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RESUMO MP NACIONAL 2018 ADMINISTRATIVO I AULA 2 ANNA CAROLINA

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MINISTÉRIO PÚBLICO 
 
 Disciplina: Administrativo I 
 Aula: 02 
 Professora: Anna Carolina Migueis 
 Ementa: Princípios- Parte II. Legalidade. Impessoalidade. Moralidade. Publicidade. 
Eficiência. Proporcionalidade. Razoabilidade. 
 
1- PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 
 
O administrador somente poderá fazer aquilo que a lei expressamente autorizar. A 
administração possui uma vinculação positiva à lei, ou seja, a lei precisa autorizar o seu 
comportamento, já o particular possui uma vinculação negativa a lei, pois poderá fazer tudo 
aquilo que não estiver proibido por lei. 
 
Autores mais contemporâneos propõem uma releitura desse princípio, substituindo a 
legalidade pelo conceito de juridicidade. Segundo esse conceito o adminsitrador não ficará 
vinculado tão somente a lei em sentido estrito, vinculando-se a todo ordenamento juridico, 
inclusive os princípios constitucionais. 
 
A ideia de juridicidade permite um melhor desenvolvimento de politicas públicas, desde 
que, atendam preceitos constitucionais, no entanto, o gestor fica obrigado a realizar esse 
desenvolvimento. 
 
 O inciso VI, do art. 84 da Constituição Federal foi alterado pela Emenda Constitucional 
nº 32 de 2001, para passar a prevê a figura do decreto autônomo. 
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: 
(...) 
VI – dispor sobre a organização e o funcionamento da 
administração federal, na forma da lei; 
 
 
 
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VI – dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 32, de 2001) 
a) organização e funcionamento da administração federal, 
quando não implicar aumento de despesa nem criação ou 
extinção de órgãos públicos; (Incluída pela Emenda 
Constitucional nº 32, de 2001) 
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando 
vagos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) 
Esses decretos autônomos buscam fundamento de validade diretamente na 
Constituição Federal, não dependendo de lei. 
Embora a Constituição Federal fale de forma expressa em presidente da República, 
será aplicado por assimetria aos demais entes federativos. 
A vedação ao nepotismo é outro exemplo de juridicidade. Temos a sumula vinculante 
de nº 13, que trata do nepotismo, editada com base apenas no princípio da moralidade. 
Súmula Vinculante 13 
A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, 
colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da 
autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica 
investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para 
o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de 
função gratificada na administração pública direta e indireta em 
qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal 
e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações 
recíprocas, viola a Constituição Federal. 
2- PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE 
É comum encontrarmos na doutrina, a explicação de que o princípio da impessoalidade 
possui duas vertentes, que seriam elas: 
 
 
 
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1ª Vertente – Impessoalidade = isonomia – Toda e qualquer pessoa merece o mesmo 
tratamento da administração pública, independente de quem seja. Exemplo: a administração 
deve realizar concurso público para o preenchimento de cargos de modo impessoal. 
Recentemente a impessoalidade serviu de fundamento no julgamento da ADI 4650/DF, 
em que o Supremo Tribunal Federal proibiu doações de pessoas jurídicas em campanha política. 
O STF entendeu que pessoa jurídica não tem ideologia política, realizando doação na espera de 
um possível favor. 
2ª vertente – Ensina que a atuação do agente público se dá em nome da 
administração pública e não em nome próprio – Teoria do Órgão. Essa teoria ensina que quem 
atua é a administração e não o servidor. 
3- PRINCÍPIO DA MORALIDADE: 
Esse princípio ensina que a administração pública deve pautar a sua atuação não 
somente nos ditames legais, mas também em ditames éticos. 
Nós temos em nosso ordenamento jurídico, uma série de leis que visam tutelar a 
moralidade administrativa, por exemplo, a lei de improbidade – lei 8429/82. 
A moralidade também serve de fundamento para entendimento jurisprudencial que 
permite corte de vencimentos de servidores públicos para adequar esses vencimentos ao teto 
remuneratório, por exemplo. Desde o informativo 808, o STF permite cortar o salário de servidor 
que recebe acima do teto, com base no princípio da moralidade. 
4- PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE 
A publicidade é uma importante ferramenta de controle da administração pública. 
Somente é possível o controle de uma administração transparente, que tem o cuidado de 
demonstrar suas ações. 
A publicidade é uma condição de eficácia do ato administrativo, o ato administrativo 
que ainda não foi publicado existe e é valido, mas ainda não é eficaz. 
Exemplo: A Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, através do informativo nº 782 
de 2015, permite a publicação de contracheque de servidores públicos em portais de 
 
 
 
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transparência. Nesse informativo, o STF fez uma ressalva afirmando que não poderá constar na 
internet a natureza dos descontos. 
O STJ possui entendimento relatado no informativo 552, que permite a divulgação de 
extratos de cartões coorporativos na internet. 
Além das decisões jurisprudenciais, há no nosso ordenamento jurídico, uma serie de 
instrumentos que visam tutelar a publicidade sempre que necessário. 
Exemplo: Direito de petição; habeas data; mandado de segurança; direito de certidão; 
lei de acesso a informação. 
 
5- PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA 
Esse princípio não constava na redação original da Constituição Federal, sendo o 
único princípio incluído pela Emenda nº 19/98, que pretendeu implantar uma administração 
pública gerencial no Brasil, um modelo de administração mais profissionalizado. 
Busca um maior custo benefício na atuação da administração, ou seja, a administração 
deve buscar fazer o melhor gastando o mínimo possível. 
 
6- PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE/PROPORCIONALIDADE 
A jurisprudência do STF e Luís Roberto Barroso, tratam razoabilidade e 
proporcionalidade como sinônimos. 
No entanto, Humberto Ávila diferencia proporcionalidade de razoabilidade. Para ele a 
razoabilidade costuma está ligada a aspectos negativos, se decompondo em equidade (decisão 
adotada é um justo meio termo), congruência (ligada ao justo meio) e equivalência (de 
sacrifícios, de promoção aos direitos envolvidos). 
Outra diferença encontrada é que a razoabilidade tem origem na commom law, no 
direito norte americano, já a proporcionalidade surge no direito alemão, na civil law. 
 
 
 
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Outra discussão sobre o tema, é no tocante serem a razoabilidade e a 
proporcionalidade princípios ou postulados. Pois, a razoabilidade e a proporcionalidade são 
instrumentos de ponderação, não possuindo um conteúdo autônomo. 
Em razão disso, parte da doutrina defende que a razoabilidade e a proporcionalidade 
seriam postulados normativos, porque funcionam como técnicas de ponderação, contudo, a 
doutrina de um modo geral os tratam como princípios. 
A proporcionalidade, por sua vez, irá se decompor em 03 subprincípios ou 03 
aspectos, que são eles: 
1. Adequação/congruência – É a aptidão da medida para atingir ao fim 
pretendido. Nãohá analise se de fato a medida alcançou o fim pretendido, e sim se ao 
menos em tese, aquela medida é adequada a atingir a finalidade pretendida. 
Exemplo: Com base na adequação o Supremo Tribunal Federal, declarou 
inconstitucional a exigência de diploma de jornalismo para o exercício da profissão de 
jornalista. 
 
2. Necessidade – analisa se há meios menos gravosos para alcançar o 
fim pretendido. 
Exemplo: Uma fábrica emitindo muitos poluentes. Existem duas soluções: 
fechar a fábrica ou mandar que ela instale filtros. A medida menos gravosa será a 
determinação de instalação dos filtros. 
 
3. Proporcionalidade estrito senso – Analisa o custo benefício da 
medida a ser tomada, verificando se os benefícios excedem os custos. 
Exemplo: Caso do botijão de gás, no qual o STF declarou inconstitucional uma 
lei do Paraná que exigia que todos os caminhões de gás tivessem balança, para que o 
consumidor pudesse pesar o botijão no ato da compra. O Argumento utilizado pelo STF 
foi que a instalação dessas balanças trariam um alto custo para um benefício baixo. 
 
Fim da aula 02.

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