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Ficha de Resumo: FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil – vol. 1: Parte Geral e LINDB. 15ª ed. Salvador: Juspodivm, 2017, p. 50-61.

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1
ESCOLA SUPERIOR DA AMAZÔNIA – ESAMAZ
Curso de Direito
Bases Gerais do Direito Civil – Prof. Msc. Daniel Fampa
Discentes: Luciene Freitas; Roberta Gracez
FICHA DE RESUMO
Texto 1: FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil – vol.
1: Parte Geral e LINDB. 15ª ed. Salvador: Juspodivm, 2017, p. 50-61.
Resumo:
O objetivo central almejado na neste capítulo é contrapor os valores que
norteavam o Código Civil de 1916 e as mudanças de perspectivas até o Código Civil de 2002,
o qual, baseado nos valores da Constituição Federal de 1988, buscou abandonar a visão
patrimonialista, objetivando agora, proteger a pessoa humana no âmbito das relações privadas,
sempre perseguindo os princípios da socialidade, eticidade e da operabilidade, bem como trata
do conceito constitucionalizado do Direito Civil e sua sistematização.
Inicia, desta forma, o capítulo 6, discorrendo sobre o Código Civil de 1916, o qual
foi inspirado no liberalismo econômico que marcava aquele período histórico, que tinha
preocupação obsessiva pela proteção patrimonial. A propriedade privada e a liberdade
contratual chegaram a merecer uma tutela absoluta, sem qualquer possibilidade de
relativização. Essa perspectiva patrimonialista e individualista do Código Civil de 1916,
estava em rota de colisão com os ideais constitucionais trazidos pela Constituição de 1988.
O Código Civil de 2002 precisava se afastar desses valores (patrimonialista e
individualista) que marcaram significativamente a Codificação que lhe antecedeu, buscando
referenciais mais próximos dos valores da Constituição, notadamente dos direitos e garantias
fundamentais. Protegendo assim a pessoa humana no âmbito das relações privadas, norteado
pelos princípios da socialidade, da eticidade e da operabilidade, também chamada de
concretude.
Passam a discorrer sobre uma nova técnica normativa do Direito Civil brasileiro,
as cláusulas gerais e os conceitos jurídicos indeterminados no Código Civil de 2002, posto
que em meio a uma sociedade dinâmica, multifacetada, globalizada e cibernética, é necessária
2
uma norma mais aberta e plural, mais próximas de seu tempo, ao mesmo tempo em que se
pretende conferir maior efetividade ao comando constitucional, nas relações privadas.
Significa dizer que se percebeu a insuficiência da técnica normativa tradicional
para solucionar problemas jurídicos complexos contemporâneos, como descobertas científicas,
questões envolvendo bioética, entre outros que não conseguem estar representadas em tipos
normativos fechados. Nesse sentido, se apresentam as cláusulas gerais e os conceitos jurídicos
indeterminados, que evidenciam maior flexibilidade e abertura ao sistema de direito privado.
Para além disso, o uso de cláusulas gerais e conceitos jurídicos indeterminados
permite uma atuação mais efetiva dos juízes na solução de conflitos entre particulares.
Voltando aos paradigmas da Codificação de 2002, em cada espaço do Direito
Civil há uma reserva para a aplicação desses valores que trazem nítida inspiração
constitucional:
1) A socialidade: Uma das grandes ambições do Código Civil. Para se assimilar o
seu conceito e abrangência, é preciso recorrer a uma noção que informa toda a ciência jurídica:
o significado da expressão direito subjetivo. O direito subjetivo pode ser conceituado como o
poder de agir do indivíduo, concedido e tutelado pelo ordenamento, a fim de que possa
satisfazer um interesse próprio, pretendendo de outra pessoa um determinado comportamento.
O ordenamento jurídico concede a alguém um direito subjetivo para que satisfaça
um interesse próprio, mas com a condição de que a satisfação individual não lese as
expectativas legítimas coletivas que lhe rodeiam. Significa que a coletividade seria a essência
da sociedade, pois o indivíduo despersonalizar-se-ia em favor do todo.
O ser humano possui direitos intangíveis e a sua personalidade preserva caráter
absoluto, imune a qualquer forma de subordinação. A pessoa antecede ao Estado, e qualquer
ordenamento jurídico civilizado será edificado para atender às suas finalidades. Assim, a
sociedade será o meio de desenvolvimento para as realizações humanas. Portanto, toda
relação jurídica será pautada por uma finalidade comum, o bem comum, que nas relações
civis, traduz a solidariedade mediante a cooperação dos indivíduos para a satisfação dos
interesses (particulares) diversos e recíprocos, sem comprometimento dos direitos da
personalidade e da dignidade de cada parte.
A socialidade, ou função (fim) social, consiste exatamente na manutenção de uma
relação de cooperação entre os partícipes de cada relação jurídica, bem como entre eles e a
sociedade, com o propósito de que seja possível, ao seu término, a consecução do bem (fim)
comum da relação jurídica.
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2) A eticidade: é o segundo paradigma do Código Civil de 2002. O termo ética
pode ser entendido com a ciência do fim para o qual a conduta dos homens deve ser orientada.
Cogita do ideal para o qual o homem dirige-se por natureza e, por conseguinte, da essência do
homem. O Código Civil de 1916 abdicou de questionamentos éticos, pois fora fortemente
influenciado pelo formalismo jurídico da Europa do século XIX. A ciência do Direito era
limitada à sua forma (aparência), sem que se indagasse a respeito de um fundamento
axiológico que a consubstanciasse.
Em nome do Direito, injustiças e atrocidades foram cometidas pelo Estado
nazifascista, suprimindo-se os direitos da personalidade de toda uma comunidade. Esse foi um
marco na história da evolução do Direito. As Constituições e Códigos perceberam que
existem valores que brotam da natureza humana como expressão da consciência universal de
toda a humanidade. O ordenamento jurídico é um elemento de luta e afirmação de justiça.
Enfim, o Direito é uma técnica a serviço de uma ética.
No Código Civil de 2002, através das cláusulas gerais, que são normas
intencionalmente editadas de forma aberta pelo legislador, possuem conteúdo vago e
impreciso, com multiplicidade semântica. A amplitude das cláusulas gerais permite que os
valores sedimentados na sociedade possam penetrar no Direito Privado, de forma que o
ordenamento jurídico mantenha a sua eficácia social e possa solucionar problemas
inexistentes ao tempo da edição do Código Civil.
Na estrutura do Código Civil em vigor, o paradigma da eticidade pode ser
vislumbrado em diversas passagens, como exemplos disso, a boa-fé objetiva (CC, art. 422) e
o abuso do direito (CC, art. 187).
3) A operabilidade ou concretude
O Código Civil de 1916 seguia uma ideologia marcadamente individualista, na
qual a vontade humana poderia atuar com total liberdade. O Direito Civil ignorava as
particularidades de cada pessoa, tratando a todos como se fossem rigorosamente iguais. A
norma, enfim, aplicava-se genericamente a quem quer que se titularizasse em uma
determinada situação patrimonial.
O Código Civil de 2002 guarda outras pretensões. O objetivo atual do
ordenamento jurídico é alcançar a pessoa como destinatária direta da norma, verificando-se a
“ética da situação”. As desigualdades materiais e o contexto real da pessoa serão decisivos
para que a sentença consiga “dar a cada um o que é seu”. Teremos a chamada norma do caso,
que propiciará a verdadeira segurança jurídica ao jurisdicionado. O direito não existe para
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ficar na altura das abstrações, mas sim para ser executado, com praticidade. A diretriz da
concretude também atua em outro nível, o da operabilidade. Propugna ela por rápidas formas
de solucionar pretensões, bem como por meios que evitem a eternização de incertezas e
conflitos.
O Conceito de Direito Civil e a sua sistematização: inserido no âmbito do
direito privado, o Direito Civil se dirige à regulamentação das relações sociais travadas entreas pessoas, desde o nascimento (e mesmo antes dele) até a morte (e, inclusive, depois dela). É
o ramo do direito privado tendente a reger as relações humanas. Enfim, é o direito comum a
todas as pessoas, disciplinando o seu modo de ser e de agir. É, pois, o direito da vida do
homem. O Código Civil é, enfim, o ramo da ciência jurídica que normatiza a vida privada.
Sob o ponto de vista estrutural, o Direito Civil está dividido em dois diferentes campos: a
parte geral e a parte especial.
Por analogia, o Direito Civil poderia ser comparado a um grande condomínio,
composto por três diferentes prédios, todos construídos a partir de um sólido e fecundo
terreno. O terreno fértil onde foram edificados os três diferentes prédios é, comparativamente,
a parte geral (que estabelece os elementos fundantes da relação jurídica privada). A partir
dessa terra fértil, se edificam distintos prédios, com cores e matizes distintos, correspondendo
às relações obrigacionais, às relações reais e às relações afetivas.
5
Texto 2: FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil – vol.
1: Parte Geral e LINDB. 15ª ed. Salvador: Juspodivm, 2017, p. 64-78.
Resumo:
O objetivo deste capítulo é tratar da constitucionalização do Direito Civil e inicia
afirmando ser induvidoso que a Constituição da República é a norma suprema do sistema
jurídico brasileiro, devendo-lhe obediência, formal e material, todos os demais atos
normativos, sob pena de se lhes reconhecer a inconstitucionalidade, com a consequente
expulsão do sistema.
Quando estávamos sob a égide da Codificação de 1916, o Direito Civil esteve
liberto da incidência da norma constitucional. O Direito Constitucional se restringia a cuidar
da organização política e administrativa do Estado, relegando para o Código Civil a tarefa de
disciplinar as relações privadas. Ao Código, conferia-se a missão de garantir a estabilidade
das atividades privadas.
Na medida em que se detectou a erosão do Código Civil, ocorreu uma verdadeira
migração dos princípios gerais e regras atinentes às instituições privadas para o Texto
Constitucional. Assumiu a Carta Magna um verdadeiro papel reunificador do sistema,
passando a demarcar os limites da autonomia privada, da propriedade, do controle de bens, da
proteção dos núcleos familiares etc. Enfim, o papel unificador do sistema jurídico, tanto nos
seus aspectos mais tradicionalmente civilísticos, quanto noutros temas de relevância pública, é
desempenhado pela norma constitucional.
Não que institutos do Direito Civil tenham passado a constituir matéria de direito
público, mas, sim, porque ganharam, em sua essência, uma regulamentação fundamental em
sede constitucional. Assim, a Lex Mater salvou o Código Civil de uma morte inexorável,
permitindo sua oxigenação, abrindo a norma civil para um mundo real, palpável, concreto –
que reclama e exige uma tutela jurídica adequada às suas necessidades prementes e presentes.
Os textos constitucionais, paulatinamente, definem princípios relacionados ao direito privado,
que passam a integrar uma nova ordem pública constitucional.
Por outro lado, o próprio Direito Civil, desloca sua preocupação central, a esse
novo sistema de normas e princípios, reguladores da vida privada, relativos à proteção da
pessoa, nas suas mais diferentes dimensões fundamentais, integrados pela Constituição,
define-se como Direito Civil-Constitucional (ou Direito Civil constitucionalizado).
6
Importante salientar que a constitucionalização do Direito Civil não implica
(simplesmente) estabelecer limites externos à atividade privada. A Constituição Federal de
1988 impôs uma releitura dos institutos fundamentais do Direito Civil, em razão de tê-los
reformulado internamente, em seu conteúdo. Assim, percebe-se nitidamente que o Texto
Constitucional, sem sufocar a vida privada, conferiu maior eficácia aos institutos
fundamentais do Direito Civil, revitalizando-os, à luz de valores fundamentais aclamados
como garantias e direitos fundamentais do cidadão.
Uma advertência é que não se pode tomar a expressão Direito Civil Constitucional
(ou constitucionalização do Direito Civil ou Direito Civil constitucionalizado) como uma
simples adjetivação. A expressão Direito Civil Constitucional quer apenas realçar a necessária
releitura do Direito Civil, redefinindo as categorias jurídicas civilistas a partir dos
fundamentos principiológicos constitucionais, da nova tábua axiológica fundada na dignidade
da pessoa humana. Ou seja, a Constituição promoveu uma alteração interna, modificando a
estrutura, o conteúdo, das categorias jurídicas civis, e não apenas impondo limites externos.
Enquanto a constitucionalização do Direito Civil implica na migração das regras e
princípios fundamentais do Direito Privado para a sede constitucional, sem alterar a natureza
privada da norma jurídica, a publicização do Direito Civil resulta de uma interferência estatal
em determinadas relações privadas, com o escopo de nivelar a posição das partes, evitando
que a superioridade econômica de uma delas prejudique a outra e conferindo uma certa dose
de interesse público a uma relação cuja natureza continua a ser estritamente privada.

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