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Ácido abscísico Um sinal para a maturação de sementes e anti-estresse Introdução • Na década de 60, nos EUA, Addicott et al. cristalizaram uma substância que causava abscisão de frutos de algodão. • Foi chamada de abscisina II. • Na década de 60, na Inglaterra , Wareing et al. extraíram substância que chamaram de dormina, de gemas de bordo (Acer pseudoplatanus) mantidas em dias curtos. • Apresentavam dormência em resposta à sazonalidade. • Dormina e abscisina II são nomes anteriores do ácido abscísico - ABA. A indução de abscisão de frutos por ABA age ativando a síntese de etileno • ABA é um sesquiterpenóide de 15 carbonos formado por 3 unidades de isopreno. ABA é a única forma natural e ativa. Locais de síntese • Todas as células vivas, desde ápice caulinar ao ápice radicular. • Presente nas seivas de xilema, floema e em nectários. • Tecidos submetidos ao estresse hídrico ambiental e sementes em desenvolvimento. Transporte e mecanismo de ação • Transportado das folhas para raízes via floema. • De raízes à parte aérea via xilema. • Também através de células parenquimáticas. • Dois tipos de respostas: – Rápidas – alterações de fluxo de íons e de balanço hídrico. • Ocorrem poucos minutos após aumento de ABA endógeno. • Exemplo de resposta rápida: fechamento estomático devido ao estresse hídrico. – Lentas - alterações na expressão gênica- demoram algumas horas para ocorrer. • Exemplo: tolerância à dessecação em sementes em formação. Efetores ( E2) : PLD= fosfolipase D; canais de K+, canais de CA 2+, outros. Modelo esquemático de sinalização de ABA mediada por GCR. GCR2 Proteína G Modelo de ação e receptores • Proteína receptora (GCR) ligada à proteína G na membrana plasmática e ao ABA em Arabidopsis. • Ligação de ABA ao receptor substitui GDP por GTP na sub-unidade α da proteína G. • A seguir, GCR se separa de G. • A sub-unidade α da proteína G se separa e liga-se a uma molécula efetora para induzir as respostas. • As evidências atuais sugerem uma multiplicidade de receptores para ABA. Principais efeitos fisiológicos • Fechamento de estômatos induzido por estresse hídrico. • Dormência de sementes e gemas • Inibição de viviparidade. • Promoção de senescência foliar. EFEITO DO ABA NO FECHAMENTO ESTOMÁTICO Modelo dos balões para explicar o papel das paredes celulares das células guardas na sua abertura. Os polissacarídeos formam espessamentos radiais. Quando as células guardas ficam túrgidas, esses espessamentos puxam para dentro o poro estomático e o estômato abre. Cucumis anguria Apium petroselinum (salsa) ABA e fechamento estomático durante estresse hídrico Fechamento de estômatos durante estresse hídrico • Raízes de plantas sob estresse hídrico sintetizam altos níveis de ABA (pode aumentar 40 X). • ABA– é enviado às células guardas dos estômatos. • Células guardas têm receptor de ABA na superfície externa da membrana plasmática que abrem os canais de Ca2+; • Ocorre perda de íons K+, Cl- e Malato- pelas células guardas em resposta ao aumento de ABA. • Ocorre então redução da água das células guardas. • Ocorre também redução de potencial de pressão ( p) ou pressão de turgescência. • O estômato se fecha. Resumo da movimentação de íons responsável pela abertura e fechamento estomático EFEITO DO ABA SOBRE AS SEMENTES Desenvolvimento de sementes • Picos de ABA são verificados no final de embriogênese e início da maturação das sementes. • ABA induz transporte de fotoassimilados para sementes em desenvolvimento e embriões em crescimento. • Síntese de proteínas de armazenagem em sementes. • Proteínas de proteção contra desidratação: RAB (que respondem ao ABA) e DHN (deidrinas) em Arabidopsis thaliana. Controle da germinação precoce e dormência. • ABA evita viviparidade, ou seja germinação precoce do embrião ainda nos frutos. • Mutantes deficientes ou insensíveis ao ABA mostram viviparidade. • Exemplos: milho, tomate, ervilha, batata, cevada, Arabidopsis, Nicotiana. • Mutantes de milho mostram bloqueio na síntese de carotenóides e níveis muito reduzidos de ABA causando viviparidade. Espigas de milho contendo mutantes vivíparos, insensíveis ou deficientes em ABA À esquerda, mutantes deficientes em ABA. À direita, mutantes insensíveis ao ABA. As cariopses pretas possuem antocianinas, cuja síntese é induzida pelo ABA e as amarelas não contém antocianinas. Giberelinas ativam enzimas hidrolíticas necessárias para a germinação ABA inibe enzimas hidrolíticas - inibidor de germinação ABA E A PROMOÇÃO DA SENESCÊNCIA FOLIAR Promoção de senescência foliar • ABA promove a senescência foliar independentemente do etileno. • Acelera senescência foliar de folhas intactas e segmentos. • Em mutantes de Arabidopsis insensíveis ao etileno, o ABA estimulou o amarelecimento, ou clorose em ambos, o selvagem e o mutante. • Há interação com vários outros grupos de hormônios. • Altos níveis de AIA foliar retardam senescência. • Altos níveis de citocininas retardam. • Etileno, ABA e JA (jasmonatos) aceleram. Senescence iem Arabidopsis ETILENO Hormônio Gasoso Histórico • Na china milenar já se sabia que os frutos colhidos “de vez” amadureciam mais rapidamente quando armazenados em uma sala onde se queimava incenso. • No século XIX (1864), quando o gás produzido pelo carvão era utilizado para a iluminação das ruas, foi observado que as árvores que se encontravam próximas aos postes de iluminação perdiam mais folhas que as demais. • GANE, em 1934, mostrou que plantas eram capazes de produzir ETILENO e que este composto era o responsável pelo amadurecimento de frutos. Sendo, então, considerado um hormônio vegetal. • O etileno é um produto da combustão incompleta de compostos ricos em carbono (petróleo, carvão, gás natural, gasolina, óleo diesel). Estrutura química • É o mais simples dos hormônios vegetais e se apresenta sempre na forma gasosa. Síntese de Etileno • A produção de etileno aumenta durante a abscisão foliar, a senescência de flores e o amadurecimento de frutos climatéricos; • Além disso, escuro, injúria mecânica, doenças e estresses fisiológicos (causados por congelamento, alagamento, alta temperatura e déficit hídrico) induzem a síntese de etileno. • É responsável pela formação do gancho plumular (resposta tríplice) Gancho Plumular • Em espécies com germinação hipógea (os cotilédones permanecem enterrados), a plúmula emerge curvada em direção ao solo, protegendo o meristema apical durante o crescimento sob o solo. • A formação do gancho é estimulada por uma produção localizada de etileno na ápice da plântula. • Na presença da luz, o gancho se desdobra (efeito mediado pelo fitocromo). Mutante etr1 de Arabidopsis insensível a etileno. Plantas foram crescidas durante 3 dias no escuro na presença de etileno. Etileno e a Epinastia • Epinastia é a curvatura das folhas para baixo, devido ao maior alongamento das células do lado superior do pecíolo que do lado inferior. • As Auxinas induzem a síntese de Etileno e este inibe o crescimento na parte inferior. • Mecanismo semelhante ao gancho plumular Epinastia Etileno e a Abscisão Foliar A abscisão de folhas e frutos é um processo natural Efeitos da Prata (Ag+) sobre a senescência de floresde crava Inibidores da ação do etileno Íons de prata (Ag+) aplicados na forma de nitrato de prata (AgNO3) ou como tiosulfato de prata [AgS2O3)2 3-] são inibidores potentes da ação do etileno. ETILENO E O AMADURECIMENTO DE FRUTOS Frutos Climatéricos e Não-climatéricos • O etileno pode promover o amadurecimento de alguns frutos. Esse frutos exibem um aumento característico de sua taxa respiratória antes do amadurecimento, chamada de fase do climatério. São frutos climatéricos: o tomate, a maçã, o abacate, a banana. • Outros frutos, como os citrus e a uva, não apresentam a fase de aumento da produção de etileno e respiração e são chamados de frutos não- climatéricos. Amadurecimento • Mudança na cor, textura e aumento de açúcares nos frutos. • Nos frutos climatéricos, o pico respiratório ativa a produção de etileno que induz da expressão gênica de proteínas envolvidas em modificações no metabolismo de carboidratos (transformação de amido em açucares solúveis) e da parede celular (degradação de componentes da parede por poligalacturonase, galactosidases). Vamos pensar • O que você faz para o abacate amadurecer mais rápido? • Porque maças vem embaladas com papel seda? • Porque nunca guardamos bananas na geladeira ou em sacos? Armazenamento do fruto em atmosfera controlada
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