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ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO | NÚCLEO DE PRÁTICAS | PORTFÓLIO 
Tecnologias avançam e impulsionam inclusão
Por Wamberto Picolli, RU 1301412
Polo – Jaú-SP
Data 15/09/2017
Fonte: Revista Top
O Brasil, como todos os países do mundo, possui uma grande parcela de sua população com algum tipo de deficiência. A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2015 revelou que 6,2% da população brasileira têm algum tipo de deficiência e dentre esse universo, 3,6% dos pesquisados tem deficiência visual. O levantamento, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Ministério da Saúde, apontou ainda que 16% dos deficientes visuais encontram algum tipo de dificuldade na hora de realizar atividades habituais como ir à escola, trabalhar e brincar.
Os avanços da tecnologia vêm, no entanto, quebrando paradigmas e melhorando a qualidade de vida dessa população. O reconhecimento social alcançado nos últimos anos tirou as pessoas com deficiência (PcD) da marginalidade e do ostracismo. A educação inclusiva ganhou legislação específica e virou realidade, conferindo protagonismo às pessoas com deficiência. E a tecnologia surgiu como parceira, como aliada dessa nova realidade, colaborando na construção do que podemos chamar em muitos casos, de um novo modelo social.
Especificamente no caso da pessoa com deficiência visual, do primeiro aparelho de Braille em 1852 para o DOSVOX atual, a tecnologia tem sido importante para que a inclusão e o reconhecimento 
social realmente aconteçam e o deficiente visual possa ver afirmada a sua cidadania. O técnico em assuntos educacionais do Instituto Benjamin Constant (IBC), José Francisco de Souza, falou em 
reportagem publicada pelo Globo Educação, sobre a importância do acesso aos programas de computador para a socialização dos deficientes visuais. Na oportunidade da reportagem, em 2011, ele trabalhava na capacitação de alunos no IBC – referência no Brasil em educação de deficientes visuais –, e disse que no tempo em que foi alfabetizado não havia as facilidades tecnológicas que existem hoje.
O DOSVOX, um dos programas preferidos de José Francisco, é utilizado numa sala de deficientes visuais na Escola Estadual José Conti, em Igaraçu do Tietê, no interior do Estado de São Paulo. O DOSVOX, desenvolvido no Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) é um sistema que auxilia o deficiente visual a fazer uso de microcomputadores da linha PC, através do uso de sintetizador de voz. É um software que na avaliação de especialistas em educação inclusiva proporciona independência às pessoas com deficiência visual e isso os motiva nas suas diversas atividades, como na escola, no trabalho e até no dia a dia com outras pessoas.
Na reportagem “Jovens criam tecnologias para acessibilidade”, que orienta essa atividade, a professora e pesquisadora Mônica Pereira dos Santos, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e membro da Associação Brasileira de Pesquisadores em Educação Especial, destaca a importância das novas tecnologias, mas chama a atenção para o fato de que a inclusão no caso de pessoas com deficiência “é assunto de culturas e políticas públicas, para além das práticas”. Para a pesquisadora, há a necessidade de uma mobilização da comunidade escolar no sentido de rever posturas e valores, e também a diminuição dos custos das ferramentas tecnológicas, para que fiquem acessíveis para as instituições e famílias que precisam adquirir esses produtos. Outro aspecto destacado pela pesquisadora Mônica Pereira é quanto à formação continuada de professores, considerada essencial para que “muitas tecnologias não emperrem nas salas de aula”.
Para a professora Jéssica Caroline Paes, da Escola Municipal João Tuschi, de Igaraçu do Tietê, apesar do avanço na legislação sobre inclusão verificada nos últimos anos e na produção de tecnologia específica, o caminho ainda é muito longo para que as pessoas com deficiência se sintam realmente incluídas. “Eu trabalho com deficiência intelectual e na Escola Estadual José Conti tem sala de deficiente auditivo e deficiente visual. Eles têm tudo adaptado, desde jogos, lousa e alfabeto 
em Braille, os computadores com DOSVOX, que conversam com o aluno com deficiência visual e os livros de áudio-descrição”, revelou.
Ao receber a visita de uma classe do quarto ano do ensino fundamental municipal, a professora, no entanto, percebeu certa dificuldade inicial no relacionamento dos alunos do fundamental com os 
alunos deficientes. “Na maioria das vezes, as crianças não sabiam como agir, não por preconceito, mas porque elas não têm isso, não estão acostumadas com essa interação”, afirmou.
Para Célia Magda Vernier, diretora da APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Igaraçu do Tietê, existe muita tecnologia disponível no mercado – programas, softwares e aplicativos – que podem ser utilizados no processo de educação dos alunos da entidade e na melhoria da qualidade de vida deles. No entanto, o alto custo dos produtos combinado com a situação econômica da entidade e das famílias dos alunos, não permite adquiri-los.

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