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História e Teoria da Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo III

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2016
1a Edição
História e teoria da
arquitetura, urbanismo e
Paisagismo iii
Prof.ª Jéssica Pinto de Souza
Copyright © UNIASSELVI 2016
Elaboração:
Prof.ª Jéssica Pinto de Souza
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
720.09
S719h 
Souza; Jéssica Pinto de
 História e Teoria da Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo III / 
Jéssica Pinto de Souza: UNIASSELVI, 2016.
 
 184 p. : il.
 
 ISBN 978-85-515-0028-6
 
 1.Arquitetura moderna – história. 
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
III
aPresentação
Seja bem-vindo ao Caderno de Estudos da disciplina de História e 
Teoria da Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo III.
Esta disciplina encerra o conjunto das disciplinas de História e 
Teoria do Curso de Arquitetura e Urbanismo, mas não deve ser o fim do seu 
interesse nesse assunto, mas sim um ponto de partida para ampliar cada vez 
mais seu conhecimento e sua visão de arquitetura.
As disciplinas de História da Arquitetura possuem uma importância 
central na formação do Arquiteto e Urbanista por possibilitarem a ampliação 
do repertório de soluções e teorias arquitetônicas, além de permitirem a 
compreensão do pensamento do passado, o que traz maior clareza para a 
compreensão do panorama do presente.
Nesta disciplina, vamos estudar a produção arquitetônica que inicia no 
século XVIII até a produção arquitetônica dos dias atuais. É muito importante 
compreendermos todas as discussões e transformações da arquitetura nesse 
período de tempo para buscarmos uma melhor compreensão da produção 
contemporânea da arquitetura. Para isso, dividimos este caderno em três 
unidades.
Na Unidade 1, vamos estudar as transformações e inovações que 
acontecem nas cidades e na arquitetura dos séculos XVIII e XIX, os impactos 
da Revolução Industrial nas cidades, os impactos das novas tecnologias 
na arquitetura. Também vamos conhecer os primeiros movimentos que 
discutem as questões estéticas da arquitetura, que são o Movimento Arts and 
Crafts e a arquitetura inovadora da Escola de Chicago.
Na Unidade 2, vamos estudar as origens e a formação do Movimento 
Moderno, no início do século XX, dando destaque aos arquitetos Walter 
Gropius, Le Corbusier e Mies van der Rohe, que foram figuras centrais nesse 
movimento.
Na Unidade 3, vamos estudar as características da cidade modernista 
ou cidade funcionalista, e também o período de crise e críticas a esse 
movimento que irá culminar no desenvolvimento do pós-modernismo. 
Por último, vamos conhecer algumas obras de importantes arquitetos 
contemporâneos, visando compreender melhor a arquitetura que se destaca 
nos dias de hoje.
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Agora, deixo você se concentrar nos seus estudos, mas lembro que 
você deverá acessar o material de apoio através da trilha de aprendizagem, 
disponível no seu Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), além de 
sempre buscar mais informações e aperfeiçoar seus estudos sobre o assunto 
da disciplina.
Bons Estudos!
Profª Jéssica Pinto de Souza
V
VI
VII
UNIDADE 1 – TRANSFORMAÇÕES E INOVAÇÕES DOS SÉCULOS XVIII E XIX .............1
TÓPICO 1 – CIDADE LIBERAL .........................................................................................................3
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................3
2 TRANSFORMAÇÕES URBANAS ..................................................................................................3
3 PROPOSTAS UTÓPICAS .................................................................................................................8
3.1 ROBERT OWEN .............................................................................................................................8
3.2 CHARLES FOURIER .....................................................................................................................10
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................13
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................14
TÓPICO 2 – CIDADE PÓS-LIBERAL ................................................................................................15
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................15
2 INTERVENÇÕES URBANAS ..........................................................................................................15
3 A REFORMA DE PARIS ....................................................................................................................16
4 OS CASOS DE BARCELONA E VIENA ........................................................................................20
5 A CRÍTICA DE CAMILLO SITTE ...................................................................................................22
6 AS EXPERIÊNCIAS URBANÍSTICAS DO FINAL DO SÉCULO XIX .....................................23
6.1 CIDADE LINEAR ..........................................................................................................................23
6.2 CIDADE-JARDIM ..........................................................................................................................24
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................27
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................28
TÓPICO 3 – INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS DO SÉCULO XIX ...............................................31
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................31
2 O USO DO FERRO NA ARQUITETURA ......................................................................................31
3 EXPOSIÇÕES UNIVERSAIS ............................................................................................................34
4 O CONCRETO ARMADO ................................................................................................................38RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................40
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................41
TÓPICO 4 – O MOVIMENTO ARTS AND CRAFTS ....................................................................43
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................43
2 A CRISE DAS ARTES APLICADAS ...............................................................................................43
3 O ARTS AND CRAFTS .......................................................................................................................44
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................47
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................48
TÓPICO 5 – A ESCOLA DE CHICAGO ............................................................................................49
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................49
2 O GRANDE INCÊNDIO DE 1871 ...................................................................................................49
3 A ARQUITETURA DOS ARRANHA-CÉUS .................................................................................50
3.1 LOUIS SULLIVAN .........................................................................................................................53
3.2 FRANK LLOYD WRIGHT ............................................................................................................55
sumário
VIII
RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................61
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................62
UNIDADE 2 – AS ORIGENS E O INÍCIO DO MOVIMENTO MODERNO ............................63
TÓPICO 1 – O MOVIMENTO ART NOUVEAU ............................................................................65
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................65
2 A FORMAÇÃO DO ART NOUVEAU .............................................................................................65
3 O ART NOUVEAU NA ARQUITETURA .......................................................................................68
3.1 VICTOR HORTA ............................................................................................................................68
3.2 HENRY VAN DE VELDE .............................................................................................................70
3.3 HECTOR GUIMARD ....................................................................................................................71
3.4 ANTONI GAUDÍ ...........................................................................................................................73
3.5 MACKINTOSH E A ESCOLA DE GLASGOW .........................................................................76
4 A SECESSÃO DE VIENA ..................................................................................................................77
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................80
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................81
TÓPICO 2 – RUPTURAS E VANGUARDAS NA ARQUITETURA ............................................83
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................83
2 ADOLF LOOS ......................................................................................................................................83
3 DEUTSCHER WERKBUND .............................................................................................................85
4 MOVIMENTOS DE VANGUARDA ...............................................................................................87
4.1 CUBISMO ........................................................................................................................................88
4.2 EXPRESSIONISMO .......................................................................................................................89
4.3 FUTURISMO E CONSTRUTIVISMO .........................................................................................91
4.4 DE STIJL ..........................................................................................................................................93
5 O MOVIMENTO ART DECO ...........................................................................................................95
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................97
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................98
TÓPICO 3 – A FORMAÇÃO DO MOVIMENTO MODERNO ...................................................99
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................99
2 WALTER GROPIUS E A BAUHAUS ..............................................................................................99
3 LE CORBUSIER E A VILLA SAVOYE ............................................................................................102
4 MIES VAN DER ROHE E O PAVILHÃO DE BARCELONA .....................................................110
5 O CIAM E O ESTILO INTERNACIONAL ....................................................................................115
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................119
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................120
UNIDADE 3 – DA CRISE DO MODERNISMO AOS DIAS ATUAIS ........................................121
TÓPICO 1 – A CIDADE FUNCIONALISTA E A CRISE DO 
 MOVIMENTO MODERNO .........................................................................................123
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................123
2 A CIDADE FUNCIONALISTA E A CARTA DE ATENAS .........................................................123
3 A ARQUITETURA MODERNA NOS ESTADOS UNIDOS ......................................................127
4 OS NOVOS RUMOS DE LE CORBUSIER ....................................................................................132
5 A CRÍTICA DO TEAM X ...................................................................................................................137
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................141
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................142
IX
TÓPICO 2 – ALTERNATIVAS AO MODERNISMO ......................................................................143
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................143
2 ALVAR AALTO....................................................................................................................................1433 EERO SAARINEM ..............................................................................................................................145
4 LOUIS KAHN ......................................................................................................................................146
5 ARQUITETURAS VISIONÁRIAS ..................................................................................................148
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................151
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................152
TÓPICO 3 – A PLURALIDADE DO PÓS-MODERNISMO .........................................................155
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................155
2 HISTORICISMO ABSTRATO .........................................................................................................155
3 RACIONALISMO ITALIANO .........................................................................................................160
4 DESCONSTRUTIVISMO .................................................................................................................161
5 HIGH TECH ..........................................................................................................................................163
6 REGIONALISMO CRÍTICO ............................................................................................................164
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................167
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................168
TÓPICO 4 – A ARQUITETURA DO SÉCULO XXI.........................................................................171
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................171
2 PANORAMAS ARQUITETÔNICOS NO INÍCIO DO SÉCULO .............................................171
3 ZAHA HADID .....................................................................................................................................172
4 HERZOG E DE MEURON ................................................................................................................173
5 PETER ZUMTHOR .............................................................................................................................174
6 REM KOOLHAAS ..............................................................................................................................175
7 JEAN NOUVEL ...................................................................................................................................176
8 SANTIAGO CALATRAVA ...............................................................................................................178
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................180
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................181
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................183
X
1
UNIDADE 1
TRANSFORMAÇÕES E INOVAÇÕES 
DOS SÉCULOS XVIII E XIX
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade tem por objetivos:
• contextualizar o aluno nas transformações causadas pela Revolução 
Industrial na sociedade;
• conhecer as propostas que surgem em oposição ao modelo de cidade 
industrial;
• apresentar as propostas de intervenção urbana implantadas no século 
XIX;
• entender o movimento medievalista de revisão das artes aplicadas;
Esta unidade está dividida em cinco tópicos. Em cada um deles, além dos 
conceitos e explanações dos conteúdos, estarão disponíveis atividades que 
têm por objetivo primordial auxiliá-lo na compreensão e apropriação dos 
conteúdos.
TÓPICO 1 – CIDADE LIBERAL
TÓPICO 2 – CIDADE PÓS-LIBERAL
TÓPICO 3 – INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS DO SÉCULO XIX
TÓPICO 4 – O MOVIMENTO ARTS AND CRAFTS
TÓPICO 5 – A ESCOLA DE CHICAGO
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
CIDADE LIBERAL
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, iremos estudar as transformações urbanas que ocorreram 
a partir da Revolução Industrial para entendermos como se deu a formação da 
Cidade Liberal nesse contexto, e quais foram os resultados e reações que surgiram 
em decorrência dessa nova organização social.
Estudaremos as primeiras propostas utópicas (idealizadas) de 
transformação urbana que resultaram do novo cenário urbano do capitalismo e 
da industrialização.
2 TRANSFORMAÇÕES URBANAS
“A sociedade industrial é urbana. A cidade é o seu horizonte. Ela produz 
as metrópoles, conurbações, cidades industriais, grandes conjuntos habitacionais. 
No entanto, fracassa na ordenação desses locais” (CHOAY, 1998, p. 1). 
As profundas transformações causadas pela Revolução Industrial 
começaram a ser percebidas na Inglaterra no século XVIII e, posteriormente, nos 
demais territórios europeus. A população inglesa, que era de pouco mais de sete 
milhões de habitantes em 1760, passa para 14 milhões em 1830 (BENEVOLO, 
2006).
Esse aumento da população se deveu, em grande parte, ao desenvolvimento 
agrícola, que ampliou a produção e a qualidade dos alimentos, e também, aos 
avanços da medicina e da educação da população. Já o processo de mecanização 
da indústria resultou em um grande aumento na qualidade e na quantidade da 
produção industrial.
As cidades europeias, nesse período, ainda mantinham suas características 
do período medieval, sofrendo um grande impacto desse rápido crescimento 
populacional. As ruas estreitas e as pequenas edificações não comportavam 
esse adensamento e grande fluxo de pessoas e mercadorias. As áreas centrais, 
rapidamente, tornam-se aglomerados insalubres de populações de baixa renda 
que migram para os centros urbanos em busca de novas oportunidades na 
produção industrial.
UNIDADE 1 | TRANSFORMAÇÕES E INOVAÇÕES DOS SÉCULOS XVIII E XIX
4
Para atender à demanda mínima necessária à circulação das mercadorias 
no território, uma nova infraestrutura foi construída, com redes de linhas férreas, 
pontes, estradas e canais navegáveis.
Essa necessidade de construção de inúmeras grandes obras, como as 
pontes, resultou em um progresso dos métodos tradicionais de construção 
em madeira e pedra e na inserção de novas tecnologias e novos materiais, 
principalmente o ferro. 
O desenvolvimento da linha férrea para o transporte de passageiros 
foi determinante para possibilitar a circulação de pessoas e impulsionar os 
movimentos migratórios em direção aos grandes centros industriais. As precárias 
condições de vida no campo levam a um êxodo da população rural para a cidade 
em números até então nunca vistos.
FIGURA 1 - PRIMEIRA PONTE CONSTRUÍDA EM FERRO FUNDIDO
FONTE: <http://www.architecture-student.com/wp-content/
uploads/2010/01/Coalbrookdale-Bridge.jpg>. Acesso em: 19 out. 2016.
A arquitetura precisou responder a essas novas funções construindo 
edificações adaptadas a essas necessidades, como as novas estações de trens. 
Conforme Tietz (2000), a primeira estação de trens para o transporte de passageiros 
foi construída em 1830, na cidade de Liverpool, na Inglaterra.
TÓPICO 1 | CIDADE LIBERAL
5
FIGURA 2 - THE CROWN STREET STATION, 1830, LIVERPOOL, INGLETERRA
FONTE: <http://www.victorianweb.org/art/architecture/liverpool/19.jpg>. Acesso em: 19 out. 2016.
Londres foi a primeira cidade industrial a atingir um milhão de habitantes 
no final do século XVIII e sofrer as consequências dessas transformações urbanas. 
Em 1872, o famoso ilustradorfrancês Gustave Doré publica uma série de gravuras 
retratando a realidade caótica da cidade e a extrema pobreza da sua população. 
As ruas se tornam uma sobreposição de esgotos a céu aberto, pessoas, crianças, 
animais e lixo.
NOTA
Gustave Doré se destacou por ilustrar grandes romances da literatura, como A 
Divina Comédia, de Dante Alighieri, 1861; e Os Trabalhadores do Mar, de Victor Hugo, 1867.
FIGURA 3 – LONDRES. GRAVURA DE GUSTAVE DORÉ, 1872
FONTE: Benevolo (2006)
UNIDADE 1 | TRANSFORMAÇÕES E INOVAÇÕES DOS SÉCULOS XVIII E XIX
6
FIGURA 4 - UMA CIDADE CRISTÃ EM 1440 E EM 1840. CONTRASTS GRAVURAS DE
A. W. PUGIN, 1836
FONTE: Benevolo (2007)
Além da precariedade e da pobreza da população, as cidades industriais 
sofrem uma profunda transformação em sua paisagem. As chaminés passam 
a se destacar no skyline que até então era caracterizado pelas torres das igrejas 
medievais. A poluição do ar e dos rios passa a fazer parte do cenário das cidades, 
trazendo inúmeros problemas para a saúde dos habitantes. Augustus Pugin 
ilustra essas transformações em suas gravuras, como na Figura 4.
NOTA
Augustus Pugin foi um importante arquiteto inglês defensor do estilo historicista 
neogótico. Seu principal projeto foi o Palácio de Westminster, conhecido como Parlamento 
Inglês, que fica na cidade de Londres.
Conforme destaca Zucconi (2009), inúmeros importantes pensadores 
e escritores dessa época retrataram com propriedade essas cidades inchadas e 
transformadas pelo processo de industrialização. Charles Dickens, em Tempos 
Difíceis (1853), e Friedrich Engels, em As Condições da Classe Operária na 
Inglaterra (1845), por exemplo, descrevem a precariedade dessa cidade industrial.
TÓPICO 1 | CIDADE LIBERAL
7
[...] Era uma cidade de tijolos vermelhos, ou melhor, de tijolos que 
teriam sido vermelhos se a fumaça e as cinzas o permitissem; mas 
do modo como estavam as coisas, era uma cidade de um vermelho 
e preto antinatural, como o rosto pintado de um selvagem. Era uma 
cidade de máquinas e de altas chaminés das quais saíam, sem solução 
de continuidade, intermináveis serpentes de fumaça que jamais 
conseguiam dissipar-se. Tinha um canal negro, um rio cor de púrpura 
por causa dos vernizes malcheirosos, e vastos grupos de edifícios 
cheios de janelas, onde o dia inteiro era um contínuo bater e tremer, 
onde os pistões das máquinas a vapor moviam-se para cima e para 
baixo, monótonos, como a cabeça de um elefante presa de uma loucura 
melancólica (DICKENS, 1854 apud BENEVOLO, 2006, p. 156).
A falta de moradias também se tornou um dos maiores problemas da 
cidade industrial. Esse déficit impulsiona a ação de especuladores que oferecem 
moradias de aluguel para abrigar as famílias dos operários, com preços abusivos 
e condições precárias de utilização. Espaços mínimos, sem ventilação nem 
iluminação, se tornam insalubres para a população.
Rapidamente as áreas centrais ficam saturadas, levando a novas ocupações 
em torno desses núcleos existentes. Gradualmente, as classes mais altas passam 
a abandonar essas áreas e ocupar seu entorno, que se desenvolve sem qualquer 
tipo de planejamento ou regulamentação, determinado apenas pelas iniciativas 
privadas.
A intervenção do Estado nas questões urbanas se limita ao mínimo. O 
pensamento político que domina esse momento histórico, influenciado pela 
teoria econômica de Adam Smith, acabou definindo essa limitada intervenção, 
garantindo a liberdade da iniciativa privada no mercado imobiliário. Esse 
contexto resulta no que Benevolo (2007) chama de cidade liberal, que ele define 
como sendo resultado de um conjunto de iniciativas públicas e privadas, sem 
nenhum tipo de organização e regulamentação do governo.
Para Benevolo (2007), uma das maiores consequências das mudanças 
desse período histórico vai ser a alteração da relação do homem com o tempo. 
Anteriormente à Revolução Industrial, os objetos e construções eram modificados 
muito lentamente, e podiam ser considerados como imóveis. Entretanto, as 
mudanças da industrialização exigiam maior dinâmica e maior rapidez nas 
transformações das edificações, as quais precisaram se adaptar às constantes 
alterações de necessidades da cidade capitalista.
NOTA
Adam Smith foi um filósofo e economista britânico que defendeu a teoria do 
liberalismo econômico, que acreditava na livre iniciativa privada e pouca intervenção do 
governo no mercado econômico.
UNIDADE 1 | TRANSFORMAÇÕES E INOVAÇÕES DOS SÉCULOS XVIII E XIX
8
Essa situação teve uma grave consequência nas cidades, transformando 
a relação até então existente entre terreno e edificação. Enquanto se considerava 
que uma edificação tinha uma duração indefinida, o valor do terreno estava 
incorporado ao valor da edificação. No entanto, quando a duração do edifício 
passa a ser considerada limitada, o terreno adquire um valor independente, 
dando início ao mercado de terras urbanas. Nesse período, praticamente todo o 
solo das cidades passa a pertencer ao interesse privado.
Já no início do século XIX, a precariedade sanitária torna as principais 
cidades europeias inabitáveis. Em 1830, um surto de cólera se espalhou pelo 
território, obrigando os governantes a tomarem providências para minimizar 
os problemas higiênicos das cidades. Em 1848 Londres tem sua primeira lei 
sanitária aprovada. O Estado passa então a criar legislações visando minimizar 
os problemas urbanos, especialmente os problemas sanitários, dando início a um 
novo modelo de cidade, que Benevolo (2007) chama de cidade pós-liberal.
3 PROPOSTAS UTÓPICAS
A insatisfação com o cenário urbano, resultante dessas transformações 
geradas pela Revolução Industrial, faz com que a partir de 1815 surjam diversas 
propostas revolucionárias de mudanças na organização da sociedade, bem como 
na organização das cidades e das habitações.
Esses modelos de propostas inovadoras e idealizadas surgem como reação 
à cidade liberal, visando a substituição da iniciativa privada pela organização 
coletiva, buscando resolver de forma pública quase todos os aspectos da vida 
urbana. Nascem da insatisfação com as condições de vida da cidade industrial, 
criando soluções inéditas, rompendo com as tradições das cidades do passado. 
Essas propostas anteciparam pesquisas coletivas que acontecem na arquitetura 
moderna do século XX e ficaram conhecidas como propostas utópicas.
3.1 ROBERT OWEN
Segundo Benevolo (2006), Robert Owen (1771-1858) foi um dos mais 
importantes reformistas utópicos do século XIX. Defendeu uma linha de 
pensamento muito peculiar, baseada em sua experiência direta como operário e 
dono de indústria. 
Sua proposta é uma união entre indústria e agricultura, defendendo que 
estes setores não devem ser tratados como setores diferentes da economia, mas 
sim, integrados. Propõe também que a agricultura deva ser a ocupação principal 
de toda a população, e a atividade industrial apenas um complemento.
TÓPICO 1 | CIDADE LIBERAL
9
Em 1799, Owen se torna proprietário da fiação de New Lanark, na Escócia, 
quando testa algumas de suas ideias, centradas no bem-estar dos seus operários. 
Além de utilizar equipamentos modernos, implanta jornadas de trabalho 
moderadas, bons salários, moradias salubres, construindo perto da fábrica uma 
escola primária e uma creche (BENEVOLO, 2006).
No início do século XIX, sua fábrica se torna uma referência e ponto de 
visitação de pessoas de todas as partes do mundo. Em 1813, Owen vai a Londres e 
entra em contato com dirigentes políticos, influenciando na criação de legislações 
trabalhistas e organizações sindicais.
Todos os movimentos sociais, todos os progressos reais registrados na 
Inglaterra em interesse da classe trabalhadora, estão ligados ao nome 
de Owen. Assim, em 1819, depois de cinco anos de grandes esforços, 
conseguiu que fosse votada a primeira lei limitando o trabalho da 
mulher e das crianças nas fábricas (ENGELS, 1880).
Em 1817, Owen expõe uma proposta de cidade modelo, para uma 
comunidade restrita, que trabalhe coletivamente no campoe na indústria e que 
seja autossuficiente, possuindo todos os serviços necessários à população.
As edificações seriam dispostas em forma de um quadrado, sendo que 
três das faces estariam destinadas às moradias individuais para casais e filhos 
com menos de três anos de idade, e a quarta face seria destinada aos dormitórios 
para solteiros, enfermaria e albergue para visitantes.
Na área central se localizariam edificações públicas de utilização coletiva, 
como: cozinha, com restaurante comum, escolas, biblioteca, centro de encontro, 
zonas verdes para recreação e espaços para a prática de esportes. Um pouco 
mais afastados ficariam os estabelecimentos industriais, armazéns, lavanderia, 
cervejaria, moinho, matadouro, estábulos e edificações rurais.
FIGURA 5 - IMAGEM EXPOSTA POR OWEN EM 1817
FONTE: Benevolo (2007)
UNIDADE 1 | TRANSFORMAÇÕES E INOVAÇÕES DOS SÉCULOS XVIII E XIX
10
Owen tenta, por diversas vezes, aplicar seu modelo na Inglaterra, mas 
somente em 1825 consegue fundar a colônia New Harmony, em Indiana, nos 
Estados Unidos. Entretanto, a aplicação prática de suas teorias não consegue ter o 
sucesso esperado, após três anos o empreendimento fracassa e Owen perde todo 
seu investimento.
Apesar de nunca ter conseguido implantar seu modelo ideal, Owen 
pode ser considerado como um dos mais importantes utopistas do século XIX, 
introduzindo importantes discussões sobre o processo de trabalho na indústria e 
influenciando muitos outros pensadores que deram continuidade a seus estudos 
e teorias.
3.2 CHARLES FOURIER
Charles Fourier (1772-1837) foi um filósofo francês que publicou, em 
1829, o ensaio Le Nouveau Monde Industriel (O Novo Mundo Industrial), com a 
descrição de um novo sistema filosófico e político de organização social, onde a 
sociedade se baseia na busca da felicidade de cada indivíduo, na harmonia e na 
vida comunitária (FRAMPTON, 2008).
Sua proposta é composta por uma monumental edificação, que abrigaria 
1.620 pessoas de diferentes classes sociais, chamada de Falange. Propõe a 
implantação desse modelo em uma área de 250 hectares, em uma grande 
edificação unitária chamada de Falanstério (BENEVOLO, 2006).
FIGURA 6 - PROPOSTA DE FALANSTÉRIO DE CHARLES FOURIER
FONTE: Benevolo (2006)
Fourier define esse Falanstério como sendo uma grande edificação em 
forma de U, com um pátio central e vários pátios menores. Segundo Benevolo 
(2006), a proposta é de um palácio para o povo inspirado nos palácios dos nobres, 
como o Palácio de Versalhes, na França.
TÓPICO 1 | CIDADE LIBERAL
11
A edificação deveria ser simétrica, com três pátios e diversas entradas. 
No pavimento térreo ficariam localizados os acessos de carroças; já no primeiro 
pavimento se localizariam as galerias cobertas que fariam a ligação dos diversos 
setores da edificação, como se fossem ruas. Adultos ocupariam o segundo e o 
terceiro pavimento; jovens o mezanino; e hóspedes o sótão.
A cidade ideal de Fourier é uma cidade concêntrica, onde na área central 
ficava o centro comercial e administrativo, em torno deste, uma área para a cidade 
industrial, e uma última área para a cidade agrícola.
Esse modelo inovador exerceu uma imensa influência e admiração em 
vários países, que tentaram diversas vezes executar essa proposta. A principal 
delas foi realizada pelo industrial Jean-Baptiste Godin, na cidade de Guise, na 
França. A grande edificação foi construída para abrigar os operários de sua 
indústria e foi chamada por ele de familistério, que segundo Benevolo
(2007), em função de sua adaptação à vida familiar que ocupava unidades 
particulares, ao contrário da proposta de Fourier, que organizava as ocupações 
por faixas etárias.
A edificação principal se localizava em um parque, dividida em três blocos 
de quatro pavimentos, com 495 apartamentos. Era servida por escolas, teatro, 
lavanderias, banhos públicos e laboratórios, conforme a Figura 7.
FIGURA 7 – FAMILISTÉRIO
FONTE: Benevolo (2007)
A: Familistério de Guise 
B: Creche
C: Escola/Teatro 
D: Serviços
UNIDADE 1 | TRANSFORMAÇÕES E INOVAÇÕES DOS SÉCULOS XVIII E XIX
12
Após 1880, a fábrica do Familistério passou a ser administrada por uma 
cooperativa de operários e se extinguiu em 1967, com a dissolução da cooperativa.
Essa proposta de Fourier vai influenciar nas propostas de habitações 
coletivas que serão apresentadas pelo Movimento Modernista no século XX. A 
Unité d’Habitation (1947), de Le Corbusier, em Marselha, e o Edifício Copan (1952), 
de Oscar Niemeyer, em São Paulo, são exemplos dessa influência.
13
Neste tópico, vimos que:
• A Revolução Industrial e o crescimento populacional alteram a organização 
social das cidades no século XVIII.
• As cidades tornam-se locais insalubres e com condições precárias para a 
sobrevivência da sua população.
• Grandes obras de infraestrutura são necessárias para o mínimo funcionamento 
das indústrias.
• A pouca intervenção do Estado na organização urbana gera as “cidades 
liberais”, onde predomina a iniciativa privada sem regulamentação.
• Propostas utópicas surgem na busca de solução para os inúmeros problemas 
urbanos.
• Robert Owen lança sua proposta de organização em torno da indústria.
• Charles Fourier lança sua proposta de organização em falanstérios, grandes 
edificações de uso coletivo.
RESUMO DO TÓPICO 1
14
1 A Revolução Industrial gerou profundas transformações que modificaram 
a relação do homem com o tempo. Anteriormente à Revolução Industrial, 
os objetos e construções eram modificados muito lentamente, e podiam ser 
considerados como imóveis. Entretanto, as mudanças da industrialização 
modificaram essa característica quando as exigências de funcionamento 
passaram a ser mais dinâmicas, necessitando de constantes readequações. 
Essa situação teve uma grave consequência nas cidades, transformando a 
relação existente entre a edificação e o terreno. Assinale a alternativa que 
explica essa nova relação que surge nas cidades.
a) ( ) O edifício passa a ter maior valor que o terreno – em função das novas 
técnicas construtivas – e acaba com o mercado de terras urbanas.
b) ( ) O Estado passa a ter a posse de todo o território urbano para poder 
efetuar seus planos de transformações urbanas.
c) ( ) Os terrenos passam a ter maior valor que as edificações e sua posse passa 
para as cooperativas que administram as indústrias no século XVIII.
d) ( ) A duração do edifício passa a ser considerada limitada, o terreno adquire 
um valor independente, dando início ao mercado de terras urbanas.
e) ( ) As edificações passam a ter o mesmo valor financeiro que os terrenos 
sempre tiveram, resultando na especulação imobiliária existente até hoje 
nas cidades.
2 A chamada “cidade liberal” é a cidade resultante do contexto da Revolução 
Industrial e muito influenciada pelo liberalismo econômico, difundido por 
Adam Smith no século XVII. Sobre essa influência, é correto afirmar:
a) ( ) A influência desse pensamento político resulta na limitação da 
intervenção pública nos problemas urbanísticos.
b) ( ) A influência desse pensamento político resulta nas intervenções de 
melhoramentos executados pelo poder público.
c) ( ) A influência desse pensamento político resulta na busca por 
melhoramentos nas moradias dos operários.
d) ( ) A influência desse pensamento político resulta na intervenção do Estado 
apenas no setor econômico e não no setor urbanístico.
e) ( ) A influência desse pensamento político resulta na elaboração de 
legislações de controle sanitário.
AUTOATIVIDADE
15
TÓPICO 2
CIDADE PÓS-LIBERAL
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, veremos como o aumento da intervenção do Estado no 
espaço urbano vai definir a “cidade pós-liberal”. Também veremos alguns 
projetos de reformas urbanas que foram feitas no século XIX, com destaque para 
o plano de reforma de Paris, Viena e Barcelona, e algumas propostas inovadoras 
que surgem no final do século XIX, como a Cidade Linear e a Cidade-Jardim.
2 INTERVENÇÕES URBANAS
As consequências da RevoluçãoIndustrial e as transformações causadas 
na sociedade, como vimos no tópico anterior, geram um clima de insatisfação 
e revolta que culmina em uma série de revoluções e movimentos populares 
na metade do século XIX, na Europa, em especial as revoluções de 1848, que 
aconteceram na França.
Esse clima de tensão aliado às condições precárias da cidade liberal vai 
impulsionar um período de maior intervenção do Estado em alguns setores 
da sociedade, incluindo um maior controle sobre a questão urbana. Segundo 
Benevolo (2007), esse modelo de cidade, que substitui a “cidade liberal”, pode ser 
chamado de “cidade pós-liberal”.
O Estado passa a gerenciar a infraestrutura urbana para garantir as 
necessidades mínimas para o funcionamento das cidades. Sistema viário, sistema 
de esgoto e abastecimento de água, pontes, estradas de ferro, entre outros. Esse 
gerenciamento pode ser considerado como o princípio do urbanismo moderno, 
que irá se definir como campo disciplinar no final do século XIX.
Nas áreas centrais, que já apresentavam alta densidade na “cidade liberal”, 
as moradias passam a ter valores cada vez mais altos. As periferias passam a 
se compactar cada vez mais, definindo basicamente dois tipos de ocupação: as 
residências isoladas no lote das classes mais ricas e grandes áreas de residências 
precárias para a população de baixa renda, geralmente organizadas em fita. Os 
equipamentos de grande porte, necessários ao funcionamento da já estabelecida 
cidade industrializada, são empurrados para um subúrbio mais afastado, como 
galpões e depósitos industriais (BENEVOLO, 2007).
UNIDADE 1 | TRANSFORMAÇÕES E INOVAÇÕES DOS SÉCULOS XVIII E XIX
16
O governo passa a fazer algumas reformas urbanas, visando minimizar 
os inúmeros problemas que a cidade industrial apresentava. Ruas são ampliadas 
e edificações demolidas, preservando-se apenas os monumentos mais 
significativos. Também são implantados parques urbanos, visando melhorar a 
qualidade de vida da população cada vez mais afastada da natureza. Essas ações 
podem ser chamadas de higienistas, pois a questão sanitária era uma das maiores 
preocupações dos governantes, após uma série de epidemias que atingiram o 
território europeu.
O grande desafio da administração é ter que lidar com os interesses dos 
vários grupos dominantes, empresários e proprietários, e com as necessidades 
das classes mais pobres.
FIGURA 8 - ESTRADA DE FERRO SUBTERRÂNEA DE LONDRES, ILUSTRAÇÃO DE 1867
FONTE: Benevolo (2007)
3 A REFORMA DE PARIS
Durante o Segundo Império de Napoleão III, o barão Georges Haussmann, 
prefeito da cidade, inicia, em 1853, uma série de reformas urbanas que irão 
transformar a cidade de Paris e deixar um modelo de planejamento, que, conforme 
destaca Frampton (2008), é seguido por muito tempo e influencia diversas ações 
urbanas em todo o território europeu. Nesse período, a cidade de Paris apresentava 
o mesmo cenário caótico causado pela Revolução Industrial,como o cenário já 
visto da cidade de Londres. Águas poluídas, precariedade de saneamento, ruas 
estreitas, congestionamentos, habitações precárias etc.
Segundo Benevolo (2006), o Imperador Napoleão ganha prestígio e poder 
a partir da onda de medo gerada na população pelas revoluções de 1848, fazendo 
com que fosse possível a execução de grandes obras com a intenção de dificultar 
novas revoltas populares, substituindo as estreitas ruas medievais por largas e 
retas avenidas que facilitam a movimentação dos militares.
TÓPICO 2 | CIDADE PÓS-LIBERAL
17
FIGURA 9 - REVOLUÇÕES DE 1848 NA FRANÇA. PINTURA DE H. VERNET
FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/cd/Horace_Vernet-Barricade_
rue_Soufflot.jpg>. Acesso em: 19 out. 2016.
Durante os 17 anos em que Haussmann esteve no poder, a prefeitura 
executou aproximadamente 137 quilômetros de vias (retificações, alargamentos 
ou aberturas) em substituição a cerca de 546 quilômetros de ruas medievais que 
existiam em Paris.
Bairros inteiros foram demolidos para dar espaço aos grandes bulevares 
que passaram a conectar os principais pontos da cidade. Cerca de 27 mil 
residências foram derrubadas.
Antigos e novos monumentos ganham destaque na paisagem e são 
utilizados como marcos visuais e pontos focais das avenidas, como o Arco do 
Triunfo, destaque na nova Place de l’Etoile (Figura 11), e a Ópera Garnier, destaque 
da nova Avenue de l’Opera.
UNIDADE 1 | TRANSFORMAÇÕES E INOVAÇÕES DOS SÉCULOS XVIII E XIX
18
FIGURA 10 - NOVAS VIAS EXECUTADAS POR HAUSSMANN EM PARIS
FONTE: Benevolo (2007)
FIGURA 11 - PLACE DE L’ETOILE
FONTE: <http://www.paris-unplugged.fr/wp-content/uploads/2014/09/1328387793-Paris-Arc-
Triomphe-Aerophoto.jpg>. Acesso em: 19 out. 2016.
As redes de abastecimento de água, esgoto, iluminação e transporte público 
foram melhoradas e ampliadas. Novas edificações públicas são construídas, como 
escolas, prisões, hospitais, escritórios administrativos, bibliotecas, mercados etc. 
(BENEVOLO, 2007).
Dois grandes parques públicos são também implantados na cidade, o 
Bois de Boulogne e o Bois de Vincennes, e outros dois parques menores, o Buttes-
Chaumont e o Parc Montsouris.
TÓPICO 2 | CIDADE PÓS-LIBERAL
19
O problema da moradia das classes mais pobres também será alvo de 
propostas do governo de Napoleão III. Constrói-se o primeiro complexo de 
casas populares na Rue Rochechouart, e em 1852, outros dois complexos em 
Batignolles e em Neuilly. Entretanto, essas poucas iniciativas não alteraram a 
precária situação das moradias operárias em Paris.
Buscando um maior controle estético das principais vias da cidade, 
Haussmann define uma série de normativas para regulamentar a estética das 
edificações privadas e manter a uniformidade das fachadas, criando grandes 
eixos visuais de influência barroca. As edificações seguem estilos historicistas, 
predominantes nesse período histórico. Também define a padronização do 
mobiliário urbano, como bancos, luminárias, lixeiras etc. e fixa proporções entre 
larguras de vias e alturas de edificações para garantir a salubridade das ocupações 
e a harmonia da paisagem urbana.
As principais críticas às reformas urbanas de Paris dizem respeito à 
destruição de grande parte da cidade medieval para dar lugar às novas vias. 
A população perde parte de sua história e identidade e demora a se acostumar 
com a nova paisagem imposta. Na figura a seguir podemos ver o impacto dessas 
destruições na quantidade de edificações que tiveram que ser demolidas para a 
abertura da Avenue de L’Opera.
FIGURA 12 - ABERTURA DA AVENUE DE L’OPERA
FONTE: Benevolo (2007)
A escala empregada por Haussmann nas grandes avenidas alterava, de 
forma profunda, a relação dos habitantes com a cidade, que possivelmente só foi 
compreendida no século XX, com o aumento do fluxo de veículos nas vias. Outra 
grande crítica destacada por Benevolo (2007) é a rigidez da proposta, pensada 
de forma estática, que cria uma grande dificuldade de se fazer modificações 
necessárias às dinâmicas e alterações que as cidades sofrem com o passar dos 
tempos.
UNIDADE 1 | TRANSFORMAÇÕES E INOVAÇÕES DOS SÉCULOS XVIII E XIX
20
A partir de 1870, inúmeras cidades francesas e diversas cidades europeias 
vão seguir o protótipo de Paris e vão implantar planos de reformas urbanas. 
Entretanto, nenhuma outra cidade conseguiu fazer mudanças tão profundas 
como a capital francesa. Muitas vezes, os planos eram implantados parcialmente 
ou abandonados durante a execução. A personalidade de Haussmann e o poder 
de Napoleão III foram decisivos para essa grande obra, que custou muito caro aos 
cofres públicos.
4 OS CASOS DE BARCELONA E VIENA
Em 1859, o engenheiro espanhol Ildefonso Cerdá (1815-1876) faz um plano 
de expansão territorial para a cidade de Barcelona, na Espanha. Sua proposta 
é de ampliar a ocupação urbana através de uma malha quadriculada e regular 
(quadras de 113 metros), com duas grandes diagonais que cortam o tecido regular. 
Essa malha, ao contrário da reforma de Paris, não se sobrepõe à malha medieval,e sim se conecta com ela, que é preservada.
FIGURA 13 - PLANO DE CERDÁ PARA BARCELONA, 1859
FONTE: <http://www.vitruvius.com.br/media/images/magazines/grid_9/2e87e0bf587b_fig_6_
barcelona_cerda_plan.jpg>. Acesso em: 19 out. 2016.
A proposta de Cerdá está dentro dos propósitos higienistas do período e 
se baseia nas propostas para circulação e habitação.
Sua grande inovação está na proposta de quadras chanfradas (ângulo de 
45 graus nas arestas do quadrado), com pátios internos para melhorar a ventilação 
e iluminação das residências, conforme vemos nas figuras a seguir.
TÓPICO 2 | CIDADE PÓS-LIBERAL
21
Em 1867, a partir de suas experiências no Plano de Barcelona, Cerdá publica 
sua visão de planejamento no livro Teoria Geral de Urbanização, tornando-se o 
pioneiro no uso do termo urbanização (FRAMPTON, 2008).
FIGURA 14 - DESENHO DAS QUADRAS E POSSIBILIDADES DE OCUPAÇÃO
 DAS QUADRAS DE CERDÁ
FONTE: <http://3.bp.blogspot.com/_aHohI9jLvMQ/RluanWe4qPI/AAAAAAAAACo/Hn-
2FIdroyo/s200/geometria+dos+lotes.jpg>. Acesso em: 19 out. 2016.
Na cidade de Viena, na Áustria, o plano de expansão de Ludwig Förster 
(1859) é feito através de anéis (conhecidos como Rings de Viena ou Ringstrasse) 
no entorno no centro medieval consolidado que ainda era delimitado por sua 
muralha, diferente da maioria das cidades europeias da época, que já haviam 
derrubado suas muralhas.
FIGURA 15 - RINGSTRASSE DE VIENA, 1860
FONTE: <https://archhistdaily.files.wordpress.com/2012/12/vienna-1860.png?w=480&h=354>. 
Acesso em: ago. 2016.
UNIDADE 1 | TRANSFORMAÇÕES E INOVAÇÕES DOS SÉCULOS XVIII E XIX
22
O arquiteto austríaco Camillo Sitte (1843-1902) lança o livro “Construção 
das Cidades Segundo seus Princípios Artísticos”, em 1889, onde cria uma teoria 
e um modelo de cidade ideal em contraposição às práticas urbanas que vinham 
sendo feitas, como o Ringstrasse de Viena (CHOAY, 1998).
A publicação de Sitte chegou rapidamente ao sucesso, sendo traduzida 
e publicada em diversos países, o que indica que havia uma insatisfação com 
a cidade que estava sendo planejada na segunda metade do século XIX. Esse 
ambiente de insatisfação vai estimular o surgimento de diversas propostas de 
organização alternativas, como veremos adiante.
Sitte faz duras críticas ao planejamento moderno que, segundo ele, 
desconsiderava o caráter artístico que este deveria ter, resgatando alguns 
princípios estéticos da cidade medieval. Focado nas questões estéticas, destaca 
a monotonia que a excessiva regularidade das cidades causava em seus espaços 
simétricos, desarticulados e sem conexão com a arquitetura (BENEVOLO, 2006).
A organização espacial do espaço público, em especial a praça, vai ser o 
grande focode análise para Sitte. Organiza seu estudo nos seguintes itens:
• Relações entre os edifícios, os monumentos e as praças.
• O centro das praças é desobstruído.
• A praça é um espaço fechado.
• Irregularidade das praças antigas.
• A vida moderna limita o desenvolvimento da arte de construir cidades.
• Reformas a introduzir na ordenação das cidades modernas.
• A organização espacial do espaço público, em especial as praças, vai ser o 
grande foco de sua análise.
Para Benevolo (2006), Sitte trouxe importantes contribuições para o 
pensamento urbanístico, recuperou o interesse pelas cidades antigas e destacou 
problemas da cidade moderna, que, aparentemente estéticos, acabam levando 
aos reais problemas do planejamento moderno.
Uma grande avenida aos moldes dos bulevares haussmanianos é 
implantada no entorno do centro medieval que o plano preserva em sua quase 
totalidade.
Nesse anel é possível organizar diversas edificações públicas em áreas 
espaçosas, como escolas, museus e teatros. É possível ver esse contraste do centro 
existente e do anel planejado na figura anterior. Segundo Benevolo (2006), essa 
solução também é utilizada em diversas cidades nórdicas, como Colônia, Leipzig, 
Lübeck, Copenhague.
5 A CRÍTICA DE CAMILLO SITTE
TÓPICO 2 | CIDADE PÓS-LIBERAL
23
Apesar de seu apreço pela organização espacial medieval, Sitte não 
tem uma posição antiurbana e nem contrária ao planejamento. Deixa clara sua 
inspiração nas qualidades estéticas da cidade antiga, utilizando-a para definir os 
princípios estéticos necessários para o desenho da cidade moderna.
No entanto, poder-se-ia verdadeiramente conceber no plano do 
projeto as mesmas belezas, tais como as produzidas pela história no 
decurso dos séculos? [...] Os modelos dos antigos devem reviver hoje 
de modo bem diferente do que uma cópia, embora conscienciosa; 
somente examinando-se aquilo que existe de essencial em sua criação 
e procurando-se, se conseguir, adaptar às condições modernas aquilo 
que existe de mais significativo em suas obras, é que poderemos 
esperar extrair ao terreno aparentemente tornado estéril uma semente
que possa novamente germinar (SITTE, 1889 apud BENEVOLO, 
2006, p. 354).
6 AS EXPERIÊNCIAS URBANÍSTICAS DO FINAL DO SÉCULO 
XIX
No final do século XIX, o Estado passa a regulamentar cada vez mais o 
espaço urbano, através de legislações e planos reguladores para tentar minimizar 
os intermináveis problemas urbanos. Os problemas habitacionais e de saneamento 
continuam preocupando o governo e a população.
Essa dificuldade em solucionar os problemas urbanos faz com que 
continuem surgindo propostas inovadoras de organizações sociais, influenciadas 
pelas propostas utópicas do início do século e pelas críticas de Sitte (que vimos 
em tópicos anteriores), que buscam alternativas ao modelo de cidade vigente. 
Destacam-se as propostas da Cidade Linear de Arturio Soria e da Cidade-Jardim 
de Ebenezer Howard.
6.1 CIDADE LINEAR
O engenheiro espanhol Arturo Soria (1844-1920) propõe, em 1882, 
um modelo de cidade que apresenta uma alternativa ao modelo centralizado 
tradicional, que é a cidade de ocupação linear.
Essa proposta, segundo Benevolo (2006), parte do princípio de que a 
cidade de organização centralizada tende a produzir congestionamentos e 
dificuldades de circulação. Assim, a ocupação se daria em um faixa longitudinal 
de largura limitada, percorrida por linhas férreas, que facilitariam o transporte e 
o fluxo contínuo. Essa ocupação poderia se estender de forma ilimitada e conectar 
diferentes cidades.
UNIDADE 1 | TRANSFORMAÇÕES E INOVAÇÕES DOS SÉCULOS XVIII E XIX
24
FIGURA 16 - CIDADE LINEAR
FONTE: Benevolo (2006)
Propõe uma via arborizada central de, no mínimo, 40 metros, com linhas 
férreas em sua parte central. Nas laterais, amplos lotes com edificações isoladas, 
hortas e jardins.
Na última década do século XIX, Soria projeta uma cidade linear em forma 
de ferradura para o entorno de Madri, que foi parcialmente executada, mas, 
posteriormente, acabou incorporada à periferia da cidade e descaracterizada.
6.2 CIDADE-JARDIM
Ebenezer Howard (1850-1928) publica seu primeiro livro em 1898, onde 
inicia sua discussão sobre a cidade, que vai criar um movimento que irá influenciar 
de forma significativa as propostas urbanas implantadas no século XX, inclusive 
no Brasil.
Sua proposta de cidade apresenta uma visão romântica e antiurbana, que 
busca uma aproximação do homem com a natureza, em contraposição à cidade 
industrial que afastava cada vez mais o campo da cidade.
NOTA
O termo romântica aqui é usado para designar o movimento artístico e filosófico 
do século XVIII, que defendia o culto à natureza.
TÓPICO 2 | CIDADE PÓS-LIBERAL
25
Howard parte da questão da propriedade privada, que considerava o 
maior problema das grandes cidades. Propõe a regulamentação do espaço urbano 
como área pública e a utilização das áreas livres como espaços verdes de uso 
coletivo, trazendo a paisagem do campo para dentro da cidade.
Propõe que a produção agrícola forme um cinturão verde no entorno 
da cidade, ficando facilmente acessível aos habitantes. Sua ideia é de criar uma 
cidade autossuficiente, equilibrada entre a indústria e a agricultura.
FIGURA 17 - ÁREA CENTRAL DA CIDADE-JARDIM
FONTE: Howard (2002)
Howard apresenta sua propostaatravés de diagramas (figura anterior), 
onde define uma cidade radial centralizada e dividida em setores. Grandes 
bulevares de 36 metros de largura conectam o parque central ao perímetro 
externo, onde se localiza a ferrovia. Uma grande avenida de 128 metros de largura 
assume o caráter de um parque linear. Apesar de seu modelo inovador e sua 
crítica à cidade industrial, Howard demonstra, em seus bulevares, a influência da 
intervenção de Haussmann em Paris (OTTONI, 2002).
A primeira cidade-jardim vai ser construída em 1904, em Letchworth, a 
50 km de Londres. O projeto apresenta um rígido zoneamento que não permitia 
comércio nas áreas residenciais, nem pequenas indústrias. A cidade foi projetada 
para 35 mil habitantes, mas nunca chegou perto desse número, e a propriedade 
do solo, que deveria ser coletiva, acabou nas mãos de acionistas.
UNIDADE 1 | TRANSFORMAÇÕES E INOVAÇÕES DOS SÉCULOS XVIII E XIX
26
Em 1919 Howard constrói a cidade de Welwyn, entre Letchworth e 
Londres. A cidade é projetada para 50 mil habitantes. Esta cresce rapidamente, 
mas nunca chega a ser autossuficiente, e acaba se tornando uma espécie de bairro 
distante de Londres.
Muitas das ideias de Howard serão retomadas nas propostas urbanas do 
movimento Modernista, conforme veremos nas próximas unidades do caderno.
27
RESUMO DO TÓPICO 2
 Neste tópico, vimos que:
• O Estado passa a gerenciar os aspectos mínimos para o funcionamento das 
cidades.
• Reformas urbanas são feitas para melhorar as vias e a infraestrutura urbana 
básica.
• O início das ações de planejadores urbanos se dá através de planos elaborados 
por técnicos higienistas, focados nos melhoramentos sanitários.
• Haussmann planeja e executa a maior e mais importante reforma urbana do 
século XIX.
• O Plano de Paris se torna referência para os planejadores de todo o mundo.
• Camillo Sitte faz duras críticas à qualidade estética das intervenções urbanas.
• Novos pensadores, influenciados pelos utopistas do início do século XIX, 
pensam organizações alternativas à ocupação da cidade tradicional.
• Arturo Soria propõe a Cidade Linear visando solucionar os problemas de 
mobilidade.
• Ebenezer Howard propõe a Cidade-Jardim visando recuperar a proximidade 
do homem com a natureza.
28
1 O século XIX é conhecido por uma série de projetos de intervenção urbana, 
especialmente na Europa, que buscava solucionar os inúmeros problemas 
da cidade. Os planos de Haussmann, para Paris; e de Cerdá, para Barcelona, 
são dois exemplos de intervenção que foram executados nesse período, mas 
que apresentam abordagens diferenciadas. Sobre esses planos, é correto 
afirmar:
I. O Plano de Haussmann propõe a abertura de grandes avenidas para o 
melhoramento da circulação viária.
II. O Plano de Haussmann, além de ter o objetivo de melhorar a infraestrutura 
da cidade, também tinha objetivos militares.
III. O Plano de Cerdá propõe a demolição de grande parte do tecido urbano 
medieval da cidade.
IV. O Plano de Cerdá apresenta uma malha viária regular cortada por grandes 
vias diagonais.
a) ( ) As afirmações I e II estão corretas.
b) ( ) As afirmações I, III e IV estão corretas.
c) ( ) As afirmações I e IV estão corretas.
d) ( ) As afirmações I e III estão corretas.
e) ( ) As afirmações I, II e IV estão corretas.
2 As palavras do nostálgico poeta flâneur acusam a insatisfação que surgiu 
durante o desenvolvimento das obras de transformação da cidade de Paris, 
comandadas pelo prefeito George-Eugène Haussmann.
A velha Paris não existe mais (a forma de uma cidade muda mais depressa, ai! 
Do que o coração de um mortal) Paris muda! Mas nada se moveu em minha 
melancolia! Palácios novos, andaimes, blocos, velhos subúrbios, tudo para 
mim se torna alegoria, e minhas caras lembranças são mais pesadas do que 
rochas (BAUDELAIRE, Charles. La cygne, 1857).
Assinale a alternativa com a correta justificativa para essa insatisfação expressa
por Baudelaire.
a) ( ) A reforma de Haussmann não trouxe a modernidade que a sociedade 
esperava e foi considerada uma mudança muito sutil.
b) ( ) A reforma de Haussmann destruiu milhares de edificações provenientes 
da cidade medieval, transformando drasticamente a paisagem da 
cidade.
c) ( ) A reforma de Haussmann não modificou a paisagem da cidade como a 
população esperava.
AUTOATIVIDADE
29
d) ( ) A reforma de Haussmann transformou a paisagem da cidade medieval 
à medida que substituiu a antiga estrutura por grandes arranha-céus 
influenciados pelos avanços tecnológicos da Escola de Chicago, nos 
Estados Unidos.
e) ( ) A reforma de Haussmann não conseguiu mudar as características 
das cidades medievais, mantendo as inúmeras vielas estreitas e sem 
infraestrutura.
30
31
TÓPICO 3
INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS DO SÉCULO XIX
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Nesse tópico, estudaremos as inovações tecnológicas que passaram a ser 
utilizadas nas construções no século XIX, especialmente as estruturas metálicas e 
o concreto armado. Veremos também como as Exposições Universais foram um 
importante palco para experimentações e disseminação de novas formas de se 
pensar a arquitetura.
2 O USO DO FERRO NA ARQUITETURA
A Revolução Industrial, além das transformações das cidades, trouxe 
também um grande avanço tecnológico para a engenharia. A introdução do ferro 
nas construções seria uma das grandes responsáveis pelo desenvolvimento da 
tecnologia na arquitetura do século XIX.
A Inglaterra virou pioneira na utilização desse material através do 
desenvolvimento dos meios de transporte férreo, da construção de inúmeras 
pontes e estações ferroviárias.
FIGURA 18 - PONTE MARIA PIA, PORTO, GUSTAVE EIFFEL 1877
FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/49/Ponte_Maria_Pia_-_
Porto.JPG>. Acesso em: 19 out. 2016.
32
UNIDADE 1 | TRANSFORMAÇÕES E INOVAÇÕES DOS SÉCULOS XVIII E XIX
FIGURA 19 - PONTE DE FERRO CONSTRUÍDA EM EDIMBURGO, EM 1880
FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/4/4f/Bbforthrailbridge.
jpg/1280px-Bb-forthrailbridge.jpg>. Acesso em: 19 out. 2016.
Segundo Argan (1999), alguns fatores influenciaram nessa crescente 
utilização do ferro na arquitetura, como: o aumento da produção industrial 
do material, a possibilidade de transporte de grandes peças pré-fabricadas, as 
potencialidades técnicas e resistência do material, otimização e rapidez das 
construções e a evolução da engenharia estrutural.
Inicialmente, o uso do ferro nas edificações não era bem aceito pelos 
arquitetos, pois era considerado um material feio e pouco nobre. Foram os 
técnicos e engenheiros que descobriram as potencialidades desse material, que 
por ter maior resistência à tração, se adapta melhor às necessidades de grandes 
vãos sem apoios, como é o de caso de pontes e grandes estações. Curtis (2008, p. 
38) destaca essa situação: “As atividades historicamente limitadas à profissão de 
arquiteto também estavam sendo dispensadas graças à vivacidade e ao talento 
dos engenheiros”.
Mesmo com a resistência à estética das estruturas metálicas, os arquitetos 
não puderam ignorar as vantagens técnicas desse material sobre os materiais 
tradicionais, como a alvenaria e a pedra. A resistência aos esforços de tração e 
torção são muito superiores aos demais materiais em uma estrutura muito mais 
leve que a tradicional. Lentamente os arquitetos passam a utilizar estruturas de 
ferro. Inicialmente, escondem essas estruturas atrás de revestimentos e mantêm 
as fachadas tradicionais historicistas (GYMPEL, 2001).
Henri Labrouste, em seu projeto para a Biblioteca Nacional de Paris 
(figura a seguir), em 1858, vai ser um dos pioneiros na utilização da estrutura de 
ferro em uma edificação pública e inovador ao deixá-la aparente em seus espaços 
interiores. Labrouste explora a potencialidade estética da estrutura metálica, e 
apesar de utilizar elementos historicistas decorativos nos pilares, consegue criar 
espaços interessantes com suas coberturas em abóbadas de ferro e gesso. Utiliza 
estruturas esbeltas que destacama leveza da cobertura. arquiteto James Bunning 
também explorou o potencial estético do ferro nos espaços interiores do seu 
projeto para a Bolsa de Carvão de Londres, em 1846.
TÓPICO 3 | INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS DO SÉCULO XIX
33
FIGURA 20 - BIBLIOTECA NACIONAL DE PARIS, 1858
FONTE: Argan (1999)
FIGURA 21 - BOLSA DE CARVÃO DE LONDRES, 1846
FONTE: <https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/564x/92/ea/39/92 
ea39f688a956dab854ae2312086a85.jpg>. Acesso em: ago. 2016.
Contrariando a opinião da maioria dos arquitetos da época, o arquiteto 
Metthew Wyatt, um dos organizadores da Exposição de 1851 (que veremos no 
próximo item) e admirador das estruturas de ferro, percebe a importância e a 
potencialidade desse novo material, e já em 1851 afirma que essa nova tecnologia 
criaria uma “nova era na arquitetura” (PEVSNER, 2001).
As Exposições Universais, que se disseminam no século XIX, vão ser 
um importante meio de divulgação e experimentação na utilização do ferro na 
arquitetura. As tipologias das edificações que precisavam ser construídas para 
34
UNIDADE 1 | TRANSFORMAÇÕES E INOVAÇÕES DOS SÉCULOS XVIII E XIX
3 EXPOSIÇÕES UNIVERSAIS
A primeira exposição de caráter universal acontece na cidade de 
Londres, em 1851, com o objetivo de mostrar a produção industrial e as novas 
tecnologias de cada país, aproximando produtores, comerciantes, consumidores, 
potencializando novos negócios.
A edificação construída para abrigar a feira foi idealizada pelo jardineiro e 
construtor de estufas Joseph Paxton. Foi concebida para ser uma obra temporária, 
econômica, de fácil manutenção, rápida execução e possível de ser desmontada 
e reutilizada.
A obra de Paxton, que ficou conhecida como Palácio de Cristal, foi a 
primeira construção totalmente pré-fabricada, construída em peças de ferro 
fundido e revestida de vidro. A proposta se baseava nas estufas que já havia 
construído, entretanto, em uma escala monumental.
Sua estrutura segue uma malha modular, com 600 metros de comprimento, 
120 metros de largura e 34 metros de altura, 3.300 colunas e 2.300 vigas. Foi 
construído em nove meses.
abrigar as grandes máquinas e equipamentos a serem expostos, além de uma 
multidão de pessoas do mundo todo, mostraram-se ideais para a utilização das 
estruturas de ferro. Além dos grandes vãos, o caráter temporário das edificações, 
que eram desmontadas após as feiras, se adaptava perfeitamente ao processo de 
construção pré-fabricado de peças montáveis e desmontáveis, como é o caso das 
estruturas metálicas.
FIGURA 22 - PALÁCIO DE CRISTAL, 1851
FONTE: <http://1.bp.blogspot.com/-xqPExvWPcY0/UkARoh6A4WI/AAAAAAAAOns/
dwWoWHy4G_0/s1600/Victorian+London+1888+(25).jpg>. Acesso em: ago. 2016.
TÓPICO 3 | INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS DO SÉCULO XIX
35
FIGURA 23 - INTERIOR PALÁCIO DE CRISTAL, 1851
FONTE: <https://abrilguiadoestudante.files.wordpress.com/2016/10/exposicaomundial-
londres-1851.jpg?quality=70&strip=all&w=550&h=450&crop=1>. Acesso em: ago. 2016.
O destaque dessa edificação, além da inovação construtiva e tecnológica, 
é o distanciamento com todos os estilos historicistas que predominavam na 
arquitetura. Finalmente, surge uma edificação que busca um desenho condizente 
com as novas tecnologias e novas necessidades da sociedade moderna e 
industrial, ao contrário das edificações historicistas que predominavam no 
cenário arquitetônico da época.
Argan (1999) destaca que, além do interesse prático das questões técnicas 
empregadas por Paxton, ele alcança bons resultados no plano estético: a leveza e 
liberação do peso da massa é de uma volumetria tão grande, a transparência que 
integra espaços interiores e exteriores e o predomínio dos planos vazados, e a 
iluminação interior praticamente igual às áreas externas. (Ver Figura 24).
Apesar de ter sido duramente criticada pelos arquitetos da época, a 
edificação conquistou a população, que estava em busca da modernidade. Tanto 
é verdade que após o fim da exposição, a edificação foi desmontada e remontada 
em Sydenham Hill, próximo a Londres, onde permaneceu até 1936, quando foi 
destruída por um incêndio.
A partir da Exposição de Londres, em 1851, inúmeras exposições se 
seguiram por diversas cidades do mundo, como Sidney (1879), Melbourne (1880), 
Amsterdã (1883), Antuérpia e New Orleans (1885), Barcelona e Bruxelas (1888). 
Cohen (2013) ressalta que as feiras se tornaram espetáculos de massa, grandes 
acontecimentos que atraíam multidões de todo o mundo.
A Exposição de 1889, que aconteceu em Paris, marcou a comemoração 
dos 100 anos da Revolução Francesa, e também marcou a história das exposições 
universais. Apresentou uma grande evolução na técnica de construção com 
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UNIDADE 1 | TRANSFORMAÇÕES E INOVAÇÕES DOS SÉCULOS XVIII E XIX
estrutura metálica e inseriu elementos que marcam a paisagem de Paris até os 
dias de hoje, pode-se dizer que foi a mais ambiciosa exposição em termos de 
mostra arquitetônica.
Ao contrário das exposições anteriores, que se desenvolviam basicamente 
em uma única edificação, essa exposição inaugura o sistema de aglomeração de 
vários pavilhões, como até hoje se organizam as feiras.
Duas grandes estruturas tiveram destaque na feira. A Torre Eiffel, com 
seus 300 metros de altura, que compõe a paisagem da cidade até os dias de hoje, e 
a Galeria das Máquinas, com seu vão livre de 115 metros, que foi posteriormente 
desmontada.
FIGURA 24 - FOTO AÉREA DA EXPOSIÇÃO DE PARIS DE 1889
FONTE: <http://drupal-multisite-s3.s3-us-west-2.amazonaws.com/files/31-3-tour_eiffel_b40739.
jpg>. Acesso em: ago. 2016.
A torre de treliças metálicas, construída para a Exposição de 1889, pelo 
engenheiro Gustave Eiffel, tinha o objetivo de se tornar o marco da mostra e ser a 
mais alta estrutura construída pelo homem. Somente a estrutura metálica poderia 
conceber um elemento de tal dimensão, e somente Eiffel conseguiu calcular e 
executar uma estrutura desse porte, a partir das experimentações que já havia 
feito em diversas pontes que construiu, como a ponte Maria Pia, que pudemos 
ver anteriormente. 
Assim como o Palácio de Cristal, a Torre Eiffel foi duramente criticada 
na época de sua construção. Sua estética era considerada questionável e os 
intelectuais da época clamavam por sua destruição. Entretanto, o impacto que 
causou na paisagem da cidade conquistou a população e a torre permaneceu em 
pé mesmo após o fim da feira.
Argan (1999) destaca que a Torre Eiffel se tornou o símbolo da modernidade, 
destacando, em sua forma, a funcionalidade técnica e estrutural. Para ele, o novo 
marco da paisagem urbana parisiense se destaca sobre os demais monumentos 
da cidade sem celebrar o passado e, sim, glorificando o presente e o futuro.
TÓPICO 3 | INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS DO SÉCULO XIX
37
A Galeria das Máquinas foi uma edificação projetada por Ferdinand 
Dutert, com uma estrutura metálica que permitiu a construção do maior vão livre 
já erguido até aquele momento (115 metros). Dutert desenvolveu um sistema de 
treliças em aço (primeira utilização em larga escala na construção) que necessitava 
apenas 20 arcos para absorver o peso da cobertura de uma edificação de 420 
metros de comprimento. Cada arco possuía 48 metros de altura e três rótulas 
(articulação cilíndrica) que faziam a conexão das peças. Uma na parte superior 
e duas nos apoios que permitiam a absorção de movimentos de estruturas dessa 
dimensão. Os apoios em seções mínimas causaram discussão e desconfiança à 
época da construção.
FIGURA 25 - GALERIA DAS MÁQUINAS, 1889
FONTE: < http://twixar.me/mvT1 >. Acesso em: 19 out. 2016.
FONTE: <http://www.dezenovevinte.net/arte%20decorativa/ad_odete_arquivos/galeria%20
maquinas.jpg>. Acesso em: 19 out. 2016.
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UNIDADE 1 | TRANSFORMAÇÕES E INOVAÇÕES DOS SÉCULOS XVIII E XIX
Apesar da monumentalidade da estrutura, o conjunto apresenta uma 
notável leveza que se dá pelo desenho dos arcos, pela sutileza de seus apoios e 
pela transparência do vidro da cobertura.
Para Gympel (2001), a Galeria de Máquinas se tornou um dos mais 
importantessímbolos da era industrial, pois demonstrou toda a potencialidade 
desse tipo de estrutura. Além disso, essa edificação também marca uma grande 
inovação formal, quando, pela primeira vez, um único elemento estrutural 
cumpre a função de pilar e cobertura ao mesmo tempo, além de definir a forma 
da edificação.
4 O CONCRETO ARMADO
O uso do concreto nas construções remonta ao período do Império Romano, 
entretanto, somente na segunda metade do século XIX volta a ser explorado nas 
construções em função de seu baixo custo, sua resistência aos esforços e ao fogo 
(CURTIS, 2008).
A introdução das barras de ferro na estrutura de concreto só aconteceu a 
partir de 1870. Ernst Ransome (Estados Unidos) e François Hennebique (França) 
inventaram sistemas de pilares e vigas de concreto armado que, assim como as 
estruturas metálicas, resgatavam o princípio gótico de separação entre estrutura 
e fechamento, abrindo um campo de grande liberdade formal no uso da planta 
livre que vai ser testada em todas as suas possibilidades no século XX, conforme 
veremos posteriormente.
FIGURA 26 - SISTEMA ESTRUTURAL DE CONCRETO ARMADO CRIADO 
POR HENNEBIQUE, 1892
FONTE: <https://s3.amazonaws.com/classconnection/500/flashcards/10550500/jpg/
franc_ois_hennebique__system_hennebique__1892-_stahlbetondecke_mit_plattenbalken-
152B79DCB5574B3522B.jpg>. Acesso em: ago. 2016.
TÓPICO 3 | INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS DO SÉCULO XIX
39
A junção do ferro (com sua flexibilidade e resistência aos esforços de 
tração) ao concreto (com sua rigidez e resistência aos esforços de compressão) cria 
um novo material que possibilita a execução de infinitas formas na construção, 
que são impossíveis de se executar com materiais tradicionais.
FIGURA 27 - APARTAMENTOS DA RUA FRANKLIN, PARIS (1903-04)
FONTE: <http://files1.structurae.de/files/
photos/64/paris25frank01.jpg>. Acesso em: 16 jul. 
2019.
FONTE: <https://c2.staticflickr.com/4/3367/
3578004376_891e414816_b.jpg>. 
Acesso em: 19 out. 2016.
Auguste Perret foi o primeiro a usar o concreto armado em uma edificação 
residencial. Em seu projeto para os apartamentos da Rua Franklin (1903-04) 
deixa evidente a estrutura de pilares e vigas na fachada. Painéis de fechamento 
decorados e grandes aberturas puderam ser colocados na fachada da edificação 
em função da liberdade estrutural fornecida pelo material.
O pavimento térreo livre deixava exposta a rede de pilares de concreto 
que fazia a estruturação da edificação. Curtis (2008) destaca esse pioneirismo de 
Perret no uso dos pilotis, que seria muito significativo no Movimento Moderno 
no século XX.
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RESUMO DO TÓPICO 3
 Neste tópico, vimos que:
• O ferro passa a ser utilizado em larga escala na construção, inicialmente, nas 
grandes obras de engenharia, como pontes e vias férreas.
• Os arquitetos apresentam uma grande resistência à estética desse novo material.
• As Exposições Universais passam a ser um importante meio de desenvolvimento 
da estética e do uso das estruturas metálicas na arquitetura.
• A Exposição de Paris de 1889 deixa um grande legado para a arquitetura, com 
a construção da Torre Eiffel e da Galeria de Máquinas.
• O desenvolvimento do concreto armado abre um campo de possibilidades 
para o uso desse material na arquitetura.
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1 A pluralidade eclética característica das manifestações arquitetônicas do 
século XIX é ofuscada por um importante conjunto de obras construídas 
para as grandes Exposições Universais, que seria chamada por Giulio Argan 
(1999) de “Arquitetura dos Engenheiros”. Assinale a alternativa que trata 
corretamente o assunto.
a) ( ) As Exposições Universais se destacaram na arquitetura por propiciarem 
a construção de grandes edificações de linguagem modernizada que 
utilizavam estruturas metálicas de forma inovadora.
b) ( ) As Exposições Universais trouxeram grandes estruturas de ferro, como 
pontes e estações ferroviárias, para suprir uma necessidade nova, 
gerada pela industrialização.
c) ( ) As Exposições Universais se destacaram na arquitetura pela inserção de 
parques verdes permanentes no espaço urbano das cidades.
d) ( ) As Exposições Universais trouxeram reformas urbanas importantes para 
a cidade pós-liberal, com abertura de vias e melhoramentos sanitários.
e) ( ) As Exposições Universais exploraram a principal característica das 
estruturas de ferro: de suportarem a compressão construindo edificações 
monumentais para abrigarem esses grandes eventos.
2 A arquitetura vai ganhar um lugar de destaque nas Exposições Universais 
do século XIX, por ser simultaneamente a superestrutura do evento e objeto 
de exposição, sendo o ferro o material escolhido para estruturar essas 
edificações. Qual alternativa contém a correta justificativa para a utilização 
desse material na construção dos pavilhões dessas exposições?
a) ( ) O ferro possuía a mesma resistência que a pedra, mas era considerado 
esteticamente mais belo pelos arquitetos.
b) ( ) O ferro possuía boa capacidade para vencer grandes vãos e possibilitava 
uma maior rapidez nas construções.
c) ( ) O ferro possuía uma boa resistência à compressão e era um material 
tradicionalmente usado na arquitetura.
d) ( ) O ferro possuía boa capacidade para vencer grandes vãos e possibilitava 
a construção de edificações maciças e pesadas.
e) ( ) O ferro possuía boa resistência à compressão e possibilitava a construção 
de edificações verticalizadas com mais de dez pavimentos.
AUTOATIVIDADE
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43
TÓPICO 4
O MOVIMENTO ARTS AND CRAFTS
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, iremos conhecer o movimento que discute a qualidade 
da produção industrial no século XIX, liderado por William Morris, que ficou 
conhecido como Arts and Crafts. Inicia como um movimento visual e posteriormente 
passa a ser um movimento social também, de crítica à industrialização.
2 A CRISE DAS ARTES APLICADAS
No contexto de discussões sobre as consequências da industrialização 
no século XIX, surge um movimento que discute a baixa qualidade dos objetos 
industrializados, como mobiliários, tecidos, utensílios domésticos etc.
A partir da Revolução Industrial, define-se uma separação entre a arte e 
as “artes aplicadas”, ou seja, os artistas se desconectam da produção de objetos 
de uso diário e se concentram apenas nas chamadas belas artes, como pinturas, 
esculturas, entre outros elementos. O processo de produção em série faz com que 
se perca o controle no desenho e execução de produtos que até então eram feitos 
pelo trabalho do artesão. Essa mecanização acabou resultando em uma grande 
queda na qualidade e no acabamento desses utilitários.
A Exposição de 1851, já mencionada anteriormente, reuniu a produção 
industrial de diversos países do mundo, deixou clara a inferioridade na qualidade 
dos objetos europeus com relação ao resto do mundo e impulsionou a ampliação 
dessa discussão sobre as artes aplicadas.
John Ruskin, já na década de 1850, foi um dos primeiros críticos a 
mencionar a “falta de arte” nos produtos e também destacar a deplorável 
situação dos operários da indústria, influenciando uma geração de pensadores, 
como William Morris, que defendia o artesanato como alternativa aos produtos 
industrializados produzidos em massa, pregava o fim da distinção entre o artesão 
e o artista e a criação de uma arte acessível a todos.
44
UNIDADE 1 | TRANSFORMAÇÕES E INOVAÇÕES DOS SÉCULOS XVIII E XIX
3 O ARTS AND CRAFTS
O movimento Arts and Crafts se define a partir da atuação de William 
Morris (1834-1896) e seus parceiros, incluindo os arquitetos Philip Webb e 
Richard Shaw. Influenciado pelas ideias dos medievalistas Ruskin e Pugin, Morris 
defendia a ideia de que o arquiteto deveria atuar como um “mestre de ofício” 
em seus projetos, definindo tanto a edificação quanto seus detalhes interiores de 
decoração e mobiliário.
Os arquitetos influenciados pela visão social de Morris vão se voltar para a 
construção de residências para a classe média, enquanto a maioria dos arquitetos 
da época se concentrava nas grandes

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