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Apostila de Psicologia Geral e da Personalidade - PROF. NEIDE

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��UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS-UEA
PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO
CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE TEFÉ-CEST
Psicologia Geral e da Personalidade– 2018/1 Neide Fernandes de Melo 
�
CURSO DE PEDAGOGIA
 
�
 
 
 MSc. Neide Fernandes de Melo
	
Tefé-AM
2018
EMENTA
OBJETIVOS
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
METODOLOGIA
AVALIAÇÃO
REFERÊNCIAS
TEXTO: A IMPORTÂNCIA DA DISCIPLINA NA FORMAÇÃO DO ESTUDANTE
Psicologia e formação de professores: reflexões sobre os conteúdos de Psicologia na Educação.
 Valéria Maria Fonseca de Lima�
Nos últimos anos, a questão da renovação da escola tem sido amplamente pesquisada e discutida, mas não haverá renovação da escola sem que haja renovação no processo de formação do professor, seja pela questão da necessidade da utilização de novas tecnologias, seja pela questão da utilização de teorias pedagógicas e suas técnicas ou pela necessidade de favorecer modificações nas atitudes dos professores em função das demandas atuais. 
A formação de professores tem sido alvo de muitas discussões, principalmente no que se refere à interpretação e ao detalhamento do disposto na nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. No entanto, por enquanto, não se observa nenhum impacto direto dessas discussões sobre a realidade da formação de docentes e sobre as questões ligadas ao exercício profissional. 
Pesquisas, mencionadas ao longo deste estudo, demonstram que a situação atual da formação de professores da educação básica não é muito animadora, sendo necessárias propostas de mudanças no sentido de se oferecer um currículo adequado às necessidades que se colocam numa sociedade que passa por profundas transformações em sua dinâmica social e econômica. É necessário reconhecer a importância da educação para o desenvolvimento do país, com cidadãos capazes de se informar, de ampliar e analisar esta informação, capazes de situar-se no mundo do trabalho com ética e responsabilidade. Mas para isso é necessário que os profissionais envolvidos em tal processo recebam a formação adequada. Que sejam preparados para lidar com a complexidade do mundo atual, com constantes mudanças, levando em conta os desafios sócio-econômico-culturais da atualidade, que sejam preparados no sentido de buscarem o conhecimento durante toda a vida, ou seja, que se possam criar habilidades de aprendizado contínuo, já que a atualidade demanda aprofundamento intelectual, além das especializações estreitas. 
É inegável a complexidade das sociedades atuais. As transformações ocorridas em função da evolução tecnológica nos mostram que é preciso repensar vários de nossos conceitos. Assim, as noções de infância, de aprendizagem, de família, de projeto de ensino, de saúde e de normalidade devem ser revistas. 
Considero que a docência não se resume à relação ensino – aprendizagem, mas é sim um processo muito mais complexo, já que vivemos um momento histórico que exige do professor relacionar-se com uma nova realidade, com uma infância que mudou seu conceito e não se encaixa mais no que dizem os livros de Psicologia do Desenvolvimento, quando as práticas escolares apresentam-se distanciadas das experiências produzidas pela sociedade fora da escola. Sendo assim, acredito que se faz necessário estabelecer as bases para formar um professor comprometido com uma educação inclusiva, que seja capaz de lidar com as diferenças sociais, culturais, éticas, étnicas, e outras. Esse profissional deverá receber uma sólida formação no campo das Ciências Humanas e da Filosofia, pois esse conjunto de conhecimentos pode ser considerado imprescindível à formação do educador crítico, capaz de compreender o seu papel histórico e o seu compromisso em relação às mudanças no campo educacional e na própria sociedade. 
O que motivou o presente estudo foi o desejo de investigar, promover ideias, reflexões e questionamentos sobre o papel da Psicologia, enquanto disciplina das matrizes curriculares dos cursos de formação docente. Em virtude da complexidade do processo de formação do professor em relação às especificidades da prática docente, precisamos recorrer às ciências que deem suporte à Pedagogia, pois o ato educativo envolve fatores sociais, econômicos e psicológicos que permitem ou não que a criança se aproprie do patrimônio cultural, constituindo-se como ser social. Sendo assim, o objeto do presente estudo é a Psicologia, que tem papel preponderante no sentido de fornecer ao futuro professor princípios do comportamento humano, especialmente relacionados com a aprendizagem escolar, para que ele, de acordo com seu senso crítico, os transforme em métodos adequados às situações pedagógicas concretas. 
Considerando que a relação entre a Psicologia e a Educação pode contribuir significativamente para uma formação docente que vise preparar melhor o professor para lidar com a complexidade do processo educativo, acredito ser importante investigar se os conteúdos trabalhados em Psicologia nos cursos de formação de professores das séries iniciais (1º e 2º ciclos), relativos a três pontos específicos: afetividade e linguagem, desenvolvimento e a aprendizagem e conteúdo que favoreçam a reflexão sobre o contexto social da criança atendem às demandas do cotidiano da realidade escolar, isto é, minha proposta visa contribuir com mais informações, no sentido de refletir sobre os conteúdos que são relevantes e que formação deve ser propiciada pela Psicologia aos professores das séries iniciais do Ensino Fundamental. 
O presente estudo é fruto de uma pesquisa de campo realizada em quatro escolas da rede oficial do Estado e do Município do Rio de Janeiro, duas de Formação Docente e quatro de Ensino Fundamental, em que foram analisados os conteúdos programáticos dos cursos de formação docente, os dados coletados a partir de questionário aplicado aos professores formadores que atuam em tais cursos e os dados aferidos através de questionário aplicado a professores que atuam nas séries iniciais do Ensino Fundamental. 
A proposta era analisar os documentos que norteiam a escolha dos conteúdos de Psicologia da Educação utilizados na formação docente, ouvir os sujeitos que atuam como formadores e os que atuam como professores das séries iniciais, com o objetivo de investigar se os conteúdos trabalhados em Psicologia da Educação são relevantes para o cotidiano profissional do professor das séries iniciais, tentando estabelecer uma relação entre teoria e prática, entre teoria e realidade escolar. 
O Problema Inúmeros países vêm desenvolvendo políticas na área educacional cuidando, sobretudo, dos formadores, ou seja, dos professores, que são os personagens centrais e mais importantes na disseminação do conhecimento e de elementos substanciais da cultura. Vários países da Europa, América do Norte e América do Sul vêm tomando medidas no sentido de formar, de modo mais consistente, professores em todos os níveis e de propiciar a estes profissionais, carreira e salários adequados. No entanto, não é esta a realidade brasileira. Quase nada tem sido feito no Brasil quanto à qualidade da formação e a carreira dos docentes para ajudar a reverter o quadro atual, que sabemos estar muito longe do ideal. “E o mais grave é que a profissão de professor tem se mostrado cada vez menos atraente para camadas importantes denossa juventude, tanto pelas condições de ensino dos cursos em si, como pelas condições de trabalho, passando pelos aspectos salariais e de prestígio social (GATTI, 2000, p.5)”. 
1º e 2º ciclos correspondem ao primeiro segmento do Ensino Fundamental (de 1ª a 4ª série). O movimento dos educadores que tem na ANFOPE – Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação – o espaço de produção de conhecimento sobre formação de professores, vem, desde o final da década de 1970, apontando os problemas e propondo alternativas de solução na direção de uma política global de formação de professores. Mais recentemente a ANFOPE, resistindo às políticas oficiais, vem denunciando a retomada das concepções tecnicistas e conteudistas da década de 1970, já superadas pelo movimento dos educadores (FREITAS, 2000). 
Estudos recentes sobre a formação docente têm envolvido diversas áreas de conhecimento, entre elas, encontra-se a Psicologia que, ao longo de sua história, sempre esteve relacionada com o processo de atuação docente, “enquanto uma área de conhecimentos cujas teorizações subsídio para as práticas educativas” (GUERRA, 2000, p.69). 
A Educação é um fenômeno cuja complexidade não pode ser apreendida por uma única ciência e sequer por uma única teoria. Para tentar compreendê-la é preciso considerar as contribuições da Filosofia, da Sociologia, da Linguística, da Economia, da História, da Biologia, de outras ciências. Por ser a Educação um fenômeno assim tão amplo e complexo, nenhuma área de conhecimento isolada das demais será capaz de servir de base teórica e de lhe proporcionar uma compreensão satisfatória. 
As contribuições da Psicologia à Educação são inegáveis, no entanto, nas últimas décadas, a Psicologia da Educação tem sido alvo de muitas críticas, em que o “psicologismo” na Pedagogia, passou a ser visto como um fato negativo e reducionista para as práticas educacionais, por tentar usar os conhecimentos da Psicologia para normatizar a ação pedagógica. Segundo Larocca (1999), a psicologização na Educação se efetiva pela tentativa de adequar objetivos, conteúdos e métodos de ensino a pressupostos psicológicos, de maneira que tão somente a Psicologia decidiria os rumos que a ação pedagógica devesse tomar. Entretanto, as críticas à perspectiva psicologizadora da Pedagogia não podem negar a importância do conhecimento psicológico para a Educação. Reivindicar seu justo lugar não significa qualquer pretensão de que a Psicologia passe a direcionar a ação pedagógica. Tem-se claro que “não cabe à Psicologia normatizar a ação pedagógica e nem é a ação pedagógica uma aplicação da Psicologia” (LIMA, 1990, p.17). 
Apesar das críticas em relação às implicações da Psicologia como área de conhecimento na Educação e das sérias dificuldades de implementação das contribuições que deveriam chegar à formação de professores através da disciplina de Psicologia da Educação, os estudos apresentados sinalizam que os conhecimentos psicológicos são considerados indispensáveis ao processo educativo. Cabe, então, propor novas questões acerca de quais conhecimentos e, como devem ser trabalhados, para melhor atender às demandas dos formandos em sua prática pedagógica (GUERRA, 2000). 
As contribuições oriundas de trabalhos recentes sobre o tema revelam a necessidade de serem trabalhadas as especificidades epistemológicas da psicologia educacional e suas relações com as demais áreas de conhecimento e também a necessidade de proporcionar o conhecimento das diferentes teorias psicológicas, priorizando os fundamentos que melhor possam instrumentalizar a prática dos futuros professores, tornando-os sujeitos de seu próprio processo de desenvolvimento pessoal e profissional. 
 	 Em se tratando da formação de professores para séries iniciais, no âmbito da habilitação de 2º Grau Magistério, a produção de pesquisadores como NOVAES (1987), PIMENTA (1988), PICONEZ (1988), FUSARI e CORTESE (1989), GÓIS (1990), BAPTISTELA (1993), SILVA e DAVIS (1993), citados por LAROCCA (1999), tem denunciado a situação de desqualificação desses profissionais. Isso se dá especialmente em relação às exigências sociais de funcionalidade da formação visando às necessidades históricas de transformação social e, entre os problemas citados, ressalta-se a ausência de relação teoria e prática que dificulta que o futuro professor perceba as funções sociais dos conhecimentos veiculados nos cursos de professores. 
Segundo ROCHA (2004), a formação dos profissionais da educação não é estabelecida através da construção de análises do dia-a-dia educacional, isto é, o cotidiano não é considerado quando se estabelece normas e medidas relativas ao fazer educativo. Sendo assim, também os conteúdos de Psicologia definidos como essenciais à formação do professor não surgem da análise das necessidades da realidade escolar. 
Penso que a questão da funcionalidade da formação que vise às necessidades dos professores, para que atuem de forma adequada e eficiente é de extrema importância, que a realidade do cotidiano escolar deve ser considerada ao se definir os conteúdos contemplados nos programas das disciplinas dos cursos de formação docente, no entanto, a Psicologia como é trabalhada atualmente parece não considerar tal questão, mantendo-se teórica e distante da prática que é enfrentada pelo professor em seu dia-a-dia. Assim, o presente estudo tem como objetivo investigar se os conteúdos trabalhados em Psicologia da Educação oferecem subsídios adequados à compreensão e intervenção no cotidiano da realidade escolar e sua relevância para a formação do professor, isto é, se tais conteúdos são adequados para preparar o professor para lidar com a realidade escolar que o aguarda, considerando três aspectos fundamentais para a prática pedagógica: o desenvolvimento cognitivo e sua relação com a aprendizagem, a afetividade na relação professor / aluno e a diversidade do contexto social / humano da criança. 
I – INTRDUÇÃO A PSICOLOGIA
1.1 Conceito, objeto de estudo e métodos
	Psicologia é a Ciência que estuda o comportamento humano e os processos mentais superiores. Melhor dizendo, a Psicologia estuda o que motiva o comportamento humano, o que o sustenta, o que o finaliza e seus processos mentais.
	Os conhecimentos produzidos pela Psicologia, a complexidade e a transformação do ser humano, acabam por ampliar em grande medida sua área de atuação de atuação, possibilitando a cada área uma gama infinita de descoberta sobre o homem e seu comportamento, ou sobre o homem e suas relações. O estado psicológico humano é fundamental para desfrutar o bem individual, e por consequência do bem comum. Assim, a Psicologia busca permanentemente métodos para o desenvolvimento cognitivo, emocional e relacional dos indivíduos e sua interação social.
 Em sua origem a palavra psicologia é formada por duas palavras gregas: psique, que significa alma, e logos, que significa estudo. Portanto, etimologicamente, Psicologia significa estudo da alma.
 Com o passar do tempo, a palavra psicologia, tem sido usada para indicar o estudo da alma, da mente e/ou do comportamento. Atualmente, para a maioria dos psicólogos, indica o estudo do comportamento dos organismos.
 A Psicologia se interessa por todos os tipos de comportamento, mas pretende estudá-los na medida em que são descritíveis, isto é, alguns serão estudados diretamente e outros de modo indireto, tal como se manifestam através do comportamento observável. 
 São numerosos os procedimentos empregados pela psicologia científica para testar as hipóteses, isto é, para obter informações sobre o comportamento.
 Parece ser possível descrevê-los como combinações ou variações de cinco métodos básicos: a experimentação, a observação, os testes, os levantamentos e os estudos de caso.
A - Experimentação
 Neste tipo de estudo o pesquisador testa uma hipótese inicial através da manipulação de certos elementos: observa-se a influência de uma determinada variável, dita independente, sobre outra, chamadade variável dependente.
 Para verificar se os padrões de disciplina familiar implicam em comportamento agressivo por parte de crianças, um pesquisador poderia planejar um estudo no qual algumas famílias de crianças agressivas receberiam treinamento em técnicas melhores de disciplina (grupo experimental), e outras famílias que não receberiam nenhum treinamento (grupo controle).
 Ao final de um tempo o pesquisador poderia observar se as crianças cujas famílias haviam recebido instrução apresentavam menos comportamentos agressivos. 
 Por envolver estudos com seres humanos, o pesquisador da área de Psicologia do Desenvolvimento deve observar as normas a respeito de pesquisa, não devendo nunca deixar de lado os aspectos éticos e as implicações de seus estudos na comunidade e na vida dos sujeitos estudados.
B - Observação 
 Observa-se o sujeito em seu meio natural, ou em condições controladas, registrando-se os aspectos que interessam ao investigador.
 Em creches, podemos observar o comportamento dos bebês durante a alimentação, como interagem com outras crianças, como se comportam na ausência da mãe.
 Na sala de aula, podemos observar os alunos, seus interesses pelas disciplinas, sua relação com os colegas e professores, assim como o professor se comporta em sala de aula, como se dirige aos alunos, que recurso de ensino utiliza etc.
 Em condições naturais, o investigador procura interferir o menos possível nas situações, evitando, inclusive, revelar sua identidade para que os sujeitos a serem observados não mudem seus comportamentos em virtude da presença do investigador.
 Além da observação naturalista, há a possibilidade de realizarmos observações em condições controladas.
 Numa situação de laboratório, por exemplo, podemos estudar como uma criança se comporta quando a mãe sai da sala e retorna após alguns minutos; como uma criança age ao brincar sozinha ou quando está na companhia de outros pares, etc.
C - Levantamento
 Método também denominado de “estudo exploratório”.
	Os psicólogos interessados em estudar os costumes sociais, as variações nos costumes de uma cultura para outra, preferências de um público consumido, determinadas atitudes de uma população, e outras questões, adotam um método parecido com os usados por sociólogos, antropólogos culturais e economistas. Fazem entrevistas ou aplicam questionários e, assim, são capazes de obter informações muito significativas sobre uma determinada população e, mesmo, de demonstrar relações existentes entre o comportamento caracterizado e outros fatores ou comportamentos.
D - Testes
Podem ser aplicados quando queremos medir algum aspecto do desenvolvimento dos indivíduos, raciocínio, atenção, etc.
A opção pelo teste requer que o pesquisador escolha material adequado para a faixa etária estudada e o contexto no qual o sujeito vive, já que diferentes aspectos variam de acordo com a cultura.
Costuma-se, também, chamar de testes aos questionários e escalas, usados no método de levantamento, alguns autores consideram o levantamento como uma modalidade do método de testes.
Não se deve pensar que só existam testes de lápis e papel. Muitos são os testes que empregam outros materiais ou que exigem do sujeito respostas orais ou outras reações que não se escrevem.
Os testes têm muitos empregos, mas os principais são: predizer o êxito futuro numa atividade (como escola ou trabalho), ajuizar sobre a presença atual de determinadas proficiências e diagnosticar desajustes comportamentais.
E - Estudo de caso
		O estudo de caso tem como objetivo primordial ajudar pessoas com algum tipo de problema. Inicialmente, portanto, o psicólogo clínico ao está interessado em formular princípios gerais do comportamento, mas sim, em avaliar corretamente as dificuldades particulares do indivíduo para poder ajudá-lo, apoiado, é claro, em modelos teóricos adequados. Para auxiliar o indivíduo, o psicólogo coleta informações sobre ele. As informações são provenientes de entrevistas, mas também poderão ser utilizados testes e observação. Todos os dados, incluindo a historia passada do indivíduo, seu exame físico e ficha clínica, informações a respeito das relações familiares, dificuldades anteriores, etc., constituirão a base para o diagnóstico da dificuldade a que o psicólogo chegara sozinho ou junto a uma equipe (que pode incluir assistentes sociais, médicos e outros psicólogos).
 		Costuma-se apontar como principal valor do estudo de caso o fato de ser o único aplicável para se estudar o comportamento desajustado.
		Foi através da utilização deste método que Freud chegou a importantes generalizações sobre o comportamento humano que fundamentam a psicanálise. 
 
1.2 Desenvolvimento Histórico da Psicologia
	Compreender, em profundidade, algo que compõe o nosso mundo significa recuperar sua história. O passado e o futuro sempre estão presentes, enquanto base constitutiva e enquanto projeto. Todos nós temos uma história pessoal e nos tornamos poucos compreensíveis se não recorremos a ela, bem como à nossa perspectiva de futuro, para entendermos quem somos e por que somos de uma determinada forma.
	Esta história pode ser mais ou menos longa para os diferentes aspectos da produção humana. No caso da Psicologia, a história tem por volta de dois milênios. Este tempo refere-se à psicologia no Ocidente, que começa entre gregos, no período anterior a era cristã.
Para compreender a divesidade com que a Psicologia se apresenta hoje, é indispensavel recuperar sua história. A história de sua construção está ligada, em cada movimento histórico as exigências de conhecimento da humanidade, às demais áreas do conhecimento humano e novos desafios colocados pela realidade economica e social e pela insaciável necessidade do homem de compreender a si mesmo.
	
1.2.1 A Psicologia na Grecia
A história do pensamento humano tem um momento áureo na Antiguidade, entre os gregos particularmente no período de 700 a.C. até a dominação romana, às vésperas da era cristã. 
 Os gregos foram o povo mais evoluído nessa época. Uma produção minimamente planejada e bem-sucedida permitiu a construção das primeiras cidades-estados (pólis). A manutenção dessas cidades implicava a necessidade de mais riquezas, as quais alimentavam, também, o poderio dos cidadãos (membros da classe dominante na Grécia Antiga). Assim, iniciavam a conquista de novos territórios (mediterrâneo, Ásia Menor, chegando quase até a china, que geraram riquezas na forma de escravos para trabalhar nas cidades e na forma de tributos pagos pelos territórios conquistados).
 As riquezas geraram crescimentos exigiam soluções práticas para a arquitetura, para a agricultura e para organização social. Isso implica os avanços na Fisica, na Geometria, na teoria política (inclusive com a criação do conceito de democracia).
 Tais avanços permitiam que o cidadão se ocupasse das coisas do espírito, como a Filosofia e a Arte. Alguns homens, como Platão e Aristóteles, dedicaram-se a compreender esse espírito empreendedor do conquistador grego, ou seja, a Filosofia começou a especular em torno do homem e sua interioridade.
É entre os filósofos gregos que surge a primeira tentativa de sitematizar uma Psicologia. O próprio termo psicologia vem do grego psyché, que significa alma, e de logos, que significa razão. Portanto, etimologicamente, psicologia significa “estudo da alma”. A alma ou espirito era concebida como a parte imateial do ser humano e abarcaria o pensamento, os sentimentos de amor e ódio. A irracionalidade, o desejo, a sensação e a percepção.
Os filósofos pré-socráticos (assim chamados por antecederem Sócrates, filósofo grego), preocupavam-se em definir a relação do homem com o mundo atavés da pecepção. Discutiam se o mundo existe porque o homem o vê ou se vê um mundo que já existe. Havia uma oposição entre os idealistas (a ideia forma o mundo) e os materialistas (a matéria que forma o mundo já é dada para a percepção).
Masé com Socrátes (469-399 a.C) que a Psicologia na Antiguidade ganha consistência. Sua principal preocupação era com o limite que separa o homem dos animais. 
Desta forma, postulava que a principal característica humana era a razão. A razão permitia ao homem sobrepor-se aos instintos, que seriam a base da racionalidade. Ao definir a razão como peculiariadade do homem ou como essência humana, Socrátes abre um caminho que seria muito explorado pela Psicologia. As teorias da consciência são de certa forma, frutos dessa primeira sistematização na Filosofia.
O passo seguinte é dado por Platão (427-347 a.C) discípulo de Socrátes. Este filosófo procurou definir um “lugar” para a razão no nosso próprio corpo. Definiu esse lugar como sendo a cabeça, onde e encontra a alma do homem. A medula seria, portanto, o elemento de ligação da alma com o copo. Este elemento de ligação era necessário porque Platão concebia a alma separada do corpo. Quando alguém morria, a matéria (o copo) desaparecia, mas a alma ficava livre para ocupar outro corpo.
Aristóteles (384-322 a.C), discípulo de Platão, foi um dos mais importantes pensadores da história da Filosofia, sua constribuição foi inovadora ao postular que alma e o copo não podem ser dissociados. Para Aristóteles, a psyché seria o princípio ativo da vida. Tudo aquilo que cresce, se reproduz e se alimenta possui sua própria psyché ou alma. Desta forma, os vegetais, os animais e o homem teriam alma. Os vegetais teriam alma vegetativa, que define pela função de alimentação e reprodução. Os animais teriam essa alma e a alma sensitiva, que tem a função de percepção e movimento. E o homem teria os dois níveis anteriores e a alma racional, que tem função pensante.
Esse filósofo chegou a estudar as diferenças entre a razão, a pecepção e as sensações. Esse estudo está sistematizado no Da anima, que pode ser considerado o primeiro tratado em psicologia.
Portanto, 2.300 anos antes do advento da Psicologia científica os gregos já haviam formulado duas “teorias”: a platônica, que postulava a imortalidade da alma e a concebia separada do corpo, e a aristotélica, que afirmava a mortalidade da alma e a sua relação de pertencimento ao corpo.
1.2.2 A Psicologia no Império Romano 
A véspera da era cristã surge um novo império que iria dominar a Grécia, parte da Europa e do oriente Médio: Império Romano. Uma das principais características desse período é o aparecimento e desenvolviemento do cristianismo – uma força religiosa que passa a ser a força política dominante. Mesmo com as invasões barbáras, por volta de 400 d.C., que levam a desorganização econômica e ao esfacelamento dos territórios, o cristialismo sobrevive e até se fortalece, tornando-se a religião principal da Idade Média, período que então se iniciava.
E falar de Psicologia neste período é relacioná-la ao conhecimento religioso, já que, ao lado do poder econômico e político, a Igreja Católica também manopolizava o saber e, consequentemente, o estudo do psiquismo.
Neste sentido, dois grandes filósofos representam esse eródo: Santo Agostinho (354-430) e São Tomás de Aquino (1225- 1274).
Santo Agostinho, inspiriado em Platão, também fazia uma cisão entre alma e corpo. Entretanto, para ele, a alma não era somente a sede da razão, mas a prova de uma manifestação divina no homem. A alma era imortal por ser o elemento que liga o homem a Deus. E sendo a alma também a sede do pensamento, a Igreja passa a se preocupar também com a sua compreensão. 	São 
Tomás de Aquino viveu num período que prenunciava a ruptura da igreja Católica, o aparecimento do protestantísmo – uma época que preparava a transição para o capitalismo, com a Revolução francesa e a Revolução industrial na Inglaterra. Essa crise econômica e social leva ao questionamento da Igreja e dos conhecimentos produzidos por ela. Dessa foma, foi preciso encontrar novas justificativas para a relação entre Deus e o Homem. São Tomás de Aquino foi buscar em Aristóteles a distinção entre essência e existência. Como filósofo grego, considera que o homem, na sua essência, busca a perfeição através de sua existência. Porém, introduzindo o ponto de vista religioso, ao contrário de Aristóteles, afirma que somente Deus seria capaz de reunir a essência e a existência, em termo de igualdade. Portanto a busca de perfeição pelo homem seria a busca de Deus.	São 
Tomás de Aquino encontra argumentos racionais para justificar os dogmas da Igreja e continua garantindo para ela o monopólio do Estudo do psiquismo.
1.2.3 A Psicologia no Renascimento
 Pouco mais de 200 anos após a morte de São Tomás de Aquino, tem início uma época de transformações radicais no mundo europeu. É o Renascimento ou renascença. O mercantilismo leva a descoberta de novas terras (a América, o caminho para Índias, a rota do Pacífico), e isto propicia a acumulação de riquezas pelas nações em fomação, como a França, Itália, Espanha, Inglaterra. E a transição para o capitalismo começa a emergir uma nova forma de organização econômica e social. Dá-se, também, um processo de valorização do homem.
As transformações ocorrem em todos os setores da produção humana. Por volta de 1300, Dante escreve A Divina Comédia, entre 1.475 e 1.478, Leonado da Vinci pinta o quadro Anunciação; em 1.484, Boticelli pinta O Nascimento de Vênus; em 1.501, Michelangelo esculpe o Davi; e em 1.513, Maquiavel escreve O Príncipe, obra clássica da política.
 As ciências também conhecem uns grandes avanços. Em 1.543, Copérnico causa uma revolução no conhecimento humano mostrando que o nosso planeta não é o centro do universo. Em 1.610, Galileu estuda a queda dos corpos, realizando as primeiras experiências da Física moderna. Esse Avanço na produção do conhecimento propicia o início da sistematização do conhecimento científico. Isto é começam a se estabelecer métodos e regras básicas para a construção do conhecimento científico.
 Neste período, René Descartes (1.596-1.659) um dos filósofos que mais contribuiu com os avanços da ciência, postula a separação entre mente (alma, espírito) e corpo, afirmando que o homem possui uma substância material e uma substância pensante, e que o corpo, desprovido de espírito, é apenas uma máquina. Esse dualismo mente-corpo torna possível o estudo do corpo humano morto, o que era impensável nos séculos anteriores (o corpo era considerado sagrado pela Igreja, por ser a sede da alma) e dessa forma possibilita o avanço da Anatomia e da Fisiologia, que iria contribuir em muito para o progresso da própria Psicologia.
 
1.3 A emergência da psicologia como ciência
No século XIX, o papel da ciência destaca-se, e seu avanço torna-se necessário. O crescimento da nova ordem econômica – capitalismo – traz consigo o processo de industrialização, para o qual a ciência deveria dar respostas e soluções práticas no campo da técnica. Há então um impulso muito grande para o desenvolvimento da ciência, enquanto um sustentáculo da nova ordem econômica e social. E dos problemas colocados por ela.
Para uma melhor compreensão, retomemos algumas características da sociedade feudal e capitalista emergente, sendo esta responsável por mudanças que marcariam a história da humanidade.
Na sociedade feudal, com modo de produção voltado para a subsistência, a terra era a principal fonte de produção. A relação do senhor e do servo era típica de uma economia fechada, na qual uma hierarquia rígida estava estabelecida, não havendo mobilidade social. Era uma sociedade estável, em que predominava uma visão de um universo estático — um mundo natural organizado e hierárquico, em que a verdade era sempre decorrente de revelações. Nesse mundo vivia um homem que tinha seu lugar social definido a partir do nascimento. A razão estava submetida à fé como garantia de centralização do poder. A autoridade era o critério de verdade. Esse mundo fechado e esse universo finito refletiam e justificavam a hierarquia social inquestionável do feudo.
O capitalismo pôsesse mundo em movimento, com a necessidade de abastecer mercados e produzir cada vez mais: buscou novas matérias-primas na Natureza; criou necessidades; contratou o trabalho de muitos que, por sua vez, tornavam-se consumidores das mercadorias produzidas; questionou as hierarquias para derrubar a nobreza e o clero de seus lugares há tantos séculos estabilizados.
O universo também foi posto em movimento. O Sol tornou-se o centro do universo, que passou a ser visto sem hierarquizações. O homem, por sua vez, deixou de ser o centro do universo (antropocentrismo), passando a ser concebido como um ser livre, capaz de construir seu futuro. O servo, liberto de seu vínculo com a terra, pôde escolher seu trabalho e seu lugar social. Com isso, o capitalismo tornou todos os homens consumidores, em potencial, das mercadorias produzidas,
O conhecimento tornou-se independente da fé. Os dogmas da Igreja foram questionados. O mundo se moveu. A racionalidade do homem apareceu, então, como a grande possibilidade de construção do conhecimento. 
A burguesia, que disputava o poder e surgia como nova classe social e econômica defendia a emancipação do homem para emancipar-se também. Era preciso quebrar a ideia de universo estável para poder transformá-lo. Era preciso questionar a Natureza como algo dado para viabilizar a sua exploração em busca de matérias-primas.
Nesse período, surgem homens como Hegel, demostrando a importância da História para compreensão do homem, e Darwin, que enterra o antropocentrismo como sua tese evolucionista. A ciência avança tanto, que passa a ser referencial para a visão de mundo. A partir dessa época, a noção de verdade passa, necessariamente, a contar com o aval da ciência. A própria Filosofia adapta-se aos novos tempos, com o surgimento do Positivismo de Augusto Comte, que postulava a necessidade de um maior rigor científico na construção dos conhecimentos nas ciências humanas. Dessa forma, propunha o método da ciência natural, a Física, como modelo de construção de conhecimento.
É em meados dos séculos XIX que os problemas e temas da Psicologia, até então estudados exclusivamente pelos filósofos, passam a ser, também, investigados pela Fisiologia e pela Neurofisiologia em particular. Os avanços atingiram também essa área e levaram à formulação de teorias sobre o sistema nervoso central, demonstrando que o pensamento, as percepções e os sentimentos humanos eram produtos desse sistema.
Para se conhecer o psiquismo humano passa a ser necessário compreender os mecanismos e o funcionamento da máquina de pensar do homem – seu cérebro. Assim, a Psicologia começa a trilhar os caminhos da Fisiologia, Neuroanatomia e Neurofisiologia.
Algumas descobertas são extremamente relevantes para a Psicologia. Por volta de 1.846, a Neurologia descobre que a doença mental é fruto da ação direta ou indireta de diversos fatores sobre as células cerebrais.
A Neuroanatomia descobre que a atividade motora nem sempre está ligada à consciência, por não estar necessariamente na dependência dos centros cerebrais superiores. Por exemplo, quando alguém queima a mão em uma chapa quente, primeiro tira-se a chapa para depois perceber o que aconteceu. Esse fenômeno chama-se reflexo, e o 
estímulo que chega a medula espinhal, antes de chegar aos centros cerebrais superiores, tem lá mesmo uma ordem pra resposta, que é tirar a mão. 
O caminho natural que os fisiologistas da época seguiram, quando passavam a se interessar pelo fenômeno psicológico enquanto campo científico, era a Psicofísica. Estudavam, por exemplo, a fisiologia do olho e a percepção das cores, as cores eram estudadas como fenômeno da Física, e a percepção, como fenômeno da Psicologia. 
Por volta de 1860, temos a formulação de uma importante lei no campo da Psicofísica. É a Lei de Fechner-Weber, que estabelece a relação entre estímulo e sensação, permitindo a sua mensuração. Segundo Fechner e Weber, a diferença que sentimos ao aumentarmos a intensidade de iluminação de uma lâmpada de 100 para 110 watts será a mesma sentida quando aumentamos a intensidade de iluminação de 1000 para 1100 watts, isto é, a percepção aumenta em progressão aritmética, enquanto o estímulo varia em progressão geométrica.
Essa lei teve muita importância na história da Psicologia porque instaurou a possibilidade de medida do fenômeno psicológico, o que até então era considerado impossível. Dessa forma, os fenômenos psicológicos vão adquirindo status de científicos, porque, para a concepção de ciência da época, o que não era mensurável não era passível de estudo científico.
Outra contribuição muito importante nesses primórdios da Psicologia científica é a de Wilhelm Wundt (1832-1926). Wundt cria na Universidade de Leipzig, na Alemanha, o primeiro laboratório para realizar experimentos na área de Psicofisiologia. Por esse fato e por sua extensa produção teórica na área, ele é considerado o pai da Psicologia moderna ou científica.
Wundt desenvolve a concepção do paralelismo psicofísico, segundo a qual aos fenômenos mentais correspondem fenômenos orgânicos. Por exemplo, uma estimulação física, como uma picada de agulha na pele de um indivíduo, teria uma correspondência na mente deste indivíduo. Para explorar a mente ou consciência do indivíduo, Wundt cria um método que denomina introspeccionismo. Nesse método, o experimentador pergunta ao sujeito, especialmente treinado para a auto-observação, os caminhos percorridos no seu interior por uma estimulação sensorial (a picada da agulha, por exemplo).
 A experiência da subjetividade
Com o avanço do capitalismo e as suas formas de produção, o ser humano passa a ser tomado cada vez mais como indivíduo, isolado e livre. O capitalismo impôs sua forma de pensar cada humano como consumidor e produtor individual, livre para vender sua força de 
trabalho. Passam a ser vistos como sujeitos, ativos, capazes de escolher a trajetória de sua vida, de construir uma identidade para si e de viver, pensar e sentir sua experiência como subjetividade individualizada. Esse processo de formação da subjetividade humana se fortaleceu à medida que a produção se diversificou e que as coisas, a força de trabalho, ideias etc., se transformam em mercadorias.
Tudo ia bem, mas essa experiência subjetiva entra em crise. O sujeito, agora, desejoso de conhecer, pode não conhecer tudo. E nessa busca pela verdade, pela liberdade, surgem os conflitos. A promessa da liberdade para pensar o que quiser não se dá como todos gostariam, e os humanos, sócios em um conjunto social, começam a produzir formas de pressão e controle para garantir a manutenção e a continuidade da sociedade. 
Assim os humanos passam a ter necessidade de construir uma ciência que estudasse e produzisse visibilidade para a experiência subjetiva. Surge a Psicologia.
A Psicologia é produto das dúvidas do homem moderno, esse humano que se valorizou enquanto indivíduo e que se constituiu como sujeito capaz de se responsabilizar e escolher o seu destino.
1.5 Escolas Psicológicas Iniciais: Funcionalismo e Estruturalismo 
O berço da Psicologia moderna foi a Alemanha do final do século XIX. Wundt, Weber e Fechner trabalharam juntos na Universidade de Leipzig. Seguiram para aquele país muitos estudiosos dessa nova ciência, como o inglês Edward B. Titchner e o americano William James.
Seu status de ciência é obtido à medida que se “liberta” da Filosofia, que marcou sua história até aqui, e atrai novos estudiosos e pesquisadores, que, sob os novos padrões de produção de conhecimento, passam a: 
• definir seu objeto de estudo (o comportamento, a vida psíquica, a consciência);
• delimitar seu campo de estudo, diferenciando-o de outras áreas de conhecimento, como a Filosofia e a Fisiologia;
• formular métodos de estudo desse objeto;
• formular teorias enquanto um corpo consistente de conhecimentos na área.
Essas teorias devem obedecer aos critérios básicos da metodologia científica, isto é, deve-se buscar a neutralidade do conhecimento científico,os dados devem ser passíveis de comprovação, e o conhecimento deve ser cumulativo e servir de ponto de partida para outros experimentos e pesquisas na área.
Os pioneiros da Psicologia procuraram, dentro das possibilidades, atingir tais critérios e formular teorias. Entretanto os conhecimentos produzidos inicialmente caracterizaram-se, muito mais, como postura metodológica que norteava a pesquisa e a construção teórica.
Embora a Psicologia científica tenha nascido na Alemanha, é nos Estados Unidos que ela encontra campo para um rápido crescimento, resultado do grande avanço econômico que colocou os Estados Unidos na vanguarda do sistema capitalista. É ali que surgem as primeiras abordagens ou escolas em Psicologia, as quais deram origem às inúmeras teorias que existem atualmente.
Essas abordagens são: o Funcionalismo, de William James (1842-1910), e o Estruturalismo, de Edward Titchner (1867-1927). 
1.5.1 O Funcionalismo 
O Funcionalismo é considerado como a primeira sistematização genuinamente americana de conhecimentos em Psicologia. Uma sociedade que exigia o pragmatismo para seu desenvolvimento econômico acaba por exigir dos cientistas americanos o mesmo espírito. Desse modo, para a escola funcionalista de W. James importa responder “o que fazem os homens” e “por que o fazem”. Para responder a isto, W. James elege a consciência como o centro de suas preocupações e busca a compreensão de seu funcionamento, na medida em que o homem a usa para adaptar-se ao meio.
1.5.2 O Estruturalismo 
O Estruturalismo está preocupado com a compreensão do mesmo fenômeno que o Funcionalismo: a consciência. Mas, diferentemente de W. James, Titchner irá estudá-la em seus aspectos estruturais, isto é, os estados elementares da consciência como estruturas do sistema nervoso central. Esta escola foi inaugurada por Wundt, mas foi Titchner, seguidor de Wundt, quem usou o termo estruturalismo pela primeira vez, no sentido de diferenciá-lo do 
Funcionalismo. O método de observação de Titchner, assim como o de Wundt, é o introspeccionismo, e os conhecimentos psicológicos produzidos são eminentemente experimentais, isto é, produzidos a partir do laboratório.
 Menos de duas décadas depois, um grupo de psicólogos norte-americanos discordou tanto dos estruturalistas como dos funcionalistas, argumentado que é possível estudar cientificamente o que ocorre no interior da mente humana. Podemos observar apenas o comportamento das pessoas. Assim, com John Watson (1878-7958) surgiu o comportamento ou behaviorismo (behavior = comportamento em inglês). Esta sequência histórica – Estruturalismo, Funcionalismo, Behaviorismo – embasa e origina as principais escolas atuais da Psicologia.
1.6 Principais escolas 
As principais escolas atuais da Psicologia podem ser apreciadas na tabela a seguir:
	 Escola
	 Fundador
	 Ênfase
	 Conceitos Centrais
	 Behaviorismo
	 Watson, Pavlov 
 e Skinner
	 S(R
	 Condicionamento
	 Gestalt
	 Wertheimer, Koffka 
 e Kohler
	 Percepção Visual
	 Leis da Organização
	 Psicanálise
	 Freud – 1895
	 Inconsciente
	 Sexo e Agressão
	 Humanismo
	 Rogers - Maslow
	 Consciente
	 Livre-arbítrio
1.6.1 O Behaviorismo
O termo Behaviorismo foi inaugurado pelo americano John B. Watson, em 1913. O termo inglês behavior significa “comportamento”; por isso, para denominar essa tendência teórica, usamos Behaviorismo e, também, Comportamentalismo, Teoria Comportamental, Análise Experimental do Comportamento, Análise do Comportamento.
Watson, postulando o comportamento como objeto da Psicologia, dava a esta ciência a consistência que os psicólogos da época vinham buscando: um objeto observável, mensurável, cujos experimentos poderiam ser reproduzidos em diferentes condições e 
sujeitos. Essas características foram importantes para que a Psicologia alcançasse o status de ciência, rompendo definitivamente com a sua tradição filosófica.
Apesar de colocar o “comportamento” como objeto da Psicologia, o Behaviorismo foi, desde Watson, modificando o sentido do termo. Hoje, não se entende comportamento como uma ação isolada de um sujeito, mas, sim, como uma interação entre aquilo que o sujeito faz e o ambiente onde o seu “fazer” acontece. Portanto, o Behaviorismo dedica-se ao estudo das interações entre o indivíduo e o ambiente, entre as ações do indivíduo (suas respostas) e o ambiente (as estimulações). É o homem tomado como produto e produtor das interações.
O mais importante dos behavioristas que sucedem Watson é B. F. Skinner (1904-1990).
A base da corrente skinneriana está na formulação do comportamento operante. Antes, vamos definir comportamento reflexo ou respondente.
Comportamento respondente ou reflexo é o que usualmente chamamos de não-voluntário e inclui as respostas eliciadas (produzidas) por estímulos antecedentes do ambiente. Como exemplo, podemos citar a contração das pupilas (resposta incondicionada) sob a incidência de luz forte (estímulo incondicionado).
Interações desse tipo também podem ser provocadas por estímulos que, originalmente, não eliciavam respostas em determinado organismo. Quando tais estímulos são temporalmente pareados com estímulos eliciadores podem, em certas condições, eliciar respostas semelhantes às destes. A essas novas interações, chamamos também de reflexos, que agora são condicionados (aprendidos) devido a uma história de pareamento, o qual levou o organismo a responder a estímulos que antes não respondia.
Reflexos Condicionados:
A noção de reflexo condicionado foi construída por obra do acaso. Para estudar as glândulas digestivas de cães, Pavlov inventou um método de exposição cirúrgica no qual as secreções digestivas, como a saliva poderia ser coletada, observadas e medidas fora do corpo do animal. Para estimular a produção de saliva, colocava comida na boca do animal, que era mantido acordado. Entretanto, com o tempo, começou a notar que os Cães tendiam a salivar mesmo antes de terem o contato direto do alimento (estímulo) com a boca. Percebeu que o animal salivava quando via a pessoa que costumava trazer a comida para a sala de cirurgia ou, mesmo, em outros momentos, quando ouvia seus passos. Pavlov considerou que se isso ocorria era porque esses outros estímulos (a visão do assistente, os 
sons de seus passos) tinham sido associados à ingestão de alimento. Depois de alguns estudos definiu como reflexo incondicionado ou inato uma resposta reflexa a um determinado estímulo, sem que tivesse sido, portanto, necessário um período especial de aprendizagem prévia (salivar com a comida na boca). Salivar diante da visão do assistente ou de seus passos, ou mesmo, diante da visão do próprio alimento não é uma resposta inata, mas que tem que ser aprendida. Chamou-a de reflexo condicionado porque dependia de uma conexão entre a visão da comida e sua subsequente ingestão, ou a ela estava condicionada.
Um experimento típico que realizava era o seguinte: Apresentava o estímulo condicionado ao animal (uma luz acesa, por exemplo). Imediatamente apresentava o estímulo não condicionado (a comida). Depois de sucessivas experimentações pareando luz e comida, o animal salivava diante da luz sem a presença do alimento. O animal estava, então, condicionado a responder diante de estímulos não condicionados (como a luz). Concluiu que o reforço era necessário para que a aprendizagem ocorresse.
Pavlov e seus associados estudaram, na formação da resposta condicionada, fenômenos correlatos como o reforço, a extinção, a generalização, a discriminação e o condicionamento de ordem superior, todos esses termos são muito conhecidos na Psicologia atual.
Skinner começou o estudo do comportamento pelo comportamento respondente e no desenvolvimento do seu trabalho teorizou sobre um outro tipo de relação do indivíduo com seu ambiente, a qual viria a ser nova unidade de análise de sua ciência: o comportamento operante.
Comportamentooperante é o comportamento voluntário e abrange uma quantidade muito maior da atividade humana – desde os comportamentos do bebê de balbuciar, até os comportamentos mais sofisticados que o adulto apresenta. O comportamento operante diz Keller “inclui todos os movimentos de um organismo dos quais se possa dizer que, em algum momento, têm um efeito sobre ou fazem algo ao mundo em redor. O comportamento operante opera sobre o mundo, por assim dizer, quer direta, quer indiretamente”. Ler este texto, namorar, tocar violão... são todos exemplos de comportamento operante. O condicionamento do comportamento operante tem seus fundamentos na Lei de Efeito, de Thorndike.
A ideia é de que a aprendizagem de uma ação apropriada ou operante pode ser reforçada – fortalecida – se a ação for seguida de uma consequência agradável. Isto aumenta a probabilidade da ação ocorrer novamente. No condicionamento operante, o reforçamento pode ser positivo ou negativo. Se positivo, a ação é diretamente recompensada, aumenta a probabilidade futuro da resposta que o produz, se negativo, ela é indiretamente recompensada pela remoção ou afastamento de algo desagradável, aumenta a probabilidade da resposta que o remove ou atenua.
Outros processos foram sendo formulados pela análise Experimental do comportamento, como a extinção e a punição.
Extinção é um procedimento no qual uma resposta deixa abruptamente de ser reforçada. Como consequência, a resposta diminuirá de frequência e até mesmo poderá deixar de ser emitida.
O tempo necessário para que a resposta deixe de ser emitida dependerá da história e do valor do reforço envolvido.
Punição é outro procedimento importante que envolve a consequência de uma resposta quando há apresentação de um estímulo aversivo ou remoção de um reforçador positivo presente.
Os dados de pesquisa mostram que a supressão do comportamento punido só é definitiva se a punição for extremamente intensa, isto porque as razões que levaram à ação – que se pune – não são alteradas com a punição.
Punir ações leva à supressão temporária de resposta sem, contudo, alterar a motivação.
1.6.2 A Gestalt - Psicologia da Forma 
A Psicologia Da Gestalt originou-se na Alemanha, entre 1910 e 1912. A tradução da palavra alemã “Gestalt” é complexa e os termos, em português, que mais se aproximam de sua tradução seriam “forma”, “configuração”.  Os três pesquisadores que marcaram essa corrente teórica foram Marx Wertheimer, Kurt Koffka e Wolfgang Köhler. Esses pesquisadores embasaram-se nos estudos psicofísicos – os quais relacionaram a forma e sua percepção. Seus experimentos iniciaram-se com relação à percepção e sensação do movimento. Visavam entender os processos psicológicos envolvidos na ilusão de ótica, quando o estímulo físico percebido pelo sujeito possui uma forma diferente da que corresponde à realidade.
O fundador da Psicologia da Gestalt, Wertheimer, tomou por objeto a análise e compreensão do movimento aparente. Realizou experiências com dois pontos de luz, acendendo e apagando as duas luzes no escuro, em diferentes intervalos de tempo entre o acender de uma lâmpada e o apagar de outra e também em diferentes velocidades nesse intervalo. O pesquisador chegou à conclusão de que o movimento percebido nas luzes se dava na mente do sujeito, através da ilusão de ótica.
Kurt Koffka, psicólogo alemão, foi responsável por difundir a Psicologia da Gestalt nos Estados Unidos através de palestras que dava nas Universidades. Nesta época, a Psicologia americana centrava-se no Positivismo, e assim sendo, a Gestalt sofreu duras críticas. Köhler foi também pesquisador da Psicologia da Gestalt e desenvolveu pesquisas com macacos na época da Primeira Grande Guerra. Este pesquisador visava conhecer a capacidade mental dos macacos. Em 1935, tornou-se o presidente da APA (Associação Psicológica Americana).
A teoria da Gestalt tem como ponto inicial e principal objeto a percepção. De acordo com os gestaltistas, o processo da percepção encontra-se entre os estímulos fornecidos pelo meio e a resposta do indivíduo. Destarte, o que é percebido pelo indivíduo e como é percebido são importantes elementos para que se possa compreender o comportamento humano. Assim como para o Behaviorismo, a Gestalt entende a Psicologia como uma ciência que estuda o comportamento, todavia, com suas diferenças teóricas – os behavioristas estudavam o comportamento pela relação estímulo-resposta e desconsideravam os conteúdos conscientes devido à impossibilidade de controla-los de modo científico. De acordo com os gestaltistas, o comportamento deveria ser observado em seus aspectos mais globais e deveria haver a consideração das condições que alteram a percepção do estímulo. Como justificativa a essa teoria, embasavam-se na teoria do isomorfismo – esta pressupunha uma ideia de unidade no universo e pressupunha que a parte sempre se relacionava ao todo. Quando se vê somente a parte de um determinado 
objeto, por exemplo, há a tendência da restauração do equilíbrio da forma e isso garante que se entenda o objeto que se está percebendo. “Esse fenômeno da percepção é norteado pela busca de fechamento, simetria e regularidade dos pontos que compõem uma figura (objeto)” (TEIXEIRA, 2007, p.60).
É nos fenômenos da percepção que a Gestalt descobre as condições para a compreensão do comportamento do homem. A maneira como se percebe o estímulo provocará o comportamento humano. Vale explicitar alguns princípios fundamentais e a partir dos quais a percepção se configura:
 1)” o todo é mais do que a soma das partes”; 2) princípio de fechamento; 3) princípio de proximidade; 4) princípio de semelhança; 5) a relação entre figura e fundo.
 Faremos algumas breves explanações acerca destes princípios respectivamente.
O princípio número 1 significa que ao se observar um objeto, há a tendência de se perceber a totalidade do objeto. O princípio número 2 afirma que há a tendência de se buscar na memória algum elemento que seja próximo do objeto, na questão de conteúdo e forma, para facilitar a compreensão do mesmo.  O princípio número 3 significa que, ao se perceber um objeto, há a tendência de que ele seja agrupado de acordo com a relação de proximidade que ele possui com outro objeto. O princípio número 4 diz da tendência do homem de agrupar os elementos de acordo com suas semelhanças. Por fim, na relação figura/fundo, uma parte emerge do todo e se discrimina do resto da gravura. A parte que emerge é a figura e os outros elementos são o fundo. Assim, o objeto que se percebe de modo imediato é sempre a figura.
O conceito de insight é de suma importância para a Gestalt. É definido como um evento cognitivo no qual a relação e a ligação de eventos psicológicos conferem forma à figura e fazem com que o sujeito compreenda a figura formada.
Como se pode observar, gestaltistas eram também adeptos da concepção inatista do homem e do apriorismo kantiano. Não obstante, o comportamento cognitivo do homem seria resultado de estruturas inatas – às quais são inerentes ao sujeito. De acordo com esta perspectiva, a aprendizagem é determinada pela capacidade de perceber do sujeito e também por um sistema nervoso maduro. A aprendizagem ocorre, pois, de dentro para fora e liga-se à prontidão que o aluno tem em aprender. A prontidão, por sua vez, depende da maturação neurológica do aluno e é esta que determina a motivação e o interesse do aluno durante a aprendizagem. O trabalho do professor, dentro desta perspectiva teórica, seria o de dar auxílio ao aluno, seria o de reorganizar o campo de percepção daquele de acordo com o conteúdo.
1.6.3 A Psicanálise
As teorias científicas são produtos históricos criados por homens concretos, que vivem o seu tempo e contribuem ou alteram o desenvolvimento do conhecimento.
Sigmund Freud (1856-1939) foi um médico vienense que alterou, radicalmente, o modo de pensar a vida psíquica.
Ousou colocar os “processos misteriosos” do psiquismo: as fantasias, os sonhos, os esquecimentos, a interioridade do homem, como problemascientíficos.
A investigação sistemática desses problemas levou à criação da Psicanálise.
O termo psicanálise é usado para se referir a uma teoria, a um método de investigação e a uma prática profissional.
Freud publicou uma extensa obra relatando suas descobertas e formulando leis gerais sobre a estrutura e o funcionamento da psiquê humana.
A psicanálise, enquanto método de investigação caracteriza-se pelo método interpretativo, que busca o significado oculto daquilo que é manifesto por meio de ações e palavras ou pelas produções imaginárias, como os sonhos, os delírios, as associações livres, os atos falhos.
A prática profissional refere-se à forma de tratamento – a Análise – que busca o autoconhecimento ou a cura, que ocorre através desse autoconhecimento.
Atualmente, é utilizada como base para psicoterapias, aconselhamento, orientação; é aplicada em trabalho com grupos, instituições.
Especializado em neurologia, Freud clinicava utilizando a sugestão hipnótica (e consequente liberação das reações emotivas associadas ao evento traumático) como principal instrumento de trabalho na eliminação dos sintomas dos distúrbios nervosos.
Aos poucos, abandonou a hipnose e desenvolveu a técnica da ‘concentração’, na qual a rememoração sistemática era feita por meio da conversação normal.
Por fim, abandona as perguntas e a direção da sessão para se confiar por completo à fala desordenada do paciente.
Passou a observar que, muitas vezes, os pacientes ficavam embaraçados ou envergonhados com algumas ideias ou imagens que lhes ocorriam. A essa força psíquica que se opunha a tornar consciente, a revelar um pensamento, Freud denominou resistência.
E chamou de repressão o processo psíquico que visa encobrir, fazer desaparecer da consciência, uma ideia ou representação insuportável e dolorosa que está na origem do sintoma que falaremos no decorrer do texto.
Primeira Teoria do Aparelho Psíquico
Ao longo de sua vida, Freud retornou diversas vezes alguns conceitos centrais de sua teoria, ampliando ou apontando novos rumos. A primeira tópica da teoria freudiana do aparelho psíquico pode ser resumida como “modelo topográfico” ou seja, o modelo que localiza as instâncias do psiquismo e os conteúdos que nelas se alocam. Apresentado em 1900, no livro Interpretação dos sonhos, Freud propõe a existência de:
Uma instância inconsciente – sede dos conteúdos reais ou fantasiosos expulsos da consciência e mantidos através dos mecanismos de recalcamento e repressão.
O pré-consciente – depositário dos conteúdos que não estão presentes na consciência neste momento, mas que podem vir a estar em seguida.
Por fim o consciente – que representa a instância caracterizada essencialmente pelo fenômeno de percepção do mundo exterior e da racionalidade.
Segundo Freud, grande parte do material recalcado só poderia ter acesso ao consciente se viesse de forma disfarçada, de modo a não tornar conhecido o desejo.
Segunda Teoria do Aparelho Psíquico
 Esta teoria foi elaborada entre 1920 e 1923. É também chamada de segunda tópica. Freud permanece com os conceitos já apresentados, mas amplia a noção de dinâmica do aparelho psíquico, acrescentando a ele três estruturas da personalidade que recebem o nome de id, ego, e superego. Estas três estruturas concorrem continuamente pelas energias psíquicas disponíveis e possuem funcionamentos distintos, embora causando interferências entre si.
O id representa o núcleo primitivo da personalidade. Está presente na estrutura da personalidade do indivíduo desde o seu nascimento. É considerada a sede dos impulsos. Comparado por Freud a um “caos” ou “instância efervescente”, não possui organização lógica e permite a coexistência de impulsos contraditórios (desejo e ódio pelo mesmo objeto). Por não se basearem numa temporalidade real e objetiva, os impulsos e experiências reprimidos podem permanecer ali inalterados, indefinidamente. Sua forma de 
funcionamento é inconsciente, não atendendo a princípios morais, uma vez que é inteiramente regido e controlado pelo princípio do prazer. O id não distingue entre fantasia e realidade. Outras características significativas do id são a busca constante por prazer e satisfação e a intolerância à frustração.
O ego emerge nas crianças em desenvolvimento a partir de uma diferenciação do id, após o primeiro ano de vida, à medida que a experiência psíquica revela ao sujeito uma realidade externa, à parte de suas próprias necessidades e desejos. Uma das principais 
tarefas do ego é localizar possibilidades para satisfazer às exigências do id. Todavia o ego também responde às demandas do meio externo. É regido pelo princípio da realidade, é lógico, racional, temporal e representa a sede do conteúdo consciente.
O superego representa a estrutura que funciona tendo por base a internalização das proibições, dos limites, da autoridade e dos valores morais no psiquismo. Funciona a partir do princípio moral. Freud atribui ao superego o surgimento do sentimento de culpa, derivado dos mecanismos de punitivos dirigidos ao ego, quando este é julgado inadequado em alguma concessão aos impulsos do id. O superego, além de sancionar o ego em seu esforço de buscar equilíbrio à vida psíquica, opõe-se aos impulsos do id, estabelecendo, dessa forma, uma estrutura de personalidade dinâmica e conflituosa. Sua estrutura ocorre de modo predominantemente inconsciente.
Nesta proposição, Freud explica o funcionamento neurótico a partir dos esforços do ego em “[...] servir a três amos duros (id, superego, e realidade)”, na tentativa de conciliar as exigências dos três. Quando mais intensos os conflitos, tanto mais energia psíquica é necessária para resolvê-los. Por conseguinte, menos energia torna-se disponível para investimento em outras demandas, como pensamento racional e criatividade. Visto que o ego reconhece o perigo de expressar os impulsos primitivos, ele sente ansiedade quando pressionado pelo id. Para reduzir a ansiedade, o ego pode banir os impulsos da percepção e redirecioná-los para canais aceitáveis ou expressá-los para canais aceitáveis ou expressá-los diretamente. Se o ego ceder ao id em impulsos inaceitáveis, o superego tenderá a punir o ego gerando um sentimento de culpa e inferioridade. Neste processo, o ego desenvolve mecanismo de defesa, modalidades de comportamento que aliviam a tensão a fim de evitar um colapso estrutural. Quando os mecanismos utilizados não respondem aos fins esperados, ou mesmo quando são usados inapropriada ou exageradamente, poderá se desenvolver um quadro de sofrimento psíquico, de natureza neurótica ou psicótica.
1.6.4 O Humanismo
O enfoque da psicanálise no inconsciente, e seu determinismo, e o enfoque na observação apenas do comportamento, pelo behaviorismo, foram as críticas mais fortes dos novos movimentos de Psicologia surgidos no meio do século XX. Na verdade o humanismo não é uma escola de pensamento, mas sim um aglomerado de diversas correntes teóricas. Em comum elas têm o enfoque humanizador do aparelho psíquico, em outras palavras elas focalizam no homem como detentor de liberdade, escolha, sempre no presente. Traz da filosofia fenomenológica existencial um extenso gabarito de ideias. Foi fundada por Abraham Maslow, porém a sua história começa muito tempo antes.
A Gestalt foi agregada ao humanismo pela sua visão holística do homem, sendo importante campo da Psicologia, na forma de Gestalt-Terapia. Mas foi Carl Rogers, um psicanalista americano, um dos maiores exponenciais da obra humanista. Ele, depois de anos a finco praticando psicanálise, notou que seu estilo de terapia se diferenciara muito da terapia psicanalítica. Ele utilizava outros métodos, como a fala livre, com poucas intervenções, e o aspecto do sentimento, tanto do paciente, como do terapeuta. Deu-se conta de que o paciente era detentor de seu tratamento, portanto não era passivo, como passa a ideia de paciente, denominando então este como cliente. Era a terapia centrada no cliente (ou na pessoa) Seus métodos foram usados nosmais vastos campos do conhecimento humano, como nas aulas centradas nos alunos, etc. 
Apresentou três conceitos, que seriam agregados posteriormente para toda a Psicologia. Estes eram a congruência (ser o que se sente, sem mentir para si e para os outros), a empatia (capacidade de sentir o que o outro quer dizer, e de entender seu sentimento), e a aceitação incondicional (aceitar o outro como este é, em seus defeitos, angústias, etc.). Erik Erikson, também psicanalista, trouxe seu estudo sobre as oito fases psicossociais, em detrimento às quatro fases psicossexuais de Freud, onde todas as fases eram interdependentes, e não necessariamente determinam as fases posteriores; para ele o homem sempre irá se desenvolver, não parando na primeira infância. Viktor Frank, com sua logoterapia, veio a acrescentar os aspectos da existência humana, e do sentido da vida, onde um homem, quando sente este vazio de sentido na vida, busca auxílio, pois não se sente confortável em viver sem sentido ou ideais. Diz também que eventos muito fortes podem adiantar a busca pelo sentido da vida. Tais eventos podem criar desconforto, trauma intenso, mas podem criar um aspecto de fortaleza no indivíduo.
Maslow trouxe, para a psicologia que havia fundado, estes autores, agregando, ainda seus estudos sobre a pirâmide de necessidades humanas. Para ele, as necessidades fisiológicas precisam ser saciadas para que se precise saciar as necessidades de segurança. Estas, se saciadas, abrem campo para as necessidades sociais, que se saciadas, abrem espaço para as necessidades de autoestima. Se uma destas necessidades não está saciada, há a incongruência. Quando todas estiverem de acordo, abre-se espaço para a auto-realização, que é um aspecto de felicidade do indivíduo. Esta é hoje a terceira grande força dentro da psicologia.
1.7 Áreas de atuação
 Um psicólogo poderá exercer sua profissão em muitas áreas diferentes. As principais são as seguintes:
Psicologia Clínica
Psicologia Escolar 
Psicologia Organizacional 
 Psicologia Clínica: é uma área de forte concentração do fazer psicológico. O psicólogo clínico atende pessoas individualmente em consultório. Pode atuar em hospitais ou empresas, promovendo a saúde mental. Exerce a prática da psicoterapia em suas várias modalidades.
Psicologia Escolar: o psicólogo escolar trabalha com alunos e professores. Pode ajudar alunos em relação a problemas de aprendizagem ou de conduta escolar/familiar. Pode contribuir para melhoria da relação professor x aluno ou professor x direção.
Psicologia Organizacional: o psicólogo organizacional faz recrutamento e seleção nas empresas em geral, utilizando entrevistas e testes psicólogos diversos, também chamados psicotécnicos.
	Além destas áreas tradicionais, existem psicologias do esporte, do trânsito, social, comunitária, etc.
1.8 Processos mentais superiores
Os processos mentais superiores interligam-se e ocorrem simultaneamente em nossa mente. Os mais importantes podem ser sintetizados pela palavra chave SACOPAMMALICIP, quais sejam:
	S
	SENSOPERCEPÇÃO
	A
	ATENÇÃO
	C
	CONSCIÊNCIA
	O
	ORIENTAÇÃO
	P
	PENSAMENTO
	A
	AFETO
	M
	MOTIVAÇÃO
	M
	MEMÓRIA
	A
	AÇÃO
	L
	LINGUAGEM
	I
	INTELIGÊNCIA
	C
	CRIATIVIDADE
	I
	INTUIÇÃO
	P
	PERSONALIDADE
 	 Para efeitos de estudo, os processos mentais superiores são abordados como se fossem entidades independentes. Eles resultam do funcionamento do cérebro, especificamente do córtex, fina camada acinzentada que envolve o encéfalo. 
 O córtex é constituído pelas células nervosas, também chamadas neurônios. Os neurônios interligam-se com seus vizinhos em ligações chamadas sinapses. 
 	As sinapses ocorrem devido a existências de minúsculas partículas, os neurotransmissores. Desse modo toda atividade da nossa mente (pensar, agir, sentir, perceber, etc.) é um resultado da neurotransmissão.
 Devido à brevidade desta síntese, destacamos e explicamos apenas alguns processos mentais superiores.
Sensopercepção
As informações relacionadas aos fenômenos do meio externo e ao estado do organismo são processadas nos níveis das sensações e da percepção. 
Ambas constituem um processo contínuo, desde a recepção do estímulo até a interpretação da informação pelo cérebro, valendo-se dos conteúdos nele armazenados, onde sensação é entendida como uma simples consciência dos componentes sensoriais e das dimensões da realidade (mecanismo da recepção da informação), enquanto a percepção supõe as sensações acompanhadas dos significados que lhes atribuímos como resultado de nossa experiência anterior (mecanismo de interpretação de informações). 
 A sensopercepção é o processo de organizar e interpretar dados sensoriais recebidos (sensações) para desenvolvermos a consciência do ambiente que nos cerca e de nós mesmos, bem como do ponto de vista social, o processo pelo qual formamos impressões a respeito de uma pessoa ou grupo de pessoas. 
 Este processo depende diretamente dos nossos cinco sentidos clássicos: visão, audição, tato, olfato e paladar.
 
 Motivação e emoção
 Motivação e emoção são abordadas em conjunto, pois estas duas palavras possuem a mesma origem etimológica: originam-se de Mov (do latim, movimento). Assim, a motivação e a emoção são importantes propulsores do nosso comportamento.
Vergara define motivação como:
“Uma força, uma energia, que nos impulsiona na direção de alguma coisa” (...) que “nasce de nossas necessidades interiores”.
 A motivação é singularmente única em cada pessoa. Refere-se a um conjunto de fatores que originam, sustentam e dirigem o comportamento humano. A motivação não pode ser diretamente observada: inferimos sua existência observando o comportamento. 
 Podemos dizer que um comportamento motivado caracteriza-se pela energia relativamente forte nele utilizada e por dirigir-se a um objetivo ou meta específica. Toda pessoa possui dentro de si sua própria motivação. Desse modo, a motivação é interna, inerente ao próprio indivíduo.
 A emoção também corresponde a estados internos que não podem ser diretamente observados ou medidos, mas sim inferidos através do comportamento. São expressões afetivas acompanhadas de reações intensas e breves do organismo, em resposta a acontecimentos esperados ou não. 
As emoções possuem três componentes:
Subjetivos, como cognições e sensações (raiva, ansiedade, felicidade, algo agradável ou algo desagradável);
Fisiológicos (reações orgânicas: coração batendo forte, sintomas gastrointestinais, tremor, lágrimas);
Comportamentais (verbalização, gestos, posturas, expressões faciais, ações).
 O ser humano não existiria sem a vivência das emoções em todos os estados da mente. Viver é um eterno emocionar-se ao relacionar-se com os outros. Vida é emoção, e emocionar-se é viver a plenitude do sentir. 
 Não existe o pensar fora de um sentir orgânico: o que ocorre são diferentes intensidades do sentir e diferentes comprometimentos ou níveis de formulações racionais. 
Assim como os outros primatas (chimpanzé, gorila), possuímos três pares de emoções básicas, quais sejam:
 Amor x ódio
 Alegria x tristeza 
 Coragem x medo
Existem outras emoções (ou sentimentos) tipicamente humanas, tais como: ciúme, vergonha, culpa, inveja, etc.
 O estado emocional de uma pessoa é determinante de sua saúde geral. Segundo a medicina, mais de 80% de todas as doenças são de origem psicossomática, ou seja, estados emocionais negativos adoecem, enquanto estados mentais positivos preservam a saúde.
 Inteligência
 A inteligência humana é o processo mental tal que tem possibilitado nossa evolução cultural. Não existiria civilização, ciência e tecnologia, sem esta capacidade de criar, descobrir e inventar.
	No início do século XX, o psicólogo francês Alfred Binet desenvolveu testes psicológicos para medir a inteligência humana.Criou-se o conceito de Q. I. (quociente de inteligência). A Universidade de Stanford aperfeiçoou o trabalho de Binet, sugerindo a Classificação pelo Q. I. de Satanford-Binet, onde 100 é a inteligência média; acima de 140 é gênio e abaixo de 70 é deficiência mental.
	Os autores definem inteligência destacando vários fatores, onde quatro são fundamentais:
 Capacidade de adaptação;
 Capacidade de resolver problemas;
 Capacidade de aprender;
 Capacidade de pensar abstratamente.
 Howard Gardner, no início dos anos 90, desenvolveu o conceito de inteligências múltiplas, postulando que possuímos oito tipos de inteligência, quais sejam:
 Inteligência linguística: habilidade para compreender as palavras, falar, ler e escrever.
Inteligência lógico-matemática: facilidade em lidar com números e fazer cálculos.
Inteligência espacial: capacidade de compreender mapas e orientar-se no espaço.
Inteligência musical: capacidade de tocar instrumentos e criar novas melodias.
Inteligência corporal: habilidades em futebol, basquete, vôlei, etc...
Inteligência naturalista: compreensão do ambiente de modo ecológico.
Inteligência intrapessoal: capacidade de autoconhecimento.
Inteligência interpessoal: habilidade de relacionar-se com as pessoas, fazer amizades.
	Estes oito tipos de inteligência demonstram que as pessoas normalmente se destacam em dois ou três tipos, são medianas em outros dois ou três, e abaixo da média nos demais. 
Não encontraremos um grande gênio da humanidade que seja genial em todos os oito tipos de inteligência. Mozart é um gênio da inteligência musical. Einstein é um gênio da inteligência espacial e matemática. Pelé é um gênio da inteligência corporal.
 Personalidade
 	Personalidade é um dos conceitos mais amplos em psicologia, pois abrange todos os tópicos estudados por esta ciência, como: o físico, as influências sociais, as emoções, a aprendizagem, as motivações, etc. 
Em termos práticos, podemos dizer que personalidade é o jeito de ser de cada indivíduo, e se divide em perceber, pensar, agir, e sentir.
 Os conceitos de personalidade mais utilizados pelos autores são:
Organização dinâmica dos fatores biológicos, psicológicos e sociais, que determinam o modo de pensar, agir, e sentir de cada pessoa;
 Padrões relativamente constantes, peculiares e duradouros de perceber, pensar, sentir e comportar-se;
Conjunto total de características próprias do indivíduo que, integradas, estabelecem a forma pela qual ele reage costumeiramente ao meio.
 A personalidade se estrutura sob a ação da hereditariedade e do meio. O homem, ao nascer, ainda não possui um modo característico e distintivo de se comportar, embora seja uma combinação genética única.
 A configuração única da personalidade de um indivíduo desenvolve-se a partir de fatores genéticos e ambientais. Os fatores genéticos exercem sua influência através da estrutura orgânica e da maturação. Os fatores ambientais começam a influenciar a formação da personalidade já na vida intrauterina. 
 Deste modo, o homem nasce com determinada carga genética que vai servir de alicerce ao edifício a ser construído. Entretanto são os grupos sociais (família, igreja, escola) que ocasionam influências decisivas na formação da personalidade humana.
 Neles o homem adquire hábitos, ideias, opiniões, condicionamentos, traumas, sentimentos e emoções.
	 	Nos transtornos mentais mais comuns o indivíduo apresenta um sintoma ou vários, por exemplo: 
 Tem um medo intenso de sair de casa ou de ir da sala para o banheiro
 sozinho;
 Não consegue dormir à noite; 
 Não articula com lógica um raciocínio sobre determinado assunto; 
 Tem intermináveis monólogos com figuras ou objetos imaginários, utilizando frases desconexas; 
Ouve vozes que o aconselham e o apavoram; 
Ora está muito eufórico e, no momento seguinte, fica muito deprimido e se recusa ao contato com os outros. 
		Esses sintomas podem ser agrupados de diferentes formas, sendo identificados em quadros clínicos que recebem nomes específicos como: neurose, histeria, psicose, esquizofrenia.
 	 As psicoses são distúrbios de personalidade que comprometem o afeto, o pensamento e a percepção de si mesmo e do mundo. Ocorre uma perturbação intensa e uma ruptura entre o indivíduo e a realidade. 
 As neuroses referem-se a distúrbios da personalidade onde permanecem íntegros o afeto e o pensamento, mas a relação com o mundo encontra-se alterada. Desse modo, as psicoses são mais graves do que as neuroses.
II – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PERSONALIDADE
Personalidade é um termo que apresenta muitas variações de significado. Em geral dá uma noção da unidade que integra o ser humano. No senso comum é usada para se referir a uma característica marcante da pessoa, como timidez ou extroversão, por exemplo, ou ainda para se referir a alguém importante ou ilustre: "uma personalidade".
Popularmente, a personalidade atribuída a uma pessoa pode definir, para o senso comum, se esta pessoa é boa ou má. A psicologia evita este juízo de valor. A personalidade seria um conjunto de características que diferenciam os indivíduos. Estes atributos seriam permanentes e diz respeito à constituição, temperamento, inteligência, caráter, um jeito específico de se comportar. Para a teoria, o conceito de personalidade, significa a organização dinâmica, isto é, em constante mudança, dos seguintes aspectos: habilidades, atitudes, crenças, emoções, desejos, e ao modo constante e particular do indivíduo perceber, pensar, sentir e agir. Refere-se também uma "personalidade básica", que seriam as atitudes, tendências, valores e sentimentos dos membros de uma sociedade ou comunidade, o que existe em comum em todas as personalidades, independente das diferenças entre os indivíduos e dos fatores culturais, códigos e regras sociais ou consenso de comportamento.
 A personalidade pressupõe a possibilidade de um indivíduo se diferenciar, ser original e ter particularidades. É estruturada tendo como base as diferentes condutas e regras ou códigos definidos e aceitos como disposições dos indivíduos (organizados de maneira global e dando uma consistência e unidade estrutural). Os conteúdos desta estruturação são relacionados com as experiências e vivências concretas das pessoas no meio onde vivem seus aspectos culturais, educacionais, religiosos, hábitos, crenças e heranças fisiológicas, raça, cor, etc. Através desta ideia pode-se predizer o que a pessoa fará em determinada situação, pode-se ter ideia de como ela reagiria. Podemos interpretar que o indivíduo formado fisiologicamente é repetitivo, isto é, responde mais ou menos da mesma maneira e reage da mesma forma aos mesmos estímulos, transparecendo a sua personalidade.
Nem todas as teorias trabalham com este conceito porque ele tem uma noção implícita de estrutura, de estabilidade e, portanto de características que não mudam. No entanto, ela é fruto de uma organização progressiva do ser humano e não apenas entendida como um fenômeno em si. Ela evolui de acordo com a organização interna do indivíduo. A psicanálise afirma que a estrutura da personalidade já está formada aos quatro ou cinco anos de Idade, entretanto para Piaget, ela começa a se formar entre os oito e doze anos. O caráter, temperamento e os traços de personalidade são termos que se referem a esta noção. Observa-se que alguns distúrbios podem se relacionar à personalidade, gerando conceitos patológicos, como é o caso da personalidade múltipla.
Conceitualmente, podemos entender o caráter como sendo os aspectos morais, as reações afetivas, a aceitação, a renúncia, a tolerância ou o repúdio as leis impostas pelo convívio em sociedade, regras de comportamento, modelos educacionais, isto para o que se refere ao senso comum, como também, sendo o que diferencia um indivíduo do outro. O temperamento, sendo o que sinaliza a emotividade, advindo de aspectos hereditários e da fisiologia

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