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10 Argumentos que você não deveria usar na sua defesa ou recurso de multa de trânsito

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10 Argumentos que você não deveria usar na sua defesa ou recurso de
multa de trânsito
Olá amigos do Jus Brasil!
Eu sou o Marcelo Vaes, e hoje vou trazer um estudo interessante nesta área do direito
de trânsito, que eu tenho certeza que lhe ajudará muito para aumentar o seu
conhecimento sobre o assunto!
Lembrando que você pode ler outros artigos sobre Direito de Trânsito no blog:
www.blogconsultordetransito.com.br
Dito isso, decidi escrever este artigo porque recebo diariamente várias perguntas sobre
se determinado argumento (ou argumentos), são válidos para usá-los na defesa e nos
recursos administrativos.
Portanto, hoje vou falar sobre 10 ARGUMENTOS QUE VOCÊ NÃO DEVERIA USAR
NA SUA DEFESA OU RECURSO DE MULTA.
10 Argumentos que você não deveria usar na sua defesa ou recurso de... https://vaesmarcelo.jusbrasil.com.br/artigos/483593110/10-argumento...
1 de 19 27/04/2018 16:54
Mas antes preciso esclarecer alguns pontos para que você possa compreender o que vai
ser dito aqui, e assim não ter dúvidas sobre o assunto.
Primeiro, esclareço que estes 10 argumentos que você não deveria usar na sua defesa,
não são absolutos, ou seja, você até pode usá-los dependendo das circunstâncias que
ocorreram no momento da autuação, ou no decorrer do processo administrativo, mas
geralmente não serão considerados pelos julgadores dos órgãos de trânsito, por vários
fatores que vou comentar aqui.
Honestamente falando, eu usei cada um destes argumentos nestes mais de 15 anos que
estou atuando nesta área do direito, mas com o tempo aprendi que na maioria deles
(ou em todos) não teria qualquer efeito no processo administrativo.
Neste ponto, eu quero enfatizar algo que já disse em outros vários artigos que eu
escrevi aqui no blog, e que repito diariamente quando alguém me pergunta sobre qual
argumento usar na defesa ou no recurso:
Normalmente as multas de trânsito são anuladas
ADMINISTRATIVAMENTE por serem inconsistentes e irregulares, quando
ausentes certos requisitos formais exigidos pela Lei ou pelas normas infra legais
(entenda resoluções ou portarias), no preenchimento no auto de infração de trânsito
ou durante o processo administrativo (erro processual), ou quando a sinalização for
insuficiente ou incorreta e se consiga comprovar isso, e ainda quando o
equipamento usado na autuação não estiver apto para o serviço ou apresentando
irregularidades.
Claro que aqui cabe uma ressalva importante:
Se você não cometeu a infração e tem como comprovar isso, então a
exigência destes requisitos formais na defesa ou recurso, não precisarão
ser usados, pois, você demostrou de forma inequívoca e irrefutável o erro
do agente de trânsito ou do próprio órgão autuador ao lhe autuar.
Claro que DIFÍCILMENTE se consegue comprovar o não cometimento de uma
infração, e por este motivo é que sempre se busca os erros de formalidade processual
para se defender das multas de trânsito.
Também é importante frisar que estou falando de PROCESSO ADMINISTRATIVO sob
a ótica dos julgadores dos órgãos de trânsito, e não de processos judiciais, ok?
Dito isso, vamos aos 10 argumentos.
1 º ARGUMENTO: QUE NÃO COMETEU A INFRAÇÃO, MAS NÃO TEM
COMO PROVAR
Precisamos entender uma coisa: no processo administrativo de trânsito nós tratamos
basicamente apenas de matéria de DIREITO, e não de FATOS.
10 Argumentos que você não deveria usar na sua defesa ou recurso de... https://vaesmarcelo.jusbrasil.com.br/artigos/483593110/10-argumento...
2 de 19 27/04/2018 16:54
O que isso significa? (para quem é leigo no assunto)
Matéria de Direito é onde questionamos a Lei ou no caso dos órgãos de trânsito,
também as resoluções, deliberações ou portarias baixadas pelos próprios órgãos.
Matéria de fato, significa que temos alguma prova do não cometimento da infração,
então neste caso não contestamos apenas a Lei, ou as normas administrativas baixadas
pelos órgãos de trânsito.
Mas como disse, os fatos são difíceis de se comprovar, mesmo porque na maioria dos
casos o motorista (ou pedestre se for o caso), cometeu realmente a infração, então o
que nos resta é procurar argumentos de matéria de direito, questionando a aplicação
(in) correta na lei e nas normas.
Mas e se não houver erros de formalidade de acordo com a lei e as normas, o que
fazemos?
Neste caso você pode alegar o que quiser.
Explico: se você alega que não cometeu a infração, mas não tem como comprovar, e o
auto de infração preenche os requisitos da lei, então você pode alegar que não cometeu
a infração.
Está confuso?
Calma que vou continuar a explicação.
Como diz um professor meu: “Se você não tem o que alegar, pode alegar tudo o que
quiser”.
Compreenda que estou falando de ALEGAÇÕES e não de FATOS!
Nós podemos alegar o que quiser na nossa defesa ou recurso, mas isso não muda o fato
de que não temos a prova do não cometimento da infração de trânsito!
Mas então porque mesmo não tendo provas do não cometimento da infração você pode
recorrer?
A resposta é simples:
Porque DURANTE o processo administrativo, (enquanto você está se
defendendo da multa em questão), PODEM ocorrer ERROS
PROCESSUAIS!
Um exemplo de erro processual (durante o processo) seria a prescrição.
Vejamos o que diz a Lei Federal 9.873/99 que estabelece o prazo de prescrição para
o exercício de ação punitiva pela Administração Pública Federal, direta e indireta, pelo
10 Argumentos que você não deveria usar na sua defesa ou recurso de... https://vaesmarcelo.jusbrasil.com.br/artigos/483593110/10-argumento...
3 de 19 27/04/2018 16:54
qual os órgãos de trânsito como DETRAN, DER, PRF, DNIT e outros fazem parte.
Art. 1o
§ 1o Incide a prescrição no procedimento administrativo paralisado por mais
de três anos, pendente de julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados
de ofício ou mediante requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração da
responsabilidade funcional decorrente da paralisação, se for o caso.
Veja bem, se você foi autuado numa infração de trânsito, e não tendo
qualquer prova do não cometimento da infração que você está alegando
em sua defesa, mesmo assim a multa pode (e deve) ser anulada,
simplesmente pelo fato do processo ficar parado por mais de três anos
pendente de julgamento ou despacho, esperando a autoridade de trânsito
se manifestar sobre a sua defesa ou recurso!
(Neste caso, entendo que deve o processo ficar paralisado em uma instância).
Veja que este é um caso típico de anular uma multa sem qualquer prova de
que você não tenha cometido a infração!
Existem outros exemplo como nos casos em que houve um julgamento da defesa ou
recurso, mas o órgão de trânsito não notificou o cidadão para interpor outro recurso,
impedindo-o de exercer o seu direito de defesa de acordo com a nossa Constituição
Federal de 1988.
E por ai vai...
Concluindo esta parte, então aprendemos que de nada adianta argumentar que não
cometeu a infração de trânsito, se não tem provas disso (o que é muito difícil de obter).
Por outro lado, se você não tem o que alegar, então pode dizer que não cometeu a
infração, porque durante o processo podem ocorrer erros que ensejariam a anulação da
multa aplicada.
2º ARGUMENTO: LOCAL PERIGOSO
Acho que perdi a conta, de quantos e-mails recebi me perguntando se uma multa de
trânsito pode ser anulada porque o local da autuação é considerado “perigoso”.
Local perigoso quer dizer um determinado trecho de rua, avenida ou
rodovia onde ocorrem muitos assaltos em determinado horário.
Normalmente são autuações por excesso de velocidade ou ultrapassar o sinal vermelho
de semáforo.
A resposta é: não vai anular a multa pelo fato de ser um local “perigoso”,
porque se fosse assim, o órgão de trânsito retiraria daquele local o
10 Argumentos que você não deveria usar na sua defesa ou recurso de... https://vaesmarcelo.jusbrasil.com.br/artigos/483593110/10-argumento...
4 de 19 27/04/2018 16:54
equipamento medidor de velocidade, ou o não metrológico de fiscalização,
pois, se há realmente perigo do motorista ser assaltadonaquele lugar, e se
houvesse muitas reclamações ou registros de assaltos, então por ou
questão de bom senso talvez, o órgão autuador retiraria o equipamento,
ou deixaria de autuar em determinados horários.
Logico, que isso não significa que não houve nenhum caso em que o órgão autuador
tenha anulado uma multa por este motivo!
Pode ser que você conheça alguém que recorreu de uma multa de trânsito usando este
argumento, e que o órgão e trânsito tenha anulado a multa.
Isso pode ocorrer, porque como já referi na introdução deste estudo, estes
argumentos não são absolutos, mas relativos.
Mas normalmente, o que ocorre na prática é que JAMAIS o órgão de
trânsito vai anular a multa se você argumentar que o local da autuação é
perigoso por causa de assaltos!
O que pode acontecer, é o órgão emitir um comunicado que não autuará em certos
horários, (principalmente á noite é claro) justamente por causa de inúmeros casos de
assaltos a mão armada naquele trecho de Rua ou avenida.
Um exemplo aconteceu aqui em Porto Alegre, quando a EPTC (Empresa Pública de
Transportes e Circulação) emitiu um comunicado que não autuaria os motoristas após
certo horário da noite, por causa dos assaltos na cidade.
Mas esta é uma EXCEÇÃO e não a regra!
Concluindo, não adianta alegar que o local da autuação tem perigo de assaltos, porque
a multa não será anulada com este argumento.
3º ARGUMENTO: ESTAVA EM OUTRO LUGAR QUANDO OCORREU A
AUTUAÇÃO
Este argumento é legítimo quando se consegue provar que o VEÍCULO estava
em outro lugar, e não você!
O que ocorre na prática, é que o julgador do órgão de trânsito vai dizer que não basta
você comprovar que estava em outro lugar quando ocorreu a infração, mas sim que
deveria haver indícios convincentes de que o VEÍCULO encontrava-se em outro local.
Muitas vezes eu acredito que a pessoa estava com o seu veículo em outro local, mas
isso não será suficiente para convencer o julgador.
Então o que fazemos?
Se não tem como provar que o veículo estava em outro local na hora da autuação e que
10 Argumentos que você não deveria usar na sua defesa ou recurso de... https://vaesmarcelo.jusbrasil.com.br/artigos/483593110/10-argumento...
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você é o possuidor e motorista exclusivo do carro, pode ser juntado declarações de
testemunhas que irão empenhar a sua palavra em instrumento público ou particular,
sob pena de crime, conforme o Código Penal (arts. Art. 297 - Art. 298 - Art. 299 – Art.
342).
Junte a ou as declarações na sua defesa, mas não há garantias de que será deferido.
Mas é bom juntar isso no processo administrativo, porque se tiver que entrar na justiça
para requerer a nulidade do auto de infração após o encerramento da instância
administrativa, o juiz verá as declarações das testemunhas (ou vai ouvi-las
pessoalmente) e poderá considera-las sobe pena de cometerem crime de falso
testemunho (CPC, arts. Art. 400, 405).
Mas também pode ocorrer que a placa do seu veículo foi clonada.
Neste caso, sugiro fazer um B.O na delegacia mais próxima e juntar na sua defesa com
as declarações que referi acima, e se possível fazer uma nova vistoria no DETRAN.
Logico que estou dizendo isso se você não tem como provar que o veículo estava em
outro lugar, mas se você tiver esta prova como, por exemplo, um vídeo da câmera de
segurança da sua empresa, use-a sem problemas.
Mas em regra, não adianta argumentar que você não estava no local da infração, mas
sim que o veículo não estava.
4º ARGUMENTO: QUE É UMA PESSOA “BOA”
O argumento de que você é uma pessoa “boa” e que não tinha a intenção de praticar
aquela infração de trânsito, não possui qualquer fundamento válido.
Entretanto, este argumento é mais comum do que se imagina.
Como já disse, recebo muitos e-mails diariamente para tirar dúvidas, e em alguns
destes e-mails são enviadas as “defesas e recursos” para mim analisá-los, e em grande
parte deles consta este argumento de ser uma boa pessoa, e que o órgão de trânsito
poderia perdoá-la e etc...
Eu não estou aqui querendo ridicularizar ou criticar ninguém, muito pelo contrário,
estou justamente escrevendo este estudo para humildemente passar um pouco da
minha experiência, e lhe mostrar que será perda de tempo se você colocar este
argumento.
Mas então você pode estar se perguntando, porque que eu disse no item anterior, que
se “não tem o que alegar, pode-se alegar tudo o que quiser’”?
Sim, isso é verdade, e se você argumentar que é uma pessoa boa e etc...ainda assim
poderá ter a sua multa anulada, mas por outros motivos que já mencionei antes
(erros processuais).
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Porém, achar que este é o único argumento que levará o julgador do órgão de trânsito
anular a sua multa, então você está cometendo um grande erro!
Inclusive o próprio Governo brasileiro (ministério dos Transportes), iniciou uma
campanha onde a chamada diz que “gente boa também mata”, que significa que por
mais que você seja religioso, bom e pacífico, você pode matar no trânsito por um
descuido, imprudência ou imperícia temporária.
Desse modo, o ponto importante que quero frisar, é que em geral que as
pessoas pensam que usando este argumento, o julgador do órgão de
trânsito se compadeceria e anularia a multa, ou que de alguma forma se
compararia com o direito penal e o “juiz” do caso verificaria os seus
antecedente infracionais, e levaria em conta para perdoar.
Isso não tem qualquer fundamento, porque estamos tratando de direito administrativo
e não de direito penal!
No direito administrativo o julgador do órgão de trânsito leva em conta o princípio da
LEGALIDADE, onde a administração pública somente pode fazer o que a lei manda
fazer.
Por isso que o auto de infração de trânsito somente será anulado (na
maioria dos casos) se não estiver preenchido de acordo com a lei
(princípio da legalidade).
Na verdade, decidi fazer este estudo sob o ponto de vista dos julgadores dos órgãos de
trânsito, uma vez que para ter uma defesa ou recurso deferidos, precisamos saber o
que eles pensam.
Obviamente, considerando que a maioria dos julgadores possuem pouco ou nenhum
conhecimento jurídico para julgar, sendo que geralmente proferem uma decisão
padronizada, pré-pronta e preparada pelo departamento jurídico dos órgão de trânsito
(mas isso é assunto para outro estudo mais pra frente).
Por esta razão, é que sugiro você fazer uma defesa ou recurso, com o mínimo possível
de argumentos, ou seja, indo diretamente ao ponto!
Logico que nem sempre isso será possível, pois, pode haver a necessidade de trazer
inúmeros argumentos, mas mesmo assim procure sintetizar o máximo a sua defesa,
justamente porque quem julga (sem ofensas se você for um julgador ok?) não possui o
conhecimento jurídico necessário para tal.
Desse modo, pedir que a multa deve ser anulada com base na sua bondade, está fora de
cogitação.
5º ARGUMENTO: QUE PRECISA DA CNH PRA TRABALHAR
Este é um argumento muito usado quando o motorista é profissional e, portanto
10 Argumentos que você não deveria usar na sua defesa ou recurso de... https://vaesmarcelo.jusbrasil.com.br/artigos/483593110/10-argumento...
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necessita da CNH para desenvolver o seu trabalho e receber o seu sustento, e foi
autuado em uma infração que prevê a suspensão ou cassação da CNH ou de processo já
instaurados de suspensão e cassação.
E a razão de usar este argumento, é que existe um conflito entre o direito de dirigir
previsto no CTB e o direito ao trabalho e profissão previsto na Constituição Federal.
Ultimamente tem amadurecido a ideia de que o motorista profissional não poderia ter
a sua CNH suspensa ou cassada.
Trata-se de um assunto polêmico e que vai gerar muita discussão nos próximos anos,
porque por um lado tem a sociedade e o interesse público que quer a suspensão da
CNH ao motorista que, por exemplo, é flagrado dirigindosob a influência de álcool
(infração que prevê a suspensão da CNH), e o direito particular/privado do motorista
profissional.
Neste artigo estou tratado dos argumentos que NÃO se deve usar na defesa e nos
recursos ADMINISTRATIVOS.
Obviamente, isso não quer dizer que você não possa usá-lo na esfera administrativa,
mas como já frisei várias vezes neste estudo, não surtirá muito efeito se você
argumentar que necessita da CNH para trabalhar.
Talvez, num eventual processo de suspensão da CNH, a sua pena seja reduzida se usar
este argumento, e não passará disso.
E por qual motivo o DETRAN não anula uma suspensão da CNH usando o argumento
de que precisa da CNH para trabalhar?
Por duas razões:
A primeira é que o CTB prevê a suspensão ou cassação da CNH a todos os
motoristas, independente se sejam ou não motoristas profissionais.
Art. 261. A penalidade de suspensão do direito de dirigir será imposta nos seguintes
casos: (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
I - sempre que o infrator atingir a contagem de 20 (vinte) pontos, no período de 12
(doze) meses, conforme a pontuação prevista no art. 259; (Incluído pela Lei nº 13.281,
de 2016)
Art. 263. A cassação do documento de habilitação dar-se-á:
I - quando, suspenso o direito de dirigir, o infrator conduzir qualquer veículo;
II - no caso de reincidência, no prazo de doze meses, das infrações previstas no inciso
III do art. 162 e nos arts. 163, 164, 165, 173, 174 e 175;
10 Argumentos que você não deveria usar na sua defesa ou recurso de... https://vaesmarcelo.jusbrasil.com.br/artigos/483593110/10-argumento...
8 de 19 27/04/2018 16:54
III - quando condenado judicialmente por delito de trânsito, observado o disposto no
art. 160.
Veja que não há “perdão”.
A segunda razão, é que a suspensão será anulada se houver irregularidades e
inconsistência no auto de infração ou nos processos de suspensão e cassação do direito
de dirigir conforme já mencionei antes.
Porém, com a alteração do CTB trazidos pelas Leis 13.261/16 e 13.154/15, ocorreu
uma coisa interessante no que diz respeito a suspensão do direito de
dirigir.
A partir de 1º de novembro de 2016, os motoristas que exercem atividade remunerada
(motoristas profissionais), podem optar por um curso de reciclagem quando
atingirem 14 pontos em sua CNH, sem que tenha a CNH suspensa.
ART. 261:
§ 5º O condutor que exerce atividade remunerada em veículo, habilitado na categoria
C, D ou E, poderá optar por participar de curso preventivo de reciclagem sempre que,
no período de 1 (um) ano, atingir 14 (quatorze) pontos, conforme regulamentação do
Contran. (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016
§ 6o Concluído o curso de reciclagem previsto no § 5o, o condutor terá eliminados os
pontos que lhe tiverem sido atribuídos, para fins de contagem subsequente. (Incluído
pela Lei nº 13.154, de 2015)
Porém, há 4 considerações que devemos fazer aqui:
A primeira é que este benefício é somente para motoristas com categoria C, D ou E,
excluindo os de categorias mais baixas (A e B), como motoboy, por exemplo, que
precisa da CNH para trabalhar.
A segunda consideração, é que se trata de uma OPÇÃO do motorista e não uma
imposição da Lei, portanto, ninguém é obrigado a fazer o curso de reciclagem, mas é
recomendável porque assim se evitará a suspensão da CNH por pontos.
A terceira, é que este benefício se estende somente para os motoristas que atingiram
14 pontos, de infrações que não prevejam de forma específica a suspensão da CNH.
OU seja, se o motorista profissional das categorias C, D ou E for flagrado nas infrações
de dirigir sob a influência de álcool (art. 165 e 165 A) e excesso de velocidade em mais
de 50% (art. 218 III), não terá este benefício, por estas infrações por si só preveem
a suspensão.
A quarta é que este benefício depende da Regulamentação do CONTRAN, que até
onde sei ainda não ocorreu.
10 Argumentos que você não deveria usar na sua defesa ou recurso de... https://vaesmarcelo.jusbrasil.com.br/artigos/483593110/10-argumento...
9 de 19 27/04/2018 16:54
Além disso, ainda há dois fatos importantes que estão acontecendo no mundo jurídico
sobre este tema.
O primeiro é que o STF aceitou a repercussão geral de um recurso extraordinário, de
um motorista profissional condenado por homicídio e sobre a possibilidade de
suspensão da CNH ou não por conta da sua profissão.
Veja a notícia:
Suspensão de CNH de motorista profissional condenado por homicídio
tem repercussão geral
O Supremo Tribunal Federal (STF), por meio de deliberação via “Plenário
Virtual”, reconheceu a repercussão geral da questão constitucional suscitada no
Recurso Extraordinário (RE) 607107, apresentado pelo Ministério Público de Minas
Gerais, em que se discute a aplicação da pena de suspensão da habilitação imposta a
um motorista profissional, em razão de homicídio culposo (sem intenção de matar)
na direção de veículo automotor. O relator do recurso é o ministro Joaquim Barbosa.
O MP mineiro recorreu ao STF depois que o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-
MG), julgando apelação criminal do motorista, retirou da condenação a suspensão
do direito de dirigir por entender que a penalidade inviabiliza o direito ao trabalho,
constitucionalmente assegurado (artigo 5º, inciso XIII, da Constituição). Para o TJ-
MG, como se trata de motorista profissional, é desta atividade que o trabalhador
obtém a remuneração essencial para o seu sustento e de sua família.
Ao se manifestar pela repercussão geral da questão constitucional tratada neste
recurso, o ministro Joaquim Barbosa sustentou a sua amplitude. “Trata-se de
discussão que transcende os interesses subjetivos das partes e possui densidade
constitucional, na medida em que se questiona se a imposição da penalidade de
suspensão da habilitação para dirigir, prevista no artigo 302 da Lei 9.503/1997,
quando o apenado for motorista profissional, violaria o direito constitucional ao
trabalho”, afirmou o relator.
No STF, o Ministério Público de Minas Gerais sustenta que a interpretação dada pelo
TJ-MG ao artigo 5º, inciso XIII, da Constituição Federal acabou por contrariar o
próprio dispositivo, “pois a real intenção do constituinte era a de tutelar a liberdade
de ação profissional, e não propriamente o direito ao exercício do trabalho”. Para o
MP, a suspensão do direito de dirigir decorre do princípio da individualização das
penas. “Se a Constituição Federal permite ao legislador privar o indivíduo de sua
liberdade e, consequentemente, de sua atividade laboral, em razão do cometimento
de crime, poderia também permitir a suspensão da habilitação para dirigir como
medida educativa”, sustenta.
FONTE: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=191617
Porém, devemos considerar que se trata de direito penal, no entanto, poderá (e deverá)
haver repercussão nos processos cíveis e administrativos também.
10 Argumentos que você não deveria usar na sua defesa ou recurso de... https://vaesmarcelo.jusbrasil.com.br/artigos/483593110/10-argumento...
10 de 19 27/04/2018 16:54
O Segundo fato, é que quanto ao projeto de lei que tramita no Senado Federal, sobre
a possibilidade dos motoristas profissionais não terem a CNH suspensa.
Veja a notícia:
Motoristas profissionais poderão pagar multa para não perder o direito de
dirigir
Os motoristas profissionais poderão ter a opção de pagar multa para não perder
temporariamente o direito de dirigir se atingirem 20 pontos na carteira em um ano.
Essa mudança no Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/1997) está prevista em
proposta em análise no Senado.
O Projeto de Lei do Senado 3344/2016, que passará por votação na Comissão
deConstituiçãoo, Justiça e Cidadania (CCJ), foi apresentado pelo senador Eduardo
Lopes (PRB-RJ). A proposição estabelece que os motoristas profissionais, em vez de
terem a carteira suspensa, paguem multa de R$ 2 mil quando for atingido o limite
máximo de pontos para infração.
Os condutores que exercem atividade remunerada em veículo habilitadona categoria
B, como os taxistas, são inseridos pelo projeto entre os que são considerados
motoristas profissionais, atualmente aqueles habilitados nas categorias C, D e E.
Dessa forma, eles também poderão pagar multa para não ter suspenso o direito de
dirigir.
Curso de reciclagem
Pelo Código de Trânsito em vigor, os condutores habilitados nas categorias C, D ou E
devem ser convocados a participar de curso preventivo de reciclagem sempre que
alcançarem 14 pontos de multa no intervalo de 12 meses. O projeto insere também os
motoristas da categoria B nessa exigência. O pagamento da multa, previsto no
projeto, não elimina a necessidade de presença no curso.
De acordo com o Código de Trânsito, a suspensão do direito de dirigir deverá ter
duração mínima de 1 mês até o máximo de 1 ano e, no caso de reincidência no período
de 12 meses, pelo prazo mínimo de 6 meses até o máximo de 2 anos, segundo critérios
estabelecidos pelo Contran.
Direito ao trabalho
Eduardo Lopes argumenta que os motoristas profissionais devem receber um
tratamento diferenciado porque, sem a habilitação, ficam impedidos de trabalhar.
Ele lembra ainda que o direito ao trabalho é assegurado pela Constituição.
"Se em relação ao motorista amador a suspensão do direito de dirigir pode
representar grande desconforto, aos profissionais ela inviabiliza o seu sustento,
produzindo efeitos deletérios que, por vezes, transcendem a pessoa do apenado e
repercutem na manutenção de toda a família", argumenta o senador do Rio de
10 Argumentos que você não deveria usar na sua defesa ou recurso de... https://vaesmarcelo.jusbrasil.com.br/artigos/483593110/10-argumento...
11 de 19 27/04/2018 16:54
Janeiro.
FONTE: http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2016/09/15/motoristas-
profissionais-poderao-pagar-multa...
Mas até que estas questões não sejam resolvidas, o argumento de que necessita da
CNH para trabalhar, por enquanto, não possui força nos processos administrativos de
trânsito, e, portanto, não adianta argumentar sobre isso.
6º ARGUMENTO: NUNCA LEVEI MULTA ANTES
O fato de nunca ter sido autuado em nenhuma infração de trânsito - antes da primeira
vez é claro - não é um argumento que será levado em conta pelos órgãos de trânsito
para anular a multa.
Veja bem, não estamos falando “Réu primário” como no direito penal, mas estamos
tratando de processo administrativo.
Há, porém, uma exceção quando você for autuado numa infração leve ou média e não
for reincidente na mesma infração nos últimos 12 meses.
Neste caso se trata da aplicação da PENALIDADE DE ADVERTÊNCIA previsto no art.
267 do CTB:
Art. 267. Poderá ser imposta a penalidade de advertência por escrito à infração de
natureza leve ou média, passível de ser punida com multa, não sendo reincidente
o infrator, na mesma infração, nos últimos doze meses, quando a autoridade,
considerando o prontuário do infrator, entender esta providência como mais
educativa.
Mas veja bem o que diz o CTB: PODERÁ e não deverá ser aplicada a advertência por
escrito.
Ou seja, se trata de um ato discricionário do julgador que analisando o caso, poderá
ou não aplicar a penalidade de advertência, e assim cancelar a multa e os pontos na
CNH.
Fora esta exceção, argumentar que nunca levou multa antes não é um bom argumento
para anular uma multa.
Portanto, não há “perdão” do órgão autuador se você alegar isso.
7º ARGUMENTO: CITAR JURISPRUDÊNCIA
Se você for um cliente meu ou comprou o meu livro digital MODELOS DE DEFESA E
RECURSOS DE MULTAS, talvez esteja surpreso por eu ter incluído este argumento,
porque em quase todas as defesas e os recursos que eu faço, e os que estão no meu
livro, contém jurisprudência.
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Mas então porque motivo eu coloquei como um argumento que você não poderia usar
na sua defesa ou recurso?
Pelo simples fato de que os julgadores dos órgãos de trânsito possuem pouco ou
nenhum conhecimento jurídico para julgar (com algumas exceções é claro), e
consequentemente desconhecem ou nem sabe o que significa uma jurisprudência.
E como eu sei disso?
Porque faz mais de 15 anos que eu trabalho com isso e pelos julgamentos que eu vejo
quando decidem indeferir uma defesa ou recurso, a única conclusão que eu chego é de
que eles não sabem o que estão dizendo, pois, proferem uma “decisão” pronta e
padronizada, sem qualquer fundamentação aplicadas ao caso.
Outro motivo, é que os julgadores dos órgãos de trânsito não estão interessados em
jurisprudências dos tribunais quando estão julgando uma defesa ou recursos
administrativos.
E o motivo, (ou melhor, a desculpa) é o princípio da legalidade.
Porém, para o desespero dos julgadores dos órgãos de trânsito, a Lei 9.784/99 que
regula o processo administrativo no âmbito da administração pública federal acabou
com esta ideia de que os órgãos de trânsito devem julgar apenas pelo que diz a “lei”.
Vejamos:
Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da
legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade,
ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os
critérios de:
I - atuação conforme a lei e o Direito;
(Parece irônico, mas isso está dito na lei, então não há desculpas para não aplicar já
que eles devem seguir o princípio d legalidade).
Veja que a lei federal diz que serão observados nos processos administrativos, os
critérios de autuação conforme a lei e o DIREITO!
Mas o que é o direito?
O Direito além de ser um conjunto de leis, também, é de princípios, costumes e
JURISPRUDÊNCIA!
Portanto, os julgadores dos órgãos de trânsito também devem considerar as decisões
dos tribunais, porque agora é lei (não só agora, mas desde quase sempre porque a lei
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9.784 é de 1999 e o CTB é de 1998)!
Claro que já vi decisões administrativas que citaram jurisprudência para fundamentar
a sua decisão, então não são todos os julgadores que não possuem conhecimentos
jurídicos para julgar, mas no geral, não é assim infelizmente.
E por este motivo que eu disse que estes argumentos não são absolutos, mas relativos,
tanto é que este em especial eu mesmo uso na defesa e nos recursos.
Entretanto, o que eu quero deixar claro, que não é que não se deva usar jurisprudência
nas defesas e recursos de multas, o que eu quero dizer é que quem JULGA não levara
em consideração.
Por isso, citar jurisprudência como um argumento, não terá muita eficácia no processo
administrativo.
8º ARGUMENTO: NÃO SER ABORDADO PELO AGENTE OU POLICIAL
A ideia de que a multa deve ser anulada porque não houve a abordagem em flagrante
do policial ou agente de trânsito, é equivocada na maioria dos casos.
Vejamos o que diz o CTB:
Art. 280
§ 3º Não sendo possível a autuação em flagrante, o agente de trânsito relatará o
fato à autoridade no próprio auto de infração, informando os dados a respeito do
veículo, além dos constantes nos incisos I, II e III, para o procedimento previsto no
artigo seguinte.
Infelizmente a autuação em flagrante não é obrigatória, mas em contrapartida, abre
uma “brecha” para que os policiais ou agentes de trânsito autuem os motoristas como e
quando quiserem.
O problema da não abordagem do veículo, é que o policial ou agente, pode ter-se
equivocado ao anotar a placa do veículo, o que é muito comum de ocorrer.
Já tive casos em que os meus clientes comprovaram que estavam com o seu veículo em
um estacionamento na hora da autuação, e em outros casos o veículo estava em uma
oficina.
Portanto, a não abordagem do veículo pode causar sérios infortúnios ao motorista se o
mesmo não cometeu a infração.
Tambémposso mencionar os casos de clonagens de placa de veículo, que acontecem
seguidamente, e que os proprietários recebem a notificação em suas residências
informando da infração, mas que jamais foi cometida porque a placa do veículo havia
sido clonada.
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E depois para comprovar a clonagem é um teste de paciência com os órgãos públicos,
principalmente com o DETRAN, porque é você quem deve comprovar a clonagem, em
vez de o policial fazer a abordagem e constatar o crime.
Todavia, existem alguns casos em que é obrigatória a abordagem do veículo.
Como por exemplo, nas infrações previstas no art. 162 do CTB, quando os motoristas
estiverem dirigindo com a CNH suspensa ou cassada, ou sem habilitação, ou com
categoria diferente.
Entretanto, o CONTRAN e suas loucuras, criaram uma nova “Lei” (norma) em que, por
exemplo, o proprietário do veículo que estiver com a CNH suspensa, e o seu veículo foi
autuado SEM ABORDAGEM, e o mesmo não indica o condutor ou foi impossibilitado
de fazê-lo, então este proprietário será autuado por ter dirigido com a CNH suspensa.
Vejamos o que diz o CONTRAN na Resolução 619/16 que revogou a 404/12:
Art. 5º Sendo a infração de responsabilidade do condutor, e este não for identificado
no ato do cometimento da infração, a Notificação da Autuação deverá ser
acompanhada do Formulário de Identificação do Condutor Infrator, que deverá conter,
no mínimo:
§ 2º No caso de identificação de condutor infrator em que a situação se enquadre nas
condutas previstas nos incisos do art. 162 do CTB, serão lavrados, sem prejuízo das
demais sanções administrativas e criminais previstas no CTB, os respectivos Autos
de Infração de Trânsito:
I - ao proprietário do veículo, por infração ao art. 163 do CTB, exceto se o condutor for
o proprietário; e
II - ao condutor indicado, ou ao proprietário que não indicá-lo no prazo
estabelecido, pela infração cometida de acordo com as condutas previstas
nos incisos do art. 162 do CTB.
Em outras palavras, se você é proprietário de um veículo e esteja com a CNH suspensa
e emprestou o veículo para outra pessoa, e esta pessoa foi autuada em alguma infração
do CTB que é de responsabilidade do condutor, mas não houve nenhuma abordagem
em flagrante por policial ou agente de trânsito, e por algum motivo você como
proprietário não conseguiu ou ficou impossibilitado de indicar o condutor (porque a
indicação do condutor depende do consentimento do próprio condutor ao fornecer a
cópia da CNH e assinar o formulário de indicação), você receberá em sua casa uma
notificação de autuação, comunicando-o de que você foi autuado por dirigir com a
CNH suspensa, e como consequência disso, poderá ter instaurado um processo de
cassação do direito de dirigir, mesmo se ter cometido a infração (em São Paulo o
DETRAN já instaura o processo de cassação diretamente sem autuar o proprietário por
dirigir com a CNH suspensa)!
Neste caso que acabei de relatar, eu entendo que a multa deve ser anulada, mas
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infelizmente não é isso que vemos.
Então, se não for o caso acima, não adianta alegar que não foi abordado porque os
julgadores dos órgãos de trânsito não anularão a multa com este argumento, salvo se
comprovado que não era o seu veículo que estava naquele local na hora da autuação.
9º ARGUMENTO: NÃO ASSINOU O AUTO DE INFRAÇÃO
A ausência da assinatura do motorista no auto de infração de trânsito, não é um bom
argumento para anular a multa administrativamente.
O fato de não ter assinado o AIT, não justifica a nulidade da autuação.
Entretanto, existe uma exceção.
A Resolução 619/16 do CONTRAN prevê o seguinte:
Art. 3º
§ 5º O Auto de Infração de Trânsito valerá como notificação da autuação quando for
assinado pelo condutor e este for o proprietário do veículo.
Veja que o auto de infração, (que é aquele documento que o policial ou agente de
trânsito preenche no momento da autuação) somente será considerado uma
notificação, se for assinado pelo condutor e o mesmo for o proprietário do veículo.
Ao ser notificado via auto de infração, o proprietário já pode apresentar a sua defesa
em 15 dias, não dependendo da notificação enviada pelo correio pelo órgão autuador.
Entretanto, se o motorista abordado não for o proprietário e assinou o auto de
infração, e se o órgão autuador não enviar a notificação no prazo de 30 dias pelo
correio, então de acordo com a resolução do CONTRAN o auto de infração deve ser
anulado, visto que o motorista abordado não era o proprietário do veículo, e, portanto,
impedindo o seu direito de defesa.
Claro que existe uma contradição com o CTB, pois, no art. 280 VI a assinatura do
suposto infrator, já se considera notificado, eximindo o órgão de trânsito de enviar a
notificação pelo correio:
Art. 280. Ocorrendo infração prevista na legislação de trânsito, lavrar-se-á auto de
infração, do qual constará:
VI - assinatura do infrator, sempre que possível, valendo esta como
notificação do cometimento da infração.
Logico que mesmo se o condutor não for o proprietário do veículo e a infração for de
responsabilidade do condutor (art. 165, por exemplo), e se assinou o auto de infração,
então ao AIT vale como notificação para apresentar defesa conforme prevê o inciso VI
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do art. 280 do CTB.
Assim, salvo em alguns casos específicos como o que mencionei acima, se poderá
argumentar sobre a não assinatura no auto de infração, para fins de impedimento de
exercício do direito de defesa, e pedir a nulidade da multa.
10º ARGUMENTO: ABUSO DE AUTORIDADE
Por mais que haja abuso de autoridade por parte do policial ou do agente de trânsito ao
autuar um motorista, tal argumento não anulará administrativamente o auto de
infração de trânsito.
O abuso de autoridade deve ser tratado em separado da defesa ou recurso por meio de
denúncia administrativa dirigida ao órgão da corregedoria, ou ao ministério público
que tem a incumbência de apurar estes casos.
Não é que você não possa mencioná-lo na sua defesa, mas a multa não será anulada
APENAS com este argumento.
Vejamos o que é abuso de autoridade de acordo com a Lei 4.898/65 que regula o
Direito de Representação e o processo de Responsabilidade Administrativa Civil e
Penal, nos casos de abuso de autoridade.
Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado:
a) à liberdade de locomoção;
b) à inviolabilidade do domicílio;
c) ao sigilo da correspondência;
d) à liberdade de consciência e de crença;
e) ao livre exercício do culto religioso;
f) à liberdade de associação;
g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do voto;
h) ao direito de reunião;
i) à incolumidade física do indivíduo;
j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional.
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade:
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a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual, sem as formalidades
legais ou com abuso de poder;
b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não
autorizado em lei;
c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a prisão ou detenção de
qualquer pessoa;
d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe seja
comunicada;
e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a prestar fiança, permitida
em lei;
f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carceragem, custas,emolumentos ou qualquer outra despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em lei,
quer quanto à espécie quer quanto ao seu valor;
g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo de importância recebida
a título de carceragem, custas, emolumentos ou de qualquer outra despesa;
h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou jurídica, quando
praticado com abuso ou desvio de poder ou sem competência legal;
i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de segurança,
deixando de expedir em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de
liberdade.
i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de segurança,
deixando de expedir em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de
liberdade.
Perceba que poucos comportamentos se encaixam nas abordagens de trânsito, entre
eles destaco apenas a incolumidade física do indivíduo que pode ocorrer nas
abordagens policiais.
Portanto, argumentar que o policial ou agente abusou de sua autoridade ao autuar
numa infração de trânsito, por mais que tenha ocorrido, não adiantará argumentar no
processo administrativo, mas apenas em uma denúncia separada dirigida ao órgão
competente, e que será apurada no devido tempo.
Terminamos aqui este artigo, e espero ter ajudado.
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