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CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 1 Bom dia, Concluiremos, hoje, os comentários aos exercícios sobre direitos e garantias fundamentais. São muitos os exercícios comentados. São muitas as informações repassadas numa mesma aula. Sou consciente de que o estudo desse assunto é um tanto cansativo. Mas, por favor, siga o meu conselho: não desanime, leia e releia essas aulas sobre direitos fundamentais, pois o assunto é recorrente em qualquer concurso e os enunciados se repetem muito! E não podemos parar por aqui: uma última leitura/revisão na véspera da prova será fundamental para reorganizar na cabeça tantos entendimentos do Supremo Tribunal Federal! Outra vantagem dessa enumeração de exercícios e mais exercícios sobre direitos fundamentais é que você terá, ao final, uma ótima visão sobre quais os dispositivos da Constituição que mais são cobrados e quais aqueles que nunca são cobrados em concursos. Por exemplo: direito de reunião é um dos incisos do art. 5º mais cobrados em concursos públicos (inciso XVI); por outro lado, em mais de dez anos de preparação para concursos, nunca vi uma questão em prova sobre o inciso XXVIII do art. 5º da Constituição! Então é isso, coragem! Confie em mim! Certamente diversos enunciados aqui comentados estarão presentes nos próximos concursos, e será muito triste para você não acertá-los, sabendo que eles estão “guardados”, detalhadamente comentados, na sua casa! Passemos aos comentários. 1) (ESAF/ADVOGADO/IRB RESSEGUROS/2006) Por ser direito personalíssimo, os indivíduos só têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular. Item ERRADO. A Constituição estabelece que todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado (art. 5º, XXXIII). 2) (ESAF/PFN/2006) O direito constitucional de reunião não protege pretensão do indivíduo de não se reunir a outros. Item ERRADO. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 2 O direito de reunião, previsto no inciso XVI do art. 5º da Constituição, protege não só o direito de reunir-se, mas, também, o direito de não querer participar da reunião. Neste ponto, farei algo que eu nunca faço em aula, seja presencial ou on-line, que é transcrever julgado ou opinião doutrinária ou jurisprudencial. Mas é que eu vi, hoje, nas notícias do STF, uma manifestação do Ministro Celso de Mello acerca do alcance do direito de reunião que me pareceu ímpar, de uma simplicidade e clareza imensuráveis. Disse o Ministro Celso de Mello sobre o direito de reunião: “a) O direito de reunião constitui faculdade constitucionalmente assegurada a todos os brasileiros e estrangeiros residentes no País; b) os agentes públicos não podem, sob pena de responsabilidade criminal, intervir, restringir, cercear ou dissolver reunião pacífica, sem armas, convocada para fim lícito; c) o estado tem o dever de assegurar aos indivíduos o livre exercício do direito de reunião, protegendo-os, inclusive, contra aqueles que são contrários à assembléia; d) o exercício do direito de reunião independe e prescinde de licença da autoridade policial; e) a interferência do estado nas reuniões legitimamente convocadas é excepcional, restringindo-se, em casos particularíssimos, a prévia comunicação do ato à autoridade do local da assembléia; f) o direito de reunião, permitindo o protesto, a crítica e a manifestação de idéias e pensamento, constitui instrumento de liberdade dentro do estado moderno”. Veja que eu destaquei, em negrito, a parte que se refere, especificamente, ao aspecto abordado no enunciado da Esaf, que é o fato de esse direito proteger, também, aqueles que não queiram participar da reunião. 3) (ESAF/PFN/2006) A vedação constitucional à pena de caráter perpétuo se circunscreve à esfera das reprimendas penais. Item ERRADO. Segundo a jurisprudência do STF, a vedação à pena de caráter perpétuo (art. 5º, XLVII, b) alcança, também, a esfera administrativa. Significa dizer que não pode ser adotada no Brasil nem pena criminal perpétua, nem penalidade administrativa de caráter perpétuo. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 3 4) (ESAF/TRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2006) Segundo a Constituição Federal de 1988, a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio permanente para sua utilização, bem como proteção às criações industriais e à propriedade das marcas. Item ERRADO. A Constituição estabelece que a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País (art. 5º, XXIX). 5) (ESAF/TRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2006) A proteção da honra, prevista no texto constitucional brasileiro, que se materializa no direito a indenização por danos morais, aplica-se apenas à pessoa física, uma vez que a honra, como conjunto de qualidades que caracterizam a dignidade da pessoa, é qualidade humana. Item ERRADO. A proteção à honra e à imagem, prevista no inciso X do art. 5º da Constituição, aplica-se às pessoas naturais e às pessoas jurídicas. 6) (ESAF/TRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2006) A competência da União para legislar sobre as condições para o exercício de profissões é uma restrição à liberdade de ação profissional. Item CERTO. Estabelece a Constituição que é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer (art. 5º, XIII). Conforme examinado em aula pretérita, trata-se de típica norma constitucional de eficácia contida, que poderá posteriormente ser restringida por lei. Essa competência para legislar sobre as qualificações/condições para o exercício de profissões é privativa da União, por força do art. 22, XVI, da Constituição. 7) (ESAF/TRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2006) Havendo reciprocidade, um português poderia ser oficial das Forças Armadas brasileira. Item ERRADO. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 4 Os cargos de oficial das Forças Armadas são privativos de brasileiro nato (CF, art. 12, § 3º, VI). 8) (ESAF/AFRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2005) Nos termos da Constituição Federal, toda desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, dar-se-á mediante justa e prévia indenização em dinheiro. Item ERRADO. Estabelece a Constituição que a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição (art. 5º, XXIV). Assim, a própria Constituição estabelece hipóteses de desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos (art. 182, § 4º, III), bem assim mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos (art. 184). Vale lembrar, ainda, que a Constituição prevê uma hipótese de expropriação confiscatória, sem nenhum pagamento, na hipótese de glebas de qualquer região do Paísonde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas (art. 243). 9) (ESAF/AFRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2005) Segundo a Constituição Federal, a todos é assegurado o direito de obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal, independentemente do pagamento de taxas, salvo nas hipóteses que a lei o exigir. Item ERRADO. O direito de obtenção de certidão, remédio constitucional de natureza administrativa, é gratuito para todos, não podendo a lei exigir qualquer pagamento para esse fim (art. 5º, XXXIV). 10) (ESAF/AFRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2005) O alistamento eleitoral facultativo não implica obrigatoriedade do voto. Item CERTO. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 5 Determina a Constituição que o alistamento eleitoral e o voto são facultativos para os analfabetos, os maiores de setenta anos e os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos (CF, art. 14, § 1º, II). 11) (ESAF/APO/MPOG/2005) Nos termos da Constituição Federal, não há possibilidade do civilmente identificado ser obrigado a ser submetido à identificação criminal. Item ERRADO. Determina a Constituição que o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei (art. 5º, LVIII). Como se vê, o legislador ordinário pode prever situações em que a identificação criminal será obrigatória. 12) (ESAF/TRT/7ª REGIÃO/JUIZ SUBSTITUTO/2006) Assinale a opção correta. a) A Constituição veda todo tratamento diferenciado entre brasileiros que tome como critério o sexo, a etnia ou a idade dos indivíduos. b) O direito à incolumidade física expressa caso de direito fundamental absoluto. c) A liberdade de expressão garantida pela ordem constitucional diz respeito à atividade de comunicação de fatos verídicos, atuais ou históricos, não alcançando as opiniões em torno deles. d) A publicação da fotografia de alguém, que causa constrangimento e aborrecimento, pode ensejar indenização por danos morais. e) É nulo o processo em que se produz prova ilícita, mesmo que nele haja outras provas, não decorrentes da prova ilícita, que permitam a formação de um juízo de convicção sobre a causa. Resposta: “d” A assertiva “a” está errada porque o princípio constitucional da isonomia não impede a fixação, em lei, de tratamento diferenciado entre brasileiros, levando-se em conta os mais variados critérios (sexo, etnia, idade, altura etc.), desde que haja razoabilidade para a discriminação. A assertiva “b” está errada porque, conforme exaustivamente examinado nesta aula, os direitos e garantias fundamentais não têm natureza absoluta. A assertiva “c” está errada porque a liberdade de expressão alcança, também, as opiniões sobre fatos verídicos, atuais ou históricos. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 6 A assertiva “d” está certa porque a publicação da fotografia de alguém, que causa constrangimento, humilhação ou aborrecimento, pode ensejar indenização por danos morais, por força da inviolabilidade da imagem, prevista no inciso X do art. 5º da Constituição. Aliás, vale lembrar que, segundo a jurisprudência do STF, a publicação não autorizada de fotografia pode ensejar indenização por danos morais, independentemente da comprovação de dano à reputação da vítima. A assertiva “e” está errada porque a mera presença de provas ilícitas nos autos não invalida, necessariamente, o processo, se nele há provas lícitas autônomas (isto é, não derivadas das provas ilícitas). 13) (ESAF/TRT/7ª REGIÃO/JUIZ SUBSTITUTO/2006) Em que caso haverá invasão ilícita de domicílio: a) um agente público, munido de determinação judicial, força a sua entrada, à noite, na casa de um cidadão, para realizar uma busca e apreensão. b) um agente público ingressa na casa de um cidadão, à noite, em seguida a consentimento oral do morador. c) um transeunte, que é médico, força a entrada na casa de um cidadão, depois que vizinhos desse lhe narram que o morador está passando mal e não tem como solicitar socorro por si mesmo. d) um particular, para libertar pessoas seqüestradas, que se encontram cativas em uma residência, nela força a sua entrada, mesmo com a oposição do morador e sem mandado judicial. e) em seguida a uma enchente, que causa destruição e mortes, particulares ingressam, à noite, numa das casas atingidas pela calamidade, em busca de feridos, mesmo sem autorização judicial. Resposta: “a” Determina a Constituição que a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial (art. 5º, XI). Portanto, na hipótese da assertiva “a” a invasão é ilícita, haja vista que, por determinação judicial, a penetração na casa do indivíduo somente poderá se dar durante o dia. Nas demais assertivas, a invasão é lícita. Na hipótese da assertiva “b”, houve consentimento do morador; nas assertivas “c” e “e”, a invasão é para prestar socorro; na assertiva “d”, tem-se situação de flagrante delito. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 7 14) (ESAF/AFC/CGU/2003) Embora qualquer pessoa tenha legitimidade ativa para propor habeas corpus, a seu favor ou de terceiro, independentemente de sua capacidade civil e política, segundo a jurisprudência dos Tribunais, essa legitimidade ativa não se estende ao menor de dezoito anos, em razão dos requisitos essenciais para a validade dos atos judiciais. Item ERRADO. O habeas corpus é ação de legitimação universal, vale dizer, qualquer pessoa pode impetrar habeas corpus, independentemente de capacidade civil ou política. Assim, o menor de idade, o absolutamente incapaz, o indivíduo que está com os seus direitos políticos suspensos etc. poderá impetrar habeas corpus – gratuitamente, e sem necessidade de advogado. 15) (ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo a jurisprudência do STF, havendo mais de um sindicato constituído na mesma base territorial, a sobreposição deve ser resolvida com base no princípio da anterioridade, cabendo a representação da classe trabalhadora à organização que primeiro efetuou o registro sindical. Item CERTO. Ao enumerar os direitos fundamentais sociais, a Constituição estabelece o princípio da unicidade sindical, que proíbe a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município (art. 8º, II). Muito se discutiu sobre o critério para resolver o conflito de representação, no caso da criação indevida de mais de uma entidade sindical na mesma base territorial. Havendo mais de um sindicato, a qual deles caberia a representação? Àquele que tivesse o maior número de sindicalizados? Ou àquele que houvesse obtido o registro sindical perante o órgão competente em primeiro lugar? O STF firmou entendimento de que o conflito será resolvido com base no princípio da anterioridade sindical, isto é, a representação da categoria caberá à entidade que obteve o registro sindical em primeiro lugar, independentemente do número de sindicalizados. 16) (ESAF/AFC/CGU/2003) A decretação de greve por questões salariais, fora da época de dissídio coletivo, não encontra respaldo no direito de greve definido no texto constitucional. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULOWWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 8 Item ERRADO. A Constituição Federal de 1988 não condiciona o exercício do direito de greve do trabalhador à coincidência com o período de dissídio coletivo (o dissídio coletivo é instaurado perante a Justiça do Trabalho quando, durante a data-base da categoria, as partes – sindicato de trabalhadores e sindicato dos empregadores - não conseguem chegar a um acordo nas negociações coletivas). A Constituição apenas assegura o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender (art. 9º). Como se vê, cabe aos trabalhadores decidir sobre o momento de exercer o direito de greve. A Constituição permite o direito de greve nas atividades essenciais, mas, nesse caso, deve a lei dispor sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade (CF, art. 9º, § 1º). O direito de greve do trabalhador não é absoluto, haja vista que os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei (CF, art. 9º, § 2º). Cuidado! O direito de greve do trabalhador (CF, art. 9º) não pode ser confundido com o direito de greve do servidor público civil (CF, art. 37, VII). O direito de greve do trabalhador (art. 9º) é hoje norma constitucional de eficácia plena, devidamente regulamentada pela Lei nº 7.783/1989. Logo, os trabalhadores podem atualmente exercer esse direito. O direito de greve do servidor público civil (art. 37, VII) é norma constitucional de eficácia limitada, dependente de regulamentação por lei ordinária específica. Logo, como até hoje inexiste a lei ordinária específica, os servidores públicos civis não podem exercer o seu direito de greve. 17) (ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo a jurisprudência do STF, não é permitida a regionalização de critérios de concorrência em concursos para acesso a cargos públicos, por ofensa ao princípio da universalidade que informa esse tipo de concurso. Item ERRADO. A controvérsia sobre a regionalização de concurso público foi levada à apreciação do STF por um candidato ao cargo de Auditor-Fiscal da Receita Federal – AFRF, pois os últimos concursos da Receita Federal (desde 1996) foram regionalizados, vale dizer, os candidatos concorreram por Região Fiscal. As vagas são distribuídas por diferentes CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 9 regiões e o candidato opta por uma região, concorrendo exclusivamente às vagas correspondentes à região escolhida. Com a adoção desse critério, é comum o candidato ser reprovado na região de sua escolha, embora tenha obtido pontuação que o aprovaria em diversas outras regiões no mesmo concurso. O candidato pode ser reprovado na região “x” com 246 pontos, enquanto outros candidatos ao mesmo cargo podem ser aprovados em outras regiões com 201 pontos. Essa regionalização sempre foi muito criticada. Primeiro, porque concurso público deve ser informado por critérios objetivos, e com a regionalização passa-se a ter no certame um elemento aleatório, incerto, sujeito ao acaso (que é a sorte – ou o azar – na escolha da região!). Segundo, porque com a regionalização não são aprovados os candidatos de maior pontuação, o que, para muitos, contraria o objetivo maior do certame, que é selecionar os candidatos mais preparados. Terceiro, porque o cargo de Auditor-Fiscal da Receita Federal é nacional e, portanto, logo no primeiro concurso de remoção após o ingresso dos novos servidores, o Auditor já poderá ser removido para as mais diferentes regiões do País (ou seja, na prática, a regionalização só existe no momento do ingresso no cargo!). Mas, discussões à parte, o fato é que o STF considerou a regionalização constitucional, e isso é o que vale para a prova. 18) (ESAF/AFT/2003) Segundo a jurisprudência do STF, a inviolabilidade do sigilo das correspondências, das comunicações telegráficas e dos dados não é absoluta, sendo possível sua interceptação, sempre excepcionalmente, com fundamento em razões de segurança pública, de disciplina prisional ou de preservação da ordem jurídica, quando este direito estiver sendo exercido para acobertar práticas ilícitas. Item CERTO. Vimos que o constitucionalismo moderno não aceita a idéia da existência de direitos e garantias fundamentais de caráter absoluto. Logo, a inviolabilidade das correspondências, por exemplo, não pode ser invocada pelo indivíduo para acobertar uma prática ilícita, criminosa. É comum, diante da prática de certos crimes (crime de seqüestro, por exemplo), a violação das correspondências, em respeito ao direito à vida, ameaçado pela prática delituosa. 19) (ESAF/AFT/2003) Segundo a jurisprudência do STF, a contribuição confederativa, como instrumento essencial para a manutenção do CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 10 sistema de representação sindical, um direito coletivo dos trabalhadores, é compulsória para os integrantes de uma categoria patronal ou laboral, sindicalizados ou não. Item ERRADO. Determina a Constituição que a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei (art. 8º, IV). Veja que esse dispositivo constitucional prevê a existência de duas diferentes contribuições: uma fixada pela assembléia geral (contribuição confederativa) e outra fixada em lei (contribuição sindical). A tabela abaixo apresenta, sucintamente, as diferenças entre essas contribuições: CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL Fixada pela assembléia geral Fixada em lei Não é tributo É tributo Devida somente pelos trabalhadores sindicalizados Devida por todos os trabalhadores, sindicalizados ou não Como se vê, o enunciado está errado porque ele se refere à contribuição confederativa, que só é devida pelos trabalhadores sindicalizados. 20) (ESAF/AFT/2003) Aplicado o princípio da reserva legal a uma determinada matéria constante do texto constitucional, a sua regulamentação só poderá ser feita por meio de lei em sentido formal, não sendo possível discipliná-la por meio de medida provisória ou lei delegada. Item ERRADO. As matérias constitucionais que estão protegidas pelo princípio da reserva legal só podem ser regulamentadas por lei ou por outros atos equivalentes ou superiores à lei. Poderão, então, ser regulamentadas por lei ordinária, por lei complementar, por emenda à Constituição e, ainda, por medida provisória e lei delegada, se não for matéria vedada a estas duas espécies normativas. Na verdade, a maior força do princípio da reserva legal é proibir que as matérias constitucionais por ele protegidas sejam tratadas por atos administrativos infralegais em geral, tais como decreto regulamentar, portarias, instruções normativas e outros. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 11 21) (ESAF/AFC/2000) Segundo entendimento já assentado, os direitos e garantias expressos em normas constantes de tratados internacionais de que o Brasil faz parte têm estatura constitucional. Item ERRADO. Os tratados internacionais em geral, aprovados pelo rito legislativo ordinário (aprovação definitiva pelo Congresso Nacional, por decreto legislativo; promulgação pelo Presidente da República, por decreto), são dotados de estatura ordinária no direito brasileiro, ainda quando tratam de direitos fundamentais. Enfim, o simples fato de o tratado internacional versar sobre direitos fundamentais não o eleva à estatura de norma constitucional.Mesmo tratando de direitos fundamentais, se aprovado pelo rito legislativo ordinário, terá status meramente ordinário (mais precisamente, terá status de lei ordinária federal). Com a promulgação da EC nº 45/2004 (Reforma do Judiciário), passou a ser possível a incorporação de tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos com status equivalente ao das emendas constitucionais. Mas, para isso, os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos deverão ser aprovados em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos seus membros (CF, art. 5º, § 3º). Veja que não basta o tratado internacional versar sobre direitos humanos para adquirir status de norma constitucional. Para a aquisição do status constitucional é preciso que, além de versar sobre direitos humanos, seja ele aprovado pelo rito legislativo especial estabelecido no art. 5º, § 3º, da Constituição Federal (aprovação em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos). Importante destacar que essa possibilidade de outorga de status constitucional não se aplica aos tratados e convenções internacionais em geral celebrados pela República Federativa do Brasil. Aplica-se, exclusivamente, aos tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos. Assim, se o Brasil celebrar, hoje, um tratado ou convenção internacional sobre direitos humanos, poderá ele ser incorporado ao nosso ordenamento com status de norma ordinária ou com status de emenda constitucional, a depender do rito legislativo adotado. Caso ele seja incorporado pelo rito legislativo ordinário (aprovação definitiva pelo Congresso Nacional, por decreto legislativo; promulgação pelo Presidente da República, por decreto), terá status de lei ordinária federal. Se for incorporado pelo rito legislativo especial, previsto no art. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 12 5º, § 3º, da Constituição (aprovação em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos), terá status equivalente ao das emendas constitucionais. Mas, repita-se, essa faculdade de outorga de diferente status só se aplica aos tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos. Os demais tratados e convenções internacionais continuam a ter status meramente ordinário, de lei ordinária federal. 22) (ESAF/AFC/2000) Os direitos e garantias individuais, como regra, têm a sua aplicabilidade dependente de lei que os regulamente. Item ERRADO. Em regra, os direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata, independentemente de regulamentação por lei. Essa regra, prevista no art. 5º, § 1º, da Constituição aplica-se a todos os direitos fundamentais previstos na Constituição, e não somente àqueles enumerados no art. 5º. É verdade que essa regra não é absoluta, isto é, temos alguns direitos fundamentais cuja aplicabilidade depende de lei que os regulamente (art. 7º, XX e XXVII, por exemplo), mas essa não é a regra. A regra, repita-se, é a aplicabilidade imediata, por força do comando do art. 5º, § 1º, da Constituição. 23) (ESAF/AFC/2000) Para o exercício do direito de reunião pacífica, sem armas e em lugar aberto ao público, não se exige prévia autorização da autoridade administrativa, mas se exige que a ela seja dirigido prévio aviso. Item CERTO. O direito de reunião não exige autorização da autoridade competente, mas exige prévio aviso (CF, art. 5º, XVI). Além do prévio aviso à autoridade competente, exige a Constituição que a reunião seja realizada pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, e que não frustre outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local. Uma última orientação sobre o direito de reunião: se houver ilegalidade ou arbitrariedade contra o direito de reunião, o meio idôneo para reparação dessa ilegalidade ou arbitrariedade é o mandado de segurança, e não o habeas corpus. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 13 É impressionante a quantidade de vezes que o direito de reunião é cobrado em concurso! Acho que chega, não é mesmo? Não comentarei mais esse assunto daqui por diante. 24) (ESAF/AFC/2000) Segundo o princípio do juiz natural, não se pode despojar alguém da sua liberdade ou da sua propriedade sem que se lhe assegure o direito ao contraditório. Item ERRADO. O princípio do juiz natural está consagrado em dois incisos do art. 5º da Constituição: não haverá juízo ou tribunal de exceção (inciso XXXVII) e ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente (inciso LIII). O inciso XXXVII veda a criação de juízo ou tribunal de exceção, para o julgamento casuístico de um determinado crime. Seria inconstitucional, por exemplo, a criação, às pressas, de um tribunal para o julgamento de um grave crime de terrorismo que tenha sido cometido no Brasil. O inciso LIII proíbe o julgamento, pelos juízos e tribunais existentes, de matéria que não seja de sua competência. Seria absolutamente nula, por exemplo, uma sentença penal condenatória proferida por um Juiz de Direito (Justiça Estadual) se a competência para a apreciação da matéria pertence à Justiça Federal. A assertiva está errada porque não se refere ao princípio do juízo natural, mas sim ao princípio do contraditório e ampla defesa (art. 5º, LV), que é um dos requisitos do princípio do devido processo legal (art. 5º, LIV). 25) (ESAF/AFC/2000) O exercício do direito de criar associação depende de autorização da autoridade pública competente, nos termos da lei. Item ERRADO. A criação de associações independe de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento (art. 5º, XVIII). 26) (ESAF/AFC/STN/2000) De acordo com o direito brasileiro, as normas de tratados internacionais de que o Brasil faz parte têm prevalência sobre as leis e as emendas à Constituição. Item ERRADO. Os tratados internacionais em geral, quando aprovados pelo rito legislativo ordinário (aprovação definitiva pelo Congresso Nacional, por decreto legislativo; promulgação pelo Presidente da República, por CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 14 decreto), têm paridade normativa com as leis, vale dizer, situam-se no mesmo nível hierárquico das leis. Os tratados internacionais sobre direitos humanos, quando aprovados pelo rito legislativo especial, previsto no art. 5º, § 3º, da Constituição (aprovação em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros), serão equivalentes às emendas constitucionais. Veja que no primeiro caso (aprovação por rito legislativo ordinário) os tratados situam-se no mesmo nível hierárquico das leis, e num nível inferior às emendas constitucionais; no segundo caso (aprovação pelo rito especial, previsto no art. 5º, § 3º, da Constituição), os tratados são superiores hierarquicamente às leis, e equivalentes às emendas constitucionais. Portanto, num ou noutro caso, os tratados internacionais não têm prevalência sobre as emendas à Constituição. Aliás, ainda não falamos sobre controle de constitucionalidade neste curso, mas já fica aqui a informação: os tratados internacionais, quer tenham sido incorporados ao direito brasileiro com status de lei ordinária federal, quer tenham sido incorporados com status de emenda à Constituição, sujeitam-se ao controle de constitucionalidade, podendo ser declarados inconstitucionais – tanto pelo controle abstrato, quanto pelo controle incidental. 27) (ESAF/AFC/STN/2000) A proibição da prisão civil pelo constituinte não impede a prisão dequem deixa de cumprir, de modo voluntário e inescusavelmente, obrigação alimentícia. Item CERTO. Em regra, a Constituição proíbe a prisão civil por dívida (art. 5º, LXVII). Porém, é constitucionalmente permitida a prisão civil: (a) do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia; e (b) do depositário infiel. 28) (ESAF/AFC/STN/2000) A violação da intimidade do indivíduo enseja pretensão à reparação tanto dos danos materiais sofridos, como também dos danos morais suportados. Item CERTO. Determina a Constituição que são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação (art. 5º, X). CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 15 A violação da intimidade pode, portanto, ensejar tanto reparação dos danos materiais, como também dos danos morais suportados. As indenizações podem cumular-se, vale dizer, um mesmo ato pode ensejar, simultaneamente, indenização por dano material e moral. 29) (ESAF/AFC/STN/2000) Os direitos individuais, por serem fundamentais, somente podem ser abolidos por meio de emenda à Constituição. Item ERRADO. Os direitos e garantias individuais são cláusulas pétreas (CF, art. 60, § 4º, IV) e, como tais, não podem ser abolidos por meio de emenda constitucional. 30) (ESAF/AFC/STN/2000) O domicílio do indivíduo pode ser invadido por terceiros, a qualquer hora, em caso de flagrante delito, desastre ou para prestação de socorro. Em cumprimento a determinação judicial, porém, no domicílio somente se pode penetrar sem o consentimento do morador durante o dia. Item CERTO. Determina a Constituição que a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro (durante o dia ou durante a noite), ou, somente durante o dia, por determinação judicial (art. 5º, XI). 31) (ESAF/AFC/STN/2000) Por força do princípio da isonomia, toda norma que estabeleça tratamento jurídico diferenciado entre brasileiros é inconstitucional. Item ERRADO. O princípio da isonomia não proíbe tratamento diferenciado entre brasileiros. Nada impede que a lei estabeleça tratamento diferenciado, desde que haja razoabilidade, isto é, desde que haja justificativas plausíveis para a discriminação. Assim, a lei poderá estabelecer tratamento diferenciado levando em conta, dentre outros, o critério sexo (exigência de esforço físico mais brando para o sexo feminino em teste de determinado concurso público; concurso público só para o sexo feminino, para o ingresso no cargo de agente penitenciário numa prisão feminina etc), o critério idade (estabelecimento de idade mínima e máxima para o ingresso em certos cargos públicos, cujas atribuições justifiquem; atendimento prioritário CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 16 aos idosos etc.), o critério econômico (créditos públicos facilitados para a população de baixa renda etc.) – e outros. Vale lembrar que, segundo a jurisprudência do STF, em se tratando de concurso público, as restrições ao princípio da igualdade só poderão ser estabelecidas em lei. Significa dizer que editais de concurso e outros atos administrativos em geral (decretos, portarias etc.) não podem estabelecer restrições ao princípio de igualdade em concurso público. Quando eu afirmo isso em sala de aula, sempre algum candidato diz que “o edital x estabeleceu idade mínima”. Ora, é evidente que o edital, como regramento do concurso, apresentará a restrição. Porém, para que a restrição trazida no edital seja válida, é indispensável que tal restrição esteja prevista na lei de organização da respectiva carreira. Se a lei não estabelece nenhuma restrição, se não há previsão legal, a restrição trazida exclusivamente no edital é inválida. 32) (ESAF/AFC/STN/2000) As provas obtidas por meio contrário ao Direito somente podem ser utilizadas no processo civil ou penal se a parte tiver dificuldade em encontrar outro meio de provar o seu direito. Item ERRADO. Determina a Constituição que são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos (art. 5º, LVI). Essa vedação alcança os processos judiciais e administrativos, e não poderá ser afastada diante da simples dificuldade da parte em encontrar outro meio de provar o seu direito. 33) (ESAF/AFC/STN/2000) A Constituição admite a interceptação de comunicações telefônicas de indivíduo suspeito do cometimento de crimes graves, desde que a escuta seja determinada por ordem judicial, pelo Ministério Público ou por Comissão Parlamentar de Inquérito. Item ERRADO. A Constituição permite a interceptação das comunicações telefônicas, desde que respeitados os seguintes requisitos: a) somente por ordem judicial; b) somente nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer; c) somente para fins de investigação criminal ou instrução processual penal (art. 5º, XII). Analisemos, separadamente, esses requisitos: a) só por ordem judicial poderá ser autorizada a interceptação telefônica: trata-se de medida sujeita à chamada reserva de CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 17 jurisdição, isto é, medida que só pode ser determinada por membro do Poder Judiciário; nenhuma outra autoridade pode autorizar a interceptação telefônica; b) só nas hipóteses e na forma que lei estabelecer: a Lei nº 9.296/96 regulamentou esse dispositivo e estabeleceu quais as estritas hipóteses em que a interceptação telefônica poderá ser autorizada (essas hipóteses não nos interessam no estudo do Direito Constitucional, por se tratar de matéria legal, e não constitucional); c) só para fins de investigação criminal ou instrução processual penal: não se permite a interceptação telefônica no âmbito de processos administrativos (processo administrativo tributário, processo administrativo disciplinar etc.), nem no âmbito de processos cíveis (ação popular, ação de improbidade administrativa etc.). A interceptação telefônica poderá ser autorizada pelo magistrado: a) de ofício; b) por solicitação do Ministério Público, no curso de investigação criminal ou instrução processual penal; ou c) por solicitação da autoridade policial competente, no curso de investigação criminal. A interceptação das comunicações telefônicas não pode ser confundida com a quebra do sigilo telefônico. A interceptação telefônica incide sobre o conteúdo da conversa, vale dizer, é a autorização para a gravação do conteúdo da conversa, no momento em que ela ocorre. É autorizada exclusivamente por membro do Poder Judiciário (reserva de jurisdição) e executada pela autoridade policial competente. A quebra do sigilo telefônico diz respeito aos registros das ligações realizadas por determinado telefone, em período pretérito. É a autorização para a obtenção, perante a companhia telefônica, dos registros das ligações – ativas e passivas – de determinado telefone (registros das ligações realizadas, das ligações recebidas, do tempo de duração de cada ligação etc.). A quebra do sigilo telefônico não é medida exclusiva do Poder Judiciário, podendo ser determinada diretamente por comissão parlamentar de inquérito – CPI. Finalmente, importante destacar que também poderão ser interceptadas as comunicações realizadas com o uso da telemática e informática (e- mail, fax etc.), desde que respeitados os mesmos requisitos exigidos para a interceptação das comunicações telefônicas, acima comentados. CURSO REGULARDE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 18 34) (ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o direito à inviolabilidade da honra, pela natureza subjetiva desse atributo, não se aplica à pessoa jurídica. Item ERRADO. A jurisprudência dos tribunais firmou-se no sentido de que a inviolabilidade à honra e à imagem se aplica também às pessoas jurídicas, e não somente às pessoas físicas (CF, art. 5º, X). Enfim, a imagem e a boa fama de uma empresa podem ser violadas, gerando o direito à reparação dos danos – materiais e morais – decorrentes dessa violação. 35) (ESAF/GESTOR/MPOG/2002) Não se pode invocar direito adquirido contra lei de ordem pública. Item ERRADO. Como vimos na aula passada, a doutrina faz uma distinção entre lei de ordem pública e lei de ordem privada. Lei de ordem pública é aquela, de regra oriunda dos ramos do Direito Público, que regula uma situação em que impera o interesse público, mormente numa relação indivíduo-Estado. Uma lei penal (regulando os poderes do Estado de punir o infrator), uma lei do direito administrativo (regulando os direitos e deveres dos servidores frente à Administração Pública) são exemplos de leis de ordem pública. Lei de ordem privada é aquela, de regra oriunda dos ramos do Direito Privado, que regula precipuamente relações entre particulares, os chamados negócios privados. Uma lei civil que estabeleça o regramento dos contratos privados (contrato de franquia, de arrendamento mercantil etc.) é uma típica lei de ordem privada. Em alguns países, o ordenamento constitucional protege o indivíduo somente frente às leis de ordem privada, ou seja, nesses países somente as leis de ordem privada devem obediência ao direito adquirido, à coisa julgada e ao ato jurídico perfeito. Significa dizer que, nesses países, uma lei de ordem pública, em face do império do interesse público frente ao interesse individual, pode retroagir no tempo para prejudicar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. No Brasil, o STF firmou entendimento de que tanto as leis de ordem privada quanto as leis de ordem pública devem obediência à proibição constitucional de prejuízo ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à coisa julgada (CF, art. 5º, XXXVI). CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 19 Então, no Brasil, uma lei de ordem pública não pode desrespeitar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. O indivíduo poderá invocar essa proteção frente a leis de ordem pública ou de ordem privada, indistintamente. 36) (ESAF/GESTOR/MPOG/2002) Gravação ilícita de conversa telefônica não pode ser aceita em processo judicial, mas nada impede que os dados por ela obtidos sejam aproveitados em processo administrativo, se indispensáveis para a descoberta da verdade real. Item ERRADO. A vedação constitucional à utilização de provas obtidas por meios ilícitos alcança os processos judiciais e administrativos (CF, art. 5º, LVI). 37) (ESAF/GESTOR/MPOG/2002) A gravação de conversa telefônica pode ser autorizada por autoridade judicial, para fins de instrução de processo administrativo disciplinar. Item ERRADO. A Constituição Federal só permite a gravação de conversa telefônica no âmbito penal, para fins de investigação criminal ou instrução processual penal (art. 5º, XII). Em hipótese alguma poderá ser autorizada a interceptação telefônica em processos administrativos ou de natureza cível. 38) (ESAF/GESTOR/MPOG/2002) A Constituição não impede que a lei possa retroagir para beneficiar o particular em face do poder público. Item CERTO. Determina a Constituição que a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada (art. 5º, XXXVI). Sabe-se que esse dispositivo tem por fim resguardar a segurança jurídica, evitando que situações já consumadas na vigência de uma lei sejam afetadas prejudicialmente por leis posteriores. Sabe-se também que esse dispositivo estabelece uma garantia ao indivíduo frente ao Estado, e não o contrário. Tanto é assim que o STF editou a Súmula nº 654, dispondo que “A garantia de irretroatividade da lei, prevista no art. 5º, XXXVI, da Constituição da República, não é invocável pela entidade estatal que a tenha editado.” Logo, essa garantia constitucional não proíbe que a lei seja retroativa no Brasil, desde que para beneficiar o indivíduo frente ao Estado. O que CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 20 o inciso XXXVI proíbe é que a lei retroaja em prejuízo ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à coisa julgada. Esse aspecto é importante porque muitos pensam que a única lei que pode retroagir no Brasil é a lei penal favorável ao réu (CF, art. 5º, XL). Isso é um equívoco. Não é só a lei penal benigna que pode retroagir. Leis em geral podem ser retroativas no Brasil, desde que estabelecendo um tratamento favorável ao indivíduo frente ao Poder Público. 39) (ESAF/GESTOR/MPOG/2002) O particular não pode se opor a que um bem seu seja requisitado para o enfrentamento de iminente perigo público, devendo o uso do bem ser necessariamente indenizado ao ser restituído ao proprietário. Item ERRADO. De fato, o particular não pode se opor a que um bem seu seja requisitado pela autoridade competente no caso de iminente perigo público, pois se trata de direito fundamental assegurado ao Estado frente ao indivíduo (CF, art. 5º, XXV). Porém, o uso não é necessariamente indenizado no momento da restituição do bem ao proprietário, pois só haverá indenização ulterior se houver dano (na verdade, o uso do bem é gratuito; a indenização ulterior, se houver, será pelos danos decorrentes do uso). 40) (ESAF/GESTOR/MPOG/2002) O duplo grau de jurisdição não foi erigido pelo constituinte de 1988 ao nível de direito individual fundamental. Item CERTO. Muito se discute se o duplo grau de jurisdição é (ou não) uma garantia constitucional na Constituição Federal de 1988. A discussão é relevante porque se o duplo grau de jurisdição for uma garantia constitucional, significa dizer que não podem existir no Brasil processos – administrativos ou judiciais – de instância única, isto é, em que o indivíduo não tenha direito a recurso, ao reexame da matéria por um órgão superior. Ao contrário, se o duplo grau de jurisdição não for uma garantia constitucional, significa dizer que nada impede a existência de processos de instância única, em que o indivíduo não tenha direito a nenhum recurso (isto é, não tenha direito ao duplo grau de jurisdição!). Bem, embora ainda haja muita discussão doutrinária sobre esse tema, o fato é que o STF firmou entendimento de que o duplo grau de CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 21 jurisdição não é uma garantia constitucional na Constituição Federal de 1988. Logo, nada impede que no Brasil tenhamos processos – administrativos ou judiciais – de instância única, nos quais o indivíduo não tenha direito a recurso. 41) (ESAF/GESTOR/MPOG/2002) Autoridade policial pode dissolver compulsoriamente associação nefasta ao interesse público. Item ERRADO. As associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas por decisão judicial transitada em julgado (CF, art. 5º, XIX). 42) (ESAF/GESTOR/MPOG/2002) Todas as provas requeridas pelo acusado num processo administrativo devem ser admitidas pela autoridade que o preside, sob pena de ofensa à garantia da ampla defesa. Item ERRADO. Nem todas as provas deverão ser admitidas pela autoridadeque preside um processo administrativo, pois a Constituição não admite a utilização de provas obtidas por meios ilícitos (CF, art. 5º, LVI). 43) (ESAF/GESTOR/MPOG/2002) Todo o brasileiro nato é parte legítima para propor ação popular, visando a anular ato lesivo ao patrimônio público. Item ERRADO. A ação popular só pode ser proposta por cidadão (CF, art. 5º, LXXIII). Logo, não é todo o brasileiro que pode propor ação popular, pois nem todo brasileiro é cidadão. Só são juridicamente considerados cidadãos aqueles brasileiros que estão no gozo da capacidade eleitoral ativa, aptos para votar. Por exemplo: os brasileiros menores de dezesseis anos não podem propor ação popular, pois não gozam de capacidade eleitoral ativa (não são cidadãos). 44) (ESAF/MPOG/APO/2002) O indivíduo condenado por um fato que, quando praticado, era definido como crime, não se beneficia de lei posterior que descriminaliza a conduta. Item ERRADO. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 22 Determina a Constituição que a lei penal não retroagirá, salvo para favorecer o réu (art. 5º, XL). Portanto, a lei penal descriminadora - que deixa de tipificar a conduta como crime - retroagirá, pois é benéfica ao réu, mesmo sabendo que este já foi anteriormente condenado com base na lei anterior, então vigente. 45) (ESAF/MPOG/APO/2002) Os direitos e garantias individuais previstos na Constituição dependem, invariavelmente, de lei ordinária que os desenvolva, para que possam produzir todos os seus efeitos. Item ERRADO. Em regra, os direitos e garantias fundamentais têm aplicabilidade imediata, isto é, independem de regulamentação por lei para a produção de seus efeitos (CF, art. 5º, § 1º). 46) (ESAF/MPOG/APO/2002) O trabalhador goza da garantia constitucional de não ter o salário reduzido em nenhum caso. Item ERRADO. O princípio da irredutibilidade do salário não é absoluto, pois a Constituição permite a redução do salário em convenção ou acordo coletivo (art. 7º, VI). 47) (ESAF/MPOG/APO/2002) Em caso de flagrante delito, agente público pode ingressar na casa de particular, independentemente de autorização judicial, de dia ou de noite. Item CERTO. Diante de flagrante delito (prática atual de um crime), agentes públicos podem ingressar na casa de particular, sem o consentimento do morador e sem necessidade de autorização judicial, a qualquer hora do dia ou da noite (CF, art. 5º, XI). 48) (ESAF/MPOG/APO/2002) Toda prisão anterior ao trânsito em julgado de sentença penal condenatória é inconstitucional, por ferir o princípio da presunção de inocência. Item ERRADO. O princípio da presunção da inocência está previsto no art. 5º, LVII, da Constituição Federal e determina que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória (veja CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 23 que o princípio não diz que ninguém será preso, mas sim que ninguém será considerado culpado). Segundo a jurisprudência do STF, as prisões cautelares (em flagrante, temporária, preventiva etc.) são plenamente compatíveis com o princípio da presunção da inocência. Segundo o STF, na vigência da Constituição de 1988, a força desse princípio é vedar o lançamento do nome do réu no rol dos culpados antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, isto é, o nome do réu não pode ser registrado como criminoso (“fichado criminalmente”) antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória. 49) (ESAF/PFN/2003) O habeas corpus é instrumento adequado para se impugnar ordem de juiz de primeiro grau de quebra de sigilo bancário. Item CERTO. Vimos que, em regra, o remédio constitucional idôneo para reprimir eventuais ilegalidades ou arbitrariedades havidas na quebra do sigilo bancário é o mandado de segurança. Porém, será também cabível a impetração de habeas corpus sempre que a quebra do sigilo bancário implicar ofensa indireta ao direito de locomoção. Enfim, se a quebra do sigilo bancário se der no curso de processo em que o indivíduo possa, em tese, ser condenado à pena privativa de liberdade, poderá ser ajuizado, em vez do mandado de segurança, o habeas corpus (essa questão foi minuciosamente comentada em exercício da aula anterior). 50) (ESAF/PFN/2003) O sentenciado penal não pode ser preso para cumprir a sentença, enquanto dela pender recurso extraordinário, em virtude da presunção de inocência, que perdura enquanto não transitada em julgado a decisão condenatória. Item ERRADO. Vimos que o princípio da presunção da inocência não impede a prisão do réu antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória (art. 5º, LVII). O princípio proíbe, apenas, que o nome do réu seja lançado no rol dos culpados antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, isto é, que o indivíduo seja registrado penalmente como criminoso antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 24 51) (ESAF/PFN/2003) Não há reparação por danos morais sem prova de dano à reputação do autor da demanda. Item ERRADO. Segundo a jurisprudência do STF, a reparação por danos morais não exige comprovação de efetivo dano à reputação da vítima. Significa dizer que, por exemplo, a simples utilização indevida da imagem da pessoa pode ensejar a indenização por danos morais (CF, art. 5º, X), ainda que essa utilização não tenha causado nenhum dano à reputação da vítima. 52) (ESAF/PFN/2003) Os direitos sociais previstos na Constituição, por serem normas programáticas, não produzem efeitos jurídicos, senão depois de regulados pelo legislador ordinário. Item ERRADO. Nem todos os direitos sociais são normas de eficácia limitada, de cunho programático. É verdade que temos alguns direitos sociais que são normas programáticas, isto é, que dependem de regulamentação pelo legislador ordinário para a produção dos seus efeitos essenciais (art. 7º, XX e XXVII, por exemplo). Porém, a regra é a aplicabilidade imediata dos direitos e garantias fundamentais, inclusive dos direitos sociais, prevista no art. 5º, § 1º, da Constituição. 53) (ESAF/PFN/2003) A ação popular pode ser ajuizada para atacar ato jurisdicional. Item ERRADO. A ação popular é a ação constitucional que pode ser proposta por qualquer cidadão para anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural (CF, art. 5º, LXXIII). Ato jurisdicional é o ato praticado por membro do Poder Judiciário – juiz ou tribunal – no desempenho da sua função típica, que é a função jurisdicional. Enfim, atos de natureza jurisdicional são as decisões judiciais proferidas pelos juízos e tribunais do Poder Judiciário nos casos submetidos à sua apreciação. Há controvérsia sobre o cabimento (ou não) de ação popular contra ato de natureza jurisdicional. Se a decisão de um magistrado violar um dos bens protegidos pela ação popular (o meio ambiente, por exemplo), poderá o cidadão propor uma ação popular contra esse ato do magistrado? CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 25 A resposta é negativa. Segundo a jurisprudência do STF, não cabe ação popular contra ato de natureza jurisdicional (decisões judiciais) ou, em outras palavras, os atos de natureza jurisdicional são imunes à ação popular (não podem ser atacados na via da ação popular). E por que não? Porque, segundo o STF,se a decisão judicial ainda não transitou em julgado deverá ser atacada pelos recursos cabíveis nas leis processuais que regulam o respectivo processo; ou, se a decisão judicial já transitou em julgado, deverá ser atacada na via da ação rescisória. Logo, num ou noutro caso, não será cabível a propositura de ação popular. Podemos afirmar, então, que um ato praticado por um juiz jamais poderá ser atacado por meio de ação popular? Não, não podemos afirmar isso. Os magistrados também praticam atos administrativos (nomeação e aplicação de penalidade a servidor, autorização de uma licitação pública para contratação de serviço etc.), e esses atos poderão ser normalmente atacados por meio de ação popular (somente os atos jurisdicionais não podem ser objeto de ação popular). 54) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) A ação popular é instrumento de controle da regularidade da Administração Pública, podendo, nos termos da Constituição, ser intentada por todo brasileiro. Item ERRADO. Vimos que não é todo brasileiro que pode propor ação popular, mas somente os cidadãos (CF, art. 5º, LXXIII). 55) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) A proibição constitucional de uso de prova ilícita não incide no âmbito do processo administrativo, em que prevalece a busca da verdade real. Item ERRADO. A vedação à utilização de provas ilícitas aplica-se tanto ao processo judicial quanto ao processo administrativo (CF, art. 5º, LVI). Assim, se é verdade que o réu não pode ser condenado penalmente com base em provas obtidas por meios ilícitos, também é verdade que o servidor público não pode ser penalizado em processo administrativo disciplinar com fundamento em provas ilícitas. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 26 56) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) É inconstitucional toda norma que regula relações entre a Administração Pública e particulares com efeitos retroativos. Item ERRADO. A proteção ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à coisa julgada (CF, art. 5º, XXXVI) não impede que as leis sejam retroativas no Brasil, desde que em benefício dos particulares em face do Estado. Afinal, o que a regra constitucional proíbe é a retroatividade da lei em prejuízo ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à coisa julgada. 57) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Nenhum brasileiro pode ser extraditado. Item ERRADO. A Constituição não permite a extradição do brasileiro nato. Porém, é admitida a extradição do brasileiro naturalizado em dois casos: (a) prática de crime comum, antes da naturalização; e (b) comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei (art. 5º, LI). 58) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) A garantia do direito adquirido impede a alteração do regime jurídico dos servidores públicos por meio de lei. Item ERRADO. Segundo a jurisprudência do STF, não há direito adquirido em face de mudança do regime jurídico estatutário dos servidores públicos. Significa dizer que o servidor público, ao tomar posse no cargo público, não adquire direito às vantagens então previstas no seu regime jurídico. O servidor não adquire direito à manutenção dessas vantagens por toda a sua vida funcional, até a aposentadoria. Essas vantagens poderão ser posteriormente suprimidas por lei e o servidor não poderá invocar direito adquirido em face dessas supressões. A minha história no serviço público é um bom exemplo para entendermos essa orientação do STF. Quando eu ingressei no serviço público federal, em 1993, a Lei nº 8.112/90 (regime jurídico dos servidores públicos federais) estava com a sua redação original intacta. Naquela época, eu tinha direito à licença-prêmio, ao adicional de tempo de serviço, à incorporação da gratificação pelo desempenho de cargo em comissão etc. Com o tempo, todas essas vantagens foram suprimidas por lei, e eu não pude alegar direito adquirido diante dessas supressões. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 27 Por que não? Porque, segundo o STF, não há direito adquirido contra alterações do regime jurídico estatutário dos servidores públicos. 59) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) A dor moral, por não ser quantificável pecuniariamente, não é tida como indenizável nos casos de violação da intimidade e da vida privada. Item ERRADO. Segundo o STF, a dor, o sofrimento, a humilhação, o desconforto e o constrangimento também são indenizáveis a título de dano moral nos casos de violação da intimidade e da vida privada (CF, art. 5º, X). Um bom exemplo de indenização da dor moral foi um caso apreciado pelo STF, no qual uma mãe requereu indenização do Estado por dano moral em razão do assassinato do seu filho detento nas dependências de presídio mantido pelo Estado. O STF reconheceu o direito à indenização frente ao Estado, deixando assente que a dor moral, decorrente da perda de um ente querido, é indenizável a titulo de dano moral, por violação à intimidade e à vida privada. 60) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Estende-se ao escritório profissional do indivíduo a garantia constitucional da inviolabilidade da sua casa. Item CERTO. A interpretação que prevaleceu sobre o alcance da expressão “casa” - prevista no art. 5º, XI, da Constituição, ao estabelecer a inviolabilidade domiciliar - é que o seu alcance é amplo, alcançando não só os recintos de natureza residencial, mas também os recintos profissionais não- franqueados ao público, tais como: o escritório do advogado, o consultório do médico, os recintos fechados da empresa etc. 61) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Uma vez criada, uma associação somente poderá ser dissolvida por ato de vontade dos seus integrantes nesse sentido. Item ERRADO. As associações podem também ser dissolvidas compulsoriamente, desde que por decisão judicial transitada em julgado (CF, art. 5º, XIX). 62) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Pessoas jurídicas não podem titularizar direitos fundamentais. Item ERRADO. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 28 No constitucionalismo moderno, pessoas jurídicas – privadas e estatais – também são titulares de direitos fundamentais. Na Constituição Federal de 1988 são vários os direitos fundamentais extensíveis às pessoas jurídicas, tais como: o direito à inviolabilidade da honra e da imagem (art. 5º, X); o direito de propriedade (art. 5º, XXII); o direito à assistência jurídica gratuita e integral (art. 5º, LXXIV). 63) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Na vigência da Constituição de 1988, toda lei que fixe limite de idade para o ingresso em carreira do serviço público é inconstitucional. Item ERRADO. O princípio da isonomia não impede que lei estabeleça limite de idade para o ingresso em carreira do serviço público, desde que haja razoabilidade para essa limitação, isto é, desde que as atribuições do cargo justifiquem. Por exemplo: é constitucional a fixação de idade máxima para o ingresso no cargo de agente de polícia, pois as atribuições desse cargo, que exigem vigor físico, justificam essa exigência; porém, seria flagrantemente inconstitucional a fixação de idade máxima para o ingresso no cargo de professor universitário, pois as atribuições desse cargo não legitimam limitação dessa natureza. 64) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) O Ministério Público tem o poder de, em procedimento de ordem administrativa, determinar a dissolução compulsória de associação que esteja sendo usada para a prática de atos nocivos ao interesse público. Item ERRADO. As associações só podem ser compulsoriamente dissolvidaspor decisão judicial transitada em julgado (CF, art. 5º, XIX). 65) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Pessoas jurídicas, inclusive de direito público, podem ser titulares de direitos fundamentais. Item CERTO. Vimos que no constitucionalismo moderno não só as pessoas físicas, mas também as pessoas jurídicas – públicas e privadas – podem ser titulares de direitos fundamentais. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 29 66) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) A Constituição Federal não tolera nenhum tratamento legislativo diferenciado entre homem e mulher, a não ser os que prevê taxativamente no seu texto. Item ERRADO. Além dos casos de tratamento diferenciado entre homens e mulheres estabelecidos na própria Constituição, o legislador ordinário poderá estabelecer outros, desde que haja razoabilidade para a discriminação. Assim, por exemplo: as leis trabalhistas estabelecem tratamento diferenciado entre homem e mulher no tocante à exigência de força física no trabalho; a exigência de força física em teste para o ingresso em determinado cargo público é diferenciada entre homem e mulher etc. 67) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Os direitos e garantias fundamentais, na ordem constitucional brasileira, não podem ter por sujeitos passivos pessoas físicas. Item ERRADO. Em regra, as pessoas físicas figuram no pólo ativo de um direito ou garantia fundamental, como seu titular. Vale dizer, em regra, as pessoas físicas são as titulares dos direitos fundamentais (sujeito ativo) em face do Estado (sujeito passivo). Porém, é possível que as pessoas físicas figurem no pólo passivo, assim como é possível que o Estado figure no pólo ativo, como titular do direito ou garantia fundamental. Um bom exemplo é o inciso XXV do art. 5º da Constituição, que prevê o direito de requisição administrativa, direito fundamental do Estado frente ao particular. Cuida-se de típico direito fundamental outorgado ao Estado, em que o particular figura como sujeito passivo. Percebe-se facilmente que na requisição administrativa o Estado é o sujeito ativo (titular do direito) e o particular é o sujeito passivo (obrigado à satisfação do direito), senão vejamos: no caso de iminente perigo público, a autoridade competente (sujeito ativo) poderá usar de propriedade particular (sujeito passivo). No tocante às garantias fundamentais, o particular poderá figurar como sujeito passivo em mandado de segurança (no caso de prática de ato coator por agente privado no exercício de atribuição do Poder Público), em habeas corpus (no caso de violação do direito de locomoção por particular) etc. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 30 68) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) O duplo grau de jurisdição constitui direito fundamental dos indivíduos, decorrente do direito de acesso ao Judiciário. Item ERRADO. Segundo a jurisprudência do STF, o duplo grau de jurisdição não é uma garantia constitucional, sendo possível a existência de processos – administrativos ou judiciais – de instância única, sem direito a recurso para uma instância superior (isto é, sem direito ao duplo grau de jurisdição). 69) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Em nenhuma hipótese a Constituição Federal admite a pena de morte. Item ERRADO. A Constituição permite a pena de morte em caso de guerra declarada, em razão de agressão estrangeira, pelo Presidente da República, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas (CF, art. 5º, XLVII, a c/c art. 84, XIX). 70) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) O princípio constitucional da soberania dos veredictos do júri impede que juízes togados julguem pedido de revisão criminal de condenação proferida em tribunal do júri. Item ERRADO. Ao reconhecer à lei a competência para a instituição do júri, a Constituição estabelece os princípios que deverão ser seguidos pelo legislador na sua organização, a saber: (a) a plenitude de defesa; (b) o sigilo das votações; (c) a soberania dos veredictos; (d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida. Dentre esses princípios, temos a soberania dos veredictos, vale dizer, a decisão proferida pelo tribunal do júri ao julgar os crimes dolosos contra a vida é soberana. Porém, segundo a jurisprudência do STF, a soberania dos veredictos não impede a interposição de recursos perante o Poder Judiciário contra decisão do tribunal do júri (CF, art. 5º, XXXVIII, c). Portanto, é possível que tribunal do Poder Judiciário aprecie recurso interposto contra decisão proferida pelo tribunal do júri (o tribunal poderá declarar a nulidade da decisão do júri, por contrariedade às provas constantes dos autos, por exemplo), bem assim pedido de revisão criminal de condenação anteriormente imposta em tribunal do júri. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 31 Em relação aos outros princípios do júri, dois aspectos merecem destaque. O primeiro é que a Constituição outorgou ao júri a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida. O legislador ordinário poderia ampliar essa competência do tribunal do júri? A lei poderia atribuir ao júri a competência para o julgamento de outros crimes, além dos dolosos contra a vida? Embora não haja consenso doutrinário a respeito, entendemos que a orientação dominante é no sentido negativo, de que a lei não pode ampliar a competência do tribunal do júri. O segundo é que não é correto afirmar que todos os crimes dolosos contra a vida serão julgados pelo tribunal do júri. Por que não? Porque, segundo o STF, as autoridades que têm foro especial por prerrogativa de função previsto na Constituição Federal não se submetem a julgamento perante o tribunal do júri. Por exemplo: se o governador cometer um crime doloso contra a vida, será ele julgado pelo Superior Tribunal de Justiça – STJ, e não pelo júri; se o prefeito cometer um crime doloso contra vida, será ele julgado perante o Tribunal de Justiça, e não perante o júri – e assim por diante. 71) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Não constitui prova ilícita a gravação de conversa telefônica, como meio de legítima defesa, feita por um dos interlocutores, sem o conhecimento do outro. Item CERTO. Em regra, a gravação de conversa por um dos interlocutores sem o conhecimento do outro é ato ilícito, por ofensa à intimidade e à vida privada (CF, art. 5º, X). Porém, a gravação constituirá prova lícita se utilizada em legítima defesa. Se João conversa com Pedro, e Pedro grava a conversa sem o conhecimento de João, a gravação constituirá prova lícita, se utilizada em legítima defesa de Pedro (Pedro pode estar sendo vítima de uma investida criminosa de João). 72) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) A existência, num processo penal, de prova ilicitamente obtida contamina necessariamente todo o feito, tornando-o nulo. Item ERRADO. A mera presença de provas ilícitas nos autos não invalida necessariamente o processo. Detectadas as provas ilícitas, faz-se o que se chama desentranhamento de provas, isto é, são separadas as CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 32 provas lícitas das ilícitas. Estas (as ilícitas) são retiradas dos autos, mas o processo pode ter a sua regular continuidade com fundamento nas provas lícitas autônomas. Deve-se lembrar que, na retirada das provas ilícitas dos autos, deverão ser retiradas as provas ilícitas originárias e todas as demais provas delas derivadas. Isso porque, segundo a jurisprudênciado STF, tem aplicação entre nós a teoria dos frutos da árvore envenenada (fruits of the poisonous tree), segundo a qual as provas ilícitas contaminam todas as provas levantadas a partir dela. Afinal, se a árvore (prova ilícita originária) está contaminada, certamente os seus frutos (provas derivadas dessa prova originária) também estarão. 73) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Durante o período de prisão, o condenado por sentença criminal transitada em julgado não sofre a suspensão dos seus direitos políticos. Item ERRADO. O condenado criminalmente em sentença transitada em julgado sofre a suspensão dos seus direitos políticos, enquanto durarem os efeitos da condenação (CF, art. 15, III). 74) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Atos de improbidade administrativa acarretam a perda dos direitos políticos. Item ERRADO. Os atos de atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, e não a sua perda. É o que estabelece o art. 37, § 4º, da Constituição, segundo o qual os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. 75) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Somente brasileiros podem titularizar cargos públicos. Item ERRADO. Determina a Constituição que os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei (art. 37, I). Portanto, os estrangeiros podem titularizar cargos públicos, na forma da lei. Esse dispositivo constitucional, em relação aos estrangeiros, é de CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 33 eficácia limitada, vale dizer, dependente de lei regulamentadora para a produção dos seus efeitos essenciais. Assim, ao contrário dos brasileiros, os estrangeiros só podem ter acesso a cargo, emprego ou função pública quando houver autorização em lei. Vale lembrar, ainda, que a lei não poderá autorizar os estrangeiros a ter acesso aos cargos públicos privativos de brasileiros natos (art. 12, § 3º). 76) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) O analfabeto não possui capacidade eleitoral passiva. Item CERTO. A capacidade eleitoral ativa é o direito de votar nas eleições, nos referendos e nos plebiscitos (alistabilidade); é adquirida com o alistamento perante a Justiça Eleitoral. A capacidade eleitoral passiva é o direito de ser votado, de ser eleito (elegibilidade). No Brasil, a elegibilidade (capacidade eleitoral passiva) não coincide com a alistabilidade (capacidade eleitoral ativa). Todo elegível é, necessariamente, eleitor, mas a recíproca não é verdadeira, isto é, nem todo eleitor é elegível. Ou, em outras palavras: todo aquele que possui a capacidade eleitoral passiva (elegibilidade) possui, necessariamente, a capacidade eleitoral ativa (alistabilidade); porém, nem todo aquele que dispõe da capacidade eleitoral ativa (alistabilidade) é detentor da capacidade eleitoral passiva (elegibilidade). Ou, num linguajar mais simples ainda: não há elegível que não seja também eleitor, mas há eleitor que não é elegível! Por exemplo: os analfabetos e os menores entre dezesseis e dezoito anos possuem a capacidade eleitoral ativa (podem votar), mas não dispõem da capacidade eleitoral passiva (não podem ser eleitos). 77) (ESAF/AFRE/MG/2005) A Constituição enumera, de forma taxativa, no seu Título sobre Direitos e Garantias Fundamentais, os direitos individuais reconhecidos como fundamentais pela nossa ordem jurídica. Item ERRADO. A enumeração constitucional dos direitos e garantias fundamentais não é taxativa, limitativa. Significa que outros direitos fundamentais além daqueles expressamente enumerados pela Constituição poderão ser reconhecidos aos brasileiros, desde que decorrentes do regime e dos CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 34 princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. É o que reza o art. 5º, § 2º, da Constituição, nos termos seguintes: “os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”. 78) (ESAF/AFRE/MG/2005) As garantias constitucionais do direito adquirido e do ato jurídico perfeito não constituem cláusulas pétreas. Item ERRADO. As garantias constitucionais do direito adquirido e do ato jurídico perfeito são de natureza individual e, como tais, gravadas como cláusula pétrea (CF, art. 60, § 4º, IV). 79) (ESAF/AFRE/MG/2005) Os direitos individuais fundamentais, por serem considerados cláusulas pétreas, somente podem ser abolidos ou modificados por meio de emenda à Constituição. Item ERRADO. Os direitos e garantias individuais são gravados como cláusulas pétreas (CF, art. 60, § 4º, IV) e, como tais, não podem ser abolidos por meio de emenda à Constituição. O conceito jurídico de cláusula pétrea é exatamente este: matéria que não pode ser prejudicada, tampouco abolida por meio de emenda à Constituição. 80) (ESAF/AFRE/MG/2005) O mandado de segurança, o habeas corpus e o mandado de injunção são instrumentos processuais que compõem o grupo das garantias constitucionais. Item CERTO. O mandado de segurança, o habeas corpus, o mandado de injunção, a ação popular e o habeas data são as garantias constitucionais denominadas remédios constitucionais, em proteção aos direitos fundamentais consagrados na Constituição. 81) (ESAF/AFRE/MG/2005) O princípio da separação dos poderes impede que o juiz invoque o princípio da proporcionalidade ou da razoabilidade como fundamento para a declaração de inconstitucionalidade de uma lei. CURSO REGULAR DE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROFESSOR VICENTE PAULO WWW.PONTODOSCONCURSOS.COM.BR 35 Item ERRADO. O princípio da proporcionalidade ou da razoabilidade - que tem sua sede material no postulado do devido processo legal em sua acepção substantiva, previsto no art. 5º, LIV, da Constituição – é reiteradamente invocado pelo Poder Judiciário para a declaração da inconstitucionalidade das leis restritivas de direito, quando essas impõem uma restrição desarrazoada, irrazoada ou desproporcional. Vimos que o princípio da razoabilidade ou da proporcionalidade exige das leis restritivas de direito o cumprimento de três requisitos: a) necessidade; b) adequação; e c) medida certa da restrição imposta (proporcionalidade estrita). Caso a lei restritiva de direito ofenda a um desses requisitos, será uma lei desarrazoada, irrazoada ou desproporcional e, como tal, deverá ser declarada inconstitucional pelo Poder Judiciário. 82) (ESAF/PFN/2006) Somente no que tange aos direitos de índole trabalhistas dispostos no título da Constituição que cuida dos direitos fundamentais, pode-se falar em eficácia dos direitos fundamentais nas relações entre particulares. Item ERRADO. Conforme já vimos, o entendimento moderno é de que os direitos fundamentais em geral obrigam, também, as relações entre particulares (negócios privados). 83) (ESAF/TRT/7ª REGIÃO/JUIZ SUBSTITUTO/2006) Assinale a opção correta. a) A Constituição veda todo tratamento diferenciado entre brasileiros que tome como critério o sexo, a etnia ou a idade dos indivíduos. b) O direito à incolumidade física expressa caso de direito fundamental absoluto. c) A liberdade de expressão garantida pela ordem constitucional
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