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9/25/2018 1/4 Passo a Passo para Elaboração de Petições Trabalhistas Marco Antonio Redinz Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz da ... Vara do Trabalho de ... — Estado do... (Espaço) Qualificação do reclamante (§ 1.º do art. 840 da CLT) Liamárcia França, brasileira, solteira, cozinheira, portadora da Carteira de Trabalho e Previdência Social n. ..., série..., inscrita no CPF n. ..., com endereço na Rua..., n. ..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., vem, por seu advogado, infra‑assinado e devidamente constituído, instrumento procuratório anexo (documento 01), com escritório profissional na Rua..., n. ..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., onde recebe intimações e notificações, ajuizar a presente Reclamação Trabalhista Qualificação do reclamante (§ 1.º do art. 840 da CLT) pelo rito ordinário, em face do Restaurante Mariscos S/A, pessoa jurídica de direito privado, inscrito no CNPJ n. ..., estabelecido na Rua..., n. ..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., com fundamento no § 1.º do art. 840 da Consolidação das Leis do Trabalho, e nos incisos III, V e VI do art. 319 do Código de Processo Civil, pelos motivos de fato e razões de direito a seguir aduzidos: Dos Fatos Reclamante foi admitida pelo Reclamado em 2-4-2013, para trabalhar como cozinheira, percebendo como última remuneração a importância mensal de R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais). Durante o lapso laboral o Reclamado não efetuou a anotação e assinatura da Carteira de Trabalho e Previdência Social da obreira, bem como jamais procedeu aos depósitos fundiários e recolhimentos previdenciários. Apesar de ter sido contratada para prestar serviços das 08 às 18 horas, com duas horas de intervalo, a Autora sempre trabalhou até as 23 (vinte e três) horas, sem o pagamento das horas extraordinárias e do adicional noturno. A Requerente foi dispensada sem justa causa em 4-4-2018, sem que tenha recebido quaisquer valores a título de verbas rescisórias, muito menos o saldo de salário, as férias vencidas e proporcionais, acrescidas do 1/3 constitucional, e o décimo terceiro salário proporcional, além da multa de 40% do FGTS. Tampouco foram fornecidas pela empresa Reclamada as guias para levantamento do FGTS e para a percepção do seguro desemprego. A Autora encontra-se desempregada, não tendo condições de assumir o pagamento das custas, das despesas processuais e dos honorários advocatícios. Dos Direitos/Fundamentos 1. Reconhecimento do Vínculo de Emprego regido pela CLT A obreira trabalhou para o Reclamado durante o período de 2-4-2013 a 4-4-2018, sem o devido registro do contrato de emprego em sua Carteira de Trabalho e Previdência Social, CTPS, apesar de configurados todos os elementos da relação jurídica, regida pela Consolidação das Leis do Trabalho, especialmente a pessoalidade, subordinação e habitualidade, de conformidade com o caput dos artigos 2º e 3º da CLT. Neste sentido, impõe-se o reconhecimento do vínculo jurídico de emprego entre a Autora e o Réu, sob o citado período, com o consequente registro das anotações do contrato na CTPS da Reclamante, devendo ser observada na anotação o tempo alusivo à projeção do aviso prévio proporcional ao tempo de serviço. Da mesma forma, o Reclamado deverá ser condenado a pagar à Autora os seguintes títulos: 2. Aviso Prévio Indenizado Proporcional ao Tempo de Serviço Como a Reclamante foi dispensada sem justa causa, sem que o empregador lhe tenha concedido o cumprimento do aviso prévio, tem direito ao pagamento da indenização correspondente ao período, de conformidade com o § 1º do art. 487 da CLT, visto que “a falta do aviso prévio por parte do empregador dá ao empregado o direito aos salários correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a integração desse período no seu tempo de serviço”. E por ter trabalhado para o Reclamado por cinco anos completos, a Autora tem direito ao pagamento do aviso prévio proporcional ao tempo de serviço de 42 dias, sendo 30 dias pelo primeiro ano trabalhado, e 12 dias pelos quatro últimos anos trabalhados (4 anos completos x 3 dias = 12 dias), conforme previsto no art. 1.º da Lei n. 12.506/2011. 9/25/2018 2/4 3. Saldo de Salário Como a Reclamante trabalhou até o dia 04 de abril de 2018, faz jus ao direito de receber o pagamento pelo labor prestado nesses dias a título de saldo de salário, devendo a Reclamada ser condenada neste sentido. 4. Décimo Salário Proporcional (5/12) A Reclamante foi dispensada imotivadamente em 4-4-2018, com o aviso prévio indenizado proporcional ao tempo de serviço, tendo direito ao décimo terceiro salário proporcional (5/12 avos), conforme prescrito no art. 3.º da Lei n. 4.090/1962. 5. Férias Proporcionais (1/12) acrescidas do 1/3 Constitucional Como a Autora foi dispensada em 4-4-2018, com a projeção do aviso prévio indenizado proporcional ao tempo de serviço, tem direito ao pagamento de 1/12 avos a título de férias proporcionais + 1/3 constitucional, tendo em vista que “salvo na hipótese de dispensa do empregado por justa causa, a extinção do contrato de trabalho sujeita o empregador ao pagamento da remuneração das férias proporcionais, ainda que incompleto o período aquisitivo de 12 (doze) meses” (Súmula n. 171 do TST). 6. Férias Vencidas acrescidas do 1/3 Constitucional Da mesma forma, a Autora tem direito ao pagamento das férias vencidas, em relação ao período aquisitivo de 2-4-2017 a 1.º-4-2018, acrescido do 1/3 constitucional, uma vez que completou o período aquisitivo previsto no caput do art. 130 da CLT. 7. Horas Extras e Reflexos Inobstante ser sido contratada para trabalhar das 08 às 18 horas, com duas horas de intervalo, a Autora habitualmente trabalhava até as 23 (vinte e três) horas, sem jamais ter recebido o pagamento pelo labor extraordinário, com o acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da hora normal (inciso XVI do art. 7.º da CRFB). Neste sentido, deverá a empresa ser condenada a proceder ao pagamento de todas as horas extras prestadas, com os devidos reflexos sobre as seguintes parcelas: aviso prévio, saldo de salário, décimo terceiro salários, férias vencidas e proporcionais acrescidas do 1/3 constitucional, repouso semanal remunerado, além dos depósitos fundiários e dos recolhimentos previdenciários. 8. Adicional Noturno Da mesma forma, em virtude do labor extraordinário habitual até às 23 (vinte e três) horas, faz jus a Autora ao pagamento do adicional noturno de 20% (vinte por cento) devido a todo trabalhador cuja jornada de trabalho ultrapassar às 22 (vinte e duas) horas (caput e § 2.º do art. 73 da CLT). E, de conformidade com a Orientação Jurisprudencial n. 97 da Subseção de Dissídios Individuais I do TST “o adicional noturno integra a base de cálculo das horas extras prestadas no período noturno”. Assim, o empregador deverá integrar no cálculo das horas extras habituais, consideradas noturnas, o percentual do adicional noturno. Ademais, o Reclamado deverá pagar também os reflexos do valor do adicional noturno nas verbas rescisórias e contratuais, como os décimos terceiros salários, as férias vencidas, além dos depósitos fundiários e recolhimentos previdenciários, pois segundo o item I da Súmula n. 60 do TST o adicional noturno integra o salário para todos os efeitos. 9. Depósitos e Saque do FGTS Apesar de ser uma obrigação da empresa (art. 15 da Lei n. 8.036/1990), o Reclamado jamais efetuou os recolhimentos do FGTS, devendo ser condenado a proceder aos depósitos fundiários sobre todo o período trabalhado pela Reclamante, ou seja, de 2 de abril de 2013 a 4 de abril de 2018, inclusive sobre as férias, os décimos terceiros salários, as horas extras e as importâncias alusivas ao adicional noturno. Da mesma forma, deverá ser condenado a entregar à Autora as guias para saque do saldo da conta vinculada do FGTS, visto que em tal forma de rescisão contratual a empregada faz jus ao saqueda importância total depositada, de conformidade com o inciso I do art. 20 da Lei n. 8.036/1990. 11. Multa de 40% sobre o FGTS Como a iniciativa do rompimento do vínculo empregatício foi do Reclamado e a dispensa foi sem justa causa, a Reclamante tem direito ao pagamento da multa de 40% (quarenta por cento) sobre o FGTS, de acordo com o § 1.º do art. 18 da Lei n. 8.036/1990, a seguir transcrito (ou in verbis): Art. 18. (...) § 1.º Na hipótese de despedida pelo empregador sem justa causa, depositará este, na conta vinculada do trabalhador no FGTS, importância igual a quarenta por cento do montante de todos os depósitos realizados na conta vinculada durante a vigência do contrato de trabalho, atualizados monetariamente e acrescidos dos respectivos juros. (destacamos) 12. Seguro-desemprego Como já informado anteriormente, a Reclamante foi dispensada imotivadamente pelo empregador, fazendo jus 9/25/2018 3/4 à percepção do seguro desemprego, conforme previsto no caput do art. 3.º da Lei n. 7.998/90. Nesse sentido, prevê o item II da Súmula 389 do Colendo Tribunal Superior do Trabalho, a seguir transcrito: Súmula 389. SEGURO-DESEMPREGO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. DIREITO À INDENIZAÇÃO POR NÃO LIBERAÇÃO DE GUIAS (conversão das Orientações Jurisprudenciais 210 e 211 da SBDI-1) — Res. 129/2005, DJ, 20, 22 e 25-4-2005. (...) II — O não fornecimento pelo empregador da guia necessária para o recebimento do seguro desemprego dá origem ao direito à indenização (ex-OJ 211 da SBDI-1 — inserida em 8-11-2000). (destacamos) Assim sendo, requer a Autora seja o Réu condenado a entregar na audiência inaugural as guias alusivas ao seguro-desemprego, para que a obreira possa gozar de tal benefício, e, no caso de as guias não serem fornecidas pelo Reclamado, requer que o empregador seja responsabilizado pelo pagamento de uma indenização de forma direta, correspondente aos prejuízos advindos de sua injustificada postura(art. 325 do CPC). 13. Multa do § 8.º do art. 477 da e do art. 467 da CLT É devido o pagamento da importância alusiva à multa do § 8.º do art. 477 da CLT, uma vez que até a presente data a Reclamante não recebeu as verbas rescisórias a que faz jus, incorrendo a Reclamada à citada multa. Devido, também, o pagamento da multa do art. 467 da CLT, caso o Reclamado deixe de pagar os valores das verbas rescisórias incontroversas à data do comparecimento à audiência inaugural na Justiça do Trabalho. 14. Honorários sucumbenciais O Reclamado deverá ser condenado a pagar os honorários sucumbenciais, na forma prevista no caput do art. 791-A da CLT, ou seja, de 15%, visto que na fixação do seu valor deverá ser levado em consideração a natureza e importância da presente causa, bem como o intenso trabalho realizado pelo advogado, e o tempo que lhe foi exigido para seu serviço (§ 2º do art. 791-A da CLT). 15. Justiça gratuita Esclarece a Reclamante que por estar desempregada não tem condições de demandar sem sacrifício do sustento próprio e de seus familiares, motivo pelo qual pede que lhe sejam concedidos os benefícios da assistência judiciária gratuita, nos termos do § 3.º do art. 790 da CLT, a seguir transcrito: Art. 790. (...) (...) § 3.º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. § 4.º O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas do processo. (destacamos) Fundamenta, também, o seu pedido de assistência judiciária gratuita com base no art. 98 do Código de Processo Civil, aplicável subsidiariamente ao direito processual do trabalho, nos termos do art. 769 da CLT e o art. 15 do CPC. Dos Pedidos Diante de tudo o quanto foi exposto, requer a Reclamante a declaração de reconhecimento do vínculo jurídico de emprego existente entre as partes, com a consequente anotação do contrato de emprego em sua Carteira de Trabalho e Previdência Social pelo período compreendido entre 2-4-2013 a 16-5-2018 (com a projeção do aviso prévio proporcional ao tempo de serviço), bem como os registros de praxe. Ademais, o Réu também deverá ser compelido a pagar à Autora as horas extras e o adicional noturno, com os consequentes reflexos, nos valores de R$... e R$..., respectivamente, além das férias vencidas acrescidas do 1/3 constitucional, no valor de R$..., bem como, as verbas rescisórias indicadas acima, acrescidas de juros de mora e correção monetária, no valor de R$..., e também a multa de 40% (quarenta por cento) do FGTS e do § 8.º do art. 477 da CLT, nos valores de R$... e R$..., respectivamente. Os pedidos acima totalizaram a importância de R$... Requer, ainda, a condenação do Réu ao pagamento de honorários de sucumbência de 15%, conforme fundamentado acima. Requer, igualmente, que o Reclamado seja condenado a fornecer as guias para a percepção do seguro desemprego e para o saque do saldo da conta vinculada do FGTS, sob pena de pagar uma indenização substitutiva. Requer, por fim, que as verbas rescisórias incontroversas sejam pagas na primeira audiência, sob pena de pagá-las acrescidas de 50%, de conformidade com o art. 467 da CLT, bem como reitera que lhe seja concedida a assistência judiciária gratuita, tendo em vista a sua atual situação de desempregada. Das Provas 9/25/2018 4/4 Protesta a Autora por todos os meios de provas em direito admitidas, especialmente pelo depoimento pessoal do Reclamado, juntada de documentos, inquirição de testemunhas, perícias e tantas outras quantas forem necessárias para provar tudo o quanto aqui foi afirmado. Protesta, também, pela intimação do Reclamado para comparecer à audiência para prestar depoimento pessoal, com a expressa cominação de aplicação da confissão, para o caso de não comparecer (item I da Súmula n. 74 do Tribunal Superior do Trabalho) ou se recusar a depor. Declara, desde já, o advogado da Reclamante, sob sua responsabilidade pessoal, a fidelidade das cópias dos documentos oferecidos como prova aos documentos originais, na forma do caput do art. 830 da Consolidação das Leis do Trabalho. Das Disposições Finais Requer que todas as notificações a serem publicadas sejam feitas em nome de seu representante, conforme instrumento procuratório anexo (documento 01). Requer, por fim, se digne Vossa Excelência determinar a notificação do Reclamado para, querendo, contestar a presente reclamação trabalhista, sob pena de revelia, acompanhando-a até seus ulteriores trâmites, quando deverá ser julgada totalmente procedente. Dá-se à causa o valor de R$... (extenso). Nesses termos, pede-se deferimento. Local..., data... Advogado OAB/... n. ...
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