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AO MM. JUÍZO ___ VARA DA JUSTIÇA DO TRABALHO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO/RJ ROBERTA CLARO, brasileira, estado civil, profissão, portadora do CPF nº xxx, residente e domiciliada na xxxx vem, por meio de seu advogado, que esta subscreve, com fulcro nos arts. 840 e seguintes da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), e demais dispositivos legais aplicáveis à espécie, propor a presente RECLAMAÇÃO TRABALHISTA em face de ARMAÇÃO LTDA., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº xxx, com sede na xxxx, e RAMBO LTDA., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº xxxx, com sede na xxxx, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas: I - DA SÍNTESE DOS FATOS 1. A reclamante foi admitida pela reclamada ARMAÇÃO LTDA. em 15/11/2019, mediante processo seletivo, desempenhando a função de auxiliar de manutenção terceirizada nas dependências da sociedade empresária RAMBO LTDA., localizada em Itú/SP, em virtude de contrato de prestação de serviços existente entre ambas as empresas. 2. A reclamante nunca assinou qualquer documento ou autorização referente à terceirização de sua mão de obra, tendo apenas sua Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) anotada pela reclamada ARMAÇÃO LTDA. 3. A reclamante trabalha de segunda a sexta-feira, das 9h às 15h, com intervalo de 15 minutos para refeição, e aos sábados, das 8h às 14h, sem intervalo, registrando corretamente os cartões de ponto. 4. O supervisor da reclamada RAMBO LTDA., o Sr. Marcos, substituto do anterior, tem adotado condutas constrangedoras e inadequadas ao enfileirar as empregadas no início do expediente e exigir um beijo no rosto de cada trabalhadora. O reclamado justifica tal procedimento como uma forma de melhorar a relação de chefia e subordinação, ameaçando com punições aquelas que se negarem a acatar sua ordem. A reclamante, apesar de contrariada e em um ambiente de temor, submete-se à vontade de Marcos com o receio de sofrer represálias. 5. A reclamante apresenta extrato atual do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), o qual revela apenas um único depósito referente à competência de novembro de 2019. Também anexa a certidão de nascimento de seu filho, com 20 anos de idade, uma fotografia em que aparece com o uniforme da reclamada ARMAÇÃO LTDA., cópia da ata de audiência de um processo anterior (reclamação número 0100217-58.2021.5.15.0170), que tramitou perante a 17ª Vara do Trabalho de Itú/SP, com as mesmas pretensões, mas foi arquivado por ausência da reclamante à primeira audiência, sendo que ela pagou as custas processuais com grande sacrifício. Além disso, são juntados os contracheques de todo o período, nos quais consta o valor do salário mínimo na parte de créditos, bem como a dedução de INSS na parte de descontos. Destaca-se que no mês de março de 2022, consta um desconto de R$ 150,00 referente à contribuição sindical, sendo que a reclamante desconhecia a existência de um sindicato que a representasse. 6. Diante das irregularidades sofridas e do ambiente de trabalho hostil, a reclamante não deseja mais permanecer vinculada ao contrato de trabalho, mas decidiu não pedir demissão por orientação de seus familiares, que alertaram sobre a perda de diversos direitos nessa hipótese. Além disso, destaca-se que a situação financeira da reclamante é periclitante, não possuindo recursos para arcar com as despesas judiciais caso seja necessário adiantar algum valor. II - DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS 1. Da nulidade da terceirização A terceirização da mão de obra da reclamante, sem a devida autorização e observância dos requisitos legais, configura fraude à legislação trabalhista, sendo nula de pleno direito. Conforme entendimento consolidado na Súmula nº 331, item I, do Tribunal Superior do Trabalho (TST), a terceirização é permitida apenas nas atividades-meio, não abrangendo as atividades-fim das empresas. 2. Do assédio moral A conduta do supervisor Marcos configura assédio moral, violando a dignidade da reclamante no ambiente de trabalho. A Constituição Federal, em seu art. 5º, inciso X, assegura o direito à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das pessoas, sendo vedada qualquer forma de tratamento degradante ou discriminatório. 3. Dos direitos trabalhistas sonegados A reclamante faz jus ao recebimento das verbas trabalhistas sonegadas pela reclamada ARMAÇÃO LTDA., tais como: horas extras, adicional de insalubridade (se for o caso), férias proporcionais, 13º salário proporcional, aviso prévio, multa do FGTS, atualização do saldo do FGTS e indenização por danos morais em razão das condutas ilícitas e do ambiente de trabalho hostil. III - DOS PEDIDOS Diante do exposto, a reclamante requer: 1. A declaração de nulidade da terceirização de sua mão de obra, condenando solidariamente as reclamadas ARMAÇÃO LTDA. e RAMBO LTDA.; 2. A condenação das reclamadas ao pagamento das verbas trabalhistas sonegadas, conforme discriminadas na fundamentação jurídica. 3. O reconhecimento e a condenação das reclamadas pela prática de assédio moral, com o pagamento de indenização por danos morais em valor a ser arbitrado por este Juízo, levando em consideração a gravidade dos fatos e o sofrimento experimentado pela reclamante; 4. O pagamento das custas processuais, nos termos da Lei nº 13.467/2017, uma vez que a reclamante comprova sua insuficiência financeira por meio da declaração de hipossuficiência anexada aos autos; 5. A concessão dos benefícios da justiça gratuita, isentando a reclamante do pagamento de quaisquer despesas processuais, em conformidade com a declaração de hipossuficiência juntada; 6. A produção de todas as provas admitidas em direito, como documental, testemunhal, pericial, depoimento pessoal da parte contrária e todas as demais que se fizerem necessárias para o deslinde da presente demanda; 7. A citação das reclamadas para comparecerem à audiência designada, sob pena de revelia e confissão quanto à matéria de fato; 8. A procedência de todos os pedidos formulados, condenando as reclamadas ao pagamento das verbas pleiteadas, acrescidas de juros e correção monetária desde o vencimento de cada obrigação; 9. A condenação das reclamadas ao pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais, nos termos da Lei nº 13.467/2017. IV – DO VALOR DA CAUSA Dá-se à causa o valor de R$... Nestes termos, Pede deferimento. Rio de Janeiro, X de julho de 2023 Advogado OAB