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Políticas Afirmativas

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FACULDADE DE OLINDA 
POLÍTICAS AFIRMATIVAS E OS DIREITOS HUMANOS
OLINDA
2018
FACULDADE DE OLINDA 
POLÍTICAS AFIRMATIVAS E OS DIREITOS HUMANOS
Discente: Ailto Vieira
Docentes: Antônio Pereira,
Emanoel Andrade,
Luiz Fernando,
Maria Auxiliadora,
Mirelle Carla,
Renata Regueira,
Roberta Regueira e
Wellington Claudino.
OLINDA
2018
ÍNDICE
INTRODUÇÃO.........................................................................................................04
POLÍTICAS AFIRMATIVAS (AÇÕES AFIRMATIVAS)............................................05
POLÍTICAS AFIRMATIVAS E OS DIREITOS HUMANOS......................................05
CONCEITO DE MINORIA.......................................................................................06
QUAIS GRUPOS PODEM SER CONSIDERADOS MINORIAS NO BRASIL?.......07
CONCLUSÃO.........................................................................................................09
BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................10
INTRODUÇÃO
O presente trabalho foi elaborado essencialmente sob o intuito de explanar sobre algumas considerações relevantes ao que tange as ações afirmativas e consequentemente seu viés de ligação com os direitos humanos.
Essa pesquisa operacionalizou uma análise da discussão engendrada acerca da concepção dos direitos fundamentais, desde a sua inferência como constituinte de um núcleo básico existencial da pessoa humana perpassando pelos objetivos de sua implementação frente a um Estado que inicialmente se integrava em uma atuação essencialmente negativa, qual seja, de se abster de agir na vida em sociedade, frente à idealização da primeira dimensão de direitos e que aos poucos, em consonância com a demanda de cada época e dimensão de direitos foram sendo implementados.
Políticas Afirmativas (Ações Afirmativas) 
Ações afirmativas são políticas focais que alocam recursos em benefício de pessoas pertencentes a grupos discriminados e vitimados pela exclusão socioeconômica no passado ou no presente. Trata-se de medidas que têm como objetivo combater discriminações étnicas, raciais, religiosas, de gênero ou de casta, aumentando a participação de minorias no processo político, no acesso à educação, saúde, emprego, bens materiais, redes de proteção social e/ou no reconhecimento cultural. Entre as medidas que podemos classificar como ações afirmativas podemos mencionar: incremento da contratação e promoção de membros de grupos discriminados no emprego e na educação por via de metas, cotas, bônus ou fundos de estímulo; bolsas de estudo; empréstimos e preferência em contratos públicos; determinação de metas ou cotas mínimas de participação na mídia, na política e outros âmbitos; reparações financeiras; distribuição de terras e habitação; medidas de proteção a estilos de vi da ameaçados; e políticas de valorização identitária. Sob essa rubrica podemos, portanto, incluir medidas que englobam tanto a promoção da igualdade material e de direitos básicos de cidadania como também formas de valorização étnica e cultural. Esses procedimentos podem ser de iniciativa e âmbito de aplicação pública ou privada, e adotada de forma voluntária e descentralizada ou por determinação legal. 
Políticas afirmativas e os direitos humanos 
Podemos inferir que a visibilidade da temática dos direitos humanos, em voga atualmente, propiciou aos nossos gestores e à sociedade civil novas formas de pensar alternativas de combate à exploração e violação dos direitos de camadas excluídas e apartadas cotidianamente, e que sofrem em seus mundos particulares as desigualdades e as condições indignas de vida.
É neste cenário que as Nações Unidas aprovam, em 1965, a Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial, ratificada hoje por 167 Estados, dentre eles o Brasil (desde 1968). Desde seu preâmbulo, esta Convenção assinala que qualquer “doutrina de superioridade baseada em diferenças raciais é cientificamente falsa, moralmente condenável, socialmente injusta e perigosa, inexistindo justificativa para a discriminação racial, em teoria ou prática, em lugar algum”. Ressalta-se a urgência em se adotar todas as medidas necessárias para eliminar a discriminação racial em todas as suas formas e manifestações e para prevenir e combater doutrinas e práticas racistas. 
A Constituição Federal de 1988 pode ser considerada um enorme avanço, quando reconhece o racismo e o preconceito racial como fenômenos presentes na sociedade brasileira, sustentando a necessidade de combatê-los. Entretanto, destaca que a inclusão do tema racial na agenda das políticas públicas responde principalmente a um esforço inovador do movimento social negro no sentido de estimular, no debate político, a necessidade não apenas de combater o racismo, mas de efetivamente atuar na promoção da igualdade racial. 
Após o lançamento do Programa Nacional de Direitos Humanos, em 1998, intensificou-se o debate acerca da temática das desigualdades raciais e das chamadas ações afirmativas. O que se nota é uma preocupação maior com essa problemática e, a partir daí o Brasil passa a lidar com essas mazelas sociorraciais de outra forma.
Portanto, pode-se inferir que as ações afirmativas procuram os resultados esperados pela Constituição Federal e, como as políticas universais não atingem seu intento de promover cidadania, dignidade humana e oportunidades iguais para todos, as ações afirmativas ou políticas compensatórias atuam exatamente na situação das minorias, e essas políticas específicas buscam uma maior equidade e justiça social, sendo assim inevitáveis e urgentes na atual conjuntura. Só com a adoção de políticas específicas poderá reverter o quadro de iniquidade racial. 
Conceito de Minoria
O primeiro esforço foi desenvolvido pela Subcomissão para Prevenção da Discriminação e Proteção das Minorias, quando, em 1950, sugeria: 
 I – o termo minoria inclui, dentro do conjunto da população, apenas aqueles grupos não dominantes, que possuem e desejam preservar tradições ou características étnicas, religiosas ou linguísticas estáveis, marcadamente distintas daquelas do resto da população; 
II – tais minorias devem propriamente incluir um número de pessoas suficiente em si mesmo para preservar tais tradições e características; 
 III – tais minorias devem ser leais ao Estado dos quais sejam nacionais; 
Aparecem na definição aspectos relevantes: grupos não dominantes (que podem ser em maior ou menor número que os integrantes dos grupos dominantes, que exercem o poder, na sociedade); com características distintas da sociedade envolvendo, sendo estas étnicas, linguísticas ou religiosas; permanência como grupos distintos, preservando suas características distintivas. Mas surge, ao final, conceito político: devem ser leais ao Estado, do qual sejam nacionais. Ou seja, não há aceitação de quem não seja nacional. Mais. Não é reconhecimento ao direito de secessão. Esse conceito sofreu várias alterações, mas por fim, em 1985 Jules Deschênes, canadense, ofereceu à Subcomissão das Minorias uma outra definição, a partir dos estudos anteriores. Segundo ele, uma minoria é formada por um grupo de cidadãos de um Estado, constituindo minoria numérica e em posição não dominante no Estado, dotada de características étnicas, religiosas ou linguísticas que diferenciam daquelas da maioria da população, tendo um senso de solidariedade um para com o outro, motivado, senão apenas implicitamente, por uma vontade coletiva d e sobreviver e cujo objetivo é conquistar igualdade com a maioria, nos fatose na lei. 
Os conceitos trabalhados tanto pela Corte Permanente Internacional de Justiça, quanto pelos especialistas da ONU, Capotorti e Deschênes, assemelham -se aos formalizados por antropólogos, exceto quanto ao componente político introduzido naqueles primeiros. 
 Os antropólogos Wagley e Harris resumem como sendo 5 as características de minorias:
São segmentos subordinados de sociedades estatais complexas; 
As minorias têm traços físicos ou culturais especiais que são tomadas em pouca consideração pelo segmento dominante da sociedade;
c) As minorias são unidade autoconscientes ligadas pelas trações especiais que seus membros partilham e pelas restrições que os mesmos produzem; 
d) A qualidade de membro de uma minoria é transmitida pela regra de descendência a qual é capaz afiliar gerações sucessivas mesmo na ausência de prontamente aparentes traços físicos ou culturais; 
e) Os povos minoritários, por escolha ou necessidade, tendem a casar dentro do grupo. 
Segundo Norbert Rouland “não existem minorias propriamente ditas, elas apenas se definem estruturalmente. São grupos postos em situação minoritária pelas relações de força e de direito, que os submetem a outros grupos no seio de uma sociedade global cujos interesses estão ao cargo de um Estado que opera a discriminação, quer por meio de estatutos jurídicos, quer graças aos princípios de igualdade cívica”. 
Quais grupos podem ser considerados minorias no Brasil? 
 Grupos étnicos (afrodescendentes, indígenas entre outros) 
 Alguns segmentos religiosos (tais como espíritas, hindus, islãs entre outros) 
 Deficientes Físicos (sem distinção de deficiência) 
 Homossexuais (dentro desta classe incorpora-se o que se chama que grupo LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transgêneros) 
Exemplos de políticas afirmativas
Um exemplo sempre citado de política afirmativa é a existência de cotas raciais ou bolsas estudantis destinadas a grupos específicos em instituições superiores de ensino, o que sempre gera um acalorado debate sobre serem ou não isonômicas essas medidas e sobre qual seria a sua efetividade para o combate à discriminação.
Exatamente por objetivarem a reparação de uma desigualdade histórica, as ações afirmativas necessariamente possuem caráter temporário, objetivando que os grupos minoritários de discriminação sejam igualados às demais camadas da sociedade. Uma vez alcançado esse objetivo, cessa a finalidade da ação.
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu nesta quinta-feira (1º) que transgêneros e travestis podem entrar nas cotas de gênero nas eleições. Eles também poderão usar o nome social para se identificar nas urnas.
O ministro Tarcisio Vieira de Carvalho, relator, votou a favor de permitir a inclusão mediante a auto declaração do candidato no ato do alistamento eleitoral, que ocorre 150 dias antes das eleições.
Segundo ele, a expressão “cada sexo” na lei refere-se ao gênero, de modo que podem ser incluídos os transgêneros e travestis nas cotas tanto masculina quanto feminina.
Segundo o Decreto nº 5.296 de 2 de dezembro de 2004, pessoas portadoras de deficiência são aquelas que têm alguma limitação ou incapacidade para desempenhar atividades. 
Pessoas com deficiência contam com benefícios, regras de acesso e atendimento especial em instituições federais de ensino. É o que determina a Lei nº 13.409, sancionada em dezembro de 2016.
A Lei exige que toda empresa de grande porte – com cem ou mais empregados – deverá preencher de 2% a 5% por cento dos seus cargos, com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência habilitadas, na seguinte proporção:
De 100 a 200 empregados – 2%
De 201 a 500 empregados – 3%
De 501 a 1.000 empregados – 4%
De 1.001 em diante – 5%
CONCLUSÃO
Diante do exposto, conclui-se que o país avançou significativamente nas últimas décadas, na tentativa de cessar as desigualdades e o preconceito existentes em nossa sociedade. Contudo, também restou evidenciado que diversos ajustes são necessários para o aperfeiçoamento do atual sistema. A inclusão por meio de cotas, principalmente as voltadas à educação, necessita de certa cautela para ser aplicada. Conforme já explicitado, o sistema educacional brasileiro ainda é muito falho e deficitário. Defendemos que a inclusão deve caminhar ao lado da melhora do sistema educacional. Caso contrário, o resultado será o diverso do esperado, na medida em que a falta de qualidade do ensino se torna um ciclo vicioso. Com efeito, estudantes com formação deficitária no ensino médio ingressam nas universidades com severas dificuldades que, se não corrigidas a tempo, refletirão significativamente no campo profissional, o que demonstra que o Governo Federal, Estadual e Municipal devem prezar pela excelência no ensino fundamental, médio e superior, para que haja igualdade de fato entre os alunos da rede pública e particular.
BIBLIOGRAFIA
BOBBIO, Norberto. Igualdade e Liberdade. 3ªed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1997.
________________. Era dos Direitos. Trad. Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Campus, 1988
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado, 1988.
______. Decreto n. 1.904, de 13/5/1996. Institui o Programa Nacional de Direitos Humanos, que atribuiu aos direitos humanos o status de política pública governamental, contendo propostas de ações governamentais para a proteção e promoção dos direitos civis e políticos no Brasil.
_______. Lei n. 9.100/95. Estabelece normas para as eleições, dispondo que, cada partido ou coligação partidária deverá reservar o mínimo de vinte por cento para candidaturas de mulheres.
_______. Lei n. 9.504/97. Estabelece normas para as eleições, dispondo que cada partido ou coligação partidária deverá reservar o mínimo de trinta por cento e o máximo de setenta por cento para candidaturas de cada sexo.
GUIMARÃES, A. S. A. Racismo e anti-racismo no Brasil. São Paulo: Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo; Editora 34, 1999.
________________. Mulher e o debate sobre direitos humanos no Brasil. Disponível em  <http:// www.buscalegis.ufsc.br/revistas/files/anexos/15659-15660-1-PB.pdf >.
SALGADO, P. A mulher do século XX. Porto: Livraria Tavares Martins, 1947.
SANTOS, H. et al. Políticas públicas para a população negra no Brasil. ONU, 1999.
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