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A CIDADE INDUSTRIAL Notas de Aula Prof. Carol Menzl TH5 - UCB Utopias Socialistas | Arquitetura e Urbanismo | THAU IV | Profª Drª Suzete Bomfim | Slide Prof.a Ana Paula Gurgel Utopias Socialistas | Arquitetura e Urbanismo | THAU IV | Profª Drª Suzete Bomfim | Utopias Socialistas | Arquitetura e Urbanismo | THAU IV | Profª Drª Suzete Bomfim | A CRÍTICA À CIDADE INDUSTRIAL - Revolução industrial e crescimento demográfico das cidades - Variações de acordo com o nível de industrialização do país: 1. Inglaterra a partir de c. 1800 – a população de Londres quintuplicou em um século 2. França e Alemanha a partir dos anos 1830 - As cidades antigas – medievais e/ou barrocas – não dão suporte às transformações. - Higiene física deplorável: 1. habitat insalubre 2. grandes distâncias entre trabalho e habitação 3. falta de saneamento básico 4. ausência de áreas públicas Utopias Socialistas | Arquitetura e Urbanismo | THAU IV | Profª Drª Suzete Bomfim | [...] Por um lado foi bom, uma vez que favoreceu a burguesia, mas por outro, só contribuiu para acirrar ainda mais a exploração do operariado. Houve um intenso êxodo rural, as cidades ficaram superlotadas, as pessoas viviam em pensões sem um mínimo de higiene, as condições de trabalho nas fábricas eram péssimas, os trabalhadores tinham de enfrentar uma jornada de trabalho de 12 horas, havia a ausência de direitos do operário bem como de segurança no trabalho, e ainda cresceu exageradamente a exploração das mulheres e crianças, onde o salário pago era mais baixo. (GUSMÃO: 2006, 200- 201) A CRÍTICA À CIDADE INDUSTRIAL Século XIX à Revolução Industrial à Deterioração do estado das cidades em decorrência do crescimento acelerado Razões do crescimento populacional: à Êxodo rural (leis de cercamentos), à Demanda por mão-de-obra à indústrias à Queda da mortalidade Implicações históricas Fatores que resultaram em uma nova concepção da cidade Progressivas e decisivas, as transformações provocadas pela Revolução Industrial (1750-1830), aconteceram em três níveis, a saber: Econômico-‐tecnológico: aumento da produção, da circulação e do consumo através da invenção da máquina Sócio-‐polí3co: proletarização de milhares de artesãos e formação de reserva de mão-‐de-‐obra Urbano-‐territorial: nova distribuição da população no território e mudanças radicais na infra-‐estrutura urbana A comunidade Ideal : alterna:vas à cidade Industrial Londres é a primeira capital em estado crítico. Implicações históricas Fatores que resultaram em uma nova concepção da cidade Consequências: • Aumento da densidade populacional das principais cidades sem condições para absorver o crescimento • Deterioração das condições de habitação com a falta de saneamento e cortiços insalubres à Higienismo surge • Saúde à Epidemias de tuberculose e cólera • Trabalho à Baixos salários, desemprego • Problemas sociais à Trabalho infantil, fome, prostituição e alcoolismo Em 1851, a população das cidades inglesas já era maior que a do campo. Na Alemanha, isto aconteceu em 1890; e nos EUA somente em 1920. No Brasil, em 2000. Em 1900, ainda 60% da população francesa vivia no campo; e na Escandinávia, 75%. Medidas começam a ser tomadas: Edwin Chadwick à Reformador social à reforma das leis pró-pobres e melhoria das condições sanitárias e saúde pública Cria a Poor Law Commission (1834) à Substituída pelo Poor Law Board (1847). 1844 à Criada a Sociedade para melhoria das condições das classes trabalhadoras, que constrói os primeiros apartamentos para operários em Londres Inicia-se uma fase de conscientização da necessidade de melhorar a habitação da classe operária Arquiteto HENRY ROBERTS Rua Streatham (1849 – 50) Arquiteto HENRY ROBERTS Protótipo para a Grande Exposição de 1851 MUDANÇAS LEGAIS 1848 à Londres à Lei da Saúde Pública Início das Reformas Sanitárias Higienismo à condições de salubridade Autoridades devem prover: • Esgoto • Coleta de lixo • Abastecimento de água • Pavimentação das vias públicas • Inspeção de matadouros • Serviço funerário 1868 e 1875 à Londres à CLEAREANCE ACTS à Leis de Urbanização dos Bairros Pobres 1890 à Lei da Habitação das Classes Trabalhadoras As autoridades devem assegurar habitação pública Implicações arquitetônicas TENTATIVAS DE “DESINSTITUCIONALIZAR” A HABITAÇÃO POPULAR MILLBANK ESTATE (1897) ��� INFLUÊNCIAS DO ARTS & CRAFTS Implicações arquitetônicas MELHORIAS NAS CONDIÇÕES DE ILUMINAÇÃO E CIRCULAÇÃO DE AR APARTAMENTO EM NOVA IORQUE: VÁRIOS CÔMODOS SEM VENTILAÇÃO APARTAMENTO EM NOVA IORQUE: APARECIMENTO DE FOSSO DE VENTILAÇÃO APARTAMENTO EM NOVA IORQUE: PÁTIO INTERNO PARA LUZ E AR Utopias Socialistas | Arquitetura e Urbanismo | THAU IV | Profª Drª Suzete Bomfim | Slide Prof.a Ana Paula Gurgel Utopias Socialistas | Arquitetura e Urbanismo | THAU IV | Profª Drª Suzete Bomfim | Slide Prof.a Ana Paula Gurgel Modelos de pré-urbanismo: • Preocupação com modelos espaciais (forma) • Visão Higienista das cidades à salubridade • Críticas previam que transformações da sociedade poderiam resultar de transformações na cidade. • Modelos de cidades ideais • Dissociação entre princípios e práticas • Modelos Progressista e Culturalista Também surgem propostas para adequar as cidades às novas condições, ou de criação de novos modelos de cidades Utopias Socialistas | Arquitetura e Urbanismo | THAU IV | Profª Drª Suzete Bomfim | ROBERT OWEN • Experiência direta na indústria – trabalhador • Redução das horas de trabalho para 10 hs. • Idéias: cooperação e planejamento harmônico • Cidade de comunidade restrita, trabalho coletivo, auto-suficiente. • Experiências na Inglaterra e nos EUA Utopias Socialistas | Arquitetura e Urbanismo | THAU IV | Profª Drª Suzete Bomfim | Sua teoria da educação é o cerne de todo o seu sistema. Isto é, seu modelo de cidade ideal parte da sua concepção sobre a educação. Achava necessária para o homem explorar as possibilidades da Revolução Industrial. “ Robert Owen desempenhou importante papel na educação da classe operária, e, segundo ele, com a expansão do ensino. Ele construiu creches para os filhos dos funcionários da sua fábrica, diminuiu as jornadas de trabalho, dividia os lucros com os funcionários, dentre outras medidas, e, acreditava que com isso, os outros empresários o seguiriam e assim mudariam o mundo. (MYNAYEV: 1967, 27-28) Utopias Socialistas | Arquitetura e Urbanismo | THAU IV | Profª Drª Suzete Bomfim | 1799: New Lanark, fábrica modelo – experimentação: • Redução da jornada de trabalho; • Melhor moradias – áreas verdes; • Escolarização - Primeira escola maternal da Inglaterra. •Cidadezinhas modelos que se governam a si mesmas: contêm de 500 a 2.000 hab. Em condições adequadas para produzir e conservar produtos diversos para dar às crianças uma educação apropriada. •O edifício central contém cozinha pública, refeitórios para contribuir com alimentação saudável e barata. •Edifícios públicos: jardim de infância, sala de conferências, lugar para cultos, escolas para jovens e sala de reunião e biblioteca para adultos. •Ainda, espaço livre e arborizadopara lazeres e exercícios. ROBERT OWEN ! (industrial reformista) NEW LANARCK, Escócia, Reino Unido (1815) ROBERT OWEN ! (industrial reformista) NEW HARMONY, EUA (1825) Utopias Socialistas | Arquitetura e Urbanismo | THAU IV | Profª Drª Suzete Bomfim | “Falanstério” ou “falange experimental” 1829: “O novo mundo industrial” -A falange, idealizada por este, é o modelo mais detalhado do pré- urbanismo progressista. -Seu modelo de aglomeração é uma crítica “impiedosa” da sociedade (quanto à miséria material e moral do mundo burguês, F. Engels, Anti- Dühring). - Edifício onde seria construída e organizada a nova sociedade. Utopias Socialistas | Arquitetura e Urbanismo | THAU IV | Profª Drª Suzete Bomfim | CHARLES FOURIER “Falanstério” ou “falange experimental” - No falanstério morariam 1620 pessoas: 415 homens adultos, 395 mulheres adultas e 810 crianças. - Cada falange possuiria um conselho superior que zelaria pelo bom funcionamento das atividades, sempre respeitando a liberdade, sem o uso de qualquer método de coerção. - O centro do falanstério é ocupado por equipamentos como refeitórios, salas da bolsa, biblioteca, salas de estudo etc. Utopias Socialistas | Arquitetura e Urbanismo | THAU IV | Profª Drª Suzete Bomfim | SOBRE PLANOS DE CIDADES ELE DIZIA QUE: “Toda casa da cidade deve ter como sua dependência, entre pátios e jardins, pelo menos tanto terreno vazio quanto ocupa sua superfície construída. O espaço vazio será duplo no segundo anel, ou local dos arrabaldes, e triplo no terceiro anel, chamado subúrbio. As ruas deverão estar voltadas para paisagens campestres ou monumentos de arquitetura pública ou privada: o monótono tabuleiro de xadrez será abolido. Algumas ruas serão curvas (serpenteantes) para evitar a uniformidade. As praças deverão ocupar pelo menos um oitavo da superfície. Metade das ruas deverão ser arborizadas (com árvores variadas). Mas aqui só temos um resultado a considerar, que é a propriedade inerente a uma cidade como essa, de provocar a associação de todas as classes, operária ou burguesa, e até rica.” (Fourier, apud. Choay) A cidade seria organizada segundo três anéis concêntricos, separados por áreas verdes e fazendas sem que se perca a visão do conjunto: - Cidade central - Arrabaldes e grandes fábricas - Avenidas e subúrbios O centro do falanstério, ou edifício da falange deve ser destinado às funções tranquilas (refeitório, biblioteca, conselho); uma das alas deveria ser destinada às oficinas ruidosas e a outra à hospedaria. Composição deveria obedecer aos ideais de arte, beleza e harmonia do conjunto. Utopias Socialistas | Arquitetura e Urbanismo | THAU IV | Profª Drª Suzete Bomfim | Plano de cidade: “Devem-se traçar três anéis concêntricos: - o primeiro contém a cidade central; - o segundo contém os arrabaldes e as grandes fábricas; - o terceiro contém as avenidas e o subúrbio. Os três anéis são separados por paliçadas, relvas e jardins que não devem cobrir a visão. Jean Baptiste Godin (Industrial adepto das idéias de Fourier) FAMILISTÉRIO, Guise, França (1859-1870) Familistério: • Construções para habitação para os operários e suas famílias a partir de 1859 e até 1880 • Inspirado no Falanstério de Charles-Fourier à alteração na teoria para a adaptar às suas ideias • Cooperação como princípio à influência de um movimento cooperativo antigo à aplicação dos princípios da cooperação inglesa teorizadas por Robert Owen • Melhorar as condições de alojamento e de vida das famílias à atribuindo-lhes condições «equivalentes às riquezas » • Conjunto de condições de conforto e de salubridade que a burguesia tinha através do dinheiro e que os membros do Familistério poderiam doravante atingir pela cooperação Familistério: • Higienista convicto • «Equivalentes à riqueza» à tudo o que poderia assegurar a salubridade dos alojamentos à luminosidade, ventilação, água potável, etc. • Cuidado do corpo assegurado à lavandaria, situada perto do curso de água, chuveiros e piscina • Sistema de proteção social à criação de caixas de seguros que protegiam contra a doença, os acidentes laborais e asseguravam uma aposentadoria aos 60 anos. J.B. GODIN (industrial adepto das idéias de Fourier) FAMILISTÉRIO, Guise, França (1859-1870) Ênfase: • Nas particularidades do indivíduo que o torna insubstituível dentro de uma comunidade • No conceito de cultura x conceito de progresso: primazia das necessidades espirituais x materiais • No anti-industrialismo: a produção deixa de ser vista estritamente como o ponto de rendimento máximo Modelo Culturalista • As cidades do modelo culturalista são modestas, com população descentralizada e dispersa em vários pontos • Não admite nenhum traço de geometrismo • Apenas a ordem orgânica integra as heranças da história e as particularidades da paisagem • Não propõe padrões ou protótipos, cada construção deve exprimir sua especificidade Modelo Culturalista MODELOS DE URBANISMO:CONCEITOS, DESENHOS E TIPOS CONFORME “O URBANISMO” DE FRANÇOISE CHOAY PRÉ-URBANISMO PROGRESSISTA Robert Owen New Harmony 1820 Charles Fourier Falanstério 1832 Victor Prosper Consideránt La Reunion 1852 Etiénne Cabet Icaria 1840 Pierre-Joseph Proudhon 1865 Benjamin Ward Richardson Hygeia 1876 Jean-Baptiste Godin Familistério 1874 Julio Verne Franceville 1979 Herbert-George Wells 1907 PRÉ-URBANISMO CULTURALISTA Augustus W. N. Pugin 1839 John Ruskin Ruskin Colonies 1850 William Morris 1884 PRÉ-URBANISMO SEM MODELO Friederich Engels 1872 Karl Marx 1844 P. Kropotkin 1913 Bukharin e Probrajensky 1919 URBANISMO PROGRESSISTA Tony Garnier Cidade Industrial 1904 Georges Benoit-Lévy 1904 Walter Gropius 1925 Le Corbusier Ville Radieuse 1935 Stanislav G. Strumilin 1960 URBANISMO CULTURALISTA Camillo Sitte Pincípios artísticos 1889 Ebenezer Haward Cidade-Jardim 1903 Raymond Unwin Letchworth 1903 URBANISMO NATURALISTA Frank Loyd Wright Broadacre 1934 TECNOTOPIA Eugène Hénard Teoria Circulação 1909 Relatório Buchnan Circulação Viária 1963 Iannis Xenakis Cidade Cósmica 1964 ANTRÓPOLIS Patrick Geddes 1915 Marcel Poete Int. ao Urbanismo 1929 Lewis Mumford Townscape 1960 Jane Jacobs Death and Life 1961 Leonard Duhl Urban Condition 1963 Kevin Lynch A Imagem 1964 FILOSOFIA DA CIDADE Georg Simmel 1903 Oswald Spengler 1918 Martin Heidegger 1954 TABELA 1: Correntes, autores e cronologia do Urbanismo conforme (CHOAY, 2005) O Urbanismo • Surge a partir das mudanças na prática administrativa. • O urbanismo passa a ser matéria de especialista – os arquitetos • As propostas distanciam-se da utopia e aproximam-se da prática. A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E AS TRANSFORMAÇÕES NA PAISAGEM URBANA DO SEC XIX FRANÇOISE CHOAY - O URBANISMO Classificação Periodização/Paradigmas/Representantes URBANISMO PROGRESSISTA Racionalidade da ciência e da técnica; classificação, especialização e separação funcional das atividades urbanas (habitar/trabalhar/ circular/lazer); simplicidade e austeridade construtiva; Le Corbusier, W. Gropius, Tony Garnier URBANISMO CULTURALISTA Busca os valores urbanos das cidades clássicas; noção de organicidade, propondo limites e crescimentos precisos para as cidades. Valoriza o recorte do espaço pela continuidade das edificações, bem como as ruas, praças e espaços fechados, íntimos e diversificados; modelo das cidades-jardins; Camilo Site, E. Howard e Charles Unwin. URBANISMO NATURALISTA Corrente anti-urbana norte-americana; arquitetura subordinada à natureza; projeto de Broadacre-City(F. L. Wright); funções urbanas dispersas e isoladas; predomínio das habitações suburbanas de baixa densidade; valorização das redes de ligações viárias. MODELO HUMANISTA Modelo crítico ao urbanismo, orientado segundo duas grandes direções: planejamento humanista, apoiado na crítica ao progressismo através da antropologia, da sociologia, da psicologia e da história. As limitações de gabarito, densidade, superfície são necessárias para as relações sociais; o ponto de vista da higiene mental e a análise da percepção urbana; Patrick Geddes, Lewis Mumford, Jane Jacobs e Kevin Lynch. • Oposto às concepções progressistas. A cidade possui limites precisos e cresce por células a uma distância razoável separadas por espaços verdes. • A cidade ocupa um lugar particular e diferenciado, atribuindo importância à individualidade, em oposição ao homem-tipo, padronizado dos progressistas. • O conceito cultural implica que a cultura deve prevalecer sobre a noção material da cidade. • É um modelo despolitizado que enfatiza uma abordagem estética. O Novo Modelo Culturalista Maiores expoentes: - Camillo Sitte (1843/1903) à “A Construção de Cidades Segundo Princípios Artísticos” - Ebenezer Howard (1850/1928) à Garden City (Cidade Jardim) O Novo Modelo Culturalista PENSAMENTO URBANÍSTICO NA VIRADA DO SÉC. XX Principais teóricos e suas propostas: Camillo Sitte (1843-1903) • Arquiteto vienense que pensava a cidade ideal a partir de conceitos da arqueologia medieval e renascentista. (CHOAY, 2000. p.205). • Em 1883 Sitte foi chamado para organizar a nova Escola Oficial de Artes Aplicadas, neste período, apareceram alguns ensaios sobre construção urbana. • Sitte viveu no período da industrialização europeia, final do século XIX, contemporâneo a grandes pensadores como Marx, Le Corbusier, dentre outros • Critica a cidade industrial e o urbanismo que estava sendo feito desde Haussmann (urbanismo técnico –onde não há preocupação com a preservação do antigo). PENSAMENTO URBANÍSTICO NA VIRADA DO SÉC. XX • É considerado o primeiro “esteta” = pensador que olha para a cidade do passado sob o ponto de vista estético; na sua visão, esta relação foi perdida na cidade industrial. • Estudou arqueologia medieval e renascentista -tem fascínio pela cidade medieval, por como as pessoas se relacionavam, as feiras, os bairros (a relação cidade X pessoas) • Pioneiro do urbanismo culturalista. PENSAMENTO URBANÍSTICO NA VIRADA DO SÉC. XX • Escreveu o livro: A CONSTRUÇÃO DAS CIDADES SEGUNDO SEUS PRINCÍPIOS ARTÍSTICOS (1889) Críticas: • A falta de criatividade, • A austeridade, • A monotonia dos traçados retilíneos; • Ao isolamento dos monumentos em vastos espaços abertos, • Principalmente, a ausência de continuidade entre as malhas existentes e aquelas que eram propostas pelos progressistas. • E a escassez de motivos e a monotonia dos complexos urbanos modernos. • Ele analisa os espaços das cidades medievais e antigas e um elementos que sempre se repete–a praça. • Preocupava com a estética da cidades defendendo o urbanismo como arte, e com a preservação de monumentos históricos. PENSAMENTO URBANÍSTICO NA VIRADA DO SÉC. XX Camillo Sitte - A CONSTRUÇÃO DAS CIDADES SEGUNDO SEUS PRINCÍPIOS ARTÍSTICOS (1889) • Choay considera que Sitte publicou a primeira teoria significativa depois da Teoria de Cerdá (O plano para Barcelona, contemporâneo ao plano Hausman). • Outro aspecto que faz parte dos conceitos utilizados por Sitte é a noção de pitoresco; sua definição vem de uma categoria estética do final do século XVIII, refere-se a “paisagem natural e representada distinto do sublime”, valoriza a assimetria, a irregularidade, a espontaneidade e a perspectiva; característico do romantismo. • Foi considerado um retrógrado pelas gerações que se seguiram. • Sitte fez a análise morfológica de setores das cidades antigas, objetivando uma definição consciente, tanto dos princípios como do método mais adequado para a elaboração de um plano urbanístico. • Para ele, questões como zoneamento funcional, infraestrutura, densidades ou índices urbanísticos, não deveriam ser prioritárias no traçado das cidades contemporâneas. • / PENSAMENTO URBANÍSTICO NA VIRADA DO SÉC. XX “Hoje em contrapartida, é designado por praça qualquer espaço vazio entre quatro ruas. Talvez esta circunstância seja suficiente em termos de higiene ou de outras considerações técnicas, mas, sob o ponto de vista artístico, um terreno vazio não é uma praça.[...]” (SITTE,1992p.47) Para Sitte, a praça é o elemento mais importante da cidade, como local dos acontecimentos públicos, ele critica a função atual da praça, como espaços de circulação de ar e luz, uma interrupção nos blocos de moradias ou como espaço para uma visão mais ampla de um edifício monumental. (SITTE,1992p.17) E l e P r o p õ e a a u s ê n c i a d e construções–esculturas, fontes e monumentos–no centro das praças dando prioridade á funcionalidade do fluxo de pessoas e a perspectivas visual e paisagística. PENSAMENTO URBANÍSTICO NA VIRADA DO SÉC. XX Praça VECCHA - Bergamo, Italia. F. Choay coloca que Sitte considera 3 condições básicas para as cidades: 1) A irregularidade dos blocos de casas alinhadas, 2) Salvar o que resta das cidades antigas e 3) Aproximar as criações aos modelos antigos. (CHOAY,2000p.206) Observa-se a intenção preservacionista de Sitte, que valoriza o ambiente antigo em detrimento do novo. Quanto às áreas verdes, ele encara como importante quanto as questões sanitaristas e decorativas. PENSAMENTO URBANÍSTICO NA VIRADA DO SÉC. XX Ebenezer Howard (1850-1928) - Ele não era arquiteto. Em Chicago trabalhou como repórter, quando começou a estudar sobre a melhora na qualidade vida. - Howard em seus estudos, perguntou-se: “Para onde as pessoas irão?” então considerou três imãs de atração da população, a cidade inchada , o campo vazio, e a cidade- campo, que seria a terceira solução. PENSAMENTO URBANÍSTICO NA VIRADA DO SÉC. XX CIDADE • afastamento da natureza • isolamento das multidões • distância do trabalho • jornada de trabalho excessiva • oportunidades sociais • locais de entretenimento • ruas bem iluminadas • edifícios palacianos CAMPO • falta de vida social • Desemprego/ salários baixos • falta de espírito público • beleza da natureza • ar fresco, bosques, campinas e florestas • sol brilhante CIDADE -CAMPO •beleza da natureza •aluguéis e preços baixos •residências e jardins esplêndidos •liberdade •oportunidades sociais •nenhuma exploração •afluxo de capital •ausência de fumaça e cortiços PENSAMENTO URBANÍSTICO NA VIRADA DO SÉC. XX Ebenezer Howard (1850-1928) “ As cidades-jardim devem ser autossuficientes e devem obter um equilíbrio entre indústria e agricultura. Propõe que 1/6 do terreno seja ocupado por moradias e indústrias e o resto seja destinado à agricultura, localizando em torno do núcleo urbano, um cinturão verde de fazendas.” PENSAMENTO URBANÍSTICO NA VIRADA DO SÉC. XX PENSAMENTO URBANÍSTICO NA VIRADA DO SÉC. XX Seção da Cidade - Jardim - A partir do jardim central estão as edificações públicas, o parque central, o Palácio de Cristal, área residencial dividida em duas pela Grande Avenida, as indústrias e galpões e a via férrea. - A cidade deveria ter uma estrutura radial, com 6 grandes boulevards em direção ao centro. - Mostra os primórdios da divisão de usos e da adoção de baixas densidades. PENSAMENTO URBANÍSTICO NA VIRADA DO SÉC. XX Seção da Cidade - Jardim - Defronte à Quinta Avenidae ao Palácio de Cristal, existiria um conjunto de casas ocupando lotes amplos e independentes. - Mais adiante, estariam os lotes comuns, de cerca de 6,1 x 40m, em número de 5.500. A população estaria próxima de 30.000 habitantes na cidade e 2.000 no setor agrícola. - A Grande Avenida dividiria a cidade em duas partes e possuiria 128 m de largura. Ela constituiria, na verdade, mais um parque, com 46,5 ha, e nela estariam dispostas, em seis grandes lotes, as escolas públicas. Também nessa avenida estariam localizadas as igrejas necessárias para atender à diversidade de crenças existentes na cidade. - No anel externo estariam os armazéns, mercados, carvoarias, serrarias, etc., todos defronte à via férrea que circunda a cidade. Dessa forma, o escoamento da produção e a recepção de mercadorias e matéria-prima seria facilitado evitando também a circulação do tráfego pesado pelas ruas da cidade, diminuindo a necessidade de manutenção. A comunidade Ideal : alterna:vas à cidade Industrial Cidade jardim – Ebnezer Howard em torno de uma cidade central, 1898. A comunidade Ideal : alterna:vas à cidade Industrial Suas caracterís:cas seriam: a malha de anéis concêntricos, recortados por vias radiais; as demarcações precisas de setores e limites por meio de cinturões verdes; e a eliminação da especulação através do arrendamento dos terrenos, além de ter sua expansão controlada, já que seria fundada uma nova comunidade, ligada como satélite a um centro maior, quando a população máxima fosse a:ngida. Na Inglaterra, os arquitetos Raymond Unwin (1863-‐ 1940) & Barry Parker (1867-‐ 1947), cuja empresa durou de 1896 a 1914, foram responsáveis pela criação de várias cidades-‐jardim, como a primeira delas, LETCHWORTH, implantada em 1903, a cerca de 56 km de Londres , pa ra uma população de 33.000 habitantes, além do subúrbio londrino de HAMPSTEAD GARDEN SUBURB (1905). • Buscava proporcionar habitações dignas para as classes trabalhadoras que seriam alugadas por cooperativas. • Os jardins amplos junto às casas não deveriam ser apenas espaços naturais, mas hortas a prover alimentação. PENSAMENTO URBANÍSTICO NA VIRADA DO SÉC. XX Ebenezer Howard acreditava ter provado que: • Tinha uma visão inovadora, achava que era viável a construção de cidades novas com industrias, conservando o valor da terra. • Cada família poderia possuir uma casa em meio ao verde, com fácil acesso ao trabalho, ao centro da cidade e ao campo. • Era possível obter uma boa qualidade ambiental, não só nas partes centrais das cidades, mas por todo seu conjunto, evitando-se colocar a área agrícola circundante como uma terra ainda não construída, mas sim como um cinturão verde permanente e integrado a cidade. • Era possível a construção, a baixo custo, de casas de boa qualidade externa e internamente, formando um todo homogêneo e continuo para a cidade. Crítica aos modelos progressista e culturalista • A cidade é vista como modelo e não como processo • Sua organização possui caráter restritivo e repressivo • Estavam dissociados da realidade sócio-econômica Crítica de Marx e Engels • Criticaram as cidades industriais sem proporem modelos alternativos de cidades. • A cidade é o pano de fundo sobre o qual se desenha o pensamento histórico destes pensadores. Onde surge a burguesia e o proletariado. • A cidade é vista apenas como um aspecto particular de um problema geral, ie, é a expressão de uma ordem que necessita ser ultrapassada (revolução). • O planejamento futuro só faz sentido a partir da mudança orquestrada pela revolução socialista. PENSAMENTO URBANÍSTICO NA VIRADA DO SÉC. XX Tony Garnier (1869-1948) - Era filho de pais operários de Lyon, uma das capitais industriais da França de então e de ainda hoje. Cursou a Escola de Belas Artes de Paris. - Muitas obras de Garnier foram realizadas através de sua união com o então prefeito de Lyon, na França, Edouard Herriot, que o nomeou como arquiteto-chefe da cidade. - Depois de criada essa parceria Garnier realizou algumas obras, como o Matadouro de Mouche (1909/13), o Estádio Olímpico (1913/16), o Hospital de Grange Blanche (1915/30) e o Bairro Residencial “Estados Unidos”, que era sem pátios internos e a aplicação do verde acabou dispersando o habitat coletivo nesse bairro. O Novo Modelo Progressista Tony Garnier (1869-1948) à La Cité Industrielle (1917) Cidade com bairros destinados a diferentes funções, Proposição de soluções habitacionais diversas, campos de lavoura e o Estado como responsável pelo provimento da infraestrutura urbana Cidade moderna, tendo a indústria como principal elemento estruturador. Idealizada para uma população de 35 mil habitantes. PENSAMENTO URBANÍSTICO NA VIRADA DO SÉC. XX Cité Industrielle – A cidade industrial (1901-1904) PENSAMENTO URBANÍSTICO NA VIRADA DO SÉC. XX 1-Cidade Antiga 2-Estação Central 3-Bairros residenciais4-Centro 5-Escolas primárias 6-Escolas profissional 7-Hospital 8-Estação 9-Zona industrial 10-Estação industrial 11-Cemitério 12-Matadouro Projetada para 35000 habitantes, o projeto é sensivelmente relacionado com seu entorno, como cita Kenneth Frampton ”uma cidade socialista sem muros ou propriedade privada, sem igreja ou quartéis, sem delegacia de policia ou tribunal de justiça; uma cidade onde todas as áreas não construídas eram parques públicos.” Cité Industrielle – A cidade industrial (1901-1904) O Novo Modelo Progressista PENSAMENTO URBANÍSTICO NA VIRADA DO SÉC. XX Cité Industrielle (1901-1904) - O plano linear de Garnier separava as zonas: existiria o agrupamento racional da indústria, da administração e das residências, além da exclusão dos pátios internos e estreitos, criando uma quantidades suficiente de espaços verdes na cidade. - Além dessas características no planejamento urbano, havia também o uso do novo material, o concreto armado, que era a potencialidade estética do século XX. CONSEQUÊNCIAS: A cidade industrial de Tony Garnier é o ponto de partida para o pensamento moderno de cidade, idealizado pela primeira geração de arquitetos racionalistas. Estes urbanistas ditos progressistas separam com cuidado as zonas de trabalho das zonas de habitar, e estas dos centros cívicos ou dos locais de lazer. Cada uma destas categorias é por sua vez,dividida em subcategorias igualmente classificadas e ordenadas. Cada tipo de trabalho, burocrático , industrial, comercial recebe sua atribuição. A circulação por sua vez é concebida como uma função separada. Lembrar do projeto de Lúcio Costa para Brasília e de como algumas dessas teorias serviram de inspiração. Le Corbusier chama a atenção para a obra de Tony Garnier no livro L’espirit Nouveau (1921). As idéias progressistas originam a formação dos CIAM (Congresso Internacional de Arquitetura Moderna) em fins da década de 1920. Em 1933 é divulgada pelo CIAM a Carta de Atenas com os princípios da cidade funcional. Deslocamento das preocupações econômicas e sociais para técnicas e estéticas. Formalismo.O Novo Modelo Progressista • A cidade do séc. XIX é anacrônica pois sua estrutura não está adaptada ao automóvel e sua arquitetura não acompanha a arte de vanguarda. • Não basta apenas utilizar novos materiais, mas sobretudo utilizar os métodos e técnicas da estandartização e mecanização da indústria. • Movimentos como os da Bauhaus e o Purismo de Le Corbusier propõem uma nova relação com o objeto, baseada na concepção austera e racional da beleza. • Ruptura com o passado, com o local e a cultura. Proposições podem ser adotadas em qualquer lugar. O Novo Modelo Progressista • Como Fourier, novos tipos de habitat são estudados entre eles a “unidade de habitação” ou “cidade radiosa”, realizada em Marselha, Nantes, Briey e Berlim e que mais tarde veio a inspirar o plano piloto de Lúcio Costa em Brasília. • A “unidade” é, em muitos aspectos, uma versão modernizada do falanstério, marcada, sobretudo, pelo avanço da técnica onde a horizontalidade é substituída pela verticalidade com a invenção do concreto armado e do elevador. O Novo Modelo Progressista O Novo Modelo Progressista Le Corbusier –proposição de cidade baseada nas necessidades básicas do homem universal – habitar, trabalhar,locomover-se e cultivar o corpo e o espírito Brasília, 1960 Críticas: A cidade progressista é um espaço de limitação na qual não s ã o c o n s i d e r a d a s a s necessidades individuais de cada hab i tante e onde o urbanista é colocado como dono da verdade e visto como artista demiúrgico. MODELOS DE URBANISMO:CONCEITOS, DESENHOS E TIPOS CONFORME “O URBANISMO” DE FRANÇOISE CHOAY PRÉ-URBANISMO PROGRESSISTA Robert Owen New Harmony 1820 Charles Fourier Falanstério 1832 Victor Prosper Consideránt La Reunion 1852 Etiénne Cabet Icaria 1840 Pierre-Joseph Proudhon 1865 Benjamin Ward Richardson Hygeia 1876 Jean-Baptiste Godin Familistério 1874 Julio Verne Franceville 1979 Herbert-George Wells 1907 PRÉ-URBANISMO CULTURALISTA Augustus W. N. Pugin 1839 John Ruskin Ruskin Colonies 1850 William Morris 1884 PRÉ-URBANISMO SEM MODELO Friederich Engels 1872 Karl Marx 1844 P. Kropotkin 1913 Bukharin e Probrajensky 1919 URBANISMO PROGRESSISTA Tony Garnier Cidade Industrial 1904 Georges Benoit-Lévy 1904 Walter Gropius 1925 Le Corbusier Ville Radieuse 1935 Stanislav G. Strumilin 1960 URBANISMO CULTURALISTA Camillo Sitte Pincípios artísticos 1889 Ebenezer Haward Cidade-Jardim 1903 Raymond Unwin Letchworth 1903 URBANISMO NATURALISTA Frank Loyd Wright Broadacre 1934 TECNOTOPIA Eugène Hénard Teoria Circulação 1909 Relatório Buchnan Circulação Viária 1963 Iannis Xenakis Cidade Cósmica 1964 ANTRÓPOLIS Patrick Geddes 1915 Marcel Poete Int. ao Urbanismo 1929 Lewis Mumford Townscape 1960 Jane Jacobs Death and Life 1961 Leonard Duhl Urban Condition 1963 Kevin Lynch A Imagem 1964 FILOSOFIA DA CIDADE Georg Simmel 1903 Oswald Spengler 1918 Martin Heidegger 1954 TABELA 1: Correntes, autores e cronologia do Urbanismo conforme (CHOAY, 2005) PENSAMENTO URBANÍSTICO NA VIRADA DO SÉC. XX Culturalistas X Progressistas O culturalismo observou a Revolução industrial com pessimismo, acreditando que a industrialização desintegrou a unidade orgânica da cidade. • Por isso, seu idealismo não aceitou o cenário desequilibrado e procurou o retorno ao passado, considerando uma situação positiva para a realização da vida social na cidade. • A nostalgia usada como estratégia de reconquista das qualidades urbanas do passado. Resgatando as formas dos antigos espaços (em especial as configurações medievais) Principais Características: • A cidade era circunscrita dentro de limites precisos contrastando com a natureza ao redor • Dimensões modestas, baseadas na Idade Média • Ausência de geometria -irregularidade e assimetria do traçado urbano • Arte e higiene de igual importância • Nada de protótipos - cada lote, cada construção tem suas dimensões particulares. PENSAMENTO URBANÍSTICO NA VIRADA DO SÉC. XX A racionalidade moderna, também tinha como um dos seus pressupostos, a higienização das cidades industriais, os progressistas, entendiam a cidade com uma: “classificação em funções urbana, multiplicação dos espaços verdes, criação de protótipos funcionais, racionalização do habitat coletivo” (CHOAY, 2000 p. 183) Principais características: • Um dos principais representantes do grupo era Le Corbusier, que trabalha a cidade e a arquitetura como uma máquina de morar, baseada na mesma lógica fabril de produção. • Sitte irá criticar profundamente o desenho da cidade progressista. A rua, reta, acessível a qualquer ponto da cidade. Esta cidade, Sitte considera fria e insensível. FIM
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