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Imperfeições nos sólidos cristalinos CIÊNCIAS E ENGENHARIA DOS MATERIAIS Prof: Jailson Rolim Teodosio 2014.2 Um sólido ideal não existe na prática, o qual poderia ser assimilado a um material cujos átomos apresentam uma ordenação perfeita por toda sua rede cristalina. De fato, os materiais cristalinos contêm grande número de defeitos ou imperfeições na ordenação de seus átomos ao longo de sua estrutura. Muitas das propriedades exibidas por eles são fortemente influenciadas pelos desvios em relação à perfeição cristalina. Tal influência não é de todo adversa e, com frequência, características específicas desejadas são obtidas pela inserção controlada de certos defeitos. INTRODUÇÃO Defeito cristalino: irregularidade na rede cristalina, em uma ou mais das suas dimensões (direção), da ordem do diâmetro atômico. A classificação dos defeitos cristalinos é feita, com frequência, de acordo com a Geometria da imperfeição (forma ou configuração do defeito); e dimensionalidade da imperfeição (dimensões). INTRODUÇÃO Os defeitos classificam-se em: Pontuais Defeitos lineares (unidimensionais) - Discordância aresta - Discordância espiral - Discordância mista - Lacunas - Autointersticiais - Impurezas nos sólidos DEFEITO CRISTALINO Defeitos interfaciais (bidimensionais) Defeitos volumétricos ou de massa Vibrações atômicas - Superfícies externas - Contorno de grãos - Contornos de fases - Contornos de macla - Falha de empilhamento DEFEITO CRISTALINO DEFEITOS PONTUAIS DEFEITOS PONTUAIS Exercício: 1. Calcule o número de lacunas em equilíbrio, por m3 de cobre (CFC), a 1000º C. A energia para a formação de uma lacuna é 0,9 eV/átomo; o pe- so atômico e a massa específica (a 1000º C) do cobre são de 63,5 g/mol e 8,4 g/cm³, respecti- vamente. O nº de Avogadro NA = 6,02 x 10 23 átomos/mol. Resp: N DEFEITOS PONTUAIS Autointersticial - Defeito caracterizado pela presença de um átomo do cristal em um sítio intersticial, pequeno espaço vazio que sob condições normais não estaria ocupado. Nos metais, um autointersticial introduz distorções relativamente grandes em sua vizinhança na rede cristalina, pois o átomo que ocupa o interstício é muito maior que a dimensão deste. Isto explica porque a formação desse tipo de defeito é pouco comum, existindo somente em concentrações reduzidas. DEFEITOS PONTUAIS A maioria dos metais não é industrialmente pura, mas ligas, em que intencionalmente são adicionados átomos de impurezas (elementos diferentes do metal base) para conferir características específicas ao material. Impurezas nos sólidos: Um metal puro, formado por um único elemento, é impossível de ser obtido. A máxima pureza que se consegue no refino de metais é da ordem de 99,9999%. Mesmo nesse nível de pureza, 1022 a 1023 átomos de impureza estarão presentes por m3 do metal. DEFEITOS PONTUAIS Em geral, as ligas metálicas são produzidas para aumentar a: • resistência mecânica; • resistência à corrosão. As ligas metálicas formam uma solução sólida, pela adição de átomos de impureza sem que haja alteração na estrutura do material hospedeiro. Na solução sólida: • Solvente: elemento ou composto presente em maior quantidade (átomos hospedeiros); • Soluto: elemento ou composto adicionado, presente em menor concentração. DEFEITOS PONTUAIS Os defeitos pontuais decorrentes da presença de impurezas nas soluções sólidas, podem ser de dois tipos: Substitucional: os átomos do soluto repõem ou substituem átomos hospedeiros. Várias características dos átomos do soluto e do solvente determinam o grau de dissolução: • fator do tamanho atômico: adições apreciáveis de soluto é possível se RaioSE – RaioSO = + 15%. • estrutura cristalina: a solubilidade sólida é apreciável quando as estruturas cristalinas do solvente e do soluto são as mesmas. DEFEITOS PONTUAIS • eletronegatividade: diferença maior entre a ele- tropositividade e a eletronegatividade dos átomos do solvente e do soluto, aumenta a chance de se formar um composto intermetálico em vez de uma solução sólida intersticial. • valência: um metal tem maior tendência de dissolver um outro de maior valência que em um metal de menor valência. Intersticial: os átomos de impureza preenchem os espaços vazios ou interstícios entre os átomos hospedeiros. A concentração máxima permitida de átomos de impureza intersticial <10%. DEFEITOS PONTUAIS DEFEITOS PONTUAIS O carbono forma uma solução sólida intersticial com o ferro. Sua concentração máxima é de + 2%. DEFEITOS PONTUAIS Na estrutura CFC os átomos de impureza ou de dopantes ocupam os interstícios octaédricos, posição (½,0,0), ou o centro da célula (½, ½, ½). ½,0,0 ½,½,½ ½,0,0 DEFEITOS PONTUAIS Na estrutura CCC os átomos de impureza ou de dopantes ocupam os interstícios tetraédricos, posição (1/4, 1/2, 0). ¼,½,0 DEFEITOS PONTUAIS Defeito Frenkel Defeito Schottky DEFEITOS PONTUAIS lacuna aniônica + lacuna catiônica cátion intersticial + lacuna catiônica O estudo das discordâncias cristalinas é justificado pelo fato deste defeito estar intimamente associado aos processos de deformações plásticas em materiais. Estes tem influência nas propriedades eletrônicas dos materiais. A presença desse defeito é a responsável pela deformação (os metais são cerca de 10 vezes mais ”moles“ do que deveriam ), falha e rompimento dos materiais. DEFEITOS LINEARES Discordância aresta: caracterizada por uma porção extra de um plano ou semiplano de átomos, cuja aresta termina no interior do cristal causando desalinhamento na rede (símbolo: ⏊). Vetor de Burgers Linha da discordância aresta DEFEITOS LINEARES Vetor de Burgers b indica a magnitude e a direção da distorção da rede cristalina DEFEITOS LINEARES Discordância espiral: resulta do deslocamento de uma porção do cristal em relação a outra, causando uma tensão cisalhante. O deslizamento corresponde a uma distância atômica (símbolo: ↻). Discordância mista: é a combinação das discordâncias aresta e espiral. Corresponde à maioria das discordâncias encontradas nos materiais cristalinos. A magnitude e a direção da distorção da rede associada a uma discordância são expressas em termos de vetor de Burgers, indicado por um b. DEFEITOS LINEARES DEFEITOS LINEARES DEFEITOS LINEARES Na maioria dos materiais cristalinos (metálicos ou cerâmicos), a deformação permanente ocorre pela movimentação das discordâncias. Todos os materiais cristalinos contêm discordâncias que foram introduzidas: • durante a solidificação; • durante a deformação plástica (permanente); • como consequência das tensões térmicas resultantes de um resfriamento rápido. O vetor de Burgers é um ferramenta teórica desenvolvida para explicar esse tipo de deformação. DEFEITOS LINEARES Micrografia eletrônica de transmissão de uma liga de titânio, onde as linhas escuras são discordâncias. • As discordâncias podem ser observadas nos materiais cristalinos através de técnicas de microscopia eletrônica. DEFEITOS LINEARES Defeitos interfaciais: são contornos que possuem duas dimensões (bidimensionais) e que normalmente separam duas regiões do material que possuem estruturas e/ou orientações cristalográficas diferentes. Superfícies externas:como constitui o contorno do cristal, os átomos dessa região não estão ligados ao máximo de vizinhos mais próximos, ficando num estado de maior energia que os átomos interiores. Para reduzir esta energia, os materiais tendem a minimizar, quando possível, a área total de sua superfície. DEFEITOS INTERFACIAIS Contorno de grãos: contorno que separa dois pequenos grãos (cristais) com diferentes orientações cristalográficas nos materiais policristalinos. Nessa região há um desajuste atômico na transição da orientação cristalina de um grão para a orientação de um grão adjacente. Os contornos de grãos são quimicamente mais reativos que os próprios grãos, como consequência da maior energia interfacial, que será tanto maior quanto menor for o grão. Os átomos de impureza, devido ao seu maior nível de energia, segregam-se de preferência nos contornos. DEFEITOS INTERFACIAIS DEFEITOS INTERFACIAIS Contornos de fases: existem nos materiais multifásicos, nos quais há uma fase diferente em cada lado do contorno. Cada fase possui suas próprias características físicas e químicas, que são importantes na determinação das propriedades mecânicas de algumas ligas metálicas multifásicas. Contornos de macla: tipo especial de contorno de grão, em que há uma simetria especular da rede cristalina. As maclas correspondem às regiões que possuem lados retos e paralelos e com um contraste visual próprio. DEFEITOS INTERFACIAIS DEFEITOS INTERFACIAIS • Falhas de empilhamento: são encontradas nos metais de estrutura CFC quando existe uma interrupção na sequência de empilhamento dos planos compactos. DEFEITOS INTERFACIAIS DEFEITOS VOLUMÉTRICOS E VIBRAÇÕES ATÔMICAS • Defeitos volumétricos ou de massa: incluem os poros, trincas, inclusões exógenas e outras fases. Tais defeitos são incluídos, em geral, durante as etapas de processamento e fabricação dos materiais. • Vibrações atômicas: podem ser consideradas como imperfeições na estrutura do material, pois variam de forma aleatória a cada momento. • Microestrutura Na maioria dos metais cristalinos os grãos possuem dimensões microscópicas, com diâmetros que podem ser da ordem de micra (1 μm = 10-6 m) e seus detalhes devem ser investigados utilizando-se algum tipo de microscópio. O tamanho e a forma dos grãos são apenas duas das características do que é denominado microestrutura do material. O exame microestrutural tem como objetivos: a. Permitir a correta compreensão da associação ANÁLISE MICROSCÓPICA entre a estrutura e as propriedades do material. b. Projetar ligas com novas combinações de elementos e propriedades. c. Determinar a conformidade de um tratamento térmico. d. Verificar o tipo de fratura mecânica. Técnica de microscopia Técnica de investigar a microestrutura do material fazendo uso de microscópio dos seguintes tipos: • Microscópio óptico. ANÁLISE MICROSCÓPICA • Microscópio eletrônico de transmissão • Microscópio eletrônico de varredura • Microscópio de varredura por sonda A utilização do microscópio leva à necessidade de se preparar a superfície do material que será examinado. Basicamente, a preparação envolve: seleção e obtenção da amostra do material; polimento da amostra; ataque da superfície polida com um reagente químico adequado; colocação da amostra no microscópio. ANÁLISE MICROSCÓPICA ANÁLISE MICROSCÓPICA ANÁLISE MICROSCÓPICA
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