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1 Noções Gerais – Crimes em Espécie CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online NOÇÕES GERAIS – CRIMES EM ESPÉCIE LEI N. 8.078/1990 – CRIMES CONTRA RELAÇÕES DE CONSUMO Proteção ao consumidor Segundo a Constituição Federal: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantin- do-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: Inciso XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; CARACTERÍSTICAS GERAIS Crimes de perigo abstrato Para facilitar a compreensão do que vem a ser um crime de perigo abstrato, pode-se usar o ato de dirigir sob o efeito de álcool como exemplo. Antigamente, isso era considerado crime somente quando havia um risco em concreto, como em casos em que a pessoa ultrapassava um carro ou andava pelo acostamento. Essa lei mudou, e, atualmente, dirigir sob o efeito de álcool já é considerado um crime. Desse modo, um tema no qual antes deveria haver um perigo e a sua devida comprovação, agora se trata de um perigo abstrato (a simples conduta em si). O mesmo ocorre com a Lei n. 8.078/1990, ou seja, não há que se compro- var nos crimes de relação de consumo um perigo concreto, basta que haja um perigo abstrato. Menor potencial ofensivo São aqueles crimes nos quais os procedimentos se regem por princípios da ora- lidade, da simplicidade, da celeridade e juizados especiais. Observa-se que esses crimes não ultrapassam a pena máxima que é prevista na norma penal secundária. 2 Noções Gerais – Crimes em Espécie CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online CLASSIFICAÇÃO Crimes próprios ou diretos São os que tratam especificamente das relações de consumo. • Código de Defesa do Consumidor; • Código Penal, como nos artigos 272 (falsificar, corromper, adulterar ou alte- rar substância ou produtos alimentícios) e 273 (falsificar, corromper, adulte- rar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais). Crimes impróprios São os crimes que não são destinados especificamente às relações de con- sumo. Observa-se que o artigo 171 do Código Penal, que trata de estelionato (obter vantagem indevida em prejuízo alheio mediante artifício, ou qualquer outro meio fraudulento), não se amolda apenas a exemplo de relação de consumo, razão pela qual, nesse caso, é considerado apenas um crime impróprio. CRIMES EM ESPÉCIE Código de Defesa do Consumidor Conceito de consumidor • Teoria finalista: o destinatário final, fático e econômico do bem ou serviço, seja ele pessoa física ou jurídica. Ou seja, o consumidor é aquele que não recebe o produto para comercializar com terceiros. 3 Noções Gerais – Crimes em Espécie CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online • Teoria finalista mitigada: Relações entre fornecedores e sociedades empresárias em que, mesmo a sociedade empresária utilizando os bens ou serviços para suas atividades econômicas, fique evidenciado que ela apresenta vulnerabilidade frente ao fornecedor. Visão geral • Conhecimento do consumidor – Nocividade e periculosidade de produtos e serviços; – Registros em seu nome. • Conhecimento claro e verdadeiro do consumidor – Afirmações falsas ou incompletas (não apenas sobre nocividade e peri- culosidade, como também precisam ser coibidas). • Segurança e dignidade do consumidor DETALHAMENTO DOS ARTIGOS 63 A 74 DA LEI N. 8.078/1990 Segundo o artigo 63 da Lei n. 8.078/1990: Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou periculosidade de produtos, nas embalagens, nos invólucros, recipientes ou publicidade: Pena – Detenção de seis meses a dois anos e multa. § 1° Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de alertar, mediante recomenda- ções escritas ostensivas, sobre a periculosidade do serviço a ser prestado. § 2° Se o crime é culposo: Pena Detenção de um a seis meses ou multa. Conduta • Omitir dizeres (que são escritos) ou sinais ostensivos (ex.: veneno, material radioativo etc.). 4 Noções Gerais – Crimes em Espécie CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online • O quê: – Periculosidade (ex.: substância inflamável); – Nocividade (ex.: alta taxa de colesterol). • Onde: – Embalagem; – Propaganda. Elemento subjetivo: Dolo ou culpa. Consumação: Desnecessidade de resultado e de perigo concreto. Tentativa: Não se admite – crime omissivo puro. Conflito de leis Art. 63 do CDC Art. 7º, II, Lei n. 8.137/90 Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou periculosidade de produ- tos, nas embalagens, nos invólucros, reci- pientes ou publicidade. Vender ou expor à venda mercadoria cuja embalagem, tipo, especificação, peso ou composição esteja em desacordo com as prescrições legais, ou que não corres- ponda à respectiva classificação oficial. Segundo o artigo 64 da Lei n. 8.078/1990: Art. 64. Deixar de comunicar à autoridade competente e aos consumidores a noci- vidade ou periculosidade de produtos cujo conhecimento seja posterior à sua colo- cação no mercado: Pena – Detenção de seis meses a dois anos e multa. Parágrafo único. Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de retirar do mercado, imediata- mente quando determinado pela autoridade competente, os produtos nocivos ou perigosos, na forma deste artigo. 5 Noções Gerais – Crimes em Espécie CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online Conduta • Conhecimento é posterior à oferta do produto. Atenção! A diferença entre o artigo 63 e o artigo 64 pode ser um assunto de prova. Nesse caso, a diferença é o fato de o conhecimento ser anterior à oferta do produto no artigo 63 e posterior no artigo 64. • O quê: – Periculosidade (ex.: substância inflamável); – Nocividade (ex.: alta taxa de colesterol). • Onde: • Embalagem; • Propaganda. • A quem: – Comprou ou potencial comprador; – Autoridade competente. Retirada do mercado • Deve ser imediata (mas a lei não assinala um prazo específico); • Exige ordem da autoridade competente. Recall involuntário Atenção! É possível que seja perguntado em prova de concurso o que ocorre caso seja recall voluntário, isto é, se não houve a determinação de uma autoridade para a retirada de mercado. Esse fato é atípico, pois um dos requisitos necessários 6 Noções Gerais – Crimes em Espécie CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online para retirada do produto do mercado não está preenchido. Porém, se for comprovado que o resultado danoso de lesão ou de morte de algum consumidor possui nexo causal com a ocasião em que se deixou de retirar, haverá uma responsabilização ou pelo crime de lesão corporal ou pelo crime de homicídio. Elemento subjetivo: somente dolo. Consumação: Desnecessidade de resultado e de perigo concreto. Atenção! Não há menção a serviço. Tentativa: Não se admite (crime omissivo puro). Segundo o artigo 65 da Lei n. 8.078/1990: Art. 65. Executar serviço de alto grau de periculosidade, contrariando determina- ção de autoridade competente: Pena Detenção de seis meses a dois anos e multa. Parágrafo único. As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspon- dentes à lesão corporal e à morte. Conduta • Execução de serviço com “alto grau de periculosidade” (elementonorma- tivo do tipo); • Descumprimento de determinação de autoridade competente. Elemento subjetivo • Dolo (caput); • Preterdolo (parágrafo único). 7 Noções Gerais – Crimes em Espécie CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online Consumação: Execução do serviço e periculosidade aferida. Tentativa: admite-se no caput. Segundo o artigo 66 da Lei n. 8.078/1990: Art. 66. Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante sobre a natureza, característica, qualidade, quantidade, segurança, desempenho, durabili- dade, preço ou garantia de produtos ou serviços: Pena – Detenção de três meses a um ano e multa. § 1º Incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar a oferta. § 2º Se o crime é culposo; Pena Detenção de um a seis meses ou multa. Conduta • Fazer afirmação falsa (inverídica ou enganosa) que possa levar o consu- midor a erro; • Omitir informação relevante (elemento normativo). A lei deixa em aberto o elemento normativo, desse modo, o juiz irá fundamen- tar a sua decisão no caso específico, bem como o delegado o irá fazer em seu indiciamento e o promotor na sua peça inicial acusatória, demonstrando que a informação omitida é relevante. Elemento subjetivo • Dolo (caput); • Culpa (parágrafo segundo) – como também no artigo 63. Consumação: Fraude ou omissão relevante. Tentativa: Possível na afirmação falsa (quando, por circunstâncias alheias à vontade, não se consegue prestá-las). 8 Noções Gerais – Crimes em Espécie CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online Conflito de leis Art. 66 do CDC Art. 7º, II, Lei n. 8.137/90 Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante sobre a natu- reza, característica, qualidade, quanti- dade, segurança, desempenho, durabili- dade, preço ou garantia de produtos ou serviços. Vender ou expor à venda mercadoria cuja embalagem, tipo, especificação, peso ou composição esteja em desacordo com as prescrições legais, ou que não corres- ponda à respectiva classificação oficial; Observe que há um conflito, pois a Lei n. 8.137/1990 prevê uma conduta e uma norma penal secundária muito maior que a Lei n. 8.078/1990 (de dois a cinco anos, no caso da primeira), não sendo considerado um crime de menor potencial ofensivo. O que vigora, desse modo, é a Lei n. 8.137/1990 em relação ao produto, e o artigo 66 da Lei n. 8.078/1990 se atém especificamente ao ser- viço. ��Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula preparada e ministrada pelo professor Felipe Leal.