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A IMPORTÂNCIA DA LIBRAS COMO CANAL DE COMUNICAÇÃO E INCLUSÃO DAS PESSOAS SURDAS, DESTACANDO A ABORDAGEM BILÍNGUE PARA A EDUCAÇÃO DOS SURDOS
Criada para promover a inclusão social de deficientes auditivos, a LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais – é uma forma de linguagem natural. Como qualquer outra, ela apresenta uma estrutura gramatical própria, com seus aspectos semânticos, sintáticos, morfológicos, etc. O que a diferencia das demais línguas usadas hoje é que, em vez do som, utiliza os gestos como meio de comunicação. Nela, os sinais são marcados por movimentos específicos realizados com as mãos e combinados com expressões faciais e corporais. Hoje um bom número de pessoas com deficiência ainda sofre mais com as atitudes preconceituosas que com suas condições físicas, mentais ou sensoriais. Outra barreira reside nas condições arquitetônicas das cidades, dos prédios residenciais, das escolas, dos shoppings que continuam sendo planejados somente para alguns. A carência de rampas, elevadores, plataformas, sinais luminosos e sonoros, dentre outros, limita o acesso de muitos cidadãos com deficiência. Mas, os surdos nos levam a uma preocupação bem maior pois, as barreiras impostas aos sujeitos surdos são enormes e de grande preocupação. O surdo é um estrangeiro no próprio país, pois faz uso de uma língua que não é a mesma utilizada pela maioria de seus compatriotas: a língua de sinais. O pior é que ainda na atualidade, alguns desconhecem o valor da língua se sinais para os surdos, bem como seu papel no processo de inclusão social.
Os estudos sobre a pessoa surda se voltam basicamente para compreender as perdas auditivas como características do sujeito, portanto, os aspectos fisiológicos da surdez são os únicos contemplados pelos professores que irão atuar junto a este grupo. Assim, tão logo os professores recebem um aluno surdo em sala de aula, as perguntas mais comuns são sobre quanto este aluno ouve e dependendo da resposta, as preocupações seguintes se concentrarão em como se comunicar com ele. Estudiosos da área da surdez concordam que os surdos enfrentam diversas dificuldades ao longo de sua trajetória educacional. Algumas se original de sua limitação auditiva e, consequentemente, sua dificuldade em oralizar-se. Mas, isso não pode ser analisado sem considerar os significados sociais que provoca, nem porque é tão difícil para a família do surdo esta questão. É possível compreender que os surdos não compõem um conjunto homogêneo com características comuns. Pelo contrário, possuem tantas diferenças entre si quanto às existentes entre todos os grupos humanos. Portanto, não é correto pensar numa prática pedagógica que atente para suas diferenças, respondendo a todas as necessidades que os mesmos apresentam.
A partir das contribuições de diferentes campos do saber, hoje se sabe que a linguagem é fundamental na construção de conhecimentos, bem como na constituição do próprio sujeito, além de servir diretamente no processo de comunicação entre as pessoas. As principais contribuições nesta direção são de Vygotsky e de Bakhtin para ambos, a linguagem não seria apenas uma forma de comunicação, mas através dela, as pessoas podem desenvolver o pensamento. A linguagem, para os autores, é, portanto, tudo que envolve significação e está presente no sujeito. Assim, é inquestionável o papel da linguagem nos processos mentais, bem como nos processos sociais. Portanto, a linguagem e a língua não podem ser pensadas separadamente, pois estão indissoluvelmente ligadas. Baseado nisto, ao analisarmos a situação linguística do surdo podemos concluir que se a linguagem não possui apenas a função comunicativa, mas, também de organização do pensamento, assumindo um papel essencial no desenvolvimento cognitivo, emocional e social das pessoas, a situação dos surdos é muito séria.
Na escola, os surdos seguem enfrentando dificuldades semelhantes. A maioria dos professores não conhece a língua de sinais e não se sente responsável por adquirir este aprendizado, delegando à família ou outros profissionais (principalmente, o intérprete de língua de sinais) a responsabilidade pelo ensino do surdo. Este tem sido o principal problema na inclusão educacional do surdo. As razões que dificultam a inclusão do surdo são muitas, mas, nenhuma delas é tão conflitante quanto a indefinição quanto ao papel do intérprete escolar. Primeiro, por que a maioria das escolas não dispõe de intérpretes no seu quadro e porque em diferentes municípios não há pessoal qualificado para assumir tal tarefa; segundo, por que este profissional ainda não dispõe de uma formação específica para atuar nos diferentes espaços sociais e educacionais. De toda forma, é possível admitir que quando a escola desconhece aspectos como estes, acaba negligenciando questões que são fundamentais para a inclusão do surdo. É preciso, portanto, considerar tais elementos para que possa desenvolver uma proposta de trabalho adequada às necessidades dos surdos.
Sem uma formação específica nesta área é praticamente impossível aos professores realizar a inclusão do surdo na sala de aula. Infelizmente, a maioria deles não possui informação e formação específica na área da surdez e não conhecem a língua própria dos surdos – a Língua de Sinais – o que inviabiliza o processo de comunicação e interação entre professor e aluno, surdo e ouvinte. Nesse contexto, fica claro que para atender às necessidades e expectativas dos surdos e contribuir para a formação de sua cidadania, o professor deve estar aberto a mudança, à aprendizagem de uma nova língua. Dessa forma, os educadores se descobrirão como agentes conscientizadores, atuantes na resolução de problemas sociais, preocupados em garantir o respeito às minorias estigmatizadas. Esta é uma forma de ultrapassar as barreiras que, muitas vezes, se colocam entre a instituição de ensino e a sociedade, entre o aluno e o professor. Aprender um pouco do universo do surdo e da Língua Brasileira de Sinais significa despertar o interesse pela inclusão de surdos, utilizando como instrumento fundamental, sua língua.
Desta forma, a discussão sobre a Libras sugere um suporte técnico e científico que habilita o educador a entender o universo linguístico, social e cultural do surdo como ponto de partida para incluí-lo na escola. Tais reflexões nos ajudam a pensar que não pode ser suficiente ver o surdo frequentar os bancos escolares, sem participar das atividades desenvolvidas em sala; olhar a boca do professor sem entender o que ele diz, esperando os movimentos dos colegas para descobrir o que deverá ser feito; reproduzir o que vai ao quadro, sem compreender-lhe o significado. Isto não é inclusão. É preciso que a escola se comprometa com a inclusão plena do surdo, compreendendo que para isto, o respeito à língua de sinais como língua natural e sua inclusão nos currículos é um dos principais movimentos neste sentido.

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