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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL/ ICTE Ecossistemas terrestre e aquáticos Aula 2 Profa. Dra. Ana Paula Milla dos Santos Senhuk - Fluxo de energia nos ecossistemas - Fatores limitantes da produtividade - Eficiência energética - Pirâmides ecológicas • Origem grego oikos lar - estudo do “Lar Terra” • Termo introduzido em 1869 pelo biólogo alemão Ernst Harckel • “a ciência das relações entre o organismo e o mundo externo circunvizinho” Ecologia Ecossistema - conceitos • Charles Elton, 1920: “os organismos que vivem num mesmo lugar não apenas apresentam tolerâncias semelhantes aos fatores físicos no ambiente, mas também interagem uns com os outros” – teia alimentar • Tansley, 1935: ▫ Sistemas ecológicos – componentes biológicos e físicos unificados pela dependência dos animais e das plantas em seus ambientes físicos e por suas contribuições para a manutenção das condições e composição do mundo físico ECOSSISTEMAS Visão mecanicista: Em qualquer sistema complexo o comportamento do todo = soma das propriedades de suas partes Visão sistêmica: Propriedades das partes não são propriedades intrínsecas, mas só podem ser entendidas dentro do contexto do todo maior pensamento contextual/ ambientalista Teorias sistêmicas • déc. 30 biólogos organísmicos, psicólogos e ecologistas • relação entre as partes e o todo invertida • as propriedades sistêmicas são destruídas quando um sistema é dissecado em elementos isolados Metáfora do conhecimento Edifício Rede (teia dinâmica de eventos interrelacionados) X “Os organismos não são apenas membros de comunidades ecológicas, mas também são, eles mesmos, complexos ecossistemas contendo uma multidão de organismos menores, dotados de uma considerável autonomia, e que, não obstante, estão harmoniosamente integrados no funcionamento do todo” Fritjof Capra (A teia da vida, 1996) CARACTERÍSTICA UNIVERSAL DE TODOS OS ECOSSISTEMAS INTERAÇÃO DOS COMPONENTES AUTOTRÓFICOS E HETEROTRÓFICOS Organismos responsáveis pelos processos parcialmente separados: - no espaço - no tempo • Variação temporal - exemplo: • “ o fogo pode atingir uma árvore muitas vezes, mas saltar dúzias de gerações de uma população de insetos” • Variação espacial – exemplo: • Variação da temperatura no Oceano • Heterogeneidade ambiental gerada pela estrutura das plantas, atividades de animais e conteúdo do solo • O fluxo de energia é unidirecional • A eficiência da reciclagem e a magnitude da importação/exportação dos nutrientes variam amplamente conforme o tipo de ecossistema • Limites do sistema arbitrário – margem do lago, bordas da floresta, limites da cidade... C a ra c te rí s ti c a s d o E C O S S IS T E M A TROPHE = alimentação • Estrato autotrófico – “cinturão verde” - fixação da energia luminosa, transformação de substâncias simples em sub. orgânicas complexas • Estrato heterotrófico – “cinturão marrom” – solos e sedimentos, matéria em degradação, raízes... • Predominam o uso, rearranjo e a decomposição dos materiais complexos E S T R U T U R A T R Ó F IC A D O E C O S iS T E M A 1. SUBSTÂNCIAS INORGÂNICAS (C, N, CO2, H2O e outros) - ciclo de materiais 2. COMPOSTOS ORGÂNICOS (proteínas, carboidratos, lipídeos, substâncias húmicas e outros) - conectam os componentes bióticos e abióticos 3. AMBIENTE de ar, água e substrato, regime climático e outros fatores físicos 4. PRODUTORES ou autotróficos 5. FAGÓTROFOS (de phago = “comer”) ou heterotróficos 6. SAPRÓTROFOS (de sapro = “decompor”) ou decompositores C O M P O N E N T E S D O E C O S S IS T E M A ▫ 224 bi ton/ano de biomassa vegetal seca ▫ 59% - produzida em ecossistemas terrestres ▫ 35% a 40% - utilizada pelos humanos (para alimentos ou para animais) ▫ Quanto da produção de algas nos oceanos é necessário para sustentar os pesqueiros? ▫ Compreensão do fluxo de energia nos ecossistemas naturais Cerca de 90% da energia consumida é utilizada para manter o consumidor Apenas 10% é convertida para crescimento e reprodução em biomassa – alimento potencial para outros organismos Energia no ecossistema • Alfred J. Lotka desenvolveu o primeiro conceito termodinâmico de ecossistema • Terra – máquina termodinâmica gigantesca ▫ Circulação de ventos e correntes oceânicas e evaporação da água movidos pela energia solar • Parte dessa energia solar é assimilada pela fotossíntese das plantas ▫ Combustível de todos os sistemas biológicos Energia no ecossistema Energia no ecossistema • Cadeia alimentar – sequência de relações tróficas pelas quais a energia passa através do ecossistema • Níveis tróficos – elos da cadeia alimentar • Pirâmide de energia - em cada nível trófico, a energia é perdida por causa do trabalho realizado pelos organismos e pela demanda energética nos processos bioquímicos • Ecologia de ecossistemas - que trata principalmente do fluxo de energia e reciclagem de matéria em diversos ecossistemas e sob infinitas condições Energia no ecossistema Energia no ecossistema 0,18% • A energia e as massas dos elementos como o carbono - “moeda” comum para comparar a estrutura e funcionamento de diferentes ecossistemas • Medidas de assimilação de energia e eficiência energética • Odum (1953) – retratou os ecossistemas como diagramas de fluxo de energia ▫ Energia entra no ecossistema como luz e sai como calor ▫ Os nutrientes são regenerados e retidos dentro do ecossistema Energia no ecossistema • Modelo universal do fluxo de energia ecológico Energia no ecossistema Entrada de energia para o organismo Energia disponível para o próximo nível trófico • Fluxo de energia em 3 níveis tróficos Energia no ecossistema • A matéria circula dentro do ecossistema 1 - assimilada em formas inorgânicas pelas plantas e 2 - convertida em biomassa 3 - volta às formas inorgânicas pelo processo de decomposição • Produção primária: assimilação de energia e produção de matéria orgânica pela fotossíntese ▫ Plantas, algas e algumas bactérias • Produtividade primária: a taxa da produção primária Energia no ecossistema Energia no ecossistema - produtividade FATORES LIMITANTES DA PRODUTIVIDADE: 1 - A luz e a temperatura influenciam as taxas de fotossíntese ▫ Plantas que crescem na sombra ou em grandes profundidades em sistemas aquáticos – luminosidade limitante • Eficiência fotossintética – porcentagem de energia na luz do sol convertida para produção primária ▫ Varia entre 1% e 2% - quando a água e os nutrientes não são limitantes Energia no ecossistema Energia no ecossistema Energia no ecossistema Energia no ecossistema Distribuição dos ecossistemas em função da altitude e latitude FATORES LIMITANTES DA PRODUTIVIDADE: 2 - A água limita a produção primária em muitos habitats terrestres ▫ Baixa umidade do solo ▫ Estômatos fechados para reduzir a perda de água ▫ Redução da assimilação de CO2 ▫ Fotossíntese mais lenta • Eficiência no uso da água – resistência à seca ▫ 2 a 4 kg de produção por kg de água consumida Energia no ecossistema Distribuição dos ecossistemas em função da precipitação e temperatura Energia no ecossistema Estratégias para maior eficiência no uso da água: • Transpiração e fotossíntese lentas • Tamanho reduzido (ex: arbustosperenifólios do deserto) • Características estruturais: ▫ Tricomas, estômatos em cavidade e na face inferior ▫ Superfícies com ceras Energia no ecossistema • Estratégias fisiológicas especiais: ▫ Plantas C4 e CAM (metabolismo ácido das crassuláceas, em inglês) ▫ Maior eficiência no uso da água em relação a maioria das outras plantas (C3) • Ou seja, a quantidade de carbono fixado por unidade de água transpirada pode ser duas vezes maior do que nas plantas C3 Cana – C4 Cactos - CAM Energia no ecossistema Para lembrar: • 3 rotas bioquímicas para fixação de carbono na fotossíntese: C3, C4 e CAM • Obs: a maioria das plantas aquáticas usa a rota C3 e possuem mecanismos concentradores de CO2 para aumentar a eficácia de sua utilização • A rota C3 • CO2 fixado em um ácido com 3 carbonos (ác. fosfoglicérico) pela enzima Rubisco ▫ Essa enzima também tem afinidade por O2 (fotorrespiração) FATORES LIMITANTES DA PRODUTIVIDADE: 3 - Respostas das plantas às concentrações variáveis de CO2 atmosférico ▫ [CO2] 30% maior que no período pré-industrial (pouco tempo em escala geológica) ▫ Declínios na [CO2] após o Cretáceo (há +/- 145 mi anos) ▫ Provável força indutora favorecendo a evolução de plantas C4 ▫ Desvantagem das C3 em baixas [CO2] pela alta taxa de fotorrespiração Energia no ecossistema Energia no ecossistema FATORES LIMITANTES DA PRODUTIVIDADE: 4 – Os nutrientes estimulam a produção vegetal tanto nos ecossistemas terrestres quanto nos aquáticos ▫ Limitam a produção primária mais fortemente em ambientes aquáticos ▫ Adição descontrolada de fertilizantes (principalmente nitrogênio e fósforo) – EUTROFIZAÇÃO Energia no ecossistema Energia no ecossistema Maior produção em zonas de ressurgência, nas áreas de plataformas continentais (mais rasas) e recifes de corais • Trópicos – grande insolação, temperatura quente, precipitação abundante e grande quantidade de nutrientes Maior produtividade terrestre do planeta • A produção da vegetação terrestre é máxima nos trópicos úmidos e mínima nos habitats de tundra e de deserto • Interface entre ecossistemas terrestres e aquáticos (ecótonos) – contínua disponibilidade de água e rápida regeneração de nutrientes nos sedimentos lodosos – alta produtividade A produção primária varia entre os ecossistemas • Écotono – criado pela justaposição de diferentes habitats ou tipos de ecossistemas • Interação ativa entre dois ou mais ecossistemas • Propriedades inexistentes em ambos os ecossistemas, mas adjacentes • Zona de interface com propriedades e espécies únicas • ex: praia marinha – ações alternadas de marés de inundação e drenagem, manguezais... G R A D IE N T E S E E C Ó T O N O S Estuário – água salobra Exemplos de ecótonos: Brejos e estuários Variação da produtividade primária entre os ecossistemas • Apenas 5% a 20% da energia passa de um nível trófico para outro • As transformações bioquímicas dissipam parte da energia da PPB antes que possa ser consumida pelos organismos do nível trófico superior • A cada etapa da cadeia alimentar 80-95% da energia é perdida • Eficiência ecológica ou eficiência da cadeia alimentar Energia no ecossistema • Eficiência de transferência de energia Energia no ecossistema • Produção primária das plantas, algas e algumas bactérias – base das cadeias alimentares ecológicas ▫ Gastam entre 15% e 70% da energia luminosa assimilada pela fotossíntese para manutenção – energia indisponível para os consumidores • Herbívoros e carnívoros são mais ativos - gastam mais energia • Energia egestada: componentes do alimento não digeríveis – defecados ou regurgitados (pêlos, penas, exoesqueletos de insetos, cartilagens, ossos, celulose e lignina) Energia no ecossistema • Energia assimilada: o que o organismo digere e absorve ▫ Parte retida é usada para síntese de nova biomassa – produção – crescimento e reprodução • Energia respirada: fração da energia assimilada utilizada para atender as necessidades metabólicas, cuja maior parte é perdida como calor • Energia excretada: parte da energia assimilada é excretada por animais na forma de resíduos orgânicos nitrogenados (principalmente amônia, ácido úrico ou ureia) Energia no ecossistema • Balanço de energia de um organismo energia ingerida – energia egestada = energia assimilada energia assimilada – respiração – excreção = produção Energia no ecossistema • A eficiência de assimilação (EA) depende da digestibilidade da dieta • EA = razão entre a assimilação e a ingestão • O valor energético das plantas para seus consumidores depende de sua qualidade alimentar (quantidade de material não digerível) • Ex: capim-annoni, espécie invasora no sul do Brasil • Alimentos de origem animal são mais facilmente digeridos do que os de origem veg. Energia no ecossistema Energia no ecossistema • Eficiência de produção (EP)= razão entre a energia de produção e a energia total assimilada • Animais ativos - EP baixa (endotérmicos): ▫ Aves < 1%; pequenos mamíferos < 6% ▫ Usam a maior parte da energia assimilada para manter o equilíbrio salino, fazer o sangue circular, produzir calor para a termorregulação e se movimentar • EP = 75% ▫ animais sedentários (ectotérmicos) – espécies aquáticas principalmente Energia no ecossistema Energia no ecossistema • Eficiência de produção nas plantas • Depende do ambiente e da forma de crescimento • Plantas de crescimento rápido em zonas temperadas: ▫ EP entre 75% e 85% • Nos trópicos: ▫ EP entre 40% e 60% Energia no ecossistema Energia no ecossistema Pirâmide de energia Pirâmides de números Pirâmides de biomassa • Cadeias alimentares de detritos • Maior parte da produção de plantas terrestres é consumida como detritos: ▫ Restos mortais e material indigerível excretado pelos herbívoros • Por organismos especializados em atacar madeira, folhas na serapilheira e plantas fibrosas egestadas • 2 cadeias alimentares paralelas em comunidades terrestres: base herbívora e base detritívora ▫ Se misturam nos níveis tróficos mais altos ▫ A energia dos detritos tende a se mover mais lentamente na cadeia alimentar Energia no ecossistema Cadeia ou teia de pastejo base herbívora Cadeia ou teia de detritos base detritívora • A energia atravessa os ecossistemas em velocidades diferentes • Eficiência ecológica = proporção da energia assimilada pelas plantas que alcança cada nível trófico superior • Tempo de residência da energia em cada nível trófico – acumulação de energia ▫ serapilheira em regiões tropicais úmidas: 3 meses ▫ serap. em regiões tropicais secas: 4 a 16 anos ▫ serap. em regiões montanhosas temperadas e boreais: mais de 100 anos Energia no ecossistema • O ecossistema ganha energia pela assimilação fotossintética de luz – autótrofos- e pelo transporte de matéria orgânica para dentro do sistema – fontes externas • Material orgânico produzido dentro do sistema: autóctone ▫ Predomina em rios grandes, lagos e maioria de ecossistemas marinhos • Material orgânico produzido fora do sistema: alóctone ▫ Predomina em pequenas correntes e nascentes sob as copas fechadas das florestas ▫ Cavernas e profundezas dos oceanos – sem luz Energia no ecossistema h tt p s: // w w w 1. fo lh a .u o l. co m .b r/ co ti d ia n o /2 0 18 /0 3 /a p o s- 1- a n o - tr a n sp o si ca o -d o -sa o -f ra n ci sc o -j a -r et ir a -1 -m il h a o -d o -c o la p so .s h tm l h tt p :/ /w w w .o te m p o .c o m .b r/ ca p a /e co n o m ia /s ec a -e -i n % C 3 % A D ci o -d a -t ra n sp o si % C 3 % A 7 % C 3 % A 3 o - a m ea % C 3 % A 7 a m -o -r io -s % C 3 % A 3 o -f ra n ci sc o -1 .1 4 7 9 5 0 9 Referência • RICKLEFS, R. E. A Economia da Natureza. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011, 546p.
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