industriais, do que nas doutrinas liberais; isso garantiu um “sucesso” dos acordos comerciais e projetos de integração. As razões dos reduzidos ganhoslíquidos dos processos de integração regional se devem pelos efeitos de “desvio” do comercio e por causa das políticas industriais substitutivas. 
Os fatores do fracasso dos processos de integração são tanto econômicos, pela autarquia das políticas industrializadoras substitutivas, fortemente protecionistas, como políticos, como a onda de golpes militares.
5.4. A integração na América Latina
	Vários fatores ocasionaram o fracasso da maior parte dos experimentos na AL, até que tomasse rumo para o caminho da sub-regionalização, como o Mercosul ou o abandono dos esquemas multilaterais para adotar os acordos bilaterais. Quem mais se beneficiou com os esquemas de integração da AL foram as multinacionais estrangeiras.
Observou-se um certo crescimento do comercio entre os países latino americanos, mas também uma série de efeitos indesejados. Esses esquemas de integração negociados politicamente, sob a pressão de lobbies setoriais, não apenas com base em estímulos de mercados, levam a mudanças nos preços relativos de diferentes insumos e de produtos intermediários; esse fator pode conduzir a várias outras distorções, nem sempre compatíveis com a maior integração dos países membros desses acordos aos grandes fluxos de comercio mundial. Não houve só equívocos nos acordos de integração, mas também macroeconômicos, perdendo presença no mercado internacional desde os anos 1960. 
Uma pequena parte de responsabilidade, especificamente na AL, se deu por causa do caráter introvertido dos esquemas e arranjos integracionistas. 
 Devido as barreiras protecionistas dos acordos de integração, eximiram parte da competitividade internacional, permitindo os países se manterem com baixa intensidade tecnológica por boa parte dos países. 
Existe também dificuldades vinculadas a implementação deficiente de regras internas pelos países membros, em ZLC, UA.
No entanto, mesmo em acordos que tendem a ter sucesso, pode ocorrer “acidentes”, inclusive por arte do membro mais influente e poderoso. 
5.5.Uma avaliação complexa
	A análise acima permite compreender que não é fácil medir ou avaliar os efeitos reais de um esquema de integração, uma vez que há diferentes variáveis em jogo, influenciando ganhos líquidos.

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