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Termodinâmica de Processos Parte II Prof. Gilson G. Medeiros UFRN - 2018 1 Máquinas Térmicas Um exemplo de máquina térmica é o ciclo de potência de uma central termoelétrica, representada simplificadamente no esquema abaixo. Q2 Turbina Caldeira Resfriador Bomba Q1 2 Análise dos Ciclos de Potência Nas máquinas térmicas, o objetivo é converter calor em trabalho O calor tem sido, durante muito tempo, o principal gerador de energia mecânica No estudo do ciclo das máquinas térmicas, é importante calcular a eficiência da conversão de calor em trabalho Para analisar os ciclos de potência e avaliar a sua eficiência térmica, é necessário conhecer a aplicação dos princípios termodinâmicos aos componentes do ciclo O rendimento de equipamentos como turbinas, compressores e bombas é geralmente estimado pela comparação entre a energia envolvida no processo real (sujeito a perdas e dissipação) e a energia do processo isentrópico (reversível, sem atrito) 3 Caldeiras (Geradores de Vapor) 4 Caldeiras O propósito de uma caldeira é converter água em seu vapor, a partir do calor produzido pela queima de um combustível (fóssil), pelo uso da eletricidade ou por uma reação nuclear é um recipiente de pressão e por isso deve seguir as orientações da norma NR-13, que define as caldeiras como “equipamentos destinados a gerar e acumular vapor sob pressão superior à atmosférica...” 5 Caldeiras O vapor de água é o agente de energia (fluido operante) sua matéria-prima é a água é de fácil geração, distribuição e manipulação deve sair da caldeira com alto conteúdo de calor (vapor superaquecido) A água, para uso em caldeiras, deve possuir as seguintes características: limpa, inodora e insípida 6 Caldeiras Tipos de vapor Saturado: vapor em equilíbrio com a água líquida A temperatura do vapor saturado depende da pressão: à pressão ambiente, a temperatura de saturação é de 100 ºC Superaquecido: vapor que está acima da temperatura de saturação; pode ser obtido a partir do aquecimento do vapor saturado Úmido: vapor bifásico (contendo gotículas de água), está na temperatura de saturação mas tem menos energia que o vapor saturado 7 Caldeiras Tipos de caldeiras (classificação de acordo com o tipo de trocador de calor entre os gases da combustão e a água) Flamotubulares: os gases quentes da combustão circulam dentro dos tubos, dispostos como uma serpentina, aquecendo a água circundante Aquatubulares: a água de alimentação, que vai virar vapor, circula dentro dos tubos, que são aquecidos pelos gases de combustão externos 8 Caldeira Flamotubular (esquema) 9 Caldeira Flamotubular 10 Caldeira Flamotubular 11 Caldeira Flamotubular 12 Caldeira Aquatubular - esquema 13 Caldeira Aquatubular - esquema 14 Caldeira Aquatubular 15 Caldeira Aquatubular 16 Caldeira Aquatubular 17 Caldeira Aquatubular 18 Caldeiras Rendimento Na produção de vapor, o rendimento da caldeira é um dos fatores que devem ser constantemente monitorados, mantidos ou ainda melhorados o rendimento pode sinalizar as reais condições de operação do equipamento verificação e correção imediata de alterações em qualquer um dos fatores que interferem no funcionamento da caldeira O rendimento é determinado pela razão entre a quantidade de energia térmica aproveitada pela caldeira (útil) e a quantidade de energia térmica libera pela queima do combustível (fornecida) = Q útil / Q fornecido 19 Caldeiras Rendimento () É específico para cada caldeira como o rendimento nunca é 100%, teremos perdas, ou seja, energia desperdiçada que deixa a caldeira por convecção (com os gases de combustão que saem pela chaminé) condução e radiação (que causam o aquecimento da carcaça da caldeira e do ambiente próximo) 20 Caldeiras Aplicando-se, para as caldeiras, a equação da energia, tem-se: H + u2/2 + g z = Q + We uma vez que o valor de z é muito pequeno, que não há transferência de energia na forma de trabalho entre a caldeira e a vizinhança e que a variação de energia cinética é desprezível. Ou seja, H = Q O calor aqui considerado é aquele efetivamente absorvido pelo fluido (Qútil) Da equação acima, tem-se a relação entre a variação de entalpia e o fluxo de calor: 21 Turbinas a Vapor O propósito de uma turbina a vapor é converter em energia mecânica a energia térmica contida em um vapor a alta pressão e a alta temperatura (geralmente, proveniente de uma caldeira) A turbina a vapor, constituída de um conjunto alternado de bocais e de lâminas de rotação, é bastante usada em usinas de geração de energia elétrica 22 Turbinas a Vapor Detalhes construtivos grupo de lâminas rotatórias (coroa) a seção transversal de uma lâmina é semelhante à de um aerofólio, para aumentar a velocidade do fluido turbinas pequenas podem ter uma única fileira das lâminas; turbinas de grandes estações de geração de energia empregam fileiras múltiplas de lâminas rotatórias e de aletas estacionárias 23 Princípio de funcionamento Desenho esquemático de uma coroa de lâminas Bocal Palheta Eixo Coroa Princípio de funcionamento A conversão da energia potencial do vapor em energia cinética é devida a sua expansão através dos bocais. Esta energia então é transformada em energia mecânica de rotação devido à força do vapor agindo nas pás rotativas (móveis). Turbinas a Vapor O fluxo de vapor através da turbina pode ser visto esquematicamente na figura abaixo 26 Turbinas a Vapor Em uma turbina, ocorre a conversão da entalpia do vapor em energia cinética, provocando um aumento na velocidade do fluido, que colide com as lâminas e provoca a rotação do eixo, produzindo trabalho: H Ec We Equação da energia: H + u2/2 + g z = Q + We Considerando que o valor de z é muito pequeno, que a troca de calor com a vizinhança é desprezível e que os valores de u1 e u2 são relativamente próximos, H = We 2 We 1 TURBINA 27 Turbinas a Vapor H = We Da equação anterior, deriva-se a equação que calcula a potência da turbina: 28 Turbinas a Vapor A eficiência ( ) de uma turbina é determinada pela comparação entre a energia que ela produz na realidade e a energia que produziria se trabalhasse isentropicamente = We (real) / W’e (isentrópico) = H / (H)s Uma turbina isentrópica tem uma produção máxima de energia; assim, a eficiência de uma turbina deve variar entre 0 e 1 (ou entre 0% e 100%) Uma turbina é considerada de boa eficiência quando tem rendimento na faixa de 70 a 80% 29 Condensador (trocador de calor) Um condensador (que tem o mesmo princípio de um resfriador ou trocador de calor) é um dispositivo que permite a transferência de calor entre dois fluidos com o objetivo de converter um vapor em líquido Essa transferência de calor se dá, geralmente, através de um parede, quase sempre metálica, que separa os fluidos quente e frio Principais tipos de trocadores de calor: (a) Casco e Tubo; (b) Duplo Tubo; (c) Placas 30 Condensador (Tipo Casco e Tubo) 31 Nesta situação, temos um volume externo, da carcaça, que abriga inúmeros tubos que podem fazer vários passes. Na situação mostrada, temos que o fluido que escoa pelos tubos passa por dois passes enquanto que o fluido na carcaça escoa em um único passe. Observe os defletores internos, que tornam mais envolvente o escoamento do fluido na carcaça. Condensador (Tipo Casco e Tubo) 32 Nesta situação, temos um volume externo, da carcaça, que abriga inúmeros tubos que podem fazer vários passes. Na situação mostrada, temos que o fluido que escoa pelos tubos passa por dois passes enquanto que o fluido na carcaça escoa em um único passe. Observe os defletores internos, que tornam mais envolvente o escoamento do fluido na carcaça. Condensador (Tipo Casco e Tubo) 33 Nesta situação, temos um volume externo, da carcaça, que abriga inúmeros tubos que podem fazer vários passes. Na situação mostrada, temos que o fluido que escoa pelostubos passa por dois passes enquanto que o fluido na carcaça escoa em um único passe. Observe os defletores internos, que tornam mais envolvente o escoamento do fluido na carcaça. Condensador (Tipo Casco e Tubo) Um dos fluidos passa por dentro dos tubos, e o outro pelo espaço entre o casco e os tubos Muito versáteis Feitos de uma grande variedade de materiais e tamanhos Extensivamente usados em processos industriais, para quaisquer capacidades e condições operacionais pressões e temperaturas altas atmosferas altamente corrosivas fluidos muito viscosos misturas de multicomponentes etc. 34 Nesta situação, temos um volume externo, da carcaça, que abriga inúmeros tubos que podem fazer vários passes. Na situação mostrada, temos que o fluido que escoa pelos tubos passa por dois passes enquanto que o fluido na carcaça escoa em um único passe. Observe os defletores internos, que tornam mais envolvente o escoamento do fluido na carcaça. Condensador (Tipo Casco e Tubo) 35 Condensadores A equação da energia se aplica aos condensadores do mesmo modo que para as caldeiras. Então: H + u2/2 + g z = Q + We Daí, H = Q Da equação acima, pode-se calcular o fluxo de calor, dado por: 36 Bombas Flange de descarga (a jusante) Esquema de uma bomba centrífuga 37 Bombas: Classificação BOMBAS CENTRÍFUGAS (turbobombas ) BOMBAS VOLUMÉTRICAS OU DESLOCAMENTO POSITIVO Bombas rotativas Bombas de êmbolo ou alternativas 38 Bombas Características Movimentam líquidos Geralmente são rotatórias As variações de temperatura (e da entalpia) no líquido bombeado são muito pequenas As propriedades do líquido (principalmente o volume específico) são praticamente insensíveis à pressão Nas bombas, o processo é praticamente adiabático (Q O), e, como os valores de EC e EP tendem a zero, tem-se H = We B 39 Bombas Para operação isentrópica, W’e (isentrópico) = (H)s= cte Outra equação útil, válida para líquidos incompressíveis (V independente de P), é: W’e = V (P2 – P1) O valor do trabalho será positivo. 40 Bombas A potência das bombas, como a das turbinas, é dada por: A eficiência ( ) de uma bomba é determinada pela relação: = W’e / We = (H)s /H Bombas reais consomem mais energia que bombas isentrópicas e, portanto, 0 < < 1 41 Compressores Ciclo de compressão simplificado 42 Compressores “Bomba” de ar Compressor de cilindro-pistão de motor a combustão interna 43 Compressores Compressor de geladeira 44 Compressores Compressor centrífugo 45 Compressores Compressor de parafuso, ou tipo Lysholm É um dos mais eficientes tipos de compressores: chega a 95% de eficiência térmica. 46 Compressores Comparação entre compressor alternativo e parafuso ITEM PISTÃO (ALTERNATIVO) PARAFUSO Consumo de energia Maior Menor Rendimento Emtorno de 70% Emtorno de 98% Área Ocupada Maior Menor,por serem muito compactos. Troca de peças Filtro de ar: a cada 200 horas Óleo: a cada 200 horas Filtro de ar: a cada 2.000 horas. Óleo mineral: 2.000 horas ou Óleo sintético: 6.000 horas Peças móveis Muitas peças como biela, pistão, anéis, válvulas,mancaisetc. Poucas peças móveis: manutenção em intervalos muito mais longos. Teor Residual de Óleo na descarga Emitem150ppm Emitemmenosque 2ppm Recomendação de operação diária (máxima) 12 horas 24 horas Pulsação de ar Devido ao ciclo alternativo possuem pulsação. Livre de pulsações devido a sua compressão contínua. Nível de ruído Não possuem isolamento acústico Com cabine acústica. Níveisde ruído entre12 e 15% abaixo dorecomendado. Fonte: Geralmaq (http://www.geralmaq.com.br/) 47 Compressores O fluido, ao atravessar um compressor, sofre um aumento de pressão (P1< P2) a partir do consumo de energia externa Equação da energia: H + u2/2 + g z = Q + We Considerando que o processo é praticamente adiabático (Q O) e que os valores de Ec e Ep tendem a zero, tem-se H = We We 2 1 COMPRESSOR 48 Compressores Para operação isentrópica, W’e (isentrópico) = (H)s= cte Como nas bombas, o valor do trabalho será positivo. A potência dos compressores, como a das bombas e das turbinas, é dada por: 49 Compressores Não sendo disponíveis os valores de entalpia, pode-se calcular o trabalho de um compressor isentrópico pela equação abaixo, se o gás for ideal: 50 Compressores A eficiência ( ) de um compressor é determinada pela comparação entre a energia que ele consumiria se trabalhasse isentropicamente e a energia que ele consome na realidade = W’e (isentrópico) / We (real) = (H)s /H Compressores reais consomem mais energia que os compressores isentrópicos e, portanto, a sua eficiência varia entre 0 e 1 Boa eficiência: rendimento na faixa de 70 a 80 % 51 Compressores Ciclo de compressão em um só estágio Duas etapas isobáricas Duas etapas que mais se aproximam de adiabáticas que de isotérmicas 52 Compressores Compressão em Múltiplos Estágios Compressão isotérmica (linha tracejada): maior eficiência Quanto mais estágios, mais o processo se aproxima de uma compressão isotérmica menor custo operacional do sistema Mais estágios necessidade de serem introduzidos mais resfriadores intermediários aumento no investimento inicial de uma estação de compressão 53 Compressores Compressão em dois estágios com refrigeração intermediária 54