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resumo psic personalidade

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O que é a personalidade? A personalidade pode ser definida como as causas subjacentes do comportamento e da experiência individual que existem dentro da pessoa. 
Cloninger, S. 1999. - Podemos escolher entre classificar as pessoas dentro de um número limitado de grupos – utilizando uma abordagem por tipos; ou decidir que dimensões são necessárias e descrever as pessoas dizendo quantas dimensões básicas elas possuem – esta seria uma abordagem por traços.
Abordagem por tipos: Os tipos de personalidade são categorias de pessoas com características similares. Em geral, um pequeno número de tipos é suficiente para descrever todas as pessoas. Cada pessoa é ou não é membro de uma categoria de tipos. 
Intolerante- Raiva 				Paternalista- Orgulho
Performance- vaidade 			Crítica- Inveja
Eminência parda- Avareza	 	Controladora- Medo
Inovadora- Guia 				Autoritária- Luxuria
Anticonflito- Indolência
Abordagem por traços: Os teóricos da personalidade preferem, com mais frequência, medidas quantitativas. Tais medidas atribuem a cada pessoa um escore, que pode ser o mais baixo, o mais alto ou qualquer outro valor intermediário. Um traço de personalidade é uma característica que distingue uma pessoa de outra e que a leva a se comportar de maneira mais ou menos coerente. Os traços são amplamente utilizados nas descrições cotidianas da personalidade. 
Em comparação com os tipos, os traços abarcam um leque menor de comportamentos. Os traços permitem uma descrição mais precisa da personalidade. São necessários mais traços do que tipos para descrever a personalidade. Estudos já listaram mais de 18 mil traços de personalidade. 
A questão é: 
Precisamos realmente de tantos traços?
Comparar pessoas ou estudar indivíduos?
Abordagens nomotéticas: Permitem a comparação de uma pessoa com a outra utilizando traços ou tipos de personalidade. Esta é a abordagem mais comum na investigação da personalidade. Grupos de indivíduos são estudados e as pessoas são comparadas pela aplicação dos mesmos conceitos a cada pessoa. 
Abordagens Idiográficas: Consiste no estudo de um indivíduo por vez, sem fazer comparações com outras pessoas.
Embora comparações implícitas com outras pessoas sejam inevitáveis, chamamos uma pesquisa de idiográfica quando ela enfoca as particularidades de um caso individual.
Dinâmica da personalidade: Mecanismos pelos quais a personalidade se expressa, enfocando, muitas vezes, as motivações que orientam o comportamento. 
Uma teoria da personalidade precisa explicar a dinâmica, o desenvolvimento da mesma, bem como fornecer conceitos descritivos, como os traços.
A dinâmica da personalidade inclui adaptação ou ajustamento dos indivíduos às exigências da vida e, portanto, tem implicações para a saúde mental. 
Adaptação e ajustamento - As situações requerem que se lide com elas:
A personalidade implica uma maneira individual de lidar com o mundo, de se adaptar às exigências e oportunidades do meio. Essa ênfase reflete a associação entre as teorias de personalidade e a psicologia clínica.
Apresentação preliminar das diferentes perspectivas em personalidade
PERSPECTIVA - PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS:
Psicanalítica- Observação das influências inconscientes; importância dos impulsos sexuais mesmo em esferas não sexuais
Neoanalítica- Ênfase no self em sua luta para lidar com emoções e impulsos no mundo interior e exigências de outras pessoas no mundo exterior.
Biológica- Enfoque nas tendências e nos limites impostos pela herança biológica.
Behaviorista- Envolve uma análise mais científica das experiências de aprendizagem que modelam a personalidade.
Cognitivista- Captura a natureza ativa do pensamento humano; emprega o conhecimento moderno da psicologia cognitiva.
Traço- Utiliza técnicas eficientes na avaliação do indivíduo.
Humanista- Enfatiza a luta pela autossatisfação e pela dignidade.
Interacionista- Reconhece que temos diferentes personalidades em diferentes circunstâncias.
O estudo e a avaliação da personalidade
- Testes objetivos de personalidade: realizam uma mensuração que não depende do julgamento do indivíduo que está fazendo a avaliação.
- Podem solicitar às pessoas que identifiquem e incorporem figuras em desenhos complexos ou pressionar um botão assim que um som familiar for ouvido.
- Medidas claras e objetivas são os resultados desses testes.
Testes projetivos da personalidade: Apresentam ao indivíduo que está sendo avaliado estímulos desestruturados e se solicita ao mesmo que organize as informações.
Confiabilidade: Refere-se à consistência em uma contagem de pontos que se espera que seja a mesma. 
Um instrumento de medida confiável é consistente.
Os melhores instrumentos de medidas são altamente confiáveis; oferecem uma mensuração consistente.
- Medidas de personalidade
- Validade de constructo
- Refere-se ao nível de fidelidade segundo o qual um teste mede um constructo teórico.
Para averiguar a validade do constructo é necessário observar se as avaliações predizem comportamentos e reações subentendidas pelo constructo.
Tendenciosidade: Um dos maiores problemas com relação aos testes de personalidade é a possibilidade das medidas e avaliações serem tendenciosas.
Mesmo uma avaliação da personalidade, muito bem elaborada, está sujeita a variadas fontes de distorção ou tendenciosidade.
Tendenciosidade das medidas
Fontes de tendenciosidade: 
- Conjunto de respostas
- Algumas pessoas tendem mais do que outras a concordarem com tudo o que se pergunta a elas.
- O conjunto de respostas se refere a essa propensão da pessoa, não estando relacionada com as características de personalidade que está sendo medida.
- Do mesmo modo, algumas pessoas dão respostas totalmente aleatórias em um teste.
Formas de tendenciosidade
Tendenciosidade étnica: Com muita frequência os testes deixam de levar em conta a cultura ou subcultura da pessoa que está sendo testada. 
- Teorias e medidas desenvolvidas em uma cultura são inapropriadamente aplicadas em outra cultura.
- Às vezes a tendenciosidade étnica faz com que características marcantes de uma cultura sejam percebidas como fragilidades em outra.
Medidas em psicologia
Variedade de medidas em Psicologia
Por diversas razões teóricas e metodológicas existem diferentes tipos de testes de personalidade.
No terreno teórico, os vários tipos de testes são mais ou menos apropriados para medir o aspecto da personalidade em questão.
No terreno metodológico, é fundamental ter em mãos vários meios de medir a personalidade, pois cada um deles padece de alguma tendenciosidade inerente.
	TIPO DE TESTE
	EXEMPLOS
	Autorrelato
	Inventário Minnesota Multifásico de Personalidade (MMPI); 
Teste de comunicação afetiva (ACT)
	Q-sort
	Autoconceito; autoestima; família; terapêutica; generatividade.
	Classificação e apreciações alheias
	Classificação de parente, professores, amigos, cônjuges, 
apreciação de psicólogos.
	Medidas biológicas
	Tempo de reação; condutância pele; eletroencefalograma; 
tomografia de emissão de pósitrons; ressonância magnética; exame post-mortem; análise cromossômica.
	Observações comportamentais
	Amostragem de experiências; vídeo feedback.
	Entrevista
	Entrevistas estruturadas; entrevistas semiestruturadas; 
entrevistas abertas.
	Comportamento expressivo
	Velocidade de fala; expressão facial; postura; 
expressão corporal; gestos.
	Análise de documentos
	Psicobiografia; diário de sonhos.
	Projetivo
	Teste de desenhos, teste de Rorschach; 
teste de apercepção temática (TAT).
	Demográfico
	Faixa etária; grupo cultural.
A PSICOLOGIA INDIVIDUAL DE ALFRED ADLER
A biografia de A. Adler - Alfred Adler nasceu em 1870 em Viena.
Quando criança, era doente e sofria de raquitismo. Segundo ele, sua infância foi infeliz devido ao melhor desempenho de seu irmão maior, com quem Alfred competia sem sucesso. Aos cinco anos ele ouviu o médico dizer ao seu pai que seu quadro era tão sério que ele iria morrer e qualquer tratamento seria inútil. Um segundo médico prescreveu um tratamento que foi bem-sucedido. Alfred tornou-se muito ativo, bem-sucedido nos esportes eentre seus amigos. Formou-se em matemática e medicina. Como clínico geral sua preocupação era o contexto social da doença. Em 1905, Adler juntou-se ao círculo de Viena, como era conhecida a Sociedade Psicanalítica de Viena, à convite de Freud. Entretanto, em 1911, sendo incapaz de conciliar as contribuições teóricas de Adler com suas próprias, Freud rompeu com ele, chamando-o de paranoico. Quando abandonou o círculo de Freud, em 1911, 9 dos 35 membros seguiram com ele.
Adler interessava-se, particularmente, por problemas de crianças, incluindo a prevenção da delinquência e de dificuldades psicológicas motivadas por deficiências físicas, cuidados parentais insuficientes e problemas no relacionamento com outras crianças. 
A teoria de A. Adler: Diferentemente de Freud, que enfatizava os conflitos universais que todas as pessoas vivem, Adler dirigia sua atenção para a singularidade de cada um. Sua teoria influenciou intensamente outros importantes teóricos como Karen Horney, Erich Fromm e Harry Stack Sullivan. Adler afirmava que as pessoas devem ser entendidas a partir de uma perspectiva social, e não biológica. Sua insistência na tendência inata ao interesse social e em uma abordagem holística da personalidade preparou o caminho para o conceito de psicólogos humanistas da autorrealização.
Da inferioridade à superioridade - Esforço para passar da inferioridade à superioridade: O tema central da teoria de Adler é o esforço incessante para se alcançar um modo de vida mais satisfatório. Esse empenho assume diferentes formas para as diferentes pessoas e parece impossível para algumas, que se resignam com a derrota.
O conceito de INFERIORIDADE: O conceito “complexo de inferioridade” foi desenvolvido e popularizado por Adler, embora ele possa não ser o autor do termo. Para Adler, a motivação humana básica consiste em lutar para passar de uma situação sentida como menos para uma situação sentida como mais, de um sentimento de inferioridade para outro de superioridade, perfeição, totalidade.
O complexo de superioridade: Segundo Adler, alguns neuróticos reprimem seus sentimentos de inferioridade e se acreditam melhores do que os outros. Por mascarar uma sensação inconsciente de inferioridade, não é uma saída saudável. As pessoas com complexo de superioridade comportam-se, muitas vezes, de forma arrogante e exageram suas realizações. A sensação exagerada da própria superioridade sobre a de outras raças e nacionalidades é outra forma de complexo de inferioridade.
Visão do futuro - Finalismo Ficcional: Na situação de vida em que se encontra, cada um imagina uma situação melhor do que a presente. É uma imagem da realização do que está faltando no presente. A este objetivo imaginado, o estado futuro desejável, Adler chamou de finalismo ficcional. É mais uma experiência subjetiva do que uma realidade objetiva e fornece a direção para os esforços do indivíduo.
Personalidade - Desenvolvimento da personalidade: Embora afirmasse que cada pessoa é plenamente responsável pelas suas escolhas na vida, Adler reconhecia que as circunstâncias podem fazer as pessoas se inclinarem para estilos de vida desejáveis ou indesejáveis. Pelo fato de o estilo de vida se desenvolver no começo da vida, a família é uma influência particularmente importante. Adler descreveu o relacionamento com os pais, mas também considerava o impacto dos irmãos no desenvolvimento da personalidade.
O conceito de saúde - Saúde psicológica: A descrição da saúde psicológica feita por Adler foi expressa mais em termos sociais e menos individuais. Ele insistia na manutenção de relações sadias com as outras pessoas.
As tarefas da vida - As três tarefas da vida
TRABALHO: Implica em ter uma ocupação, ganhar a vida por meio de alguma profissão socialmente útil.
AMOR: A tarefa do amor refere-se às relações sexuais e conjugais entre homens e mulheres e à decisão de ter filhos.
INTERAÇÃO SOCIAL: Refere-se aos problemas da vida comunitária, às relações sociais com os outros, incluindo os amigos.
O sucesso nessas três áreas é indício de saúde mental.
Principais conceitos de Erich Fromm:
- Desenvolvimento da Teoria de Erich Fromm;
- Rupturas com relação à psicanálise Freudiana
Fromm nasceu na Alemanha e estudou sociologia e psicologia na Universidade 
de Frankfurt . Sua teoria integra a psicologia com uma análise cultural baseada no materialismo dialético de Marx. Fromm conseguiu estabelecer uma relação entre a teoria marxista e a psicanálise freudiana.
Ele se torna um dos principais representantes do que se convencionou chamar psicanalistas culturalistas, ao lado de Karen Horney, Harry Sullivan e outros. 
Erich Fromm supões que sintomas e neuroses comuns em uma mesma cultura estão relacionados às características desta sociedade.
 Assim, a personalidade desenvolve-se de acordo com a sociedade.
“Somos uma sociedade de pessoas com notória infelicidade: solidão, ansiedade, depressão, destruição, dependência; pessoas que ficam felizes quando matam o tempo que foi tão difícil conquistar.” Erich Fromm (1900-1980)
Fromm definiu orientação de caráter como uma forma de se relacionar com o mundo. Segundo ele, o caráter é baseado em duas necessidades: socialização e assimilação.
Socialização: necessidade de se relacionar com os outros;
Assimilação: necessidade de adquirir coisas. 
A assimilação e socialização, formam cinco tipos de caráter diferente: 
receptivo, explorador, acumulativa, mercantil e produtivo.
Fromm identificou cinco orientações de caráter encontrados na sociedade ocidental. 
1 – o caráter receptivo só toma e não dá; 
2 – o caráter explorador satisfaz desejos através da força e desonestidade; 
3 – o caráter acumulativo considera o mundo um lugar ameaçador, por isso, é desconfiado e rígido e tende a tornar-se acumulador e avarento;
4 – mercantil, o vendedor;
5 – o caráter produtivo, capaz de amar e de perceber o seu potencial, e dedicado ao bem comum da humanidade. 
De acordo com Fromm, temos necessidades exclusivamente humanas, que nos move em direção a um reencontro com o mundo natural. Fromm identificou cinco dessas necessidades existenciais.
A. Amor, ou a capacidade de unir-se com outro, mantendo a própria individualidade e integridade, é a única necessidade que pode resolver a ambiguidade humana.
B. Transcendência, criar sua própria natureza.
C. Enraizamento é a necessidade de criar raízes e se sentir em casa no mundo. Permite-nos crescer, conhecer o mundo e estabelecer laços fora da segurança promovida pela mãe. Com a estratégia não produtiva, que se fixa, cria-se o medo de ir além da segurança.
D. Senso de identidade, individualidade ou consciência de nós mesmos 
como uma pessoa separada. A expressa não produtiva manifesta-se como conformidade a um grupo.
E. Quadro de Orientação busca de objetivo. De forma não produtiva como um esforço para objetivos irracionais.
Por meio do conceito de alienação social, Fromm desenvolve uma interpretação psicanalítica do homem moderno. Segundo este, o capitalismo promove um ideal de liberdade que tem um caráter dialético. 
A medida que nos estimula a conquista de bens materiais, essa conquista vai nos tornando egoístas, críticos e solitários. Sendo que o homem é um animal social, a alienação é a negação da natureza humana. A liberdade assume torna-se um problema. 
Com objetivo de eliminar os aspectos negativos da liberdade, o homem desenvolve três mecanismos básicos: autoritarismo, destrutividade e conformismo de autômatos.
Autoritarismo: manifesta-se através do sadismo ou masoquismo. Os sádicos buscam controle e poder como forma de obter prazer, infringindo dor física ou psicológica ao outro. O masoquista busca ser ferido, ou humilhado. É mais comum em mulheres (Fromm, 1975). 
Destrutividade: provocado por sentimento de medo e impotência, o prazer está na eliminação do outro. 
Segundo Fromm (1981), a maldade é um fenômeno especificamente humano. 
Conformismo de Autômatos: este renuncia a sua integridade, deixa de ser ele mesmo para conviver com o outro. 
Segundo Fromm, as pessoas saudáveis têm formas não produtivas detrabalho, raciocínio e, principalmente, amor. 
“O amor imaturo diz: eu te amo porque preciso de ti. O amor maturo diz: eu preciso de ti porque te amo.” 
Erich Fromm: “Pessoas egoístas são incapazes de amar os outros, mas eles não são capazes de amar a si mesmos também”.
Fromm identifica três transtornos de personalidade: 
1 – necrofilia, ou o amor da morte que vem do ódio com relação a humanidade; 
2 – narcisismo maligno, uma crença de que tudo o que pertence a si mesmo é de grande valor e qualquer coisa que pertence a outras pessoas é inútil; 
3 – simbiose incestuosa, extrema dependência da mãe ou de outra pessoa.
“A felicidade é a aceitação corajosa da vida.” Erich Fromm
A TEORIA DOS CONSTRUCTOS PESSOAIS DE GEORGE KELLY
George A. Kelly nasceu em 1905 em Perth, Kansas. Formou-se em engenharia estudando, posteriormente, psicologia. Após um ano na Universidade de Maryland, Kelly mudou-se para Ohio State University, onde assumiu o cargo que fora de Carl Rogers, dirigindo o programa de formação clínica.
George Kelly propôs uma teoria da personalidade que enfatiza os pensamentos do indivíduo.
Kelly referia-se à sua teoria como uma teoria asinina da personalidade. Com isso queria dizer que a teoria diz respeito à natureza do animal, e não às forças ambientais que empurram ou puxam o indivíduo.
A teoria de Kelly não contém constructos teóricos abstratos e não observáveis, focaliza, pelo contrário, a experiência fenomenológica do indivíduo, da mesma forma que as teorias humanistas.
Kelly desenvolveu uma metáfora da personalidade que descrevia o ser humano como um cientista. Assim como um cientista utiliza teorias para planejar observações, as pessoas usam constructos pessoais para predizer o que acontecerá na vida.
A pessoa tenta desenvolver conceitos que tornem a vida pessoal, particularmente no âmbito das relações interpessoais, mais predizível.
Predições precisas permitem controle.
A pessoa, como um cientista, descobre que as predições nem sempre se confirmam na experiência e, portanto, às vezes, tem de revisar esses conceitos pessoais.
A teoria dos constructos pessoais é formulada clara e explicitamente em doze postulados sucintos.
Essas doze formulações consistem em um postulado fundamental e onze corolários.
Postulado fundamental: Os processos de uma pessoa são canalizados psicologicamente pelas maneiras como ela antecipa os acontecimentos.
Nós nos preparamos para os acontecimentos que antecipamos. 
Nossas ações, pensamentos e emoções são determinados por essa antecipação, seja ela concreta ou não.
Se os acontecimentos ocorrerem conforme antecipados houve uma validação.
	COROLÁRIO
	DESCRIÇÃO
	Construção
	A cognição é um processo discriminatório, voltado para o 
entendimento do mundo, pois por meio dela que 
categorizamos elementos e eventos, formando um 
conjunto de constructos para dar sentido às coisas.
	Individualização
	Cada indivíduo tem seu próprio conjunto de constructos.
	Organização
	Este conjunto é organizado de forma a existir uma 
hierarquia de constructos tal que alguns sejam mais fortes e
 mais amplos que outros.
	Dicotomia
	Cada constructo implica em dois polos, sendo estes 
formados psicologicamente (e não por meio da lógica).
	Escolha
	As pessoas buscam aprimorar seus constructos pessoais
 em tentativas de entendimentos de situações confusas.
	Extensão
	Os constructos podem ser limitados a situações específicas.
	Experiência
	O conjunto de constructos pessoais pode sofrer modificações
 com a experiência.
	Modulação
	Refere-se à questão de modificação de constructos 
decorrentes da experiência. Há constructos permeáveis e
 impermeáveis. Permeabilidade refere-se à facilidade de 
modificação.
	Fragmentação
	Dentro do conjunto de constructos, poderão existir
 subconjuntos que podem até ser incompatíveis.
	Equivalência
	Duas ou mais pessoas apresentam processos 
psicológicos semelhantes, quando empregam construções
 de experiências similares.
	Sociabilidade
	O conjunto de constructos, ou parte dele, de uma pessoa 
pode ser compreendido por outras.
	Nota. Fonte: Adaptado de Bannister, D., & Fransella, F. (1986). Inquiring man: the 
psychology of personal constructs (3rd ed., pp. 8-18). London: Routledge e Pidd, M. 
(1988). Modelagem empresarial (p. 142). Porto Alegre: Bookman 
Complexidade cognitiva: A complexidade cognitiva de uma pessoa é refletida pelo número de constructos pessoais que ela usa.
As pessoas cognitivamente complexas são capazes de ver o comportamento social de vários pontos de vista, ganhando assim maior complexidade. 
A complexidade cognitiva aumenta com a idade, assim como a complexidade do autoconceito, que também propicia maior flexibilidade adaptativa. Ela é influenciada pela experiência, embora nem toda experiência aumente a flexibilidade.
A complexidade cognitiva é desejável, mas não é o único critério para um sistema de constructos adaptativos.
O desenvolvimento saudável exige que as pessoas aprendam a integrar seus vários constructos. Complexidade sem integração é sinal de doença.
Mudança de personalidade: Os constructos pessoais podem mudar.
Mudanças de personalidade provocam fortes emoções. A ameaça é a percepção que a pessoa tem de uma mudança abrangente e iminente nas suas estruturas nucleares.
Quando saímos de nossas estruturas nucleares de papel, sentimos culpa.
Culpa, segundo Kelly, não é idêntico ao seu sentido habitual de violação de um padrão de moralidade culturalmente aceito.
Experiências em terapia que provocam mudanças nos constructos nucleares também despertam um sentimento de ameaça.
Como as pessoas têm estruturas nucleares diferentes, as situações ameaçadoras serão igualmente diversas.
O sentimento de ameaça nem sempre é desencadeado por eventos negativos.
Os desenvolvimentos da personalidade são desejáveis na psicoterapia, embora sejam ameaçadores.
Quando os constructos nucleares são modificados por novos constructos incidentais, sente-se medo. Quanto menos pensarmos no assunto, mais tenderemos a sentir medo.
Ansiedade: A ansiedade ocorre quando reconhecemos que estamos diante de acontecimentos fora de série de conveniências do nosso sistema de constructos.
Para tentar evitar a ansiedade, mudamos os constructos. 
Como a antecipação de acontecimentos é função dos constructos, a ansiedade é um sinal de falha dos constructos e da necessidade de mudança.
Hostilidade: As pessoas não mudam com facilidade seus constructos e, às vezes, continuam tentando fazê-los funcionar.
Kelly define a hostilidade como o esforço contínuo para extrair evidências validativas a favor de um tipo de predição social que já revelou um fracasso.
Assim, a hostilidade ocorre no lugar de uma mudança de constructos.
A hostilidade individual tem grande probabilidade de ocorrer em condições de alienação social, como entre grupos minoritários ou marginalizados.
PERSPECTIVAS COGNITIVAS E SOCIOCOGNITIVAS DA 		 	 PERSONALIDADE
Perspectivas cognitivas e sociocognitivas da personalidade
As abordagens cognitivas de personalidade consideram a percepção e a cognição humanas a essência do que significa ser uma pessoa.
A maneira como as pessoas interpretam seu meio é vista como central à sua humanidade, e o modo como elas diferem entre si ao interpretá-lo é considerado central à sua individualidade.
Influência da cultura sobre a personalidade
Depois que a mente humana passou a ser vista como um organismo biológico, em vez de criação imutável de um ser divino, os cientistas puderam começar a investigar como o pensamento mudava assim como uma criança se desenvolvia; de que modo era influenciado por diferentes circunstâncias e modelado pela cultura.
Origens da psicologia da Gestalt
Psicologia da Forma
A psicologia da Gestalt (ou psicologia da forma), movimento que começou na Alemanha um pouco antes do início do século XX.
Os princípios centrais da teoria da Gestalt desdobram-se em três:
- Os seres humanos buscam significado em seu ambiente;
- Organizamos as sensações que temos do mundo ao nosso redor em percepções significativas;
- Estímulos complexosnão são redutíveis à soma das partes.
A palavra alemã Gestalt significa forma ou configuração; 
A visão da teoria da Gestalt é a de que a configuração de um estímulo complexo é a sua essência;
Com base nessa perspectiva, os elementos que fazem parte de um estímulo ou de uma experiência não podem se somar para recriar o original;
A essência do original reside em suas complexas relações e em sua configuração geral, o que é perdido quando as subpartes são analisadas separadamente;
Foi somente com o trabalho de Kurt Lewin que a abordagem da Gestalt influenciou a psicologia da personalidade.
A teoria de campo de Kurt Lewin
Origens
Kurt Lewin provém diretamente da tradição da Gestalt, mas, diferentemente da maioria dos teóricos Gestaltistas, ele se concentrou nas áreas da personalidade e da psicologia social, em vez da percepção e solução de problemas.
Lewin tornou pública sua teoria de campo em 1935.
Seu conceito de campo, que pode ser visto tanto como um campo no sentido matemático de forças vetoriais quanto um campo de jogo da vida, focaliza o espaço vital – todas as forças internas e externas que atuam sobre o indivíduo – e as relações estruturais entre a pessoa e o meio ambiente.
Espaços
Para algumas pessoas, os espaços são divididos livre e claramente, isto é, tem fronteiras que mantém as questões e emoções de cada uma das áreas totalmente independentes.
Para outras pessoas, as fronteiras são mais abertas, de modo que diferentes áreas da vida exercem maior influência sobre si.
Definição de personalidade
A definição de Lewin de personalidade converge para a condição momentânea do indivíduo – o conceito de causação contemporânea. 
Pelo fato de Lewin ter observado tão de perto o processo mental de uma pessoa, independentemente do momento, sua abordagem pode ser considerada cognitiva, embora a atenção concomitante à situação seja também uma postura interacionista.
Dependência de campo como variável da personalidade
Todos os indivíduos têm uma forma distinta, constante e cognitiva de lidar com suas tarefas diárias de percepção, solução de problemas e tomada de decisão.
Dependência de campo
As pessoas altamente dependentes de campo quando vão solucionar algum problema são muito influenciadas por aspectos do contexto (ou campo) em que o problema ocorre; aqueles salientes (altamente perceptíveis), mas não diretamente relevantes para a solução.
Outras pessoas são independentes de campo e não tão influenciadas por fatores contextuais.
Características associadas à independência de campos:
	DOMÍNIO
	CARACTERÍSTICAS
	Brincadeiras preferidas pelas crianças
	As crianças tendem a preferir brincadeiras solitárias a 
brincadeiras sociais.
	Padrões de socialização
	As pessoas em geral são socializadas enfatizando-se a 
autonomia, em vez da conformidade.
	Opções de carreira//
	As pessoas são mais propensas a ocupar cargos 
tecnológicos do que humanitários.
	Distância interpessoal preferida em uma conversa
	As pessoas tendem a se sentar mais longe do interlocutor.
	Nível de contato dos olhos
	As pessoas olham com menor frequência e menos 
prolongadamente nos olhos do interlocutor.
Complexidade cognitiva
Outra variável de estilo de cognição considerada relevante para a personalidade foi chamada de complexidade cognitiva.
Consiste na extensão com que uma pessoa percebe, utiliza e se sente à vontade com uma quantidade maior de distinções ou elementos isolados em que uma entidade ou evento é analisado, e até que ponto essa pessoa pode integrar esses elementos, estabelecendo conexões ou relações entre eles.
As pessoas cuja complexidade cognitiva é baixa veem o mundo em termos mais absolutos e simples, preferindo problemas não ambíguos e soluções diretas.
Um importante componente da complexidade cognitiva é a comodidade em lidar com a incerteza.
As pessoas de alta complexidade cognitiva tendem a se sentir mais confortáveis com a incerteza, enquanto aquelas cuja complexidade é menor tendem a preferir a certeza.
PERSONALIDADE: DESENVOLVIMENTO E TRATAMENTO
HISTÓRICO
Desenvolvida durante a década de 1960 por Aaron Beck 
PRINCÍPIOS BÁSICOS
Relação entre pensamento, sentimento e comportamento
Foco na utilização de modelos de tratamento validados cientificamente
Experiências são armazenadas na memória e geram estruturas cognitivas mais profundas e complexas
Estas estruturas influenciam a avaliação das situações posteriores
HISTÓRICO : TERAPIAS DE TERCEIRA ONDA
As terapias de terceira onda foram desenvolvidas como técnicas para superar os deficits da TCC
Principalmente em relação ao tratamento de transtornos de personalidade
TERAPIA DO ESQUEMA
Desenvolvida por Jeffrey Young na década de 1990
TCC clássica apresenta eficácia reduzida em transtornos de personalidade
Terapia do esquema aumenta o foco no tratamento da emoção 
PERSONALIDADE NA TERAPIA DO ESQUEMA
A personalidade se desenvolve pelo suprimento ou não de necessidades emocionais básicas
O suprimento dessas necessidades é realizado pelos primeiros cuidadores da criança 
Temperamento emocional é o fator inato interage com as vivencias de cada criança e influencia na formação da sua personalidade
Lábil <—> Não-reativo 
Distímico <—> Otimista
Ansioso <—> Calmo
Obsessivo <—> Distraído
Passivo <—> Agressivo 
Tímido <—> Sociável
NECESSIDADES EMOCIONAIS BÁSICAS
PADRÕES DE COMPORTAMENTO
ambientes funcionais, que suprem as necessidades da criança geram padrões de comportamento funcionais 
Ambientes disfuncionais, que não suprem as necessidades da criança, geram comportamentos adaptativos dentro da situação disfuncional
Isso dá origem aos Esquemas Desadaptativos Remotos
Cada esquema possui três estilos de enfrentamento, rendição, evitação e supercompensação 
MODOS DE ESQUEMA
Explicar esquemas para os pacientes muitas vezes é algo complexo, para facilitar o entendimento da teoria pelos pacientes se desenvolveram os modos de esquema 
É util principalmente para pacientes com transtornos de personalidade, que tem dificuldade em acompanhar as mudanças rápidas de esquemas ativos durante as situações 
Abordagem Centrada na Pessoa: O que é e Como Funciona
A Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) foi desenvolvida por Carl Rogers na década de 1940. Foi considerado, na época, um ato revolucionário, uma vez que o proposto por Rogers se distanciava do modelo tradicional de terapia praticado na época.
Essa nova maneira de guiar o acompanhamento psicoterápico é baseada na ideologia de que todo ser humano é capaz de se esforçar a fim de atingir o seu potencial máximo. Agora, o setting terapêutico não era composto por um especialista e um leigo, mas sim por um especialista em teorias e técnicas de terapia e um especialista na experiência do cliente — ele mesmo.
Quer saber o que Rogers propôs de tão inovador? Então, continue a leitura!
O que é a Abordagem Centrada na Pessoa?
A terapia rogeriana pode ser definida como uma abordagem não-diretiva e empática, com o objetivo de empoderar e motivar o cliente ao longo do seu processo terapêutico. Ou seja, valoriza a experiência do paciente.
Grande parte das outras abordagens praticadas na época viam o sujeito como inerentemente imperfeito, dotado de pensamentos e comportamentos problemáticos que o faziam buscar acompanhamento psicológico.
Apresentando um novo pensamento, Rogers elaborou esse modelo de terapia sob o entendimento de que cada pessoa tem capacidade e desejo de crescimento pessoal. Para ele, essa “tendência de atualização” impulsionava o sujeito a buscar terapia.
Nessa abordagem, o terapeuta tem o desafio de aprender a reconhecer e confiar no potencial humano, ao fazer o uso da empatia e da consideração positiva incondicional para ajudar o cliente no seu processo de desenvolvimento pessoal. Assim, o terapeuta oferece suporte, orientação e estrutura para que o sujeito possa descobrir soluções personalizadas dentro de si.
Quais são os objetivos da Abordagem Centrada na Pessoa?
Os objetivos da Terapia Centrada na Pessoa vão ser estabelecidos pelo próprio cliente. Essa definição dependerá de uma série de fatores, praticamente infinitos,que serão identificados pelo paciente como gatilhos para uma mudança.
Contudo, conseguimos concentrar grande parte desses objetivos em algumas categorias mais comuns:
Facilitar o crescimento e desenvolvimento pessoal;
Eliminar ou mitigar sentimentos de angústia;
Aumentar a autoestima;
Potencializar a abertura para experiências novas;
Aumentar a compreensão do cliente sobre si mesmo.
O diferencial dessa abordagem é que o mais comum é o cliente propor seus próprios objetivos para a terapia. A Terapia Centrada no Cliente postula que o terapeuta não pode estabelecer metas eficazes para o sujeito, devido à sua falta de conhecimento do que é a experiência real daquela pessoa.
O terapeuta jamais saberá como é exatamente sentir o que o cliente relata. Então, a teoria defende que apenas o sujeito tem conhecimento suficiente de si mesmo para definir metas eficazes e desejáveis ​​para a terapia.
Como funciona a Abordagem Centrada na Pessoa?
Antes de tudo, é importante entender que o sucesso desta abordagem está diretamente ligado à conexão estabelecida entre cliente e terapeuta. Logo, esse relacionamento tem que ser pautado em confiança, autenticidade e sentimentos positivos sendo emanados de ambos os lados.
Além disso, Rogers estabeleceu algumas condições necessárias para que a terapia rogeriana funcione de forma assertiva:
O cliente e o terapeuta estão em contato psicológico (um relacionamento).
O cliente está emocionalmente perturbado, ou seja, em um estado de incongruência.
O terapeuta tem uma intenção genuína e está ciente de seus próprios sentimentos.
O terapeuta tem consideração positiva incondicional pelo cliente.
O terapeuta tem uma compreensão empática do cliente e de seu quadro de referência interno e procura comunicar essa experiência ao cliente.
O cliente reconhece que o conselheiro tem uma consideração positiva incondicional por eles e uma compreensão das dificuldades que estão enfrentando.
Através da ACP, ambos discutem os problemas e demandas atuais. Nessa relação, o profissional pratica a escuta ativa e empática com o paciente, enquanto que este decide por si mesmo o que está errado e o que pode ser feito para corrigi-lo, contando com o suporte do terapeuta.
Assim, o processo terapêutico acontece por meio de três condições facilitadoras, que orientarão cliente e terapeuta.
Empatia
A empatia é uma condição facilitadora, pois é imprescindível que todos os envolvidos na relação terapêutica sintam-se verdadeiramente disponíveis para ela.
É importante reforçar que o terapeuta deve ser capaz de deixar seus princípios e valores de lado para ter mais disponibilidade interna de enxergar com clareza a busca que o cliente está desenvolvendo em rumo à sua atualização. É entender o universo do outro sem ser o outro.
Congruência
O terapeuta precisa ser autêntico no que tange seus sentimentos e percepções em relação ao cliente. Ele deve, com cuidado, empatia e respeito, ser capaz de pontuar ao cliente o que sente na sessão.
Ao assumir seus sentimentos como seus, o terapeuta abre espaço para o sujeito pensar a respeito e, pouco a pouco, compartilhar e assumir seus sentimentos livre de ameaças e apoiado na aceitação, na autenticidade e no acolhimento.
Aceitação positiva
Por fim, a aceitação positiva incondicional propõe que o terapeuta aceite o outro de forma positiva. Quando ele consegue de fato ser empático e ter a convicção de que o outro busca sempre as alternativas, de acordo com o que entende como melhor dentro do seu repertório interno, por meio da tendência atualizante, fica mais fácil aceitar à pessoa, mesmo não entendendo ou não concordando.
Ao praticar a aceitação positiva incondicional, o terapeuta assume o papel de acolher o outro com suas experiências, desejos e angústias sem julgar ou demonstrar qualquer tipo de desaprovação. Isso porque a sabedoria do cliente tem um peso igualmente importante ao conhecimento do profissional de saúde.
A Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) valoriza a aceitação, acolhimento e a autenticidade, ou seja, o terapeuta dentro da sua autenticidade partilha dos princípios centrados na pessoa. Trata-se de uma abordagem que é mais do que apenas um compilado de técnicas e normas. É uma forma de se desprender de julgamentos para se conectar mais verdadeiramente com o outro.
Os interesses de Carl Rogers assumiram focos diferentes ao longo de seu pensamento, de maneira que seus comentadores dividiram sua teoria em distintas fases. Mais de 20 anos após sua morte, o que se observa atualmente é uma enorme diversidade de vertentes que se denominam Abordagem Centrada na Pessoa ou se dizem vinculadas a ela. Visando a contribuir para uma melhor compreensão do panorama atual da abordagem criada por Rogers, este artigo tem como objetivo revisitar as chamadas fases da Abordagem Centrada na Pessoa, propondo uma nova fase - a fase Pós-Rogeriana - consistente de vertentes atuais que, partindo de distintas fases daquela teoria, assumem distintos caminhos criando novas teorizações contemporâneas.
O pensamento de Carl Rogers sofreu uma evolução ao longo de sua carreira profissional, de tal maneira que a própria denominação de sua proposta teórica também foi se modificando. Em 1940, quando, segundo ele mesmo, nasce sua nova proposta teórica de psicoterapia, Rogers a nomeia de Psicoterapia Não-Diretiva ou Aconselhamento Não-Diretivo, tal como publicado em 1942 em seu livro Psicoterapia e consulta psicológica. Posteriormente passa a denominá-la Terapia Centrada na Cliente, Ensino Centrado no Aluno, Liderança Centrada no Grupo e, por último, Abordagem Centrada na Pessoa, que, segundo ele, é a denominação mais adequada a sua teoria (C. Rogers, 1983). Essas mudanças na denominação de sua teoria devem-se aos diferentes interesses que Rogers foi assumindo como foco de seu trabalho ao longo da vida.
O ponto de partida foi seu trabalho clínico com crianças, publicado em 1939 no livro O tratamento clínico da criança problema, em que observa nelas o potencial positivo de desenvolvimento, que o levará a propor o conceito de tendência atualizante, definido como uma tendência inerente, presente em todos os seres humanos, a desenvolver-se em uma direção positiva (C. Rogers, 1973; 1975; 1977a; 1977b; 1978a; 1978b; 1983). Esta passa a ser a ideia central ao longo de todo o seu pensamento, independentemente da denominação ou do foco de trabalho que venha a assumir.
O que ocorreu é que o primeiro Rogers, o psicoterapeuta, foi se ampliando no Rogers professor, facilitador de grupos, e o Rogers preocupado com processos sociais e questões como a paz mundial, fazendo com que ele buscasse ampliar sua teoria a esses vários campos. 
A denominação Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) configura-se apenas em 1977, com a publicação de Sobre o poder pessoal. Para John Wood, um dos colaboradores mais próximos de Rogers, o período dos primeiros 30 anos – da Abordagem Centrada no Cliente - tinha como foco o desenvolvimento de um sistema de mudança na personalidade, concentrando-se no mundo subjetivo do indivíduo, enquanto os 30 anos seguintes - da Abordagem Centrada na Pessoa - voltaram-se prioritariamente para interações sociais. Wood (1994) descreve a história da Abordagem Centrada na Pessoa através da seguinte evolução do foco teórico do pensamento rogeriano, com suas respectivas obras de referência: Atitudes do terapeuta (Psicoterapia e consulta psicológica, 1942), Métodos de terapia (Terapia Centrada no Cliente, 1951), Experiência ou processos internos (Tornar-se pessoa, 1961), Facilitação do aprendizado (Liberdade para aprender, 1969), Relacionamen- tos interpessoais (Grupos de encontro, 1970) e Processos sociais, formação e transformação de cultura (Sobre o poder pessoal, 1977 e Um jeito de ser, 1980).
A partir da evolução do foco teórico e metodológico ao longo do percurso intelectual de Carl Rogers, comentadores e colegas de trabalho (Hart & Tomlinson, 1970; Huizinga, 1984; Puente, 1970; Wood, 1983) passaram a dividir seu pensamento em fases, ainda que ele mesmo nunca tenha se preocupado com isso. Segundo Holanda(1998), existe certa divergência entre as definições dessas fases: Puente, por exemplo, sugere:V. MOREIRA
A fase do Insight (1940-1945); 2) A fase da Congruência (1946-1957); 3) A fase do Experiencing (1957-?). 
Já Huizinga refere-se a: 
1) Terapia Não-Diretiva (que para Hart & Tomlinson ocorre em 1940-1950); 
2) Terapia Centrada no Cliente (1950-1957 segundo Hart & Tomlinson), e 
3) Terapia Experiencial (1957-1964). 
Ou ainda, segundo Puente: 
1) Início e meio da década de 1930, período em que o aconselhamento com crianças consistia na manipula- ção das condições do meio externo; 
2) Fim da década de 1930 e início de 1940, quando Rogers desenvolveu o método não-diretivo, a partir de seu interesse na mu- dança terapêutica; 
3) Fim da década de 1940, com a ênfase nas atitudes (aceitação positiva incondicional e compreensão empática); 
4) Final da década de 1940 e início da década de 1950, com a inclusão da atitude de congruência.
A divisão em fases mais adotada tem sido a originalmente formulada por Hart & Tomlinson (1970), citada por Cury (1987), colocada por Wood (1983) em seu esquema das tendências em meio século da Terapia Centrada na Pessoa e ampliada por Moreira (1990; 2001; 2007) e, posteriormente, por Holanda (1998): três fases referentes à psicoterapia; 
Fase Não-Diretiva (1940 - 1950), 
Fase Reflexiva (1950 - 1957), 
Fase Experiencial (1957 - 1970) e uma fase referente à ACP; 
Fase Coletiva (Moreira, 1990, 2001 e 2007) ou Inter-Humana (1970 - 1987).
Fase não-diretiva (1940-1950)
A primeira fase refere-se à Psicoterapia Não-Diretiva, durante o período em que Rogers estava na Universidade de Ohio, entre 1940 e 1950. A principal obra de referência desta fase é Counseling and psychotherapy, publicada em 1942 nos Estados Unidos, e em 1973 no Brasil, com o título Psicoterapia e consulta psicológica. A obra desenvolve as ideias que Rogers apresentara em sua palestra de 11 de dezembro de 1940, que ele define como o momento do nascimento de sua proposta inovadora de psicoterapia.
A Psicoterapia Não-Diretiva parte de conceitos que têm como base o impulso individual para o crescimento e para a saúde. Dá maior ênfase aos aspectos de sentimento do que aos intelectuais, enfatiza o presente do indivíduo em vez de seu passado, tem como maior foco de interesse o indivíduo e não o problema, e toma a própria relação terapêutica como uma experiência de crescimento. Essas ideias, por sua vez, eram provenientes de sua prática clínica com crianças no final da década de 1930.
Nessa fase, as atitudes do terapeuta privilegiam a técnica da permissividade, através de uma postura de neutralidade em que o profissional deveria intervir o mínimo possível (Holanda, 1998). Segundo Wood (1994), o psicoterapeuta (ou “conselheiro”, termo mais utilizado nessa etapa) renuncia ao papel de especialista, tornando mais pessoais as relações com o cliente e conduzindo a sessão a partir da orientação ditada por este último (denominado “paciente” em Psicoterapia e consulta psicológica). Ou seja, é o cliente quem conduz o processo, e não o psicoterapeuta, que, intervindo minimamente, pretende não dirigir a sessão, deixando que o primeiro o faça.
A ideia de não-diretividade teve severos críticos, principalmente na França (Moreira, 1990; 2001; 2007), ocasionando mitos e mal-entendidos de laissez-faire sobre a atuação do terapeuta que não fala na sessão, quando, na verdade, o esforço de Rogers era no sentido de desconstruir a figura de autoridade do psicoterapeuta (Holanda, 1998). Ainda que o próprio Rogers tenha deixado de usar esta denominação desde a década de 50, por entender que não era uma denominação ade quada, ainda hoje, eventualmente escuta-se falar em “não-diretividade” quando se fala no pensamento de Carl Rogers, possivelmente pela popularidade do termo, que acabou contribuindo para imagens frequentemente negativas dessa abordagem (Moreira, 2001; 2007).
Fase reflexiva (1950-1957)
Nesta fase, entre 1950 e 1957, o reflexo de sentimentos é muito utilizado, daí sua denominação. É a fase da Terapia Centrada no Cliente, sendo a função do terapeuta promover o desenvolvimento do cliente em uma atmosfera desprovida de ameaça, isto é, sob condições facilitadoras (Gobbi & Missel, 1998). Aqui a noção de “não-direção” é substituída pela de “centramento no cliente”, sugerindo um papel mais ativo por parte do terapeuta e transformando o cliente no foco maior de sua atenção (Cury, 1987), enquanto na fase anterior a ênfase recaía sobre a não-direção do processo, com um psicoterapeuta mais passivo.
Essa fase corresponde ao período em que Rogers esteve em Chicago e tem como obra de referência o livro Psicoterapia Centrada no Cliente, de 1951 (Holanda, 1998; Gobbi & Missel, 1998), no qual a renúncia a teorias rígidas é parte importante do pensamento rogeriano, e a psicoterapia pode ser entendida como um grupo de duas pessoas (Wood, 1983). É desenvolvida a teoria das atitudes facilitadoras, segundo a qual o psicoterapeuta deve apresentar três condições para que ocorra o crescimento do cliente: 
empatia, aceitação positiva incondicional e congruência.
Através da empatia, o psicoterapeuta busca perceber e compreender o mundo do cliente na perspectiva dele. 
A aceitação positiva incondicional consiste no respeito incondicional, por parte do psicoterapeuta, à individualidade do cliente.
A congruência, ou autenticidade, é descrita como o grau de correspondência entre o que o terapeuta experiência e o que comunica ao cliente, sendo ele mesmo na relação terapeuta-cliente. 
Em um de seus artigos seminais, “As condições necessárias e suficientes para a mudança terapêutica de personalidade”, publicado em 1957, Rogers (1994) desenvolve a teoria das atitudes facili- tadoras do processo terapêutico, assim resumindo o que, para ele, são as condições necessárias e suficientes para que ocorra uma mudança construtiva de personalidade:
Que duas pessoas estejam em contato psicológico;
Que a primeira, a quem chamaremos cliente, esteja num estado de incongruência, estando vulnerável ou ansiosa; 
3) Que a segunda pessoa, a quem chamaremos de terapeuta, esteja congruente ou inte- grada na relação; 
4) Que o terapeuta experiencie consideração positiva incondicional pelo cliente; 
5) Que o terapeuta experiencie uma compreensão empática do esquema de referência interno do cliente e se esforce por comunicar esta experiência ao cliente; 
6) Que a comunicação ao cliente da compreensão empática do terapeuta e da consideração positiva incondicional seja efetivada, pelo menos num grau mínimo (p.157).
Com base no desenvolvimento teórico das atitudes facilitadoras por parte do psicoterapeuta, Rogers enfatiza o abandono do interesse diagnóstico, sempre priorizando a capacidade de desenvolvimento inerente à pessoa.
Fase experiencial (1957-1970)
É a fase da Terapia Experiencial, ou período de Wisconsin, compreendida entre 1957 e 1970, e iniciada com o livro On becoming a person, de 1961, publicado no Brasil em 1976 sob o título Tornar-se pessoa, sua obra de referência. Foi classificada como experiencial devido à mudança da conduta rogeriana que, influenciada pelo conceito de experienciação, de Eugene Gendlin, passou a focalizar a experiência vivida do cliente, do psicote- rapeuta e entre ambos (Cury, 1987; 1988). A partir dessa influência, que priorizou o foco do processo terapêutico na experiência, a intervenção do profissional passa a ter lugar no espaço da relação intersubjetiva terapeuta--cliente, ainda que Rogers, em sua prática clínica, em muitos momentos voltasse a colocar como centro o cliente, em lugar da experiência intersubjetiva (Moreira, 2001; 2007).
Nessa fase, o objetivo da psicoterapia é ajudar o cliente a usar plenamente sua experiência no sentido de promover uma maior congruência do self e do de- senvolvimento relacional. Ou seja, a ênfase recai sobre a vida inter e intrapessoal, e a relação terapêutica passa a adquirir significado enquanto encontro existencial (Gobbi & Missel, 1998; Holanda, 1998). Aqui é enfatizada a autenticidade do terapeuta enquanto atitudefacilitadora. O psicoterapeuta deve confiar em seus próprios sentimentos, sendo congruente com a própria expe- riência; ou seja, a sua experiência passa a ser entendida como parte da relação terapeuta-cliente. É nesse sentido que a relação deixa de ser entendida como centrada no cliente, para ser compreendida como bicentrada, visto que consiste em um esforço para explorar dois mundos fenomênicos, fazendo-os interatuar em benefício do cliente através da criação de novos significados a partir do espaço experienciado por ambos. O psicoterapeuta utiliza-se de seus sentimentos como movimentos diri- gidos ao cliente, ocorrendo um diálogo íntimo e inter- subjetivo entre ambos (Cury, 1987; 1988; Moreira, 2001; 2007). Nessa fase, Rogers trabalha mais intensamente com colegas colaboradores, deles aceitando sugestões e críticas. Entre eles encontra-se Gendlin, que, segundo Spiegelberg (1972), influência teoricamente Rogers no sentido da passagem do positivismo lógico para uma orientação existencialista, possibilitando a reinterpretação do termo “experiência”.
Em sua análise da evolução das formulações sobre a relação terapeuta-cliente na Psicoterapia Centrada na Pessoa, Cury (1987) assinala a contribuição especial de Gendlin, entre outros colegas de Rogers, para a descrição dessa fase. Gendlin (1970a,b) criou uma ramificação importante da Abordagem Centrada na Pessoa, com uma proposta psicoterapêutica baseada em uma teoria experiencial, que priorizava a vivência da relação terapeuta-cliente, estando mais voltada para a experiência dessa relação do que para o conteúdo verbal em si mesmo. Essa experiência é considerada responsável pelo processo de mudança do cliente (Moreira, 2001; 2007).V. MOREIRA
No entanto, o próprio Rogers não chegou à teorização do processo psicoterapêutico entendido como um fluxo experiencial. A fase experiencial de seu pensamento passa a ser descrita a partir da ênfase no conceito de autenticidade do terapeuta, na experiência imediata da relação com o cliente (Cury, 1987) - e aqui vale lembrar a importância da definição do conceito de autenticidade como estar presente na experiência da relação terapêutica. Esse conceito é frequentemente confundido, levando a pensar que ser autêntico significa falar de si. Nas palavras de Rogers (1976):
Descobriu-se que a transformação pessoal era facilitada quando o psicoterapeuta é aquilo que é, quando as suas relações com o paciente são autênticas e sem máscara nem fachada, exprimindo aberta- mente os sentimentos e as atitudes que nesse momento lhe ocorrem. Escolhemos o termo “congruência” para tentar descrever esta condição. Com este termo procura-se significar que os sentimentos experimentados pelo terapeuta lhe são disponíveis, disponíveis à sua consciência, e que ele é capaz de vivê-los, de ser esses sentimentos e estas atitudes, que é capaz de comunicá-los se surgir uma oportunidade disso (p.63).
Essa é a fase em que a prática clínica rogeriana mais se aproxima das abordagens de tradição fenome- nológica, com a passagem da focalização na pessoa do cliente para a focalização na experiência intersubjetiva. É o que mostra pesquisa (Moreira, 2001; 2007) que analisou sessões de psicoterapia de Rogers em diferentes fases, apontando, no entanto, que a direção fenomeno- lógica, que enfatiza a experiência intersubjetiva na rela- ção psicoterapêutica, acaba se perdendo na fase posterior do autor estudado. A pesquisa conclui que:
“a concepção de pessoa como centro, impede Rogers de realizar uma psicoterapia fenomenológica. Mais do que isso, o centramento na pessoa direciona, restringe, e pela mesma razão, empobrece o processo terapêutico, tal como se observou no exemplo mais ortodoxo - a entrevista de Bryan - e na entrevista aparentemente menos centrada - de Jan. A análise da prática clínica rogeriana mostra que esta caminha em direção à fenomenologia; da pessoa como centro para a experiência, o que se pôde ver na entrevista com Glória, durante a fase experiencial. Entretanto, para que o modelo de psicoterapia que nos deixou Carl Rogers possa assumir todo seu potencial de contribuição fenomenológica, é necessário que deixe, definitivamente, a busca de um suposto homem interno - a pessoa - voltando-se para uma terapia do fenômeno emergente que, como demonstra o mesmo Rogers, já existe potencialmente embrionária em sua proposta (Moreira, 2007, p.218).
Esta ideia, no entanto, não foi assumida por Rogers, que continuou a falar de abordagem centrada na pessoa até o fim da vida.
Fase coletiva ou inter-humana (1970-1987)
Moreira (1990; 2001; 2007) propõe a inclusão dessa quarta fase, às anteriormente propostas por Hart & Tomlinson (1970), Wood (1983) e Cury (1987), observando que nos últimos 15 anos de sua vida Rogers voltou seu interesse para questões mais amplas, concernentes às atividades de grupo e à relação humana coletiva, aban- donando definitivamente a atividade de terapia indi- vidual no consultório e assumindo em seu trabalho a definição de abordagem, em vez de psicoterapia (Wood, 1994; 2008). A necessidade de descrever o que acontece nos últimos anos do trabalho de Rogers é corroborada por Wood (1983) e retomada por Holanda (1998), que, utilizando-se de uma linguagem buberiana, em lugar de “fase coletiva”, tal como proposta originalmente por Moreira (1990), propõe a denominação“fase inter-huma- na”, por considerar que “coletiva privilegia demasiado uma outra dimensão da existência humana, a social, representada pelo grupo onde temos a realização desse coletivo, mas que, em geral, suprime o elemento pessoal individual, justamente o elemento mais importante” (p.110).
Holanda (1998) justifica a denominação “inter-humana”, argumentando que esta é uma fase de transcendência de valores e de ideias, em que Rogers trabalha com conceitos que coexistem em outras áreas da ciên cia, tais como a física, a química ou a biologia, expres sando sua preocupação com o futuro do homem e do mundo. “Seria uma fase mais mística, holística em seu sentido amplo, em que Rogers se voltaria para a consideração de uma relação mais transcendental, ou para a transcendência da existência humana”(p.110). Tal ponto de vista pode ser ilustrado através da seguinte afirmação de C. Rogers (1983):
Defendo a hipótese de que existe uma tendência direcional formativa no universo, que pode ser rastreada e observada no espaço estelar, nos cristais nos microrganismos, na vida orgânica mais complexa e nos seres humanos ... Na espécie humana, essa tendência se expressa quando o indivíduo progride de seu início unicelular para um funcionamento orgâ- nico complexo, para um modo de conhecer e de sentir abaixo do nível da consciência, para um conhecimento consciente do organismo e do mundo externo, para uma consciência transcendente da harmonia e da unidade do sistema cósmico, no qual se inclui a espécie humana (p.50).
Faz sentido, portanto, a leitura de Holanda (1998), com relação a esse período. É o momento em que Rogers assume a denominação de Abordagem Centrada na Pessoa, a partir de 1976, formalizada na publicação de On personal Power, de 1977, editado em português sob o título Sobre o poder pessoal. Poder-se-ia nomear como obra de referência dessa fase A way of being, publicado em 1980 nos Estados Unidos, e em 1983 publicado parcialmente no Brasil, sob o título Um jeito de ser. Nesta obra, C. Rogers (1983) afirma: “O que entendo por abordagem centrada na pessoa? ... Sorrio quando penso nos diversos rótulos que dei a esse tema no decorrer da minha carreira - aconselhamento não-diretivo, terapia centrada no cliente, ensino centrado no aluno, liderança centrada no grupo. Como os campos de aplicação cresceram em número e variedade, o rótulo ‘abordagem centrada na pessoa’ parece ser o mais adequado” (p. 38).
Quinta fase pós-rogeriana ou neorrogeriana
Revisitar o pensamento de Carl Rogers na contemporaneidade, mais de 20 anos após sua morte, leva-nos a retomar questões importantes: “Sabe-se que a Psicoterapia Centrada na Pessoa tem sido utilizada por outros profissionais além de Rogers e continua existindo.Como está sendo praticada e pensada por esses pro- fissionais?” (Moreira, 2007, p.218).
Nos últimos 20 anos, desde a morte de Carl Rogers em 1987, a Abordagem Centrada na Pessoa tem se desenvolvido através uma grande diversidade de vertentes, em distintos lugares do mundo. Na Inglaterra, Sanders (2007) refere-se às escolas de terapia relacionadas à Abordagem Centrada na Pessoa: clássica, focalização, experiencial, existencial, integrativa. Segrera (2002) descreve alguns dos desenvolvimentos atuais da Abor dagem Centrada na Pessoa em vários outros lugares do mundo: 
1) a versão clássica, atualmente desenvolvida pelo Center for Studies of the Person, onde Rogers passou a última fase de sua vida; 
2) a linha experiencial fundada por Gendlin (1988; 1990), com ênfase na experienciação e focalização, na University of Chicago; 
3) a linha expe- riencial processual, representada por Laura Rice, no Canadá e Robert Elliot, nos Estados Unidos (Greenberg, Rice & Elliot, 1993 ; Rice & Greenberg, 1990), com interesse principal no estudo detalhado dos elementos do pro- cesso; 
4) a linha existencial-fenomenológica, embasada na fenomenologia existencial, desenvolvida principal- mente por autores brasileiros e, segundo Segrera (2002), representada por Moreira (2001) - a quem podem-se acrescentar outros representantes no Brasil, como Advíncula (1991), Amatuzzi (1989), Belém (2004), Boris (1987; 1990), Cury (1987; 1988; 1993), Fonseca (1988; 1998) e Holanda (1998), entre outros; 
5) a linha transcendental, que abarca interesses espirituais, religiosos e transpessoais, trabalhada por autores como Curran (1952) nos Estados Unidos, Saint-Arnaud (1967) no Canadá, Thorne (1993) na Inglaterra, Schmid (1995) na Áustria, González (1995) no México, Boainain Jr. (1999) no Brasil;
6. a linha expressiva, que integra elementos de arte e movimento corporal, estabelecendo pontes com a gestalt-terapia e o psicodrama, sendo representada principalmente pela filha de Carl Rogers, N. Rogers (1993);
7. a linha analítica, com interesse na relação entre a psicologia do si mesmo de Heinz Kohut e outros elementos analíticos, representada por Kahn (1985); V. MOREIRA
8) a linha comportamental-operacional, com ênfase no desenvolvimento de habilidades, representada por Tausch (1990), na Alemanha e Ernest Meadows (Meadows & Stillwell, 1998), na Califórnia; Moreira (2008; 2009) acrescenta um nono desenvolvimento contemporâneo:
9) a linha do curriculum centrado na pessoa, realizado na área de educação, no Chile, representado por Eric Troncoso e Ana Repetto (Moreno, Troncoso & Videla, 1999; Troncoso & Repetto, 1997). Recentemente é possí vel, ainda, observar outros desenvolvimentos que podem vir a constituir novas linhas.
É interessante observar que essas diferentes vertentes pós-rogerianas partem de fases diferentes do pensamento de Carl Rogers. Por exemplo, a linha existencial- fenomenológica ou humanista-fenomeno- lógica (Moreira, 2008; 2009) - parte da fase experiencial da psicoterapia de Carl Rogers (1957-1970), acentuando seu caráter fenomenológico através de contribuições da tradição da Psicopatologia Fenomenológica e da Análise Existencial. 
Utiliza-se do potencial eminentemente compreensivo dessa abordagem para o desenvol- vimento teórico e metodológico de uma clínica am- pliada crítica, ou mundana, que tem como fundamento as filosofias existenciais de autores como Heidegger, Merleau-Ponty e Buber, entre outros. Já a linha transcendental toma como base especialmente os escritos do último Rogers, da fase inter-humana (1970-1987), quando ele deixa de ser psicoterapeuta e se volta para questões mais transcendentais do ser humano.
Esse fato tem sérias implicações tanto metodológicas como epistemológicas, pois a fundamentação que será adotada por cada uma das linhas variará segundo seu desenvolvimento depois de Rogers. Nesse sentido é que elas passam a ser neorrogerianas, assu- mindo identidade própria. Assim, ainda tomando o mesmo exemplo, a linha humanista-fenomenológica terá como base a ideia de homem mundano e do trabalho clínico voltado para a compreensão do Lebenswelt (mundo vivido), enquanto a linha transcendental terá uma fundamentação espiritual, com trabalho clínico norteado por valores religiosos ligados aos aspectos transpessoais do ser humano.
Considerações Finais
Revisitar o pensamento de Carl Rogers na contemporaneidade traz à tona a necessidade de uma atualização das fases da Abordagem Centrada na Pessoa, que podem então ser assim descritas: três fases referentes à psicoterapia; Fase Não-Diretiva (1940 - 1950), Fase Reflexiva (1950 - 1957), Fase Experiencial (1957 - 1970), e duas fase referentes à ACP; Fase Inter-Humana (1970-1987) e Fase Pós-Rogeriana ou Neorrogeriana (1987-atual)
Uma análise mais detalhada dos vários desdo bramentos atuais do pensamento de Rogers em tantas vertentes diversas, com diferentes bases epistemológicas, mostra que diferentes vertentes atuais partem de fases distintas do pensamento rogeriano. De qual Rogers está se falando? Do psicoterapeuta? Do pro fessor? Do homem mais preocupado com questões transcendentais? Do que tem como foco uma tendência atualizante ou do que se refere a uma tendência formativa do universo?
Na medida em que pensar a Abordagem Centrada na Pessoa na atualidade inclui tamanha diversidade, é importante não perder de vista as distintas fases desse pensamento, no sentido de compreender as aproximações e as divergências entre as várias vertentes que constituem a fase Pós-Rogeriana ou Neorrogeriana.
Observa-se que são várias as vertentes atuais, provenientes direta ou indiretamente do pensamento de Carl Rogers. Chama atenção a diversidade dessas vertentes, todas elas configurações contemporâneas da Abordagem Centrada na Pessoa ou, pelo menos, origi- nadas dela. Não se trata mais do pensamento de Rogers puro, mas de novas teorizações variadas, que partem dele. Na verdade, o próprio Rogers não se pretendeu purista nem cristalizado em nenhuma teoria, nem mes mo a dele, afirmando durante sua última visita ao Brasil, em 1985, que não era rogeriano Nesse sentido, é impor- tante não apenas não ignorar os significativos desdobramentos em andamento nos últimos 20 anos após sua morte, como estabelecer um diálogo entre as diferenças que preserve a proposta original de Carl Rogers em seu caráter humanista, de respeito pelo ser humano e suas potencialidades. Seu pensamento continua vivo em cada uma das vertentes atuais, mesmo que seus distintos desenvolvimentos - originados de fases diversas do pen- samento rogeriano e, portanto, passando a assumir diferentes caminhos epistemológicos na continuidade de sua construção teórica - as tornem tantas vezes tão diferenciadas entre si.
O potencial fenomenológico da teoria de Carl Rogers é, sem dúvida, um eixo denso, que merece especial atenção no que se refere à continuidade de sua construção teórica, na direção de uma clínica humanista-fenomenológica crítica e ampliada, que priorize o acolhimento da alteridade. Mas esse não é o único caminho. Ignorar a pluralidade e as diferenças seria perder-se da proposta original do próprio Rogers.

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