Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PCI respiratório Faculdade de Medicina UFRJ (Angela Borges – M2 - 2011.1) Bioquímica - Metabolismo das Hemácias Introdução Função: Transporte de gases, principalmente O2. Vida média: aproximadamente, 120 dias. Formato de disco bicôncavo – facilita as trocas gasosas e a passagem para vasos de pequeno calibre. O O2 se liga ao átomo de ferro da hemoglobina. Não possui núcleo, mitocôndrias, lisossomos, ribossomos e Complexo de Golgi. Portanto, não é capaz de sintetizar proteínas e ácidos nucléicos, além de não poder consumir o próprio O2 (por não possuir mitocôndrias). Obtenção de Energia Através da glicólise anaeróbica. Metabolismo exclusivamente glicídico. Transporte de glicose – sistema de transporte facilitado (difusão facilitada mediada por carreador). Geração de ATP – através da manutenção das concentrações de cátions no interior das células (alta concentração de K+ e baixas concentrações de Na+, Ca++ e Mg++) – manutenção do volume celular. Principais Aspectos Metabólicos Desvio da via glicolítica para formar 2,3-difosfoglicerato (2,3-DPG) existente apenas nas hemácias – DESVIO DE RAPOPORT-LUEBERING. A produção de tal substância é essencial para a hemoglobina. O pH influencia este desvio, uma vez que a alcalose aumenta a produção de 2,3-DPG. Além disso, como a hemácia transporta O2, ela está sujeita à intensos danos oxidativos, especialmente pelas formas: SUPERÓXIDO E PERÓXIDO (radicais livres originidados do O2). Eles possuem um caráter reativo sobre qualquer molécula, o que podem comprometer a membrana da hemácia, gerando mudanças em seu formato, podendo reagir com hemoglobina, dentre outros efeitos. Superóxido Dismutase A SOD é uma enzima que transforma radicais superóxido em radicais peróxido. Catalase A catalase converte radicais peróxido livres em água e oxigênio. Vale dizer que não há como a hemácia aumentar os níveis de tais enzimas, visto que ela não sintetiza proteínas. Manutenção do Potencial Redutor Combater principais oxidações que venham a ocorrer ou detoxificar os radicais livres. NADH + H⁺ (Via glicolítica) – manutenção do estado funcional da hemoglobina (forma ferrosa). GSH – proteção da hemoglobina, proteínas estruturais e enzimas contra substância oxidantes. NAPH + H⁺ (Via das pentoses) – retorno da glutationa à forma reduzida (GSH). Glicólise – saldo = 2NADH/glicose, se não houver formação de lactato. Metemoglobina Redutase Função – converter metemoglobina em hemoglobina. Quanto maior o estresse oxidativo, maior a taxa de metemoglobina, promovendo uma maior ação da enzima redutase, havendo, portanto, uma maior necessidade de reciclagem da redutase, ou seja, mais NADH. Glutationa É um dos principais antioxidantes da hemácia. A glutationa (GSH) é uma forma reduzida que pode sofrer oxidação, transformando-se em GSSH (forma oxidada). Ela preserva o ataque de uma outra molécula mais importante na hemácia. Glutationa Peroxidase Catalisa a reação de oxidação da glutationa por radicais peróxido livres. Glutationa S-Transferase Atua sobre componentes oxidados, transferindo elétron para eles enquanto oxida a glutationa (GSSG). Glutationa Redutase Promove a redução das glutationas oxidadas, geradas pela reações da peroxidase e da S- transferase, através da oxidação de NADPH (formado na via das pentoses), recompondo os níveis intracelulares de GSH, mantendo o potencial redutor da célula. Quanto maior a atividade da glutationa peroxidase, maior serão os níveis de glutationa oxidada (GSSH). Ação: Detoxificar radicais peróxido, disponibilizando um radical de cisteína para ser oxidado no lugar das cisteínas de proteínas celulares. Via das Pentoses Formação de NADPH. É essencial para a ação da enzima glutationa redutase. Anemias Hemolíticas 1) Deficiência em Glicose 6-fosfato Desidrogenase Essa enzima é responsável pelo deslocamento da glicose 6-fosfato da via glicolítica para a via das pentoses. Se esta enzima está deficiente, haverá uma menor produção de NADPH pela via das pentoses. Logo, haverá uma menor atuação da glutationa redutase e, consequentemente, uma menor taxa de reposição da glutationa reduzida (GSH). Logo, as hemácias estarão mais sujeitas ao estresse oxidativo. 2) Deficiência em Piruvato Quinase Essa enzima é responsável pela transformação de fosfoenolpiruvato e piruvato. Se ela está deficiente, haverá um acúmulo de fosfoenolpiruvato, além de uma menor produção de ATP. Dessa forma, o desvio de Rapoport estará favorecido, aumentando a produção de 2,3-DPG. Esse acúmulo de 2,3-DPG leva à uma diminuição da afinidade de hemoglobina pelo oxigênio, além de uma menor produção de NADH. 3) Deficiência em Hexoquinase Essa enzima é responsável pela captação da glicose para a célula (hemácia), transformando-a em glicose 6-fosfato. Em casos em que ela está deficiente, não haverá glicose para a via glicolítica, promovendo uma menor produção de NADH, NADPH, 2,3- DPG, ATP e, consequentemente, uma menor atividade das bombas (dependentes de ATP). 4) Deficiência em Selênio O selênio é um importante fator para o funcionamento da glutationa peroxidase. A deficiência dele gera uma enzima sem seu co-fator o que irá provocar um aumento do níveis de H2O2.
Compartilhar