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Palavras-chave
55Pensamento Plural: Revista Científica do , São João da Boa Vista, v.3, n.2, 2009
Eletroestimulação do Nervo Tibial Posterior no 
Tratamento de Incontinência em Paciente com A. V. E.
Débora Maciela Matielo, Vanessa Dias César, 
Laura Ferreira de Rezende Franco
Autoras
Débora Maciela Matielo
Graduanda do Curso de Fisioterapia 
do Centro Universitário das Faculdades 
Associadas de Ensino – FAE
e-mail: 
deboramatielo@yahoo.com.br
Vanessa Dias César
Graduanda do Curso de Fisioterapia 
do Centro Universitário das Faculdades 
Associadas de Ensino – FAE
e-mail: 
vanessadiascesar@hotmail.com
Laura Ferreira de Rezende Franco
Graduada em Fisioterapia pela PUC-
Campinas. Especialista em Fisioterapia 
Aplicada à Saúde da Mulher pela UNICAMP, 
Mestre e Doutora pela UNICAMP, Pós-
doutoranda pela UNESP. Professora e 
Coordenadora do Curso de Fisioterapia 
do Centro Universitário das Faculdades 
Associadas de Ensino – FAE 
e-mail: 
laura@fae.br
Recebido em 03/novembro/2009 
Aprovado em 02/dezembro/2009
O acidente vascular encefálico (AVE) é uma das patologias 
mais comuns e é a terceira maior causa de mortalidade 
nos países de terceiro mundo. Estima-se que ocorram 20 
milhões de novos casos no mundo por ano. As sequelas 
deixadas por essa doença são dependentes da área afetada 
e do tamanho da lesão. As alterações mais comuns são as 
disfunções motoras, sensoriais, na fala e na manutenção 
da continência urinária. Após lesão em qualquer segmento 
do sistema nervoso, a alteração na micção é denominada 
bexiga neurogênica. Os tratamentos disponíveis incluem 
medicação e técnicas invasivas. Este trabalho tem a 
finalidade de avaliar os efeitos da eletroestimulação 
externa do nervo tibial posterior na continência urinária 
de paciente com bexiga neurogência pós-AVE através do 
acompanhamento do tratamento de um paciente por dois 
anos. O tratamento consistiu na eletroestimulação do nervo 
tibial posterior, com duração de 30 minutos, uma vez por 
semana, freqüência de 10 Hz e largura de pulso de 200 
microssegundos, com intensidade média de 18 miliamperes, 
mantida abaixo do limiar motor, através de um canal e dois 
eletrodos posicionados - um deles dois centímetros acima 
do maléolo medial e o segundo eletrodo posicionado 10 
centímetros acima. Foi observado que as fraldas passaram 
a ser trocadas com menor freqüência, a paciente passou a 
ter desejo miccional e melhor controle vesicoesfincteriano. 
Dessa maneira verifica-se que a eletroestimulação do 
nervo tibial posterior se mostra uma técnica não invasiva 
e com resultados satisfatórios no tratamento de bexiga 
neurogênica.
Incontinência urinária, Bexiga neurogênica, Eletroestimulação 
do nervo tibial posterior.
56
MATIELO, D. M. CÉSAR, V. D. FRANCO, L. F. de R.
Pensamento Plural: Revista Científica do , São João da Boa Vista, v.3, n.2, 2009
1. Introdução
O estímulo elétrico como forma de tratamento come-
çou no Egito, com uma espécie de enguia elétrica encon-
trada no Rio Nilo. Hoje, existem vários aparelhos que ge-
ram correntes, mas o princípio para o tratamento continua 
sendo um estímulo elétrico que é captado por receptores 
sensitivos que se localizam na pele, despolarizam a mem-
brana de células nervosas, e geram um potencial de ação 
que despolariza a membrana celular, isto se a estimulação 
for realizada e feita na duração e intensidade correta. O 
estímulo vai então se propagar pela terminação nervosa, e 
quando o potencial de ação chegar a junção neuromuscu-
lar, vai acontecer a abertura dos canais de cálcio que vão 
em direção à membrana. Com isto ocorre o controle das 
funções secretoras do neurônio que libera neurotransmis-
sores na fenda sináptica. (MARQUES, 2008)
Os trabalhos de Magnus Fall, na Suécia, começaram a 
descrever o uso da eletroterapia na reeducação esfincteria-
na e do assoalho pélvico. (MORENO, 2009). A eletroesti-
mulação é uma alternativa no tratamento da incontinência 
urinária e foi citada inicialmente por Cadwell, em 1963, 
que fez uso de eletrodos de agulha implantados na muscu-
latura periuretral. (RUBINSTEIN, 2001; MORENO, 2009). 
Os resultados desta eletroestimulação se apresentam con-
flitantes. Os índices de cura variam de 30 a 50%, ocor-
rendo melhora dos sintomas em 6% a 90% das pacientes. 
(HERRMANN et al, 2003)
A neuromodulação foi criada inicialmente por Schmidt 
et al. (1979) e foi aprovado pelo Food and Drug Admi-
nistration (FDA) em 1997 (MARQUES, 2008; MORENO, 
2009). É um método cirúrgico através do qual é feita a 
identificação de raízes sacrais, por estimulação direta, 
geralmente em S2/S3, que é responsável pela inervação 
esfincteriana. É implantado neste nível medular um eletro-
do que está conectado a um gerador de pulso fixado na 
região subcutânea da parede abdominal anterior, podendo 
ser regulada por telemetria (BELLETTE, 2007; MARQUES, 
2008; MORENO, 2009).
Durante a eletroestimulação as fibras motoras de S2 
e S4 são excitadas seletivamente utilizando correntes de 
baixa frequência que não alcançam limiar de outras fibras 
aferentes e eferentes. Desta forma, a atividade simpática 
do nervo hipogástrico é aumentada e a atividade parassim-
pática dos neurônios motores inferiores da bexiga é dimi-
nuída. Se a neuromodulação estiver ativada, ocorre inibi-
ção da contratilidade do detrusor e, quando interrompida, 
dispara o reflexo da micção. (BELLETTE, 2007). As com-
plicações desta técnica incluem infecções, vazamento de 
líquor, deiscência, dor dentre várias outras complicações. 
(MORENO, 2009). Além de ser uma forma de tratamento 
totalmente invasiva, possui alto custo para ser empregada 
e o tempo de funcionamento do dispositivo varia de 7 a 10 
anos, e os sintomas parecem ocorrer rapidamente após o 
fim da eletroestimulação. (SGROTT, 2007).
O tratamento da Incontinência Urinaria apresenta di-
ficuldades relativas ao diagnóstico e conduta terapêutica. 
Por esta razão, nos últimos anos, o tratamento não cirúr-
gico da IU vem ganhando maior projeção apresentando 
maiores resultados com baixo índice de efeitos colaterais e 
custo reduzido. (HERRMANN et al., 2003). O tratamento 
cirúrgico não é efetivo em todos os casos, podendo ocorrer 
recidiva dos sintomas antes de cinco anos. (BERNARDES et 
al., 2000).
Isto indica a importância de buscar novas alternativas 
que sejam mais eficazes no tratamento destas pacientes. 
Além do treinamento vesical e do treinamento dos múscu-
los do assoalho pélvico, a eletroestimulação no tratamento 
da incontinência urinária vem sendo altamente utilizada, 
com o surgimento de muitos novos estudos. (FRANCO et 
a, s.d.).
A partir dos resultados satisfatórios obtidos com a ele-
troestimulação, cada vez menos invasivas, foram surgindo 
novas propostas no sentido de alcançar a redução de sin-
tomas miccionais com o menor desconforto possível para 
o paciente. Considerando a inervação do plexo sacral e 
a ramificação do nervo pudendo, pontos centrais do pro-
cesso de eletroestimulação, surgiu em 2003, proposto por 
Amarenco et al, a possibilidade de eletroestimulação do 
nervo tibial posterior, assunto que será abordado em parti-
cular no item abaixo.
O tratamento com eletroestimulação é usado para 
minimizar a atividade do músculo detrusor e fortalecer a 
musculatura do assoalho pélvico. McGuire et al. (1983) 
descreveu a eletroestimulação no nervo tibial posterior 
como uma forma de tratamento pouco invasivo para in-
continência urinária de urgência devido a hiperreflexia do 
detrusor. Esta prática de estimulação foi baseada na medi-
cina tradicional chinesa que utiliza pontos de acupuntura 
para influenciar a atividade da bexiga, como pode ser visto 
na figura abaixo. (SOL et al, 2008)
Figura 1: Atlas gráfico de Acupuntura
Fonte: MARQUES, 2008
 
Para estimulação do nervo tibial posterior, o ponto de 
acupuntura utilizadofoi o de Sanyinjiao (SP6), utilizado 
como ponto de pressão para disfunções da bexiga, segun-
do a medicina chinesa. Este ponto está localizado aproxi-
madamente cinco centímetros acima do maléolo medial, 
entre a borda posterior da tíbia e o tendão do músculo 
sóleo. (SOL et al., 2008; MARQUES, 2008)
As fibras aferentes do nervo pudendo (S2 a S4) podem 
diminuir a hiperatividade do detrusor. O nervo tibial pos-
terior contém fibras motoras e sensoriais, portanto é um 
nervo misto. As suas raízes nervosas têm origem em L4 e 
L5, S1 a S3, desta forma possuem inervações comuns às 
da bexiga, e, consequentemente, tem origem dos mesmos 
segmentos sacrais da inervação parassimpática vesical. 
(SOL et al., 2008). Desta forma, a estimulação de forma 
direta deste nervo deve inibir os aferentes S2-S4 suprindo a 
atividade da bexiga. (SOL et al., 2008). 
O plexo sacral é formado por L4-L5 e S1-S4, que são 
ramos anteriores dos nervos espinhais, sendo situado, em 
sua grande maioria, anteriormente ao sacro. Este plexo 
vai inervar os músculos glúteos, do assoalho pélvico e dos 
membros inferiores. Os ramos anteriores dos nervos espi-
nhais S4-S5 mais os nervos coccígeos se unem formando o 
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Eletroestimulação do Nervo Tibial Posterior no Tratamento de Incontinência em Paciente com A. V. E.
Pensamento Plural: Revista Científica do , São João da Boa Vista, v.3, n.2, 2009
plexo coccígeo, que inerva uma pequena área da pele na 
região coccígea. (TORTORA, 2007)
O nervo isquiático (L4-S3) é o maior nervo do corpo e 
se origina do plexo sacral. (TORTORA, 2007). Origina-se 
na pelve através do forame isquiático maior, logo abaixo 
do piriforme, passando entre trocânter maior e tuberosida-
de isquiática, dividindo nos nervos tibial e fibular comum, 
próximo ao joelho. (WILLIAMS et al., 1995)
O nervo tibial (L4-S3) é o maior ramo do nervo isqui-
ático, proveniente dos ramos ventrais do quarto e quinto 
nervos lombares e do primeiro ao terceiro nervos sacrais. 
Proximalmente está situado entre os músculos sóleo e gas-
trocnêmio, no terço distal é coberto somente por pele e 
fáscias chegando algumas vezes sobreposto pelo músculo 
flexor longo do hálux. Sua projeção superficial é uma li-
nha situada na região mediana do membro, entre maléolo 
medial e o tendão calcâneo, terminando em retináculos 
flexores, que serão divididos em nervos plantares medial e 
lateral. (WILLIAMS et al., 1995)
O nervo pudendo (S2-S4) deixa a pelve através do fo-
rame isquiático maior entre os músculos piriforme e coccí-
geo, para adentrar a região glútea. Este nervo dá origem 
ao nervo retal inferior que se divide em nervo perineal e 
nervo dorsal do pênis ou clitóris. Os músculos do assoalho 
pélvico, lábios maiores e menores da vagina na mulher, e 
no homem a pele do pênis, são inervados pelo nervo pu-
dendo. (WILLIAMS et al., 1995). A lesão neste nervo, que é 
aferente para os músculos do assoalho pélvico como para 
o esfíncter peri-uretal, pode resultar no comprometimento 
da integridade do assoalho pélvico, determinando assim a 
incontinência urinária. (HERRMANN et al., 2003)
Portanto, a estimulação aferente do nervo tibial poste-
rior inibe neurônios motores pré-ganglionares da bexiga 
por uma raiz direta da medula sacral. (SOL et al, 2008). 
Esta neuroestimulação sacral inibe a fibra C aferente da 
bexiga em consequência da ativação somática das raízes 
do nervo sacral. Como o nervo tibial posterior divide raízes 
nervosas sacrais com aferentes da bexiga, a inibição des-
sas fibras C pode acontecer. (SOL et al., 2008). As fibras 
C são um pequeno grupo de fibras não mielinizadas, que 
ficam localizadas no urotélio, e têm grande importância no 
controle da micção. (MARQUES, 2008).
A estimulação elétrica do nervo tibial posterior pode 
ser uma alternativa no tratamento de bexiga hiperativa. No 
começo a inibição do detrusor é realizada somente nos ca-
sos de uma contração involuntária, com isto a estimulação 
elétrica é iniciada quando a pressão intravesical começa a 
subir e pode ser interrompida quando a pressão retornar 
aos seus valores normais. (FJORBACK et al., 2006).
Segundo MORENO (2009), a eletroestimulação do 
nervo tibial posterior é bastante tolerada pelas pacientes, 
além do que, não apresenta efeitos colaterais e o resultado 
final é parecido com os tratamentos farmacológicos. É uma 
técnica segura, sendo que somente alguns pacientes apre-
sentaram eritema local. Desta forma a eletroestimulação 
do nervo tibial posterior é um método terapêutico eficaz. 
No tratamento das disfunções urinárias do trato inferior, 
traz melhoras significativas nos sintomas de urgência, ur-
geincontinência, frequência urinária, noctúria, enurese e 
capacidade cistométrica máxima.
Amarenco et al. (2003) teve grande contribuição no 
estudo da eletroestimulação do nervo tibial posterior, des-
crevendo um protocolo efetivo. Em seus estudos foram 
utilizados dois eletrodos auto-adesivos posicionados sobre 
o tornozelo, o eletrodo negativo foi posicionado atrás do 
maléolo medial e o eletrodo positivo 10 centímetros acima. 
A posição correta do eletrodo negativo foi obtida através 
de uma corrente de um hertz (Hz), a fim de identificar corre-
tamente o nervo tibial posterior. Esta posição é confirmada 
com o movimento de flexão rítmica dos dedos. A frequên-
cia então é alterada para 10 Hz e largura de pulso de 200 
microssegundos e a intensidade ajustada de acordo com 
limiar de cada paciente, obedecendo o limiar de contração 
motora.
A partir dessa ideia, o objetivo deste trabalho foi ava-
liar o efeito da eletroestimulação do nervo tibial posterior 
no tratamento da incontinência urinária em pacientes com 
bexiga neurogênica decorrente de lesão do sistema ner-
voso central. Para tanto, acompanhou-se a evolução do 
tratamento de uma paciente com queixa de incontinência 
urinária após acidente vascular encefálico. 
2. Método: Estudo de Caso
Paciente M.A.D.P, sexo feminino, com 70 anos de ida-
de, utilizando cadeira de rodas, chegou ao setor de Saúde 
da Mulher da clínica-escola de Fisioterapia do Centro Uni-
versitário das Faculdades Associadas de Ensino -FAE, em 
São João da Boa Vista-SP, no segundo semestre de 2005. 
O acompanhamento foi realizado semanalmente – exceto 
nos períodos de férias acadêmicas - até início do ano de 
2007, quando a paciente foi a óbito. 
Encaminhada pelo médico neurologista, apresentava 
queixa de perda de urina. A história da moléstia pregressa 
mostra que a paciente passou por episódio de AVE isquê-
mico e tinha como sequela hemiparesia espástica à direita, 
além do aumento do tônus, ou seja, uma hipertonia prova-
velmente causada pela hipertensão arterial, que é principal 
fator de risco para ocorrência de AVE. Devido ao fator de 
risco pré-existente, faz uso do medicamento Hidantal, para 
controle desta hipertensão arterial. A bexiga neurogênica 
foi do tipo espástica branda, pois ocorreu lesão do córtex 
cerebral.
Através do exame de ressonância magnética, pode-se 
observar que a paciente teve uma extensa área de infarto 
antigo envolvendo região dos gânglios da base, região in-
sular e cápsula interna esquerda. 
As cuidadoras, que são as filhas, relataram que a pa-
ciente não tem controle urinário nenhum e por esta razão, 
faz o uso de fraldas descartáveis que são trocadas quatro 
vezes ao dia em média. Possui bons hábitos intestinais, que 
são voluntários. Foi entregue o diário miccional, que não 
conseguiu ser preenchido pelas cuidadoras devido ao uso 
de fraldas.
Foram realizadas nas sessões de fisioterapia o protoco-
lo de Amarenco et al (2003), para tratamento para a in-
continência urinária através da eletroestimulação do nervo 
tibial posterior. O aparelho de eletroestimulação utilizado 
foi da marca Dualpex 961, da Quark. No início da sessão 
era realizado a uma frequência de 1 Hz para localização 
do nervo tibial posterior,que era possível ser observado 
com exatidão do seu ponto motor quando a paciente re-
alizava flexão do hálux. Após a localização do nervo, a 
sessão se iniciava a partir do posicionamento dos eletrodos 
na borda medial do membro inferior esquerdo, um deles, 
a cerca de dois centímetros acima do maléolo medial e 
o segundo eletrodo posicionado a 10 centímetros acima, 
conforme a figura 9. Após esse procedimento, passou-se a 
utilizar uma frequência de 10 Hz, largura de pulso de 200 
microssegundos, intensidade média de 18 miliamperes, 
por um tempo de 30 minutos cada sessão.
Após cinco sessões de tratamento seguindo o protocolo 
proposto, as cuidadoras relataram que a quantidade de 
urina presente na fralda no período da tarde, já era em 
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MATIELO, D. M. CÉSAR, V. D. FRANCO, L. F. de R.
Pensamento Plural: Revista Científica do , São João da Boa Vista, v.3, n.2, 2009
menor quantidade e que a paciente já conseguia prever 
o início da micção, sendo assim a possível colocação de 
uma comadre no quarto para que a utilização de fraldas 
fosse cessando.
Após dez sessões as cuidadoras relatam que houve me-
lhora significativa no quadro de incontinência urinária e 
que as trocas de fraldas já estavam sendo realizadas em 
menor quantidade, em torno de duas vezes ao dia.
Após o recesso de final de ano, no início de 2006 as 
cuidadoras relataram que a perda de urina esteve ocor-
rendo em maior quantidade no período da noite, mas que 
após o início do tratamento com a eletroestimulação do 
nervo tibial posterior, as perdas de urina diminuíram. Após 
outras seis sessões, realizadas no ano de 2006, a cuida-
dora relatou que a fralda estava praticamente seca a cada 
troca, e que a paciente pede para levá-la ao banheiro. Foi 
realizada a orientação para que a cuidadora a levasse ao 
banheiro a cada três horas e, com isso, fosse diminuindo 
cada vez mais o uso de fraldas descartáveis.
Após o recesso acadêmico do mês de julho, a pacien-
te voltou para as sessões de fisioterapia e as cuidadoras 
relataram que as trocas de fraldas estavam ocorrendo três 
vezes ao dia, mostrando que a interrupção da eletroestimu-
lação implica em piora do quadro urinário.
Em 2007, a paciente passou por um período de hos-
pitalização, uma vez que encontrava-se desidratada e o 
quadro de incontinência urinária apresentou uma piora. 
Antes de ser hospitalizada a paciente tinha o controle fecal 
e desejo miccional pedindo para levá-la ao banheiro; após 
o episódio, as cuidadoras relataram que ela apresenta o 
desejo miccional algumas vezes, mas voltou a perder urina 
e fezes. A paciente foi a óbito alguns dias depois devido a 
um novo episódio de AVE.
3. Discussão
A bexiga neurogênica da paciente foi causada por 
lesões em núcleos da base, cápsula interna e região in-
sular, trazendo perdas de urina frequentes, fazendo com 
que a paciente passasse a utilizar fraldas diariamente. A 
bexiga neurogênica do caso estudado foi do tipo espástica 
branda, pois ocorreu lesão do córtex cerebral incompleta. 
(MORITZ et al., 2005).
Tratar a incontinência urinária é um desafio para os 
profissionais da saúde, especialmente as queixas pro-
venientes de lesões cerebrais. A falta de estudos sobre a 
eletroestimulação externa em pacientes neurológicos, faz 
com que os tratamentos se tornem ainda mais complexos, 
pois poucos profissionais da área de fisioterapia conhecem 
essa possibilidade terapêutica. Estudos recentes trazem a 
eletroestimulação do nervo tibial posterior como uma des-
sas possibilidades, podendo trazer benefícios para esses 
pacientes.
O interesse do fisioterapeuta nos tratamentos de pacien-
tes neurológicos ainda está muito relacionado a disfunções 
motoras, sensitivas e funcionais, ficando outros tipos de se-
quelas em segundo plano, trazendo, assim, maiores dificul-
dades para a recuperação global do paciente. As queixas 
urinárias só passam a ter importância quando se tornam um 
incômodo para os pacientes e, principalmente, para os cui-
dadores, que a partir daí se mostram dispostos a agir junto 
com a equipe de fisioterapia para que o desconforto desses 
pacientes se torne menor.
A eletroestimulação do nervo tibial posterior pode ser 
uma forma de tratamento devido a sua localização e inerva-
ção; a corrente elétrica inibe as contrações não inibidas do 
detrusor e melhora as perdas urinárias frequentes.
A eletroestimulação do nervo tibial posterior é uma 
técnica pouco invasiva e com poucos efeitos colaterais. A 
eletroestimulação intracavitária (vaginal ou anal) não se 
mostra uma boa opção, uma vez que o tônus possivelmente 
também encontra-se alterado na musculatura do assoalho 
pélvico, dificultando a introdução e manutenção do eletrodo 
durante a terapia. 
Em relação ao estudo de caso observado nessa mono-
grafia, após o início do tratamento com eletroestimulação do 
nervo tibial posterior, as trocas de fraldas foram diminuindo e 
o desconforto urinário também, pois a paciente passou a re-
ferir desejo miccional. A eficácia deste tratamento é eviden-
ciada pelo fato de que todas as vezes nas quais a paciente se 
encontrava impossibilitada de comparecer à fisioterapia, os 
distúrbios miccionais pioravam de forma significativa, fazen-
do com que as cuidadoras tivessem novamente que realizar 
trocas de fraldas com maior frequência. Quando a paciente 
voltava a realizar a eletroestimulação, os sintomas voltavam 
a melhorar, trazendo resultados positivos. 
A desvantagem deste tratamento é a necessidade de que 
não seja interrompido, tornando-se crônico. Mas como já 
foi observado anteriormente, para pacientes neurológicos, 
esta nova técnica traz uma possibilidade de recuperação dos 
sintomas miccionais de maneira segura, barata e, possivel-
mente eficiente, quando comparada a neuromodulação ou 
eletroestimulação por eletrodos intravaginais ou anais.
A grande limitação deste estudo foi o acompanhamento 
de um único estudo de caso, o que limita a ampliação dos 
dados para uma população maior. O ideal seria fazer um 
estudo randomizado, com tamanho de amostra maior.
Outra limitação encontrada é que a paciente utilizava 
fralda, devido a sua incapacidade para ir ao banheiro. Esta 
dificuldade encontrada não permitiu que fosse feito o diário 
miccional, ficando, então, os resultados baseados em rela-
tos feitos pelas cuidadoras. 
Também não foi realizado o exame urodinâmico desta 
paciente, pois o serviço público da cidade não oferece esta 
possibilidade de avaliação, limitando mais uma vez a ava-
liação dos resultados do tratamento.
Em contrapartida, pode-se observar muitas vantagens 
a partir deste estudo, dentre estas, destaca-se a possibili-
dade de novas técnicas na área de fisioterapia, a partir do 
qual pode-se obter resultados satisfatórios com a eletroes-
timulação externa em pacientes neurológicos com bexiga 
hiperativa. Para que se tenham bons resultados, entretanto, 
é necessário um acompanhamento longo destas pacientes. 
A grande possibilidade levantada a partir desse estudo é a 
melhora na qualidade de vida, tanto da paciente, quanto da 
família, pois com a diminuição das perdas urinárias é pos-
sível uma reintegração social com melhora da auto-estima, 
da motivação e da satisfação da paciente. 
Para a profissão de fisioterapia é mais uma possibilidade 
a ser utilizada no intuito de buscar a recuperação do pacien-
te neurológico, ampliando as áreas de atuação e as opções 
profissionais no mercado de trabalho.
4. Considerações finais
A técnica de eletroestimulação do nervo tibial posterior 
mostrou-se viável no tratamento de incontinência urinária 
devido à bexiga neurogênica. Esta vem se tornando uma 
alternativa satisfatória e eficaz no tratamento das disfun-
ções miccionais, devido aos resultados obtidos. Entretanto, 
são necessários mais estudos evidenciando a utilização da 
mesma em relação às pacientes com bexiga neurogênica,a fim de melhorar sua qualidade de vida e torná-las menos 
dependentes de seus cuidadores.
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Eletroestimulação do Nervo Tibial Posterior no Tratamento de Incontinência em Paciente com A. V. E.
Pensamento Plural: Revista Científica do , São João da Boa Vista, v.3, n.2, 2009
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Urinary continence, Neurogenic bladder, Electrostimulation of the posterior tibial nerve. 
Key words
A
bs
tr
ac
t The accident vascular encephalic (AVE) is one of pathologies more common and is the third mmajor cause of 
mortality in third world countries. It is estimated that occur 20 million new cases in the world by year. The sequelae 
left by this disease depends on the affected area and the size of injury. The more common changes are in motor, 
sensory and speech dysfunctions and in urinary continence maintenance. Neurogenic bladder refers to dysfunction 
of the urinary bladder due to disease of the central nervous system or peripheral nerves involved in the control 
of micturition. The treatments available include medication and invasive techniques. This work was made with 
the purpose of assess the effects, of external electrostimulation of the posterior tibial nerve in urinary continence 
of patient with neurogenic bladder post-AVE through the observation of a patient treatment during two years. 
The treatment consist in the electrostimulation of the posterior tibial nerve, for 30 minutes, once a week, with a 
frequency of 10 Hz and pulse width of 200 microseconds, with average intensity of 18 mA, kept below the motor 
threshold, through a channel and two electrodes positioned – one, two centimeters above of the medial malleolus 
and the second electrode positioned 10 centimeters above. It was observed that the diapers were changed with 
less frequency and the patient started to manifest voiding desire and better vesicouretral control. Thus it is verified 
that electrostimulation of the posterior tibial nerve may be considered as a noninvasive technique with satisfactory 
results in treatment of the neurogenic bladder.

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