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Lutas - psicomotricidade

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Enfim, Lutar é enfrentar pressões imediatas e contínuas. Para tal, é preciso grande capacidade motora física condicionante, competência motora coordenativa de movimentos, preparação psicológica, estratégica e o poder de adaptabilidade instantânea. Todas essas características, considerando-se aspectos táticos, foram assumidas de modo a se configurar como princípios de confronto.
Então, foram determinados estudos de enfrentamento ou, como já titulamos anteriormente, os princípios de confronto; eles foram sistematizados respectivamente de acordo com as condições de emprego e características da modalidade e os temperamentos dos atletas, pois uns preferem Lutar mais próximos e outros estarem mais distantes.
Os princípios de confronto visam instituir condições de adaptabilidade posicional, de distanciamento e de temporalidade a partir de antecipação de movimentos, esquema corporal (tamanho de segmentos articulares), grau de liberdade articular e probabilidades e disponibilidades de movimentação nas Lutas.
São princípios de confronto: o distanciamento corporal e as estratégias de Luta. O espaço sugerido para se propor a melhor distância entre os combatentes depende muito das características da Luta a ser 
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Unidade I
realizada, pois a aproximação ou o afastamento entre os Lutadores está sujeito aos golpes que podem ser efetuados, às regras da modalidade e às defesas e esquivas possíveis de serem efetuadas.
As capacidades motoras coordenativas são formadas pelo desempenho do sistema nervoso central (SNC) no controle de ações e na coordenação motora que envolve a recepção sensorial, a sua análise e o emprego efetivo por meio das respostas motoras necessárias para sua atuação, tais como: o próprio equilíbrio, o ritmo, a agilidade, a competência visomotora, a capacidade tátil-motora, a noção espacial, o esquema corporal, a lateralidade e a ambidesteridade, a orientação dimensional e a disposição espaçotemporal.
Ao se buscar a adaptabilidade frente aos desequilíbrios que são infligidos ao Lutador e nas mais variadas tentativas motrizes de combinações de movimentos e gestos específicos e complexos, deve-se de modo muito eficaz propiciar a integração dos sistemas visual, auditivo, tátil e proprioceptivo de tal modo a disparar impulsos nervosos que ajustem a seleção e o mecanismo de resposta motora. Dessa maneira, será criada a melhor combinação musculoarticular, a qual fará frente aos desafios motores e responderá de modo eficaz ao que se deseja alcançar.
Já no domínio cognitivo, e ao mesmo tempo em que age nas áreas motoras e emocionais, se provocam, na perspectiva intelectual, as seguintes qualidades na prática das Lutas: favorecimento do treinamento da mente para a reflexão, a antecipação e respectiva tomada de decisões, a ampliação da percepção e atenção, além de promover a manutenção e o aprofundamento da concentração. Essas propriedades são obtidas pelos desafios impostos concomitantemente pelos Lutadores entre si e também ao dualismo ação e reação corporal para a manutenção de sua estabilidade corporal e autoestima, aliadas aos desejos de enfrentamento de situações peculiares como mostrar ao adversário sua faculdade de manter sua posição de igualdade.
Por fim, simultaneamente, no campo psicossocial, e devido à intensa interatividade corporal e troca constante de estímulos físicos imediatos e contundentes por meio dos gestos técnicos específicos das Lutas, começa-se a propiciar a construção de conduta de respeito ao seu opositor. De forma adicional se aprendem os limites de atuação corporal, em especial pela experiência de ser desafiado a superar resistências ou ataques imprevisíveis e impostos instantaneamente pelo seu confrontante.
A vivência corporal integrativa agrega a corporeidade própria e conjunta, aplica e recebe uma diversidade de informações corpóreas que estimulam a percepção do outro, da sua importância e dos limites de atuação quanto ao autocontrole e aprendizado da contenção social (MIRANDA, 2004)
Os Jogos de Combate exigem a edificação de capacidades físicas como força, flexibilidade, resistência e velocidade e geram condições para o exercício das capacidades motoras coordenativas já citadas. Destacam-se várias dessas capacidades coordenativas que são desenvolvidas pelos Jogos de Combate. Inicialmente, coloca-se como a principal competência coordenativa o equilíbrio, que exerce função primordial no controle de atos motores humanos e, em seguida, a agilidade, possibilitando apreender os conhecimentos sobre como dominar a rapidez na execução das ações corporais e mudálas instantaneamente. Depois chamamos a atenção para a disposição de noção espaçotemporal, adquirindo a ciência dos controles motores e julgamentos de deslocamentos corporais em relação ao espaço e tempo de realização. Incorpora-se à ambidesteridade, que determina o emprego igualitário e com qualidade idêntica das ações motoras pelos membros posicionados nos hemisférios anatômicos: 
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Unidade I
esquerdo e direito. Por fim, as aptidões viso, tátil e perceptivo-motora, cujas características provêm de reações a partir da recepção de estímulos enviados e analisados pelo respectivo sistema sensório-motor.
No aspecto cognitivo, ressaltamos que a necessidade de se avaliar continuamente as ações às quais somos submetidos pelos adversários provoca intensificação das respostas baseadas no tempo de reação e da capacidade de antecipação, intensificando o raciocínio rápido para adotar deliberações e determinar escolhas momentâneas.
Ensino nas Lutas
Basicamente permanecem algumas maneiras tradicionais de se ensinar Lutas e elas se enfatizam em meios e conceitos mais ou menos parecidos, são eles: a demonstração do mestre de gestos técnicos e fundamentos, golpes e técnicas usados na modalidade, sem explicações de quando ou como será regida na Luta; ocorre em seguida a repetição desses gestos de modo sistemático, sem haver compreensão prática do uso do fundamento, isto é, exercita-se sua execução simples e sem a problemática da Luta em si. Depois, dá-se a inicialização gradativa dos combates; geralmente se treina com vários companheiros de níveis diferenciados. Por fim, acontece a compreensão das formas sequenciais e rotinas de execução pré-determinadas. Ressalta-se que tarefas motoras em Lutas não são de simples aproximação inicial e exigem do principiante uma necessária fundamentação motora apropriada à complexidade da prática de Modalidades de Esporte de Combate e Artes Marciais.
 Lembrete
Gesto técnico e fundamento esportivo se definem como sendo habilidades motoras combinadas com alto grau de especificidade de determinada modalidade.
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
4.6.1 Aprendizado motor em Lutas
Ao se dar início ao aprendizado motor, cada gesto novo é uma nova experiência motriz (MAGILL, 2000). O aprendiz deve já ter tido experiências motoras apropriadas de acordo com o seu desenvolvimento, isto é, precisa estar preparado para desenvolver e adquirir as habilidades de Lutas apropriadamente.
Faz-se importante chamar atenção ao fato de que Modalidades de Esporte de Combate, Lutas e Artes Marciais exigem combinação de movimentos com elevada carga de sincronia e sinergia motriz. As ações de combate, a serem impetradas para a conquista com êxito nos confrontos e práticas de Lutas, partem de princípios de ativação musculoesquelética combinatória com elevado grau de complexidade e precisão motora. Também são necessárias condições para combinar movimentos associados com percepção ambiental, execução de práticas de ação e reação instantâneas, bem como o entendimento direto da justaposição corporal agonística entre dois seres humanos e as consequências de seus atos efetivados sobre o corpo de seu oponente.
 Observação
Sincronia: sequência harmônica e precisa de movimentos.
Sinergia motriz: ação cooperativa e concisa entre segmentos articulares, o encéfalo e suas aptidões respectivas.
As informações sobre os aspectos de iniciação esportiva baseiam-se em diversas teorias, que de formageral descrevem as idades mais apropriadas para a realização de movimentos locomotores, manipulativos e estabilizadores, suas combinações e posteriormente os mais específicos e complexos. Como afirma Weineck (1999, p. 113), “cada faixa etária pode ser utilizada para uma função didática específica e para o desenvolvimento de aptidões próprias”.
Considerando as propostas de desenvolvimento perpetradas por muitos estudiosos, em especial do desenvolvimento motor, como as de Gallahue (2003), Edson de Jesus Manoel (1994) e Von Hofsten (2004), o desenvolvimento apresenta etapas distintas que são caracterizadas por aquisição de propriedades motoras associadas a cabimentos cognitivos e conformidades afetivo-sociais. Conforme lembra Hofsten (2004), o desenvolvimento motor vai tomando espaço, combinando-se aos elementos de ativação da percepção e do ambiente que cerca o indivíduo, isto é, há um engate de situações orgânicas e circunstanciais que possibilitam o aumento das múltiplas coordenações corporais. As ações apropriadas possibilitam as conquistas motrizes e trazem mais oportunidades ao crescimento do repertório motor.
As crianças e os jovens precisam de atividades físicas e movimentar-se para o bem de seu desenvolvimento psíquico e físico. Dessa maneira, a educação física é uma necessidade para o desenvolvimento integral, portanto o Esporte Educação é uma ferramenta imprescindível ao progresso físico, motor, psicossocial e cognitivo do ser humano. Atividades físicas na infância e na juventude (e sempre) são altamente recomendáveis. Porém, deve-se levar em consideração que crianças e púberes ainda se encontram em crescimento, submetidos a alterações físicas, psíquicas e sociais muito significativas.
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Unidade I
Pode-se notar que o treinamento intensivo e abrangente, como o de muitas modalidades esportivas, e aqui se ressaltam as das Modalidades de Esporte de Combate e Artes Marciais, é capaz de provocar distúrbios no desenvolvimento do organismo infantil e uma consequente redução de tolerância aos estímulos.
As pausas para recuperação na infância e juventude são de grande importância. Weineck (1999, p. 355) afirma que “a adaptação dos músculos é realizada em um período relativamente rápido”, enquanto cartilagens, tendões e ligamentos requerem muitas semanas. Complementando essa explicação, Foss e Keteyian (2000) advertem para o fato de que em crescimento, a maturação da placa epifásica (local nos ossos longos, onde se processa o crescimento ósseo) deve ser respeitada, já que extremos de atividade física (lesões, uso excessivo, fratura por contato induzido, entre outros) podem vir a resultar em interrupção do crescimento, devido à possibilidade de calcificação precoce. A intensidade deve ser controlada e, além disso, movimentos motores complicados em sua execução, característicos das Lutas, tampouco serão compreendidos pelas crianças.
A maturação dos movimentos é conseguida pela maior maturidade biológica. Observa-se que dominando os movimentos de forma mais precisa, a criança poderá executar uma especialização mais profunda; entretanto, pode-se afirmar que ainda não se deve partir para gestos técnicos muito complexos, sobretudo como se observam claramente no contexto das Modalidades Esportivas de Combate.
Os estágios do desenvolvimento motor, estudados cientificamente, permitem estruturar planos em longo prazo, respeitando a cada momento a adaptação do organismo da criança de forma saudável, para que possam mais adiante estar preparadas para as competições. Gomes (2002, p. 171) lembra que “frequentemente, os treinadores não consideram a faixa etária ótima para atingir resultados e inadmissivelmente forçam a preparação de seus atletas”, sem pensar na maturidade de seu desenvolvimento motor, sua saúde e seu futuro como atleta.
Ao lado das preocupações com tipo, intensidade e frequência do treinamento, levando-se em consideração a idade do praticante, Weineck (1999, p. 109) propõe que “a melhor idade para o aprendizado mais especializado inicia-se por volta dos 10 anos de idade”, baseado no fato que o desenvolvimento adquirido possibilita às crianças um maior domínio sobre o seu corpo. Movimentos complexos já podem ser apresentados, treinados de modo a vivenciar e experimentar novas composições motoras, e então aprendidos e mais bem julgados nessa idade. A capacidade de aprendizado deve ser gradativamente observada e instigada, possibilitando as máximas atribuições e os desafios motores a serem realizados pelos principiantes de acordo com sua faixa etária e desenvolvimento.
Sugere-se ao professor a tarefa de estar atento para aquilo que a literatura científica descreve como importante para a realização de um programa de iniciação esportiva, de forma a respeitar os limites de desenvolvimento infantil e proporcionar a formação integral da criança para o seu pleno desenvolvimento motor, afetivo, social e cognitivo. O docente deve ter em mente que é um mentor, orientador e direcionador de atividades que visem o desenvolvimento global do indivíduo. Nas Modalidades de Esportes de Combate e Artes Marciais e iniciação esportiva em Lutas, seja dentro ou fora da academia, clube ou escola, a função primordial de um profissional 
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de Educação Física é que a criança seja preservada para poder cumprir com a sua respectiva formação e transformar-se em um adulto saudável e virtuoso. As Lutas, consequentemente, serão constituídas em componentes importantes para a formação da cultura corporal do jovem e do adulto.
As atividades motoras mais diferenciadas e intricadas, com os fundamentos técnicos esportivos especializados, são largamente encontradas nas Modalidades de Esporte de Combate e nas Artes Marciais. Em geral, esses gestos técnicos são mais bem compreendidos e construídos a partir de 13 ou 14 anos, no início da adolescência, quando já existe uma formação motora bastante abrangente, com especialização de movimentos e consequentes ajustes motores para ações mais emaranhadas. Além disso, o indivíduo possui capacidade de pensamento hipotético e de probabilidade associadas à maior faculdade de empatia e interatividade psicossocial, fatores iniciais importantíssimos na prática desportiva.
É óbvio que muitos principiantes começam a praticar modalidades de Lutas bem antes da idade inicial adolescente, e o professor deve estar muito bem preparado para não pular etapas de formação motora, provocar especialização precoce e tampouco causar danos físicos motores, emocionais e intelectuais. Atividades de iniciação na especialização esportiva podem ser aproveitadas, com o emprego de estratégias justas e apropriadas. Por exemplo, crianças de 7 e 8 anos podem receber estímulos que os levem a efetuar exercícios os quais poderão ser posteriormente usados para a prática desportiva em esportes de combate. Sugere-se a imitação de movimentos de animais, que os levem a realizar arrastes corporais, giros, mergulhos à frente com rolamentos, ações de pegar, puxar, empurrar, quadrupedar, equilibrarem-se e moverem-se com variação de direção. A seguir destacamos crianças imitando o andar de ursos, uma prática de grande importância no universo da coordenação motora geral, e depois outras figuras mostrando atividades conjuntas e individuais de arraste sobre a grama.
O profissional de Educação Física inserido no universo das Lutas e preocupando-se em ampliar o acervo motor de seus educandos pode também provocar a execução de gestos fundamentais, usando de estímulos unilaterais e ambidestros. Adicionalmente, gerar descobertas dos esquemas corporais, da noção espacial e orientação diretiva, sem a necessidade de absoluta precisão, e ainda promover deslocamentos circulares, retilíneos, em arcos, saltitos nas pontas dos pés, rastejamentos, agarres e pegadas. Também pode utilizar de deslocamentos para alcançar e bater em bexigas com membros superiores e inferiores, pular sobre cordas, fazer quedas controladas de modo mais simples e sem intensidade de excessivo impacto e promover exercíciosde tentativas para segurar o colega e, por sua vez, tentar escapar, torcer panos e cordas etc. A combinação motora surge naturalmente e a particularização dos fundamentos das Lutas vai se construindo de modo espontâneo.
4.6.2 Psicomotricidade nas Lutas
Como anteriormente mencionado, as Artes Marciais e as Modalidades de Esportes de Combate possuem sofisticação de ações coordenativas, com combinação decisiva de movimentos articulares, que permitem explorar de maneira proeminente capacidades de atuação motora, as quais proporcionam ampla plasticidade de execução e necessitam de tenacidade nos treinamentos e grande concentração mental, exigindo controles motores de diversos graus de liberdade musculoarticulares.
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
Devido a essa complexidade de movimentos, o ensino das técnicas e habilidades nas Lutas necessita de aprofundamento teórico-prático, muito estudo e vivência permanente. O mais importante é que se compreenda que as ações são possíveis e requerem determinação de quem deseja obter elevado nível de habilidade.
 Observação
Psicomotricidade é expressão de um pensamento por intermédio de ato motor preciso, econômico e harmonioso (AJURIAGUERRA, 1983).
A psicomotricidade pressupõe o indivíduo na busca de eficiência motriz, com domínio de todos os elementos constituintes da ação. As Lutas se relacionam com diversos aspectos psicomotores, como: disponibilidade corporal, simplicidade biomecânica articular, aptidão para as diversas características da coordenação motora, energia interior e noção do esquema corpóreo.
A disponibilidade corporal é a presteza/agilidade que se necessita para agregar as tensões musculares ao comportamento motor desejado. O controle da necessidade de força, contenção e conservação de posicionamento é essencial para que se atinja a ação indispensável.
A simplicidade biomecânica exige a eficácia de atuação motora; com o mínimo de dispêndio de energia e desempenho decisivo da técnica de movimento; não se pode permitir que haja reação do adversário ao se efetivar um confronto, pois golpes precisos e finalização imediata são as tônicas capitais nas Modalidades de Esporte de Combate e das Artes Marciais.
Por sua vez, as capacidades coordenativas são demandas de reação proporcionadas pelos estímulos sensoriais exteroceptivas: visão, tato, olfato, audição, paladar e háptica. Marcantemente, nas Lutas pode-se notar que capacidades coordenativas como reação visomotora e tátil-motora e a háptica são comumente usadas para se tomar decisões ao se enfrentar um oponente que queira lhe atingir, arremessar ou derrubar.
A condição de orientação e a noção de espaço são essenciais ao aprendizado de Lutas, pois são requeridos deslocamentos ágeis e precisos, tanto em relação ao opositor, quanto à área de combate na qual se disputa a Luta. A orientação espacial se associa ao tempo de execução e análise de se aproximar ou se afastar de seu oponente. Essas capacidades coordenativas são essenciais nas decisões relativas aos princípios de confronto, pela obrigação em postar-se diante do concorrente de modo a controlar a extensão de seu desempenho ou dos implementos usados na disputa como espadas, bastões, lanças etc.
O equilíbrio dá consistência à postura de enfrentamento e possibilita a melhor alocação corporal para efetivar golpes, contragolpes e recuperar o domínio do contexto de uma disputa. Além disso, outra capacidade coordenativa importante é a velocidade de reação motora, associada à antecipação. Essas características coordenativo-motoras são pautadas em estratégias de ação que sustentam os princípios de confronto organizados pela execução das esquivas e desvios. Adicionalmente, após um ataque desferido pelo opositor, essas competências arranjam caminhos para favorecer a tomada de 
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Unidade I
decisão mais válida à efetivação ofensiva, sempre nas condições mais favoráveis, porque desestabiliza o conjunto de atos pretendidos pelo adversário.
O controle de energia interior relaciona-se com a conveniência das emoções provocadas pela ingerência do Lutador sobre o domínio corpóreo diante de seu adversário, decorrente das tentativas contínuas de tentar a submissão ou desestabilizar sua harmonia e equilíbrio físicos, psicomotriz e também emocional. O praticante de Artes Marciais aprende a reprimir ansiedades ou a se deixar enfraquecer diante do sucesso do adversário. Pode-se comparar a energia interior ao autocontrole corporal, não consentindo que reações psicoemocionais interfiram em seu plano de ação ou em sua capacidade de reação.
A noção da extensão física ou esquema corporal é uma característica significante, porquanto dá competência ao praticante de Modalidades de Esporte de Combate e de Artes Marciais para perceber seus contornos anatômicos, conferir sua medida de força, ajustar as dimensões do confronto, adaptar planos e estratégias de Luta.
Nota-se que no aprendizado de movimentos característicos das Lutas estimula-se a construção de aspectos de relação com os sentidos, de maneira especial, o acréscimo da compreensão perceptivomotora e sensitivo-motora.
A captação perceptivo-motora provém das excitações recebidas e decodificadas pelo cérebro a partir dos estímulos exteriores, já mencionados. Esses estímulos ambientais criam as sensações, que, devidamente interpretadas pelo centro nervoso humano, tornam-se percepções. As se efetuar uma técnica de Artes Marciais, constroem-se caminhos de impressões que levam à formação de fatores de movimento e que se relacionam aos fatores psicomotores. Desse modo, organizam-se dois planos de ação motora, chamados de planos de adaptação.
Inicialmente aparece o plano de adaptação perceptivo-motor, o qual prepara a tomada de consciência do corpo em relação ao movimento específico das técnicas e golpes das Artes Marciais. Com a prática e a repetição contumaz das técnicas ao longo do tempo, surge o plano de adaptação sensitivo-motor, que manifesta as adaptações inconscientes, todavia rápidas e precisas, dispondo-as de modo preciso, harmonioso e eficaz.
 Lembrete
Capacidades coordenativas são potencialidades motoras que podem ser desempenhadas, pela relação direta das sensações recepcionadas e processadas pelo SNC, e o controle motor ordenado para realizar uma ação.
Portanto, as Artes Marciais e as Modalidades de Esporte de Combate, ao se valerem de atos que induzem à psicomotricidade, permitem a propriedade completa da disposição corporal, do tempo de reação e controle tônico. O ser atinge um determinado estado de integração com as obrigações impostas pelo seu oponente, pela constituição da atividade motora ativa, reacional e 
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psicossocial atribuídas pelas circunstâncias do embate e pela condição repetitiva do gesto técnico que proporciona autonomia motriz.
No mundo das Modalidades de Esporte de Combate e das Artes Marciais, podem-se verificar todos esses acondicionamentos coordenativos, de dois jeitos diferentes. O primeiro exige a exclusiva demonstração de gestos técnicos por meio individual ou com companheiros, com ou sem a utilização de armas e implementos. São rotinas e configurações executadas dinamicamente e estruturadas para se manter tradições das modalidades e suportar suas características mais representativas. O segundo modo são os combates em si, o enfrentamento corpo a corpo decisivo para se obter pontos e condições decisivas. Assim, faz-se necessário classificar essas maneiras de se exercer as Modalidades de Esporte de Combate e as Artes Marciais em tipos de tarefas para a melhor aplicação da metodologia de prática e do aprendizado. A classificação dessas tarefas é condicionada ao ambiente no qual são realizadas e a previsibilidade de tomada de decisão.
4.6.3 Classificação das tarefas motoras nas Modalidades de Esportes de Combate e Artes Marciais
O Lutador deve entender que em um confronto se toma a forma do combate e desenvolvem-se características respectivas ao modelo de realização das Lutas: o combate propriamente dito, oqual envolve um concorrente. Esse modelo permite se mostrar um ambiente mutável, inconstante e incerto
Observa-se que as Modalidades Esportivas de Combate, as Artes Marciais e as Lutas em geral, provocam demandas específicas de respostas. Cada Lutador vai em busca de seus objetivos e toda ação gera uma reação contrária. Qualquer gesto que vise desestabilizar, golpear e derrubar seu adversário 
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Unidade I
poderá implicar respostas distintas, tais como: tentativa de resistir ao empuxe ou aproximação, desvios e escapes, contra-ataques e contragolpes, aproveitamento da ação executada e da força empregada para aplicar uma técnica de decisão. A metodologia de ensino é mais livre, com a prática da Luta em si, e assim os principiantes vão construindo bases de posicionamento motriz, mental e emocional de modo a provocar a arquitetura de uma maior autonomia e aumento nas decisões motoras.
Essas tarefas motoras constantes das práticas de Lutas, em geral, são jogos de oposição corporais extremamente dinâmicos, que possibilitam permanente imprevisibilidade motora. Desse modo, caracterizam-se como tarefas motoras abertas, pois não se pode com precisão absoluta determinar, integralmente, as ações humanas que procedem de seu adversário em todos os momentos da disputa competitiva. Tampouco saber se ataques, defesas e esquivas realizados surtirão o efeito desejado naquela situação. Na iniciação esportiva e na Educação Física escolar, é importante que se empreguem as atividades de Lutas como Jogos de Combate, proporcionando a concepção de enfrentar situações de confrontação e possibilitar o exercício de adaptação instantânea e formação de atitudes confiantes e determinantes. Aqui a prática indica efetuar a Luta e assim poder se Lutar.
Por outro lado, apresentam-se possibilidades no exercício demonstrativo das Lutas que são efetivadas sem que haja considerações impostas por opositores. Nesse caso, o indivíduo mostra suas capacidades de entendimento e profundidade na realização motora de movimentos motrizes de ataques e defesas, sem que exista um oponente. Faz-se a apresentação com precisão e rigorosidade motriz. Esse modelo é circunscrito a um padrão de execução, é seguro, sequencial e predeterminado. Eles são destacados como tarefas motoras fechadas.
Essas tarefas não recorrem a decisões a serem tomadas de modo reativo, pois são demonstrações combinadas ou treinadas com movimentos predeterminados, com ou sem parceiros, por exemplo, as rotinas de execuções denominadas katas , poomses e katis , do Judô e Karatê, Tae kwon do e Wushu, respectivamente. Podem e devem ser usadas para se desenvolver conceitos de posicionamento, de habilitação de ações mais complexas de modo sequencial e sincronismo pedagógico, de estruturação de movimentos rítmicos, formação de esquema corporal, coordenação motora, controle de energia e fundamentação do equilíbrio anatômico e compreensão das posturas corporais e essência de cada Luta. Essa metodologia é mais analítica e sequencial. Nessa condição, a Luta é imaginária e os movimentos são produzidos em séries ordenadas e possuem grande plasticidade motora.
Observe na sequência as figuras mostrando as quebradeiras do Tae kwon do coreano, uma tarefa motora fechada; e depois um movimento do kati , do Wushu chinês, outra tarefa totalmente previsível, isto é, em ambiente estável de realização.
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Figura 63 – Quebradeira Tae kwon do – tarefa motora fechada
Figura 64 – Kati do Wushu com armas e em grupo
A classificação das tarefas motoras em abertas e fechadas permite estruturar e organizar as práticas das atividades, além de direcioná-las de acordo com os interesses do praticante e as percepções do professor para iniciação e prosseguimento de aulas e respectivos objetivos a serem alcançados.
As instruções iniciais à introdução de modalidades de combate devem seguir os parâmetros indicados pela ciência da aprendizagem motora, assim os primeiros contatos com os principiantes acontecem por meio de demonstrações de golpes e técnicas. Os principiantes inicialmente tentam captar a imagem e o conceito geral do movimento. Com a reprodução sistemática, fixam a técnica de modo estável. Com as atividades de minicombates diversificam-na ao enfrentarem ambientes instáveis e variantes.
Aqui se reforçam os necessários cuidados para que se respeitem as etapas do desenvolvimento motor e se sigam as sequências pedagógicas apropriadas. Movimentos complexos podem ser divididos em partes e criativamente treinados separadamente, considerando sua conjunção posterior ao domínio de cada componente integrante da técnica. Parte-se da intenção de se começar pelos elementos mais simples e ir até os mais complexos, construindo fases apropriadas.

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