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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA DISCIPLINA DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS II TRANSISTORES DE ALTA FREQUÊNCIA Prof. Cesar Augusto Prior Caroline Obregon Jean Muenchen Laura Ferreira Santa Maria, RS, Brasil Abril de 2018 Conteúdo 1 Introdução 2 2 Construção 2 3 Princípio de Funcionamento e Principais Parâmetros 3 4 Curvas Características 4 5 Principais Aplicações 6 6 Conclusões 7 1 1 Introdução Logo após o final da Segunda Guerra Mundial, foram desenvolvidos componentes eletrônicos semicondutores denominados transistores. Os primeiros se limitavam a aplicações de som e baixas frequências. Com o avanço da tecnologia, logo surgiram os transistores para receptores de VHF, no início da década de 1960, foram os principais responsáveis pela revolução da eletrônica na época. Houve limitações para as altas frequências, como a espessura da estrutura que afetava o tempo de trânsito. Então, fez-se necessário o desenvolvimento de transistores visando diminuir o efeito do trânsito dos portadores de carga, utilizando novos materiais, com regiões semicondutoras de dimensões mínimas, diferentes geometrias e encapsulamentos. Atualmente, podem alcançar frequências em torno de 2000 MHz e são capazes de ligar e desligar em velocidades muito altas. Transistores de alta frequência são usados em amplificadores HF, VHF, UHF, CATV e MATV e aplicações de oscilação, disponíveis tanto como NPN quanto PNP. Neste trabalho será explorado o transistor bipolar RF BFP650 [3]. 2 Construção Transistores de alta frequência são comumentes feitos de heterojunção (HBT), a principal diferença entre BJT e HBT é o uso de diferentes materiais semicondutores para a junção emissor-base e o base-coletor, criando uma heterojunção. A heterojunção é uma junção formada por dois materiais diferentes. Estes materiais podem ser metais, isolantes ou semicondutores. Figura 1: Bandas em heterojunção de um transistor NPN bipolar. Diferente da tecnologia BJT, o perfil de dopagem pode ser mudado em favor da resposta de frequência. O HBT melhora o BJT, pois pode lidar com sinais de frequências muito altas, até várias centenas de GHz. É usado em circuitos ultrarrápidos modernos, principalmente sistemas de radiofrequência (RF) e em aplicações que exigem alta eficiência de energia, como amplificadores de potência de RF em telefones celulares. Figura 2: Representação esquemática de uma heterojunção. O semicondutor para a camada do emissor é escolhida de modo que a lacuna de banda é maior do que a da base material semicondutor. Materiais usados como substrato incluem SiGe (silicon-germanium) a GaAs (galiium arsenide). Nos transistores de SiGe, a quantidade de germânio na base é nivelado, tornando a lacuna de banda mais estreita no coletor do que no emissor. Esse afunilamento da lacuna de banda leva a um transporte assistido em campo na base, que acelera o transporte através da base e aumenta a resposta de frequência. 2 Em resumo as principais características de um componente feito de heterojunção são: • Alto Ganho de corrente sem necessidade de dopar excessivamente o emissor. • Perfil de dopagem muda em favor da resposta de frequência. • Aumento da injeção de portadores devido às camadas adicionais de semicondutor. • Altas frequências de operação (100 GHz). 3 Princípio de Funcionamento e Principais Parâmetros Nos projetos simples, que envolvem correntes contínuas ou de baixas frequências, pode-se prever um certo ganho para esta configuração e o resultado obtido na prática não vai ser muito diferente. Entretanto, os transistores não se comportam do mesmo modo quando trabalham com sinais de altas frequências. O ganho de um transistor começa a ser cada vez mais influenciado à medida que a frequência aumenta além de certo valor. O ganho de um transistor cai quando a frequência se eleva, até o ponto em que ele não mais pode ser usado para amplificação. Figura 3: Comportamento do ganho de um transistor qualquer quando submetido à altas frequências. A eletrônica cria a cada dia dispositivos que podem trabalhar em frequências mais elevadas, já sendo encontra- dos diversos dispositivos que ultrapassam a barreira do gigahertz (GHz). Analisando um transistor a partir de sua estrutura, sabe-se que a corrente entre a base e o emissor é que se responsabiliza pela corrente principal, entre o coletor e o emissor. Como esta última corrente tem maior intensidade que a primeira, diz-se que o transistor amplifica sinais. As variações da corrente de base é que devem comandar, pois, as variações da corrente de coletor (configuração de emissor comum). Para os materiais semicondutores mais usados como o germânio e o silício, os portadores de carga se movimentam numa velocidade que depende de sua natureza. No germânio, por exemplo, os elétrons se movimentam a uma velocidade da ordem de 3.600 cm por segundo, enquanto que as lacunas são mais lentas, com uma velocidade de 1.600 cm por segundo. Pode-se dizer que, tanto no silício como no germânio, a velocidade dos portadores negativos de carga (elétrons) é quase o dobro da velocidade dos portadores de carga positiva (lacunas). Supõe-se então que um sinal de alta frequência seja aplicado à base de um transistor. No momento em que o sinal “entra"no circuito (transistor), a corrente de coletor para o emissor deve começar a fluir. Os portadores de carga devem atravessar toda a região semicondutora que corresponde ao coletor, à base até chegar ao emissor. Dependendo da distância que deve ser percorrida, e da velocidade dos portadores, pode não haver tempo suficiente para isso [1]. O que pode ocorrer é que durante um ciclo de amplificação do sinal de entrada, pode não haver tempo suficiente para que a corrente correspondente flua entre o coletor e o emissor do transistor. Antes mesmo que a corrente atinja seu máximo correspondente ao pico positivo do sinal de entrada, sua polaridade já pode ter-se invertido, cancelando o efeito. Nestas condições, o transistor já não consegue amplificar, pois não há tempo para o trânsito das cargas entre o coletor e o emissor. Influi neste efeito também as capacitâncias encontradas entre a base e o emissor, e entre o coletor e o emissor. Antes da corrente atingir seu máximo, é preciso haver tempo para carregar estas capacitâncias parasitas. 3 Figura 4: O tempo de transito insuficiente para que a corrente atinja o máximo. Pode-se aumentar a resposta de frequência de um transistor, capacitando-o a operar com sinais de frequências elevadas com a diminuição da espessura da região que forma a base, mas para isso existem limitações. O problema básico está justamente no fato de os portadores de cargas N e P terem velocidades diferentes de propagação. Assim, se um transistor tiver mais material P a ser percorrido do que material N, o transistor tende a ser mais lento que seu equivalente. Entre dois transistores com as mesmas características gerais, um NPN e outro PNP, o PNP tende a ser mais lento, com uma frequência limite de operação bem mais baixa. Figura 5: Parâmetros comparados de diferentes transistores 4 Curvas Características Para demonstrar um modelo de curva característica para um transistor de alta frequência, optou-se por buscar um modelo no mercado. O BFP650 (Figura 6), cujo datasheet [2] encontra-se na bibliografia deste trabalho, é um transistor NPN bipolar de RF de banda larga de alta linearidade. O dispositivo é baseado na tecnologia de heterojunção (SiGe:C) de alta confiabilidade da marca. Figura 6: Transistor de Alta Frequência Modelo BFP650 4 O design do coletor suporta tensões até VCEO = 4 V e correntes até IC = 150 mA. Com sua alta linearidade em correntes tão baixas quanto 30 mA o dispositivo suporta designs eficientes em termos de energia. A frequência de transição típica é de aproximadamente 42 GHz, daí a dispositivo oferece alto ganho de potência em frequências de até 5 GHz em aplicaçõesde amplificador. As curvas característica do transistor encontram-se nas Figuras 7 e 8. Figura 7: Curva Característica (VCE x IC) do Modelo BFP650. (Fonte: Datasheet) Figura 8: Curva Característica de Entrada (VBE x IC) do Modelo BFP650. (Fonte: Datasheet) A curva que relaciona a frequência de acordo com a corrente de coletor (diagrama AC), está apresentada na Figura 9 5 Figura 9: Diagrama de Característica AC do Modelo BFP650. (Fonte: Datasheet) 5 Principais Aplicações Transistores de alta frequência são usados para que sinais pequenos que funcionam em altas frequências em apli- cações de comutação de alta velocidade, isto é, devem ser capazes de ligar e desligar em velocidades muito altas. Transistores de alta frequência são usados, por exemplo, em amplificadores HF, VHF, UHF, CATV, MATV de oscilação. Outras aplicações, segundo o catálogo da marca Infineon [3] incluem Navegação, Bluetooth, Radares, Indústria Automotiva, Disposivitos Móveis, Rádio, TV, WI-FI, Telecomunicações, Drones, e muitas outras. HF: Sigla para o termo inglês High Frequency e significa "frequência alta". As radiofrequências (HF) de alta frequência estão entre 3 e 30 megahertz. Representam importante papel nas transmissões de rádio tanto para ra- diodifusão, como para fins utilitários (comunicações com aviões, embarcações, etc) civis, militares ou comerciais. A designação nasceu nos primórdios das transmissões de rádio, quando as frequências geralmente utilizadas eram muito mais baixas. VHF: Sigla para o termo inglês Very High Frequency (Frequência Muito Alta) que designa a faixa de radio- frequências de 30 a 300 MHz. Este tipo de sinal é utilizado para transmissão de rádio FM, utilizando a frequência entre 88-108 MHz. Foi o primeiro método de transmissão televisiva (canais 2 a 13). Também é utilizada em siste- mas de navegação terrestre, comunicações aéreas (dos aviões) e radioamadorismo. UHF é a sigla para o termo inglês Ultra High Frequency (Freqüência Ultra Alta), e designa a faixa de radio- frequências de 300 MHz até 3 GHz. É ela a responsável pelos sinais de televisão atuais (canais 14 a 69), rádio e transceptores. Televisão a cabo ou televisão de antena comunitária (respectivamente Cable Television, ou Community An- tenna Television em inglês, CATV) é um sistema de distribuição de conteúdos audiovisuais de televisão, de rádio FM e de outros serviços para consumidores através de cabos coaxiais fixos, ao invés do tradicional e antigo sistema de transmissão via antenas de rádio (televisão aberta). Espalhou-se por vários países, principalmente através dos serviços de televisão por assinatura. MATV: Master Antena Television ou MATV, descreve uma rede de cabeamento analógica que é usada para distribuir vários sinais de televisão por toda a instalação. Com a instalação de múltiplas antenas parabólicas, para subscrever e distribuir centralmente qualquer canal, de qualquer parte do mundo (serviços pagos e gratuitos de TV) podem ser entregues localmente usando a tecnologia popularmente denominada SMATV ou Satellite Master. WI-FI: O roteador Wi-Fi fornece a capacidade de receber sinais relativamente fracos de dispositivos habilitados para Wi-Fi, como telefones celulares. Portanto, deve ter alta sensibilidade para detectar um sinal fraco na presença 6 de fortes sinais de interferência. A sensibilidade do receptor pode ser melhorada usando um amplificador de baixo ruído (LNA) como um primeiro bloco do receptor para aumentar a relação sinal-ruído (SNR) do sistema global, especialmente em um ambiente com muito sinal fraco. Além disso, os sistemas WLAN estão sujeitos a interferência co-canal e à interferência de sinais celulares coexistentes fortes. 6 Conclusões A sociedade está tornando-se cada vez mais mobile. Conectividade disponível e universal têm um papel importante no futuro. O tráfego de dados e a infraestrutura crescerão exponencialmente. Se estima que em 2020 existirão 50.1 bilhões de unidades conectadas em velocidades alcançando a faixa de 1Gbps através da 5G, pois as pessoas continuam a expandir o uso de informação móvel todo dia através de múltiplos dispositivos conectados um no outro compartilhando conteúdo, vídeos e fotos, somando esse tráfego. HBTs são usados principalmente em aplicações de telecomunicações digitais e analógicas , como em amplificadores para smartphone, tecnologia 5G, WiFi, sensores, radares. A utilização de novos processos tecnológicos no tratamento dos semicondutores levaram à criação de novos dispositivos. Quando forem necessárias elevadas frequências de trabalho nas aplicações, os transistores feitos de heterojunção, sejam eles FETs ou TJBs, são os mais indicados em circuitos integrados e analógicos. A possibili- dade de fornecer correntes elevadas com pequenas variações da tensão de entrada e o baixo valor das capacidades internas destes dispositivos faz com que o seu desempenho seja ótimo em altas frequências. Referências [1] Newton Braga. Transistores em rf (art2417). Disponível em: <htt p : //www.newtoncbraga.com.br/index.php/eletronica/57 − artigos − e − pro jetos/10583 − transistores − em− r f −art2417>. Acesso em: 25/04/2018. [2] Infinein. Bfp650 - high linearity silicon germanium bipolar rf transistor. Disponível em: <htt ps : //www.in f ineon.com/dgdl/In f ineon − BFP650 − DS − v0101 − en.pd f ? f ileId = db3a30431400e f6801142743b0330715>. Acesso em: 25/04/2018. [3] Infinein. Rf discretes - selection guide. Disponível em: <htt ps : //www.in f ineon.com/dgdl/In f ineon−RF+ Discretes+ Selection+Guide−BC− v0100−EN.pd f ? f ileId = 5546d46254e133b401552 f3516a5698a>. Acesso em: 25/04/2018. 7