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Hematopoiese, eritropoiese, morfologia dos eritrócitos e anemia | 1 Hematopoiese, eritropoiese, morfologia dos eritrócitos, anemia e policitemia SANGUE PARTE CELULAR: composta de eritrócitos, leucócitos e trombócitos (plaquetas, nos mamíferos, que não são células) PARTE LÍQUIDA: também conhecida por plasma – quando com anticoagulante, contém fibrinogênio; e o soro, quando sem anticoagulante, tem solutos orgânicos como minerais, enzimas, hormônios, etc. FUNÇÃO: transporte de substâncias como O2, CO2, nutrientes e hormônios, sejam eles de produtos do metabolismo, indesejáveis ao organismo, ou os que são levados aos órgãos de excreção. HEMATOPOIESE Ocorre extravascularmente na MO dos mamíferos, nas aves a granulopoiese ocorre em locais extra vasculares, mas a eritropoiese e os trombócitos são produzidos intravascularmente. 1) Ela inicia no saco vitelínico (inicia a formação vascular). 2) Com o desenvolvimento fetal o fígado, o baço, e a medula óssea são os órgãos hematopoiéticos. 3) SEGUNDA METADE do desenvolvimento do feto a medula óssea e os órgãos linfoides periféricos são os maiores produtores de células sanguíneas. APÓS O NASCIMENTO 4) A hematopoiese ocorre na medula óssea, no começo todos os ossos participam, depois se limita a medula dos ossos chatos e às extremidades dos ossos longos (citados acima na tabela). A medula vermelha (ativa) com o tempo deixa de ser hematopoiética vira tecido gorduroso (tecido inativo). EM CASO DE NECESSIDADE: a medula amarela passa a ser vermelha, assim a hematopoiese pode voltar a ser realizada pelo fígado, baço e MO. CRESCIMENTO – Essa fase está relacionada à expansão do volume sanguíneo, com pesada demanda na MO por eritrócitos. Como essa demanda decresce quando próximo da maturidade, a hematopoiese regride apenas para os ossos, aí os outros locais são substituídos pela MO amarela. ÓRGÃOS ENVOLVIDOS NA HEMATOPOIESE BAÇO - faz hemocaterese das hemácias e plaquetas - envolvido na hematopoiese inicial - produz linfócitos e plasmócitos - degrada hemoglobina - estoca ferro - remove corpúsculos de Howell-Jolly, Heinz e parasitas dos eritrócitos ESTÔMAGO - produz HCl para liberar ferro do complexo de mol. Orgânicas - produz fator intrínseco para facilitar a absorção da vit. B12 MUCOSA INTESTINAL - absorção de vit. B12 e folato - controla a taxa de absorção de ferro entre a relação das necessidades corporais FÍGADO - estoca vit.B12, folato e ferro - produz fatores de coagulação, albumina e algumas globulinas - converte bilirrubina livre à conjugada p/ excretá-la pela bile - participa da circulação enterro-hepática do urubilinogênio - produz precursor (alfa-globulina) da EPO ou alguma EPO e retém seu potencial embrionário para a hematopoiese RINS - produz EPO e trombopoetina - degrada excessivamente a hemoglobina filtrada do ferro e bilirrubina para excreção na urina TIMO - órgão linfoide central - diferencia células precursoras derivadas da MO entre linfócitos T imuno competentes envolvidos na imunidade celular - produz linfocinas LINFONODOS E FOLÍCULOS - produzem linfócitos e plasmócitos - engajados ativamente na síntese de anticorpos SISTEMA MONOCÍTICO-FAGOCITÁRIO (RETICULOENDOTELIAL) - maior sistema fagocítico = defesa celular na infecção microbiana - destrói células sanguíneas - degrada hemoglobina em ferro, globina em bilirrubina livre - estoca ferro - secreta macromoléculas de importância biológica (ex: fator estimulante de colônia e complemento) Hematopoiese, eritropoiese, morfologia dos eritrócitos e anemia | 2 SE DIVIDE EM 4 - Eritropoiese: síntese de eritrócitos - Granulopoiese: síntese dos granulócitos - Linfopoiese: síntese dos linfócitos - Trombopoiese: síntese das plaquetas GERAÇÃO DA HEMATOPOIESE LEGENDA: Na MO, tudo começa com as células tronco pluripotentes ou célula indiferenciada pluripontente, elas podem se diferenciar em unidades formadoras de colônia mielóide e unidade formadora de colônia linfoide. As unidades formadoras de colônia mielóide originam as células precursoras, que vão formar as hemácias, plaquetas, neutrófilos, eosinófilos, etc. Enquanto as unidades formadoras de colônia linfoide dão origem aos precursores dos linfócitos. Na MO a célula-tronco se divide dando origem a duas células, uma exatamente igual à primeira, que mantém esse população de células, e outra pronta para a formação das células do sangue, chamada de unidade formadora de colônia (UFC). A UFC pode ser de três tipos: 1. UFC-E ou unidade formadora de colônia eritrocitária; 2. UFC-MM/GM ou unidade formadora de colônia mielomonocítica (ou granulocítica monocítica); 3. UFC-MG ou unidade formadora de colônia megacariocítica. ERITROPOIESE Formada na MO a partir da célula tronco pluripotencial estimulada a proliferar-se em “burst” de unidade formadora eritróide (BUF-E) pela IL3 e o UFM-GM na presença de eritropoietina (EPO). Diferenciação acontece através da influência do microambiente medular e por citocinas (produzidas por macrófagos e linf. T ativados). A CÉLULA TRONCO PLURIPOTENCIAL < CÉLULA MULTIPOTENCIAL > (UFC-MM/GM) (UFC-E) (UFC-MG) Hematopoiese, eritropoiese, morfologia dos eritrócitos e anemia | 3 proliferação e diferenciação da BUF-E para UFC-E resulta da presença destes fatores e pode ser potencializado por fatores de crescimento adicional. A EPO é o fator de crescimento primário: faz UFC-E > eritroblasto (ou rubriblasto), assim seguido de pró-eritroblasto (pró-rubricito) > eritroblasto basofílico (rubricito basofílico) > eritroblasto policromático (rubricito policromático) > eritroblasto acidófilos (metarrubricitos) > reticulócito > eritrócito. PRÓ-ERITROBLASTO ERITROBLASTO BASOFÍLICO ERITROBLASTO POLICROMÁTICO ERITROBLASTOS ACIDÓFILOS RETICULÓCITO ERITRÓCITO **Nas espécies equina, bovina, suína e caprina não são encontrados reticulócito no sangue em condições normais A eritropoiese normalmente tem no mínimo 4 mitoses, uma na fase de rubriblasto, outra no estágio de pró-eritroblasto e duas no estágio de eritroblasto basofílico. A eritropoiese leva de sete a oito dias para se completar, o núcleo expulso é fagocitado por macrófagos locais. Função dos eritrócitos: RETICULÓCITOS - Apresenta dobras membranosas e invaginações de superfície - Contém ribossomos, poliribossomos e mitocôndrias: capacitam a sintetizar mais de 20% do conteúdo final da hemoglobina. (Essas estruturas contribuem para a policromasia dos reticulócitos) - COLORAÇÃO (azul de metileno): usado para a contagem de reticulócitos, um arroxeado de ribossomos, mitocôndrias e outras organelas aparecem como cordões (reticulócitos agregados) ou esparsos (pontilhados) FASE DE PROLIFERAÇÃO 2 a 3 dias FASE DE MATURAÇÃO 5 dias CÉLULAS NA MEDULA ÓSSEA **VISTO NO SANGUE PERIFÉRICO EM ATÉ 2% SANGUE U F C - E Núcleo é expulso O2 TecidoCO2 Pulmão PASSA POR DIAPEDESE ATRAVÉS DAS CELS. ENDOTELIAIS QUE CONTORNAM OS SINUSÓIDES MEDULARES FICA NA M.O. 2 a 3 DIAS LIBERAÇÃO NO SANGUE É FEITA POR FATORES EM CONJUNTO (CONCENTRAÇÃO DA EPO, DEFORMABILIDADE CAPILAR E CARGA DA SUPERFÍCIE) OBS: VARIAÇÕES INTERSPÉCIES - Equino: não libera reticulócitos para o sangue periférico, mesmo em anemia severa. - Cães e gatos: respondem com muita reticulocitose durante anemia regenerativa. - Ruminantes: geralmente tem uma leve resposta. Kathleen Hoff Hematopoiese, eritropoiese, morfologia dos eritrócitos e anemia | 4 MATURAÇÃO TEMPO: 24 a 48 horas | LOCAL: Na circulação ou no baço Esse processo envolve: - perda de superfícies de membranas, receptores para transferrina e fibronectina, ribossomos e outras organelas - obtenção da concentração normal de hemoglobina - organização final do esqueleteto submembranoso - redução do tamanho celular - mudança de forma para o aspecto bicôncavo CONTAGEM DE RETICULÓCITOS - realizada com colorações supravitais (novo azul de metileno ou azul cresil brilhante) - são contadas 1000 hemácias (% de reticulócitos) *MÉDIO DA ESPÉCIE: Gato – 37% | Cão – 45% - Contagem de reticulócitos absoluta - Contagem acima de 1% em cães e gatos indica eritropoiese ativa (anemia regenerativa) - 3 a 4 dias: tempo necessário para uma significante reticulocitose, seja no sangue periférico após uma hemorragia aguda e a resposta máxima pode levar 1 a 2 semanas - Anemia hemolítica severa: rápida liberação de reticulócitos pode levar só 1 a 2 dias e ser seguida de eritropoiese intensa - Hemorragia > resposta da M.O. pode ser avaliada a partir do 3 dia após a perda de sangue (tempo mínimo para a liberação de células jovens após a hipóxia - A fragmentação nuclear ou extrusão completa dos núcleos dos metarrubricitos = retenção de núcleo pequeno remanescente chamado Corpúsculo Howell-Jolly > ele é removido do reticulócito quando este passa no baço (também encontrado em indivíduos esplenectomizados ou quando a função do baço está comprometida). CONTROLE DA ERITROPOIESE ERITOPOETINA - Hormônio glicoproteico responsável pela proliferação e diferenciação de progenitores eritróide - Inibe a apoptose - Produzida pelos rins (células corticais endoteliais), e, em menor quantidade pelo fígado (células de Kupffer, hepatócitos e células endoteliais) (Rim = única fonte de EPO no cão | Fígado = sítio predominante no feto) Diminui PO2 arterial Hipóxia renal RIM Secreta EPO MEDULA ÓSSEA Aumento da massa eritróide EXEMPLO | Um cão tem VG (Ht do paciente) de 28%, contagem de eritrócitos de 4,4 x 10 na 6/uL e contagem de reticulócitos de 15% RETICULÓCITOS CORRIGIDOS > %ret.corrigidos = 15% x (28/45) = 9,3 RETICULÓCITOS ABSOLUTA > 15%/100% x 4400000/uL = 660 000/uL Hematopoiese, eritropoiese, morfologia dos eritrócitos e anemia | 5 CONTROLE DA ERITROPOETINA 1) EPO é gerada pela ativação do eritropoetinogênio (alfa-globulina) pela eritrogenina (fator eritropoietico renal) 2) EPO gerada pela ativação da proeritropoetina produzida no rim pelo fator plasmático 3) EPO estimula a eritropoiese em várias etapas 3.1. Induz a diferenciação de progenitores eritróide (UFC-E) 3.2. Reduzindo seu tempo de maturação 3.3. Aumentando a liberação de reticulócitos e eritrócitos jovens ao sangue periférico OUTROS HORMÔNIOS ENVOLVIDOS – através de seus efeitos na síntese de eritropoietina 1) Pituitária: media efeitos através da produção de TSH, ACTH e hormônio do crescimento 2) Adrenais: mediam efeito através da produção de corticosteroides 3) Glândulas tireóideas: através da produção de tiroxina 4) Gônadas: através da produção de andrógenos e estrógenos (tem influência negativa - supressores da eritropoiese) LEGENDA: IL3 produzida nos linfócitos T; FEC-GM produzido nos linfócitos T, células endoteliais e fibroblastos; FEC-G produzido por macrófagos, granulócitos, células endoteliais e fibroblastos > estimulam a multiplicação de uma célula progenitora eritróide jovem (BFU-E), ela é insensível a EPO sozinha. Doses farmacológicas de andrógenos: ↑ Taxa de glóbulos vermelhos = estimula produção de EPO ou potencializa sua ação. Machos tem ↑ eritrócitos que fêmeas NUTRIENTES ESSENCIAIS PARA ERITROPOIESE Para uma adequada multiplicação eritrocitária precisa substrato para que ocorra divisão celular, principalmente de material nucleico. Na fase de maturação o RNA mensageiro faz hemoglobinização citoplasmática. Para uma adequada eritropoiese precisamos suprimento continuo de nutrientes como vitaminas e minerais ↓ desses nutrientes = anemia DESTRUIÇÃO ERITROCITÁRIA - Duração média varia de acordo com cada espécie e tem tempo de vida finito - Animal hígido o eritrócito deixa a circulação por 2 vias: → Fagocitose por macrófagos (principal) → Lise intravascular com liberação de hemoglobina - Deformabilidade é importante na sobrevida da hemácia – qualquer mudança pode ativar a destruição fagocitária - Ocorre primariamente no baço e no fígado, podendo também ocorrer M.O. - Fagocitose inicia após o reconhecimento de anticorpos IgG aderidos a antígenos de membrana em eritrócitos danificados ou envelhecidos - ↓eritrócitos ↑liberação de reticulócitos ou células jovens da M.O. para o sangue periférico VITAMINA B12 ÁCIDO FÓLICO COBALTO FERRO COBRE VITAMINA B6 1 2 3 3.1 3.2 3.3 PRECURSOR MIELÓIDE COMUM IL3 | FEC-GM | FEC-G | EPO BFU-E IL3 | FEC-GM EPO CFU-E EPO RUBRIBLASTO Hematopoiese, eritropoiese, morfologia dos eritrócitos e anemia | 6 MORFOLOGIA DOS ERITRÓCITOS TAMANHO NORMOCITOSE ANISOCITOSE MACROCITOSE MICROCITOSE Célula grande em caninos, sendo que os caprinos apresentam a menor hemácia das espécies domésticas É a diferença de tamanho entre as hemácias. Quanto ↑ grave a anemia ↑ ocorrência Mais hemácias grandes, geralmente jovens, recém produzidas. Presentes em reticulocitose, metarrubricitos, hipertireoidismo, deficiência de fatores de multiplicação, determinadas raças, animais jovens Mais hemácias pequenas. Ocorre em anemias crônicas (ferroptiva). Quanto ↑ a quantidade + grave. É fisiológica em animais idosos e algumas raças COLORAÇÃO NORMAL POLICROMASIA HIPOCROMIA Vermelho claro ao microscópio Algumas hemácias mais coradas que outras (RNA residual), representando reticulócitos. ↑ = atividade eritropoietica aumentada e resposta à anemia regenerativa Algumas células policromáticas é comum no cão e no gato Hemácias com cor reduzida e área central pálida aumentada, causada por insuficiente hemoglobina na célula (etiologia + comum = deficiência de ferro) FORMA NORMAL – Bicôncava ESFERÓCITOS – Hemácias esféricas, com intensa coloração pela perda de conteúdo de membrana sem perda de hemoglobina devido a eritrofagocitose parcial dos anticorpos e/ou complemento dos eritrócitos pelos macrófagos do sistema fagocítico mononuclear. Presente em anemia hemolítica auto-imune primária ou induzida por drogas ou transfusão incompatível POIQUILÓCITOS – Alterações na forma das hemácias. No baço, devido a microcirculação esplênica, a hemácia muda de forma o que ocorre pela existência de glicoproteínas na membrana do eritrócito. Podem ser removidos prematuramente da circulação, levando a uma anemia hemolítica. Existem vários tipos de poiquilócitos: POIQUILÓCITO PATOGENIA SIGNIFICADO CLÍNICO Acantócito Pode formar-se a partir de alterações em lipídeos de membrana Hemangiossarcoma, distúrbios esplênicos, hepáticos e renais Equinócitos ou crenação Alterações na membrana lipídica, aumento de pH, desidratação celular Fisiológico em bovinos e suínos, uremia e envenenamento por serpentes Queratócitos Trauma das hemácias dentro do sistema vascular, formação de bolhas que sofrem ruptura Anemia por deficiência de ferro, distúrbios hepáticos, intoxicação por doxorrubicina em gatos e síndrome mielodisplásica Excentrócitos Fusão de membranas lesadas por oxidantes, possível retirada do corpúsculo de Heinz Exposição maciça a oxidantes ou deficiência na produção de G6PD Esquisócitos Rupturas de células na corrente sanguínea Coagulação intravascular disseminada, vasculite, Hemangiossarcoma e endocardite Células alvo ou codócito Excesso de membrana em relação ao conteúdo de Hb. Alterações lipídicas de membrana Distúrbios hepáticos ou lipídicos e em anemias regenerativas e por deficiência de ferro Dacriócitos Mudança no citoesqueleto celular Doenças medulares como mielofibrose e neoplasias ou artefato de técnica. Fisiológico em caprinos jovens Hematopoiese, eritropoiese, morfologia dos eritrócitos e anemia | 7 OUTRAS ALTERAÇÕES NAS HEMÁCIAS MORFOLOGIA PATOGENIA SIGNIFICADO CLÍNICO Aglutinação Agregação ou aglutinação de eritrócitos gerada pela presença de IgM Anemia hemolítica autoimune Esferócitos Perda de membrana por ação de macrófagos, trauma ou citoesqueleto anormal Anemia hemolítica autoimune Envenenamento por abelhas ou serpentes Pontilhado basofílico Persistência de RNA ribossômico Presente em ruminantes nas anemias regenerativas (raro em cães e gatos) Em anemias não regenerativas, associado a intoxicação por chumbo Rouleaux Interações de carga entre a membrana dos eritrócitos e as macromoléculas do plasma Fisiológico em equinos e felinos Presença de hiperproteinemia, hiperglobulinemia e/ou hiperfibrinogênemia Corpúsculos de Heinz Desnaturação oxidativa da hemoglobina Oxidantes superam a capacidade redutora dos eritrócitos Hemoglobina precipita e pode ligar-se à membrana eritrocitária Podem ocorrer também: Corpúsculos de Howell-Jolly – inclusões esféricas de restos celulares. Resposta da M.O. a estado anêmico, função esplênica reduzida ou uso de glicorticóides em cães. Parasitas – podem ocorrer dentro dos eritrócitos ou na superfície da célula. Os mais encontrados são: Haemobartonella felis, Anaplasma marginalis, Babesia (equi, caballi, canis), Eperythozoon suis e Cytauxzoon felis. HEMOGLOBINA - Proteína conjugada formada 96% de proteínas (globinas) e por um grupo prostético chamado heme (4% - ferro e grupamentos porfirínicos) Esquema do catabolismo normal da hemoglobina: Esquema do catabolismo da hemoglobina livre no plasma: HEMÓLISE EXTRAVASCULAR HEMOLISE INTRAVASCULAR Hematopoiese, eritropoiese, morfologia dos eritrócitos e anemia | 8 ANEMIAS - Presença de eritrócitos, concentração de hemoglobina e/ou hematócrito abaixo dos valores normais de referência. - Sangue ↓ capacidade de carrear oxigênio SINAIS CLÍNICOS - Dispneia, intolerância ao exercício, palidez das mucosas, ↑FC, acompanhada de murmúrios (sopro diastólico), ↑FR e depressão - Anemia hemolítica aguda: inclui-se icterícia, hemoglobinemia, hemoglobinúria e febre Na perda crônica de sangue o organismo consegue manter a homeostase circulatória e em alguns casos, mesmo com menos de 50% da hemoglobina normal, o animal pode não apresentar sinais clínicos CLASSIFICAÇÃO DAS ANEMIAS Relativa – se desenvolve pela expansão de volume plasmático, como fêmeas gestantes e neonatos após fluidoterapia Absoluta – mais comum de anemia, classificada de acordo com a morfologia dos eritrócitos, mecanismos patogênicos e resposta eritróide da M.O. DIAGNÓSTICO DAS ANEMIAS INDICES ERITROCITÁRIOS – valores utilizados para calcular as anemias VCM – volume corpuscular médio, mede o tamanho das hemácias e é expresso em fentolitros (fL) NORMOCÍTICA Dentro do intervalo de referência MACROCÍTICA Acima dos valores de referência MICROCÍTICA Abaixo dos valores de referência CHCM – concentração de hemoglobina corpuscular media, mede a concentração (cor) e é expressa em % NORMOCRÔMICA Dentro do intervalo de referência HIPOCRÔMICA Abaixo dos valores de referência HIPERCRÔMICA (?) O aumento do CHCM é mais frequentemente atribuído à erro laboratorial, a hemólise iatrogênica ou patológica, presença e corpúsculos de Heinz, Esferócitos ou excentrócitos Como calcular esses índices Como interpretar esses índices Hematopoiese, eritropoiese, morfologia dos eritrócitos e anemia | 9 - Classificadas com base nos índices eritrocitários, levando-se em consideração: tamanho e a morfologia das hemácias VCM CHCM CARACTERÍSTICAS Macrocítica Hipocrômica Sempre regenerativas Perda de sangue/anemia hemolítica aguda Reticulocitose ↑VCM ↓CHCM – muitos dias devem passar desde manifestação da anemia antes da alteração morfológica eritrocitária ser aparente Normocrômica Anemias não regenerativas (↓CHCM ainda não está presente), Deficiência de ácido fólico Bovinos: deficiência de cobalto ou pastagem rica em molibdênio FeLV (sem nenhuma reticulocitose); eritroleucemia **Poodle = os eritrócitos macrocíticos normocrômicos não são acompanhados por anemia Microcítica Hipocrômica Deficiência de ferro por perda: Crônica de sangue – tumores, úlceras Parasitas – Ancylostoma, Haemonchus Deficiência de ferro por fatores que atuam no seu uso: Piridoxina, riboflavina, cobre Microcítica Normocrômica Doença crônica Normocítica Normocrômica Hemorragia e hemólises aguda sem tempo para a resposta Deficiência de ferro (antes de predominar micrócitos) Inflamação e neoplasias crônicas | Transtornos endócrinos Aplasia eritróide seletiva | Hipoplasia e aplasia da medula óssea Intoxicação por chumbo | Deficiência de vitamina B12 CLASSIFICAÇÃO BASEADA NA RESPOSTA MEDULAR REGENERATIVA Contagem de reticulócitos acima de 60.000/uL Eritrograma apresenta elementos que revelam regeneração ou resposta medular (reticulocitose, anisocitose e policromasia, encontrando também, metarrubricitos – principalmente no cão e no gato). Perda sanguínea Traumas ou cirurgias Intoxicação por dicumarol CID Hemólise Hemoparasitas (Tristeza Parasitária Bovina) Anemia auto imune Reação transfusional ARREGENERATIVA Contagem de reticulócitos abaixo de 60.000/uL É causada por lesões na M.O. ou ausência de elementos necessários para a produção de eritrócitos. Esse tipo de anemia tem curso crônico e início lento, é acompanhada de neutropenia e trombocitopenia. Na anemia arregenerativa não existem reticulócitos e nem policromasia. Doença renal crônica Neoplasias crônicas e/ou metastáticas Leucemia Erlichiose: destrói célula pluripotencial Panleucopenia felina Hiperestrogenismo | Hipoadrenocorticismo Hipoangrogenismo | Linfossarcoma Principais sinais de boa resposta medular: policromasia, reticulocitose, corpúsculos de Howell-Jolly, metarrubricitos CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA DAS ANEMIAS Macrocítica hipocrômica REGENERATIVA Macrocítica normocrômica ARREGENERATIVA Normocítica hipocrômica - Microcítica normocrômica - Microcítica hipocrômica Normocítica normocrômica Hematopoiese, eritropoiese, morfologia dos eritrócitos e anemia | 10 CLASSIFICAÇÃO FISIOPATOLÓGICA DAS ANEMIAS HEMORRÁGICA Aguda Procedimento cirúrgico ou traumas Lesões hemostáticas, desordens de coagulação, deficiência de vitamina K (dicumarol, warfarina), CID Crônica Lesões gastrointestinais (neoplasias, úlceras, parasitismo); Neoplasias com sangramento cavitário (hemangiossarcoma no cão); Trombocitopenias; Parasitas (carrapatos, pulgas, parasitas gastrointestinais) HEMOLÍTICA Intravascular Destruição acelerada dos eritrócitos Por agentes infecciosos – Babesia, Clostridium spp (perfringes: doença do cordeiro amarelo; haemolyticum e nouyi: hemoglobinúria bacilar), Leptospirose sp. (maior frequência de icterícia e hemoglobinúria), Anemia Infecciosa Equina. (Fase aguda da enfermidade – menor frequência) Defeitos intraeritrocitários - deficiência da piruvato quinase em cães e gatos, deficiência da fosfofruto quinase, em cães, deficiência da glicose-6-fosfatase dehidrogenase, no cavalo. Extravascular Por agentes infecciosos – Anaplasma sp., Mycoplasma haemofelis e haemocanis, Cytauxzoon felis, Tripanosoma sp. Por agentes oxidativos – Intoxicação por cebola e alho; Equinos - fenotiazina; Gatos – acetominofeno e paracetamol; azul de metileno, em gatos e cães; vitamina K, em cães; cobre, chumbo, zinco; corpúsculos de Heinz, excentrócitos, Brassica sp. (couve, nabo e mostardas) Doenças metabólicas - falha hepática, no cavalo, hiperesplenismo, torção esplênica, no cão. Destruição imunomediada do eritrócito - AHAI, primariamente em cães, isoeritrólise neonatal, primariamente em cavalos e gatos, lúpus eritematoso, primariamente em cães, reação transfusional, penicilina e cefalosporina. HIPOPROLIFERATIVA Eritropoiese diminuída - Arregenerativas - Hemácias normo/normo - Presença de metarrubricitos e outros precursores eritróide sem a presença de reticulócitos Eritropoiese reduzida: doença renal crônica (falta de eritropoietina), deficiência de proteínas, minerais (Fe, Cu, Co, Se), vitaminas (A, E, B12, ácido fólico, niacina, piridoxina, tiamina, ácido ascórbico). Anemia por doença inflamatória: Inflamação e neoplasia Deficiências endócrinas: Hipotireoidismo, hipoadrenocorticismo, hipoandrogenismo. Dano citotóxico da medula: Drogas anticâncer citotóxica, toxicidade por estrógeno, cloranfenicol, em gatos, usualmente não anêmicos, fenilbutazona, trimetroprim-sulfadiazina, radiação em cães. Agentes infecciosos: Ehrlichia spp, em cães, cavalos e gatos; FeLV, FIV, Pteridium aquilinum (samambaia), parasitas não sugadores de sangue nos ruminantes, vírus da AIE (fase crônica), parvovírus caninum Intoxicação por estrógenos, quimioterápicos, cloranfenicol Mielopatias: Leucemias mielógenas, leucemias linfóides, mieloma múltiplo, linfoma metastático e mastocitoma Eritropoiese ineficiente Desordem da síntese do heme: deficiência do ferro, cobre e piridoxina Desordem da síntese do ácido nucléico: deficiência de folato e vitamina B12 Hematopoiese, eritropoiese, morfologia dos eritrócitos e anemia | 11 POLICITEMIA É o aumento do número de eritrócitos circulantes acima dos valores normais. ABSOLUTA - ↑ nº de eritrócitos circulantes por causa do ↑ da massa total de eritrócitos porem a [ ] PPT (proteína plasmática total) está normal - Cianose e congestãp são características das membranas mucosas, causadas pelo fluxo lento de sangue desoxigenado (rico em células vermelhas) - Excesso da massa de eritrócitos ↑ viscosidade sanguínea e resistência vascular pulmonar e ↓ DC (débito cardíaco) - Fluxo sanguíneo reduzido, oxigenação tecidual reduzida, distúrbios neurológicos e aumento do risco de trombose - Viscosidade sanguínea e o grau de transporte de oxigênio alteram-se desproporcionalmente com aumentos do hematócrito acima de 50% PRIMÁRIA – (verdadeira) É uma desordem mieloproliferativa, caracterizada por uma proliferação anormal das células eritróide, dos granulócitos e dos megacariócitos - Aumento absoluto da massa eritróide, contagem de leucócitos e plaquetas SECUNDÁRIA – Aumento da taxa de EPO, sem aumento nos leucócitos e plaquetas, nem redução significante no volume plasmático. - ↑EPO como resposta fisiológica compensatória pelos rins à hipóxia tecidual - Vista em animais levados a grandes altitudes, doença cardíaca e pulmonar crônica, tetralogia de Fallot (mistura dos sangues arterial e venoso, ↓ a oxigenação de tecidos) - Pode ocorrer pela elaboração inadequada da EPO, como alguns casos de hidronefrose, cistos renais, tumores secretantes de EPO (nefroma embrionário) e certas doenças endócrinas (hiperadrenocorticismo) RELATIVA - ↓ volume plasmático causado pela desidratação - O consumo hídrico pelos enfermos é inadequado para manter o conteúdo de água corporal normal - Doenças acompanhadas por excessiva perda de água (diarreia, vômito, poliúria) - Hemoconcentração: ↑hematócrito e proteína plasmática por causa da ↓ volume do plasma - Ocorre em animais facilmente excitáveis (certas raças de cães e cavalos) ↑ massa eritróide na circulação devido à contração esplênica (a contração pode ocorrer em condições de severa dor, ex, cólica)
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