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Atos Administrativos - Direito Administrativo em questões

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CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS P/ TCU 
PROFESSOR SANDRO BERNARDES 
www.pontodosconcursos.com.br 1
AULA 3 – ATOS ADMINISTRATIVOS 
 
Olá, amigos, tudo bem? Estamos nós, aqui, para mais uma aula. O 
tempo corre e com isso a (natural) TPC (Tensão Pré-Concurso, rs) 
aumenta. É difícil dizer isso, mas, tenham calma! Tudo tem seu 
tempo. O dia da prova chegará, certamente, e até lá temos O NOSSO 
tempo para seguirmos firmes em nossa preparação. 
Antes de começarmos o assunto de hoje, que é um dos que mais 
gostamos, os atos administrativos, lembramos a todos que o 
concurso desse ano é um em uma série de 3 grandes concursos 
anuais que teremos para o Tribunal, decorrentes daquelas famosas 
600 vagas criadas no Tribunal (ATENÇÃO: lembrar que cargo público 
se cria mediante LEI). Ainda que boa parte de vocês vá passar agora 
(temos certeza, pela qualidade daqueles que acessam o site), é bom 
“consolar”, desde logo, os que não obtiverem êxito nesse certame, 
lembrando que o edital para o próximo já está planejado para abril do 
ano que vem, com provas muito possivelmente em junho, razão pela 
qual não devemos ficar TÃO ansiosos. Sempre haverá uma nova 
chance... Mas vamos dar o nosso máximo para entrar logo, né? É 
melhor esperar a hora do bolo dentro da festa... 
Ah – nessa aula de hoje o número de questões será um pouco menor 
que as demais. Ainda assim, o tamanho da aula é maior do que as 
duas anteriores. É que o assunto “Atos Administrativos” é repleto de 
minúcias, nas quais poderíamos nos deter eternamente. Como não é 
essa nossa intenção, tentaremos ser o mais objetivos possível. 
Como de praxe, a indicação dos temas da aula de hoje, que são os 
seguintes: 
- Conceito de ato administrativo (atos da administração X atos 
administrativos); 
- Elementos do ato; 
- Atributos; 
- mérito administrativo 
- Classificação dos atos administrativos; 
- Extinção dos atos administrativos: revogação e anulação; e, 
- Convalidação do ato administrativo. 
 
Ao fim, o presentinho de sempre: a sugestão de questão discursiva. 
Lembramos aos amigos, todavia, que os temas discursivos precisam 
ser PENSADOS pelos SENHORES, não por nós. Daí, sugerimos que 
antes de nos pedirem a solução da questão (que não será redigida 
por nós), consultem seus apontamentos e a aula, para que busquem 
a solução. No mais, chega de papo! Vamos às questões. 
 
 
 
 
CURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS P/ TCU 
PROFESSOR SANDRO BERNARDES 
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1 (2004/CESPE/PGAM) A doutrina diferencia atos da administração 
de atos administrativos, que se distinguem, entre outras razões, pelo 
fato de os primeiros poderem ser praticados por qualquer órgão do 
Estado, ao passo que os últimos ocorrem unicamente no âmbito do 
Poder Executivo 
GABARITO: ERRADO 
Tema: ATOS ADMINISTRATIVOS – CONCEITO: ATOS DA 
ADMINISTRAÇÃO x ATOS ADMINISTRATIVOS 
Comentários: 
Para a resolução deste item, três questionamentos preliminares são 
necessários: o que são os atos da Administração? Qual o 
conceito de ato administrativo? Apenas o Poder Executivo é 
que pode editar atos administrativos? 
Vamos por partes. 
I - O que são atos da Administração? 
Todo ato praticado no exercício da função administrativa pode ser 
chamado de ato da Administração, correspondendo, portanto, a 
figura bem mais ampla do que o conceito de ato administrativo. Se 
pudéssemos traduzir em linguagem matemática, diríamos que o ato 
administrativo é uma amostra do “universo” ato da Administração (o 
ato administrativo está contido no conjunto dos atos da 
Administração). Em outros termos, o ato administrativo é espécie do 
qual o ato da Administração é gênero. 
Bom, já conseguimos notar, claramente, que a expressão ato da 
Administração é figura mais ampla que ato administrativo, agora, 
cumpre-nos informar quais as demais espécies de ato da 
Administração. De acordo com boa parte da doutrina, dentre os atos 
da Administração, incluem-se: 
? os atos de Direito Privado (doação, permuta, compra-e-venda, 
locação, etc.); 
? os atos materiais da Administração – são atos que envolvem 
apenas execução, como a demolição de uma casa, a apreensão de 
mercadoria, a realização de um serviço, varrer o piso, etc.; 
? os atos de conhecimento, opinião, juízo ou valor – como 
atestados, certidões, pareceres e votos; 
? os atos políticos – são os que estão sujeitos a regime 
constitucional; 
? os contratos; e 
? os atos administrativos propriamente ditos. 
Mas qual a razão de atos de Direito Privado, contratos, e outros não 
serem considerados administrativos? Não são eles emanados pela 
Administração? Isso é verdade, mas para clarearmos a mente do 
concursando, é nosso dever apresentá-los à definição de ato 
administrativo, informando, de antemão, que o conceito de institutos 
de Direito Administrativo sempre é relativamente problemático, afinal 
o ramo jurídico que estamos estudando não tem um texto único que 
consolide, em si, as principais definições da matéria, ou seja, não 
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temos um código de Direito Administrativo, como possuem o Direito 
Penal e o Processual Civil, por exemplo. Mas as dificuldades é que 
fazem a vida melhor. Então, partamos para conceituar o ato 
administrativo. 
II – Conceito de Ato Administrativo 
A doutrina mais clássica define o ato administrativo como sendo a 
medida editada pelo Estado, por meio de seus representantes, no 
exercício regular de suas funções, ou por qualquer pessoa que 
detenha, nas mãos, delegação de poder atribuído pelo Estado, sendo 
que a medida (o ato) terá por finalidade imediata criar, reconhecer, 
modificar, resguardar ou extinguir situações jurídicas subjetivas, em 
matéria administrativa. 
Outra definição bastante conhecida (da professora Di Pietro) 
apresenta o ato administrativo como sendo a declaração unilateral do 
Estado ou de quem o represente que produz efeitos jurídicos 
imediatos, com observância da lei, sob o regime jurídico de Direito 
Público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário. Pedimos licença 
para fazer a citação quanto a esta última autora porque o examinador 
do CESPE simplesmente a adora! Muitas questões dessa banca são 
“ctrl + c e ctrl + v” do livro da professora Di Pietro! 
A partir dos dois conceitos, é possível de pronto excluirmos os atos 
de Direito Privado do conjunto dos atos administrativos, eis que estes 
últimos são regidos predominantemente por normas de Direito 
Público. Sendo declaração UNILATERAL, descartamos os contratos 
administrativos, visto que estes são BILATERAIS. Logo, contratos e 
atos de Direito Privado da Administração Pública são ATOS DA 
ADMINISTRAÇÃO e não atos administrativos. Chamamos atenção, 
ainda, para duas situações: 
a) O silêncio (a omissão) administrativo não é ato administrativo: de 
fato, como ato administrativo é uma DECLARAÇÃO, a omissão não 
pode ser vista, estritamente, como ato administrativo, ainda que, em 
alguns casos, venha a produzir efeitos jurídicos, como a decadência, 
por exempl; e, 
b) alguns atos administrativos apenas o são FORMALMENTE, como os 
atos enunciativos. Como exemplo, tome-se um parecer, que pode ser 
definido como uma opinião de alguém a respeito de uma matéria que 
lhe é submetida à apreciação. Na visão do STF, como o parecer não 
produz nenhum efeito jurídico imediato, sento tão só um ato 
opinativo, não pode ser reputado MATERIALMENTE como ato 
administrativo, mas tão só como ATO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. 
III - Apenas o Poder Executivo é que edita atos 
administrativos? 
A resposta é um sonoro NÃO! É fato conhecido que a tripartição de 
Poderes (Executivo, Legislativo, e Judiciário – art. 2º da CF) não é 
rígida (absoluta), de tal sorte a comportar situações em que os 
demais Poderes (Legislativoe Judiciário) também administram. Quem 
nega que o Legislativo também realiza concursos públicos para 
provimento de seus cargos? quem nega que o Judiciário, tendente à 
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aquisição de nova frota de veículos, sujeita-se à licitação? quem nega 
que todos os Poderes diante de infrações administrativas de seus 
servidores instauram processos administrativos investigatórios? Em 
suma, a exemplo do Executivo (que edita atos administrativos 
formais), os demais Poderes detêm competência (dever-poder) de 
editarem atos administrativos (atos administrativos materiais). Mas, 
BIZU: OS ATOS ADMINISTRATIVOS SÃO TÍPICOS DO PODER 
EXECUTIVO, vez que tal Poder é que tem ao seu encargo a 
realização das tarefas administrativas de Estado, em regra, E ATOS 
ADMINISTRATIVOS SÃO ATÍPICOS AOS DEMAIS PODERES 
(JUDICIÁRIO e LEGISLATIVO). De fato, não incumbência destes 
últimos dois a produção de atos administrativos, os quais, então, lhes 
são atípicos, como dito. 
Depois de toda a explanação, recuperemos nosso item: "A doutrina 
diferencia atos da administração de atos administrativos, que se 
distinguem, entre outras razões, pelo fato de os primeiros poderem 
ser praticados por qualquer órgão do Estado", ao passo que os 
últimos ocorrem unicamente no âmbito do Poder Executivo. 
Unicamente?! Como visto, todos os Poderes editam atos 
administrativos, daí o erro do item. Só a título de realce, a palavra 
unicamente é algo próximo de só, que, por sua vez, é regressiva de 
somente, e, amigos, somente, em prova de concurso quase sempre 
SÓ MENTE!!! 
 
(2005/CESPE/ANTAQ) Acerca da disciplina dos atos administrativos, 
julgue os itens subseqüentes. 
2 - A ausência de previsão constitucional expressa da obrigação do 
administrador de motivar os seus atos não impede que se exija dele essa 
motivação com fundamento na adoção da democracia pelo Estado 
brasileiro, bem como no princípio da publicidade e na garantia do 
contraditório. 
GABARITO: CERTO 
Tema: ATOS ADMINISTRATIVOS – PRINCÍPIOS - MOTIVAÇÃO 
Comentários: 
A questão fala de um princípios mais importantes para o adequado 
funcionamento para um país que se pretende democrático, como o 
Brasil: o da necessidade de a Administração motivar os seus próprios 
atos. 
De fato, entendendo-se a democracia como um regime que conta 
com participação do povo para o gerenciamento da coisa pública, a 
motivação, QUASE SEMPRE se faz obrigatória, para que tal 
participação possa ocorrer. Mas, o que seria MOTIVAR? 
Motivar é, em síntese, EXPOR OS MOTIVOS QUE DETERMINARAM A 
PRÁTICA DE UM ATO, a exteriorização do que levou a Administração 
a produzir determinado ato administrativo. Um exemplo prático torna 
mais clara a situação: na punição de um servidor que tenha praticado 
infração funcional o motivo (que é um dos elementos dos atos 
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administrativos, como será visto) é a própria infração, enquanto a 
motivação seria a exposição dos motivos, contida em ato (ou atos) 
que indiquem as causas, a gradação da pena, a remissão a atos 
precedentes e outros que permitam verificar a existência do motivo 
indicado. Então, um primeiro BIZU: MOTIVO E MOTIVAÇÃO, 
AINDA QUE PRÓXIMOS, NÃO SÃO EXPRESSÕES SINÔNIMAS. 
Divergências doutrinárias também são encontradas quanto à 
necessidade de motivação dos atos administrativos. Contudo, a 
interpretação da Lei 9.784/99 resolve a questão. 
Na citada norma, em seu art. 50, expõe-se que os atos 
administrativos, obrigatoriamente, deverão ser motivados, nas 
situações em que: I - neguem, limitem ou afetem direitos ou 
interesses; II - imponham ou agravem deveres, encargos ou 
sanções; III - decidam processos administrativos de concurso ou 
seleção pública; IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de 
processo licitatório; V - decidam recursos administrativos; VI - 
decorram de reexame de ofício; VII - deixem de aplicar 
jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, 
laudos, propostas e relatórios oficiais; VIII - importem anulação, 
revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo. 
Ora, se a lei determina que, nessas hipóteses, os atos administrativos 
deverão ser motivados, conclui-se que em outras, evidentemente, 
poderão deixar de sê-lo. Assim, nem sempre a motivação dos atos é 
obrigatória. Ainda que desejável, poderá não ser expressamente 
exigida. Nesse sentido, cite-se a possibilidade de exoneração ad 
nutum de um servidor ocupante de cargo em comissão, para a qual a 
Administração é dispensada de apresentar motivação expressa de tal 
decisão. É exemplo, ainda, de situação que prescinde de motivação a 
homologação de processo licitatório, uma vez que as leis não exigem 
para esta expressa motivação. 
Interessante ressaltar que, ainda que não obrigatória em todas as 
circunstâncias, a regra geral é que haja motivação dos atos 
administrativos praticados pelo Poder Público, já que a motivação é 
um princípio LEGAL contido no caput do art. 2º da Lei 9.784/99 (mas 
não é um princípio constitucional expresso, observe-se). Todavia, 
quando os motivos que levaram a prática de um ato forem expostos, 
deverão ser reais, existentes, amparando-se em razões de interesse, 
sob pena de invalidação (anulação) do ato amparado em motivo falso 
ou inexistente. Um caso pitoresco explica melhor o que se afirma. 
A dispensa do servidor ocupante de cargo em comissão é uma das, 
hoje, raras exceções em que se dispensa a motivação expressa do 
ato praticado pela Administração, como dissemos. Suponhamos, 
então, que um ocupante de cargo em comissão tem sua exoneração 
ocorrida, conforme apontado pela Administração em despacho 
fundamentado, pela sua inassiduidade freqüente. O ex-comissionado 
comprova, então, que jamais houvera faltado a um dia de trabalho. 
Sua dispensa poderá (e mesmo DEVERÁ), em conseqüência, ser 
invalidada com fundamento na “teoria dos motivos determinantes”. 
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Tal teoria preceitua que a validade do ato está adstrita aos motivos 
indicados como seu fundamento e sua prática, de maneira que se 
inexistentes ou falsos, o ato será nulo. Mesmo que a lei não exija a 
motivação, como no que se refere à situação utilizada como 
parâmetro, caso a Administração a faça, estará vinculada aos motivos 
expostos. 
Contudo, ao motivar, não significa que a Administração esteja 
“transformando” um ato discricionário em vinculado. De modo algum. 
O ato continua com sua mesma natureza, desde a origem: se é 
discricionário, mantém-se assim, apenas vinculando a Administração, 
quando da motivação, aos motivos declarados. 
Por fim, uma última observação: o item está correta quando diz que 
a Constituição não exige expressamente do ADMINISTRADOR a 
motivação como princípio. Mas é bom lembrar que hoje, PARA AS 
DECISÕES ADMINISTRATIVAS LEVADAS À EFEITO NO ÂMBITO DO 
PODER JUDICIÁRIO, A NECESSIDADE DE MOTIVAÇÃO É EXPRESSA 
NA CF. A bem do esclarecimento, citamos o inc. X do art.93 da 
CF/88: as decisões administrativas dos tribunais serão 
motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo 
voto da maioria absoluta de seus membros. Vê-se que a motivação, 
hoje, não é um princípio absolutamente implícito no texto 
constitucional. Mas seu registro constitucional expresso diz respeito 
às decisões administrativas dos Tribunais Judiciais, não sendo 
diretamente relacionado, portanto, aos administradores públicos. Daí, 
a correção do item que estamos analisando: por mais que a 
motivação seja um princípio explícito na CF/88 hoje, seu comando 
não foi dirigido DIRETAMENTE aos Administradores Públicos, de modogeral. Para estes, a motivação é um princípio LEGAL explícito (art. 2º 
da Lei 9.784/99), que é decorrência de uma série de comandos 
constitucionais, como o princípio da publicidade, por exemplo. 
 
3 - Os atos administrativos cabem, em princípio, aos órgãos do Poder 
Executivo, mas autoridades de outros poderes, como do Poder Judiciário, 
por exemplo, também têm competência para editar atos dessa 
natureza quando no exercício de atividades administrativas. 
GABARITO: CERTO 
Tema: ATOS ADMINISTRATIVOS – CONCEITO - POSSIBILIDADE 
DE EDIÇÃO POR TODOS OS PODERES 
Comentários: 
O item vai ao encontro do que comentamos no item 1 da presente 
aula. Mas vamos acrescer algumas informações 
A Administração Pública, em seu sentido formal, orgânico, 
subjetivo (órgãos, pessoas jurídicas, e agentes), serve como 
instrumento de atuação concreta e imediata do Poder Público, na 
figura do Estado-administrador, portanto, com traços distintivos do 
Estado-legiferante (produtor de normas gerais e abstratas) e Estado-
juiz (o pacificador do conflitos surgidos na sociedade). 
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Como dissemos, o Estado-administrador se faz sentir nos três 
Poderes de todos os Entes Federativos (União; estados; municípios - 
exceção feita ao Poder Judiciário; Distrito Federal). Em síntese: os 
Poderes, embora exerçam suas funções de forma típica 
(predominante), desempenham também atribuições que 
materialmente pertencem a outro Poder, nos termos de autorização 
Constitucional. Por exemplo: o Legislativo, ao lado de sua função 
legiferante, exerce a FUNÇÃO ADMINISTRATIVA quando organiza 
seus serviços internos (art. 51, inc. IV; e art. 52, XIII, da CF/88). O 
Judiciário, ainda que tipicamente seja responsável pela função 
jurisdicional, exerce também FUNÇÃO ADMINISTRATIVA quando 
organiza seus serviços (art. 96, inc. II, alínea "a" e "b", CF/88). 
Em adição, o amigo poderia se questionar: se os demais 
Poderes exercem atividades atípicas, é possível que o 
Executivo também exerça? A resposta é que sim. Embora o 
Executivo precipuamente desempenhe a função administrativa, 
percebemos claramente sinais de exercício de FUNÇÃO ATÍPICA 
NORMATIVA, quando, p. ex., edita atos gerais (art. 84, IV, da 
CF/88); medidas provisórias (art. 62 da CF); e leis delegadas (art. 68 
da CF). Já no que diz respeito à Função Jurisdicional, a doutrina não é 
unânime quanto ao seu exercício pelo Poder Executivo. Mesmo que se 
entenda que se desenvolva no âmbito deste Poder processos 
administrativos e que estes contem com decisões, estas não são 
irreformáveis, dado que sempre poderão ser levadas à apreciação 
judicial, ante o princípio da inafastabilidade de jurisdição, que 
determina que nem mesmo a Lei excluirá da apreciação do Poder 
Judiciários lesão ou a simples ameaça de lesão a direitos. 
Conseqüentemente, não haveria a possibilidade de o Executivo levar 
à efeito a função jurisdicional. Essa, inclusive, é a tese prevalente 
para fins de concurso público: O PODER EXECUTIVO, AINDA QUE 
APRECIE E DECIDA PROCESSOS ADMINISTRATIVOS, NÃO EXERCE 
JURISDIÇÃO, VEZ QUE AS DECISÕES EM TAIS TIPOS DE PROCESSOS 
NÃO GOZAM DA IMUTABILIDADE TÍPICA DAS DECISÕES JUDICIAIS. 
 
4 - À palavra competência, na terminologia técnica adotada no direito 
administrativo, é dado o sentido de capacidade ou habilidade que detém 
um servidor público para editar um ato administrativo. 
GABARITO: ERRADO 
Tema: ATOS ADMINISTRATIVOS - ELEMENTOS 
Comentários: 
Com este item ingressamos na definição do que sejam os elementos 
essenciais de formação de um ato administrativo. De início, 
assinalamos que a nomenclatura varia de autor para autor, alguns 
preferem a utilização da nomenclatura elementos, outros 
requisitos e mesmo pressupostos. Adiantamos que nossa 
preferência é a utilização de elementos, em razão de Lei que 
especificamente trata das “partes” do ato administrativo, a Lei 
4.715/1965. 
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Sendo o ato administrativo uma espécie de ato jurídico (manifestação 
de vontade humana que produz conseqüências jurídicas), forma-se a 
partir de elementos, dentre esses, o agente, o objeto, e a forma, 
que os atos jurídicos em geral, tais como os atos administrativos. 
A mencionada Lei 4.717/65, que trata da Ação Popular, em seu art. 
2º, ao indicar os atos nulos, menciona os cinco elementos dos atos 
administrativos: competência; forma; objeto; motivo; e 
finalidade. Vê-se que os elementos típicos dos atos jurídicos foram 
acrescidos em dois: motivo e finalidade, que seriam os “diferenciais” 
dos atos administrativos. 
Aproveitamos a presente questão, para esmiuçar as particularidades 
do elemento que trata, a competência, que pode ser entendida 
como o poder atribuído pela norma ao agente da Administração para 
o exercício legítimo de suas atribuições. Resulta daí que o ato 
emanado de agente incompetente ou realizado além dos limites de 
sua competência é inválido, por faltar-lhe legitimidade. Ressalvamos 
desde logo, contudo, que o vício (problema) de competência poderá, 
em algumas hipóteses, ser corrigido, por intermédio do instituto da 
convalidação, como veremos mais abaixo. 
O exercício da atividade administrativa, o desempenho da 
competência atribuída por lei, não é algo que possa ser colocado de 
lado pelo administrador público, que tem o dever de zelar não por 
interesses próprios, mas sim pela coisa pública, patrimônio alheio, de 
terceiros, enfim, da coletividade, do que decorre, inclusive, o 
denominado princípio da indisponibilidade do interesse público 
(o interesse público não está sujeito à barganha), de tal sorte que 
não pode o Administrador Público simplesmente renunciar a 
competência que lhe foi atribuída pela norma. Em síntese: 
competência atribuída, competência a ser exercida, em razão, 
sobretudo, do interesse público a ser atendido. 
Outro ponto a ser realçado é que a competência, embora seja 
elemento administrativo de ordem pública, pode ser delegada 
(atribuída a outrem, como p. ex., no parágrafo único do art. 84 da 
CF) e avocada (ato de trazer para si competência de quem lhe é 
subordinado). Nesse sentido, lembramos que a Lei 9.784/99, que 
disciplina o processo administrativo no âmbito federal, estabelece 
que: a competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos 
administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de 
delegação e avocação legalmente admitidos. 
Além destas características (a competência não sujeita a renúncia, é 
delegável e pode ser avocada), observamos que a competência tem a 
natureza de ser, ainda: 
I) intransferível: a competência não se transmite por mero acordo 
entre as partes. Mesmo quando se permite a delegação, é preciso um 
ato formal que registre a prática (ver caput do art. 14 da Lei 
9.784/99); 
II) improrrogável: o mero decurso do tempo não transmuda a 
incompetência em competência. Para a alteração da competência, 
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registre-se, é necessária a edição de norma que especifique quem 
agora passa a dispor da competência; e, 
III) imprescritível o seu não-uso não torna o agente incompetente. 
Não se pode falar, portanto, em “usucapião” de competência. 
Basicamente, pode-se afirmar, com base na doutrina, que a 
competência dos agentes públicos é distribuída a partir de três 
pontos, a saber: 
a) em razão da matéria – leva-se em conta o grau hierárquico e a 
possível delegação, como é exemplo da competência entre os 
Ministérios, segundo o assunto que o é pertinente: saúde, educação, 
transportes etc; 
b) em relação ao âmbito territorial – por exemplo, a competência 
das delegaciaspoliciais que adstringem o âmbito de sua atuação a 
determinada circunscrição (localidade); e 
c) em relação ao limite de tempo – a competência tem início a 
partir da investidura legal e término com o fim do exercício da função 
pública. 
Feita esta longa introdução, passemos à análise do item, 
relembrando-o: À palavra competência, na terminologia técnica 
adotada no direito administrativo, é dado o sentido de capacidade ou 
habilidade que detém um servidor público para editar um ato 
administrativo. 
Equivocada a assertiva. Ainda que a competência, no Direito 
Administrativo, assemelhe-se à capacidade para o Direito Privado, 
afinal, ambas expressam o poder legal para a prática de certos atos, 
não podem, em absoluto, ser utilizadas como sinônimos. 
E qual a razão de não se confundirem, questiona o 
concursando? Como vimos, para o Direito Administrativo, a norma 
fixa quem é competente para a prática do ato. Desse modo, o 
elemento competência deve ser entendido como A QUEM 
COMPETE PRODUZIR O ATO? Não diz respeito à capacidade, mas 
sim ao PODER DE PRATICAR O ATO. Assim, não é competente quem 
quer, ou quem sabe fazer, mas sim quem a norma determinar que é. 
 
5 - (2005/CESPE/DELEGADO-RR) O prefeito de um município 
resolveu alterar as rotas e as paradas de algumas linhas de ônibus, 
visando otimizar o transporte público na cidade. Alguns cidadãos, 
sentindo-se prejudicados, impetraram mandado de segurança a fim 
de que fossem mantidas as condições anteriores. Nessa situação, o 
Poder Judiciário não deverá analisar a conveniência do ato do 
prefeito, sob pena de invadir matéria atribuída ao administrador 
público. 
GABARITO: CERTO 
Tema: ATOS ADMINISTRATIVOS – MÉRITO ADMINISTRATIVO 
Comentários: 
O item cuida do controle judicial dos atos da administração pública, 
que é uma espécie de controle externo. Externo por que realizado 
por um órgão estranho à Administração, o órgão (Poder, na dicção 
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constitucional) Judiciário, que retira a legitimidade para agir a partir 
do próprio texto constitucional que dispõe no inc. XXXV do art. 5º 
que nenhuma ameaça ou lesão de direito pode ser, nem mesmo pela 
lei, excluída da apreciação do Poder Judiciário. Ressaltamos que, no 
Brasil, não existe uma jurisdição administrativa (um sistema 
contencioso administrativo), cabendo, tão-somente, ao Poder 
Judiciário a solução definitiva de litígios. 
No item em análise, o importante é saber quais os fatores são 
aferíveis, são controlados, pelo Poder Judiciário. Adiantamos que 
sua análise resume-se à aferição da legalidade do ato 
administrativo, ou seja, se a conduta do administrador público foi 
realizada com fundamento nas normas jurídicas em vigor (decretos, 
regulamentos, leis, instruções normativas etc.). É no contraste de 
tais diplomas normativos com o exercício funcional do servidor que o 
Poder Judiciário poderá desfazer os atos eivados de ilegalidade. 
Diferentemente da legalidade, o mérito administrativo 
corresponde à liberdade (com limites) de a autoridade administrativa 
escolher determinado comportamento e praticar o ato administrativo 
correspondente, referindo-se ao juízo de valor sobre a 
conveniência e a oportunidade da prática do ato 
administrativo. 
Em decorrência do mérito administrativo, a Administração pode 
decidir ou atuar valorando internamente as conseqüências ou 
vantagens do ato, traduzindo-se, pois, na valoração dos motivos e na 
escolha do objeto do ato, feitas pela Administração incumbida de sua 
prática, quando autorizada a decidir sobre a conveniência, 
oportunidade e justiça do ato a realizar. Em síntese, o mérito 
administrativo poderia ser definido com uma espécie de liberdade 
administrativa, a qual, contudo, não é ilimitada. De fato, a liberdade 
dada ao administrador público para tomar determinadas decisões não 
pode ser entendida como arbítrio, ou seja, irrestrita liberdade, dado 
que A LEI, direta ou indiretamente, sempre constitui limite ao 
exercido da atividade administrativa. 
Por conseqüência da definição que demos de mérito, observamos que 
este é ligado ao ato discricionário, assim entendido como aquele ato 
em que há liberdade, margem de flexibilidade de atuação, conferida 
legalmente à Administração, a qual sempre imporá limites. Para que 
fique mais fácil: o ato é discricionário quando há pelo menos duas 
alternativas juridicamente válidas para que a Administração Pública 
possa valorar entre ambas, ou seja, pelo menos duas saídas 
jurídicas. Como exemplo, tomemos a licença capacitação, prevista no 
art. 87 da Lei 8.112/90, o qual é citado para facilitar a explicação: 
Após cada qüinqüênio de efetivo exercício, o servidor poderá, no 
interesse da Administração, afastar-se do exercício do cargo 
efetivo, com a respectiva remuneração, por até três meses, para 
participar de curso de capacitação profissional. Sem dificuldade, 
percebe-se que cumpre à Administração Pública deferir, ou negar, o 
pedido da licença capacitação, conforme tenha interesse, ou não, no 
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curso pretendido pelo servidor público. Fica a pergunta, então: 
QUANDO A ATUAÇÃO É DISCRICIONÁRIA, E, POR CONSEQUÊNCIA, 
QUANDO HÁ MÉRITO NO ATO ADMINISTRATIVO CONSEQUENCIAL? 
Basicamente, pode-se apontar que há discricionariedade, em 
situações de normalidade administrativa, em três casos: 
I) a própria lei concede a possibilidade à Administração de agir de 
forma discricionária, como no caso de remoção de ofício do servidor, 
para atender necessidade de serviço; 
II) a lei é omissa, dado que não há viabilidade de se prever por 
meio de normas de cunho geral e abstrato toda as hipóteses que 
surgirão para a decisão administrativa. Assim, cabe à Administração 
decidir, em razão do “vazio da norma”, sempre tendo em conta o 
interesse público que deve ser atingido 
III) a lei prevê certa competência, mas não a conduta a ser 
adotada, diante de determinada situação. Melhor exemplo a ser dado 
no que se refere a último caso é em matéria de poder de polícia, para 
o exercício do qual é impossível traçar todas as condutas possíveis 
diante de lesão ou ameaça de lesão à vida, à segurança pública, etc. 
Lembramos que a CF/88 consagra a separação (não absoluta) das 
funções de Estado, quando trata da independência dos Poderes, em 
seu art. 2º. Nesse sentido, é clássica a afirmativa que não cabe ao 
Judiciário rever os critérios adotados pelo administrador, a não 
ser que sob a rotulação de mérito administrativo encontre-se inserida 
qualquer ilegalidade resultante de abuso ou desvio de poder. De fato, 
não fosse assim, seria melhor o Juiz (o Poder Judiciário) substituir o 
administrador, assumindo o papel deste. Caberia, por exemplo, ao 
Juiz determinar por onde passará o ônibus e quais serão suas 
paradas, o que é impensável. 
Todavia, a doutrina mais moderna tem apontado que é cada vez 
menor a discricionariedade da Administração, em razão da ampliação 
dos fundamentos que permitem o controle judicial dos atos 
administrativos. Embora permaneça válida, para fins de 
concurso, que ao Poder Judiciário não é dado o exame do 
mérito do ato administrativo, nota-se, atualmente, forte tendência 
a reduzir-se o espaço entre a legalidade e o mérito, admitindo-se a 
apreciação judicial sobre a legalidade da discricionariedade e dos 
limites de opção do agente administrativo, sobremodo em face dos 
novos princípios diretores da atividade administrativa e de teorias 
que permitem a aferição da LEGALIDADE do ato discricionário. 
Princípios como os da razoabilidade e proporcionalidade e teoria como 
a dos motivos determinantes e do desvio de finalidade estreitam, 
cada vez mais, a faixa de liberdade concedida à AdministraçãoPública que se convencionou chamar de mérito administrativo. 
Em síntese, a alteração das rotas e das paradas pelo Sr. Prefeito é ato de 
governo, decorrente de sua opção política (conveniência e oportunidade – 
ato discricionário), de tal sorte que não poderá o Poder Judiciário invadir o 
mérito dessa decisão, substituindo a atuação daquele Administrador, sob 
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pena de afrontar um dos alicerces de nosso Estado de Direito Democrático, 
qual seja, a separação e harmonia entre os Poderes, consagrado 
constitucionalmente. 
 
6 - (DELEGADO/PF/2004) Ocorre a extinção do ato administrativo 
por caducidade quando o ato perde seus efeitos jurídicos em razão de 
norma jurídica superveniente que impede a permanência da situação 
anteriormente consentida. 
GABARITO: CERTO 
Tema: ATOS ADMINISTRATIVOS – FORMA DE EXTINÇÃO 
Comentários: 
Se fôssemos afeitos à aposta, diríamos que a parte de atos 
administrativos, com realce para as formas de desfazimento 
(retirada, extinção, invalidação), tem reais chances de constar na 
Prova do TCU. 
As formas tradicionais, corriqueiras, de desfazimento (extinção) dos 
atos administrativos são a revogação e a anulação. Entretanto, 
tratando-se de concurso promovido pelo CESPE, devemos atentar 
para todas as possibilidades. 
Em síntese, os atos administrativos podem ser extintos: 
I. pelo cumprimento de seus efeitos – é a forma natural de 
extinção. P. ex.: autorização Municipal para Festa de Rua em 
determinado final de semana, vencido o final de semana, extinto 
estará o ato administrativo. 
II. pelo desaparecimento do sujeito ou objeto da relação. P. 
ex.: a Administração permite a exploração de comércio por pessoa 
física, que vem a falecer (extinção subjetiva). A Administração 
Municipal permite o uso privativo de espaço público à pessoa física, o 
terreno é desapropriado pela União, permanece vivo o sujeito, mas o 
objeto (exploração do espaço) não é mais possível (extinção 
objetiva); 
III. pela retirada do ato pelo Poder Público, que pode ocorrer 
das seguintes formas, com os efeitos conseqüenciais: 
- Contraposição: 
Ocorre na sobrevinda de ato com efeito contraposto ao ato 
anteriormente emitido. É o caso de exoneração de servidor, que tem 
efeitos contrapostos à nomeação. 
- Cassação 
- É a forma de extinção do ato que se aplica quando o beneficiário 
descumpre condições que permitam a manutenção da situação, com 
os efeitos decorrentes. É exemplo de cassação: quando se concede 
licença a um estabelecimento para que funcione como hotel e, 
posteriormente, passa funcionar como “casa de tolerância”. Neste 
caso, a licença para funcionamento do hotel será cassada. 
- Anulação ou Invalidação 
A Anulação é o desfazimento do ato por razões de ilegalidade. Não se 
pode, de maneira alguma, confundir-se anulação com revogação 
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(vista mais abaixo): a primeira, refere-se à critérios de legalidade, e 
pode ser decretada pelo Judiciário ou por aquele que expediu o 
próprio ato (princípio da auto-tutela); a segunda, insere-se na esfera 
de competência apenas daquele que expediu o ato, e diz respeito à 
critérios de conveniência e oportunidade em se manter um ato 
legítimo no mundo jurídico. Assim, não pode o Judiciário revogar atos 
de outro poder, mas tão somente anulá-los, quando eivados de vício 
de ilegalidade. A propósito, cite-se a consagrada Súmula/STF 473, 
que estabelece: A Administração pode anular seus próprios atos, 
quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se 
originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência e 
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvados, em 
todos os casos, a apreciação judicial. 
Há profunda divergência entre os autores brasileiros quanto à atitude 
a ser adotada pela Administração Pública ao verificar a ilegalidade de 
um ato que praticou: é seu dever anulá-lo ou é mera faculdade? 
O melhor entendimento que se faz é o seguinte: a Administração, ao 
verificar ilegalidade em ato que praticara tem o DEVER de anulá-lo. 
Contudo, tal obrigação poderá ser flexibilizada, conforme se verá 
mais à frente, ao falarmos da convalidação dos atos administrativos. 
Em determinados casos, a Administração poderá deixar de anular 
determinados atos, ainda que ilegais, quando o interesse público o 
exigir. O que explica a situação é a prevalência do princípio do 
interesse público sobre a legalidade estrita. 
De qualquer forma, a regra geral é que os atos nulos não geram 
efeitos, com a anulação produzindo efeitos ex tunc, é dizer, 
retroagindo à origem do ato viciado, “fulminando o que já ocorreu, no 
sentido de que se negam hoje os efeitos de ontem”. Protegem-se, 
ressalte-se, os efeitos decorrentes do ato posteriormente anulado: no 
caso de atos produzidos por servidores nomeados ilegalmente 
surtirão efeitos junto a terceiros de boa-fé, ainda que o desempenho 
das funções do servidor ilegalmente investido no cargo tenha sido 
ilegítimo. 
Isso não implica dizer que os efeitos do ato nulo se perpetuarão, 
podendo ser estendidos a terceiros. Não se pode, ao amparo de 
ilegalidade, dar origem a outra ilegalidade. Garante-se o que já se 
verificou, mas não situações futuras. Deve a Administração, sob o 
fundamento do princípio da legalidade, proceder a anulação do ato 
viciado, evitando que novas ilegalidade sejam perpetradas. 
Quando o ato a ser anulado atingir direitos individuais deverá ser 
aberto o contraditório aos atingidos pela anulação, conforme já 
decidiu o STF, em razão do princípio do contraditório e da ampla 
defesa. Como exemplo de tal situação, pode-se citar o §3º, art. 49 da 
Lei 8.666/93, que determina a instauração do contraditório antes da 
produção do ato administrativo que determinará o desfazimento do 
processo licitatório por anulação. 
Com relação ao direito da Administração de anular atos ilegais que 
tenham produzido efeito favoráveis a terceiros o prazo é de 5 anos 
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contados da prática do ato (prazo decadencial), salvo comprovada 
má-fé por parte do destinatário do ato. Exemplifique-se essa última 
situação. 
Suponhamos que um servidor apresente para a sua aposentadoria 
uma certidão de tempo serviço em atividade rural, que, mais tarde, 
6, 7 anos depois, ou até mais, descobriu-se DOLOSAMENTE 
falsificada pelo beneficiário do ato, o servidor aposentado. Nesse 
caso, não ocorreria a decadência, em razão da má fé subjetiva do 
servidor. 
- Revogação 
Aqui, a retirada do ato administrativo do mundo jurídico se dá por 
razões de oportunidade e conveniência. Na revogação, um ato 
administrativo legítimo e eficaz (gerador de efeitos), é suprimido pela 
Administração – e somente por ela – por não mais lhe convir sua 
existência. 
A revogação pressupõe, portanto, um ato legal e perfeito, mas que se 
tornou inconveniente ao interesse público, sendo certo que é 
inerente ao poder discricionário da Administração. A revogação do 
ato opera da data em diante, ou seja, tem efeitos ex nunc 
(proativos). 
Destacamos que há categorias de atos que são irrevogáveis, desde o 
seu nascedouro, ou assim se tornam por circunstâncias 
supervenientes à sua edição, a exemplo daqueles que geram direitos 
subjetivos aos destinatários, os que exaurem desde logo os seus 
efeitos e os que transpõem prazos dos recursos internos, decaindo a 
Administração do poder de modificá-los ou revogá-los. 
Sob esse aspecto, aliás, é de se ressaltar que é entendimento pacífico 
da doutrina e na jurisprudência que a correta interpretação do 
Enunciado n. 473 da Súmula do STF (A Administraçãopode anular 
seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, 
porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de 
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e 
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial) leva à conclusão 
de que não pode ser revogado unilateralmente ato do qual resultaram 
direitos adquiridos. 
Duas outras formas de extinção são, ainda, citadas pela 
doutrina: a renúncia - efetuada pelo beneficiário de determinada 
situação jurídica constituída por ato administrativo, p. ex., servidor 
inativo desejoso de reassumir cargo na Administração, por 
inacumulável, abre mão da aposentadoria), e a caducidade - 
quando a norma jurídica posterior torne inadmissível a permanência 
do ato, pois este passa a ir de encontro ao ordenamento jurídico, o 
que responde ao quesito em análise. 
Muita vezes o problema do concursando é conseguir guardar o 
conceito do instituto, por isso, aconselhamos para o Direito 
Administrativo, dada sua grande abstração, um caminho inverso, 
primeiro tentar detectar um exemplo prático, depois passar ao 
conceito. Abaixo um exemplo de um caso prático de caducidade: 
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Uma empresa recebe do Poder Público municipal alvará para 
veiculação de publicidade em área privada, onde pretende colocar 
painel distanciado 300 metros da subida de um viaduto. No curso da 
exploração publicitária, sobrevém lei municipal alterando o regime de 
veiculação de publicidade, passando a proibir a colocação de painéis, 
avisos luminosos ou cartazes numa distância de 500 metros de 
subida de viadutos. Nesse caso, ocorre a caducidade do ato de 
autorização inicial, porque impedido pela lei posterior. 
BIZU: enquanto na CADUCIDADE NORMA POSTERIOR impede que 
ATO ANTERIOR continue a produzir seus efeitos regulares, na 
contraposição ATO POSTERIOR impede que ATO ANTERIOR continue 
a produzir efeitos. 
Por fim, alertamos aos amigos para que dêem bastante atenção à 
anulação e revogação, por se tratarem das formas mais tradicionais 
de extinção dos atos administrativos. 
 
7 - (2007/CESPE/PGE-PA/ADVOGADO) A revogação do ato 
administrativo pode ser operacionalizada por meio de outro ato 
administrativo ou por meio de decisão judicial. 
GABARITO: ERRADO 
Tema: ATOS ADMINISTRATIVOS – FORMAS DE EXTINÇÃO - 
REVOGAÇÃO 
Comentários: 
Essa questão é para complementar a anterior. Vimos que a 
revogação é a extinção de um ato administrativo que, apesar de 
legítimo, não atende mais o interesse público. Ocorre em razão de 
conveniência e oportunidade. Aliás, ocorre pela FALTA de 
conveniência e de oportunidade de se manter um ato no mundo 
jurídico. É a revogação, então, essencialmente discricionária, cabendo 
àquele órgão/poder que emitiu o ato analisar se este deve, ou não, 
ser mantido em seus efeitos. Ou seja, diz respeito ao juízo de valor 
do emitente do ato (a Administração Pública) quanto à utilidade da 
manutenção do ato, tendo em conta o interesse público. Ora, essa 
avaliação diz respeito ao MÉRITO em si da manutenção do ato, o 
qual, como se disse em algumas oportunidades na aula de hoje, não 
cabe ao Judiciário invadir. Assim, o erro da questão: DECISÃO 
JUDICIAL não revoga ato administrativo, em razão, sobretudo, da 
independência dos poderes consagrada no art. 2º da CF/88. 
Agora, vejam a seguinte frase: o Poder Judiciário JAMAIS revoga ato 
administrativo. Gabarito, sem dúvida, ERRADO. Errado? Como? 
Simplesmente porque o Judiciário pode estar, ATIPICAMENTE, 
exercendo o papel de Administrador. Nesse cabe, SÓ O JUDICIÁRIO, 
que é o emitente do ato, poderia revogar o ato em questão. Contudo, 
ainda assim, não é uma decisão JUDICIAL do Poder Judiciário, mas 
sim ADMINISTRATIVA desse Poder. 
 
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8 - (2002/CESPE/TJ-AC/Assist. Jurídico) Ato simples é aquele 
que depende da vontade de apenas um órgão da administração 
pública, não importando que seja órgão simples ou colegiado. 
GABARITO: CERTO 
Tema: ATOS ADMINISTRATIVOS – CLASSIFIAÇÃO – ATOS 
SIMPLES 
Comentários: 
Como de costume, precisamos vencer alguns conceitos iniciais, antes 
de adentramos, especificamente, na classificação dos atos quanto 
à formação de vontade. Inicialmente, do item, surge a seguinte 
dúvida preliminar: o que são órgãos simples e órgãos 
colegiados? 
Órgãos são unidades abstratas que traduzem as várias atribuições do 
Estado, sem vontade própria, pois destituídos de personalidade 
jurídica (lembram da aula 1?). 
Quanto à estrutura, os órgãos podem ser simples ou colegiados ou 
colegiais, sejam suas decisões adotadas individualmente ou 
coletivamente pelos agentes que os integram. P. ex.: a Presidência 
da República é um órgão simples, no sentido de que suas decisões 
são adotadas diretamente pelo agente político Presidente da 
República. 
Já as decisões tomadas no âmbito do Tribunal de Contas da União, 
regra geral, são colegiadas, afinal de contas, o TCU é integrado por 
nove Ministros. Um outro exemplo clássico de órgão de natureza 
colegiada é a comissão de licitação, compostas por, no mínimo, três 
membros (art. 51 da Lei 8.666/93). Observamos que as deliberações 
do órgão colegiado são imputadas a todo o colegiado, tirante, é claro, 
ressalva expressa de um membro do colegiado que seja divergente, 
conforme registrado em ato de reunião. 
Sentimo-nos, agora, com conforto para a apresentação da 
classificação dos atos quanto à composição da vontade 
produtora, que são: simples; compostos; e complexos. Vamos 
nos ater aos atos simples, pelo fato de que na próxima questão 
exploraremos os conceitos de atos compostos e complexos. 
Os atos simples são aqueles produzidos pela manifestação de um 
único órgão (esta é a palavra-chave, único órgão). Podem ser simples 
singulares e simples colegiados. Na primeira hipótese, os atos são 
produzidos por um único órgão e manifestação de uma única 
autoridade, p. ex., habilitação para dirigir emitida pelo DETRAN. No 
segundo caso, o ato é emanado a partir da conjugação de uma 
pluralidade de vontades dos membros do colegiado, como são as 
decisões dos Tribunais de Contas, dos Conselhos etc. 
 
9 - (2001/CESPE/Assist. Jurídico do DF) Ao ato administrativo 
cuja prática dependa da vontade única de um órgão da 
administração, mas cuja exequibilidade dependa da verificação de 
outro órgão, dá-se o nome de ato administrativo composto. 
GABARITO: CERTO 
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Tema: ATOS ADMINISTRATIVOS – CLASSIFICAÇÃO – ATO 
COMPOSTO x COMPLEXO 
Comentários: 
No que diz respeito ao conceito de atos complexos e compostos não 
há grande divergência doutrinários. O problema, como perceberemos, 
é relativamente aos exemplos oferecidos pelos autores. 
Como apontado, quanto à formação de vontade, os atos 
administrativos classificam-se em: simples, complexos, e compostos. 
O ato simples, apenas para relembrar, é aquele que decorre da 
declaração de vontade de um único órgão, seja singular ou colegiado. 
Por sua vez, os atos complexos decorrem de duas ou mais 
manifestações de vontade, mas que se fundem para a formação de 
um único ato (esta parte final é o "bizu" a ser guardado, formação 
de um único ato). Exemplos: 1) nomeação do Presidente da 
República de nome constante em lista tríplice elaborada por Tribunal, 
a partir da aprovação do nome da autoridade pelo Senado; 2) Ato de 
aposentadoria: na visão do STF, é complexo, vez que é emitido pelo 
órgão de lotação do servidor, mas sujeita-se ao registro (apreciação) 
pelo Tribunal de Contas respectivo (vejam o inc. III do art. 71 da 
CF/88). 
Já os atos compostossão aqueles que resultam da manifestação de 
dois ou mais órgãos, em que a vontade de um é instrumental em 
relação à de outro, que edita o ato principal, praticando-se, em 
verdade, dois atos: um principal e outro acessório. Por exemplo, a 
homologação é ato acessório do procedimento de licitação. De modo 
geral, os atos sujeitos a visto são entendidos, para fins de concursos 
público, como atos compostos. 
Em síntese, nos atos compostos, a vontade do órgão que edita o ato 
acessório é instrumental em relação à vontade do outro órgão que 
edita o ato principal, sendo, portanto, o acessório complemento ou 
pressuposto do principal; nos complexos, as vontades são 
homogêneas, resultando da declaração de vários órgãos de uma 
mesma entidade ou entidades distintas, portanto, com identidade de 
conteúdo e de fins. 
 
10 - (2004/CESPE/TCU/PROCURADOR) Todo ato administrativo 
exige motivação, sob pena de invalidade, podendo esta ser declarada 
pela autoridade hierárquica superior. 
GABARITO: ERRADO 
Tema: ATOS ADMINISTRATIVOS – MOTIVO x MOTIVAÇÃO 
Comentários: 
Como dito no item 2, o princípio da motivação é considerado um 
dos alicerces de um Estado Democrático de Direito. A todos os 
cidadãos é dado conhecer as razões pelas quais são tomadas as 
decisões administrativas. 
Assim, as decisões, quer administrativas, quer judiciais, devem 
apontar os fundamentos de direito e de fato, bem como a correlação 
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lógica entre os eventos e situações que deram por existentes a 
providência tomada. 
A sua importância, como afirmamos, tem relevo constitucional, 
inclusive, o art. 93, X, da Constituição Federal, registra a obrigação 
de que sejam motivadas as decisões administrativas do Poder 
Judiciário, muito embora o princípio da motivação não esteja 
expresso entre aqueles previstos, explicitamente, para a 
Administração Pública como um todo, no caput do art. 37 da 
Constituição Federal. 
Algumas Constituições Estaduais, como a Constituição do Estado de 
São Paulo e a Lei Orgânica do Distrito Federal (art. 19), já registram, 
expressamente, a obrigação de motivar as decisões administrativas. 
Todavia, na Carta Federal, não há uma MENÇÃO EXPRESSA ao 
princípio da motivação para os atos da Administração Pública de 
modo geral, como dissemos logo acima. Hoje, a motivação é um 
princípio EXPRESSO também para a Administração Pública FEDERAL 
em razão da LEI 9.784/99, geral para os processos administrativos 
da União. Ou seja, a MOTIVAÇÃO, que é um princípio, sem dúvida, na 
CF/88 é DECORRÊNCIA de alguns dispositivos, como o princípio da 
publicidade, o princípio republicano, da democracia, etc. A motivação, 
portanto, é um princípio explícito NA LEI, PARA A ADMINISTRAÇÃO 
PÚBLICA FEDERAL. 
Certa divergência surge quanto à obrigatoriedade de se motivar ou 
não atos discricionários. Para parte da doutrina, não há 
necessidade de motivação dos atos discricionários. Com todo respeito 
a esses estudiosos, o entendimento que deve ser guardado para fins, 
sobretudo de concurso público, é que os ATOS ADMINISTRATIVOS, 
INDEPENDENTE SE DISCRICIONÁRIOS OU VINCULADOS, DEVEM, EM 
REGRA, SER EXPRESSAMENTE MOTIVADOS! Aliás, como 
notaremos logo abaixo, a Lei 9.784/99 determina a motivação 
do ato de revogação, que, como temos notícia, é ato 
discricionário. 
Registramos que a motivação é essencial ao controle judicial do ato 
administrativo, principalmente sua conformação com os princípios da 
legalidade, finalidade, razoabilidade e proporcionalidade, oferecendo 
segurança e certeza aos administrados de que os motivos alegados 
efetivamente existiam ou foram aqueles que garantiram a 
providência contestada. 
AGORA A PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR: todos os atos 
administrativos precisam de motivação? Obviamente NÃO. O 
exemplo clássico de concurso público de ato que dispensa a 
motivação é a exoneração de detentores de cargos 
comissionados, os conhecidos cargos de confiança (são exoneráveis 
“ad nutum”). Esse exemplo seria suficiente para “enterrarmos”, 
solenemente, a validade do item em análise, entretanto, permitimo-
nos outras considerações. 
A Lei 9.784/99, em seu art. 50, fornece-nos um rol de atos 
administrativos que deverão ser motivados, são eles: 
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I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; 
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; 
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção 
pública; 
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo 
licitatório; 
V - decidam recursos administrativos; 
VI - decorram de reexame de ofício; 
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou 
discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; 
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação 
de ato administrativo. 
Os §§ 1º ao 3º traz as seguintes diretrizes: 
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, 
podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos 
de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, 
neste caso, serão parte integrante do ato. 
§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser 
utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das 
decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos 
interessados. 
§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou 
de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo 
escrito. 
O amigo poderia se questionar: preciso mesmo decorar esta lista 
do art. 50? Afinal de contas, é uma listagem fechada, 
exaustiva? A nossa resposta é que não precisa decorar coisa 
alguma, mas sim entender! 
Amigos, notem que o rol (exemplificativo) só fornece casos de atos 
que, de alguma forma, neguem, limitem, ou afetem direitos ou 
interesses, o que caminha paralelamente ao nosso raciocínio, ou 
seja, a motivação só se faz necessária, p. ex., para garantir a 
interessados o exercício do contraditório e da ampla defesa. 
Logo, não é razoável exigir a motivação (a exteriorização de motivos) 
de atos com efeitos meramente internos, como ofícios, memorandos 
etc. Para que exija a motivação, o ato deve de alguma forma 
restringir o alcance de outrem. Por exemplo: na condição de gestor 
público, você motivaria o ato de homologação de concurso 
público ou de licitação? A resposta deve partir do raciocínio 
anterior: o ato reduz os direitos/interesses de terceiros ou garante 
fruição de direitos? NÃO! Então, não precisa motivar. Outro exemplo: 
um servidor regido pela 8.112/90 pede uma licença capacitação, cuja 
concessão é essencialmente discricionária (dêem uma olhadinha nos 
comentários à questão 2 mais acima). O pedido é indeferido pela 
Administração. Precisa motivar? SIM, vez que nega INTERESSE 
(ainda que não haja DIREITO à obtenção de tal licença). É isso! 
 
11 - (2004/CESPE/TCU/PROCURADOR) Atos administrativos 
ilegais estão sujeitos à convalidação quando não acarretarem lesão 
ao interesse público nem prejuízo a terceiros, ainda quando 
inexistente o motivo do ato. 
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GABARITO: ERRADO 
Tema: ATOS ADMINISTRATIVOS - CONVALIDAÇÃO 
Comentários: 
o tema convalidação desperta curiosidades, sobretudo, em razão de 
sua grande atualidade para o mundo “concursístico”. 
Inicialmente, antes de maiores detalhes, podemos entender a 
convalidação como um ato administrativo mediante o qual um ato 
viciado é corrigido, mantido no mundo jurídico, a despeito de conter o 
vício em si. A convalidação de atos viciados ocorre sobretudo em 
razão de segurança jurídica, sendo realizada com efeitos 
retroativos (ex-TUNC).A convalidação pode derivar de um ato da 
Administração, como é fato comum, ou de um ato do particular 
afetado pelo provimento viciado (quando recebe o nome de 
saneamento, cuidado!). 
Desta forma, a convalidação se dá, via de regra, por meio de ação 
administrativa, em que se edita um segundo ato, remetendo-se, 
retroativamente, ao ato inválido para legitimar seus efeitos 
pretéritos. Já a convalidação por um ato do particular afetado ocorre 
quando a manifestação deste era um pressuposto legal para a 
expedição de ato administrativo anterior que fora editado com 
violação dessa exigência. 
Consideramos oportuno registrar que há certa divergência entre os 
autores pátrios quanto à possibilidade ou não de aplicação do 
instituto da convalidação em caso de ilegalidade de um ato 
administrativo qualquer, oportunidade que surgem duas teorias: a 
monista e a dualista. 
Conforme a primeira, se o ato está eivado de vício, não há como 
cogitar sua correção, defendendo-se, portanto, a nulidade de 
quaisquer atos, sem a possibilidade de convalidação (ato nulo é ato 
insanável, irremediável). 
Já para a segunda (dualista), como o próprio nome denuncia, existem 
atos sim nulos (vícios insanáveis), porém, não se afasta a 
possibilidade de correção de determinados vícios (sanáveis – atos 
anuláveis), em atendimento ao princípio da segurança jurídica. 
Perceberemos, a seguir, que a teoria monista não é adotada no 
Direito Administrativo Moderno, sendo válida a dualista, sobretudo 
para fins de concurso público. 
A convalidação recebe o nome de ratificação, quando decorre da 
mesma autoridade que produziu o ato; recebe o nome de 
confirmação, se procede de outra autoridade. 
A pergunta que não quer calar: todo vício é sujeito à correção, a 
saneamento, à retificação? Com certeza não. 
A Lei de Processo Federal (Lei 9.784/1999) estabelece, no art. 55, 
que só poderá ser convalidado o ato que não acarretar lesão ao 
interesse público nem prejuízo a terceiros. Esse é um pressuposto 
para que se cogite da possibilidade de convalidar um ato 
administrativo, pelo que está correta a primeira parte do item (Atos 
administrativos ilegais estão sujeitos à convalidação quando não 
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acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros). 
Todavia, trata-se, ainda, da possibilidade de se convalidar um ato 
especificamente com problemas com relação ao elemento motivo, um 
dos cinco que compõem os atos administrativos, como vimos na 
questão 4. 
A doutrina prevalente é no sentido de que não se admite 
convalidação de ato viciado quanto aos motivos. A razão é 
visível: o motivo é o que leva a alguém a agir. Ou ocorreu ou não 
ocorreu. Como corrigir algo que, por exemplo, não ocorreu? Fazendo 
ocorrer no passado um motivo qualquer já em momento futuro? Há 
uma impossibilidade fática de convalidação de vício de motivo, como 
se vê. Por isso, inconvalidável vício de motivo. 
Quanto aos demais elementos dos atos administrativos e 
possibilidade de convalidação quando viciados, podemos resumir da 
seguinte maneira: 
I) Competência: praticado um ato por autoridade incompetente, o 
mesmo pode ser convalidado pela autoridade que detenha 
competência para tanto. Contudo, atos de competência exclusiva que 
tenham sido praticados por outras autoridades não podem ser 
convalidados. De fato, se a norma jurídica atribuiu, DE FORMA 
EXCLUSIVA, competência a alguém somente aquele que detém tal 
autorização poderá praticar o ato; 
 II) Forma: O vício de forma pode ser objeto de convalidação, desde 
que ela não seja essencial à validade do ato. Por forma essencial 
entenda-se forma necessária à validade do ato e determinada pela 
norma; 
III) Objeto: não pode ser convalidado, porque também inviável, tal 
como no motivo. Expliquemos: imagine que uma matéria qualquer 
(não importa a natureza) tivesse que ter sido objeto de uma 
autorização. Todavia, a Administração edita, equivocadamente, uma 
permissão. Percebido o erro, a Administração aproveita o ato de 
permissão transformando-o em autorização. Mesmo que se aceitasse 
essa duvidosa “transformação”, esta não poderia ser vista como 
convalidação, mas sim conversão de um ato em outro; e 
IV) Finalidade: não é possível convalidação. De fato, um ato 
administrativo praticado visando fins outros que não sejam o 
interesse público deverá ser anulado, responsabilizando-se quem deu 
causa à nulidade. 
Com tudo o que foi exposto, o item estaria resolvido: não se permite 
convalidação de vício de motivo. Tratando-se do ato, elemento a 
elemento, só é permitida convalidação quanto à COMPETÊNCIA 
(desde que não exclusiva) e à FORMA (desde que não essencial). 
Todavia, não podemos nos furtar de tratar de uma questão 
espinhosa: a convalidação é, via de regra, ato discricionário ou 
vinculado? 
Ao examinarmos a questão a luz da Lei de Processo Administrativo 
Federal (9.784/99), seríamos levados à assertiva de que a 
convalidação é ato discricionário, vejamos a redação: 
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Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao 
interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem 
defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria 
Administração. 
Entretanto, este não tem sido o raciocínio das principais bancas de 
concurso, em razão de novas teses doutrinárias. De acordo com 
entendimentos de vários autores de peso do Direito Administrativo 
Brasileiro, a Administração não tem discrição administrativa que lhe 
permita escolher com liberdade se convalida um ato viciado ou se 
deixa de fazê-lo. Para estes, sempre que a Administração esteja 
perante ato suscetível de convalidação e que não haja sido 
impugnado pelo interessado, estará na obrigação de convalidá-lo. 
Entretanto, a convalidação poderá ser discricionária quando se tratar 
de vício de competência em ato de conteúdo discricionário, 
pois, nesta situação, cabe ao superior hierárquico decidir se confirma 
ou não o ato praticado por um subordinado que não poderia fazê-lo, 
ante a falta de competência. É discricionária a convalidação, neste 
último caso, pois a autoridade competente deverá analisar se 
adotaria o mesmo comportamento do subordinado que não dispunha 
da competência para agir. 
 
12 - (2007/CESPE/NOTÁRIOS-SE) A presunção de legitimidade e 
de veracidade dos atos administrativos depende de norma 
infraconstitucional que a estabeleça. 
GABARITO: ERRADO 
Tema: ATOS ADMINISTRATIVOS – ATRIBUTOS – PRESUNÇÃO DE 
LEGITIMIDADE 
Comentários: 
Para “enterrarmos” o item, devemos ter em mente o que significa a 
figura de um atributo administrativo, mas, antes disso, respondam: 
homens e mulheres são iguais? Não, obviamente não! As 
mulheres costumam ser mais organizadas, concentradas, 
multitarefas, além de dirigirem muito bem (este último ponto com 
ressalvas, rsrs..., perdão pelo machismo). Ou seja, existem 
características bem definidas nas mulheres que as diferenciam dos 
homens, da mesma forma que existem atributos (características, 
notas peculiares) nos atos administrativos que os diferenciam, por 
exemplo, dos atos de direito privado. 
E qual a razão de o ato Administrativo ser dotado de 
atributos? A razão é simples, sendo o ato administrativo a 
ferramenta de trabalho do Estado em sua missão administrativa, 
nada mais lógico que, para a defesa (manejo) do interesse público 
(coletivo), sejam dotados (os atos) de características (atributos), 
não encontradas nos demais atos jurídicos. 
Ao lermos os livros dos estudiosos do Direito, identificamos, de forma 
majoritária, a citação de três atributos: Presunção de legitimidade; 
Auto-executoriedade; e Imperatividade (PAI). Há, ainda, aqueles queCURSOS ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCÍCIOS P/ TCU 
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apresentam dois outros atributos (logo, não se assustem!): 
exigibilidade e tipicidade. 
No presente item, vamos trabalhar as principais informações sobre o 
atributo da presunção de legitimidade e de veracidade. 
A palavra presunção denuncia (indica) que milita (conta em favor) no 
ato administrativo do Estado a qualidade de terem sido produzidos 
em conformidade com o Direito (presunção de legitimidade), e, 
realmente, não poderia ser diferente, eis que em toda sua vida 
funcional, o administrador fica preso ao cumprimento estrito ao 
princípio da legalidade (art. 37, caput, da CF/88). Além disso, os 
fatos alegados pela Administração presumem-se verdadeiros 
(presunção de veracidade). 
E o amigo questiona: isso significa que não posso me opor a 
execução do ato? Não. Obviamente, o particular, ao se sentir 
atingido pelo ato do Estado, tem todo o direito de socorrer-se ao 
Poder Judiciário, utilizando-se, para tanto, de todas os remédios 
jurídicos postos à sua disposição, afinal, como afirmamos, vigora 
entre nós o princípio da Jurisdição Una (art. 5º, XXXV, da CF/88). 
Logo, pelo fato de nós particulares podermos nos opor, é possível 
dizer que a presunção que estamos tratando NÃO É ABSOLUTA (JURE 
ET JURIS), mas sim RELATIVA (“juris tantum”). 
Então, surge a questão: quem deve provar a suposta ilegalidade 
do ato? A Administração que alega? Ou os particulares 
(administrados) que se opõem? A resposta é que a presunção de 
veracidade inverte o ônus da prova, de tal forma que o particular é 
que tem a obrigação de demonstrar que o ato da Administração foi 
produzido em descompasso com o direito vigente e que os fatos 
alegados não são reais, não são adequados. Que confuso não?! 
Vamos a um exemplo, para que fique um pouco mais claro. 
SEAN, em alta velocidade, ao ultrapassar sinal vermelho, é multado 
por MARANHÃO (agente de fiscalização do Estado). Após determinado 
prazo, chega à casa de SEAN multa pela transgressão, ou seja, a 
Administração ALEGA que SEAN ultrapassou o sinal vermelho. É 
verdade a alegação da Administração? Quem alega tem de provar? A 
resposta é que, embora a regra seja de que quem alega é que tem de 
provar, INVERTE-SE O ÔNUS DA PROVA, logo, SEAN é que tem que 
provar que a Administração se equivocou ao multá-lo. 
Por fim, destacamos que a presunção de legitimidade decorre do 
princípio da legalidade, do próprio estado de Direito, não sendo 
necessária autorização expressa de norma infraconstitucional, 
é algo inerente à própria função do Estado-administrador, garante-
lhe, neste sentido, que seus atos entrem em imediata operação 
(execução). Esta passagem afasta a correção do item em 
análise. 
Pensem rapidamente na situação de uma Prefeitura como a do Rio de 
Janeiro tendo de remeter todos seus Decretos, Ofícios, Memorandos, 
ao crivo prévio do Poder Judiciário, para então entrarem em 
operação, pensaram? Agora, multipliquem por 5.500 municípios! Se 
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assim fosse, o Poder Judiciário não teria outra função a não ser a de 
legitimar os atos administrativos. Ou, noutro sentido, Lei precisasse 
reafirmar, recorrentemente, presumem-se legítimos todos os ofícios e 
memorandos produzidos pelo município de tal. Beira o ridículo, não? 
Então, VIVA À PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE, que garante a 
necessária celeridade dos atos administrativos! 
 
13 - (1999/CESPE/INSS/Procurador) Imperatividade é o atributo 
em razão do qual os atos administrativos se impõem a terceiros, 
independentemente de sua concordância. 
GABARITO: CERTO 
Tema: ATOS ADMINISTRATIVOS – ATRIBUTOS - 
IMPERATIVIDADE 
Comentários: 
Vimos no item anterior que os atributos dos atos administrativos 
constituem, ao fim, prerrogativas estatais, para fazer valer o direito. 
O que seriam das ordens do Estado, se não dispusesse de 
ferramentas de coerção, por exemplo? a sociedade, provavelmente, 
seria levada à ruína. 
Dos atributos do ato administrativo, destaca-se a imperatividade, que 
é a característica pela qual os atos administrativos se impõem como 
obrigatórios a terceiros, independentemente da anuência destes, que, 
assim, sujeitam-se à imposição estatal. 
Se o concursando tivesse de traduzir a imperatividade em um 
princípio só, qual seria este? A Resposta deveria ser: O 
PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO SOBRE 
O PARTICULAR, ou seja, o Estado determina ordens, de forma 
unilateral, e nós, administrados (particulares) devemos acatá-
las, sob pena de sanções. Notem que a supremacia traduz uma 
idéia de verticalidade, de prerrogativa. 
Importante perceber que os atos administrativos são tão potentes, 
tão fortes, a ponto de seus efeitos serem sentidos por particulares 
que não estão sujeitos à hierarquia da Administração, ou seja, os 
atos são emitidos pelo Estado e ultrapassam sua esfera, alcançando 
o particular sem qualquer vínculo especial, enfim, extravasa o 
âmbito interno administrativo. 
Por fim, gostaríamos de alertar que nem todos os atos são dotados 
de imperatividade. Para encontrarmos os atos não imperativos é só 
acharmos as situações em que o Estado encontra restrições em sua 
atuação, eis que, como informamos, a imperatividade traduz 
prerrogativa. P. ex., se um servidor solicita uma certidão por tempo 
de serviço, o Estado tem a prerrogativa de negar? Se o Estado tem o 
desejo de contratar uma nova frota de veículos, poderia forçar uma 
concessionária ao fornecimento? A resposta, para ambos os casos, é 
que não. Atos enunciativos (certidões, atestados e outros) e atos 
negociais (autorização, permissão e outros) não são dotados de 
imperatividade, isso porque funcionam como uma restrição para o 
Estado e não prerrogativa. 
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14 - (2004/CESPE/TCU/PROCURADOR) – A auto-executoriedade, 
atributo inerente aos atos administrativos, só não está presente 
quando vedada expressamente em lei. 
GABARITO: ERRADO 
Tema: ATOS ADMINISTRATIVOS – ATRIBUTOS – AUTO-
EXECUTORIEDADE 
Comentários: 
De pronto, informamos que a auto-executoriedade é um atributo não 
desejado pelo Estado, mas, se precisar, estejam certos, o Estado dele 
faz uso. E qual a razão de não ser o desejo do Estado? Acontece 
se o Estado utiliza da auto-executoriedade é porque a 
imperatividade como imposição de cumprimento de suas ordens 
não foi obedecida, logo, para enquadrar o infrator, o Estado utilizará, 
sem “dó nem piedade” (mas com proporcionalidade) da auto-
executoriedade. 
A auto-executoriedade é a prerrogativa de que certos atos 
administrativos sejam executados imediata e diretamente pela 
própria Administração, independentemente de ordem ou autorização 
judicial. Salientamos que se garante até mesmo o uso da força física, 
se for necessário, mas, sempre, sempre, com meios adequados, 
proporcionais. P. ex.: estudantes da USP invadiram determinado bem 
público de uso especial (reitoria da Faculdade), seria possível a 
expulsão do grupo, sem intervenção do Judiciário? É claro que sim 
(apesar da timidez dos gestores públicos), mas sem maus-tratos, 
sem violência desmedida, enfim, com PROPORCIONALIDADE. 
No entanto, a auto-executoriedade não existe em todos os atos 
administrativos, só se faz possível quando; 
a) expressamente prevista em lei; E/OU 
b) tratar-se de medida urgente que, caso não adotada 
de imediato, possa ocasionar prejuízo maior para o 
interesse público. 
São exceções à auto-executoriedade: a vedação à execução forçada 
de multa administrativa não paga voluntariamente pelo administrado 
e a desapropriação de imóveis, quando o proprietário não concorda 
com o valor oferecidopelo Poder Público a título de indenização. 
Aproveitamos do momento para sinalizar que o TCU tem, 
constitucionalmente, competência para aplicação de multas. São elas 
autoexecutórias? Não. A exemplo das multas aplicadas por órgãos 
administrativos, as decisões do Tribunal que imputem multa serão 
executadas em perante o Poder Judiciário, em ações específicas. 
 
15 - (2003/CESPE/INSS/Auditor) A Administração pode anular 
seus próprios atos quando eivados de vícios que os tornem ilegais, 
respeitados os direitos adquiridos. 
GABARITO: ERRADO 
Tema: ATOS ADMINISTRATIVOS – FORMAS DE EXTINÇÃO - 
ANULAÇÃO 
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Comentários: 
No item 6 fizemos longa explanação sobre as formas de extinção dos 
atos Administrativos. Reforçando os entendimentos daquele, 
reproduzimos o entendimento que se pode dar ao poder (princípio) 
da Autotutela. 
A Administração Pública, em razão da Autotutela (Súmula 473 do 
STF), pode revogar e anular seus próprios atos, de ofício (princípio da 
oficialidade) ou por provocação. A seguir, mais uma vez, transcrição 
da Súmula do STF: 
A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de 
vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; 
ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, 
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os 
casos, a apreciação judicial. 
 
BIZU: A Súmula mencionada leva a duas conclusões: 
I) NÃO HÁ QUE SE ALEGAR DIREITO ADQUIRIDO COM BASE EM 
ILEGALIDADE. De fato, haveria uma “contradição terminológica” em 
direitos adquiridos a partir do ilegal. Ora, se o direito é a Ciência do 
legal, não se tem direitos “ilegais”; 
II) NA REVOGAÇÃO, DEVEM SER RESPEITADOS OS DIREITOS 
ADQUIRIDOS. Explicando o tema a partir da revogação de Leis (que 
não são atos administrativos, mas legislativos), só para ficar mais 
fácil. Até pouco tempo atrás, os servidores que exercessem cargos de 
chefia/assesoramento (comissionados) poderiam “incorporar” o valor 
da retribuição pecuniária correspondente, desde que cumpridos os 
requisitos estabelecidos em lei (os famosos quintos ou décimos de 
função). Explique-se: o servidor exercia o cargo comissionado por um 
tempo, ZÁS! Incorporava o valor correspondente, que passava a 
compor sua remuneração pessoal. Surgiram então servidores “pais de 
santo” (com todo respeito ao sincretismo): tudo incorporado! Eram os 
tais dos marajás, como diria uma famosa ex-autoridade (novamente 
autoridade agora) de nosso país. Revogaram essa absurda norma, 
claro! Mas a pergunta: e quem tinha incorporado, manteve o direito? 
Sim, porque ADQUIRIDO, ou seja, incorporado ao patrimônio jurídico 
da pessoa. 
Finalizando, pedimos aos amigos, contudo, que não confundam a 
AUTOTUTELA por TUTELA ADMINISTRATIVA. Enquanto aquela ocorre 
dentro de uma mesma pessoa jurídica, portanto, com base na 
hierarquia; a tutela administrativa advém do fato, p. ex., de a 
Administração Direta exercer o controle finalístico sob a 
Administração Indireta, o que o Dec. Lei 200/67 denominou 
supervisão ministerial, que, por sinal, não decorre do laço de 
hierarquia. No exercício da supervisão existe mera vinculação, 
como dissemos, inclusive, na aula 2. 
 
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16 - ((2004/CESPE/TCU/PROCURADOR) Os atos do processo 
administrativo independem de forma determinada, a menos que a lei 
expressamente o exija. 
GABARITO: CERTO 
Tema: Atos Administrativos – Elementos - Atos 
Comentários: 
A questão refere-se a uma norma que “está na moda”: a 9.784/99, 
Lei Geral do Processo Administrativo Federal, tão citada nessa aula e 
que, inclusive, será objeto de aula específica em nosso curso. 
A forma é um dos elementos do ato administrativo, como vimos. 
Tradicionalmente, a forma é indicada como sendo um elemento 
vinculado e indispensável à validade do ato administrativo. Registre-
se que não basta que o ato tenha forma, mas que esta seja válida, ou 
seja, em consonância com que preceitua a norma que trate da 
matéria. 
Por regra geral, os atos administrativos devem ter a forma escrita, o 
que não exclui, por certo, atos administrativos praticados de forma 
não escrita, consubstanciados em ordens verbais, por meio de sinais, 
etc.. São exemplos de atos administrativos não praticados por 
escrito: ordens verbais de um superior ao subordinado; sinais e 
placas de trânsito, etc. 
Diz-se que no direito público, do qual o direito administrativo é um 
dos ramos, impera o princípio da solenidade das formas, ao contrário 
do princípio da liberdade das formas, inerente ao direito privado. Em 
realidade, por tratar de interesse público, o Direito Administrativo 
deve preservar formas que permitam o atingimento desse interesse. 
Pode-se dizer que a observância da forma prescrita em lei constitui 
verdadeira garantia jurídica à Administração e ao administrado: pela 
forma que reveste o ato administrativo é que se perceberá a 
obtenção do resultado pretendido, servindo de meio de controle, quer 
pela Administração, quer pelos destinatários, quanto ao que se 
realizara. 
Todavia, esse “formalismo” foi moderado recentemente pela já citada 
Lei 9.784/99 (processo administrativo), que, em seu art. 22, estatui 
expressamente: os atos do processo administrativo não dependem de 
forma determinada, a não ser quando a lei expressamente a exigir. A 
doutrina tem evoluído, então, apontando que as formalidades para a 
prática de um ato administrativo qualquer devem ser só aquelas 
essenciais, desprezando-se procedimentos meramente protelatórios. 
É um novo princípio que surge, então: o do FORMALISMO MODERADO 
PARA OS ATOS E PROCESSOS ADMINISTRATIVOS. 
Assim, caso não se tenha forma específica determinada na norma 
para a prática de um ato administrativo, este pode ser praticado de 
mais de uma forma (escrita, verbal, gestual, etc.). 
ATENÇÃO: A forma continua a ser vista, em regra, como um 
elemento VINCULADO do ato administrativo, vez que prevalece nesse 
ramo do direito a forma prescrita em lei para os atos, estabelecida, 
em regra, em normas específicas. Contudo, a Lei 9.784/94 atenua 
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esse entendimento (mas não o afasta) quando determina que as 
formalidades para a prática desses atos devem ser exigidas SOMENTE 
QUANTO AO ESSENCIAL. Esse é o entendimento que deve ser 
mantido para fins de prova de concurso! 
 
17 - (2004/CESPE/AGU) Ato administrativo pode obedecer ao 
princípio da publicidade mesmo que seu teor não seja divulgado em 
órgão da imprensa oficial. 
GABARITO: CERTO 
Tema: Atos Administrativos - PUBLICIDADE 
Comentários: 
Esse item é interessante, pois faz uma distinção que não é 
usualmente feita pela doutrina, entre o princípio da PUBLICIDADE e a 
PUBLICAÇÃO dos atos administrativos, que, inclusive, nós tínhamos 
apontado na aula 1. Relembremos, então, porque útil. 
O princípio da publicidade, como já nos é sabido, não é confundido 
com a publicação dos atos administrativos. A última é apenas um dos 
meios de se dar cumprimento à primeira, o princípio em si. Na aula 1, 
demos exemplo da carta convite, que funciona como se fosse o edital 
do convite. Naquela oportunidade, ressaltamos que a carta-convite 
deve ser afixada em local apropriado, conforme manda a Lei 
8.666/93, para que se dê cumprimento ao princípio da publicidade. 
Necessita-se da publicação do referido instrumento convocatório? 
NÃO. Pode ocorrer, acaso a Administração entenda útil? Sim. A 
publicidade pode ser restringida pela Administração, mas, NO 
MÍNIMO, deve ser cumprida da forma disposta na norma. Assim, 
mais uma vez, a conclusão: atos administrativos

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