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Material de apoio: 6 Vídeos de Alexandre MAZZA - Internet http://www.conteudojuridico.com.br/aula-em-video,bens-publicos- alexandre-mazza-6-videos-prova-final,31592.html e texto de Hely Lopes Meirelles, Direito Administrativo Brasileiro, Malheiros – Capítulo VIII- Domínio Público (livro adotado). UNIDADE III – BENS PÚBLICOS 1. Conceito e regime jurídico 2. Classificação 3. Bens da União, Estados, Distrito Federal e Municípios 4. Delegação a particular através de concessão, permissão e autorização 5. Outras formas de utilização de bens públicos 1. Conceito e regime jurídico de bens públicos Noções sobre domínio público: poder que o Estado tem sobre os bens próprios e os bens dos particulares (domínio eminente). Significa, ainda, os bens destinados ao uso público. Domínio público abrange os bens da Pessoa Jurídica de Direito Público interno e todas as coisas que, por sua utilidade coletiva, são protegidas pelo Estado (águas, jazidas, florestas, fauna, espaço aéreo, patrimônio histórico e artístico etc.). O regime jurídico dos bens públicos é de coisa (res) pública inalienável pelo Administrador Público, regulado por normas de Direito Público. Somente com autorização legal o Poder Público pode dispor de um bem público. A Constituição Federal vigente, nos arts. 183, § 3o, e 191, § único, afirmam que as terras públicas não são suscetíveis de usucapião. Só podem ser alienadas ou concedidos seu uso em área superior a 2.500 hectares com prévia aprovação do Congresso Nacional (art.188 e §§). Há restrições em relação a terras situadas em faixa de fronteira (Lei n.6.634/79). Conceito de bens públicos: são todas as coisas, corpóreas ou incorpóreas, imóveis, móveis e semoventes, créditos, direitos e ações, que pertençam, a qualquer título, às entidades estatais e as entidades da Administração Indireta. De acordo com o Código Civil, art. 98, são bens públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. O CC anterior dispunha que bens públicos são aqueles que pertencem à União, Estados, DF e Municípios. Os demais são bens particulares. Acrescenta-se que também são bens públicos aqueles pertencentes às autarquias e fundações públicas. Também são bens públicos os bens das entidades da Administração Indireta (empresas públicas e sociedades de economia mista) com “destinação especial”, previsto em lei. O bem voltará ao domínio do Estado, se a empresa estatal deixar de existir ou abandonar este bem. 2. Classificação: Além da classificação constitucional, em que há discriminação dos bens da União, Estados, DF e Municípios (CF, arts. 20 e seguintes), a doutrina refere-se à classificação do Código Civil. Segundo o Código Civil, art.99, os bens públicos são divididos em 3 categorias: Bens destinados ao uso comum do povo (mares, rios, estradas, ruas e praças). São os locais abertos à utilização pública que adquiriram esse caráter de comunidade, de uso coletivo, de fruição própria do povo. Bens de uso especial, tais como os edifícios ou terrenos aplicados a serviço ou estabelecimento federal, estadual ou municipal. São os que se destinam à execução dos serviços públicos e, por isso mesmo, são considerados instrumentos desses serviços. Não integram propriamente a Administração, mas constituem o aparelhamento administrativo, tais como os edifícios das repartições públicas, os terrenos aplicados aos serviços públicos, os veículos da Administração, os matadouros, os mercados etc. o Estado põe à disposição do público tais bens, mas com destinação especial. São chamados de bens patrimoniais indisponíveis. Bens dominiais ou dominicais, também são chamados de bens disponíveis, bens do patrimônio disponível, bens patrimoniais disponíveis, bens do patrimônio fiscal, bens patrimoniais do Estado e bens do patrimônio privado do Estado. São bens das pessoas jurídicas de direito público como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades (CC, art.99). São destituídos de qualquer destinação, prontos para serem utilizados ou alienados ou, ainda, podem ter seu uso trespassado a quem por ele se interesse. Dispõe o §único do art.99 do C. Civil vigente que:”Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado.” Importante: Segundo Hely, estes bens dominicais podem ser alienados pela Administração, se assim o desejar. Integram ao patrimônio do Estado como objeto de direito pessoal ou real. Há bens indisponíveis do Estado que, através de lei, podem ser transferidos para a categoria de bens dominiais ou dominicais, tornando-se disponíveis. Ficam desafetados de sua finalidade pública primitiva, para subseqüente alienação. Desafetar um bem significa dar a ele destinação diversa da originária, o que é feito somente através de LEI. Assim, um bem de uso especial poderá ser alienado caso a lei o desafetar. OBSERVAÇÕES IMPORTANTES: a) REGRA GERAL: a administração dos bens públicos não depende de lei (administração no sentido estrito) e compreende a utilização e a conservação dos bens públicos (dever do Estado) b) Atenção: somente a LEI pode autorizar a alienação, a oneração e aquisição de bens. Além de autorização legal, há necessidade de AVALIAÇÃO e LICITAÇÃO do bem a ser alienado ou adquirido. Obs.: Hely entende que a oneração 1 somente é possível quando o bem é incorporado à entidade estatal. A alienação 2 é cabível em relação a bens inúteis e inconvenientes ao domínio público, enquanto que o serviço público exige a aquisição de novos bens para o seu bom funcionamento. 3. BENS DA UNIÃO, ESTADOS, DISTRITO FEDERAL E MUNICÍPIOS Os bens da União encontram-se abaixo mencionados. Os bens do Estado estão no artigo 25, §2º, ou seja, a exploração do serviço local de gás canalizado. Segundo o art.26, I, são bens dos Estados as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União. O inc.II do art.26 citado afirma: Incluem-se entre os bens dos Estados ...... II – as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros. Também pertencem aos Estados as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União e as terras devolutas não compreendidas entre as da União (art.26, II e IV). Dispõe a Constituição Federal que os Municípios podem organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial (art. 30, V); manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamental (art. 30, VI); prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população (art.30, VII);e promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano (art.30, VIII). Obs.: Nenhum rio pertence ao Município, porque a Lei n.9.433, de 8 de janeiro de 1997, diz que não há águas municipais nem particulares. O Distrito Federal tem todos os bens e serviços que a Constituição destina aos Estados e Municípios, conforme se vê no artigo 32, §1º. ====== BENS DA UNIÃO Os bens da União encontram-se relacionados no art.20da Constituição Federal e em outros artigos, assim como os artigos 176 e 177 da referida Constituição. TERRAS PÚBLICAS: São terras públicas: as terras devolutas, plataforma continental, terras ocupadas pelos silvícolas, terrenos de marinha, terrenos acrescidos, ilhas dos rios públicos e ilhas oceânicas, álveo abandonado, além das vias e logradouros públicos e áreas ocupadas com as fortificações e edifícios públicos. Terras Rurais e Terrenos Urbanos têm finalidades diversas e se sujeitam a jurisdições diferentes para a regulamentação de seus usos. As terras rurais, em geral, 1 Onerar significa sobrecarregar; impor ônus, acréscimo ou despesas excessivas sobre algo ou alguém. Nesse caso, significa restringir a utilização da propriedade, através de penhora, hipoteca etc. 2 Alienação de bens é a transferência de domínio de bens de um indivíduo para terceiros. A alienação de bens se refere a qualquer item de valor econômico de propriedade de um indivíduo, como imóveis, moto, automóvel, barco, computador, filmadora etc., ou corporação, que pode ser convertido em dinheiro. destinam-se à agricultura e pecuária ou preservada para serem mantidas intocadas para preservação da flora, da fauna ou de outros recursos naturais. Os terrenos urbanos destinam-se à edificação residencial ou construções comerciais e industriais. A jurisdição de terras rurais é da União e dos terrenos urbanos, é do Município (CF, art.30, VIII). Terras devolutas (CF, art.20, II) são todas aquelas que, pertencentes ao domínio público de qualquer das entidades estatais, não se acham utilizadas pelo Poder Público, nem destinadas a fins administrativos específicos. São bens públicos patrimoniais ainda não utilizados pelos proprietários. Recursos Naturais da Plataforma continental (CF, art.20, V) são bens da União e compreendem o leito e o subsolo das áreas submarinas que se estendem além de seu mar territorial, em toda a extensão do prolongamento natural de seu território terrestre, até o bordo exterior da margem continental, ou até a uma distância de 200 milhas marítimas da linha de base, a partir das quais se mede a largura do mar territorial, nos casos em que o bordo exterior da margem continental não atinja essa distância (Lei n. 8.671/93, art.11). Terras tradicionalmente ocupadas pelos índios A Constituição Federal, nos arts. 20, XI, e 231, diz que as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios pertencem à União. Embora seja bem público da União, a Constituição garante a posse permanente destas terras aos índios, bem como o usufruto exclusivo das riquezas naturais e todas as utilidades nelas existentes (art.231, § 1o). Fica garantida, assim, a sobrevivência física e cultural do índio brasileiro. Características destes bens: têm destinação específica; são inalienáveis e indisponíveis; os direitos sobre tais terras são imprescritíveis e a União deverá demarcar tais áreas (Decreto n.1775/96). A CF, no art.231 e §§, refere-se a tais direitos do índio. Terrenos de marinha Os terrenos de marinha e seus acrescidos são bens da União, conforme se vê no inciso VII do art.20 da Constituição. O Aviso Imperial de 1833 diz que “terrenos de marinha são todos os que, banhados pelas águas do mar ou dos rios navegáveis, em sua foz, vão até a distância de 33 metros para a parte das terras, contados desde o ponto em que chega o preamar médio”. Os terrenos de marinha podem ser utilizados pelos particulares, com autorização da União, observando-se as regras municipais sobre edificação e tributação. O terreno de marinha é reserva dominial da União e tem a finalidade a defesa nacional. Terrenos acrescidos aos terrenos de marinha: são todos aqueles que se formam com a terra carreada pela caudal, conforme nos ensina Hely. Tais terrenos pertencem à União quando forem “acrescidos” aos terrenos de marinha, observando- se a metragem acima (Aviso Imperial de 1833). Os acréscimos podem ser pela mão do homem (aterros) e pela natureza: aluvião e avulsão 3. 3 Aluvião: configurado quando se formam acréscimos ou sedimentações de forma imperceptível, lenta e gradual por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas. Este acréscimo pertence aos donos dos terrenos marginais, sem indenização art. 1250 CC; Avulsão: que ocorre quando por força natural e violenta, uma porção de terra se deslocar de um prédio e se juntar a outro. E, de acordo com o art. 1251 do CC, o dono do prédio acrescido adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do prédio que perdeu a porção de terra ou, sem indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado. Terrenos reservados: são faixas de terras particulares, marginais dos rios, lagos e canais públicos, na largura de 15 metros, oneradas com a servidão de trânsito, instituída pelo art.39 da Lei Imperial n. 1507/1867 e Decreto Federal 24.643/l934 4(Código das Águas, art.12 e 14). Trata-se de servidão, ou seja, de ônus real sobre propriedade alheia. É uma servidão pública ou administrativa, destina-se unicamente a possibilitar a realização de obras ou serviços públicos pela Administração Pública, no interesse da melhor utilização das águas, do aproveitamento das suas riquezas e do seu policiamento. Não é servidão para o público, mas, simplesmente, servidão para o Poder Público. Tais áreas não passam para o domínio público (não há transferência de domínio, mas simples servidão) e não há impedimento de utilização pelos proprietários particulares, desde que não façam construções nestas áreas. Ilhas As ilhas dos rios e lagos públicos interiores pertencem aos Estados-membros e as ilhas dos rios e lagos limítrofes com Estados estrangeiros são do domínio da União, conforme se vê no art. 20, IV da Constituição. Este inciso IV do art.20 diz: “as ilhas fluviais e lacustres e as costeiras, excluídas, destas, as áreas referidas no art.26, II. O inc. II do art.26 citado afirma: Incluem-se entre os bens dos Estados ......II – as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros. Há divergências entre os autores e, até mesmo, entre os julgados, em relação ao domínio das ilhas fluviais e lacustres internas. Ora entendem que pertencem à União, ora aos Estados-membros. O Código de Águas vigente não esclarece o assunto. Segundo Hely, o Decreto 21.235/1932 5, ainda vigente, esclarece melhor o assunto, Abandono de álveo (leito do rio): se caracteriza quando o leito do rio muda de direção em função da corrente, pertencendo à nova porção aos proprietários ribeirinhos das duas margens, sem que tenham indenização os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo curso, entendendo-se que os prédios marginais se estendem até o meio do álveo. Fonte: http://www.perguntedireito.com.br/1113/no-que-se-distinguem-a-aluviao-a-avulsao-e-o-abandono-de-alveo. Código de Águas (DECRETO Nº 24.643, DE 10 DE JULHO DE 1934): Art. 26. O álveo abandonado da corrente pública pertence aos proprietários ribeirinhos das duas margens, sem que tenham direito a indenização alguma os donos dos terrenos por onde as águas abrigarem novo curso. Parágrafo único. Retornando o rio ao seu antigo leito, o abandonado volta aos seus antigos donos, salvo a hipótese do artigo seguinte, a não ser que esses donos indenizem ao Estado. Art. 27. Se a mudança da corrente se fez por utilidade pública, o prédio ocupado pelo novo álveo deve ser indenizado, e o álveo abandonado passa a pertencer ao expropriantepara que se compense da despesa feita. Art. 28. As disposições deste capítulo são também aplicáveis aos canais, lagos ou lagoas, nos casos semelhantes que ali ocorram, salvo a hipótese do art. 539 do Código Civil. 4 Art. 12. Sobre as margens das correntes a que se refere a última parte do nº 2 do artigo anterior, fica somente, e dentro apenas da faixa de 10 metros, estabelecida uma servidão de trânsito para os agentes da administração pública, quando em execução de serviço. Art. 13. Constituem terrenos de marinha todos os que, banhados pelas águas do mar ou dos rios navegáveis, vão até 33 metros para a parte da terra, contados desde o ponto a que chega o preamar médio. Este ponto refere- se ao estado do lugar no tempo da execução do art. 51, § 14, da lei de 15/11/1831.Art. 14. Os terrenos reservados são os que, banhados pelas correntes navegáveis, fora do alcance das marés, vão até a distância de 15 metros para a parte de terra, contados desde o ponto médio das enchentes ordinárias. 5 Decreto 21.235/1932 Art. 1º Fica assegurado aos Estados o domínio dos terrenos marginais e acrescidos naturalmente dos rios navegáveis que correm em seus territórios, bem como o das ilhas formadas nesses rios, e o das lagoas navegáveis, em todas as zonas não alcançadas pela influência das marés. Parágrafo único. Igual domínio será exercido sobre os terrenos marginais e acrescidos dos rios que, embora não navegáveis, mas caudais e sempre corredios, contribuam com suas águas para tornar outros navegáveis, estendendo-se esse domínio ás respectivas ilhas. quando afirma que pertencem aos Estados-membros o domínio dos terrenos marginais acrescidos naturalmente dos rios navegáveis que correm em seus territórios, bem como o das ilhas formadas nesses rios e o das lagoas navegáveis, em todas as zonas não alcançadas pela influência das marés (art.1o). Esclarece o autor que a ilha é terra e, por isso, deve se subordinar ao regime jurídico das terras. As ilhas marítimas classificam-se em costeiras e oceânicas. Ilhas costeiras são as que resultam do relevo continental ou da plataforma submarina. É domínio da União, porque o mar e tudo o que nele se encontrar é bem federal. Ilhas oceânicas são as que se encontram afastadas da costa e nada têm a ver com o relevo continental ou com a plataforma submarina. Estas ilhas estão sujeitas à Soberania Nacional e integram o patrimônio da União, conforme Constituição de 1967, art.4o, II. A Constituição vigente, no art.20, IV, diz que as ilhas oceânicas e costeiras pertencem à União, excluindo-se as pertencentes aos Estados-membros (art.26, II). O Arquipélago de Fernando de Noronha, considerado “ilhas oceânicas”, que, antes da Constituição vigente, era Território Federal da União, passou a pertencer ao Estado de Pernambuco (ADCT, art.15: Fica extinto o Território Federal de Fernando de Noronha, sendo sua área reincorporada ao Estado de Pernambuco.) Álveo abandonado é o leito do rio ou lago que ficou seco por causa de obra pública, dispondo a lei que tal leito seco passará para a propriedade da entidade responsável pela obra que ocasionou o desvio da água. Faixa de fronteira A faixa de fronteira está delimitada na Constituição Federal, no art.20, § 2o: A faixa de até 150 quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei. Esta faixa é destinada à defesa Nacional e as alienações e construções estão sujeitas às limitações impostas pelos regulamentos militares e leis de defesa nacional. =========== ÁGUAS PÚBLICAS As águas são: externas e internas. As águas também podem ser: públicas de uso comum (uso da comunidade) ou públicas dominiais (uso de entidades estatais). Serão águas privadas, se as águas não forem públicas e estiverem em propriedade particular. Toda água terá seu uso regulamentado, para preservação dos mananciais e da eqüitativa distribuição de seu consumo (Código de Águas, arts. 43/52). Art. 2º Consideram-se navegáveis os rios e as lagoas em que a navegação seja possível, por embarcações de qualquer espécie, inclusive jangadas, balsas e pranchas. Art. 3º Não se aplica o disposto no art. 1º às margens dos rios que limitam o Brasil com países estrangeiros. Art. 4º Quando os rios forem divisórios de Estados o domínio de cada margem, com os seus acrescidos, caberá ao Estado em que ela se encontrar. Parágrafo único. O domínio sobre as ilhas formadas nos rios de que trata este artigo será determinado de acordo com as regras traçadas pelo art. 537 do Código Civil. Obs.: Ver o Decreto n. 4895 de 2003 que trata do uso da água de domínio da União para fins de aquicultura (criação de peixes, mariscos etc.) ÁGUAS INTERNAS Abrangem os rios, lagos e mares interiores; os portos, canais e ancoradouros; as baías, golfos e estuários cujas aberturas não ultrapassem os limites adotados pelas convenções Internacionais. O regime jurídico das águas internas no Brasil é o estabelecido pelo Código Civil e complementado pelo Código de Águas 6, que dispõem sobre sua classificação, 6 DECRETO Nº 24.643, DE 10 DE JULHO DE 1934(Código das Águas); Art. 1º As águas públicas podem ser de uso comum ou dominicais. Art. 2º São águas públicas de uso comum: a) os mares territoriais, nos mesmos incluídos os golfos, bahias, enseadas e portos; b) as correntes, canais, lagos e lagoas navegáveis ou flutuáveis; c) as correntes de que se façam estas águas; d) as fontes e reservatórios públicos;) e) as nascentes quando forem de tal modo consideráveis que, por si só, constituam o "caput fluminis" (cabeceira do rio) f) os braços de quaisquer correntes públicas, desde que os mesmos influam na navegabilidade ou flutuabilidade. § 1º Uma corrente navegável ou flutuável se diz feita por outra quando se torna navegável logo depois de receber essa outra. § 2º As correntes de que se fazem os lagos e lagoas navegáveis ou flutuáveis serão determinadas pelo exame de peritos. § 3º Não se compreendem na letra b) dêste artigo, os lagos ou lagoas situadas em um só prédio particular e por ele exclusivamente cercado, quando não sejam alimentados por alguma corrente de uso comum. Art. 3º A perenidade das águas é condição essencial para que elas se possam considerar públicas, nos termos do artigo precedente. Parágrafo único. Entretanto para os efeitos deste Código ainda serão consideradas perenes as águas que secarem em algum estio forte. Art. 4º Uma corrente considerada pública, nos termos da letra b) do art. 2º, não perde este caráter porque em algum ou alguns de seus trechos deixe de ser navegável ou flutuável. Art. 5º Ainda se consideram públicas, de uso comum todas as águas situadas nas zonas periodicamente assoladas pelas secas, nos termos e de acordo com a legislação especial sobre a matéria. Art. 6º São públicas dominicais todas as águas situadas em terrenos que também o sejam, quando as mesmas não forem do domínio público de uso comum, ou não forem comuns. CAPÍTULO II - ÁGUAS COMUNS Art. 7º São comuns as correntes não navegáveis ou flutuáveis e de que essas não se façam. CAPÍTULO III ÁGUAS PARTICULARES Art. 8º São particulares as nascentes e todas as águas situadas em terrenos que também o sejam, quando as mesmas não estiverem classificadas entre as águas comuns de todos, as águas públicas ou as águas comuns. CAPÍTULO IV- ÁLVEO E MARGENS Art. 9º Álveo é a superfície que as águas cobrem sem transbordar para o sólo natural e ordinariamente enxuto. Art. 10. O álveo será público de uso comum, ou dominical, conforme a propriedade das respectivas águas; e será particular no caso das águas comuns ou das águas particulares. § 1º Na hipótese de uma corrente que sirva de divisa entre diversos proprietários, o direito de cada um deles se estende a todo o comprimento de sua testada até a linha que divide o álveo ao meio. § 2º Na hipótese de um lago ou lagoa nas mesmas condições, o direito de cada proprietário estender-se-á desde a margem até a linha ou ponto mais conveniente para divisão equitativa das águas, na extensão da testada de cada quinhoeiro, linha ou ponto locados, de preferência, segundo o próprio uso dos ribeirinhos. Art. 11. São públicos dominicais, se não estiverem destinados ao uso comum, ou por algum título legítimo não pertencerem ao domínio particular; 1º, os terrenos de marinha; 2º, os terrenos reservados nas margens das correntes públicas de uso comum, bem como dos canais, lagos e lagoas da mesma espécie. Salvo quanto as correntes que, não sendo navegáveis nem flutuáveis, concorrem apenas para formar outras simplesmente flutuáveis, e não navegáveis. § 1º Os terrenos que estão em causa serão concedidos na forma da legislação especial sobre a matéria. § 2º Será tolerado o uso desses terrenos pelos ribeirinhos, principalmente os pequenos proprietários, que os cultivem, sempre que o mesmo não colidir por qualquer forma com o interesse público. Art. 12. Sobre as margens das correntes a que se refere a última parte do nº 2 do artigo anterior, fica somente, e dentro apenas da faixa de 10 metros, estabelecida uma servidão de trânsito para os agentes da administração pública, quando em execução de serviço. Art. 13. Constituem terrenos de marinha todos os que, banhados pelas águas do mar ou dos rio navegáveis,. Vão até 33 metros para a parte da terra, contados desde o ponto a que chega o preamar médio. Este ponto refere-se ao estado do lugar no tempo da execução do art. 51, § 14, da lei de 15/11/1831. Art. 14. Os terrenos reservados são os que, banhados pelas correntes navegáveis, fora do alcance das marés, vão até a distância de 15 metros para a parte de terra, contados desde o ponto médio das enchentes ordinárias. Art. 15. O limite que separa o domínio marítimo do domínio fluvial, para o efeito de medirem-se ou demarcarem-se 33 (trinta e três), ou 15 (quinze) metros, conforme os terrenos estiverem dentro ou fora do alcance das marés, será indicado pela utilização e o aproveitamento do potencial hidráulico, fixando as limitações administrativas de interesse público. A Constituição vigente também se refere às águas nos artigos 22, IV, 21, XII, b, 176 e seus §§ 1o e 4o, afirmando que os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, sujeitos ao regime de autorização e concessão da União. No inc. III do art.20, a Constituição afirma que são bens da União: os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e praias fluviais. Segundo o art.26, I, são bens dos Estados as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União. Na partilha constitucional, os rios públicos são repartidos entre a União e os Estados-membros. Nenhum rio pertence ao Município, porque a Lei n.9.433, de 8 de janeiro de 1997, diz que não há águas municipais nem particulares. Segundo Hely, a Constituição já havia revogado o art.29 do Código das Águas, que se referia às águas municipais. Somente são particulares as fontes e águas correntes que estão dentro da propriedade particular e que não são rios ou lagos. Cabe à União o combate à seca (CF, art.21, XVIII). Águas minerais têm regulamentação especial na legislação brasileira pelo Código de Águas Minerais (Decreto-lei Federal n.7841/l945), que as conceitua e dispõe sobre sua pesquisa, lavra e exploração industrial, dedicando um capítulo às estâncias hidrominerais. Quedas d’água, como potenciais de energia hidráulica, são constitucionalmente consideradas propriedade imóvel distinta da do solo para efeito de exploração ou aproveitamento industrial (art.176). Quando localizadas em águas públicas, essas quedas pertencem à União, como propriedade inalienável e imprescritível, ainda que o rio seja estadual (Código de Águas, art.147 e DL 9760/46, art. 1o, ”l”), quando situadas em caudais comuns ou particulares, pertencem aos respectivos proprietários. Em qualquer hipótese, desde que seu potencial não seja reduzido, o aproveitamento ou exploração depende de autorização ou concessão federal (CF, art.176, §§ 1o e 4o). ÁGUAS EXTERNAS As águas externas compreendem o mar territorial, a zona contígua, a zona econômica e o alto-mar. As questões sobre a delimitação das águas externas ainda não foram solucionadas pelos tratados ou doutrina. A Constituição Federal se refere ao mar territorial no art.20, V e VI. Mar territorial (Lei n.8.617/93, art.1o) 7 compreende uma faixa de doze milhas marítimas de largura, medidas a partir da linha de baixa-mar do litoral continental e seção transversal do rio, cujo nível não oscile com a maré ou, praticamente, por qualquer fato geológico ou biológico que ateste a ação poderosa do mar. 7 Art. 1º O mar territorial brasileiro compreende uma faixa de doze milhas marítima de largura, medidas a partir da linha de baixa-mar do litoral continental e insular, tal como indicada nas cartas náuticas de grande escala, insular brasileiro, tal como indicada nas cartas náuticas de grande escala, reconhecidas oficialmente pelo Brasil). No mar territorial, inclusive seu leito, sub-solo e espaço aéreo sobrejacente, o Brasil exerce sua soberania (CF, art.20, VI e Lei 8617/93, art.2o). As águas do mar territorial são públicas de uso comum (Código das Águas, art.2o, a). No mar territorial, os navios estrangeiros estão sujeitos aos regulamentos nacionais (art.3oe §§). Zona contígua 8 compreende uma faixa que se estende das 12 às 24 milhas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial (Lei 8.617/93, art.4o). Nessa zona contígua, o Brasil toma medidas de fiscalização (contrabando e outras infrações, imigração irregular etc.). Zona econômica exclusiva9 compreende uma faixa que se estende das 12 milhas às 200 milhas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial (Lei 8.617/93, art.6o). Sobre elas o Brasil tem direito de soberania para exploração econômica. Alto mar é toda extensão de águas marítimas compreendidas entre as zonas contíguas dos diversos continentes. Tais águas são “res nullius”, de uso comum de todos, sem que sobre elas qualquer Nação exerça direitos de soberania ou domínio individual. =========== JAZIDAS Regime jurídico: reconhecidas oficialmente no Brasil. Parágrafo único. Nos locais em que a costa apresente recorte profundos e reentrâncias ou em que exista uma franja de ilhas ao longo da costa na sua proximidade imediata, será adotado o método das linhas de base retas, ligando pontos apropriados, para o traçado da linha de base,a partir da qual será medida a extensão do mar territorial. Art. 2º A soberania do Brasil estende-se ao mar territorial, ao espaço aéreo sobrejacente, bem como ao seu leito e subsolo. Art. 3º É reconhecido aos navios de todas as nacionalidades o direito de passagem inocente no mar territorial brasileiro.§ 1º A passagem será considerada inocente desde que não seja prejudicial à paz, à boa ordem ou à segurança do Brasil, devendo ser contínua e rápida.§ 2º A passagem inocente poderá compreender o parar e o fundear, mas apenas na medida em que tais procedimentos constituam incidentes comuns de navegação ou sejam impostos por motivos de força ou por dificuldade grave, ou tenham por fim prestar auxílio a pessoas a navios ou aeronaves em perigo ou em dificuldade grave.§ 3º Os navios estrangeiros no mar territorial brasileiro estarão sujeitos aos regulamentos estabelecidos pelo Governo brasileiro. 8Art. 4º A zona contígua brasileira compreende uma faixa que se estende das doze às vinte e quatro milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial. Art. 5º Na zona contígua, o Brasil poderá tomar as medidas de fiscalização necessárias para: I - evitar as infrações às leis e aos regulamentos aduaneiros, fiscais, de imigração ou sanitários, no seu territórios, ou no seu mar territorial; II - reprimir as infrações às leis e aos regulamentos, no seu território ou no seu mar territorial. 9 Art. 6º A zona econômica exclusiva brasileira compreende uma faixa que se estende das doze às duzentas milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial. Art. 7º Na zona econômica exclusiva, o Brasil tem direitos de soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos recursos naturais, vivos ou não-vivos, das águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar e seu subsolo, e no que se refere a outras atividades com vistas à exploração e ao aproveitamento da zona para fins econômicos. Art. 8º Na zona econômica exclusiva, o Brasil, no exercício de sua jurisdição, tem o direito exclusivo de regulamentar a investigação científica marinha, a proteção e preservação do meio marítimo, bem como a construção, operação e uso de todos os tipos de ilhas artificiais, instalações e estruturas. A Constituição, no art.176 e seus §§, refere-se às jazidas nos seguintes termos: Art.176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração e aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra. No § 1o do art.176, consta que a pesquisa e a lavra de recursos e o aproveitamento dos potenciais a que se refere o caput do art.176 somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no País, na forma da lei. O Código de Mineração refere-se aos regimes de concessão, de autorização, de permissão e de monopolização. Só a União pode legislar sobre jazidas, minas e outros recursos minerais (CF, art.22, XII), mas a fiscalização da União não exclui a competência do Estado ou do Município, conforme o caso, com relação ao meio ambiente. De acordo com o art.176 da Constituição, o minério, desde que extraído, passa a pertencer ao minerador, que poderá utilizá-lo ou comercializá-lo livremente. ============ PETRÓLEO A Constituição Federal, no art.177, inc. I, assegura à União o monopólio da pesquisa e da lavra das jazidas de petróleo, bem como a sua refinação (inc. II). A União também deverá garantir o fornecimento dos derivados de petróleo em todo território nacional (§ 2o, I). Graças à Emenda Constitucional n. 9 de 1995, a União poderá contratar com empresas estatais ou privadas a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo, observando-se as condições estabelecidas em lei (CF, art.177, § 1o). Os contratos firmados com os particulares foram denominados de “contratos de risco”. O Código de Petróleo e o Código de Mineração tratam das limitações administrativas a tais atividades. A Lei Federal 2004, de 3/10/53, no art.24, autoriza a Petróleo Brasileiro S.A - Petrobrás - a promover diretamente as desapropriações necessárias à sua atividade, mediante indenizações aos proprietários das terras utilizadas. =========== MINÉRIOS NUCLEARES De acordo com o inciso V do art.177 da Constituição, constituem monopólio da União a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados10. A Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN, criada pela Lei 4118/62, é uma autarquia que superintende, fiscaliza, promove e executa todos os trabalhos de pesquisa, lavra, beneficiamento e utilização dos minérios e materiais nucleares. Compete, ainda, à CNEN estabelecer normas de segurança relativas ao uso das radiações e dos materiais nucleares. 10 Lei 4118/62, Art. 1º. Constituem monopólio da União: I - A pesquisa e lavra das jazidas de minérios nucleares localizados no território nacional; II - O comércio dos minérios nucleares e seus concentrados; dos elementos nucleares e seus compostos; dos materiais fósseis e férteis, dos radioisótopos artificiais e substanciais e substâncias radioativas das três séries naturais; dos subprodutos nucleares; III - A produção de materiais nucleares e suas industrializações. Parágrafo único. Compete ao Poder Executivo, orientar a Política Nacional de Energia Nuclear. As minas e jazidas de substâncias de interesse para a produção de energia atômica constituem reservas nacionais, consideradas essenciais à segurança do País, e são mantidas no domínio da União como bens imprescritíveis e inalienáveis (art.31, da Lei 4118/6211). O DL n.1.865/81 institui a ocupação de imóveis para pesquisa e lavra de minérios nucleares. Sobre a localização das usinas nucleares, o art. 225, § 6o, da Constituição diz que era feita por lei federal. A respeito de acidente nuclear, a Constituição consagra a responsabilidade integral da União, determinando que: “Art. 21. Compete à União: XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições: d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006)” ========== FAUNA SILVESTRE Hoje não mais prevalece a doutrina do Código Civil no sentido de que os animais silvestres são coisas de ninguém (res nullius). A Lei nº 5.197/67 (CÓDIGO DE CAÇA) 12incorporou a fauna silvestre ao domínio da União. A fauna sujeita-se a um regime administrativo especial, visando a preservação, como riqueza nacional que é. A competência para legislar sobre a fauna é concorrente (CF, art.24, VI), entre a União, os Estados e o Distrito Federal. A preservação da fauna cabe a todas as entidades estatais, inclusive os Municípios (CF, art.23, VII). O conceito de animais silvestres encontra-se no Código de Caça (Lei n.5.197/67), considerando silvestres todos aqueles animais que vivem naturalmente fora de cativeiro (art.1o). Encontra-se no Código de Caça as regras que limitam tal atividade e a Lei n.7653/88, que alterou tal Código, considera crime (e não mais contravenção) qualquer infração de caça. (LEI Nº 7.653, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1988. Art.1º Os arts. (Vetado), 27, 33 e 34 da Lei nº 5.197, de 3 de janeiro de 1967, passam a vigorar com a seguinte redação: Art. 27. Constitui crime punível com pena de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos a violação do disposto nos arts. 2º, 3º, 17 e 18 desta lei.) A LEI Nº 11.959, DE 29 DE JUNHO DE 2009, que revogou quase integralmente o Código de Pesca (DL 221/67) define, no artigo 2º, inciso II, a pesca como “II – pesca: toda operação, ação ou ato tendente a extrair, colher, apanhar, apreender ou capturar recursos pesqueiros”. Os animais e vegetais encontrados em águas dominiais, são do domínio público, estabelecendo a abrangência de seus efeitos sobre as águas internas e externas, sobe o alto-mar, em conformidade com os tratados e convenções internacionais. 11 Art . 31. As minas e jazidas de substâncias de interesse para a produção de energia atômica constituem reservas nacionais, consideradas essenciais à segurança do País e são mantidas no domínio da União como bens imprescritíveis e inalienáveis. 12 Lei nº 5.197/67, Art. 1º. Os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais são propriedades do Estado, sendo proibida a sua utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha. § 2º A utilização, perseguição, caça ou apanha de espécies da fauna silvestre em terras de domínio privado, mesmo quando permitidas na forma do parágrafo anterior, poderão ser igualmente proibidas pelos respectivos proprietários, assumindo estes a responsabilidade de fiscalização de seus domínios. Nestas áreas, para a prática do ato de caça é necessário o consentimento expresso ou tácito dos proprietários, nos termos dos arts. 594, 595, 596, 597 e 598 do Código Civil. Preocupada com a Sustentabilidade do Uso dos Recursos Pesqueiros, a Lei n. 11959/09 estabelece limitações administrativas à pesca em águas públicas ou particulares, quer quanto aos métodos e instrumentos de pesca, quer quanto ao lançamento de resíduos nocivos aos animais e vegetais. Além da fiscalização e sanções, a Lei n. 11949 refere-se ao acesso aos recursos e ao estímulo à atividade pesqueira. As infrações de pesca são consideradas contravenções ou crimes, dependendo de sua gravidade. De acordo com o art. 33 da LEI Nº 11.959, DE 29 DE JUNHO DE 2009., “As condutas e atividades lesivas aos recursos pesqueiros e ao meio ambiente serão punidas na forma da Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, e de seu regulamento”. =========== FLORESTAS Obs.: As florestas pertencem aos proprietários do solo. Há limitação administrativa em relação às florestas, devendo o proprietário obedecer às normas legais sobre desmatamento, sob pena de sanções severas. Há reservas florestais do Poder Público, mas, via de regra, as florestas são propriedades privadas, sujeitas ao poder de polícia estatal. =========== UTILIZAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS a) uso comum: são os bens de uso da coletividade, assim como o mar, os rios, a praia etc. b) uso especial: são os bens utilizados pela própria Administração para a execução de seus serviços (ex.: edifícios, veículos etc.) e os bens utilizados pelos particulares de acordo com a lei, através de contrato ou por ato unilateral da Administração, de forma gratuita ou onerosa. FORMAS DE UTILIZAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS: DELEGAÇÃO POR ATO OU CONTRATO A utilização do bem público pelos particulares pode ser através de: 1. Autorização de uso: é ato unilateral, discricionário e precário. A Administração consente na prática de determina atividade individual incidente sobre um bem público. Exs. de Hely: ocupação de um terreno baldio do Município, retirada de água de uma fonte não utilizada pela coletividade e pertencente ao Estado etc. Características: a) não é ato negocial; b) é ato unilateral, discricionário e precário; c) não precisa de lei e nem de licitação; d) não gera privilégio contra A Administração; e) refere-se à atividade transitória e irrelevante para o Poder Público; f) trata-se de um ato escrito, revogável a qualquer momento pela Administração, sem ônus para esta. 2. Permissão13 de uso de bem público: segundo Hely L. Meirelles, jurisprudência e a doutrina dominante, é ato negocial, discricionário e precário, através do qual a 13 Não confundir PERMISSÃO DE USO DE BEM PUBLICO com PERMISSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO. Permissão de USO é ato negocial, mas PERMISSÃO DE SERVIÇO é um CONTRATO ADMINISTRATIVO, Administração faculta a particular utilização individual de determinado bem público, após licitação. Exemplo de Hely L. Meirelles: permissão de uso de área pública para instalação de banca de jornal, de vestiário em praia, instalações particulares em geral. Definição legal: LEI Nº 9.636, DE 15 DE MAIO DE 1998. - Da Permissão de Uso Art. 22. A utilização, a título precário, de áreas de domínio da União para a realização de eventos de curta duração, de natureza recreativa, esportiva, cultural, religiosa ou educacional, poderá ser autorizada, na forma do regulamento, sob o regime de permissão de uso, em ato do Secretário do Patrimônio da União, publicado no Diário Oficial da União. § 1o A competência para autorizar a permissão de uso de que trata este artigo poderá ser delegada aos titulares das Delegacias do Patrimônio da União nos Estados. § 2o Em áreas específicas, devidamente identificadas, a competência para autorizar a permissão de uso poderá ser repassada aos Estados e Municípios, devendo, para tal fim, as áreas envolvidas lhes serem cedidas sob o regime de cessão de uso, na forma do art. 18. Doutrina Afirmam Hely e a jurisprudência (TJSP, RJTJSP 124/2002) que a permissão, como ato negocial, pode ser com ou sem condições; gratuita ou remunerada, por tempo certo ou indeterminado, conforme estabelecido no termo próprio, mas sempre modificável ou revogável unilateralmente pela Administração, quando o interesse público o exigir, dada sua natureza precária e o poder discricionário do permitente para consentir e retirar o uso especial do bem público. A revogação faz-se, em geral, sem indenização, salvo se em contrário se dispuser, pois a regra é a revogabilidade sem ônus para a Administração, quando esta faculta ao particular a utilização individual de determinado bem público Características da permissão de uso de bem público (doutrina de Hely L. Meirelles): conforme se vê na Constituição Federal (CF, art.175) e na Lei n. 8.987/95. Maria.Sylvia Z.di Prieto e Diogo de Figueiredo consideram permissão de uso de bem público mero ato administrativo precário. Nota-se que a Constituição faz referência expressa à PERMISSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO, não se referindo à PERMISSÃO DE USO DE BEM PÚBLICO. O STF decidiu, na ADIn 1491/DF decidiu que permissão de serviço público é CONTRATO ADMINISTRATIVO. Em outra oportunidade, decidiu que a permissão de USO de bem público é ato administrativo precário e discricionário. Para a Constituição Federal, a permissão de serviços é um CONTRATO. Eis o que diz o art. 175 da CF: “Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. Parágrafo único. A lei disporá sobre: I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessãoou permissão; “ a) é “ato negocial” (ato administrativo em que a declaração de vontade da Administração coincide com a pretensão do particular; é ato unilateral, mas encerra conteúdo tipicamente negocial - não é contrato administrativo); b) é ato discricionário e precário; c) exige licitação (Lei n.8.666/93, art.2o + art. 175 da CF); d) pode ser feito por prazo determinado ou indeterminado, gratuito ou remunerado; e) pode ser modificado ou revogado unilateralmente pela Administração, por interesse público (admite-se ação judicial aos prejudicados); f) não há ônus para Administração, no caso de revogação, salvo se for combinado de forma diferente no Termo de Permissão; g) na vigência da permissão, o permissionário poderá ir ao Judiciário, quando a Administração agir de forma arbitrária, prejudicando-o; h) a atividade deve ser de interesse da coletividade e não somente do permissionário (neste caso, haverá simplesmente autorização). Importante: 3. Concessão de uso: 14 é o contrato administrativo pelo qual o Poder Público atribui a utilização exclusiva de um bem de seu domínio ao particular para que o explore segundo sua destinação. Ex.: concessão de uso de um hotel, parque, mercado ou de qualquer outro bem pertencente ao Estado. Exemplos de Ma. Sylvia Z. Di Prieto: construção de ponte, de viaduto, de estrada, em que se assegurasse ao concessionário o direito de cobrar pedágio durante certo tempo, para ressarcimento dos gastos efetuados; construção de estacionamento, para administração de quem o construiu. Características: a) é contrato de caráter estável; b) é licença de uso de bem público por particular; c) utilização pelo particular com exclusividade (“intuitu personae”), mas nas condições estabelecidas pela Administração; d) é remunerada ou gratuita, por tempo certo ou indeterminado; e) a concessão é precedida de lei e licitação; f) não se confunde com o comodato nem com a locação (porque o uso especial de bens públicos tem regras próprias, de Direito Público). OUTRAS FORMAS DE UTILIZAÇÃO DE BENS PÚBLICO POR PARTICULAR 14 LEI Nº 9.636, DE 15 DE MAIO DE 1998. Art. 22-A. A concessão de uso especial para fins de moradia aplica-se às áreas de propriedade da União, inclusive aos terrenos de marinha e acrescidos, e será conferida aos possuidores ou ocupantes que preencham os requisitos legais estabelecidos na Medida Provisória no 2.220, de 4 de setembro de 2001. (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)§ 1o O direito de que trata o caput deste artigo não se aplica a imóveis funcionais. (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007) § 2o Os imóveis sob administração do Ministério da Defesa ou dos Comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica são considerados de interesse da defesa nacional para efeito do disposto no inciso III do caput do art. 5º da Medida Provisória nº 2.220, de 4 de setembro de 2001, sem prejuízo do estabelecido no § 1o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007) Concessão de direito real de uso: é o contrato pelo qual a Administração transfere o uso remuneratório ou gratuito de terreno público a particular, como direito real resolúvel, para que dele se utilize em fins específicos de urbanização, industrialização, edificação, cultivo ou qualquer outra exploração de interesse social (DL 271/6715). Ex.: transferência de um terreno público a particular, com direito real resolúvel, para edificação (interesse social). Características: a) é contrato de direito real, dependendo de prévia autorização legal e licitação; b) é dispensada a licitação, quando a outra parte também for entidade pública (Lei n. 8.666/93, art.17, § 2o) pode ser outorgada por escritura pública ou por termo administrativo; c) é um direito real, transferível por ato inter vivos ou por sucessão legítima ou testamentária; d) o particular responde pelos encargos civis, administrativos ou tributários que incidam sobre o bem; e) é instituto de Direito Público, não se confundindo com a enfiteuse. Enfiteuse 16(aforamento – já abolido pelo Novo Código Civil, o qual preservou o direito adquirido): é o instituto que permite ao proprietário atribuir a outrem o domínio útil de imóvel, pagando a pessoa que o adquire (enfiteuta) ao senhorio direto uma pensão ou foro, anual, certo e invariável (CC, art.678), A enfiteuse é um instituto em extinção, mas que no presente momento ainda subsiste em nosso ordenamento e continua a ser objeto de litígios de grande porte. Ironicamente, apesar de se tratar de um direito real em extinção, ainda abrange espaço territorial de tamanho considerável. O laudêmio (= 2,5% do valor da propriedade) ainda é cobrado pela família real Orleans e Bragança (titulares do domínio direto/eminente), por exemplo, em todo o município de Petrópolis, onde residem cerca de 312.000 habitantes. O valor (laudêmio) é cobrado do adquirente na transferência do domínio útil de imóvel (público, no caso de bens da União), ou seja, da transferência da posse, uso e gozo perpétuos da pessoa que irá utilizá-lo daí por diante. Não se transfere a propriedade plena. Não há transferência da propriedade nua. Características: a) é direito real de posse, uso e gozo pleno da coisa alheia; b) o enfiteuta (foreiro) pode alienar e transmitir hereditariamente, porém, com a obrigação de pagar perpetuamente uma pensão anual (foro) ao proprietário direto; c) exercício simultâneo de direitos dominiais sobre o mesmo imóvel por duas pessoas (o Estado, que tem o domínio direto, e o particular foreiro, que tem o domínio útil do bem público). Questão doutrinária: Hely L. Meirelles, antes mesmo do advento do Novo Código Civil, já concordava com Orosimbo Nonato e Filadelfo Azevedo no sentido de se extinguir a enfiteuse, porque há outros institutos de Direito Público-administrativo mais adequados, simples e eficazes, para substituí-la. Lembre-se que a enfiteuse da União 15 Art. 7o É instituída a concessão de uso de terrenos públicos ou particulares remunerada ou gratuita, por tempo certo ou indeterminado, como direito real resolúvel, para fins específicos de regularização fundiária de interesse social, urbanização, industrialização, edificação, cultivo da terra, aproveitamento sustentável das várzeas, preservação das comunidades tradicionais e seus meios de subsistência ou outras modalidades de interesse social em áreas urbanas. (Redação dada pela Lei nº 11.481, de 2007)§ 1º A concessão de uso poderá ser contratada, por instrumento público ou particular, ou por simples termo administrativo, e será inscrita e cancelada em livro especial. 16 O laudêmio está presente nos dias de hoje nos chamados terrenos de marinha, em algumas propriedades da Igreja Católica e com a família imperial brasileira. não foi extinta pelo Novo Código Civil por estar regulada por lei federal e, como se sabe, lei especial federal não pode ser revogada pelo Código Civil. Noções importantes sobre ENFITEUSE: Domínio útil: é o direito de usufruir o imóvel do modo mais completo possível e de transmiti-lo a outrem, por ato entre vivos ou de última vontade (testamento). Domínio direto ou domínio eminente: é o direito à substância mesma do imóvel, sem suas utilidades (Ex.: se imóvel, só o terreno). Foro (cânon ou pensão): é a contribuição anual e fixa que o foreiro ou enfiteuta paga ao senhorio direto. Tal contribuição tem o caráter perpétuo, para o exercício de seus direitos sobre o domínio útil do imóvel. Laudêmio: é a importância que o foreiro paga ao senhorio direto quando este senhorio renuncia seu direitode reaver esse domínio, nas mesmas condições em que o terceiro adquire (CC antigo, arts. 683/686). Comisso: é pena legal, que visa a extinção da enfiteuse, quando o enfiteuta 3 anos consecutivos sem pagar o foro/pensão (CC, art.692, II), mas receberá o valor correspondente às benfeitorias necessárias. Além do comisso, a enfiteuse também se extingue se o enfiteuta falecer sem herdeiros. No plano federal, há enfiteuse (Ex. Condomínio de Alphaville). ------------------------------------- Informações atuais sobre enfiteuse Site: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u378136.shtml: A família imperial brasileira não manda no país há quase 120 anos. Mas em um lugar do Brasil eles têm privilégios. Em Petrópolis, cidade a 60 quilômetros do Rio de Janeiro, os descendentes de d. João 6º recebem o laudêmio: uma taxa sobre a venda de todos os imóveis da região central da cidade histórica. O laudêmio não é uma exclusividade da família real brasileira. Ele foi criado pela coroa portuguesa ainda no período colonial. "A metrópole distribuía porções de terra para quem pudesse cultivar e cobrava uma contribuição em troca", diz o advogado Francisco Maia, especialista em transações imobiliárias. Eram as terras aforadas, muitas das quais sobrevivem até os dias de hoje. "Só a União tem 542 mil imóveis que podem receber laudêmio", afirma Paulo Campos, diretor de recursos estratégicos da Secretaria do Patrimônio da União. E uma velha discussão aflorou, outra vez, sobre privilégios que os descendentes da realeza nacional ainda possuem na velha e imperial Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro. Talvez apenas os brasileiros mais bem-informados saibam que a família imperial recebe o laudêmio – uma taxa sobre a venda de todos os imóveis da região central de Petrópolis. ========= http://kiminda.wordpress.com/2009/06/14/familia-real-brasileira-ainda-recebe- laudemio/ O laudêmio é um tributo que foi instituído pela coroa portuguesa quando as terras coloniais do Brasil pertenciam a Portugal. Ao promover a colonização de nosso país, as terras eram distribuídas a quem quisesse ocupá-las para produção de alimentos, e seus donatários eram conhecidos como foreiros, ou seja, tinham a titularidade dos imóveis, mas pagavam uma taxa – o laudêmio – sempre que se desfaziam da propriedade. O laudêmio está presente nos dias de hoje nos chamados terrenos de marinha, em algumas propriedades da Igreja Católica e com a família imperial brasileira. “Só a União tem 542 mil imóveis que podem receber laudêmio”, afirma Paulo Campos, diretor de recursos estratégicos da Secretaria do Patrimônio da União. Segundo o engenheiro e advogado Francisco Maia Neto, titular da coluna Mercado Imobiliário, publicada quinzenalmente no jornal O Estado de Minas, a União é dona de 30% dessas propriedades, a Igreja Católica possui 60% e os restantes 10% são de particulares e de herdeiros da monarquia. ‘Os terrenos na orla atlântica do Brasil, localizados a 33 metros da maré mais alta, em relação à linha de preamar, que significa o ponto médio das marés observadas durante o ano’, são exemplos para se entender o significado do tributo. A taxa de laudêmio, 5%, é paga à União por quem vende esses terrenos para loteamentos e condomínios. As ilhas também são terrenos de marinha, e quando são vendidas recolhem o laudêmio. Como a área central de Petrópolis foi uma fazenda de propriedade de Dom Pedro II e hoje é uma área nobre da cidade, seus herdeiros recebem 2,5% sempre que um imóvel nesta região é negociado. Especialistas calculam que cada membro da família real do ramo de Petrópolis receba entre R$ 3 mil e R$ 5 mil mensais com a taxa de laudêmio. Para a família imperial talvez seja apenas um ‘troco’, mas mostra a generosidade da República brasileira com os descendentes de nossa nobreza real derrubada em 1889. =========== UTILIZAÇÃO DO BEM PÚBLICO POR OUTRA ENTIDADE PÚBLICA Além dos particulares, as entidades públicas também podem utilizar bens públicos. O Estatuto da Cidade cita vários institutos relacionados com tal mister 17. Hely L. Meirelles faz menção a Cessão de Uso, a saber: Cessão de uso: é a transferência gratuita da posse de um bem público de uma entidade ou órgão para outro. É ato de colaboração entre repartições públicas. É semelhante ao comodato, mas é instituto de Direito Público. É preciso de autorização legal para a cessão de uso de bem de uma entidade pública para outra. Não há transferência da propriedade, voltando o bem cedido para a entidade, quando o bem não for mais necessário para a entidade que o recebeu ou se esta entidade não mais existe. Características da cessão de usos: a) é ato administrativo feito entre entidades públicas; b) é lavrado em termo; c) é feito por tempo determinado ou indeterminado; d) é ato de colaboração entre repartições públicas diferentes, levando em conta os bens que uma necessita e que a outra (cedente) tem à disposição; e) precisa de autorização legislativa (lei) se a cessão for entre entidades diversas (Estado/Município); f) não há transferência da propriedade; g) é ato de administração interna, dispensando registro externo (cartório, por ex.). ATENÇÃO: Além da cessão de uso acima mencionada (empréstimo de imóvel de um governo a outro), há, ainda, outra CESSÃO DE USO, criada pela Lei n. 9.636/98 (alterada pela LEI Nº 11.481, DE 31 DE MAIO DE 2007), no artigo 18 18. A cessão de 17 O Estatuto da Cidade foi estabelecido pela Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001, que estabelece diretrizes gerais da política urbana, prevendo vários institutos relacionados com bens imóveis, assim como a) desapropriação; b) servidão administrativa; c) limitações administrativas; d) tombamento de imóveis ou de mobiliário urbano; e) instituição de unidades de conservação; f) instituição de zonas especiais de interesse social; g) concessão de direito real de uso; h) concessão de uso especial para fins de moradia; i) parcelamento, edificação ou utilização compulsórios; j) usucapião especial de imóvel urbano; l) direito de superfície; m) direito de preempção etc. 18 Da Cessão: Art. 18. A critério do Poder Executivo poderão ser cedidos, gratuitamente ou em condições especiais, sob qualquer dos regimes previstos no Decreto-Lei no 9.760, de 1946, imóveis da União a: Decreto nº 3.725, de 10.1.2001 uso do artigo 18 da referida lei refere-se a imóveis da União que podem ser cedidos a entidades estatais municipais e estaduais, bem como a pessoas físicas ou jurídicas, quando há interesse público ou social. Os imóveis da União também podem ser utilizados, através de permissão de uso (art.22), para realização de eventos de curta duração, de natureza recreativa, esportiva, cultural, religiosa ou educacional. Tal Permissão será autorizada pelo Secretário do Patrimônio da União ou pelo Delegado do Patrimônio da União, se houver delegação. AQUISIÇÃO DE BENS PÚBLICOS O Estado, no desempenho de sua administração, pode adquirir bens de todas as espécies e os incorpora ao patrimônio público para a realização de seus fins. Essas aquisições são feitas contratualmente (regras de Direito Privado), sob forma de: compra, permuta, doação, dação em pagamento, ou de forma compulsória: desapropriação ou adjudicação, em execução de sentença. Toda aquisição onerosa deverá ter autorização legal, avaliação prévia e licitação (salvo os casos de dispensa de licitação, por exemplo, se o bem escolhido for o único que convenha à Administração, será dispensada a licitação). Obs.: Os bens imóveis de uso especial e os dominiais adquiridos pelo Poder Público estão sujeitos a registro em cartóriocompetente. Os bens comuns do povo estão dispensados de registro, enquanto mantiverem esta destinação. ALIENAÇÃO DE BENS PÚBLICOS Conceito: Alienação é toda transferência de propriedade, remunerada ou gratuita, sob a forma de venda, permuta, doação dação em pagamento, investidura, legitimação de posse ou concessão de domínio. A Administração utilizada de qualquer forma de alienação. Regra geral, a alienação só pode ser feita quando a lei autorizar. Entretanto, há casos em que a Administração pode alienar sem expressa autorização legal, tendo em vista a natureza do contrato. A regra é: inalienabilidade dos Bens Públicos, quer dizer, os bens públicos são inalienáveis e só perderão a inalienabilidade nos casos em que a lei prescrever. A lei civil quer dizer que os bens públicos são inalienáveis enquanto destinados ao uso comum do povo ou a fins administrativos especiais, isto é, enquanto tiverem afetação pública, ou seja, destinação pública específica. Ex.: uma praça pública ou um edifício público não pode ser alienado, enquanto tiver essa destinação. Mas a lei pode tornar esse bem desafetado dessa destinação originária e traspassado para a categoria de bem dominial (patrimônio disponível da Administração), podendo, por isso, ser alienado. Condições para alienação: autorização legislativa, avaliação prévia e concorrência pública. Dispensa de tais condições: em alguns casos, previsto em lei, de doação entre entes públicos; no caso de permuta; de legitimação de posse e de investidura. Neste I - Estados, Distrito Federal, Município s e entidades sem fins lucrativos das áreas de educação, cultura, assistência social ou saúde; (Redação dada pela Lei nº 11.481, de 2007)II - pessoas físicas ou jurídicas, em se tratando de interesse público ou social ou de aproveitamento econômico de interesse nacional. (Redação dada pela Lei nº 11.481, de 2007) último caso (investidura) os contratos correspondentes são incompatíveis com o procedimento licitatório, por visarem pessoas e imóvel certo. Alienação de bens móveis e semoventes não tem normas rígidas, mas há necessidade de avaliação prévia, autorização legal e licitação. As vendas são feitas, geralmente, em leilão administrativo. FORMAS DE ALIENAÇÃO 1. Contrato de venda e compra (transferência de propriedade, mediante preço certo em dinheiro). Não há venda administrativa, mas somente compra e venda civil o comercial em que a Administração aparece como vendedora. É contrato de direito privado, feito através das formalidades administrativas (autorização competente, avaliação prévia e licitação, nos termos da legislação pertinente). Tratando-se de bem de uso comum do povo ou de uso especial, haverá necessidade de desafetação legal. Há venda de bens móveis e semoventes (animais) com destinação especial que não exige licitação, mas simples autorização, conforme Lei 8.666/93(ex. venda de sementes, adubos, inseticidas etc. para fomentar as atividades agrícolas). 2. Doação 19 é o contrato pelo qual uma pessoa (doador), por liberalidade, transfere um bem de seu patrimônio para o de outra (donatário), que aceita (CC, art.1.165). De acordo com o art. 17, I, b) doação, permitida exclusivamente para 19 Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às seguintes normas: I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração direta e entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de concorrência, dispensada esta nos seguintes casos: a) dação em pagamento; b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de governo, ressalvado o disposto nas alíneas f, h e i; (Redação dada pela Lei nº 11.952, de 2009) c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos constantes do inciso X do art. 24 desta Lei; d) investidura; e) venda a outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de governo; (Incluída pela Lei nº 8.883, de 1994) f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis residenciais construídos, destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de programas habitacionais ou de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração pública; (Redação dada pela Lei nº 11.481, de 2007) g) procedimentos de legitimação de posse de que trata o art. 29 da Lei no 6.383, de 7 de dezembro de 1976, mediante iniciativa e deliberação dos órgãos da Administração Pública em cuja competência legal inclua-se tal atribuição; (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis de uso comercial de âmbito local com área de até 250 m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) e inseridos no âmbito de programas de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração pública; (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007) i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou onerosa, de terras públicas rurais da União e do Incra, onde incidam ocupações até o limite de quinze módulos fiscais e não superiores a 1.500ha (mil e quinhentos hectares), para fins de regularização fundiária, atendidos os requisitos legais; e (Redação dada pela Medida Provisória nº 759, de 2016) II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de licitação, dispensada esta nos seguintes casos: a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse social, após avaliação de sua oportunidade e conveniência socioeconômica, relativamente à escolha de outra forma de alienação; b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades da Administração Pública; c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, observada a legislação específica; d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente; e) venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos ou entidades da Administração Pública, em virtude de suas finalidades; f) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou entidades da Administração Pública, sem utilização previsível por quem deles dispõe. outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de governo. Essa doação dispensa a licitação, mas deve cumprir as regras abaixo. A Administração pode fazer doações de bens móveis ou imóveis desde que: a) estejam previamente desafetados do uso público; b) depende de lei autorizadora, de prévia avaliação, mas a licitação é dispensada porque a doação somente é permitida para outro órgão ou entidade da Administração; c) pode ser com encargo ou sem encargo (se for doação com encargo, haverá cláusula de reversão, no caso de inadimplemento). Segundo Hely L. Meirelles: “Modernamente, a doação de terrenos públicos vem sendo substituído pela concessão de direito real de uso, por causa da limitação prevista no art. 17 da Lei n.8.666/93 citado”. 3. Dação em pagamento é a entrega de um bem que não seja dinheiro para solver dívida anterior. O credor aceitará um bem em substituição a outro (CC antigo, art.995). Com prévia autorização legislativa e avaliação prévia, a Administração pode utilizar-se da dação em pagamento. Não há necessidade de licitação (Lei n.8.666/93, art.17). Imóvel público adquirido através da dação em pagamentoé alienado por meio de concorrência ou leilão (Lei n. 8.666, art.19). 4. Permuta (troca ou escambo) é o contrato pelo qual as partes transferem e recebem bens, que se substituem reciprocamente no patrimônio dos permutantes. Na permuta há sempre uma alienação e aquisição de coisa; uma igualdade de valores; podendo haver “torna” ou “reposição” em dinheiro do faltante. A permuta de bens públicos exige: autorização legal; avaliação prévia; desafetação e registro competente (cartório de registro de imóveis), se for imóvel. Não há necessidade de licitação, porque os objetos a serem trocados não podem ser substituídos (Lei n.8.666/93, art.17). 5. Investidura é a incorporação de uma área pública, isoladamente inconstruível, ao terreno particular confinante que ficou afastado do novo alinhamento em razão do traçado urbano. Abrange qualquer área inaproveitável isoladamente, remanescente ou resultante de obra pública (Lei n. 8.666, art. 17, § 3o, I). Afeta, também, terrenos rurais. Há dispensa de licitação, porque só há interesse para o proprietário lindeiro (vizinho) em adquirir a área remanescente da obra pública. Somente ele poderá incorporar, por investidura, a área pública remanescente. Não há possibilidade de licitação, mas há necessidade de autorização legislativa e avaliação, porque é uma forma de alienação/aquisição de imóvel público. NOTAS IMPORTANTES: 1ª) Também se entende por INVESTIDURA (Lei n. 8.666, art. 17, § 3o, II) a alienação, aos legítimos possuidores diretos ou, na falta destes, ao Poder Público, de imóveis para fins residenciais construídos em núcleos urbanos anexos a USINAS HIDRELÉTRICAS, desde que considerados dispensáveis na fase de operação dessas unidades e não integrem a categoria de bens reversíveis ao final da concessão. 2ª) O artigo 17 da Lei n.8.666/93 prevê outros casos de alienação de bens móveis sem necessidade de licitação (ex.: doação para fins e uso de interesse social, venda de ações negociadas em bolsa, venda de títulos, venda de bens produzidos por entidades públicas, venda de materiais/equipamentos inservíveis de uma Administração para outra etc.). DOIS INSTITUTOS EM QUE HÁ TRANSFERÊNCIA DA PROPRIEDADE 6. Concessão de domínio é a forma de alienação de terras públicas que teve sua origem nas concessões de sesmaria da Coroa. Atualmente, só é utilizada nas concessões de terras devolutas (v. CF, art. 20, II) da União ou dos Estados. A concessão de domínio é alienação do imóvel (transferência de propriedade) e não se confunde com concessão de uso, em que não há transferência de propriedade. Esta concessão é venda ou doação de terras públicas. Por isso, há necessidade de lei autorizativa, prévia avaliação e registro competente (se for feita a particular). Não se confunde com concessão administrativa de uso, porque a concessão de domínio é alienação de imóvel (transferência de propriedade). 7. Legitimação de posse é modo excepcional de transferência de domínio de terra devoluta ou área particular sem utilização, ocupada por longo tempo por particular que nela se instala, cultivando-a ou levantando edificação para seu uso. Para imóvel da União, o Estatuto da Terra (Lei n. 4.504/64) disciplina o procedimento e a expedição do título para registro do imóvel em nome do legitimado. No Estado de São Paulo, há o DL 14.965/45 e outras leis. A Lei Municipal de São Paulo n.3.859/50 regulamenta a legitimação de posse em relação a imóvel municipal. OBSERVAÇÕES IMPORTANTES: 1a) Não há usucapião de bem público como direito do posseiro mas, sim, reconhecimento do Poder Público da conveniência de legitimar determinadas ocupações, convertendo-as em propriedade em favor dos ocupantes que atendam às condições estabelecidas na legislação da entidade legitimante. A Constituição declara, em dois dispositivos, que os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião (CF, art.183, §3º, e art, 191, §único). 2a) Os bens públicos são imprescritíveis, impenhoráveis e não sujeito a oneração (hipoteca, por ex.). A imprescritibilidade dos bens públicos decorre como conseqüência lógica de sua inalienabilidade originária. Ora, se o bem público (não desafetado) é inalienável, ninguém pode adquiri-lo. E mais, não se pode invocar usucapião sobre ele, não se podendo falar na chamada prescrição aquisitiva. A Súmula 340 do STF refere-se à imprescritibilidade dos bens públicos. A impenhorabilidade dos bens públicos decorre de preceito constitucional que dispõe sobre a forma pela qual serão executadas as sentenças judiciárias contra a Fazenda Pública, sem permitir a penhora de seus bens. Admite, entretanto, o seqüestro da quantia necessária à satisfação do débito, desde que ocorram certas condições processuais (CF, art.100). Não oneração: a impossibilidade de oneração dos bens públicos (das entidades estatais, autárquicas e fundacionais) parece-nos questão indiscutível, diante da sua inalienabilidade e impenhorabilidade. ======== INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES BENS PÚBLICOS A aplicação das sanções previstas na Lei n. 8.429/1992 (Lei de Improbidade Administrativa) independe da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público. É incorreto afirmar que as praias foram inclusas como bens dominicais. Uma creche municipal é bem público de uso especial. Sobre bens públicos, é correto afirmar que os terrenos de marinha são considerados bens dominicais, podendo ser explorados pelo poder público. Admite-se o uso privativo de bem público, por particular, inclusive com a possibilidade de disposição de uma parte da matéria física neles encontrada; Sob o enfoque do Direito Administrativo, o que caracteriza, como traço essencial, os bens do patrimônio administrativo é serem eles vinculados a fim peculiar da administração pública. Nos termos da Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 1988, com sua vigente redação, todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações, incumbindo ao Poder Público definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; NÃO é correto afirmar que somente os bens dominiais podem ser penhorados para que se satisfaça os créditos contra o Poder Público inadimplente. TODOS os bens públicos são IMPENHORÁVEIS. Se o Município concede a um particular, através de contrato, a exploração de um hotel, estamos diante de concessão de uso. Não é contrato administrativo, mas simples ato unilateral da Administração a Autorização de uso. É INCORRETO afirmar que a entrega de um bem que não seja dinheiro para solver dívida anterior chama-se permuta. Na verdade, chama-se dação em pagamento. As terras que, pertencentes ao domínio público de qualquer das entidades estatais, não se acham utilizadas pelo Poder Público, nem destinadas a fins administrativos específicos é a definição de terras devolutas Uma determinada empresa concessionária transfere o seu controle acionário para uma outra empresa privada, sem notificar, previamente, o Poder concedente, parte no contrato de concessão. Assinale a alternativa que indique a medida que o Poder concedente poderá tomar, se não restarem atendidas as mesmas exigências técnicas, de idoneidade financeira e regularidade jurídica por esta nova empresa. Nesse caso, poderá o Poder concedente declarar a caducidade da concessão, tendo em vista o caráter intuitu personae do contrato de concessão. A respeito
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