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WWW.ESCOLASDOMPONLINE.COM.BR MINISTÉRIO PÚBLICO Disciplina: Administrativo I Aula: 02 Professora: Anna Carolina Migueis Ementa: Princípios- Parte II. Legalidade. Impessoalidade. Moralidade. Publicidade. Eficiência. Proporcionalidade. Razoabilidade. 1- PRINCÍPIO DA LEGALIDADE O administrador somente poderá fazer aquilo que a lei expressamente autorizar. A administração possui uma vinculação positiva à lei, ou seja, a lei precisa autorizar o seu comportamento, já o particular possui uma vinculação negativa a lei, pois poderá fazer tudo aquilo que não estiver proibido por lei. Autores mais contemporâneos propõem uma releitura desse princípio, substituindo a legalidade pelo conceito de juridicidade. Segundo esse conceito o adminsitrador não ficará vinculado tão somente a lei em sentido estrito, vinculando-se a todo ordenamento juridico, inclusive os princípios constitucionais. A ideia de juridicidade permite um melhor desenvolvimento de politicas públicas, desde que, atendam preceitos constitucionais, no entanto, o gestor fica obrigado a realizar esse desenvolvimento. O inciso VI, do art. 84 da Constituição Federal foi alterado pela Emenda Constitucional nº 32 de 2001, para passar a prevê a figura do decreto autônomo. Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: (...) VI – dispor sobre a organização e o funcionamento da administração federal, na forma da lei; WWW.ESCOLASDOMPONLINE.COM.BR VI – dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) Esses decretos autônomos buscam fundamento de validade diretamente na Constituição Federal, não dependendo de lei. Embora a Constituição Federal fale de forma expressa em presidente da República, será aplicado por assimetria aos demais entes federativos. A vedação ao nepotismo é outro exemplo de juridicidade. Temos a sumula vinculante de nº 13, que trata do nepotismo, editada com base apenas no princípio da moralidade. Súmula Vinculante 13 A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal. 2- PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE É comum encontrarmos na doutrina, a explicação de que o princípio da impessoalidade possui duas vertentes, que seriam elas: WWW.ESCOLASDOMPONLINE.COM.BR 1ª Vertente – Impessoalidade = isonomia – Toda e qualquer pessoa merece o mesmo tratamento da administração pública, independente de quem seja. Exemplo: a administração deve realizar concurso público para o preenchimento de cargos de modo impessoal. Recentemente a impessoalidade serviu de fundamento no julgamento da ADI 4650/DF, em que o Supremo Tribunal Federal proibiu doações de pessoas jurídicas em campanha política. O STF entendeu que pessoa jurídica não tem ideologia política, realizando doação na espera de um possível favor. 2ª vertente – Ensina que a atuação do agente público se dá em nome da administração pública e não em nome próprio – Teoria do Órgão. Essa teoria ensina que quem atua é a administração e não o servidor. 3- PRINCÍPIO DA MORALIDADE: Esse princípio ensina que a administração pública deve pautar a sua atuação não somente nos ditames legais, mas também em ditames éticos. Nós temos em nosso ordenamento jurídico, uma série de leis que visam tutelar a moralidade administrativa, por exemplo, a lei de improbidade – lei 8429/82. A moralidade também serve de fundamento para entendimento jurisprudencial que permite corte de vencimentos de servidores públicos para adequar esses vencimentos ao teto remuneratório, por exemplo. Desde o informativo 808, o STF permite cortar o salário de servidor que recebe acima do teto, com base no princípio da moralidade. 4- PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE A publicidade é uma importante ferramenta de controle da administração pública. Somente é possível o controle de uma administração transparente, que tem o cuidado de demonstrar suas ações. A publicidade é uma condição de eficácia do ato administrativo, o ato administrativo que ainda não foi publicado existe e é valido, mas ainda não é eficaz. Exemplo: A Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, através do informativo nº 782 de 2015, permite a publicação de contracheque de servidores públicos em portais de WWW.ESCOLASDOMPONLINE.COM.BR transparência. Nesse informativo, o STF fez uma ressalva afirmando que não poderá constar na internet a natureza dos descontos. O STJ possui entendimento relatado no informativo 552, que permite a divulgação de extratos de cartões coorporativos na internet. Além das decisões jurisprudenciais, há no nosso ordenamento jurídico, uma serie de instrumentos que visam tutelar a publicidade sempre que necessário. Exemplo: Direito de petição; habeas data; mandado de segurança; direito de certidão; lei de acesso a informação. 5- PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA Esse princípio não constava na redação original da Constituição Federal, sendo o único princípio incluído pela Emenda nº 19/98, que pretendeu implantar uma administração pública gerencial no Brasil, um modelo de administração mais profissionalizado. Busca um maior custo benefício na atuação da administração, ou seja, a administração deve buscar fazer o melhor gastando o mínimo possível. 6- PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE/PROPORCIONALIDADE A jurisprudência do STF e Luís Roberto Barroso, tratam razoabilidade e proporcionalidade como sinônimos. No entanto, Humberto Ávila diferencia proporcionalidade de razoabilidade. Para ele a razoabilidade costuma está ligada a aspectos negativos, se decompondo em equidade (decisão adotada é um justo meio termo), congruência (ligada ao justo meio) e equivalência (de sacrifícios, de promoção aos direitos envolvidos). Outra diferença encontrada é que a razoabilidade tem origem na commom law, no direito norte americano, já a proporcionalidade surge no direito alemão, na civil law. WWW.ESCOLASDOMPONLINE.COM.BR Outra discussão sobre o tema, é no tocante serem a razoabilidade e a proporcionalidade princípios ou postulados. Pois, a razoabilidade e a proporcionalidade são instrumentos de ponderação, não possuindo um conteúdo autônomo. Em razão disso, parte da doutrina defende que a razoabilidade e a proporcionalidade seriam postulados normativos, porque funcionam como técnicas de ponderação, contudo, a doutrina de um modo geral os tratam como princípios. A proporcionalidade, por sua vez, irá se decompor em 03 subprincípios ou 03 aspectos, que são eles: 1. Adequação/congruência – É a aptidão da medida para atingir ao fim pretendido. Nãohá analise se de fato a medida alcançou o fim pretendido, e sim se ao menos em tese, aquela medida é adequada a atingir a finalidade pretendida. Exemplo: Com base na adequação o Supremo Tribunal Federal, declarou inconstitucional a exigência de diploma de jornalismo para o exercício da profissão de jornalista. 2. Necessidade – analisa se há meios menos gravosos para alcançar o fim pretendido. Exemplo: Uma fábrica emitindo muitos poluentes. Existem duas soluções: fechar a fábrica ou mandar que ela instale filtros. A medida menos gravosa será a determinação de instalação dos filtros. 3. Proporcionalidade estrito senso – Analisa o custo benefício da medida a ser tomada, verificando se os benefícios excedem os custos. Exemplo: Caso do botijão de gás, no qual o STF declarou inconstitucional uma lei do Paraná que exigia que todos os caminhões de gás tivessem balança, para que o consumidor pudesse pesar o botijão no ato da compra. O Argumento utilizado pelo STF foi que a instalação dessas balanças trariam um alto custo para um benefício baixo. Fim da aula 02.
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