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Competencia Nacional e Internacional NCPC

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DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL E DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL 
DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL 
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Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que:
I – o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;
II – no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
III – o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil.
Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal.
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1. Competência Internacional
O Código trata das hipóteses em que a Justiça Brasileira é competente para julgar uma demanda, sem excluir a possibilidade da referida causa ser julgada pela Justiça Estrangeira. São casos de competência concorrente.
Estabelece a competência do magistrado nacional em relação aos bens e valores inerentes ao Estado Brasileiro como o território, a população e as instituições. São casos em que há o interesse na solução destes conflitos.
Trata-se de regra limitativa da jurisdição em razão da necessidade do convívio entre os Estados Soberanos.
2. Domicílio do réu 
A Justiça Brasileira é competente para julgar as demandas em que o réu, nacional ou estrangeiro, pessoa física ou jurídica, for domiciliado no Brasil.
Dispõe o Código Civil (arts. 70 e 75) que se considera domicilio o local onde a pessoa natural exerce a sua residência com ânimo definitivo e para a pessoa jurídica o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos. Considera-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal.
A súmula de jurisprudência do Supremo Tribunal Federal nº 363 dispõe que “a pessoa jurídica de direito privado pode ser demandada no domicílio da agência, ou estabelecimento, em que praticou o ato”.
O incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso têm domicílio necessário. O do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o local onde cumpre a sentença (art. 76 do Código Civil).
“O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro onde o teve” (art. 77 do Código Civil).
No caso de pluralidade de domicílios, sendo um deles no Brasil, aplica-se a jurisdição nacional.
Para as pessoas jurídicas que possuem diversos estabelecimentos, cada um deles é considerado domicílio para os atos nele praticados. Sendo um deles no Brasil aplica-se o disposto no inciso I.
3. Lugar de cumprimento da obrigação 
Independentemente do domicílio e da nacionalidade é competente a Justiça Brasileira quando o local de cumprimento das obrigações seja o Brasil. Os negócios podem especificar os locais onde devem ser cumpridas as obrigações.
O Judiciário brasileiro é competente quando a obrigação principal tiver de ser cumprida no Brasil, mesmo para os casos de existência das cláusulas de eleição de foro em negócio jurídico, visto que é vedado as partes dispor sobre a competência internacional concorrente por força das normas fundadas na soberania nacional, não suscetíveis à vontade dos interessados.
4. Fato ocorrido no Brasil –
É competente a Justiça Brasileira para os fatos ou atos jurídicos ocorridos no Brasil, como a responsabilidade decorrente de ato ilícito praticado no território nacional e os negócios jurídicos em geral.
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Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações:
I – de alimentos, quando:
a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil;
b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos;
II – decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil;
III – em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional.
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1. Novas hipóteses de competência internacional concorrente
O Código introduziu novas hipóteses de competência internacional concorrente, para as ações de alimentos, quando o credor tiver domicílio ou residência no país ou quando o devedor tiver bens ou renda no Brasil; para as ações que tenham como objeto relações de consumo; para as causas em que as partes, expressa ou tacitamente, submeterem à jurisdição nacional.
O Código adota a competência da justiça brasileira para o julgamento das ações de alimentos quando o credor tiver domicílio no Brasil e o devedor for domiciliado em outro país, facilitando o acesso à justiça do alimentando.
A competência internacional concorrente em relação aos defeitos dos produtos e dos ilícitos praticados nas relações de consumo visa o acesso à justiça do consumidor brasileiro. No entanto, caso o consumidor realize contrato que contenha cláusula de eleição de foro estrangeiro, a competência da justiça nacional será afastada para julgar a demanda, nos termos do art. 25 infra.
O inciso III trata da cláusula da eleição de foro nacional para o julgamento dos conflitos surgidos nas relações negociais decorrentes de contrato internacional.
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Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra:
I – conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;
II – em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional;
III – em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional.
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1. Competência exclusiva da Justiça Brasileira
O Código tratou da competência exclusiva da Justiça Brasileira para as demandas relativas a imóveis situados no Brasil, as que envolvem a partilha de bens situados no Brasil nos casos de sucessão hereditária, de divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável.
2. Bens imóveis situados no Brasil
O Código fixou a competência exclusiva da Justiça Brasileira para julgar as ações, qualquer que seja o seu fundamento, relativas a imóveis situados no Brasil independentemente da nacionalidade das partes, não tendo validade no Brasil qualquer decisão proferida pela Justiça Estrangeira.
Com isto afasta-se qualquer ingerência da Justiça Estrangeira no tocante aos bens situados em território nacional, independentemente da nacionalidade do seu titular.
3. Confirmação de testamento particular, inventário e partilha
Somente o magistrado brasileiro poderá confirmar testamento particular, julgar inventário e partilha de bens móveis ou imóveis situados no Brasil, mesmo que o autor da herança seja estrangeiro e tenha domicílio fora do território nacional, bem como tenha falecido no exterior. Trata-se da regra forum rei sitae.
Com a nova regra a competência passa a ser exclusiva da Justiça Brasileira, não podendo ser homologada sentença estrangeira que ratifique a partilha de bens localizados no território
brasileiro.
4. Divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável
A partilha de bens situados no território nacional é de competência exclusiva da Justiça brasileira, nos processos de divórcio, separação judicial e de dissolução de união estável.
Diante disto, a possibilidade de homologação de sentença estrangeira proferida em ação de divórcio e separação judicial, que haja procedido a partilha de bens móveis e imóveis situados no Brasil, gerou controvérsia, existindo julgados que deferem a homologação e outros que indeferem a homologação por entender haver ofensa soberania nacional.
A competência para a homologação de sentença estrangeira passou a ser do Superior Tribunal de Justiça e não mais do Supremo Tribunal Federal. 
Com a nova regra, cabe exclusivamente a Justiça Brasileira dispor acerca da partilha de bens nas ações de divórcio, separação judicial e dissolução de união estável, não podendo ser homologada sentença estrangeira que disponha sobre a referida partilha por representar ofensa à soberania nacional.
Art. 24. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil.
Parágrafo único. A pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a homologação de sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil.
1. Litispendência com Justiça Estrangeira
O Código trata da litispendência para os casos de competência internacional concorrente.
O fato de existir processo no exterior não impede a propositura de demanda igual no Brasil (identidade de partes, de causa de pedir e de pedido), tendo em conta que a sentença proferida em outro país tem ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça para ter eficácia no território nacional.
Deste modo, mesmo existindo processo pendente com identidade de partes, de causa de pedir e de pedido, não é afastada a jurisdição nacional. Do mesmo modo, as causas conexas (objeto da demanda idêntico ou mesma causa de pedir) também não afasta a jurisdição nacional.
Trata-se de matéria afeta a cooperação internacional, permitindo que a litispendência e a conexão sejam alegáveis quando a sentença proferida num Estado possa ter eficácia de coisa julgada no outro, desde que prevista em tratado internacional e acordo bilateral do qual o Brasil seja signatário.
A litispendência estrangeira somente ocorre nos casos de competência internacional concorrente dos artigos 21 e 22, não se aplicando para a competência exclusiva da jurisdição nacional do artigo 23.
Deste modo, para os casos de competência internacional concorrente prevalecerá a sentença que transitar em julgado no exterior quando arguida a litispendência, podendo a sentença estrangeira ser homologada para produzir efeitos no território nacional.
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Art. 25. Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional, argüida pelo réu na contestação.
§ 1o Não se aplica o disposto no caput às hipóteses de competência internacional exclusiva previstas neste Capítulo.
§ 2o Aplica-se à hipótese do caput o art. 63, §§ 1o a 4o.
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1. Cláusula de eleição de foro estrangeiro
Quando estipulado em contrato internacional a cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro, este é o competente para o julgamento da demanda relativa às obrigações decorrentes do referido contrato, excluindo-se a jurisdição nacional.
Evidentemente a cláusula de eleição de foro em contrato internacional não pode afastar a jurisdição brasileira nas hipóteses de competência exclusiva do artigo 23.
O artigo 63 do Código de Processo Civil de 2015 prevê a possibilidade de modificação da competência (em razão do valor e do território) diante de convenção das partes na escolha do foro.
Nos contratos internacionais, a eficácia da eleição de foro estrangeiro é controvertida quando o Judiciário brasileiro também é competente para julgar a lide, nas hipóteses de competência internacional concorrente.
Entretanto, se a cláusula de eleição de foro estrangeiro for abusiva, poderá o juiz brasileiro torná-la ineficaz por se tratar de competência internacional concorrente.

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