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A TEORIA DOS ATOS ILÍCITOS 
 
Prof. Cristiano Chaves de Farias 
Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado da Bahia 
Professor de Direito Civil do CERS 
 
1. A nova modelagem do ato ilícito no Código Civil. 
 
1.1. O conceito clássico de ato ilícito e as suas potenciais consequências jurídicas. 
A antijuridicidade jurídica. 
Elementos do ato ilícito: conduta, culpa, violação da norma jurídica e dano. 
 
Art. 186, CC: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar 
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. 
 
1.2. Os efeitos da ilicitude: indenizante, caducificante, invalidante, autorizante etc. 
 
O ilícito processual. 
 
1.3. Desconstruindo a correlação entre ato ilícito e responsabilidade civil: 
A autonomia da responsabilidade civil em relação à ilicitude civil. 
Os casos de responsabilidade objetiva e a hipótese de excludente de ilicitude civil por estado de necessidade. 
 
Art. 929, CC: 
“Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-
lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.” 
 
Art. 930, CC: 
“No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação 
regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado. Parágrafo único. A mesma ação competirá 
contra aquele em defesa de quem se causou o dano (art. 188, inciso I).” 
 
Da Responsabilidade das Partes por Dano Processual 
 
Art. 79, nCPC: “Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como autor, réu ou interveniente.” 
 
Art. 80, nCPC: “Considera-se litigante de má-fé aquele que: 
 
I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; 
II - alterar a verdade dos fatos; 
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal; 
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo; 
V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo; 
VI - provocar incidente manifestamente infundado; 
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.” 
 
Art. 81, nCPC: “De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante de má-fé a pagar multa, que deverá ser 
superior a um por cento e inferior a dez por cento do valor corrigido da causa, a indenizar a parte contrária pelos 
prejuízos que esta sofreu e a arcar com os honorários advocatícios e com todas as despesas que efetuou. 
 
§ 1o Quando forem 2 (dois) ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada um na proporção de seu respec-
tivo interesse na causa ou solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a parte contrária. 
§ 2o Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa poderá ser fixada em até 10 (dez) vezes o valor 
do salário-mínimo. 
§ 3o O valor da indenização será fixado pelo juiz ou, caso não seja possível mensurá-lo, liquidado por arbitramento 
ou pelo procedimento comum, nos próprios autos.” 
 
1.4. Excludentes de atos ilícitos. Excludente de antijuridicidade civil e penal. 
A questão do estado de necessidade e manutenção da responsabilidade civil (STJ, REsp.789.883/MG). 
A não exclusão de responsabilidade civil pela legítima defesa putativa (STJ, REsp.513.891/RJ). 
 
 
 
 
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Art. 188, CC: 
“Não constituem atos ilícitos: 
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; 
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. 
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolu-
tamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.” 
 
2. O novo conceito de ato ilícito: o abuso do direito. O ilícito comportamental. O ilícito funcional e a sua gênese 
aberta (multifuncional). 
Elementos: exercício de um direito; violação da boa-fé objetiva, da função social e dos bons costumes. 
Abuso do direito por comissão ou por omissão. 
Exemplificação (aplicação a qualquer ramo do Direito). 
 
Art. 187, CC: “Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os 
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.” 
 
Jornada 37: “A responsabilidade civil decorrente do abuso do direito independe de culpa e fundamenta-se so-
mente no critério objetivo-finalístico”. 
 
3. Figuras parcelares do abuso do direito 
 
a) venire contra factum proprium (proibição de comportamento contraditório). Teoria dos atos próprios. 
Precedentes no STF: RE 86.787/RS (caso do regime de bens); MS 25.742AgR/DF (caso do agravo regimental 
contra decisão homologatória de desistência de MS). 
Precedentes no STJ: REsp.857.769/PE (duplicata endossada apesar de nula); REsp.95.539/SP). 
A discussão sobre a penhorabilidade do bem de família oferecido, voluntariamente, à penhora. Nova posição STJ, 
REsp. 1.365.418/SP. 
Aplicação no âmbito do Direito Administrativo (a supremacia do interesse público não admite comportamento con-
traditório: STJ, REsp.524.811/CE). 
 
b) Supressio (Verwirkung) / Surrectio (Erwirkung). 
Precedentes no STJ (caso dos condomínios edilícios): REsp. 356.821/RJ; REsp.214.680/SP). 
 
Art. 330, CC: “O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao 
previsto no contrato.” 
 
c) tu quoque ou estoppel. 
A incidência na exceptio non adimplenti contractus (exceção do contrato não cumprido). 
 
Art. 180, CC: “O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a 
sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se 
maior.” 
 
Art. 588, CC: “O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob cuja guarda estiver, não pode 
ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores.” 
 
Art. 589, CC: “Cessa a disposição do artigo antecedente: 
 
I - se a pessoa, de cuja autorização necessitava o mutuário para contrair o empréstimo, o ratificar posteriormente; 
II - se o menor, estando ausente essa pessoa, se viu obrigado a contrair o empréstimo para os seus alimentos 
habituais; 
III - se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho. Mas, em tal caso, a execução do credor não lhes poderá 
ultrapassar as forças; 
IV - se o empréstimo reverteu em benefício do menor; 
V - se o menor obteve o empréstimo maliciosamente.” 
 
d) duty to mitigate the loss (Enunciado 169, Jornada de Direito Civil; ex: superendividamento; tutela específica 
sob forma de astreintes e a redução de ofício da multa fixada (astreintes); e a Súmula 309, STJ). 
 
 
 
 
 
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STJ 309: “O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações 
anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo.” 
 
Art. 537, nCPC: “A multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase de conheci-
mento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde que seja suficiente e compatí-
vel com a obrigação e que se determine prazo razoável para cumprimento do preceito. 
 
§ 1o O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, modificar o valor ou a periodicidade da multa vincenda ou 
excluí-la, caso verifique que: I - se tornou insuficiente ou excessiva; II - o obrigado demonstrou cumpri-
mento parcial superveniente da obrigação ou justa causa para o descumprimento. 
§ 2o O valor da multa será devido ao exequente.” 
 
e) substancial performance (CC 395; STJ, REsp.272.739/MG.; STJ, REsp.293.722/SP). 
 
Art. 475, CC: “A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato,se não preferir exigir-lhe o 
cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos.” 
 
f) violação positiva de contrato (ex: caso das TV’s de plasma vendidas para a Copa do Mundo, o médico que 
utiliza técnica dolorosa para tratamento terapêutico; a colocação de out-door’s em pontos de difícil visualização). 
Precedente: STJ, REsp.330.261/SC. 
 
Aplicação prática 
 
1. (MP/SP) O ato ilícito produz efeitos jurídicos? Por quê? 
 
2. (TJ/SC) Assinale a alternativa correta: 
 
A) o ato ilícito é fato jurídico; 
B) o ato ilícito é ato jurídico volitivo; 
C) o ato ilícito é ato jurídico inconsciente; 
D) não há qualquer distinção técnica entre ato ilícito e ato jurídico; 
E) nenhuma das opções é correta. 
 
3. (TJ/TO) O estado de necessidade e a legítima defesa excluem sempre a responsabilidade do autor do ato ilíci-
to? Fundamente. 
 
4. (TJ/SP) Relativamente ao estado de necessidade, como excludente do ato ilícito, estabelece o art. 188, II e 
Parágrafo Único, do Código Civil: não constituem atos ilícitos: II – a deterioração ou destruição de coisa alheia, ou 
a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Sobre esse tema, assinale a alternativa correta: 
 
A) se a pessoa lesada ou o dono da coisa não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do 
prejuízo sofrido, a despeito de o causador ter agido em estado de necessidade e constituir este excludente de 
ilicitude; 
B) no caso de dano pessoal ou morte da pessoa, com absolvição criminal definitiva com fundamento em estado 
de necessidade, ainda que a vítima ou o lesado não sejam culpados pelo perigo, o causador da lesão ou morte 
não responde civilmente; 
C) no caso de estado de necessidade, porque o fato não constitui, por expressa disposição legal, ato ilícito, não se 
pode cogitar, em nenhuma hipótese, de indenização em favor de quem quer que seja; 
D) o estado de necessidade pode ser alegado em qualquer fase e em qualquer grau de jurisdição, mas sendo um 
direito personalíssimo daquele que atua no sentido da norma legal, isto é, destruição de coisa alheia ou lesão a 
pessoa, a fim de remover perigo iminente, não se transmite a seus herdeiros no caso de falecimento. 
 
5. (TRF-5a Região) A configuração do abuso do direito exige o elemento subjetivo. 
 
6. (TJ/MG) Abuso no exercício do direito: caracterização – conseqüências – exemplos. 
 
7. (DPOL/MG) O abuso do direito e o ato ilícito, doutrinariamente, identificam-se ou se diferenciam? Justifique a 
sua resposta. 
 
 
 
 
 
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8. (XVI Concurso TRT – 6ª Região/PE) Em que situações o direito brasileiro admite a responsabilidade civil pelo 
dano lícito? 
 
9. (TRT – 3ª Região/MG) A partir do conceito de ato ilícito, distinguir as categorias da antijuridicidade disciplinadas 
no Código Civil de 2002 quanto à estrutura, aos critérios de identificação e às sanções aplicáveis. 
 
10. (TJ/MG) O abuso do direito acha-se incluído na categoria dos atos ilícitos pelo Código Civil de 2002. A ilicitude 
diz respeito à infringência de norma legal. Assim, é correto que, para a caracterização do abuso do direito, o Códi-
go Civil considera que: 
 
A) é imprescindível a noção de culpa; 
B) deve estar presente o dolo; 
C) é dispensável a análise da boa-fé objetiva; 
D) basta o critério objetivo-finalístico. 
 
11. (TRF-5a Região) De acordo com o STJ, a teoria dos atos próprios não se aplica ao Poder Público 
 
12. (TRF-5a Região) O venire contra factum proprium não se configura ante comportamento omissivo 
 
13. (MP/MG) Marli Durant, condômina do Edifício Dijon, propõe em face de Adelino Moreira e Nelson Gonçalves, 
ação cominatória. Alega que esses condôminos ocupam parte do corredor de circulação do Edifício, infringindo a 
lei e a convenção, por se tratar de área de uso comum. Contestando o pedido, Adelino Moreira sustenta a ocor-
rência de usucapião, exibindo a ata da assembléia geral que autorizou, por maioria dos presentes, a ocupação da 
área por ambos os réus, há exatamente vinte anos e um mês. Nelson Gonçalves, na sua defesa, argúi que a ação 
da autora está prescrita e, mesmo que não estivesse, o fato narrado constitui hipótese de exercício inadmissível 
do direito, invocando em seu favor o instituto da supressio. Na impugnação, a autora disse que, além de ser im-
possível usucapião de coisa comum, a ação não estava prescrita e a espécie não configura Verwirkung. Levando 
em consideração que a autora é menor de dez anos de idade que se tornou condômina por falecimento do seu 
pai, responda: 
 
A) quais os elementos caracterizadores da supressio ou Verwirkung; 
B) há princípio positivado no direito brasileiro que permita o seu acolhimento? Explicite e fundamente a sua exis-
tência ou inexistência; 
C) o caso pode ser resolvido à luz daquele instituto? Por quê? 
D) deve ser acolhida a exceção de usucapião ou da prescrição da pretensão? Por quê? 
 
14. (TRF-5a Região) A supressio pode coexistir com os prazos legais da decadência 
 
 
 
 
 
 
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6 
GABARITO 
 
1. 
2. A 
3. 
4. A 
5. FALSO 
6. 
7. 
8. 
9. 
10. D 
11. FALSO 
12. FALSO 
13. 
14. VERDADEIRO

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