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Direito Constitucional Parte 1 - até objetivos fundamentais do Estado Brasileiro (caderno coletivo)

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Direito Constitucional Parte 1
Objeto de Estudo: Art. 1º ao 36º
1.       Classificação da Constituição
2.       Poder Constituintes
3.       Direitos Fundamentais (maior parte do semestre)
O objetivo de colocar muitos artigos na Constituição é blindar a maior quantidade de direitos possíveis.
O Estado Democrático de Direito, caracterizador do Estado Constitucional, significa que o Estado se rege por normas democráticas, com eleições livres, periódicas e pelo povo, bem como o respeito das autoridades públicas aos direitos e garantias fundamentais...
UNIDADE I: A CONSTITUIÇÃO DO ESTADO
1.       CONCEITO
Constituição deve ser entendida como a lei fundamental e suprema de um Estado, que contém normas referentes à estruturação do Estado, à formação dos poderes públicos, forma de governo e aquisição do poder de governar, distribuição de competências, direitos, garantias e deveres dos cidadãos. Além disso, é a Constituição que individualiza os órgãos competentes para a edição de normas jurídicas, legislativas ou administrativas.
Criar um texto que trate de normas de organização do Estado.
Cada constituição é o reflexo do momento histórico em que ela foi criada.
Nossa constituição é prolixa, analítica.
Ex.: Art. 242, § 2º – O Colégio Pedro II, localizada na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal. → Não existe norma hierarquicamente superior à outra se ambas estão dentro da constituição. / O Art. 242 está no mesmo nível hierárquico que o Art. 5º da Constituição Federal.
O Art. 242, § 2º evidencia o quanto nossa constituição é prolixa, analítica.
2.       CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES:
2.1.    Quanto ao conteúdo
2.1.1. Materiais (ou substanciais)
Conjunto de regras materialmente (matéria) constitucionais, estejam ou não codificadas em um único documento.
Preocupa-se essencialmente com os assuntos (matéria/conteúdo) colocados em seu texto.
Ex.: Com a organização dos poderes, com os direitos fundamentais, direitos políticos, ou seja, ela vai trazer o Estado com toda a sua organização interna. Sendo assim, são menores, possuem um texto mais reduzido.
2.1.2. Formais
É aquela consubstanciada de forma escrita, por meio de um documento solene estabelecido pelo poder constituinte originário.
Ex.: Art. 242, § 1º / CF 88
O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro.
Não há preocupação com o assunto, mas sim em inserir o seu conteúdo de forma adequada.
1.1.    Quanto à estabilidade
§  A estabilidade é importante para a segurança jurídica.
§  Deixa a constituição mais estável.
§  Garante a hierarquia.
1.1.1. Imutáveis
Onde se veda qualquer alteração.
Obs.: Em algumas constituições, a imutabilidade poderá ser relativa, quando se preveem as chamadas limitações temporais, ou seja, um prazo em que não se admitirá a atuação do legislador constituinte reformador.
1.1.2. Rígidas
-   Subseção II – Da Emenda à Constituição – Art. 60
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
                                                                    I.            de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;
                                                                   II.            do Presidente da República;
                                                                 III.            de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
                                                                                I.            a forma federativa de Estado;
                                                                               II.            o voto direto, secreto, universal e periódico;
                                                                             III.            a separação dos Poderes;
                                                                             IV.            os direitos e garantias individuais.
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.
São as constituições escritas que poderão ser alteradas por um processo legislativo[1]mais solene e dificultoso do que o existente para a edição das demais espécies normativas (por exemplo: CF/§ - art. 60).
1.1.3. Flexíveis
Em regra, não escritas, excepcionalmente escritas, poderão ser alteradas pelo processo legislativo ordinário.
1.1.4. Semirrígidas (semiflexíveis)
Algumas regras poderão ser alteradas pelo processo legislativo ordinário, enquanto outras somente por um processo legislativo especial e mais dificultoso.
[1] Processo legislativo é o conjunto de disposições que disciplinam o procedimento a ser observado pelos órgãos competentes na elaboração das espécies normativas (art. 59 da CF).
A não obediência às disposições sobre o processo legislativo constitucionalmente previstas acarretará inconstitucionalidade.
Espécies:
§  Processo ou procedimento legislativo ordinário ou comum: É aquele que se destina à elaboração da lei ordinária.
Os princípios do processo legislativo federal se aplicam ao processo legislativo estadual ou municipal (princípio da simetria do processo legislativo).
§  Processo ou procedimento sumário: Diferencia-se do ordinário apenas pelo fato de existir prazo para o Congresso Nacional deliberar sobre determinado assunto.
§  Processo ou procedimento especial: É aquele que se destina à elaboração das leis complementares, leis delegadas, medidas provisórias, decretos-legislativos, resoluções e leis financeiras.
Entre uma lei ordinária e uma lei complementar, em relação ao procedimento, só há diferença quanto ao número de votos para aprovação. Sendo exigido maioria relativa para a lei ordinária e maioria absolutapara a lei complementar. Na maioria absoluta, leva-se em consideração o total dos membros da Casa e na maioria relativa, os presentes na reunião ou sessão. Maioria é o número inteiro imediatamente superior à metade, se ela for fracionada, ou é a unidade imediatamente superior a metade, se ela não for fracionada.
Quando o Congresso Nacional vota uma emenda constitucional, não está no exercício de um poder legislativo, mas sim de um poder constitucional.
3.      FORMAS DE ALTERAÇÂO DA ATUAL C.F. BRASILEIRA:
Quanto à estabilidade, a CF/88 é classificada como rígida.
Existem, hoje, 3 formas da Constituição Federal ser alterada:
         I.            Revisão constitucional
        II.            Reforma constitucional
      III.            Mutação constitucional
Nossa CF também é rígida por que tem limitações implícitas. Se o Art. 60 for revogado, a CF fica imutável, pois se acaba com o poder derivado. Implicitamente, o art. 60 é clausula pétrea. Clausula pétrea, como regra, é aquela que não pode ser abolida, maspode ser modificada. O Art. 60 não pode ser modificado. Além de ser clausula pétrea, ele é uma clausula pétrea que não pode ser modificado (não está escrito).
1.    Mutação constitucional
É uma mudança informal na constituição. Ela não está no Art. 60. Ela está na interpretação. Ela possibilita que haja uma mudança sem mudar o texto. Assim, muda-se a interpretação. Para isso, é necessário que ocorra um ciclo. Primeiro alguém interpreta a Constituição de uma forma diferente colocando sua nova ideia em pratica. Depois que a mudança é realizadana pratica, ai sim o judiciário vem e diz que se pode fazer isso. Só é mutação na hipótese de antes do judiciário concordar, tenha-se colocado em pratica.
Ex.: Reeleição do presidente da câmara. Reeleição para que seja subsequente deve ocorrer na mesma legislatura.
A mutação constitucional é um processo informal de alteração constitucional, sendo resultado de uma evolução dos costumes, dos valores da sociedade, das pressões exercidas pelas novas exigências econômico-sociais, etc. Nesse processo, muda-se o sentido da Constituição sem nenhuma mudança na literalidade de seu texto.
Podemos citar como exemplo de mutação constitucional as hipóteses em que o STF muda a sua interpretação sobre o alcance, sobre o conteúdo de algum dispositivo da Constituição. Foi o que aconteceu quanto ao alcance do foro especial por prerrogativa de função, matéria em que o STF já teve posições diferentes.
Nossa Constituição também pode ser alterada por meio de procedimentos formais, resultantes da atuação do poder constituinte derivado, segundo os procedimentos estabelecidos na própria Constituição pelo legislador constituinte originário, sendo dois os procedimentos previstos em nossa Carta: a revisão constitucional (art. 3º , ADCT) e a reforma constitucional, disposta no art. 60 , CF .
Portanto, a reforma constitucional e a revisão constitucional são meios formais de modificação da Constituição, por intermédio da aprovação de emendas à Constituição pelo Poder Constituinte Derivado.
2.    Revisão constitucional – Art. 3º, ADCT
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) – Art. 3º - A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral.
§  Ampla
§  Nos cinco primeiros anos de existência da constituição houve mudanças, ou seja, a Constituição foi alterada antes da revisão.
3.    Reforma Constitucional – Art. 60/CF
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: ← Iniciativa / Limitação Procedimental
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
§ 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. ← Limitação Circunstancial
§ 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. ← Limitação Procedimental
§ 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. ← Limitação Procedimental
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: ← Limitação Material
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
§ 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. ← Limitação Procedimental
É uma alteração na constituição. Ela deve ser sempre setorial (por assunto, por conteúdo). Setorial não significa que tem de mudar um artigo de cada vez.
§  PEC = Proposta de Emenda Constitucional
 
4. LIMITAÇÕES EXPRESSAS AO PODER CONSTITUINTE DERIVADO 
1.3.1.1.             Material
§  Art. 60, § 4º CF/88 (cláusulas pétreas)
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
§  Cláusulas pétreas são clausulas que não podem ser abolidas, mas podem ser modificadas.
1.3.1.2.             Circunstancial
§  Art. 60, § 1º CF/88 – A constituição pode ser alterada a qualquer momento. Não temos rigidez com relação ao tempo, ao prazo. Entretanto, não podemos mudar a constituição em três circunstancias: na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
§ 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
1.3.1.3.             Procedimental
-   Art. 60, § 2º, 3º e 5º
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
§ 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
§ 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.
§ 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.
-   Tem de ser apresentado um projeto de emenda (PEC).
-   Art. 60, I, II, III → iniciativa (faculdade conferida a alguma pessoa ou órgão para propor uma PEC)
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
-   No Brasil, temos:
-   513 deputados
-   81 senadores
-   26 Assembleias Legislativas
-   No Distrito Federal não há Assembleia Legislativa, e sim Câmara Distrital.
-   Deliberação – Art. 60, paragrafo 2º - Vota-se em dois turnos em cada casa (2 vezes) - Quórum → 3/5 de 513 e 3/5 de 81
§ 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos,três quintos dos votos dos respectivos membros.
-   Ver ação penal 470 (mensalão) – Se mensalão for provado, as emendas aprovadas são inconstitucionais, pois violaram o Art. 60, § 2º .
Efeito ex tunc (retroage) e ex nunc (não retroage).
Efeito 'EX TUNC' significa dizer que É RETROATIVO, ou seja, no caso de uma sentença com efeitos ex tunc, diz-se que ela incide gerando efeitos retroativos - A PARTIR DE ENTÃO - reconhece a situação desde o lapso temporal - nascimento - do motivo ora discutido. Em caso de controle em matérias de lei ou ato normativos, atinge desde a promulgação da lei ou ato normativo questionado.
Já o efeito 'EX NUNC' - A PARTIR DE AGORA - significa dizer que no caso de uma sentença, ela NÃO RETROAGE ao passado, mas somente gera efeitos após o pronunciamento. Sob controle de lei ou ato normativo, produz efeitos a partir do pronunciamento do órgão competente.
5.        APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS:
2.1.      Em relação à aplicabilidade
Em relação à sua aplicabilidade, as normas constitucionais classificam-se:
2.2.      Eficácia Plena
Aquelas que, desde a entrada em vigor da Constituição, produzem, ou têm possibilidade de produzir, todos os efeitos essenciais, relativamente aos interesses, comportamentos e situações, que o legislador constituinte, direta e normativamente, quis regular.
2.3.      Eficácia Contida
Aquelas em que o legislador constituinte regulou suficientemente os interesses relativos à determinada matéria, mas deixou margem à atuação restritiva por parte da competência discricionária do poder público, nos termos que a lei estabelecer ou nos termos de conceitos gerais nelas enunciados.
Ex.: Art. 5º, XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.2.4.      Eficácia Limitada
São aquelas que apresentam aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, porque somente incidem totalmente sobre esses interesses, após uma normatividade ulterior que lhes desenvolva a aplicabilidade.
Ex.: Art. 37, VII: o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica.
2.5.      Em relação à intangibilidade e à produção dos efeitos concretos
Em relação à sua intangibilidade e à produção dos efeitos concretos, as normas constitucionais classificam-se:
2.5.1.    Eficácia Absoluta
As intangíveis; contra elas nem mesmo há o poder de emendar.
Distinguem-se, portanto, das normas constitucionais de eficácia plena, que, apesar de incidirem imediatamente sem necessidade de legislação complementar posterior, são emendáveis.
Por exemplo, os textos constitucionais que amparam a federação (Art. 1º ), o voto direto, secreto, universal e periódico (Art. 14), etc.
2.5.2.    Eficácia Plena
São plenamente eficazes, apesar de suscetíveis de emenda. Não requerem normação subconstitucional subsequente. Podem ser imediatamente aplicadas.
2.5.3.    Eficácia Relativa Restringível / Eficácia Redutível / Eficácia Restringível
De aplicabilidade imediata ou plena, embora sua eficácia possa ser reduzida, restringida nos casos e na forma que a lei estabelecer; têm, portanto, seu alcance reduzido pela atividade legislativa.
2.5.4.    Eficácia Relativa Dependente de Complementação Legislativa
Têm aplicação mediata, por dependerem de norma posterior, ou seja, de lei complementar ou ordinária, que lhes desenvolva a eficácia, permitindo o exercício do direito ou do benefício consagrado.
6.        INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS 
O conflito entre direitos e bens constitucionalmente protegidos resulta do fato de que a Constituição proteger certos bens jurídicos (saúde pública, segurança, liberdade de imprensa, integridade territorial, defesa nacional, família, idosos, índios, etc), que podem vir a envolver-se numa relação do conflito ou colisão.
A Hermenêutica Jurídica é a ciência da interpretação de textos da lei. Tem por objetivo o estudo e a sistematização dos processos a serem aplicados para fixar o sentido e o alcance das normas jurídicas e seu conhecimento adequado, adaptando-se à interpretação dos fatos sociais.
A aplicação dessas de regras de interpretação deverá, em síntese, buscar a harmonia do texto constitucional com suas finalidades precípuas, adequando-as à realidade e pleiteando a maior aplicabilidade dos direitos, garantias e liberdades públicas.
Ressalte-se, contudo, que a supremacia absoluta das normas constitucionais e a prevalência do princípio da dignidade da pessoa humana como fundamento basilar da República obrigam o intérprete, em especial o Poder Judiciário, no exercício de sua função interpretativa, aplicar não só a norma mais favorável à proteção aos Direitos Humanos, mas, também, eleger em seu processo hermenêutico, a interpretação que lhe garanta a maior e mais ampla proteção.
7.       CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES 
1.    Quanto à forma:
1.1. Escritas (ou instrumentais)
É o conjunto de regras codificado e sistematizado em um único documento, para fixar-se a organização fundamental.
Possui efeito racionalizador, estabilizante, de segurança jurídica e de calculabilidade e publicidade.
É o mais alto estatuto jurídico de determinada comunidade, caracterizando-se por ser a lei fundamental de uma sociedade.
Atenção para:
Bloco de Constitucionalidade[1] (ordenamento constitucional brasileiro)
§  Jurisprudência (Decisões do STF)
§  EC 45/2004 – Art. 5º, § 3º CF/§ - Tratado de São Jose de Costa Rica.
Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
Sendo assim, conclui-se que nossa Constituição hoje caminha para uma Constituição Mista, embora ainda seja predominantemente escrita.
1.2. Não escritas (ou plásticas ou consuetudinárias)
É o conjunto de regras não aglutinado em um texto solene, mas baseado em leis esparsas, costumes, jurisprudência e convenções (exemplo: Constituição inglesa).
2.    Quanto ao modo de elaboração
2.1. Dogmática (ou sistemática)
Produto escrito e sistematizado por um órgão constituinte, a partir de princípios e ideias fundamentais da teoria política e do direito dominante.
Elaborada de acordo com o momento que o Estado está vivendo. Surge do anseio da sociedade naquele momento.
2.2. Históricas (ou costumeiras ou consuetudinárias)
Fruto da lenta e contínua síntese da História e tradições de um determinado povo. (exemplo: Constituição inglesa).
É a mesma Constituição durante anos e anos.
3.    Quanto à origem
3.1. Promulgadas (ou democráticas, ou populares)
Derivam do trabalho de uma Assembleia Nacional Constituinte composta de representantes do povo, eleitos com a finalidade de sua elaboração.
Ex.: Constituições brasileiras de 1891, 1934, 1946 e 1988.
Popular, democrática, com participação do povo, através de seus representantes, na sua elaboração.
3.2. Outorgadas
Elaboradas e estabelecidas sem a participação popular, através de imposição do poder da época (exemplo: Constituições brasileiras de 1824, 1937, 1967 e EC nº 01/1969.
Imposta
3.3.    Cesaristas
Não obstante outorgadas, dependem da ratificação popular por meio de referendo.
4.    Quanto à extensão e finalidade
4.1. Analíticas (ou dirigentes)
Preveem somente os princípios e as normas gerais de regência do Estado, organizando-o e limitando seu poder, por meio da estipulação de direitos e garantias fundamentais (por exemplo: Constituição norte-americana).
4.2. Sintéticas (ou negativas, ou garantísticas)
Examinam e regulamentam todos os assuntos que entendam relevantes à formação, destinação e funcionamento do Estado (por exemplo: Constituição brasileira de 1988).
 PODER CONSTITUINTE
Poder do povo concedido aos representantes, o qual é soberano, de elaborar um texto Constitucional.
O Poder Constituinte é a manifestação soberana da suprema vontade política de um povo, social e juridicamente organizado.
Segundo o abade Emmanuel Sieyès, um dos precursores dessa doutrina, o titular do Poder Constituinte é a nação.
Modernamente, porém, é predominante que a titularidade do poder constituinte pertence ao povo, pois o Estado decorre da soberania popular, cujo conceito é mais abrangente do que o de nação.
Distingue-se a titularidade e o exercício do Poder Constituinte, sendo o titular o povo e o exerce aquele que, em nome do povo, cria o Estado, editando a nova Constituição.
1.    Originário
O Poder Constituinte originário estabelece a Constituição de um novo Estado, organizando-o e criando os poderes destinados a reger os interesses de uma comunidade. Tanto haverá Poder Constituinte no surgimento de uma primeira Constituição, quanto na elaboração de qualquer Constituição posterior.
Inexiste forma prefixada de expressão do poder constituinte originário. Porém, há possibilidade de apontar duas básicas: Assembleia Nacional Constituinte e Movimento Revolucionário (outorga).
A outorga é o estabelecimento da Constituição por declaração unilateral do agente revolucionário, que autolimita seu poder.
Ex.: Constituições de 1824, 1937 e Ato Institucional nº 1, de 9-4-1964.
A assembleia nacional constituinte, também denominada convenção, nasce da deliberação da representação popular, devidamente convocada pelo agente revolucionário, para estabelecer o texto organizatório e limitativo de Poder. Ex.: Constituições de 1891, 1934, 1946, 1967 e 1988.
Características:
§  Inicial → Pois sua obra – a Constituição – é a base da ordem jurídica.
§  Ilimitado e autônomo → Não está de modo algum limitado pelo direito anterior.
§  Incondicionado → Não está sujeito a qualquer forma prefixada para manifestar sua vontade.
§  Permanente → Não desaparececom a realização da sua obra.
Poder de criar um novo texto constitucional seja ele o primeiro ou um novo. Ele se manifesta através da Assembleia Nacional Constituinte ou através de um Movimento Revolucionário.
§  Inicial
§  Ilimitado – coloca-se o que quiser
§  Incondicionado – não tem de respeitar nenhuma norma jurídica
Ver: Estudo teórico sobre o princípio da vedação ao retrocesso social (ou impedir que haja a evolução social). Para se ter uma vida digna deve-se ter o mínimo existencial (direitos sociais). – Pode-se colocar esse limite ao poder constituinte originário. – Não há um limite jurídico para isso, mas há um limite fático. – Como impedir que o poder originário retroceda?
2.    Derivado (Reformador)
Só vai existir se o originário quiser.
Art. 60 da CF/88
A CF/88 é rígida.
Decorre de uma regra jurídica de autenticidade constitucional, portanto, conhece limitações constitucionais expressas e implícitas e é passível de controle de constitucionalidade.
Características:
§  Derivado → Retira sua força do Poder Constituinte Originário.
§  Subordinado → Se encontra limitado pelas normas expressas e implícitas do texto constitucional, às quais não poderá contrariar, sob pena de inconstitucionalidade.
§  Condicionado → Seu exercício deve seguir as regras previamente estabelecidas no texto da Constituição Federal.
3. Decorrente
Consiste na possibilidade que os Estados-membros têm, em virtude de sua autonomia político-administrativa, de se auto-organizarem por meio de suas respectivas constituições estaduais, sempre respeitando as regras limitativas estabelecidas pela Constituição Federal.
Próprio da federação (união de Estados soberanos que deixam de ser soberanos e passam a ser autônomos).
O Brasil era um Estado unitário que passou a ser federal (por desagregação).
Cada Estado membro possui sua Constituição Estadual. Toda estrutura do Estado deve ser (obrigatoriamente) repetida no estado membro.
O D.F. não tem constituição, mas deve ter uma norma que o estruture também. Sendo assim, ela possui a lei orgânica, a qual está na mesma hierarquia que a Constituição dos estados membros.
Não há Constituições municipais, e sim lei orgânica municipal.
4.     Reformador
Consiste na possibilidade de alterar-se o texto constitucional, respeitando-se a regulamentação especial prevista na própria Constituição Federal e será exercitado por determinados órgãos com caráter representativo. No Brasil, pelo Congresso Nacional. Logicamente, só estará presente nas Constituições Rígidas.
5.     Supranacional
Poder Constituinte Supranacional é o poder que cria uma Constituição, na qual cada Estadocede uma parcela de sua soberania para que uma Constituição comunitária seja criada. O titular deste Poder não é o povo, mas o cidadão universal.
Moldar a interpretação / a convivência entre a Constituição brasileira e os tratados internacionais.
EC → Art. 5º, § 3º CF/88 - A própria Constituição hoje permite essa convivência saudável.
Art. 5º
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
Art 5º   § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
Tratado de Roma → Criou o Tribunal Penal Internacional. O Brasil se submete às regras do Tribunal Penal Internacional.
Regras: Art. 5º, Inciso LI - Não extradição de brasileiro nato.
LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
[1] O fenômeno da constitucionalização do direito e, principalmente, a internacionalização do direito constitucional, tem demonstrado a necessidade de uma observância cuidadosa na materialidade das normas jurídicas. Essa análise torna-se imprescindível em face de que, reconhecendo determinada norma como constitucional, deverá ser dispensada a ela, a imperatividade da força normativa constitucional, como produto do princípio da supremacia constitucional, da rigidez constitucional, e servirá, inclusive, de paradigma para o controle de constitucionalidade. O reconhecimento do caráter constitucional de determinadas normas fora do documento constitucional, atribui-se a denominação de Bloco de Constitucionalidade. Esse cenário tem produzido reflexos no ordenamento jurídico brasileiro, especialmente, na proteção dos direitos fundamentais, através da Emenda Constitucional nº 45 de 2004. Entretanto, parte da doutrina, neste inclui o nosso posicionamento, já reconhecia que o sistema constitucional brasileiro, primando por uma interpretação sistêmica e teleológica de suas normas, prescrevia desde a promulgação da Constituição de 1988 pela identificação de normas constitucionais distante do texto constitucional, com fundamentos no § 2º, do art. 5º, bem como nos princípios constitucionais implícitos. Dessa forma, como as normas constitucionais são identificadas a partir da sua materialidade ou formalidade constitucional, no sistema constitucional brasileiro a admissão do bloco de constitucionalidade acaba por tornar-se inegável, mas algumas consequências advêm dessa constatação. De qualquer forma, a ordem jurídica brasileira encontra-se em expansão constante permitindo ao interprete proteger sempre a identidade constitucional e a prevalência dos direitos fundamentais.
UNIDADE II  - O PREÂMBULO
1.       CONCEITO
Texto que antecede textos constitucionais.
Não se pode falar da constitucionalidade do preâmbulo porque não é norma jurídica e sim um texto.
Documento de intenções do diploma, e consiste em uma certidão de origem e legitimidade do novo texto e uma proclamação de princípios, demonstrando a ruptura com o ordenamento constitucional anterior e o surgimento jurídico de um novo Estado. Nele devem constar os antecedentes e enquadramento histórico da Constituição, bem como suas justificativas e seus grandes objetivos e finalidades.
PREÂMBULO
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
2.       VALOR JURÍDICO DO PREÂMBULO
O preâmbulo não é juridicamente irrelevante, uma vez que deve ser observado como elemento de interpretação e integração dos diversos artigos que lhe seguem.
Deve sintetizar sumariamente os grandes fins da Constituição, servindo de fonte interpretativa para dissipar as obscuridades das questões práticas e de rumo para a atividade política do governo.
Por não ser norma constitucional, não poderá prevalecer contra texto expresso da Constituição Federal, e tampouco poderá ser paradigma comparativo para declaração de inconstitucionalidade, porém, por traçar as diretrizes políticas, filosóficas e ideológicas da Constituição, será uma de suas linhas mestras interpretativas.
Observe-se que a evocação à “proteção de Deus” no preâmbulo da Constituição Federal não a torna confessional, mas sim reforça a laicidade do Estado, afastando qualquer ingerência estatal arbitrária ou abusiva nas diversas religiões e garantindo tanto a ampla liberdade de crença e cultos religiosos, como também ampla proteção jurídica aos agnósticos e ateus, que não poderão sofrer quaisquer discriminações pelo fato de não professarem uma fé.
UNIDADE III   - PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS - Art. 1º ao 4º
Art. 1º e Art. 2º → Fundamentos da República Federativa do Brasil
Art. 3º → Objetivosfundamentais da República Federativa do Brasil
Art. 4º → Princípios de regência das relações internacionais da República Federativa do Brasil e asilo político
1.       SIGNIFICADO DO TERMO PRINCÍPIO.
Os juristas empregam o termo ‘princípio’ em três sentidos de alcance diferente. Num primeiro, seriam ‘supernormas’, ou seja, normas (gerais ou generalíssimas) que exprimem valores e que por isso, são ponto de referência, modelo, para regras que as desdobram. No segundo, seriam standards, que se imporiam para o estabelecimento de normas específicas - ou seja, as disposições que preordenem o conteúdo da regra legal. No último, seriam generalizações, obtidas por indução a partir das normas vigentes sobre determinada ou determinadas matérias. Nos dois primeiros sentidos, pois, o termo tem uma conotação prescritiva; no derradeiro, a conotação é descritiva: trata-se de uma ‘abstração por indução.
Entretanto, em que pese o vocábulo princípio ter como uma de suas características essa indeterminação conceitual e dimensional, o certo é que, hodiernamente, na fase interpretativa-constitucional em que vivemos, os princípios jurídicos, sob qualquer prisma que lhe seja atribuído o enfoque, ganharam, ou melhor, tiveram reconhecido seu intenso grau de juridicidade. Ou seja, deixaram de desempenhar os princípios um papel secundário, para passar a cumprir o papel de protagonistas do ordenamento, ganhando, nessa medida, o reconhecimento de seu caráter de norma jurídica potencializada e predominante.
Daí porque, Bonavides, citando Ronald Dworkin, que é certamente um dos mais expoentes tratadistas do tema, observa que, "tanto uma constelação de princípios quanto uma regra positivamente estabelecida podem impor uma obrigação legal".
Este também é o escólio de Celso Antônio Bandeira de Mello, autor que, mesmo sem se dedicar de forma monográfica ao estudo do tema, produz lição de rara propriedade, como é de sua característica:
violar um princípio é muito mais grave do que transgredir uma norma. A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores fundamentais (...).
Nesse mesmo diapasão, pedimos vênia para, dada a importância, levando-se em conta o ano de sua produção (1952), transcrevermos a lição a que nos brinda Crisafuli:
Princípio é, com efeito, toda norma jurídica, enquanto considerada como determinante de uma ou de muitas outras subordinadas, que a pressupõem, desenvolvendo e especificando ulteriormente o preceito em direções mais particulares (menos gerais), das quais determinam, e portanto resumem, potencialmente, o conteúdo: sejam, pois, estas efetivamente postas, sejam, ao contrário, apenas dedutíveis do respectivo princípio geral que as contém.
Das pequenas linhas acima expostas já se pode retirar a conclusão de que, hodiernamente, a doutrina jurídica vem reconhecendo nos princípios jurídicos o caráter conceitual e positivo de norma de direito, de norma jurídica.
Dessa atribuição decorre a conclusão, que os princípios possuem positividade e vinculatividade, o que lhes confere a qualidade de normas que obrigam e possuem eficácia positiva e negativa sobre comportamentos públicos ou privados, bem como sobre a interpretação e a aplicação de outras normas, tais como as regras, ou mesmo os princípios derivados de princípios mais abstratos.
É necessário registrar todavia, que esse caráter normativo, conforme apreendido por Ruy Samuel Espíndola, "não é predicado somente dos ‘princípios positivos de Direito’, mas também, como já acentuado, dos ‘princípios gerais de Direito’. Reconhece-se, destarte, normatividade não só aos princípios que são, expressa e explicitamente, contemplados no âmago da ordem jurídica, mas também aos que, defluentes de seu sistema, são anunciados pela doutrina e descobertos no ato de aplicar o Direito".
2.       PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO ESTADO BRASILEIRO
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
2.1.    República
A República (do latim res publica, "coisa pública") é uma forma de governo na qual o chefe do Estado é eleito pelo povo ou seus representantes, tendo a sua chefia uma duração limitada. A eleição do chefe de Estado, por regra chamado presidente da república, é normalmente realizada através do voto livre e secreto. Dependendo do sistema de governo, o presidente da república pode ou não acumular o poder executivo permanecendo por quatro anos.
A origem deste sistema político está na Roma antiga, onde primeiro surgiram instituições como o senado. Nicolau Maquiavel descreveu o governo e a fundação da república ideal na sua obra Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio (1512-17). Estes escritos, bem como os de seus contemporâneos, como Leonardo Bruni, constituem a base da ideologia que, em ciência política, se designa por republicanismo.
O conceito de república não é isento de ambiguidades, confundindo-se às vezes com democracia, às vezes com liberalismo, às vezes tomado simplesmente no seu sentido etimológico de "bem comum". Hoje em dia, o termo república refere-se, regra geral, a um sistema de governo cujo poder emana do povo, ao invés de outra origem, como a hereditariedade ou o direito divino. Ou seja, é a designação do regime que se opõe à monarquia.
2.2.    Estado Federal
Dá-se o nome de Federação (do latim: foedus, foedera "aliança", "pacto", "contrato") ou Estado federal a um Estado soberano composto por diversas entidades territoriais autônomas dotadas de governo próprio. Como regra geral, os estados ("estados federados") que se unem para constituir a federação (o "Estado federal") são autônomos, isto é, possuem um conjunto de competências ou prerrogativas garantidas pela constituição que não podem ser abolidas ou alteradas de modo unilateral pelo governo central. Entretanto, apenas o Estado federal é considerado soberano, inclusive para fins de direito internacional. Normalmente, apenas ele possui personalidade internacional e os estados federados são reconhecidos pelo direito internacional apenas na medida em que o respectivo Estado federal o autorizar.
Princípio federativo que culminou no princípio da indissolubilidade do vínculo federativo. O Art. 34 é um mecanismo para que esse vínculo seja cumprido.
CAPÍTULO VI DA INTERVENÇÃO
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
I - manter a integridade nacional;
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino. (Incluída pelaEmenda Constitucional nº 14, de 1996)
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
Esse mecanismo é chamado de Intervenção Federal (impede que qualquer estado se separe do Estado Federal).
Município pode se separar, pois não estará saindo dos limites da federação.
2.3.    Estado Democrático de Direito
O Estado Democrático de Direito, que significa a exigência de reger-se por normas democráticas, com eleições livres, periódicas e pelo povo, bem como o respeito das autoridades públicas aos direitos e garantias fundamentais, proclamado no caput do artigo, adotou, igualmente, no seu parágrafo único, o denominado princípio democrático, ao afirmar que “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.”
O princípio democrático exprime fundamentalmente a exigência da integral participação de todos e de cada uma das pessoas na vida política do país.
O Estado Democrático de Direito que, segundo a lição de José Afonso da Silva, conjuga o Estado de Direito com o Estado Democrático, aliando um componente revolucionário de transformação social, de mudança do status quo, de promoção da justiça social, está inscrito no artigo 1º da Carta Magna de 1988.
O Estado de Direito é aquele que impõe a todos os cidadãos, sejam administrados ou administradores, o respeito à lei, tomada esta em seu amplo espectro, da norma de maior hierarquia, a Constituição Federal, àquela de menor força normativa. Já o Estado Democrático traria outros temas de igual relevância e descritos na própria norma constitucional, como a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político, todos conferindo efetiva participação da sociedade no trato da coisa pública. Estes valores, expressos na Carta Política, é que legitimarão a atuação dentro da lei e a produção das normas.
Para que o Estado Brasileiro funcione desta forma é que se procedeu na organização dos Poderes, considerando que todos devem ter controles e serem limitados na sua atuação dentro do princípio da supremacia constitucional. Dessa forma, foram expressos na Lei Maior os seguintes Poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário, os quais, assim como todos os cidadãos, deve agir dentro das normas constitucionais, pois somente assim estará efetivamente se configurando o Estado Democrático de Direito. Fora destes Poderes foram criadas estruturas estatais que atuam como essenciais à Justiça: Ministério Público, a Advocacia Pública e a Defensoria Pública. Ao Ministério Público incumbe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
Já à Advocacia Pública cabe a representação judicial e a consultoria jurídica do Estado. Por fim à Defensoria Pública cumpre proceder na orientação jurídica e defesa dos necessitados. Estas três instituições são essenciais à realização da Justiça e, portanto, fundamentais para a efetivação do Estado Democrático de Direito.
Neste contexto, cumpre destacar a igual importância de todos estes órgãos, e seus agentes, na preservação do bem maior pactuado em 1988. Veja se, a cidadania desprotegida conduz ao império do poder público exercido sem limites. O ente público mal representado e assessorado permite a apropriação da máquina estatal pelos particulares. Os necessitados sem orientação e defesa constituem-se em cidadãos apenas formalmente.
A preservação e a valorização dessas estruturas são fundamentais, já que somente a sua atuação com autonomia, aliada ao necessário controle social, conduzirá à consolidação do Estado Democrático de Direito.
2.4.    Separação de Poderes
Um dos princípios fundamentais da democracia moderna é o da separação de poderes. A ideia da separação de poderes para evitar a concentração absoluta de poder nas mão do soberano, comum no Estado absoluto que precede as revoluções burguesas, fundamenta-se com as teorias de John Locke e de Montesquieu. Imaginou-se um mecanismo que se evita esta concentração de poderes, onde cada uma das funções do Estado seria de responsabilidade de um órgão ou de um grupo de órgãos. Este mecanismo será aperfeiçoado posteriormente com a criação de mecanismo de freios e contrapesos, onde estes três poderes que reúnem órgãos encarregados primordialmente de funções legislativas, administrativas e judiciárias pudessem se controlar. Estes mecanismos de controle mútuo, se construídos de maneira adequada e equilibrada, e se implementados e aplicados de forma correta e não distorcida (o que é extremamente raro) permitirá que os três poderes sejam independentes (a palavra correta é autônomo e não independente) não existindo a supremacia de um em relação ao outro (o que também é raro acontecer conforme demonstrado no Tomo II do nosso Direito Constitucional).
Importante lembrar que os poderes (que reúnem órgãos) são autônomos e não soberanos ou independentes. Outra ideia equivocada a respeito da separação de poderes é a de que os poderes (reunião de órgãos com funções preponderantes comuns) não podem, jamais, intervir no funcionamento do outro. Ora, esta possibilidade de intervenção, limitada, na forma de controle, é a essência da ideia de freios e contrapesos. Nos sistema parlamentar contemporâneo, também estudado no Tomo II, há a separação de poderes, existindo entretanto mecanismo de intervenção radical no funcionamento do legislativo por parte do executivo (dissolução antecipada da parlamento) e do legislativo no executivo (a queda do governo por perda do apoio da maioria no parlamento). No sistema presidencial, onde os mandatos são fixos, não existindo as possibilidades de intervenção radical do parlamentarismo, a intervenção ocorre na forma de controle e de participação complementar, como por exemplo quando o executivo e legislativo participam na escolha dos membros do Supremo Tribunal Federal.
Outro aspecto importante é o fato de que os Poderes tem funções preponderantes, mas não exclusivas. Desta forma quem legisla é o legislativo, existindo entretanto funções normativas, através de competências administrativas normativa no judiciário e no executivo. Da mesma forma a função jurisdicional pertence ao Poder Judiciário, existindo entretanto funções jurisdicionais em órgãos da administração do Executivo e do Legislativo. O Contencioso administrativo no Brasil não faz coisa julgada material pois a Constituição impõe que toda lesão ou ameaça a Direito seja apreciada pelo Judiciário (Artigo 5 inciso XXXV da CF). Entretanto em sistemas administrativos como o Francês há no contencioso administrativo diante de tribunais administrativos, a coisa julgada material, o que significa dizer que da decisão administrativa não há possibilidade de revisão pelo Poder Judiciário. Finalmente é obvio que existem funções administrativas nos órgãos dos três poderes.
Com a evolução do Estado moderno, percebemos que a ideia de tripartição de poderes se tornou insuficiente para dar conta das necessidades de controle democrático do exercício do poder, sendo necessário superar a ideia de três poderes, para chegar a uma organização de órgãos autônomos reunidos em mais funções do que as três originais. Esta ideia vem se afirmando em uma prática diária de órgãos de fiscalização essenciais a democracia como os Tribunais de Contas e principalmente o Ministério Público. Ora, por mais esforço que os teóricos tenham feito, o encaixe destes órgãos autônomos em um dos três poderes é absolutamente artificial, e mais, inadequado.
O Ministério Público recebeu na Constituição de 1988 uma autonomia especial, que lhe permite proteger, fiscalizando o respeito a lei e a Constituição, e logo, os direitos fundamentais da pessoa, o patrimônio publico, histórico, o meio ambiente, o respeito aos direitos humanos, etc. Para exercer deforma adequada as suas funções constitucionais o Ministério Público não pode estar vinculado a nenhum dos poderes tradicionais, especialmente porque sua função preponderante é a de fiscalização e proteção da democracia e dos direitos fundamentais e não de legislação, administração, governo, ou jurisdição.
Embora o constituinte de 87-88 não tenha dito expressamente tratar-se o Ministério Público um quarto poder, o texto assim o caracteriza, ao conceder-lhe autonomia funcional de caráter especial. Qualquer tentativa de subordinar esta função de fiscalização típica do Ministério Público a qualquer outra função, é tentativa de reduzir os mecanismos de controle democrático, e logo, inconstitucional.
2.5.    Soberania
Consiste, na definição de Marcelo Caetano, em
“um poder político supremo e independente, entendendo-se por poder supremo aquele que não está limitado por nenhum outro na ordem interna e por poder independente aquele que, na sociedade internacional, não tem de acatar regras que não sejam voluntariamente aceites e está em pé de igualdade com os poderes supremos dos outros povos”;
É a capacidade de editar suas próprias normas, sua própria ordem jurídica (a começar pela Lei Magna), de tal modo que qualquer regra heterônoma só possa valer nos casos e nos termos admitidos pela própria Cosntituição.
Ter competência para criar as próprias normas.
2.6.    Cidadania
Representa um status e apresenta-se simultaneamente como objeto e um direito fundamental das pessoas.
Cidadão político. - Todo cidadão político é nacional, pois exerce seus direitos políticos.
Art. 15 → Trás algumas hipóteses em que não estaremos exercendo como cidadão político. Ex: condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;
II - incapacidade civil absoluta;
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
2.7.    Dignidade da Pessoa Humana
Concede unidade aos direitos e garantias fundamentais, sendo inerente às personalidades humanas. A dignidade é um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se manifesta singularmente na autodeterminação consciente e responsável da própria vida e que traz consigo a pretensão ao respeito por parte das demais pessoas, constituindo-se um mínimo invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar, de modo que, somente excepcionalmente, possam ser feitas limitações ao exercício dos direitos fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessária estima que merecem todas as pessoas enquanto seres humanos e a busca ao Direito à Felicidade.
A CF é toda voltada para que tenhamos uma vida digna. Com esse princípio resolvem-se 1000 coisas. Pessoa humana é fato de que a partir do momento que está dentro do útero tem atividade cerebral, pode desenvolver. A lei de alimentos gravídicos vem depois disso, pois a defesa do embrião é garantir essa dignidade.
2.8.    Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
A garantia de proteção ao trabalho não engloba somente o trabalhador subordinado, mas também aquele autônomo e o empregador, enquanto empreendedor do crescimento do país.
A prostituição é lícita. – Dificuldade de regular a profissão de prostituta(o), pois se tiver o empregador torna-se uma atividade ilícita.
2.9.    Pluralismo Político
Demonstra a preocupação do legislador constituinte em afirmar-se a ampla e livre participação popular nos destinos políticos do país, garantindo a liberdade de convicção filosófica e política e, também, a possiblidade de organização e participação em partidos políticos.
É a capacidade que temos de nos organizar em partidos políticos.
Exigência de filiação partidária → Exige-se a filiação partidária para candidatar-se, para tornar-se elegível.
2.10.Parágrafo Único
Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
2.10.1.   Voto
O voto é a maior constatação do princípio da igualdade. É o único ato que apenas o indivíduo pode exercer. Até casamento pode ser através de procuração. O voto não é obrigatório. Obrigatório é ir às urnas. Pois, pode-se votar em branco. Votos brancos e nulos são computados apenas para estatística. Uma eleição não é anulada devido a grande quantidade de votos nulos. Votos nulos correspondem a erro. O voto em branco é que significa que nenhum dos candidatos agrada à população.
2.10.2.   Plebiscito
O plebiscito (do Lat. plebiscitu - decreto da plebe) era considerado, na Roma antiga, voto ou decreto passados em comício, originariamente obrigatórios apenas para os plebeus. Hoje em dia, o plebiscito é convocado antes da criação da norma (ato legislativo ou administrativo), e são os cidadãos, por meio do voto, que vão aprovar ou não a questão que lhes for submetida.É a consulta prévia. O último plebiscito aconteceu no Pará.O plebiscito sobre a divisão do estado do Pará ocorreu no referido estado em 11 de dezembro de 2011, tendo como proposta a divisão do estado em três: Pará, Carajás e Tapajós2
2.10.3.   Referendo
Referendo é um instrumento da democracia semidireta por meio do qual os cidadãos eleitores são chamados a pronunciar-se por sufrágio direto e secreto, a título vinculativo, sobre determinados assuntos de relevante interesse à nação. Em Portugal ocorre mediante proposta da Assembleia da República, ou do Governo, ao Presidente da República que decide da sua realização. No Brasil, depende de expedição de decreto legislativo pelo Senado ou pela Câmara dos Deputados, nos termos da Lei 9.709/98, para que seja realizado.
A diferença entre plebiscito e referendo no direito latino é que o plebiscito é convocado antes da criação da norma (ato legislativo ou administrativo), e é o povo, por meio do voto, que vai aprovar ou não a questão que lhe for submetida. Já o referendo é convocado após a edição da norma, devendo o povo ratificá-la ou não.
É a consulta posterior. O último referendo que houve foi em 2005 sobre determinado artigo da lei do desarmamento.
O referendo sobre a proibição da comercialização de armas de fogo e munições, ocorrido no Brasil a 23 de outubro de 2005, não permitiu que o artigo 35 do Estatuto do Desarmamento (Lei 10826 de 23 de dezembro de 2003) entrasse em vigor. Tal artigo apresentava a seguinte redação: "art. 35 - É proibida a comercialização de arma de fogo e munição em todo o território nacional, salvo para as entidades previstas no art. 6º desta Lei".
O referendo estava previsto e tinha, inclusive, data marcada no próprio Estatuto do Desarmamento. Pela gravidade do assunto, a necessidade de submeter o artigo 35 a um referendo já havia sido constatada durante o projeto e desenvolvimento da lei. A sua realização foi promulgada pelo Senado Federal a 7 de julho de 2005 pelo decreto legislativo n° 780. No artigo 2º deste decreto ficava estipulado que a consulta popular seria feita com a seguinte questão: "O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil?". Os eleitores puderam optar pela resposta "sim" ou "não", pelo voto em branco ou pelo voto nulo. O resultado final foi de 59.109.265 votos rejeitando a proposta (63,94%), enquanto 33.333.045 votaram pelo "sim" (36,06%).
2.10.4.   Iniciativa Popular
Possibilidade de nós cidadãos fazermos a proposta de um projeto de lei à câmara dos deputados. Há apenas duas leis no Brasil fruto de iniciativa popular.
Segundo o artigo 61, §2 da Constituição brasileira de 1988, regulamentado pela lei 9.709 de 19981 , é permitida a apresentação de projetos de lei pelos poderes Legislativo, Executivo e pela iniciativa popular. Neste último caso, a constituição exige como procedimento a adesão mínima de 1% da população eleitoralnacional, mediante assinaturas, distribuídos por pelo menos 5 unidades federativas e no mínimo 0,3% dos eleitores em cada uma dessas unidades. Como segundo o TSE o número de eleitores do Brasil em julho de 2010 era de 135,8 milhões2 , o número mínimo de assinaturas para um projeto de iniciativa popular seria, portanto, 1,36 milhão.
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.§ 2º - A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.
2.10.5.   Ação Popular
Ação popular é o meio processual a que tem direito qualquer cidadão que deseje questionar judicialmente a validade de atos que considera lesivos ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.
2.10.6.   Impeachment
Impeachment (pron. IPA: /ɪm'pitʃmənt/) ou impugnação de mandato é um termo do inglês que denomina o processo de cassação de mandato do chefe do poder executivo pelo congresso nacional, pelas assembleias estaduais ou pelas câmaras municipais. A denúncia válida pode ser por crime comum, crime de responsabilidade[1], abuso de poder, desrespeito às normas constitucionais ou violação de direitos pétreos previstos na constituição. Em vários países da Europa, usa-se o termo moção de censura, pois a origem da moção é de iniciativa do parlamento, acrescido do termo político "perda de confiança", quando então o parlamento nacional não confia mais no presidente e respectivo primeiro-ministro, obrigando-o a renunciar junto com todo o seu gabinete.
A punição varia de país para país. No Brasil, o artigo 85 da Constituição Federal define quais são os crimes de responsabilidade aplicáveis ao Presidente da República, e o procedimento de impeachment é regulado pela lei 1 079/50, que, em seu artigo 2º, estabelece atualmente o período máximo de cassação em cinco anos.Acusação no processo de “impeachment”. Tem por objetivo anular atos que sejam lesivos à administração pública.
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. – Separação dos Poderes
	Poderes da União
	Função Típica
	Funções Atípicas
	Legislativo
	Legislar (editar uma lei) / fiscalizar (investigar atos relacionados à administração pública através da CPI[2]) – Ver Art. 58 – Atenção para o fato de que quem julga e quem manda prender é o judiciário. – O relatório da CPI é utilizado pelo Ministério Público se ele quiser. O limite de atuação da CPI é apenas a investigação.
Ex.:
	Julgar / Administrar
	Executivo
	Administrar
	Legislar / Julgar
	Judiciário
	Julgar
	Legislar / Administrar
[1] A Lei nº 1.079, de 1950, definiu o que são os crimes de responsabilidade, sendo próprios dos seguintes cargos: Presidente da República; Vice-Presidente; Ministros de Estado; Ministros do Supremo Tribunal Federal; Procurador Geral da República; Governadores; Secretários de estado; Comandantes da Marinha, Exército e da Aeronáutica. Para os Prefeitos, os crimes de responsabilidade estão definidos no DL nº201/67.
Na referida lei já está previsto inclusive o direito processual, ou seja, o procedimento a ser tomado quando se tem a denúncia. Esta pode ser oferecida por qualquer cidadão.
Esta definição é atacada pelos doutrinadores pois, segundo Damásio de Jesus: "A expressão 'crime de responsabilidade', na legislação brasileira, apresenta um sentido equívoco, tendo em vista que se refere a crimes e a infrações político-administrativas, não sancionadas com penas de natureza criminal".
Inclusive a denominação de crimes de responsabilidade aos fatos jurídicos que causam a cassação de mandato não é correta, porque se reserva a dicção "crime" aos ilícitos punidos com pena de restrição de liberdade e/ou multa, tais como os previsto no Código Penal Brasileiro.
Quando o membro imputado for um chefe do poder executivo, pode sofrer um processo de impeachment. Caso seja um membro do legislativo, pode ter seu mandato cassado. No caso de ser integrante do poder judiciário ou apenas fazer parte de uma autarquia ou ser funcionário público, poderá ser exonerado.
[2] Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) é uma investigação conduzida pelo Poder Legislativo, que transforma a própria casa parlamentar em comissão para ouvir depoimentos e tomar informações diretamente, quase sempre atendendo aos reclamos do povo.
3.       OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DO ESTADO BRASILEIRO.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
A C.F. estabelece vários objetivos fundamentais a serem seguidos pelas autoridades constituídas, no sentido de desenvolvimento e progresso da nação brasileira. A partir da definição dos objetivos, os diversos capítulos da Carta Magna passam a estabelecer regras que possibilitem seu fiel cumprimento.
Ao legislador ordinário e ao intérprete, em especial às autoridades públicas dos poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e da Instituição do Ministério Público, esses objetivos fundamentais deverão servir como vetores de interpretação, seja na edição de leis ou atos normativos, seja em suas aplicações.
Os poderes públicos devem buscar os meios e instrumentos para promover condições de igualdade real e efetiva e não somente contentar-se com a igualdade formal, em respeito a um dos objetivos fundamentais da República: construção de uma sociedade justa.
O Brasil é signatário da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.
A Emenda Constitucional nº 31, de 14 de dezembro de 2000, atenta a um dos objetivos fundamentais da República – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais -, criou o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza.
Igualmente, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a EC nº 31/00 determinou a instituição de Fundos de Combate à Pobreza, com a obrigatoriedade de participação da Sociedade Civil em suas gerências.

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