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Informativo 558-STJ (19/03 a 06/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
 
 
Julgado não comentado por ter menor relevância para concursos públicos: REsp 1.478.439-RS. Leia-o ao final deste 
Informativo se entender necessário. 
 
 
ÍNDICE 
 
DIREITO CIVIL 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
 Responsabilidade por ofensas proferidas por internauta e veiculadas em portal de notícias. 
 Ofensas publicadas em blog e necessidade de indicação dos endereços eletrônicos pelo ofendido. 
 
LOCAÇÃO DE IMÓVEL URBANO 
 Legitimidade para cobrança de aluguéis vencidos em data anterior à da alienação do imóvel. 
 
DIVÓRCIO 
 Desnecessidade de audiência de conciliação ou ratificação na ação de divórcio direto consensual. 
 
ADOÇÃO DE MAIORES 
 A adoção de pessoa maior de idade não precisa do consentimento de seu pai biológico. 
 
ALIMENTOS 
 Direito a alimentos pelo rompimento de união estável entre pessoas do mesmo sexo. 
 
BEM DE FAMÍLIA 
 Possibilidade de penhora de bem de família por má-fé do devedor. 
 
 
DIREITO EMPRESARIAL 
SOCIEDADE LIMITADA 
 Critérios para a apuração de haveres do sócio retirante de sociedade por quotas de responsabilidade limitada. 
 
FALÊNCIA 
 Capacidade processual do falido para a propositura de ação rescisória. 
 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
PROCESSO COLETIVO 
 Aplicabilidade do art. 18 da LACP para ação civil pública movida por sindicato. 
 
AÇÃO MONITÓRIA 
 Inexigibilidade de recolhimento de custas em embargos à monitória. 
 
AÇÃO DE EXIGIR CONTAS 
 Não cabimento em caso de contratos de mútuo e financiamento. 
 
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DIREITO PENAL 
PENA DE MULTA 
 Súmula 521-STJ: A legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta em sentença 
condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública. 
 Legitimidade do MP para promover medida que garanta o pagamento de multa penal. 
 
FALSA IDENTIDADE 
 Súmula 522-STJ: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica, ainda que em 
situação de alegada autodefesa. 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
ARQUIVAMENTO DE PROCEDIMENTO INVESTIGATIVO 
 Inaplicabilidade do art. 28 do CPP nos procedimentos investigativos que tramitem originariamente no STJ. 
 
EXECUÇÃO PENAL 
 Súmula 520-STJ: O benefício de saída temporária no âmbito da execução penal é ato jurisdicional insuscetível de 
delegação à autoridade administrativa do estabelecimento prisional. 
 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA FEDERAL 
 Impossibilidade de exigência concomitante da multa isolada e da multa de ofício previstas no art. 44 da Lei 9.430/96. 
 
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O FGTS 
 A contribuição social do art. 1º da LC 110/2001 continua em vigor. 
 
 
DIREITO CIVIL 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
Responsabilidade por ofensas proferidas por internauta e veiculadas em portal de notícias 
 
A sociedade empresária gestora de portal de notícias que disponibilize campo destinado a 
comentários de internautas terá responsabilidade solidária por comentários postados nesse 
campo que, mesmo relacionados à matéria jornalística veiculada, sejam ofensivos a terceiro e 
que tenham ocorrido antes da entrada em vigor do Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014). 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.352.053-AL, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 24/3/2015 (Info 558). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
Determinada empresa jornalística possui um portal de notícias na internet. 
Certo dia, foi publicada uma reportagem no portal sobre um político da cidade. 
No site, havia um campo para que os leitores publicassem seus comentários e, após essa reportagem, 
vários internautas postaram mensagens ofendendo a honra desse político. 
Ao tomar conhecimento desses comentários, o político ajuizou ação de danos morais contra a empresa 
jornalística, alegando que o portal tinha responsabilidade civil por esses comentários publicados em seu 
site e que eles ofenderam sua honra. 
Após ser citada, a empresa jornalística retirou os comentários do site. 
A controvérsia, portanto, diz respeito à responsabilidade civil dos provedores de internet por mensagens 
postadas por terceiros em seu site. 
 
Espécies de provedores 
Existem diversas classificações a respeito dos provedores de internet. Destaco aqui duas que são 
importantes para o presente tema: 
 
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a) Provedores de INFORMAÇÃO b) Provedores de CONTEÚDO 
 
São aqueles que produzem as informações 
divulgadas na Internet. São os autores de escritos 
postados na internet. 
 
Ex: alguém que publica um texto seu em um blog. 
 
 
 
 
 
São aqueles que disponibilizam na internet as 
informações criadas ou desenvolvidas pelos 
provedores de informação. 
 
Como exemplos desta espécie podemos citar os 
mantenedores de sites de relacionamento na 
internet (Facebook®, Instagram®, Twitter® etc.). 
 
Os provedores de informação possuem 
responsabilidade civil pelas matérias por ele 
divulgadas (REsp 1381610/RS, Rel. Min. Nancy 
Andrighi, julgado em 03/09/2013). 
 
 
 
Em regra, os provedores de conteúdo não 
possuem responsabilidade civil pelas mensagens 
postadas diretamente pelos usuários, salvo se não 
providenciarem a exclusão do conteúdo ofensivo, 
após notificação (REsp 1338214/MT, Rel. Min. 
Nancy Andrighi, julgado em 21/11/2013). 
 
 
No caso em tela, o referido portal de notícia enquadra-se como provedor de informação ou provedor de 
conteúdo? 
 Quanto à matéria jornalística divulgada no site: ele se enquadra como provedor de informação; 
 Quanto às postagens feitas pelos usuários: ele se amolda como provedor de conteúdo. 
 
Na situação concreta, o portal de notícia deverá responder civilmente pelos comentários ofensivos que 
foram publicados? 
SIM. A sociedade empresária gestora de portal de notícias que disponibilize campo destinado a 
comentários de internautas terá responsabilidade solidária por comentários postados nesse campo que, 
mesmo relacionados à matéria jornalística veiculada, sejam ofensivos a terceiro. 
 
Mas neste caso, o portal de notícia não era mero provedor de conteúdo quanto aos comentários dos 
leitores? 
SIM. Ele era provedor de conteúdo. No entanto, mesmo assim o STJ afirmou que deveria haver a 
indenização porque o caso em análise trazia uma particularidade: o provedor de conteúdo era também um 
portal de notícias, ou seja, uma sociedade cuja atividade é precisamente o fornecimento de informações a 
um vasto público consumidor. 
Essa particularidade diferencia o presente caso daqueles outros julgados pelo STJ, em que o provedor de 
conteúdo era empresa da área da informática, como a Google®, o Facebook®, a Microsoft® etc. 
Não é razoável exigir que empresas de informática controlem o conteúdo das postagens efetuadas pelos 
usuários de seus serviços ou aplicativos. Todavia, tratando-se de uma sociedade que desenvolve atividade 
jornalística, o controle do potencial ofensivo dos comentários não apenas é viável, como necessário, por 
ser atividade inerente ao objeto da empresa. 
Ademais, é fato notório, nos dias de hoje, que as redes sociais contêm um verdadeiro inconsciente 
coletivo que faz com que as pessoas escrevam mensagens, sem a necessária reflexão prévia, falando coisas 
que normalmente não diriam. Isso exige um controle por parte de quem é profissional da área de 
comunicação, que tem o dever de zelar para que o direito de crítica não ultrapasse o limite legal 
consistente no respeito à honra, à privacidade e à intimidade da pessoa criticada. 
Assim, a ausência de qualquer controle, prévio ou posterior, configura defeito do serviço, uma vez que se 
trata de relação de consumo.Informativo 558-STJ (19/03 a 06/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 4 
Ressalte-se que o ponto nodal não é apenas a efetiva existência de controle editorial, mas a viabilidade de 
ele ser exercido. Consequentemente, a sociedade empresária deve responder solidariamente pelos danos 
causados à vítima das ofensas morais, que, em última análise, é um bystander, por força do disposto no 
art. 17 do CDC. 
 
No caso explicado acima, foi aplicada a Lei n. 12.965/2014 (Marco Civil da Internet)? 
NÃO. O marco civil da Internet (Lei n. 12.965/2014) não pode ser aplicado para a situação acima narrada, 
porque os fatos ocorreram antes de sua entrada em vigor. 
 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
Ofensas publicadas em blog e necessidade de indicação dos endereços eletrônicos pelo ofendido 
 
Na hipótese em que tenham sido publicadas, em um blog, ofensas à honra de alguém, incumbe 
ao ofendido que pleiteia judicialmente a identificação e rastreamento dos autores das 
referidas ofensas (e não ao provedor de hospedagem do blog) a indicação específica dos URLs 
das páginas onde se encontram as mensagens. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.274.971-RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 19/3/2015 (Info 558). 
 
Imagine a seguinte situação adaptada: 
Foram publicados diversos artigos e comentários ofensivos contra João em um blog hospedado pelo 
provedor Blogger®, pertencente ao grupo Google®. 
João ajuizou ação pedindo que a empresa Google® identificasse e rastreasse os autores dos artigos e 
comentários ofensivos. Ocorre que no referido blog havia vários artigos e comentários sobre diversos assuntos, 
de vários autores diferentes e o requerente não informou quais seriam aqueles que ele reputou ofensivos. 
O Google® respondeu afirmando que, para atender a ordem, precisaria que o autor indicasse, de forma 
específica, os URLs (endereços na rede) das páginas onde se encontram as mensagens. 
 
O STJ concordou com a exigência do Google®? 
SIM. Para o STJ, na hipótese em que tenham sido publicadas, em um blog, ofensas à honra de alguém, 
incumbe ao ofendido que pleiteia judicialmente a identificação e rastreamento dos autores das referidas 
ofensas (e não ao provedor de hospedagem do blog) a indicação específica dos URLs das páginas onde se 
encontram as mensagens. 
Os blogs são páginas na internet cuja estrutura possibilita a rápida e constante atualização mediante 
acréscimo dos denominados posts (comentários, artigos). Essas páginas são hospedadas por provedores, 
que não exercem controle sobre os conteúdos das páginas criadas e operadas pelos usuários. 
Não cabe ao provedor de hospedagem localizar os artigos ofensivos à honra do ofendido, fazer juízo 
prévio para fornecer-lhe os dados requeridos, tais como IPs e outros. 
Cabe ao interessado informar o respectivo URL (“Universal Resource Locator”, isto é, o localizador 
universal de recursos) em que se encontram os artigos/posts cujo conteúdo se considera lesivo. Sem essa 
individualização, a providência do provedor se assemelharia a um rastreamento, ficando ao seu arbítrio o 
apontamento de interesses exclusivos do ofendido, podendo, inclusive, envolver terceiras pessoas com 
quem não tem relação alguma ou que não sejam responsáveis pelo que pretende o ofendido. 
Deve o ofendido, portanto, realizar a indicação específica dos URLs das páginas onde se encontra a 
mensagem considerada ofensiva, sem os quais não é possível ao provedor de hospedagem de blogs 
localizar, com segurança, determinada mensagem considerada ofensiva. 
 
 
 
 
 
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LOCAÇÃO DE IMÓVEL URBANO 
Legitimidade para cobrança de aluguéis vencidos em data anterior à da alienação do imóvel 
 
O proprietário de um imóvel alugado vende este bem para outra pessoa. Se houver alugueis 
atrasados, quem tem legitimidade para cobrá-los: o antigo ou o novo proprietário? 
Em regra, o antigo. O antigo proprietário (alienante) tem legitimidade para cobrar os aluguéis 
que tenham vencido em data anterior à alienação do imóvel. 
O novo proprietário (adquirente) só terá direito sobre tais parcelas caso tenha ficado previsto 
no contrato de compra e venda do imóvel essa cessão do crédito. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.228.266-RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 10/3/2015 (Info 558). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João era proprietário de uma sala comercial. 
Em 02/02/2012, João alugou a sala para um dentista. 
Vale ressaltar que o dentista (locatário) sempre cumpriu regularmente suas obrigações, com exceção dos 
meses de junho, julho e agosto de 2012, período em relação ao qual ele não pagou os alugueis. 
Em 03/03/2013, João vendeu a sala para Pedro. 
Alguns dias depois, João ingressou com ação de execução contra o dentista cobrando os três meses de 
aluguel atrasados referentes ao ano de 2012. 
O executado se defendeu afirmando que João não tinha mais legitimidade ativa para cobrar os alugueis. 
Segundo sustentou o devedor, o adquirente do imóvel locado assume, por sub-rogação, a posição do 
locador, com todos os direitos e deveres que lhe são inerentes. Logo, quem teria legitimidade para cobrar 
o valor seria o novo proprietário (Pedro) e não o antigo (João). 
 
A tese do executado está correta? Quem tem direito aos aluguéis referentes a esses três meses? 
NÃO, a tese não está correta. O antigo proprietário (alienante) tem sim legitimidade para cobrar os 
aluguéis que tenham vencido em data anterior à alienação do imóvel. O novo proprietário (adquirente) só 
terá direito sobre tais parcelas caso tenha ficado previsto no contrato de compra e venda do imóvel essa 
cessão do crédito. 
 
O contrato de locação é uma relação jurídica de cunho obrigacional, pessoal, constituída entre o locador e 
o locatário, em que o primeiro transfere ao segundo a posse direta do imóvel para uso. Já o contrato de 
compra e venda celebrado posteriormente entre o proprietário (locador) e o terceiro estabelece um novo 
negócio jurídico, que não vincula, por si só, o adquirente do imóvel ao locatário, tendo em vista que não 
foi ele quem contratou a locação, e sim o locador (vendedor), que deixou de ser proprietário da coisa. 
 
Além disso, a alienação do imóvel não altera a relação obrigacional entre o locatário e o locador no 
período anterior à venda do imóvel. 
 
Sendo assim, o locatário se tornará obrigado perante o novo proprietário somente após a venda, por força 
de sub-rogação legal, nos termos do art. 8º, § 2º, da Lei n. 8.245/1991. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Informativo 558-STJ (19/03 a 06/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 6 
DIVÓRCIO 
Desnecessidade de audiência de conciliação ou ratificação na ação de divórcio direto consensual 
 
O art. 1.122 do CPC 1973 c/c o art. 40, § 2º da Lei 6.515/77 previam a necessidade de ser realizada 
audiência de conciliação ou ratificação antes de o juiz decretar o divórcio consensual. 
Esse dispositivo deve sofrer uma releitura por força da EC 66/2010. 
A EC 66/2010 (conhecida como “Emenda do Divórcio”) alterou a redação do art. 226, § 6º da 
CF/88, eliminando os prazos para a concessão do divórcio e afastando a necessidade de que 
seja discutida culpa, dispensando que sejam debatidas as causas que geraram o fim da união. 
Atualmente, se as partes querem se divorciar, não cabe ao juiz convencê-las do contrário. 
Passa a ter vez no Direito de Família a figura da intervenção mínima do Estado. O divórcio 
passou a ser agora efetivamente direto. 
Por força da alteração constitucional, a leitura que deve ser feita agora do art. 1.122 do CPC é a 
seguinte: não será necessária audiência com os autores do pedido de divórcio consensual 
quando o magistrado tiver condições de aferir a firme disposição dos cônjuges em se 
divorciarem, bem como de atestar que as demais formalidadesforam atendidas. 
Dito de outro modo, só será designada a audiência de que trata o art. 1.122 do CPC 1973 em 
caso de dúvida sobre a real intenção das partes de se divorciarem. Não havendo dúvidas, não 
tem sentido a realização do ato. A audiência de conciliação ou ratificação passou a ter apenas 
cunho eminentemente formal, sem nada produzir, não havendo nenhuma questão relevante 
de direito a se decidir. 
Obs: seguindo a linha de raciocínio acima exposta, o CPC 2015 não exige a realização de 
audiência antes da decretação do divórcio consensual. O tema é tratado nos arts. 731 a 733. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.483.841-RS, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 17/3/2015 (Info 558). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João e Maria eram casados, mas há muitos anos que não viviam juntos, razão pela qual decidiram se 
divorciar e, para isso, ingressaram com ação de divórcio consensual. 
Diante da ausência de qualquer divergência entre os autores, o juiz da vara de família entendeu que era 
dispensável a realização de audiência para tentativa de reconciliação do casal (chamada de audiência de 
ratificação) e sentenciou o feito decretando o divórcio. 
O Promotor de Justiça que intervinha no processo não concordou e recorreu da sentença alegando que o 
art. 40, § 2º, da Lei n. 6.515/77 determina que o procedimento aplicável para o divórcio consensual é 
aquele previsto nos arts. 1.120 a 1.124 do CPC 1973. O art. 1.122 do CPC 1973, por sua vez, afirma que é 
obrigatória a realização de audiência para ouvir o casal. Confira os dispositivos mencionados: 
Art. 40 (...) § 2º - No divórcio consensual, o procedimento adotado será o previsto nos artigos 1.120 a 
1.124 do Código de Processo Civil, observadas, ainda, as seguintes normas: (...) 
 
Art. 1.122. Apresentada a petição ao juiz, este verificará se ela preenche os requisitos exigidos nos dois 
artigos antecedentes; em seguida, ouvirá os cônjuges sobre os motivos da separação consensual, 
esclarecendo-lhes as consequências da manifestação de vontade. 
 
Em suma, o MP alegou que a audiência de ratificação continua sendo obrigatória no divórcio consensual 
por estar prevista no art. 1.122 do CPC 1973 e que ela não pode ser dispensada em nenhuma hipótese. 
 
O STJ concordou com a tese do MP? 
NÃO. Na ação de divórcio direto consensual, é possível a imediata homologação do divórcio, sendo 
dispensável a realização de audiência de conciliação ou ratificação (art. 1.122 do CPC 1973) quando o 
magistrado tiver condições de aferir a firme disposição dos cônjuges em se divorciarem, bem como de 
atestar que as demais formalidades foram atendidas. 
 
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Mas e o art. 1.122 do CPC 1973? 
Esse dispositivo deve sofrer uma releitura por força da EC 66/2010. 
 
A EC 66/2010 (conhecida como “Emenda do Divórcio”) alterou a redação do art. 226, § 6º, da CF/88, 
suprimindo os prazos de um ano de separação judicial e de dois anos de separação de fato no divórcio. Além 
disso, a doutrina defende que, ao não exigir mais qualquer requisito em seu texto, o novo § 6º também proíbe 
qualquer discussão sobre culpa para fins de conceder ou não o divórcio. Compare as duas redações: 
 
Antes da EC 66/2010 DEPOIS da EC 66/2010 
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo 
divórcio, após prévia separação judicial por mais de 
um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada 
separação de fato por mais de dois anos. 
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo 
divórcio. 
 
Assim, a EC 66/2010 eliminou os prazos para a concessão do divórcio e afastou a necessidade de que seja 
discutida culpa, dispensando que sejam debatidas as causas que geraram o fim da união. Isso não importa 
mais. Se as partes querem se divorciar, não cabe ao juiz convencê-las do contrário. Passa a ter vez no 
Direito de Família a figura da intervenção mínima do Estado, como deve ser. Não deve o magistrado expor 
desnecessária e vexatoriamente a intimidade do casal. Criou-se, dessa forma, nova figura totalmente 
dissociada do divórcio anterior. O divórcio passou a ser agora efetivamente direto. 
 
Conclui-se, portanto, que o art. 1.122 do CPC 1973, ao exigir uma audiência de ratificação antes de 
conceder o divórcio direto consensual, passou a ter redação conflitante com o novo entendimento acima 
exposto, segundo o qual não mais existem os antigos requisitos para divórcio. 
 
Na ação de divórcio consensual direto, atualmente, não há causa de pedir, inexiste necessidade de os 
autores declinarem o fundamento do pedido, cuidando-se de simples exercício de um direito potestativo. 
 
Portanto, a leitura que deve ser feita agora do art. 1.122 do CPC é a seguinte: não será necessária 
audiência com os autores do pedido de divórcio consensual quando o magistrado tiver condições de aferir 
a firme disposição dos cônjuges em se divorciarem, bem como de atestar que as demais formalidades 
foram atendidas. 
 
Dito de outro modo, só será designada a audiência de que trata o art. 1.122 do CPC 1973 em caso de 
dúvida sobre a real intenção das partes de se divorciarem. Não havendo dúvidas, não tem sentido a 
realização do ato. A audiência de conciliação ou ratificação passou a ter apenas cunho eminentemente 
formal, sem nada produzir, não havendo nenhuma questão relevante de direito a se decidir. 
 
Os artigos da Lei n. 6.515/77 e do CPC 1973 devem ser interpretados segundo a nova ordem 
constitucional e a ela se adequar. 
 
Como fica o tema no novo CPC? 
Seguindo a linha de raciocínio acima exposta, o CPC 2015 não exige a realização de audiência antes da 
decretação do divórcio consensual. O tema é tratado nos arts. 731 a 733. 
 
 
 
 
 
 
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ADOÇÃO DE MAIORES 
A adoção de pessoa maior de idade não precisa do consentimento de seu pai biológico 
 
Imagine que André foi abandonado, ainda criança, pelo seu pai biológico (João), tendo sido 
criado por Bento, quem considera seu verdadeiro pai. 
Quando André atinge a maioridade, Bento ajuíza ação para adotar o rapaz. 
João (pai biológico) apresenta contestação, não concordando com a adoção, e invocando o 
caput do art. 45 do ECA: “A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante 
legal do adotando.” 
O simples fato de o pai biológico não concordar com a adoção de seu filho maior de 18 anos é 
motivo suficiente para impedir que ela aconteça? Aplica-se ao caso o caput do art. 45 do ECA? 
NÃO. Estabelecida uma relação jurídica paterno-filial (vínculo afetivo) entre o adotante e o 
adotando, a adoção de pessoa maior não pode ser refutada pelo pai biológico que abandonou o 
filho, a menos que ele apresente uma justa causa. 
A adoção de pessoas maiores de 18 anos é regida pelo ECA. No entanto, no caso, não se aplica a 
exigência do caput do art. 45 do ECA porque o § 1º do mesmo artigo afirma que esse 
consentimento do pai é dispensado caso ele tenha sido destituído do poder familiar. O poder 
familiar termina quando o filho atinge a maioridade. Logo, sendo André maior que 18 anos, João 
não mais tem poder familiar sobre ele, não sendo necessário seu consentimento para a adoção. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.444.747-DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 17/3/2015 (Info 558). 
 
Imagine a seguinte situação adaptada: 
André é filho biológico e registral de João. Ocorre que o pai, logo nos primeiros meses de vida do filho, o 
abandonou, nunca tendo lhe dado afeto ou assistência material. 
A mãe de André casou-se, então, com Bento e este cuidou da criança como se fosse seu filho. 
No aniversário de 20 anos de André, Bento falou que gostaria de ser seu pai também “no papel”. 
No dia seguinte, Bento procurou a Defensoria Pública e explicou a situação. 
 
Qual medida jurídica foi proposta?Bento, por intermédio da Defensoria Pública, ajuizou “ação de adoção de maior de idade cumulada com 
pedido de destituição do vínculo paterno” em favor de André (adotando) e em desfavor de João (pai 
biológico de André). 
 
O que o réu alegou na contestação? 
João argumentou que não se afastou do filho por vontade própria, mas sim porque era muito jovem à 
época e que teve que se mudar para outra cidade por questões de trabalho. 
Afirmou que pretende retomar o relacionamento com André. 
Por fim, o réu alegou que, sem o seu consentimento, a adoção não poderia ser deferida por expressa 
vedação legal, conforme disposto no art. 1.619 do CC c/c o art. 45, do ECA. Confira os dispositivos citados: 
Art. 1.619. A adoção de maiores de 18 (dezoito) anos dependerá da assistência efetiva do poder público e 
de sentença constitutiva, aplicando-se, no que couber, as regras gerais da Lei n. 8.069, de 13 de julho de 
1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 
Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal do adotando. 
 
A tese do réu (pai biológico) foi aceita? 
NÃO. Estabelecida uma relação jurídica paterno-filial (vínculo afetivo) entre o adotante e o adotando, a 
adoção de pessoa maior não pode ser refutada pelo pai biológico que abandonou o filho, a menos que ele 
apresente uma justa causa. 
No caso concreto, o STJ entendeu que não havia justa causa nos argumentos do réu. 
 
Informativo 558-STJ (19/03 a 06/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 9 
 
Mas o art. 45 do ECA não exige consentimento dos pais? 
Vamos por partes. 
A adoção de pessoas maiores de 18 anos é regida pelo ECA, no que couber, já que o Código Civil trata do 
tema em apenas um único dispositivo (art. 1.619 do CC). 
Lendo o ECA, encontra-se a regra prevista no caput do art. 45 exigindo o consentimento dos pais para a adoção: 
Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal do adotando. 
 
Ocorre que o § 1º traz uma hipótese de dispensa do consentimento: 
§ 1º O consentimento será dispensado em relação à criança ou adolescente cujos pais sejam 
desconhecidos ou tenham sido destituídos do poder familiar. 
 
No caso concreto, o pai biológico (João) não mais exerce poder familiar sobre seu filho (André) porque 
este é maior de 18 anos e o poder familiar extingue-se pela maioridade (art. 1.635, III do CC). Logo, não se 
aplica a regra do caput do art. 45 do ECA, mas sim a exceção trazida pelo § 1º (destituído do poder 
familiar). 
 
Finalizando 
Dessa forma, como o direito em discussão está relacionado com interesse individual e disponível de 
pessoa plenamente capaz e que o exercício da autonomia da vontade do maior de 18 anos não depende 
mais do consentimento de seus pais ou de seu representante legal, não se aplica o art. 45 do ECA à adoção 
de maior de idade. 
Incide, no caso, a regra prevista no art. 48 do ECA: 
Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao 
processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18 (dezoito) anos. 
 
Assim, sendo possível ao filho maior buscar suas origens biológicas, partindo-se de uma interpretação 
teleológica desse dispositivo, é possível reconhecer também o direito de afastá-las por definitivo, por meio 
de adoção quando ele atingir a maioridade. 
 
 
 
ALIMENTOS 
Direito a alimentos pelo rompimento de união estável entre pessoas do mesmo sexo 
 
É juridicamente possível o pedido de alimentos decorrente do rompimento de união estável 
homoafetiva. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.302.467-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 3/3/2015 (Info 558). 
 
Imagine a seguinte situação adaptada: 
Pedro e Carlos viviam em união estável homoafetiva há 15 anos, quando decidiram se separar. 
Ocorre que Pedro está severamente doente e não tem muitos recursos financeiros, enquanto que Carlos 
apresenta boas condições materiais. 
Diante disso, Pedro ajuizou ação de alimentos contra Carlos pedindo o pagamento de pensão alimentícia, 
nos termos do art. 1.694 do CC: 
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que 
necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às 
necessidades de sua educação. 
 
 
Informativo 558-STJ (19/03 a 06/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 10 
O pedido de Pedro encontra amparo no ordenamento jurídico? É possível a prestação de alimentos em 
caso de rompimento de união estável homoafetiva? 
SIM. É juridicamente possível o pedido de alimentos decorrente do rompimento de união estável 
homoafetiva. 
 
Segue abaixo o resumo dos principais argumentos do Min. Luis Felipe Salomão: 
 
Para o STF e o STJ, as uniões estáveis formadas por companheiros do mesmo sexo são juridicamente 
viáveis e protegidas pela CF/88, com base nos princípios da dignidade da pessoa humana, da igualdade e 
do repúdio à discriminação de qualquer natureza. 
 
O STF, ao interpretar o art. 1.723 do CC à luz da CF/88, afirmou que não se pode impedir o 
reconhecimento da união contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo como entidade 
familiar, entendida esta como sinônimo perfeito de família. Logo, o reconhecimento da união estável 
homoafetiva deve ser feito segundo as mesmas regras e com as mesmas consequências da união estável 
heteroafetiva (ADPF 132/RJ e ADI 4.277/DF). 
 
A legislação que regula a união estável deve ser interpretada de forma expansiva e igualitária, permitindo 
que as uniões homoafetivas tenham o mesmo regime jurídico protetivo conferido aos casais 
heterossexuais, trazendo efetividade e concreção aos princípios da dignidade da pessoa humana, da não 
discriminação, igualdade, liberdade, solidariedade, autodeterminação, proteção das minorias, busca da 
felicidade e ao direito fundamental e personalíssimo à orientação sexual. 
 
A igualdade e o tratamento isonômico supõem o direito a ser diferente, o direito à autoafirmação e a um 
projeto de vida independente de tradições e ortodoxias, sendo o alicerce jurídico para a estruturação do direito 
à orientação sexual como direito personalíssimo, atributo inseparável e incontestável da pessoa humana. Em 
suma: o direito à igualdade somente se realiza com plenitude se for garantido o direito à diferença. 
 
Como a união estável homoafetiva é entidade familiar, não há como afastar da relação de pessoas do 
mesmo sexo a obrigação de sustento e assistência técnica, protegendo-se, em última análise, a própria 
sobrevivência do mais vulnerável dos parceiros. 
 
O direito a alimentos do companheiro que se encontra em situação precária e de vulnerabilidade assegura 
o mínimo existencial, com a preservação da dignidade do indivíduo. O projeto de vida advindo do afeto, 
nutrido pelo amor, solidariedade, companheirismo, alcança também o amparo material dos componentes 
da união, até porque os alimentos não podem ser negados a pretexto de uma preferência sexual diversa. 
 
 
 
BEM DE FAMÍLIA 
Possibilidade de penhora de bem de família por má-fé do devedor 
 
A renúncia ao bem de família é válida? O devedor pode oferecer seu bem de família para ser 
penhorado? 
Em regra, NÃO. O STJ possui diversos julgados afirmando que a proteção conferida ao instituto 
de bem de família pela Lei 8.009/90 é uma norma cogente, uma questão de ordem pública. 
Logo, não se admite que o titular desse benefício renuncie à sua proteção. 
Exceção: não se deve desconstituir a penhora de imóvel sob o argumento de se tratar de bem 
de família na hipótese em que, mediante acordo homologado judicialmente, o executado tenha 
pactuado com o exequente a prorrogação do prazo para pagamento e a redução do valor de 
 
Informativo 558-STJ (19/03 a 06/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante| 11 
dívida que contraíra em benefício da família, oferecendo o imóvel em garantia e renunciando 
expressamente ao oferecimento de qualquer defesa, de modo que, descumprido o acordo, a 
execução prosseguiria com a avaliação e praça do imóvel. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.461.301-MT, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 5/3/2015 (Info 558). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João fez um empréstimo de R$ 300 mil com o banco “XXX” para reformar a casa em que vivia com a 
família e, como garantia, assinou notas promissórias. 
Como o débito não foi pago, o banco ajuizou execução por título extrajudicial contra o devedor. 
No curso do processo, foi celebrado acordo, homologado pelo juiz, por meio do qual o devedor propôs o 
pagamento da dívida em valor inferior ao cobrado e, em contrapartida, o banco pediu que ficasse 
penhorada a casa em que João morava com sua família como garantia. 
Ocorre que João descumpriu o acordo e não pagou aquilo que foi combinado, razão pela qual o credor 
requereu o prosseguimento do feito com a alienação do bem penhorado. 
O devedor, por sua vez, pediu a desconstituição da penhora incidente sobre o imóvel residencial, 
argumentando tratar-se de bem de família e, portanto, impenhorável. 
 
A renúncia ao bem de família é válida? O devedor pode oferecer seu bem de família para ser penhorado? 
REGRA: NÃO. 
O STJ possui diversos julgados afirmando que a proteção conferida ao instituto de bem de família pela Lei 
n. 8.009/90 é uma norma cogente, uma questão de ordem pública. Logo, não se admite que o titular 
desse benefício renuncie à sua proteção. Nesse sentido: STJ. 4ª Turma. AgRg no AREsp 537.034/MS, Rel. 
Min. Raul Araújo, julgado em 26/08/2014. Assim, em regra, a jurisprudência do STJ entende que o bem de 
família é impenhorável, mesmo quando indicado à constrição pelo próprio devedor. 
 
EXCEÇÃO: 
Na hipótese acima narrada, o STJ entendeu que a situação em exame apresenta certas peculiaridades que 
tornam válida a renúncia. 
Com efeito, no caso em análise, o executado agiu em descompasso com o princípio nemo venire contra 
factum proprium, adotando comportamento contraditório, num momento ofertando o bem à penhora e, 
no instante seguinte, arguindo a impenhorabilidade do mesmo bem, o que evidencia a ausência de boa-fé. 
Essa conduta antiética deve ser coibida, sob pena de desprestígio do próprio Poder Judiciário, que validou 
o acordo celebrado. 
Se, por um lado, é verdade que a Lei n. 8.009/90 veio para proteger o núcleo familiar, resguardando-lhe a 
moradia, não é menos correto afirmar que aquele diploma legal não pretendeu estimular o 
comportamento dissimulado. 
Como se trata de acordo judicial celebrado nos próprios autos da execução, a garantia somente podia ser 
constituída mediante formalização de penhora incidente sobre o bem. Nada impedia, no entanto, que 
houvesse a celebração do pacto por escritura pública, com a constituição de hipoteca sobre o imóvel e 
posterior juntada aos autos com vistas à homologação judicial. 
Se tivesse ocorrido dessa forma, seria plenamente válida a penhora sobre o bem em razão da exceção à 
impenhorabilidade prevista no inciso V do art. 3º da Lei 8.009/1990, não existindo, portanto, nenhuma 
diferença substancial entre um ato e outro no que interessa às partes. 
Acrescente-se, finalmente, que a decisão homologatória do acordo tornou preclusa a discussão da matéria, de 
forma que o mero inconformismo do devedor contra uma das cláusulas pactuadas, manifestado tempos 
depois, quando já novamente inadimplentes, não tem força suficiente para tornar ineficaz a avença. 
Dessa forma, não se pode permitir, em razão da boa-fé que deve reger as relações jurídicas, a 
desconstituição da penhora, sob pena de desprestígio do próprio Poder Judiciário. 
 
 
 
Informativo 558-STJ (19/03 a 06/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 12 
DIREITO EMPRESARIAL 
 
SOCIEDADE LIMITADA 
Critérios para a apuração de haveres do sócio retirante de 
sociedade por quotas de responsabilidade limitada 
 
Ocorre a dissolução parcial da sociedade limitada quando um ou alguns dos sócios saem da 
sociedade, mas ela é preservada e continua suas atividades. 
Uma das hipóteses de dissolução parcial de sociedade é o direito de retirada (direito de 
recesso, direito de denúncia), ou seja, é a saída do sócio por iniciativa própria. Ele 
simplesmente não quer mais fazer parte daquela sociedade. 
Nesse caso, o sócio que deixar a sociedade receberá a parte que lhe cabe no patrimônio social, 
continuando a sociedade em relação aos demais sócios. 
O cálculo do valor devido ao sócio que deixa a sociedade é feito por meio de um procedimento 
denominado de APURAÇÃO DE HAVERES. 
Qual é o critério adotado para se fazer a apuração de haveres do sócio retirante? 
 
SEGUNDO O ENTENDIMENTO DO STJ: 
• O contrato social pode prever o critério para a apuração dos haveres do sócio retirante no 
caso de dissolução parcial de sociedade limitada; 
• No entanto, o critério previsto no contrato social somente prevalecerá se houver consenso 
entre as partes quanto ao resultado alcançado; 
• Caso não haja concordância entre as partes, deve-se aplicar o “balanço de determinação”, 
que é o critério que melhor reflete o valor patrimonial da empresa; 
• O fluxo de caixa descontado, por representar a metodologia que melhor revela a situação 
econômica e a capacidade de geração de riqueza de uma empresa, pode ser aplicado 
juntamente com o balanço de determinação na apuração de haveres do sócio dissidente. 
 
SEGUNDO O CPC 2015: 
 A primeira opção no caso de apuração dos haveres é adotar o critério previsto no contrato 
social (art. 604, II). 
 Somente se o contrato social for omisso, ou seja, apenas se ele não previr um critério de 
apuração de haveres, é que será adotado o “balanço de determinação” (art. 606). 
 
Enquanto o novo CPC não entra em vigor, fique com o entendimento do STJ. Após março de 
2016, o mais seguro é assinalar nos concursos a redação literal do art. 606, que irá ser 
bastante cobrado nas provas. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.335.619-SP, Rel. originária e voto vencedor Min. Nancy Andrighi, Rel. para 
acórdão Min. João Otávio de Noronha, julgado em 3/3/2015 (Info 558). 
 
Dissolução de uma sociedade: 
A dissolução de uma sociedade pode ser: 
a) Parcial: quando um ou alguns dos sócios saem da sociedade, mas ela é preservada. 
b) Total: quando a sociedade é extinta. 
 
Dissolução parcial de sociedade: 
Ocorre, portanto, quando um ou alguns se desligam da sociedade, mas ela continua existindo. A isso 
também se dá o nome de “liquidação parcial da sociedade”. 
 
Informativo 558-STJ (19/03 a 06/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 13 
Uma das hipóteses de dissolução parcial de sociedade é o direito de retirada (direito de recesso, direito de 
denúncia), ou seja, é a saída do sócio por iniciativa própria. Ele simplesmente não quer mais fazer parte 
daquela sociedade. 
Nesse caso, o sócio que deixar a sociedade receberá a parte que lhe cabe no patrimônio social, 
continuando a sociedade em relação aos demais sócios. 
 
Apuração de haveres 
O cálculo do valor devido ao sócio que deixa a sociedade é feito por meio de um procedimento denominado 
de apuração de haveres e que está previsto no art. 1.031 do CC e no art. 599, III, do CPC 2015. 
Art. 1.031. Nos casos em que a sociedade se resolver em relação a um sócio, o valor da sua quota, 
considerada pelo montante efetivamente realizado, liquidar-se-á, salvo disposição contratual em 
contrário, com base na situação patrimonial da sociedade, à data da resolução, verificada em balanço 
especialmente levantado. 
§ 1º O capital social sofrerá a correspondente redução, salvo se os demais sócios suprirem o valor da 
quota. 
§ 2º A quota liquidada será paga em dinheiro, no prazo de noventa dias,a partir da liquidação, salvo 
acordo, ou estipulação contratual em contrário. 
 
Critérios para a apuração de haveres do sócio retirante 
A tarefa de calcular o valor que será pago ao sócio que deixa a sociedade, na maioria das vezes, não é algo 
simples, especialmente em se tratando de sociedades limitadas de grande porte. Existem diversos critérios 
e metodologias para se calcular esse valor, sendo necessária, na maior parte dos casos, uma perícia 
contábil para se apurar a quantia efetivamente devida. 
 
Critério previsto no contrato social 
Os critérios para a apuração de haveres do sócio retirante estão previstos, normalmente, no próprio 
contrato social. 
No entanto, mesmo que o contrato social eleja o critério para a apuração de haveres, esses parâmetros 
somente prevalecerão caso haja a concordância das partes (inclusive do sócio que está saindo) com o 
resultado alcançado. Em outras palavras, se o sócio retirante não concordar com o resultado obtido pela 
aplicação do critério de apuração de haveres previsto no contrato social, será permitido que ele proponha 
ação judicial a fim de que seja determinada a melhor metodologia de liquidação. 
Essa ação é denominada de “ação de dissolução parcial de sociedade” e, apesar de sempre ter sido 
utilizada na prática, somente agora passou a ser disciplinada pela lei, estando prevista nos arts. 599 a 609 
do CPC 2015. Pode-se dizer, portanto, que esse tema é uma das novidades do novo CPC. 
Obs: quando o CPC 2015 estiver em vigor, não deixe de ler os arts. 599 a 609 do novo Código porque eles 
serão obrigatoriamente cobrados nas provas de Direito Empresarial. Por enquanto, não é necessário. 
 
Qual é o melhor critério de liquidação de haveres? 
Para o STJ, o melhor critério de liquidação de haveres é o chamado “balanço de determinação”. 
O balanço de determinação é um balanço patrimonial especial, elaborado por perito contábil, por meio do 
qual se calcula o valor patrimonial real da empresa. 
Em linhas simples, o valor patrimonial da empresa é obtido dividindo-se o patrimônio líquido da sociedade 
pelo número de quotas dos sócios. 
O valor do patrimônio líquido, por sua vez, irá variar conforme o critério adotado para elaboração do 
balanço. Por isso, na dissolução parcial, deve-se utilizar um levantamento do balanço que confira ao 
patrimônio líquido – e, por conseguinte, ao valor patrimonial – um valor real. Esse balanço é justamente o 
balanço de determinação. 
O balanço de determinação utiliza um critério diferenciado de avaliação do ativo, que permite uma 
apuração fiel do patrimônio líquido, baseia-se no valor de mercado, correspondendo a uma simulação da 
realização de todos os bens do ativo e da satisfação do passivo social, com vistas a apurar qual seria o 
 
Informativo 558-STJ (19/03 a 06/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 14 
acervo líquido da sociedade se ela estivesse sendo totalmente dissolvida naquela data. 
O fluxo de caixa descontado, por representar a metodologia que melhor revela a situação econômica e a 
capacidade de geração de riqueza de uma empresa, pode ser aplicado juntamente com o balanço de 
determinação na apuração de haveres do sócio dissidente. 
 
Desse modo, o entendimento atual do STJ é o seguinte: 
 O contrato social pode prever o critério para a apuração dos haveres do sócio retirante no caso de 
dissolução parcial de sociedade limitada; 
 O critério previsto no contrato social somente prevalecerá se houver consenso entre as partes quanto 
ao resultado alcançado; 
 Caso não haja concordância entre as partes, deve-se aplicar o “balanço de determinação”, que é o 
critério que melhor reflete o valor patrimonial da empresa. 
 O fluxo de caixa descontado, por representar a metodologia que melhor revela a situação econômica e 
a capacidade de geração de riqueza de uma empresa, pode ser aplicado juntamente com o balanço de 
determinação na apuração de haveres do sócio dissidente. 
 
E com o CPC 2015: 
O CPC 2015 reforça a ideia de que a primeira opção no caso de apuração dos haveres é adotar o critério 
previsto no contrato social. Veja o que diz o art. 604, II: 
Art. 604. Para apuração dos haveres, o juiz: 
I - fixará a data da resolução da sociedade; 
II - definirá o critério de apuração dos haveres à vista do disposto no contrato social; e 
III - nomeará o perito. 
 
Pela redação literal do novo CPC, somente se o contrato social for omisso, ou seja, apenas se ele não 
previr um critério de apuração de haveres, é que seria adotado o “balanço de determinação”. Confira: 
Art. 606. Em caso de omissão do contrato social, o juiz definirá, como critério de apuração de haveres, o 
valor patrimonial apurado em balanço de determinação, tomando-se por referência a data da resolução e 
avaliando-se bens e direitos do ativo, tangíveis e intangíveis, a preço de saída, além do passivo também a 
ser apurado de igual forma. 
Parágrafo único. Em todos os casos em que seja necessária a realização de perícia, a nomeação do perito 
recairá preferencialmente sobre especialista em avaliação de sociedades. 
 
Enquanto o novo CPC não entra em vigor, fique com o entendimento do STJ. Após março de 2016, o mais 
seguro é assinalar nos concursos a redação literal do art. 606, que irá ser cobrado à exaustão nas provas. 
 
 
 
FALÊNCIA 
Capacidade processual do falido para a propositura de ação rescisória 
 
O falido poderá propor ação rescisória para desconstituir a sentença que decretou a falência? 
SIM. O falido tem capacidade para propor ação rescisória para desconstituir a sentença 
transitada em julgado que decretou a sua falência. 
Depois que é decretada a falência, a sociedade empresária falida não mais possui 
personalidade jurídica e não poderá postular, em nome próprio, direitos da massa falida, nem 
mesmo em caráter extraordinário. Diz-se que ela sofre uma capitis diminutio (diminuição de 
sua capacidade) referente aos direitos patrimoniais envolvidos na falência, sendo afastada da 
administração dos seus bens. Sendo assim, num processo em que se discuta, por exemplo, a 
 
Informativo 558-STJ (19/03 a 06/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 15 
venda desses bens, o falido apenas poderia acompanhá-lo como assistente. Ele não poderia, 
portanto, tomar a iniciativa das ações com relação a bens da massa. 
No entanto, no caso em que se pretenda rescindir decisão que decreta falência, a situação é 
diferente. Nesse caso, nem a massa nem os credores têm interesse na desconstituição da 
decretação de falência. Realmente, o falido é o único interessado. Por isso, se a legitimidade 
deste para propor a rescisão do decreto falimentar fosse retirada, ele ficaria eternamente 
falido, ainda que injustamente, ainda que contrariamente à ordem legal. 
Desse modo, o STJ entende que o falido mantém a legitimidade para a propositura de ações 
pessoais, podendo, inclusive, ajuizar ação rescisória para tentar reverter o decreto falimentar. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.126.521-MT, Rel. originário Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. para acórdão 
Min. João Otávio de Noronha, julgado em 17/3/2015 (Info 558). 
 
Depois que é decretada a falência, o falido poderá propor ações judiciais tratando sobre os bens da 
massa falida? 
NÃO. Depois que é decretada a falência, a sociedade empresária falida não mais possui personalidade 
jurídica e não poderá postular, em nome próprio, direitos da massa falida, nem mesmo em caráter 
extraordinário. 
Os direitos e créditos que pertencem à sociedade empresária falida passam a ser de interesse da massa 
falida e somente podem ser requeridos judicialmente pelo síndico (administrador da massa falida). 
A sociedade empresária falida tem o direito de fiscalizar a administração da massa falida, mas isso não 
significa que possa ajuizar ações no lugar da massa falida. O máximo que a sociedade empresária podefazer é intervir como assistente nas ações em que a massa falida esteja presente. 
 
A falência de um empresário ou sociedade empresária é decretada por meio de uma sentença, após 
processo judicial. Depois de transitada em julgado, é possível a propositura de ação rescisória para 
desconstituir a sentença que decretou a falência? Esta ação poderá ser proposta pelo falido? 
SIM. O falido tem capacidade para propor ação rescisória para desconstituir a sentença transitada em 
julgado que decretou a sua falência. 
Como vimos na resposta anterior, com a decretação da falência, o falido realmente sofre uma capitis 
diminutio (diminuição de sua capacidade) referente aos direitos patrimoniais envolvidos na falência, sendo 
afastado da administração dos seus bens. Sendo assim, num processo em que se discuta, por exemplo, a 
venda desses bens, o falido apenas poderia acompanhá-lo como assistente. Ele não poderia, portanto, 
tomar a iniciativa das ações com relação a bens da massa. 
Entretanto, no caso em que se pretenda rescindir decisão que decreta falência, a situação é diferente. 
Nesse caso, nem a massa nem os credores têm interesse na desconstituição da decretação de falência. 
Realmente, o falido é o único interessado. Por isso, se a legitimidade deste para propor a rescisão do 
decreto falimentar fosse retirada, ele ficaria eternamente falido, ainda que injustamente, ainda que 
contrariamente à ordem legal. 
Com efeito, a decisão que decreta a falência, conquanto acarrete ao falido uma capitis diminutio 
(diminuição da capacidade) em relação aos seus bens, não o torna incapaz, de sorte que ele mantém a 
legitimidade para a propositura de ações pessoais. Ora, dizer que o falido não pode propor ação rescisória 
contra o decreto falencial é dar uma extensão que a lei não deu. Desse modo, ele tem todos os poderes 
processuais e todos os poderes como sujeito de direito para tentar reverter o referido decreto falimentar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Informativo 558-STJ (19/03 a 06/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 16 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
PROCESSO COLETIVO 
Aplicabilidade do art. 18 da LACP para ação civil pública movida por sindicato 
 
O art. 18 da Lei 7.347/85 prevê que o autor da ACP, antes de ajuizar a ação, não terá que 
adiantar custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem será 
condenado em honorários advocatícios, custas e despesas processuais, salvo comprovada má-fé. 
O STJ decidiu que esse art. 18 da Lei 7.347/85 é aplicável também para a ação civil pública movida 
por SINDICATO na defesa de direitos individuais homogêneos da categoria que representa. 
STJ. Corte Especial. EREsp 1.322.166-PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 4/3/2015 
(Info 558). 
 
Se o Ministério Público, a Defensoria Pública, uma associação ou qualquer outro legitimado for ajuizar 
uma ação civil pública, antes de propô-la, esse autor precisará recolher custas processuais? 
NÃO. Com o objetivo de facilitar a propositura de ações coletivas, o legislador isentou o autor da ACP de 
adiantar as custas processuais afirmando ainda que não haverá condenação em honorários advocatícios, 
custas e despesas processuais. Isso está previsto tanto no art. 18 da Lei n. 7.347/85 como no art. 87 do 
CDC. Veja: 
Art. 18. Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários 
periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo comprovada má-fé, 
em honorários de advogado, custas e despesas processuais. 
 
Art. 87. Nas ações coletivas de que trata este Código não haverá adiantamento de custas, emolumentos, 
honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo 
comprovada má-fé, em honorário de advogados, custas e despesas processuais. 
 
E se o autor for um sindicato? Se um sindicato ajuizar ACP na defesa de direitos individuais homogêneos 
da categoria que representa, ele poderá também se valer do art. 18 da Lei n. 7.347/85? 
SIM. O art. 18 da Lei n. 7.347/1985 é aplicável à ação civil pública movida por sindicato na defesa de 
direitos individuais homogêneos da categoria que representa. 
O STJ entende que é cabível o ajuizamento de ação civil pública em defesa de direitos individuais 
homogêneos não apenas relacionados com matérias de direito do consumidor, mas também em relação a 
outros direitos. Assim, deve ser reconhecida a legitimidade do sindicato para ACP em defesa de interesses 
individuais homogêneos da categoria que representa. Sendo permitido o ajuizamento de ACP, não há 
porque não aplicar em favor do sindicato autor o art. 18 da Lei n. 7.347/85, com a isenção de custas. 
 
 
 
AÇÃO MONITÓRIA 
Inexigibilidade de recolhimento de custas em embargos à monitória 
 
Ação monitória é um procedimento especial, previsto no CPC, por meio do qual o credor exige 
do devedor o pagamento de soma em dinheiro, a entrega de coisa fungível ou a entrega de 
determinado bem móvel com base em prova escrita que não tem eficácia de título executivo. 
Obs: com o CPC de 2015, a ação monitória poderá ser utilizada para exigir a entrega de coisas 
infungíveis e também para exigir a entrega de bens imóveis, situações que não eram abarcadas 
pelo antigo Código. Além disso, o CPC 2015 prevê que a ação monitória serve também para 
exigir que o réu cumpra obrigação de fazer ou não fazer sobre a qual ele está inadimplente. 
 
Informativo 558-STJ (19/03 a 06/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 17 
O réu citado poderá defender-se das alegações do autor. A defesa na ação monitória é 
denominada de “embargos à ação monitória”. Os embargos à ação monitória são classificados 
como uma forma de defesa, sendo semelhante à contestação. 
Para que o réu apresente embargos monitórios, ele precisa pagar previamente as custas? 
NÃO. Não se exige o recolhimento de custas iniciais para oferecer embargos à ação monitória. 
Isso porque os embargos à monitória têm natureza jurídica de defesa. Vimos acima que é como 
se fosse uma contestação e o réu não precisa recolher custas para apresentar contestação. Isso 
vale tanto para o CPC 1973 como para o novo CPC. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.265.509-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 19/3/2015 (Info 558). 
 
AÇÃO MONITÓRIA 
Ação monitória é um procedimento especial, previsto no CPC, por meio do qual o credor exige do devedor 
o pagamento de soma em dinheiro ou a entrega de coisa com base em prova escrita que não tenha 
eficácia de título executivo. 
Ex1: ação monitória para cobrança de cheque prescrito. 
Ex2: ação monitória para cobrança de valores baseados em contrato bancário de abertura de conta-
corrente. 
O cheque prescrito e o contrato bancário de abertura de conta são provas escritas do débito, mas que não 
se constituem em título executivo. 
Se o credor tem título executivo, pode ingressar desde logo com a execução. 
Se o credor não tem nenhuma prova documental, só lhe resta a ação de cobrança. 
Se o credor tem prova escrita que não goza de eficácia de título executivo: cabe ação monitória. 
 
Novidades do CPC 2015 
Com o CPC de 2015, a ação monitória poderá ser utilizada para exigir a entrega de coisas infungíveis e 
também para exigir a entrega de bens imóveis, situações que não eram abarcadas pelo antigo Código. 
Além disso, o CPC 2015 prevê que a ação monitória serve também para exigir que o réu cumpra obrigação 
de fazer ou não fazer sobre a qual ele está inadimplente. 
 
CPC 1973 CPC 2015 
 
A ação monitória poderia ser utilizada para que o 
autor exigisse do devedor (art. 1.102-A): 
 o pagamento de soma em dinheiro; 
 a entrega de coisa fungível; ou 
 a entrega de determinado bem móvel. 
 
 
A ação monitória poderá ser utilizada para que o 
autor exija do devedor (art. 700): 
 o pagamento de quantia emdinheiro; 
 a entrega de coisa fungível ou infungível ou de 
bem móvel ou imóvel; 
 o adimplemento de obrigação de fazer ou de 
não fazer. 
 
 
PROCEDIMENTO 
Obs: abaixo irei explicar o assunto conforme o CPC 2015. Assim, se entender que não é necessário estudar 
este ano, basta ler a parte em amarelo no topo do julgado e guardar o material para o ano que vem. 
1. PETIÇÃO INICIAL 
Nesta exordial, o autor pede que o réu pague a quantia, entregue a coisa ou cumpra o comportamento 
exigido (fazer ou deixar de fazer algo combinado). 
A petição deve ser instruída com prova escrita sem eficácia de título executivo. 
 
 
 
Informativo 558-STJ (19/03 a 06/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 18 
O CPC 1973 não trazia os requisitos da petição inicial da ação monitória. 
 
O CPC 2015, por outro lado, afirma que, na petição inicial, o autor deverá explicitar, conforme o caso: 
I - a importância devida, instruindo-a com memória de cálculo; 
II - o valor atual da coisa reclamada; 
III - o conteúdo patrimonial em discussão ou o proveito econômico perseguido. 
 
O valor da causa deverá corresponder à importância prevista nesses incisos I a III acima listados. 
Caso a petição inicial não preencha esses requisitos, ela deverá ser indeferida. 
A prova escrita pode consistir em prova oral documentada, produzida antecipadamente. 
 
A súmula 339-STJ dispõe o seguinte: É cabível ação monitória contra a Fazenda Pública. 
O teor da súmula passou a constar expressamente no § 6º do art. 700 do CPC 2015: 
“§ 6º É admissível ação monitória em face da Fazenda Pública.” 
 
 
2. JUIZ PODERÁ ADOTAR UMA DAS SEGUINTES CONDUTAS: 
a) Emendar; 
b) Receber como procedimento ordinário; 
c) Indeferir a PI; 
d) Aceitar a monitória: reconhece evidente o direito do autor e manda expedir um mandado monitório 
para que o réu pague a dívida, entregue a coisa ou execute a obrigação combinada no prazo de 15 dias. 
 
CPC/2015. Art. 701. Sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a expedição de mandado de 
pagamento, de entrega de coisa ou para execução de obrigação de fazer ou de não fazer, concedendo ao 
réu prazo de 15 (quinze) dias para o cumprimento e o pagamento de honorários advocatícios de cinco por 
cento do valor atribuído à causa. 
 
 
3. CITAÇÃO DO RÉU: 
Admite-se citação por qualquer dos meios permitidos para o procedimento comum (§ 7º do art. 700 do 
CPC 2015). 
Súmula 282-STJ: Cabe a citação por edital em ação monitória. 
 
4. POSTURAS DO RÉU: 
O réu citado poderá assumir uma das seguintes posturas: 
 
a) Cumprir a obrigação. 
Se o réu cumprir o mandado monitório, ele recebe alguma espécie de benefício? 
 
CPC 1973 CPC 2015 
 
O réu que cumprisse o mandado ficava isento do 
pagamento das custas processuais e dos 
honorários advocatícios. 
 
 
O réu que cumprir o mandado no prazo ficará 
isento do pagamento apenas das custas 
processuais (continuará tendo que pagar os 
honorários de 5% sobre o valor da causa). 
 
 
 
 
 
Informativo 558-STJ (19/03 a 06/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 19 
b) Não pagar nem se defender. 
Se o réu não realizar o pagamento nem apresentar os embargos monitórios, haverá a constituição de um título 
executivo judicial contra ele, independentemente de qualquer formalidade (§ 2º do art. 701 do CPC 2015). 
Sendo ré a Fazenda Pública e ela não apresentar os embargos monitórios, deverá haver remessa 
necessária, observando-se, a seguir, no que couber, as regras do cumprimento de sentença. 
 
c) Defender-se. 
A defesa na ação monitória é denominada de “embargos à ação monitória”. 
 
CPC 2015. Art. 702. Independentemente de prévia segurança do juízo, o réu poderá opor, nos próprios 
autos, no prazo previsto no art. 701, embargos à ação monitória. 
 
Qual é a natureza jurídica dos embargos à ação monitória? 
Os embargos monitórios são classificados como uma forma de defesa, sendo semelhantes à contestação. 
 
Para que o réu apresente embargos monitórios, ele precisa pagar previamente as custas? 
NÃO. Não se exige o recolhimento de custas iniciais para oferecer embargos à ação monitória. Isso porque 
os embargos à monitória têm natureza jurídica de defesa. Vimos acima que é como se fosse uma 
contestação e o réu não precisa recolher custas para apresentar contestação. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.265.509-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 19/3/2015 (Info 558). 
 
Quais as matérias que podem ser alegadas nesses embargos? 
Os embargos podem se fundar em qualquer matéria que poderia ser alegada como defesa no 
procedimento comum (§ 1º do art. 702). 
 
Se os embargos forem parciais, isto é, não falarem sobre parte do que o autor pede 
Neste caso, os embargos poderão ser autuados em apartado e, quanto à parte que não foi atacada nos 
embargos, o juiz poderá constituir, desde logo, título executivo judicial. Confira: 
§ 7º A critério do juiz, os embargos serão autuados em apartado, se parciais, constituindo-se de pleno 
direito o título executivo judicial em relação à parcela incontroversa. 
 
Se o réu alega que o autor está pedindo um valor superior ao que é devido 
Quando o réu alegar que o autor pleiteia quantia superior à devida, ele já tem que declarar de imediato na 
petição dos embargos o valor que entende correto, apresentando demonstrativo discriminado e 
atualizado da dívida (§ 2º do art. 702). 
Se ele não apontar o valor correto ou não apresentar o demonstrativo, os embargos serão liminarmente 
rejeitados, se esse for o seu único fundamento. 
Se houver outro fundamento (além do argumento de que o valor está acima do devido), os embargos 
serão processados, mas o juiz deixará de examinar a alegação de excesso. 
 
Apresentando os embargos, haverá formação do título executivo? 
Por enquanto não. Pelo menos até a sentença de 1º grau. Isso porque o § 4º do art. 702 prevê o seguinte: 
§ 4º A oposição dos embargos suspende a eficácia da decisão referida no caput do art. 701 até o 
julgamento em primeiro grau. 
 
O autor da monitória (embargado) irá ter a oportunidade de se manifestar sobre o conteúdo dos 
embargos à ação monitória? 
SIM. O autor será intimado para responder aos embargos no prazo de 15 dias. 
 
 
 
Informativo 558-STJ (19/03 a 06/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 20 
Além de apresentar os embargos, o réu poderá oferecer reconvenção? 
SIM. Na ação monitória admite-se a reconvenção. 
É vedado, no entanto, o oferecimento de reconvenção à reconvenção, ou seja, se o réu da ação monitória 
apresentar reconvenção, o autor/reconvindo não poderá apresentar uma outra reconvenção. 
 
5. JUIZ DEPOIS QUE RECEBE OS EMBARGOS: 
 Se o juiz REJEITAR os embargos, haverá a formação de título executivo judicial contra o réu, 
prosseguindo-se o processo como cumprimento de sentença, no que for cabível. 
 
 Se o juiz ACOLHER os embargos, a ação monitória é julgada improcedente, demonstrando que o réu 
nada deve, não tem que cumprir nenhuma obrigação para com o autor. 
 
6. MÁ-FÉ DAS PARTES: 
 O juiz pode condenar o autor de ação monitória proposta indevidamente e de má-fé ao pagamento, 
em favor do réu, de multa de até 10% sobre o valor da causa. 
 De igual forma, o juiz poderá condenar o réu que de má-fé opuser embargos à ação monitória ao 
pagamento de multa de até 10% sobre o valor atribuído à causa, em favor do autor. 
 
7. RECURSO: 
O recurso cabível contra a sentença que acolhe ou rejeita os embargos é a APELAÇÃO. 
 
 
 
AÇÃO DE EXIGIR CONTAS 
Não cabimento em caso de contratos de mútuo e financiamento 
 
Nos contratos de mútuo e financiamento, o devedor não possui interesse de agir para a ação de 
prestação de contas. 
O entendimento acima exposto continua válido com o CPC 2015, mas devem ser feitas duas 
observações: 
1) O nome da ação passou a ser “ação de exigircontas”; 
2) O CPC 2015 não mais fala em “condição da ação”. Essa categoria foi abolida. O interesse de 
agir, que era uma condição da ação, continua sendo examinado, mas agora tem natureza 
jurídica de requisito de admissibilidade do processo. Trata-se de um pressuposto de validade 
objetivo extrínseco. 
STJ. 2ª Seção. REsp 1.293.558-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 11/3/2015 (Info 558). 
 
Ação de prestação de contas (ação de exigir contas) 
No CPC 1973, há a previsão de um procedimento especial chamado de “ação de prestação de contas”. Ele 
está disciplinado nos arts. 914 a 919. 
 
Sobre o tema, o que muda com o CPC 2015? 
1) O nome “ação de prestação de contas” foi alterado para “ação de exigir contas” (art. 550). 
 
2) Foi modificada a finalidade da ação e a pessoa legitimada para propô-la: 
 
 
 
 
 
Informativo 558-STJ (19/03 a 06/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 21 
CPC 1973 CPC 2015 
 
A ação de prestação de contas pode ser proposta 
por dois legitimados: 
 
a) pela pessoa que tenha o direito de exigir a 
prestação de contas. Ex: os sócios que não 
participam da administração de uma 
sociedade podem exigir a prestação de contas 
do sócio gerente. 
 
b) pela pessoa que tenha a obrigação de prestar 
as contas. Ex: o sócio gerente pode ajuizar 
ação de prestação de contas em face dos 
demais sócios para, em juízo, demonstrar 
como foram utilizados os recursos. 
 
 
A ação somente pode ser proposta na situação 
“a”, ou seja, pela pessoa que tem o direito de 
exigir a prestação de contas. 
 
Não há mais duplicidade na legitimação, sendo 
legitimado ativo apenas o sujeito que tem o 
direito de receber as contas e legitimado passivo o 
sujeito que tem o dever de prestá-las (NEVES, 
Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito 
Processual Civil. São Paulo: Método, 2014). 
 
 
 
3) Haverá a ampliação do prazo para resposta do réu: 
 
CPC 1973 CPC 2015 
 
Depois de citado, o réu tem o prazo de 5 dias para 
apresentar a prestação de contas exigida pelo 
autor ou contestar a ação. 
 
 
Depois de citado, o réu tem o prazo de 15 dias 
para apresentar a prestação de contas exigida pelo 
autor ou oferecer contestação. 
 
 
 
4) O CPC 2015 traz regras mais detalhadas sobre o procedimento a ser seguido. 
 
 
Administração de valores: 
Tanto no CPC 1973 como no CPC 2015, para que seja cabível a ação de prestação de contas (ação de exigir 
contas), é necessário que determinada pessoa tenha autorizado que outra recebesse certos recursos e 
aplicasse esse dinheiro em finalidades próprias. 
Essa obrigação de prestar contas pode ser derivada de um contrato ou da própria lei. 
Exemplos decorrentes de contrato: mandato, representação mercantil etc. 
Exemplos decorrentes da lei: gestão de negócios, tutela, curatela etc. 
 
Ação de prestação de contas (ação de exigir contas) proposta por correntista contra o banco: 
Um dos exemplos comuns de ação de prestação de contas (ação de exigir contas) é aquela proposta pelo 
correntista em face do banco. Foi editada, inclusive, uma súmula para reconhecer essa possibilidade: 
Súmula 259-STJ: A ação de prestação de contas pode ser proposta pelo titular de conta-corrente bancária. 
 
Obs: a súmula continua válida com o CPC 2015, mas a redação da súmula deverá ser atualizada com o 
novo nome do procedimento (ação de exigir contas). 
 
 
 
 
 
Informativo 558-STJ (19/03 a 06/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 22 
Desse modo, “A”, analisando seu saldo da conta bancária, desconfia que houve saques indevidos 
realizados pela instituição financeira. “A” poderá ajuizar ação de exigir contas contra o banco, visando a 
obter esclarecimentos acerca da cobrança de taxas, tarifas e/ou encargos em sua conta? 
SIM, devendo o banco, após ser citado, apresentar tais contas no prazo de 15 dias (art. 550 do CPC 2015). 
As contas deverão ser apresentadas na forma adequada, especificando-se as receitas, a aplicação das 
despesas e os investimentos, se houver (art. 551 do CPC 2015). 
Prestadas as contas, o correntista, também no prazo de 15 dias, irá dizer se concorda ou não com os 
valores apresentados. 
Havendo impugnação específica e fundamentada pelo autor, o juiz estabelecerá prazo razoável para que o réu 
apresente os documentos justificativos dos lançamentos individualmente impugnados (§ 1º do art. 551). 
 
Vamos imaginar agora uma situação um pouco diferente também envolvendo banco e correntista: 
João celebrou contrato de mútuo (“empréstimo de dinheiro”) com o Banco “XX”. 
O mutuário (devedor) desconfia que o banco cobrou encargos excessivos e critérios abusivos no cálculo 
das prestações de seu contrato. 
 
É possível que João ajuíze ação de prestação de contas (ação de exigir contas) contra o banco? O 
mutuário pode ajuizar ação de exigir contas do banco? 
NÃO. O STJ decidiu que nos contratos de mútuo e financiamento, o devedor não possui interesse de agir 
para a ação de prestação de contas. 
A ação de prestação de contas (ação de exigir contas) tem por finalidade, essencialmente, dirimir 
incertezas surgidas a partir da administração de bens, negócios e interesses alheios, cabendo ao gestor a 
apresentação minuciosa de todas as receitas e despesas envolvidas na relação jurídica e, ao final, a 
exibição do saldo, que tanto pode ser credor quanto devedor. 
A ação fundamenta-se exclusivamente na existência ou não do direito de exigir essas contas, sem que seja 
necessário que se invoque alguma desconfiança sobre o trabalho exercido pelo administrador ou algum 
saldo supostamente existente em razão da atuação deste. 
Assim, na ação de prestação de contas (ação de exigir contas), é fundamental a existência, entre autor e 
réu, de relação jurídica de direito material em que um deles administre bens, direitos ou interesses 
alheios. Sem essa relação, inexiste o dever de prestar contas 
No contrato de mútuo bancário, a obrigação do mutuante (no caso, o banco) cessa com a entrega da coisa 
(na hipótese, o dinheiro). Nesse contexto, não há obrigação da instituição financeira em prestar contas, 
porquanto a relação estabelecida com o mutuário não é de administração ou gestão de bens alheios, 
sendo apenas um empréstimo. 
Conclui-se, então, pela inexistência de interesse de agir do cliente/mutuário para propor ação de 
prestação de contas, haja vista que o mutuante/instituição financeira exime-se de compromissos com a 
entrega da coisa. 
 
Contrato de conta-corrente X contrato de mútuo bancário 
Importante ressaltar que a situação analisada é diversa da regulada na Súmula 259 do STJ. 
 Aqui, estamos falando de uma pessoa que fez contrato de mútuo (“empréstimo”) com o banco: não 
cabe ação de prestação de contas (ação de exigir contas). As partes assinam o contrato e o mutuário 
recebe o dinheiro para usar como quiser. 
 A súmula 259 do STJ trata da pessoa que mantém um contrato de conta-corrente com o banco por 
meio do qual a instituição financeira fica na posse do dinheiro do cliente e irá administrá-lo: nesse 
caso, cabe ação de prestação de contas (ação de exigir contas). 
 
Recurso repetitivo: 
A questão foi julgada segundo a sistemática do recurso repetitivo, tendo sido firmada a seguinte tese: 
“Nos contratos de mútuo e financiamento, o devedor não possui interesse de agir para a ação de 
prestação de contas.” 
 
Informativo 558-STJ (19/03 a 06/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 23 
 
Novo CPC 
O entendimento acima exposto continua válido com o CPC 2015, mas devem ser feitas duas observações: 
1) O nome da ação passou a ser “ação de exigir contas”; 
2) O CPC 2015 não mais fala em “condição da ação”. Essa categoria foi abolida. O interesse de agir, que era 
uma condição da ação, continua sendo examinado, mas agora tem natureza jurídica de requisito de 
admissibilidadedo processo. Trata-se de um pressuposto de validade objetivo extrínseco. 
 
 
 
DIREITO PENAL 
 
PENA DE MULTA 
Execução da pena de multa não paga 
 
Súmula 521-STJ: A legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento 
imposta em sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública. 
STJ. 3ª Seção. Aprovada em 25/03/2015, DJe 6/4/2015. 
 
SANÇÃO PENAL 
Sanção penal é a resposta dada pelo Estado à pessoa que praticou uma infração penal. 
Existem duas espécies de sanção penal: 
1) Pena. 
2) Medida de segurança. 
 
Veja abaixo o esquema que mostra as espécies de sanção penal e suas subespécies: 
 
 
 1.1 Privativas de liberdade 
 1) PENAS 1.2 Restritivas de direito 
 1.3 Multa 
SANÇÃO PENAL 
 2.1 Detentiva 
 2) MEDIDAS DE 
SEGURANÇA 
 
 2.2 Restritiva 
 
 
MULTA 
Conceito 
Multa é uma espécie de pena, por meio da qual o condenado fica obrigado a pagar uma quantia em 
dinheiro que será revertida em favor do Fundo Penitenciário. 
 
Pagamento da multa 
A pena de multa é fixada na própria sentença condenatória. 
Depois que a sentença transitar em julgado, o condenado terá um prazo máximo de 10 dias para pagar a 
multa imposta (art. 50 do CP). 
O Código prevê a possibilidade de o condenado requerer o parcelamento da multa em prestações 
mensais, iguais e sucessivas, podendo o juiz autorizar, desde que as circunstâncias justifiquem (ex: réu 
muito pobre, multa elevadíssima etc.). 
 
Informativo 558-STJ (19/03 a 06/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 24 
O parcelamento deverá ser feito antes de esgotado o prazo de 10 dias. 
O Juiz, antes de decidir, poderá determinar diligências para verificar a real situação econômica do 
condenado e, ouvido o Ministério Público, fixará o número de prestações (art. 169, § 1º da LEP). 
Se o condenado for impontual ou se melhorar de situação econômica, o Juiz, de ofício ou a requerimento 
do Ministério Público, poderá revogar o benefício (art. 169, § 2º da LEP). 
 
O que acontece caso o condenado não pague nem parcele a multa no prazo de 10 dias? 
 Antes da Lei n. 9.268/96: se o condenado, deliberadamente, deixasse de pagar a pena de multa, ela 
deveria ser convertida em pena de detenção. Em outras palavras, a multa era transformada em pena 
privativa de liberdade. 
 Atualmente: a Lei n. 9.268/96 alterou o art. 51 do CP e previu que, se a multa não for paga, ela será 
considerada dívida de valor e deverá ser cobrada do condenado pela Fazenda Pública por meio de 
execução fiscal. 
 
Importante, no entanto, esclarecer que, mesmo com essa mudança feita pela Lei n. 9.268/96, a multa 
continua tendo caráter de sanção criminal, ou seja, permanece sendo uma pena. O que essa Lei fez foi 
mudar a consequência do não pagamento da multa e a sua forma de cobrança: antes, a multa não paga 
virava pena de detenção; agora, ela deve ser cobrada por meio de execução fiscal. 
 
Quem executa a pena de multa? 
A pena de multa é executada pela Fazenda Pública por meio de execução fiscal que tramita na vara de 
execuções fiscais. O rito a ser aplicado é o da Lei n. 6.830/80. Não se aplica a Lei n. 7.210/84 (LEP). A 
execução da pena de multa ocorre como se estivesse sendo cobrada uma multa tributária. 
 
Exemplo: João foi sentenciado por roubo e o juiz de direito (Justiça Estadual) o condenou a 4 anos de 
reclusão e mais 10 dias-multa no valor de meio salário mínimo cada. Depois do trânsito em julgado, o 
condenado foi intimado para pagar a pena de multa no prazo de 10 dias, mas não o fez. Diante disso, o 
escrivão da vara irá fazer uma certidão na qual constarão as informações sobre a condenação e o valor da 
multa e o magistrado a remeterá para a Procuradoria Geral do Estado. Um dos Procuradores do Estado irá 
ajuizar, em nome do Estado, uma execução fiscal que tramitará na vara de execuções fiscais (não é na vara 
de execuções penais). 
 
Obs: se João tivesse sido condenado pela Justiça Federal, quem iria ingressar com a execução seria a 
União, por intermédio da Procuradoria da Fazenda Nacional (PFN). 
 
O Ministério Público pode executar a pena de multa? 
NÃO. A legitimidade para executar a pena de multa é da Fazenda Pública (União ou Estado-membro), a 
depender da “Justiça” que condenou o réu e esta execução só pode ser proposta por meio da 
Procuradoria jurídica da Fazenda Pública (PFN ou PGE). 
A Lei n. 9.268⁄96, ao alterar a redação do art. 51 do CP, afastou a titularidade do Ministério Público para 
cobrar a pena de multa. 
Assim, a legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta em sentença 
condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública (Súmula 521-STJ). 
 
 
 
 
 
 
 
 
Informativo 558-STJ (19/03 a 06/04/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 25 
PENA DE MULTA 
Legitimidade do MP para promover medida que garanta o pagamento de multa penal 
 
O Ministério Público tem legitimidade para promover medida assecuratória que vise à 
garantia do pagamento de multa imposta por sentença penal condenatória. 
É certo que, com a edição da Lei 9.268/1996, que deu nova redação ao art. 51 do CP, a 
legitimidade para a cobrança da pena de multa passou a ser da Fazenda Pública. No entanto, a 
pena de multa continua tendo natureza jurídica de sanção penal e, no caso em tela, não se está 
discutindo a legitimidade do MP para cobrança de pena de multa, mas sim para promover 
medida assecuratória, providência que está assegurada pelo art. 142 do CPP e pela própria 
CF/88, quando esta prevê que o MP é titular da ação penal. 
Enquanto não há trânsito em julgado da condenação, a Fazenda Pública não pode tomar 
qualquer providência relacionada com a cobrança da pena de multa. Assim, se não fosse 
permitido que o MP atuasse nesse caso, ninguém mais teria legitimidade para essas medidas 
acautelatórias, já que a atuação da Fazenda Pública na execução da multa penal só ocorre 
muito mais tarde, após o trânsito em julgado. 
STJ. 6ª Turma. REsp 1.275.834-PR, Rel. Min. Ericson Maranho (Desembargador convocado do TJ-SP), 
julgado em 17/3/2015 (Info 558) 
 
Execução da multa não paga 
Súmula 521-STJ: A legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta em 
sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública. 
 
Não se deve confundir legitimidade para executar a pena de multa com legitimidade para medidas 
processuais destinadas a garantir o pagamento da multa 
O Ministério Público não possui legitimidade para executar a pena de multa (Súmula 521-STJ). No entanto, 
ele possui legitimidade para, antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, propor 
medidas acautelatórias destinadas a garantir o pagamento da multa. 
 
Exemplo concreto: 
O réu foi condenado por crimes contra o sistema financeiro nacional e recorreu contra a sentença. 
O Ministério Público, por seu turno, apresentou incidente de “Arresto Prévio de Bens Móveis e 
Indisponibilidade de Ativos Financeiros” contra o réu pedindo, em suma, que os bens a ele pertencentes 
fossem retidos para, no futuro, caso a condenação fosse mantida, servissem para pagamento da multa 
penal e das custas. O juiz deferiu o pedido. 
O réu recorreu alegando que, como o MP não tem legitimidade para executar a pena de multa, 
consequentemente ele também não teria legitimidade para propor o arresto cautelar de bens que serão 
destinados ao pagamento da multa. 
 
O que o STJ decidiu? O MP tem legitimidade para o pedido formulado? 
SIM. O Ministério Público tem legitimidade para promover medida assecuratória que vise à garantia do 
pagamento de multa imposta por sentença penal condenatória. 
É certo que, com a edição da Lei n. 9.268/1996, que deu nova redação ao art. 51 do CP, a legitimidade 
para a cobrança da pena de multa passou a ser da Fazenda Pública. No

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