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DIREITO CIVIL Parte Geral e Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro ALYNE RIBEIRETE PELISSON Lei de Introdução às normas do Direito (continuação) / Fontes do Direito Decreto-Lei 4.657/42 RECAPITULANDO... 2 Conteúdo da LINDB Existência, Vigência e Revogação das normas (art. 1º e 2º) Obrigatoriedade das normas (art. 3º) Interpretação das normas jurídicas (art. 5º) Regras de aplicação das normas jurídicas no tempo (art. 6º) Regras de aplicação das normas jurídicas no espaço (art. 19) Formas de integração das normas jurídicas (art. 4°) Fontes do Direito SUBSUNÇÃO X INTEGRAÇÃO FATO Tem lei? SIM Aplicação direta = SUBSUNÇÃO NÃO INTEGRAÇÃO FONTES DO DIREITO Fontes Fontes Formais Fontes primárias 1- Lei Fontes secundárias 2- Analogia 3- Costumes 4- Princípios gerais do DireitoFontes Não- formais 5- Doutrina 6- Jurisprudênci a 7-??? Equidade Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro – LINDB Decreto-Lei 4.657/42 ANTINOMIAS 6 7 Antinomias Jurídicas Também chamada lacuna de colisão. É a presença de duas normas válidas e conflitantes, emanadas pelo órgão competente, sem saber qual utilizar. Requisitos: normas incompatíveis Indecisão devido à incompatibilidade Necessidade de decisão 8 Critérios básicos de solução Critério Cronológico: Norma posterior prevalece sobre a anterior Critério da Especialidade: Norma Especial prevalece sobre a geral Critério Hierárquico: norma superior prevalece sobre a inferior 9 Classificação das Antinomias Antinomia de primeiro grau: Conflito envolve apenas um dos critérios Antinomia de segundo grau: envolve dois dos critérios acima ou não há possibilidade de solucionar um conflito pelos critérios acima Antinomia aparente: pode ser resolvida por qualquer um dos critérios Antinomia real: não há critério para a solução do conflito, sendo necessário criar nova norma 10 ANTINOMIAS DE 2º GRAU Norma especial e anterior X norma geral posterior (especialidade x cronológico) - Prevalece a primeira, em razão da especialidade. Norma superior anterior X norma inferior posterior (hierárquico x cronológico) - Prevalece a primeira, pela hierarquia. Norma geral superior X norma especial inferior (hierárquico x especialidade) – Divergência doutrinária 11 Posicionamento sobre a divergência “No conflito entre o critério hierárquico e o de especialidade, havendo uma norma superior-geral e outra norma inferior especial, não será possível estabelecer uma metarregra geral, preferindo o critério hierárquico ao da especialidade ou vice-versa, sem contrariar a adaptabilidade do direito. Poder-se-á, então, preferir qualquer um dos critérios, não existindo, portanto, qualquer prevalência. Todavia, segundo Bobbio, dever-se-á optar, teoricamente, pelo hierárquico; uma lei constitucional geral deverá prevalecer sobre uma lei ordinária especial, pois se se admitisse o princípio de que uma lei ordinária especial pudesse derrogar normas constitucionais, os princípios fundamentais do ordenamento jurídico estariam destinados a esvaziar-se, rapidamente, de seu conteúdo. Mas, na prática, a exigência de se adotarem as normas gerais de uma Constituição a situações novas levaria, às vezes, à aplicação de uma lei especial, ainda que ordinária, sobre a Constituição. A supremacia do critério da especialidade só se justificaria, nessa hipótese, a partir do mais alto princípio da justiça: suum cuique tribuere, baseado na interpretação de que ‘o que é igual deve ser tratado como igual e o que é diferente, de maneira diferente’. Esse princípio serviria numa certa medida para solucionar antinomia, tratando igualmente o que é igual e desigualmente o que é desigual, fazendo as diferenciações exigidas fática e valorativamente” (DINIZ, apud TARTUCE, 2020) 12 Como solucionar? Ou o Legislativo cria nova norma ou o Juiz escolhe qual aplicar, adotando a justiça a as suas “prerrogativas” estipuladas na LINDB, bem como no artigo 8º do CPC: ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência. o juiz buscar a função social da norma e as exigências do bem comum, ou seja, a pacificação social. VAMOS RESOLVER ALGUMAS QUESTÕES? 13 ATIVIDADE PRÁTICA 1 14 1 - (Magistratura SP – 176.º) Analise as assertivas abaixo: I – Quando houver conflito entre o critério hierárquico e o critério cronológico para a solução de uma antinomia jurídica, estaremos diante de uma antinomia de segundo grau, que se resolve através da metarregra de prevalência do critério temporal. II – Toda interpretação jurídica pressupõe a valoração objetivada na proposição normativa. III – Os conflitos de leis no espaço relativos aos direitos reais regem-se pelo princípio da extraterritorialidade. IV – Deparando com lacuna jurídica, o juiz, para seu preenchimento, deverá se valer da analogia, do costume e dos princípios gerais do direito. São corretas apenas as assertivas: (A) I e II. (B) I e III. (C) II e III. (D) II e IV. 15 2- (Procurador do Ministério Público de Contas – TCE-RO – CESPE – CESPE) Acerca da vigência das leis e da vacatio legis, assinale a opção correta. (A) Vacatio legis consiste no intervalo de tempo existente entre o momento da aprovação de lei pelo poder legislativo e o início de sua vigência. (B) O legislador poderá determinar prazo específico de vacatio legis. (C) O legislador poderá determinar a vigência imediata de norma jurídica a partir de sua aprovação pelo congresso nacional. (D) Na ausência de manifestação do legislador, o prazo de vacatio legis será de 90 dias no território nacional. (E) O prazo de vacatio legis da lei brasileira, quando esta for admitida, será de 30 dias nos estados estrangeiros. 16 3- (UECE/FUNECE – Advogado – 2017) Atente ao seguinte dispositivo legal: “A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior” (§ 1º do art. 2º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro). O dispositivo em destaque remete ao critério de solução de antinomias jurídicas denominado: (A) critério cronológico. (B) critério da especialidade. (C) critério ontológico. (D) critério hierárquico. 174- (MP-SP – 83.º) É exato afirmar que entre a irretroatividade e a retroatividade há uma situação intermediária: a da imediata aplicabilidade da nova lei a relações que embora nascidas sob a vigência da lei antiga não se aperfeiçoaram e não se consumaram. Diante dessa assertiva, será correto reconhecer que em se cuidando de efeito imediato das leis a respeito da capacidade das pessoas: (A) iniciado o lapso de transcurso da vacatio legis, se ocorrer nova publicação de seu texto, a fim de que sejam corrigidos erros materiais ou falhas ortográficas, o prazo de obrigatoriedade não começará necessariamente a fluir da nova publicação. (B) no caso de vir a ser reduzido o limite da maioridade civil para dezoito anos, não será preciso em nenhuma hipótese aguardar o decurso do prazo da vacatio legis para que as pessoas que já tenham alcançado essa idade se tornem maiores automaticamente. (C) se a lei aumentar o limite para vinte e cinco anos, por exemplo, não será respeitada a maioridade dos que já haviam completado vinte e um anos na data da sua entrada em vigor. (D) as que ainda não haviam completado vinte e um anos não terão que aguardar o momento em que completarem vinte e cinco anos para se tornarem maiores. (E) caso a lei eventualmente reduza o limite da maioridade civil para dezoito anos, fará com que se tornem maiores todos os que já tenham alcançado essa idade. 18 GABARITO 1- D 2- B 3- A 4 -E Aspectos Introdutórios O QUE É DIREITO? DIVISÃO DO DIREITO 19 20 O QUE É DIREITO? Para Aristótelesé “dar a cada um o que é seu” Miguel Reale fala em “ordenação heterônoma das relações sociais baseada em uma integaração normativa de fatos e valores” Conceito aberto, com significado multifacetário. Do latim directum = aquilo que está de acordo com a lei. Existe em função do homem, pressupondo uma relação com o outro (jus –simboliza a ideia de jugo) 21 O QUE É DIREITO? O Direito é o conjunto de normas gerais e impositivas responsável pelo regramento social. O Direito manifesta-se como um produto cultural que disciplina a vida social seja impondo deveres e obrigações, seja reconhecendo garantias, benefícios e vantagens às pessoas naturais e jurídicas. 22 Por que o Homem aceita essa interferência? Porque o homem é um ser social que nasceu para viver em sociedade e precisa desse “regramento” para criar uma ordem, preservar a paz e o bom convívio bem como para contornar os conflitos de interesses e as disputas surgidas das suas relações interpessoais. 23 O que fundamenta a norma? A norma fundamenta-se na natureza social humana e na necessidade de organização no seio da sociedade, para regular as interações sociais. 24 O que é ordenamento jurídico? Ordenamento jurídico é o contexto mais amplo em que se dá a produção normativa e de onde se extrai as orientações para o regramento social. Como tal, é composto por lei, princípios, jurisprudência, costumes, doutrina... Por tudo que regulamenta a conduta humana. É, portanto, mais que lei. O Direito é expresso no ordenamento jurídico. 25 Institutos que expressam direito e regem a consciência humana Lei: norma jurídica escrita Costume: prática reiterada que se prolonga no tempo. Nas comunidades primitivas, o costume era a principal fonte do Direito, por isso era chamado de Direito Consuetudinário Jurisprudência: interpretação do Direito feita pelos tribunais Doutrina: interpretação do Direito feita pelos estudiosos Princípios gerais do Direito: são as ideias fundamentais, são as bases do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados. Infuenciam o Legislativo e o Judiciário. Consciência Humana: capacidade que o homem possui de julgar moralmente o que é certo e o que é errado nos atos praticados por ele mesmo e pelos outros. QUAL A DIFERENÇA ENTRE MORAL E DIREITO, JÁ QUE AMBOS ESTÃO LIGADOS À ESSA ESCOLHA ENTRE CERTO E ERRADO? 26 Vamos pensar em uma situação problema.... 27 Para ajudar Um cliente te procura queixando-se que se sente ofendido por causa de um vizinho que nunca o cumprimenta em reação aos seus constantes e diários desejos de “bom dia”. Essa situação está no campo do Direito ou da moral? Cabe ao cliente alguma ação em tese de danos morais ou crimes contra a honra (injúria ou difamação), por exemplo? Como você pode orientá-lo? 28 Qual a diferença entre o Direito e a Moral? MORAL: individual, intencional, o que cada um pensa. Você tem INTENÇÃO de agir “bem” e se você não age, você se arrepende, você se chateia. DIREITO: Bilateral, atrelado à coercitibilidade. Há um DEVER JURÍDICO e se você não cumpre você recebe uma sanção. Regula a conduta humana exteriorizada, fixando deveres e a prática de atos Direito Diagrama de Benthan 29 Direito positivo X direito Natural Direito natural ou jusnaturalismo: relacionado à noção de justiça, consciência e equidade = direito ideal, atemporal, superior e eterno. Direito Positivo: é o ordenamento jurídico vigente em uma civilização, em uma nação e em um país, em um determinado tempo, contexto e época. É o Direito como norma estabelecido em códigos e leis. 30 Direito Objetivo X Direito Subjetivo Direito Objetivo: conjunto de normas (princípios e regras) que originam do Estado e disciplinam a conduta da pessoa, mediante sanções Direito Subjetivo: autorização concedida pela norma para que o sujeito possa praticar determinada conduta ou exigir do Estado o respeito à prática, que esteja de acordo com o direito subjetivo. (direito de defender direitos) - São interdependentes 31 Direito Público X Direito Privado A divisão entre direito público e privado vem do direito romano. Direito Público: direito relativo ao Estado, sua organização, política e serviços. Direito Privado: direito relativo à utilidade e ao interesse das pessoas. 32 Essa divisão é suficiente? Muitas vezes o interesse da norma é ao mesmo tempo de interesse dos cidadãos e do Estado. Muitas vezes o Estado se envolve em relações particulares. Muitas vezes particulares cuidam de coisa pública. Então, a resposta é NÃO! 33 34 A divisão é meramente didática e o critério para enquadrar em um ou outro ramo parte de uma visão subjetiva, que considera ou não a presença do Estado (o Estado é parte atuante?), aliada a um aspecto objetivo, indicando sua atuação como poder soberano, atuando na tutela do bem coletivo. Cada vez mais observa-se publicização do direito privado e privatização do direito público 35 Direito como corpo único De acordo com Luciano e Roberto Figueiredo: O ordenamento é enxergado como um corpo único , dividido apenas por necessidades didáticas. As normas não mais são analisadas de forma isolada, sem a visão do conjunto (unicidade). A interpretação normativa depende do todo, o qual sofre sucessivas, diversas e progressivas interpenetrações. Avulta o papel interpretativo da Constituição Federal, a qual aumenta sua função de tábua axiológica, informadora e unificadora de todo o sistema. (FIGUEIREDO, FIGUEIREDO, 2020 p. 90) O Estudo do Direito, portanto, deve ocorrer de forma multidisciplinar e sistêmica, por meio de uma análise constitucional Conceito, codificação e Histórico do Direito Civil CONCEITO HISTORICIDADE CODIFICAÇÃO 36 37 Direito Civil - Conceito De acordo com Pablo Stolze, o Direito Civil pode ser conceituado como o “ramo do direito que disciplina todas as relações jurídicas da pessoa, seja uma com as outras (físicas e jurídicas), envolvendo relações familiares e obrigacionais, seja com as coisas (propriedade e posse)”. Direito do dia a dia, direito da vida social (amplitude conceitual) DIREITO CIVIL - CONCEITO De acordo com Francisco Amaral ( p. 27): O Direito Civil “regula as relações entre os indivíduos nos seus conflitos de interesses e nos problemas de organização de sua vida diária, disciplinando os direitos referentes ao indivíduo e à sua família, e os direitos patrimoniais, pertinentes à atividade econômica, à propriedade dos bens e à responsabilidade civil”. DIREITO CIVIL - CONCEITO - Direito do dia a dia, direito da vida social.. - São normas, princípios e regras que disciplinam, tutelam e regem a vida e as relações pessoais e patrimoniais da pessoa desde a concepção até a morte, cuidando de seus direitos e deveres. - É a “Constituição do Homem” (GONÇALVES E LENZA) Curiosidade: Ler artigos 1.799, art. 1.857 e art. 12, parágrafo único do CC) DIREITO CIVIL - História 1)Roma antiga – berço do direito Civil - Existência do jus civile - direito civil aplicado aos súditos romanos, e o jus gentium, o direito das gentes, aplicado aos estrangeiros e às relações entre estrangeiros e romanos. - Marcado por elementos individualistas, de onde se extraiu a ideia de família, herança, patrimônio. 2) Idade Média: - Predominância ao bem social sobre a vontade dos indivíduos. - o direito Romano passou a sofrer influência do Direito Germânico e do Direito Canônico trazendo mais Socialização das relações Jurídicas. Também influenciado pela Igreja Católica, pensou-se em um direito mais ético, ideário DIREITO CIVIL - História 3) Estado moderno - Na idade moderna fenômenos importantes contribuíram pra história do direito civil: a) do absolutismo à ascensão da burguesia (revoluções americana e francesa) b) O liberalismo econômico (resultado das revoluções burguesas e o Bill of Rights, inglês de 1689, a Declaração dos Direitos de Virgínia (EUA) de 1776 e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789) c) Houve a racionalização do pensamentoe buscou-se a garantia da propriedade e das liberdades individuais (primado da lei) d) Surgimento de codificações Codificação Ordenações Afonsinas (1446), Manoelinas (1521) e Filipinas (1603) influenciaram o Brasil Colônia Com a Independência, ocorrida em 1822, a legislação portuguesa continuou sendo aplicada entre nós, mas com a ressalva de que vigoraria até que se elaborasse o Código Civil. Constituição de 1824 cobrou pela organização de um Código Civil “baseado na justiça e na equidade” - tarefa confiada a Teixeira de Freitas em 1865, que elaborou o “Esboço do Código Civil”, com cinco mil artigos 1916 –Código Civil – autoria de Clovis Beviláqua Codificação Nos primeiros séculos: Aplicação do direito Português (influência das ordenações afonsinas (1446), Manuelinas (1521) e Filipinas (1603) Mesmo com a independência, as Ordenações Filipinas vigeram no Brasil até o nascimento do Código Constituição de 1824 cobrou um código em busca da unicidade Augusto Teixeira de Freitas esboçou um projeto de Código Civil , consolidando as leis civis (1858), mas antes de concluir renunciou ao trabalho em 1866 Em 1899, nomeou-se Clóvis Beviláquia para a tarefa 44 O Código de 1916 promulgado em 01/01/1916 e passou a viger em 01/01/1917 patrimonialista, agrário, conservador e individualista , influenciado pelo código napoleônico (1804) e pelo código alemão (1896). Protagonismo do proprietário, do contratante, marido, testador. Associado a ideia do ter – posse (patrimonialização do direito civil) Desprezo aos valores como a igualdade e função social da propriedade Incompatível com as mudanças sociais “massacrado” pela nova ordem constitucional”, que tutelava o ser humano e sua dignidade Fase de Transição A evolução social, o progresso cultural e o desenvolvimento científico pelos quais passou a sociedade brasileira no decorrer do século passado provocaram transformações que exigiram do direito uma contínua adaptação, mediante crescente elaboração de leis especiais, que trouxeram modificações relevantes ao direito civil, sendo o direito de família o mais afetado. Basta lembrar a Lei n. 4.121/62 (Estatuto da Mulher Casada), a Lei n. 6.515/77 (Lei do Divórcio), a Lei n. 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente) e as leis que reconheceram direitos aos companheiros e conviventes (Leis n. 8.971/94 e 9.278/96). O Código de 2002 - “Atualização” do Código de 1916, mas com a revogação total - Ação conjunta de vários colaboradores, coordenados por Miguel Reale - Preocupação principiológica - Constitucionalização do Direito Civil (Direito civil constitucionalizado) – eficácia radiante dos direitos fundamentais. - Despatrimonialização: ser humano passa a ser a figura central. - Presença de conceitos jurídicos abertos e cláusulas gerais abstratas Divisão do Código Civil PARTE ESPECIAL DAS PESSOAS DIREITOS DAS OBRIGAÇÕES DOS BENS DIREITO DA EMPRESA DOS FATOS JURÍDICOS DIREITO DAS COISAS DIREITO DE FAMÍLIA DIREITO DAS SUCESSÕES Livro complementar: DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS PERSPECTIVA CONSTITUCIONAL DO DIREITO CIVIL - DIREITO CIVIL CONSTITUCIONAL - EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS Código Civil Constitucional – Direito Civil Contemporâneo - A Constituição Federal com seus valores passa a legitimar o ordenamento jurídico como um todo - Abandono da concepção positivista extrema - Acréscimo da funcionalidade às estruturas e aos institutos do direito civil - Presença de cláusulas abertas gerais que permitem a atualização jurídica e de conceitos indeterminados que permitem uma maior aproximação do direito com a ética e com a moral e uma aproximação do direito privado com os valores constitucionais - Parâmetro no Estado Democrático de Direito DIREITO CIVIL CONSTITUCIONAL - Institutos privados passam a ocupar “locus” constitucional - Reforça a visão unitária do sistema - Interpretação do direito Civil à Luz da Constituição - Redefinição de conceitos civilistas, sob a perspectiva da dignidade da pessoa humana, da igualdade substancial, da solidariedade social - Despatrimonialização do direito civil - rompimento do individual pra um ideal mais difuso Teoria irradiante ou da eficácia Horizontal - Aplicação direta dos direitos fundamentais às relações do Direito Civil - Quebra da noção de que as normas de proteção da pessoa, previstas na Constituição Federal são dirigidas ao legislador e ao Estado (normas programáticas). - As normas constitucionais que protegem os direitos fundamentais têm aplicação imediata. PRINCÍPIOS INFORMADORES DO CÓDIGO CIVIL ETICIDADE, SOCIALIDADE E OPERABILIDADE Eticidade - Dever de condução das relações civis de forma pobra e ética, segundo os valores sociais e morais relevantes - Priorização da equidade, da boa fé, da justa causa - Pessoa humana é fonte de valores - Juiz tem mais poder para uma solução mais justa ou equitativa , valorando o contexto social. - Ex: boa fé nos contratos, socioafetividade, equilíbrio econômico dos contratos, imprevisibilidade como meio de resolução contratual, prestação muito onerosa Sociabilidade - Quebra do paradigma liberal individual e ascensão do transindividual - Transmutação do individualismo possessivo para uma visão mais solidária/coletiva - Funcionalização do Direito Civil - Revisão dos direitos do proprietário, do contratante, do empresário, do pai de família.. - Preocupação com o impacto coletivo no exercício dos direitos - Busca eliminar as desigualdades sociais (art 3º da CF) - Ex: função social dos contratos, da posse, da propriedade Operabilidade - Execução pratica e efetiva do Direito Civil - Simplificação do Direito Civil para dar mais dinamismo - Operabilidade x acesso a justiça(art. 5º XXXV, CF) : norma mais operável, mais acessível facilita o acesso à justiça Direitos da Personalidade e a eficácia horizontal dos Direitos fundamentais “ os direitos fundamentais estão para a Constituição Federal, assim como os direitos da Personalidade estão para o Código Civil..” - São direitos indisponíveis, irrenunciáveis e intransmissíveis. Ninguém pode impedir o gozo desses direitos VAMOS RESPONDER MAIS ALGUMAS QUESTÕES?? 57 ATIVIDADE PRÁTICA 2 58I – A teoria da aplicação horizontal dos direitos fundamentais analisa a possibilidade do particular, não somente o Poder Público, ser o destinatário direto das obrigações decorrentes desses direitos fundamentais; II – O Brasil adotou, como discurso majoritário e influenciado pelo direito constitucional português, a não incidência dos direitos fundamentais no âmbito das relações privadas; III – O indivíduo que é expulso de cooperativa sem a observância da ampla defesa, visto que esse direito não está garantido pelo estatuto, sendo respeitado todo o normativo interno da entidade, não pode pleitear a anulação do ato perante o Poder Judiciário, visto que o indivíduo pactuou com o estatuto quando se filiou à cooperativa, sabendo que esse direito fundamental não era garantido; IV – Aplicação direta e imediata do efeito externo dos direitos fundamentais tem por objetivo impedir que o indivíduo saia de uma condição de liberdades frente ao Estado e caia em uma relação de servidão com os entes privados. Está(ão) correta(s) apenas a(s) assertiva(s): (A) I e II; (B) (B) I e III; (C) (C) I e IV; (D) (D) II; (E) (E) III. 592. (Prev. São José – PR – Advogado – FAUEL – 2017) Sobre a constitucionalização do Direito Civil, assinale a alternativa INCORRETA. (A) Interpreta-se o Código Civil a partir da Constituição e não o contrário. (B) O Direito Civil Constitucional está baseado em uma visão fragmentária do ordenamento jurídico. (C) A dignidade da pessoa humana, como vetor axiológico fundamental da Constituição Federal, orienta não só o Estado, mas também os particulares, nas suas relações privadas. (D) O princípio da isonomia, em seu aspecto unicamente formal, não se mostra suficiente, sendo imprescindívela busca pela igualdade material ou substancial. (E) A constitucionalização do Direito Civil relaciona-se diretamente com a consagração da ideia da força normativa das normas constitucionais, não mais perdurando a concepção da Carta Constitucional como mera declaração política. 603 (TRT-16.ª Região/MA – TRT 16R – Juiz do Trabalho Substituto – 2015) Acerca do Direito Civil brasileiro, assinale a opção CORRETA: (A) O Direito Civil volta-se à solução de problemas abstratamente previstos, independentemente de sua expressão concreta e simplificada. (B) Diante da ausência de legislação, o aplicador do Direito valer-se-á de outras fontes, tais como analogias, costumes e princípios gerais de direito. Para tanto, recorrerá à doutrina e à jurisprudência, sendo-lhe vedado, no entanto, o recurso à equidade. (C) O princípio da eticidade, utilizando-se de critérios éticos, tem como base o valor da pessoa humana como fonte de todos os demais valores, o que possibilita a relativização do princípio do pacta sunt servanda, quando o contrato estabelecer vantagens exageradas para um contratante em detrimento do outro. (D) A obrigatoriedade da lei surge a partir da sua publicação oficial, o que implica, salvo disposição em contrário, na sua vigência e vigor imediatos, tanto no âmbito nacional quanto no âmbito internacional. (E) O princípio da socialidade reflete a prevalência dos valores coletivos sobre os individuais, razão pela qual o direito de propriedade individual, de matriz liberal, deve ceder lugar ao direito de propriedade coletiva, tal como preconizado no socialismo real. 6104. (Promotor de Justiça/MPE/MG – Gestão de Concursos/2014) Assinale a alternativa CORRETA: É possível afirmar que a adoção do sistema de cláusulas gerais no Código Civil de 2002 reverencia: (A) O princípio da boa-fé objetiva. (B) O princípio da eticidade. (C) O princípio da sociabilidade. (D) O princípio da operabilidade. 62 GABARITO 1 - c 2 – B 3- C 4- D Encerramento 63 64 O que vimos hoje? Terminamos LINDB Noções de Direito Conceito e Histórico de Direito Civil 65 Na próxima aula... Sujeitos da relação jurídica Conceito de pessoa natural Começo da personalidade Capacidade jurídica 66 REFERÊNCIAS FIGUEIREDO, Luciano; FIGUEIREDO, Roberto. Direito Civil. Parte Geral. 5 ed. Salvador: JusPodivm, 2015 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro - Parte geral . Vol.1.18. ed. São Paulo : Saraiva, 2020 JANKOVIC, Elaine Karina. Direito Civil: pessoas e Bens. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2015. TARTUCE, Flávio. Direito civil: lei de introdução e parte geral . 16. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020.
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