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Normas Fundamentais NOVO CPC

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Normas Fundamentais do novo CPC
Art. 1°: determina que o processo civil deve ser ordenado, disciplinado e interpretado em consonância com os valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição Federal 
Art. 2o O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei. 
Interpretação: estabelece que o processo começa por iniciativa da parte, desenvolvendo-se por impulso oficial, salvo exceções legais.
Exceções legais: atuação oficiosa do juiz na produção de provas (artigo 370) ou a prerrogativa de assegurar o cumprimento da ordem judicial mediante medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias (artigo 139, IV). 
*Art. 262 do CPC: “O processo civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso oficial” 
*Impulso Oficial: “É o princípio pelo qual compete ao juiz, uma vez instaurada a relação processual, mover o procedimento de fase em fase, até exaurir a função jurisdicional”. 
“Mas, se para se formar a relação processual exige provocação, para se desenvolver o processo conta com a atuação espontânea do próprio magistrado (o impulso oficial)”. 
Art. 3oNão se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.
§ 1oÉ permitida a arbitragem, na forma da lei.
§ 2oO Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos.
§ 3oA conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial.
Interpretação: A solução consensual de conflitos por meio da arbitragem, conciliação ou mediação busca reduzir a litigiosidade e a morosidade da Justiça, sem ofensa ao princípio da inafastabilidade da jurisdição 
*Art. 334 do CPC: recebida a inicial em termos regulares, e não sendo o caso de improcedência liminar, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação, citando-se o réu com 20 dias de antecedência. 
Art. 334,parágrafo 4º, I e II: essa audiência inicial não ocorrerá se ambas as partes (inclusive eventuais litisconsortes) manifestarem desinteresse na sua realização, ou se a causa não admitir autocomposição. 
Art. 335: Não havendo solução consensual, o prazo para defesa será computado a partir das hipóteses listadas no artigo 335. 
*Principio da Inafastabilidade da Jurisdição: trata-se da possibilidade de provocar a prestação jurisdicional para garantir a tutela de direitos, ou seja, consiste em um veículo para concretização dos direitos materiais.
*Principio do Estimulo à resolução consensual dos conflitos: compete ao juiz tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes. A solução consensual é um objetivo a ser alcançado, dentro do possível, com o estímulo do Estado e daqueles que atuam no processo. 
Obs: a conciliação e a mediação deverão ser estimuladas não apenas pelos juízes, mas também por advogados, defensores e membros do Ministério Público, inclusive no campo extrajudicial. Além disso, a audiência inicial de conciliação e mediação não pode ser considerada obrigatória, mesmo porque as próprias partes podem se valer da mediação extrajudicial, caso tenham real interesse na solução consensual 
Art. 4o: As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa. 
Interpretação: O Juiz deve zelar pela razoável duração do processo e promover a qualquer tempo a autocomposição.
*Principio da Razoável Duração do Processo: a condução do processo deve priorizar sempre a questão principal discutida, além de incluir em seu texto que a solução razoável compreende a atividade satisfativa e não só a fase de conhecimento. 
*Primazia das Decisões de Mérito: assegura a prioridade em se resolver o mérito da questão, incluindo a entrega do bem da vida pleitado, e não meramente uma decisão favorável, evoluindo de uma duração razoável do processo meramente formal para uma material. 
Art. 5°: Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé. 
Interpretação: Todos os participantes do processo devem se comportar de acordo com a boa-fé objetiva, atuando com lealdade, coerência e responsabilidade, a despeito da existência de interesses antagônicos. 
*Principio da Boa-fé: é um princípio, pelo qual os comportamentos humanos devem ser pautados em padrões éticos de conduta, isto é, exige uma conduta que é considerada ética impondo-se comportamentos considerados objetivamente como devidos, pouco importa, se o sujeito está ou não de boa-fé intima ou crença de agir licitamente, inexistindo assim, uma relação com a crença do sujeito. 
Art. 6° Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva. 
Interpretação: sendo hoje o processo cooperativo, todos devem buscar construir a melhor solução da controvérsia, preferencialmente de forma consensual. 
Principio da Cooperação: o processo deve ser produto da atividade cooperativa triangular (entre o juiz e as partes). A moderna concepção processual exige um juiz ativo no centro da controvérsia e a participação ativa das partes, por meio da efetivação do caráter isonômico entre os sujeitos do processo.
Art. 7o É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório. 
Interpretação: é fundamental que, na paridade de armas, seja a lei interpretada a partir do conceito aristotélico de “tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades” 
Princípio Processual da Paridade das Armas: Igualdade de tratamento entre as partes do processo em relação ao exercício de direitos e faculdades, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais 
Art. 8o:Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência. 
Interpretação: Embora a lei não seja a única fonte do Direito, o juiz deve ter compromisso 
estreito com a segurança jurídica, com a legalidade, sendo expressamente vedadas as decisões amparadas no livre convencimento (imotivado), fruto de convicções pessoais; de individualismos.
Principio da Dignidade da Pessoa Humana: Temos por dignidade da pessoa humana a qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa co-responsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão dos demais seres humanos. 
Art. 9° Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida. 
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I - à tutela provisória de urgência;
II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III;
III - à decisão prevista no art. 701.
Interpretação: Nenhuma decisão deve ser tomada sem prévia oitiva das partes, com exceção das tutelas provisórias de urgência e de evidência, no qual o contraditório é diferido. 
Princípio do Contraditório Comparticipativo: o direito de participação com influência e a garantia de não surpresa. O contraditório deve ser visto como uma garantia de participação com influência e de não-surpresa, já há bastante tempo sustentada pela doutrina, de modo a assegurar que haja, no processo judicial, um contraditório pleno, efetivo, prévio à
construção das decisões judiciais, e destinado fundamentalmente a assegurar que o resultado do processo seja fruto de um processo comparticipativo, cooperativo, em que todos os seus atores trabalham juntos (ainda que buscando resultados diversos) no qual, democraticamente, será construído. 
Art. 10° O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. 
Interpretação: proíbe as “decisões surpresas”. 
Princípio da Vedação das Decisões Surpresas: o juiz não pode, em hipótese alguma, proferir uma decisão cujos fundamentos as partes não tiveram oportunidade de se manifestar. Isso porque o juiz, ao trazer um "fundamento-surpresa" para a sua decisão, violaria o dever de consulta, impedindo que as partes participassem do processo com reais chances de influir no seu resultado, contrariando o comando do princípio do contraditório, assim como a cooperação e a boa-fé que lhe são inerentes. 
*No tocante à conduta do juiz no curso do processo, Miguel Teixeira de Sousa ensina que o magistrado tem os seguintes deveres decorrentes da cooperação: 
(i) dever de esclarecimento (o juiz deve solicitar às partes explicações sobre o alcance de suas postulações e manifestações);
(ii) dever de prevenção (as partes devem ser alertadas do uso inadequado do processo e da inviabilidade do julgamento do mérito);
(iii) dever de consulta (o juiz deve colher manifestação das partes preparatórias de sua própria manifestação ou decisão);
(iv) dever de auxílio (incentivar as partes no sentido de superar dificuldades relativas ao cumprimento adequado de seus direitos, ônus, faculdades ou deveres processuais).
Art. 11° Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade.
Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente das partes, de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público.
Interpretação: 
Principio da Publicidade: O princípio da publicidade exige a ciência às partes e abertura ao público dos atos processuais.
Há, entretanto, restrições à publicidade:
a) para preservação do direito à intimidade do interessado; e
b) para preservação do interesse público.
Principio da Fundamentação: exige que as decisões sejam fundamentadas de forma clara e objetiva, com indicação da razões de fato e de direito que pautam a decisão judicial. 
Art. 12° Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão.
Interpretação: os juízes deverão proferir sentença e os tribunais decidir os recursos obedecendo à ordem cronológica de conclusão 
Principio da Ordem Cronológica: os processos devem ser analisados por “ordem de chegada” às mãos do magistrado, não podendo haver preferências de qualquer natureza, exceto as legalmente previstas. 
https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/novo-cpc-normas-processuais-fundamentais/
Aplicação das Normas no Novo CPC 
O artigo 13 do Novo CPC traz a já conhecida previsão de que a jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras, o que é uma decorrência lógica da soberania estatal. Contudo, esse mesmo artigo faz a ressalva de que as disposições específicas previstas em tratados, convenções ou acordos internacionais, de que o Brasil seja parte, também terão aplicação no território nacional.
Já o artigo 14 do Novo CPC traz as regras do direito intertemporal, dispondo que a norma processual não poderá retroagir, mas deverá ser aplicada imediatamente aos processos em curso, sempre respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência do Código anterior.
E por fim, o artigo 15 do Novo CPC traz a regra de subsidiariedade de suas normas. Nele vem expresso que na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, deverão ser aplicadas supletiva e subsidiariamente as disposições deste Código.

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