Buscar

10º Semestre P Aulas Direito das Sucessões

Prévia do material em texto

10º SEMESTRE P
1º BIMESTRE
ETIMOLOGIA: Sucessão vem do latim “sucessio”, derivado de “succedere”, que significa troca entre titulares (Salomão de Araújp Cateb).
CONCEITO: Para Clóvis Bevilaqua, direito das sucessões é o conjunto de normas que disciplinam a transferência do patrimônio de alguém depois de sua morte ao herdeiro, em virtude de lei ou de testamento.
TERMINOLOGIAS:
- “De cujus”: é o autor da herança, aquele cuja sucessão se encontra aberta em razão de seu óbito;
- Herança ou acervo hereditário: é um patrimônio, um conjunto de direitos e obrigações do falecido, que se transmitem aos herdeiros legítimos ou testamentários;
- Herdeiro: sucessor legítimo (art. 1829 do CC); legitimado ou necessário (art. 1845 do CC); testamentária;
- Sucessão inter vivos: transferência de bens entre pessoas vivas;
- Sucessão causa mortis: transferência de bens em decorrência da morte de uma pessoa a outras pessoas vivas;
- Sucessão ab intestato: sem testamento;
- Inventário: processo para levantamento e apuração de bens pertencentes ao falecido que visa a realização do ativo e o pagamento do passivo a fim de repartir o patrimônio do “de cujus” entre seus herdeiros (Arnoldo Wald);
	Judicial: artigos 610 e 667 do NCPC e artigos 1991 a 2027 do CC – se tiver testamento, menores de 18 anos, maiores de 18 incapazes, briga, divergência, obrigatório o inventário judicial;
	Extrajudicial: Lei 11.441/2007 – maiores de 18 anos, sem incapacidades, sem brigas e sem divergências.
- Inventariante: é a pessoa designada pelo Juiz para administrar ativa e passivamente a herança em Juízo.
- Espólio: é a soma dos bens deixados pelo falecido. Acerva hereditário administrado e representado, ativa e passivamente, pelo inventariante, até a partilha entre os herdeiros e legatários;
- Legatário: é o titular de um legado;
- Legado: é uma disposição testamentária a título singular pelo qual o testador deixa a pessoa estranha ou não a sucessão legítima, um ou mais objetos individualizados ou uma certa quantia em dinheiro.
CONTEÚDO DO DIREITO SUCESSÓRIO:
- Sucessão em geral: artigos 1784 a 1828 do CC;
- Sucessão legítima: artigos 1829 a 1856 do CC;
- Sucessão testamentária: artigos 1856 a 1990 do CC;
- Inventário e partilha: artigos 1991 a 2027 do CC e artigos 610 a 667 do CPC.
ESPÉCIES DE SUCESSÕES:
- Quanto à forma de que deriva (art. 1786 do CC):
Sucessão testamentária – artigos 1789, 1801, 1845, 1846 e 1850 do CC;
Sucessão legítima ou ab intestado – artigos 1786, 1788 e 1829 do CC.
- Quanto aos efeitos:
Sucessão a título universal;
Sucessão a título singular.
Características da Sucessão em geral:
- Abertura da sucessão (droit de saisine): artigo 1784 do CC;
- Pressuposto: morte do “de cujus” devidamente comprovada; herdeiros legítimos e testamentários (aquisição imediata da propriedade e da posse);
- Só se abre a sucessão se o herdeiro sobreviver ao “de cujus”.
TRANSMISSÃO DA HERANÇA
- Momento da transmissão: dia e hora da morte; 
- Lugar da abertura do inventário (art. 1785);
- Inventariante (art. 617 do CPC);
- A herança é indivisível até sua partilha;
- Capacidade para suceder (artigo 1787 do CC);
- Pressupostos:
a. Morte do autor da herança; b. Sobrevivência de um sucessor; c. Herdeiro somente da espécie humana; d. Título jurídico do direito de herdeiro.
EXCLUSÃO DO HERDEIRO POR INDIGNIDADE
- Indignidade: pena civil aplicável somente ao herdeiro.
- Causas da indignidade (art. 1814 do CC): o herdeiro tem que ter sido condenado por sentença transitada em julgado. Vai cair da PROVA.
- Declaração jurídica da indignidade (art. 1815 do CC): a declaração de indignidade tem que ser judicial;
- Prazo para demandar a exclusão do herdeiro (art. 1815, §único): 04 anos, contados da abertura da sucessão;
- Efeitos da indignidade (arts. 1816 e 1817 do CC):
	Os efeitos da exclusão são pessoais;
	O excluído perde o direito ao usufruto ou administração dos bens que a seus sucessores (do excluído) couberem na herança, bem como a sucessão desses bens.
	O excluído da sucessão deve restituir os frutos e rendimentos que houver recebido, mas tem direito de ser indenizado das despesas que efetuou para conservação desses bens.
- Reabilitação do indigno (art. 1818 do CC).
- Incapacidade sucessória: impede que nasça o direito à sucessão;
- Incapaz: nunca foi herdeiro, nada transmitindo a seus sucessores;
DESERDAÇÃO: ato de exclusão de herdeiro por vontade do testador, atingindo herdeiros necessários – artigo 1845 do CC. Facultativo = testamentário. Art. 1961, 1962, 1964 do CC. O filho pode deserdar o pai (vide artigo 1962 do CC).
ACEITAÇÃO DA HERANÇA
É uma confirmação (ato jurídico unilateral) por meio do qual o herdeiro revela sua intenção de receber a herança.
Espécies:
Expressa: art. 1805, 1º parte CC.
Tácita: art. 1805 § 1º e 2º CC.
Art. 1.805. A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração escrita; quando tácita, há de resultar tão-somente de atos próprios da qualidade de herdeiro.
§ 1o Não exprimem aceitação de herança os atos oficiosos, como o funeral do finado, os meramente conservatórios, ou os de administração e guarda provisória.
§ 2o Não importa igualmente aceitação a cessão gratuita, pura e simples, da herança, aos demais co-herdeiros.
Presumida: art. 1807 CC – quem cala presume-se que aceitou.
Art. 1.807. O interessado em que o herdeiro declare se aceita, ou não, a herança, poderá, vinte dias após aberta a sucessão, requerer ao juiz prazo razoável, não maior de trinta dias, para, nele, se pronunciar o herdeiro, sob pena de se haver a herança por aceita.
Direta advinda do próprio herdeiro: eu realmente quero, não precisa ser presumida através de uma notificação.
Indireta: arts. 1809, 1748 inciso II e 1813 § 1º e 2º CC – é a partir da data de conhecimento do fato, é não do óbito como ocorre pelo principio da Saisine.
Art. 1.809. Falecendo o herdeiro antes de declarar se aceita a herança, o poder de aceitar passa-lhe aos herdeiros, a menos que se trate de vocação adstrita a uma condição suspensiva, ainda não verificada.
Parágrafo único. Os chamados à sucessão do herdeiro falecido antes da aceitação, desde que concordem em receber a segunda herança, poderão aceitar ou renunciar a primeira.
Conteúdo: art. 1808 § 1º e 2º CC.
Irretratabilidade: art. 1812 e 1813 CC.
Art. 1.812. São irrevogáveis os atos de aceitação ou de renúncia da herança.
Art. 1.813. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à herança, poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do renunciante.
§ 1o A habilitação dos credores se fará no prazo de trinta dias seguintes ao conhecimento do fato.
§ 2o Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao remanescente, que será devolvido aos demais herdeiros.
Anulação e revogação: se o aceitando não é herdeiro. Se a pessoa era herdeiro e aceitou a herança, e depois viu-se que ele de fato não era, revoga a herança.
RENUNCIA DA HERANÇA
É a declaração expressa através de ato jurídico unilateral, pelo qual o herdeiro declara que não aceita a herança.
Requisitos:
Capacidade jurídica, à partir de 16 anos a pessoa é tida como relativamente capaz, podendo inclusive elaborar testamento.
Forma rescrita em lei – art. 1806 CC.
Inadmissibilidade de condição ou termo – art. 1808 CC.
Não realização de ato equivalente ao aceite.
Objeto lícito – art. 1813, § 1º e 2º CC.
RENÚNCIA TRANSLATIVA OU IN FAVOREM
É em favor de terceiro, nominado e indicado na escritura pública ou no termo judicial, que é cessão de direitos hereditários, forma negocial por ser uma doação ou cessão de herança, que se segue à aceitação da herança, incidirá na tributação inter vivos e causa mortis.
RENÚNCIA ABDICATIVA
É a cessão gratuita, pura e simples, feita indistintamente a todos coerdeiros (art. 1805, § 2º, CC), o único imposto a ser pago pelos beneficiários é o causa mortis.
PETIÇÃO DE HERANÇA (arts. 1824 a 1828, CC)
O herdeiro poderá dentro do prazo prescricional de 10 anos (v. art.225, CC), contado da abertura da sucessão ingressar com a petição de herança. É para demandar o conhecimento.
Segundo Clóvis Beviláqua é uma ação real e universal, tendo por fim fazer reconhecida a qualidade de herdeiro alegada pelo autor e entregar-lhe os bens da herança no todo ou em parte com todos os seus acessórios em rendimentos desde a morte do de cujus (ex vi art. 1874, princípio da saisine).
Art. 1.824. O herdeiro pode, em ação de petição de herança, demandar o reconhecimento de seu direito sucessório, para obter a restituição da herança, ou de parte dela, contra quem, na qualidade de herdeiro, ou mesmo sem título, a possua.
Art. 1.825. A ação de petição de herança, ainda que exercida por um só dos herdeiros, poderá compreender todos os bens hereditários.
Art. 1.826. O possuidor da herança está obrigado à restituição dos bens do acervo, fixando-se-lhe a responsabilidade segundo a sua posse, observado o disposto nos arts. 1.214 a 1.222.
Parágrafo único. A partir da citação, a responsabilidade do possuidor se há de aferir pelas regras concernentes à posse de má-fé e à mora.
Art. 1.827. O herdeiro pode demandar os bens da herança, mesmo em poder de terceiros, sem prejuízo da responsabilidade do possuidor originário pelo valor dos bens alienados.
Parágrafo único. São eficazes as alienações feitas, a título oneroso, pelo herdeiro aparente a terceiro de boa-fé.
Art. 1.828. O herdeiro aparente, que de boa-fé houver pago um legado, não está obrigado a prestar o equivalente ao verdadeiro sucessor, ressalvado a este o direito de proceder contra quem o recebeu.
EFEITOS DA RENÚNCIA 
Arts. 1804, parágrafo único; 1810; 1811; 1947; 1943; 1808, parágrafo 1º.
O renunciante não perde o direito a administração e usufruto dos bens que, pelo seu repúdio, foram transmitidos a seus filhos menores. Se tratando de herdeiro indigno, ele não poderá usufruir sobre aquele bem.
ANTECIPAÇÃODA LEGÍTIMA
Quando ainda em vida, o de cujus antecipa a herança para algum ente. Neste caso, após o óbito, os filhos, por exemplo, podem descontar do valor total da herança aquilo que foi antecipado para um irmão. Caso eles concordem em não descontar tal antecipação, devem todos os herdeiros, sem exceção, assinar um documento atestando que estão cientes, tanto eles quanto seus cônjuges, se tiverem, vez que posteriormente, os cônjuges podem requerer este desconto da legítima em nome de seus filhos, caso tenham. Ademais, sem assinar tal documento, os herdeiros tem um prazo de 4 anos para postular o desconto da herança.
IRRETRATABILIDADE (art. 1812, CC) – Uma vez que renunciou, acabou o direito à herança.
HERANÇA JACENTE
Quando não houver herdeiro legítimo ou testamentário, notoriamente conhecido. É uma espécie de ente despersonalizado constituindo-se numa massa de bens, arrecadada pelo Estado sob guarda e administração de um curador.
O juiz nomeia um curador até que apareça algum herdeiro legítimo.
Obs.: segundo DINIZ, a jacência é um estado transitório que perdura até o momento da entrega da herança aos herdeiros que comprovarem sua condição, ou da declaração judicial da vacância.
Condições (art. 1819, CC): 
Art. 1.819. Falecendo alguém sem deixar testamento nem herdeiro legítimo notoriamente conhecido, os bens da herança, depois de arrecadados, ficarão sob a guarda e administração de um curador, até a sua entrega ao sucessor devidamente habilitado ou à declaração de sua vacância.
Arrecadação (arts. 738 a 741, CPC): 
Art. 738.  Nos casos em que a lei considere jacente a herança, o juiz em cuja comarca tiver domicílio o falecido procederá imediatamente à arrecadação dos respectivos bens.
Art. 739.  A herança jacente ficará sob a guarda, a conservação e a administração de um curador até a respectiva entrega ao sucessor legalmente habilitado ou até a declaração de vacância.
§ 1o Incumbe ao curador:
I - representar a herança em juízo ou fora dele, com intervenção do Ministério Público;
II - ter em boa guarda e conservação os bens arrecadados e promover a arrecadação de outros porventura existentes;
III - executar as medidas conservatórias dos direitos da herança;
IV - apresentar mensalmente ao juiz balancete da receita e da despesa;
V - prestar contas ao final de sua gestão.
§ 2o Aplica-se ao curador o disposto nos arts. 159 a 161.
Art. 740.  O juiz ordenará que o oficial de justiça, acompanhado do escrivão ou do chefe de secretaria e do curador, arrole os bens e descreva-os em auto circunstanciado.
§ 1o Não podendo comparecer ao local, o juiz requisitará à autoridade policial que proceda à arrecadação e ao arrolamento dos bens, com 2 (duas) testemunhas, que assistirão às diligências.
§ 2o Não estando ainda nomeado o curador, o juiz designará depositário e lhe entregará os bens, mediante simples termo nos autos, depois de compromissado.
§ 3o Durante a arrecadação, o juiz ou a autoridade policial inquirirá os moradores da casa e da vizinhança sobre a qualificação do falecido, o paradeiro de seus sucessores e a existência de outros bens, lavrando-se de tudo auto de inquirição e informação.
§ 4o O juiz examinará reservadamente os papéis, as cartas missivas e os livros domésticos e, verificando que não apresentam interesse, mandará empacotá-los e lacrá-los para serem assim entregues aos sucessores do falecido ou queimados quando os bens forem declarados vacantes.
§ 5o Se constar ao juiz a existência de bens em outra comarca, mandará expedir carta precatória a fim de serem arrecadados.
§ 6o Não se fará a arrecadação, ou essa será suspensa, quando, iniciada, apresentarem-se para reclamar os bens o cônjuge ou companheiro, o herdeiro ou o testamenteiro notoriamente reconhecido e não houver oposição motivada do curador, de qualquer interessado, do Ministério Público ou do representante da Fazenda Pública.
Art. 741.  Ultimada a arrecadação, o juiz mandará expedir edital, que será publicado na rede mundial de computadores, no sítio do tribunal a que estiver vinculado o juízo e na plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça, onde permanecerá por 3 (três) meses, ou, não havendo sítio, no órgão oficial e na imprensa da comarca, por 3 (três) vezes com intervalos de 1 (um) mês, para que os sucessores do falecido venham a habilitar-se no prazo de 6 (seis) meses contado da primeira publicação.
§ 1o Verificada a existência de sucessor ou de testamenteiro em lugar certo, far-se-á a sua citação, sem prejuízo do edital.
§ 2o Quando o falecido for estrangeiro, será também comunicado o fato à autoridade consular.
§ 3o Julgada a habilitação do herdeiro, reconhecida a qualidade do testamenteiro ou provada a identidade do cônjuge ou companheiro, a arrecadação converter-se-á em inventário.
§ 4o Os credores da herança poderão habilitar-se como nos inventários ou propor a ação de cobrança.
Declaração judicial de que esta vaga a herança
Motivos (arts. 1823, CC; art. 1820 e 743, parágrafo 1º, CPC): 
Art. 1.823. Quando todos os chamados a suceder renunciarem à herança, será esta desde logo declarada vacante.
Efeitos 
Arts. 1822, parágrafo único, CC; art. 789, CPC; art. 743, parágrafo 2, CPC; Decreto-Lei 8.207/45, art. 3, parágrafo único – Ensino universitário; art. 63, CC – Fundação: pode ser utilizado este dinheiro da herança para construir uma universidade ou então uma fundação sem fins lucrativos. 
SUCESSÃO LEGÍTIMA
É aquela que decorre da lei, nas seguintes hipóteses: - quando o “de cujus” falece ab intestato (sem testamento); - quando o testamento caducou (prazo) ou é ineficaz (ex. disposição de mais de 50% dos bens); - quando houver herdeiro necessário; - quando não respeitada a cota disponível (50%).
Ordem de vocação hereditária: Art. 1829 do CC.
Sucessão dos descendentes: 
Artigos 1829, I, 1833 a 1835, 1830, 1832, 1790, I e II, Código Civil, e art. 227, §6º da CRFB.
Enunciado 266 CJF da III Jornada de Direito Civil: “Refere-se à aplicação do inciso I do artigo 1790, também na hipótese de concorrência do companheiro sobrevivente com outros descendentes comuns,e não apenas na concorrência com filhos comuns”. 
Enunciado 270: “O artigo 1829, I, só assegura ao cônjuge sobrevivente o direito de concorrência com os descendentes do autor da herança quando casados no regime da separação convencional de bens ou, se casados nos regimes da comunhão parcial ou participação final nos aquestros, o falecido possuísse bens particulares, hipóteses em que a concorrência se restringe a tais bens, devendo os bens comuns (meação) ser partilhados exclusivamente entre os descendentes”.
Sucessão dos ascendentes:
Artigos 1836, §§1º e 2º, 1837, 1790, III, do CC.
Sucessão do cônjuge sobrevivente ou supérstite:
Art. 1829, I, II, III, 1830 a 1832, 1836, 1837, do CC.
Companheiro sobrevivente: Lei 9278/96; artigo 7º, § único, art. 1790, I a IV, do CC.
Sucessão dos colaterais (sobe ao comum e sempre a partir do 2º grau, irmãos);
Art. 1790, III; art. 1829, IV; art. 1839; arts. 1842 e 1843 do CC.
Sucessão do Município, Distrito Federal ou União:
Art. 1844 do CC.
Declaração de vacância.
Herança jacente.
DIREITO DE REPRESENTAÇÃO
Arts. 1851 a 1856 do CC.
Segundo Washington de Barros Monteiro este direito consiste na convocação legal para suceder em lugar de outro herdeiro, parente mais próximo do finado, mas anteriormente pré-morto, ausente ou incapaz de suceder no instante em que se abre a sucessão.
Requisitos: 
Arts. 1816 e 1852 do CC;
Não pode haver solução de continuidade de grau entre representante e sucedido.
SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
É aquela em que a transmissão hereditária se opera por ato de última vontade, revestido da solenidade exigida por lei, prevalecendo as disposições normativas naquilo eu for “ius cogens”, bem como no que for omisso o testamento. Sendo que a sucessão legítima pode coexistir com a sucessão testamentária (Diniz).
Normas:
Lei vigente no momento da elaboração;
Lei que vigora ao tempo da abertura da sucessão (artigos 1787, 1897 a 1911 do CC).
TESTAMENTO
Ato personalíssimo, unilateral, gratuito, solene e revogável pelo qual alguém, segundo norma jurídica, dispõe do todo ou em parte de seu patrimônio para depois de sua morte ou determina providências de caráter pessoal ou familiar.
Características:
Unilateralidade (não existe testamento conjuntivo);
Gratuidade;
Solenidade;
Revogabilidade;
Produção e efeito “causa mortis” (não existe herança de pessoa viva).
CAPACIDADE TESTAMENTÁRIA
Artigos 1860 e 1861 do CC.
É a capacidade para testar;
Cai muito na OAB o artigo 1860 do CC: capacidade para testar a partir de 16 anos.
DESERDAÇÃO (art. 1961 ao 1965 do CC).
É o ato pelo qual o testador exclui da sucessão, mediante expressa declaração da causa, herdeiro necessário, privando-o de sua legítima (Eduardo de Oliveira Leite).
Requisitos:
Existência de testamento válido com expressa declaração do motivo;
Existência de herdeiros necessários;
Comprovação da veracidade do motivo alegado pelo testador.
Efeitos:
A pena da deserdação não passa da pessoa do deserdado, logo, seus dependentes lhe sucedem como se morto fosse;
Não provado o motivo invocado pelo testador, o testamento produzirá todos os demais efeitos em tudo o que não prejudicar a legítima do herdeiro necessário.
Revogação:
O testador só poderá perdoar o deserdado por meio da revogação testamentária porque essa pena é imposta por testamento.
Grupo: Problema e solução sobre deserdação
- Quando o testador deseja afastar de sua sucessão herdeiros necessários, ele o faz por meio do instituto da deserdação. A deserdação encontra-se regulada nos artigos 1961 a 1965 do Código Civil. Por exemplo, um filho tenta retirar a vida de seu pai. O pai, por sua vez, vale-se do instituto da deserdação, expressando por testamento sua vontade de excluir este filho como herdeiro, expressando o motivo que, no caso, foi a tentativa de homicídio, com base no artigo 1814, I, do CC. Após a elaboração do testamento, o pai deve ajuizar ação para validar a deserdação.
2º BIMESTRE
FORMAS ORDINÁRIAS DE TESTAMENTO
Arts. 1862 a 1880 do CC.
TESTAMENTO PÚBLICO
Escrito manualmente ou mecanicamente por tabelião ou seu substituto legal em livro de notas de acordo com a declaração de vontade do testador manifestada verbalmente em língua nacional perante o mesmo oficial e na presença de 02 testemunhas idôneas e desimpedidas (arts. 1864 a 1867 do CC e art. 736 do NCPC).
TESTAMENTO PARTICULAR
Escrito e assinado pelo próprio testador, devendo ser lido em voz alta perante 03 testemunhas idôneas, que também o assinem (arts. 1876 a 1800 do CC e art. 737 do NCPC).
TESTAMENTO CERRADO, SECRETO OU MÍSTICO
Escrito com caráter sigiloso, feito e assinado pelo testador ou por alguém a seu rogo, completado por instrumento de aprovação, lavrado pelo tabelião em presença de 02 testemunha (arts. 1868, 1875 e art. 735 do NCPC);
FORMAS ESPECIAIS DE TESTAMENTO
Arts. 1886 a 1896 do CC.
São denominados especiais porque somente autorizados às pessoas que se encontram em situações excepcionais.
TESTAMENTO MARÍTIMO (arts. 1888 a 1892 do CC e art. 737 do NCPC);
TESTAMENTO AERONÁUTICO (arts. 1888 a 1892 do CC);
TESTAMENTO MILITAR (arts. 1893 a 1896 do CC)
Formas de testamento militar:
Art. 1893, §§ 1º, 2º e 3º, do CC - Correspondem ao testamento público;
Art. 1894 e § único do CC - Semelhante ao testamento particular ou cerrado;
Art. 1896 e § único do CC + Arts. 735 e 737 do CPC – Testamento nuncupativo.
Obs. Caducidade do testamento militar (art. 1895 do CC).
DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS
Art. 1897 a 1911 do CC.
- O testamento contém disposições patrimoniais e pessoais (esse direito pessoal é limitado – não se pode, por exemplo, deixar herança para a amante, nem dispor de mais de 50% em havendo herdeiros necessários);
- Só podem beneficiar pessoas naturais ou jurídicas;
- A instituição do herdeiro pode ser expressa ou tácita (arts. 1788, 1906, 1908, 1966);
- A instituição do legatário é sempre expressa;
- Formas de nomear herdeiro legatário (art. 1897 do CC);
	a. Pura e simples (art. 1923, §1º do CC);
	b. Condicional (arts. 121 a 126 e 130 do CC);
	c. Modal ou com encargo (arts. 136 e 562 do CC);
	d. Por certo motivo (art. 140 do CC);
	e. Nomeação a termo de herdeiro nas disposições fideicomissárias (art. 1898 do CC);
f. nomeação do legatário nas disposições fideicomissárias ou não (arts. 1924 e 1928 do CC).
- Cláusula de inalienabilidade (arts. 1911, §único e 1408 do CC);
- Cláusulas que podem ser instituídas relativamente à legítima do herdeiro necessário – cônjuge, descendente e ascendente (art. 1848 do CC);
- Exclusão dos colaterais (art. 1850 do CC);
- Pluralidade de herdeiros (arts.1904 a 1908 do CC).
SUCESSÕES 
SUBSTITUIÇÕES DOS ARTIGOS 1947 A 1960 DO CÓDIGO CIVIL
Conceito: Disposição testamentária na qual o testador chama uma pessoa para receber, no todo ou em parte, a herança ou legado na falta ou após o herdeiro ou legatário nomeado em primeiro lugar, ou seja, quando a vocação deste ou daquele cessar por qualquer causa (Diniz).
Espécies:
Vulgar (art. 1947 e 1949 do CC): consiste na indicação da pessoa que deve ocupar o lugar do herdeiro ou legatário que não pode aceitar a liberalidade. Pode ser:
- Singular: se houver um só substituto ao herdeiro ou legatário instituído;
- Plural: se são vários os substitutos convocados simultaneamente.
Recíproca (art. 1947 e 1950 do CC): caracteriza-se quando o testador, ao instituir uma pluralidade de herdeiros ou legatários, os declara substitutos uns dos outros;
Fideicomissário (arts. 1951 a 1960 do CC): consiste na instituição, pelo fideicomitente, de herdeiro ou legatário, designado fiduciário, com a obrigação de, por sua morte, a certo tempo ou sob condução preestabelecida transmitir a uma outra pessoa, chamada fideicomissária, a herança ou o legado.
Características do fideicomissário:
- Dupla vocação: o testador institui dois sucessores consecutivos (o fiduciário e fideicomissário);
- Obrigação de conservar e restituir os bens;
- Ordem sucessiva (execução da obrigação deferida ao tempo damorte do fiduciário): 
Direitos e deveres do fiduciário:
- Usufruir da propriedade resolúvel (art.1953 do CC);
- Transmitir a propriedade fiduciária a seus sucessores;
- Usufruir a propriedade plena no caso do fideicomissário não assumir a propriedade do bem fideicometido;
- Receber indenização pelas benfeitorias necessárias e úteis (art. 1219 do CC);
- Proceder ao inventário dos bens gravados e prestar caução (garantia) de restitui-los se o exigir o fideicomissário (art. 1953, § único, CC).
Direitos e obrigações do fideicomissário:
- Receber a liberalidade que adveio ao fiduciário por direito de acrescer (art. 1956 do CC);
- Renunciar ou aceitar a herança ou legado (art. 1955 e 1956 do CC);
- Receber os bens, extinto fideicomíssio, estes ficam livres de quaisquer bônus, salvo a exceção do art. 1957 do CC;
- Responder pelos encargos da herança se o fiduciário não puder satisfazê-lo;
- Indenizar o fiduciário pelas benfeitorias necessárias e úteis (art. 1219 do CC);
LIQUIDAÇÃO DA HERANÇA
INVENTÁRIO: É o processo judicial ou extrajudicial de levantamento e apuração dos bens pertencentes ao falecido, que visa à realização do ativo e o pagamento do passivo, a fim de repartir o patrimônio do “de cujus” entre seus herdeiros. (Haroldo Wald).
A Lei nº 11.441/2007 aborda o inventário, a partilha, a separação e o divórcio consensual pela via administrativa.
Inventário Judicial: 
- Abertura: vide artigos 1785, 1796 (o que prevalece é o prazo processual de 60 dias);
- Nomeação do inventariante (art. 617 do CPC): em regra, é o cônjuge sobrevivente, mas poderá ser nomeado alguém de confiança do juiz;
- Funções do inventariante: prestar todos os esclarecimentos solicitados pelo juiz;
- Responsabilidade (arts. 622 a 625 do CPC);
- Administrador provisório (art. 1797, CC; arts. 613 e 614 do CC);
- Termo de inventariança;
- Situação dos interessados (arts. 612, 626 e 627 do CPC);
- Avaliação dos bens inventariados (arts. 630, 638 e 873 do CPC);
- Declarações finais do inventariante (arts. 1626 do CC; arts. 621 e 636 do CPC);
- Liquidação dos impostos (arts. 637 e 638 do CPC);
- Pagamento das dívidas (art. 1997, 1847, 1792, 1998 a 2001, 836 do CC; arts. 642, 643, 645, 651, 668, 618, 619, 797 do CPC);
Arrolamento (arts. 659 a 667 do CPC): é um processo de inventário simplificado, caracterizado pela redução de atos formais ou solenidades. Ocorre quando aos herdeiros maiores e capazes convier fazer partilha amigável dos bens do espólio, que será de plano homologada pelo juiz, mediante prova da quitação dos tributos relativos a eles e as suas rendas, ou quando o valor dos bens do espólio for inferior a 2.000 OTN´s (hoje, TR´s).
Inventário negativo: Segundo Itabaiana de Oliveira, é o modo judicial de se provar, para determinado fim, a inexistência de bens do extinto casal. É admissível a forma extrajudicial (art. 28 da Resolução 35/2007 do CNJ, que disciplina a Lei 11441/2007, sobre serviços notariais e de registro).
Sonegados (arts. 1992 a 1996 do CC): Carlos Maximiliano conceitua como “é tudo aquilo que deveria entrar na partilha, porém foi ciente e conscientemente omitido na descrição dos bens pelo inventariante, não restituído pelo mesmo ou por seus sucessores universais, ou doado a herdeiro e não trazido à colação (art. 2002 a 2012 do CC). Colacionar é conferir os bens e valores recebidos antes da abertura da sucessão, de forma a garantir a igualdade legítima, pelo beneficiado com liberalidade”.
Hipóteses:
- Não descrição dos bens no inventário;
- Não restituição das coisas ou valores pelo inventariante ou herdeiro;
- Ocultação de crédito e aquisições;
- Não descrição dos bens que se acham em poder do outro cônjuge;
- Não indicação dos bens doados quando da colação;
- Simulação de dívida do herdeiro para com o espólio;
Punições:
- Remoção do cargo de inventariante;
- Perda dos direitos sobre os bens sonegados;
- A pena aos sonegadores não se decreta “ex officio”, deve ser provocada pelos interessados (herdeiros ou credores), mediante ação ordinária.
Restituição dos bens sonegados:
- Serão devolvidos ao espólio, se existirem, o sonegador pagará o valor dos bens sonegados mais as perdas e danos, se não mais existirem;
COLAÇÃO
Bens sujeitos à colação (art. 2002 a 2012 do CC):
- Doações e dotes constituídos pelos ascendentes;
- Venda de bens ou doações feitas por interposta pessoa (ex.: o pai transfere a uma terceira pessoa que posteriormente transfere ao filho);
- Outros recursos fornecidos pelo ascendente em favorecimento do descendente (uma bolsa de estudos, dinheiro, carro).
Dispensa da colação (2005, 2010 e 2011 do CC).
PARTILHA (arts. 2013 a 2027 do CC):
 É o ato pelo qual o partidor procede à divisão de um patrimônio entre os interessados em inventário causa mortis a ser homologado judicialmente ou extrajudicialmente. 
Espécies:
- Amigável (art. 2015 do CC; arts, 610, 657 e 659 do CPC): para a partilha ser amigável, o inventário tem que ser amigável (consensual) – vide os requisitos;
- Judicial;
- Em vida (art. 2014 e 2018 do CC).
Nulidade da partilha (art. 2027 e parágrafo único do CC; arts. 656 a 658 do CPC).
Art. 2027 – a partilha pode ser anulada pelos mesmos defeitos que anulam os negócios jurídicos em geral (erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão – vícios de consentimento, ou por simulação e fraude contra credores – vícios sociais).
SOBREPARTILHA
É uma nova partilha de bens que, por razões de fato ou de direito, não puderam ser divididos entre os titulares do direito hereditário.
Objeto: arts. 2021 e 2022 do CC; art. 669 do CPC.

Continue navegando