Buscar

fichamento Livro A Construção do Brasil de Jorge Couto p. 123 a 299

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Pró Reitoria Acadêmica 
Licenciatura em História 
 
 
 
 
 
História do Brasil I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Recife, 2018 
 
 
 
 
Centro de Teologia e Ciências Humanas 
Licenciatura em História 
 
 
 
 
 
 
História do Brasil I 
 
 
 
 
Trabalho apresentado ao Prof. Dr. Tiago da Silva 
Cesar como requisito parcial de avaliação do 1º 
GQ por Clara Maria Luna Varjão Schettini. 
 
 
 
 
 
 
Recife, 2018 
 
 
Fichamento Comentado 
 
COUTO, Jorge. A construção do Brasil: ameríndios, portugueses e africanos, do início do 
povoamento a finais de Quinhentos. 3ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011, p. 123-299. 
 
• “Essa rivalidade [luso-castelhana] - (...) - encontra-se na origem do complexo processo 
que conduziu, num primeiro momento, à divisão do Mar Oceano entre dois reinos 
(Tratado de Tordesilhas, 1494),” (COUTO, 2011, p.123) 
Comentário: Antes do Tratado de Tordesilhas o tratado em vigor era o de Alcáçovas, onde os 
reis de Portugal e Castela-Aragão se comprometiam a interditar o comercio ou corso na área de 
domínio do seu vizinho. Este contrato continha aspectos totalmente inovadores, como objeto 
de negociação de áreas ainda desconhecidas. 
• D. Afonso V (...) [em] 6 de abril de 1480, [concede] poderes ao príncipe D. João (...) de 
apresar todas as embarcações armadas por castelhanos, aragoneses ou qualquer outro 
estrangeiro que violasse a linha de demarcação e de lançar as respectivas tripulações ao 
mar.” (COUTO, 2011, p.124) 
Comentário: A conclusão desse tratado coincidiu com o reinado de D. João II que retomou a 
exploração da costa africana, nessa exploração se confirmou a ligação entre o Mar Oceano e o 
Índico fazendo com que o projeto joanino de alcançar a Índia pelo Atlântico Sul fosse mais 
viável deixando livre a exploração da rota pelo poente. 
• A descoberta da passagem de sudeste (...) tornava potencialmente mais atrativa a área a 
sul do paralelo das Canárias a que os soberanos daqueles reinos [Castela e Aragão] 
tinham renunciado. (...) era necessário reafirmar a validade do Tratado de Alcáçovas 
(...) foi à luz desses objetivos que o rei lusitano propôs em março de 1490, o casamento 
do seu herdeiro, o príncipe D. Afonso, com D. Isabel.” (COUTO, 2011, p.125-126) 
Comentário: D. João, internamente, investiu no aperfeiçoamento dos métodos de medição de 
latitudes e meridianas e traçar uma rota que contornasse ao largo a costa africana para evitar as 
dificuldades de navegação. 
• A 2 de janeiro de 1492 (...) Castela e Aragão receberam (...) as chaves da cidade de 
Granada, concluindo a conquista do derradeiro bastião mulçumano na Hispânia. (...) 
[dando condições a Isabel de Castela] conceder o prometido apoio de alcançar as Índias 
pela rota do Atlântico Ocidental, cuja a concretização Cristóvão Colombo 
insistentemente lhe requeria.” (COUTO, 2011, p.126) 
Comentário: Cristóvão Colombo, que estava em Portugal quando Bartolomeu Dias voltou de 
sua viagem que comprovava a ligação do atlântico com o índico, foi para o reino vizinho atrás 
de concretizar seu projeto de alcançar a Índia pelo poente. 
• (...) dispondo de uma favorável conjuntura internacional, (...) com Carlos VIII (1483-
1498), os Reis Católicos puderam então equacionar seriamente o apoio a um projeto 
que, (...) encontraria forte oposição por parte de Portugal, com sérias probabilidades de 
provocar confrontações que poderiam, inclusive, degenerar em guerra aberta.” 
(COUTO, 2011, p.126) 
Comentário: Conseguir estabelecer relações diretas com os países orientais trariam 
indiscutíveis vantagens políticas e diplomáticas para quem primeiro conseguisse fazer essa rota 
e os lucros comerciais minoravam as consequencias negativas. 
• “Da primeira viagem de Cristóvão Colombo (1492-1493) resultou a descoberta de 
algumas ilhas das Bahamas e das Antilhas (...) consideradas pelo navegador genovês 
como pertencentes a um grande arquipélago adjacente à Ásia.” (COUTO, 2011, p.127) 
Comentário: Essa descoberta desiquilibrou as relações na partilha de áreas de influência entre 
Portugal e Castela levando a uma séria atividade diplomática entre Portugal, Castela e Roma. 
Portugal começou a preparar uma armada com o objetivo de forçar os Reis Católicos a abrir 
uma negociação. 
• “(...) os Reis Católicos atuaram em duas frentes: em primeiro lugar, deliberaram 
impetrar à Santa Sé que explicitasse (...) o seu direito às terras ocidentais e, em segundo 
lugar, decidiram enviar outra expedição para tornar efetiva a sua posse, (...)” (COUTO, 
2011, p.129) 
Comentário: Sabendo que a falta de um tratado levaria a diversos conflitos, o rei português 
sugeriu a divisão do Atlântico entre os dois reinos, entretanto, o privilegiado relacionamento 
entre os Reis Católicos e um antigo cardeal, Rodrigo Borja, facilitou a obtenção de mais duas 
bulas papais favoráveis a suas pretensões. 
• No decurso das conversações mantidas (...), os negociadores castelhanos 
convenceram-se de que a insistência de D. João II (...) se destinava a garantir a 
inclusão na área portuguesa de terras (...) de cuja a existência suspeitaria – (...) os Reis 
Católicos informaram Colombo e solicitaram-lhe um parecer, na qualidade de pessoa 
que “mais do que qualquer outra” sabia daquele negócio, (...)” (COUTO, 2011, p.130) 
Comentário: As negociações continuaram, assim como a expedição de bulas papais, Castela 
se empenhou em descobrir o por que Portugal fazia questão dessa divisão do Mar Oceano. 
• “(...) eliminava o princípio da demarcação fixa de áreas de influência, substituindo-o 
pelo da prioridade na ocupação. Revogava, por conseguinte, o meridiano de 100 
léguas, (...)” (COUTO, 2011, p.131) 
Comentário: Assim todas as terras, inclusive as ilhas que ficavam no hemisfério sul em frente 
a costa africana, poderiam ser feitas domínio castelhano. 
• “(...) os Reis Católicos empenharam-se na formação de uma grande armada destinada 
a tomar posse das novas terras com maior urgência, recomendando inclusive a 
Colombo que “não se detivesse uma só hora”” (COUTO, 2011, p.131) 
Comentário: Os Reis Católicos estavam desconfiados do rei lusitano e temiam que ele 
chegasse primeiro a algum território ainda não conhecido e buscaram outros meios de 
pressionar Portugal a reconhecer o direito castelhano no Mar Oceano e desistir de tentar 
aumentar suas terras de influência. 
• “D. João II não ficou inativo em face as iniciativas diplomáticas e militares dos Reis 
Católicos, (...) tendo mandado fazer, de forma dissimulada, (...) grandes preparativos 
para a guerra.” (COUTO, 2011, p.132) 
Comentário: D. João soube articular em várias frentes para pressionar os Reis Católicos a 
fazerem um novo tratado, além de fortificar as fronteiras o príncipe perfeito negociou com um 
nobre francês se oferecendo para ajudá-lo na guerra com os mouros, dando a entender que 
eles apoiariam a presença francesa na região o que era uma ameaça para castelhano-
aragoneses. 
• “No último trimestre de 1493, Isabel e Fernando não pretendiam concluir nenhum 
acordo sem terem conhecimento dos resultados da segunda expedição colombina.” 
(COUTO, 2011, p.133) 
• “A evolução negativa do quadro internacional, (...) e a iminência de um novo conflito 
com a França (...), obrigou os soberanos de Castela e Aragão a retomar, (...), as 
negociações com o reino lusitano, (...)” (COUTO, 2011, p.133) 
• “(...) o rei de Portugal não só recusou o convite para integrar a Liga Santa contra a 
França (...), como concedeu tacitamente apoio às reinvindicações italianas de Carlos 
VIII, (...)” (COUTO, 2011, p.134) 
Comentário: D. João mostrou claramenteseu desagrado pelas políticas que vinham sendo feitas 
pelos Reis Católicos e pela Igreja que, através das bulas papais, tiraram o domínio lusitano no 
Atlântico Sul. 
• “O Príncipe Perfeito (...) propôs a Isabel e Fernando uma negociação direta entre as 
respectivas cortes, independentemente das concessões papais.” (COUTO, 2011, p.134) 
Comentário: Nessa negociação o principal objetivo era garantir o exclusivo acesso à rota do 
Cabo da Boa Esperança, pois, a essa altura, já se tinha as informações trazidas por Bartolomeu 
Dias, que confirmavam que existia uma ligação entre o Mar Oceano e o Índico. Eles tinham o 
conhecimento de uma rota e de pontos onde poderiam parar para reabastecer e descarregar a 
caravela para continuar a viagem. 
• “Os Reis Católicos encontraram-se em Medina del Campo, em abril de 1494, quando 
receberam Antônio Torres, a quem Colombo encarregara de lhes transmitir 
informações (...) o Almirante do Mar Oceano garantia que as ilhas encontradas (...) 
pertenciam ao “princípio do Oriente” (...)” (COUTO, 2011, p.135) 
Comentário: Após receber essa informação, vinda de Colombo, os soberanos de Castela e 
Aragão se tranquilizaram e tiveram quase certeza da não existência de terras na região entre as 
100 e 360 léguas, assim retomaram as negociações com Portugal. 
• “Nesse contexto, Isabel e Fernando, na última e conclusiva fase do processo negocial, 
procuraram fundamentalmente garantir a posse das terras ocidentais, na convicção de 
que eram asiáticas, enquanto D. João II pretendia assegurar o domínio do Atlântico 
Sul, que lhe proporcionaria o exclusivo do Caminho Marítimo para a Índia através do 
contorno da África pelo largo.” (COUTO, 2011, p.136) 
Comentário: Portugal aceitou a substituição pelo paralelo das canárias com a condição de seu 
afastamento ser de 370 léguas, eles diziam que esse era o espaço necessário para conseguir 
contornar a África fugindo das tormentas e dificuldades encontradas na costa africana, eles 
recusaram a proposta castelhana de 270 e 350 léguas. Os Reis Católicos colocaram mais 
exigências para aceitas o afastamento do paralelo, entre eles a garantia de D. Manuel ao trono, 
ganhos territoriais, poder pescar na costa africana e atividade de corso em um determinado 
território marítimo. 
• “(...) à partilha do Mar Oceano (...) substituição do princípio da prioridade no 
descobrimento pela das demarcações fixas, para que se optou por um meridiano 
situado 370 léguas a ocidente do arquipélago de Cabo Verde como linha de 
delimitação dos hemisférios ibéricos no Atlântico, (...) oriental para Portugal e 
ocidental para Castela;” (COUTO, 2011, p.137) 
Comentário: Com esse tratado Portugal fez com que houvesse um compromisso de não 
recorrerem ao papa para modificar o texto e assegurou passagem no seu hemisfério aos navios 
de Castela. Uma nota transitória também foi colocada, em que as terras encontradas entre 250 
e 370 léguas que fossem descobertas até a volta de Colombo de sua segunda viagem seriam 
integradas a Coroa de Castela. Mesmo depois de toda essa negociação ainda existiam 
divergências, e os Reis Católicos se aproveitaram da situação. 
• “Ao sustentar a candidatura de D. Manuel, os Reis Católicos visariam a colocar no 
trono de Portugal um primo coirmão da rainha Isabel que, (...), adotasse uma política 
mais favorável aos interesses castelhanos-aragoneses, (...)” (COUTO, 2011, p.138) 
Comentário: Assim Isabel e Fernando aproveitaram de sua posição privilegiada para, no seu 
ver, conseguir uma maior influência sobre o reino de Portugal e enfraquecer a força que o 
reinado do Príncipe Perfeito trouxe as terras lusitanas. Inclusive interviram para inviabilizar a 
legitimação do filho bastardo de D. João II e alegaram que haveria ameaças se D. Jorge 
assumisse o trono. Além disso, acreditavam que D. Manuel se sentiria devedor dos soberanos 
castelhano-aragoneses por terem intervindo para sua ascensão ao trono. 
• “Foi somente após D. João ter informado os enviados castelhanos de que não 
pretendia que o filho bastardo lhe sucedesse no trono e, provavelmente, também, 
depois de discutirem a realização do casamento da sua filha mais velha, D. Isabel, com 
D. Manuel que os Reis Católicos assinaram (...) os dois tratados com Portugal, 
assinados em Tordesilhas, (...)” (COUTO, 2011, p.139-140) 
Comentário: Depois de muita negociações e exigências de ambos os lados se conseguiu chegar 
a um acordo que ficou conhecido como Tratado de Tordesilhas, que dividia o mundo entre 
espanhóis e portugueses. 
• “Estes dados levaram muitos autores a defender que a atitude do rei foi motivada pela 
preocupação de reservar para Portugal os territórios situados no ocidente austral 
(Brasil) de que tinha conhecimento positivo.” (COUTO, 2011, p.141) 
Comentário: O fato de D. João II ter cedidos a tantas exigências, até a sua sucessão, fez com 
que muitos historiadores acreditassem que ele já tinha conhecimento das terras que conhecemos 
hoje como Brasil, ele defendeu o limite de 370 léguas e não menos, pois sabia que a 100 léguas 
não teria nada além de água. 
• “(...) um tão profundo conhecimento dos condicionalismos físicos da metade 
meridional do Mar Oceano não pode ter resultado apenas de duas viagens efetuadas 
em diferentes estações do ano e utilizando naus.” (COUTO, 2011, p.143) 
Comentário: O conhecimento de rotas tão precisas também colabora para a teoria de que as 
viagens exploratórias, que poderiam ter levado ao conhecimento das terras austrais, foram feitas 
nesse período. 
• “As viagens joaninas (...) visariam a encontrar a forma mais rápida e eficaz de escapar 
às calmarias equatoriais e de contornar a costa ocidental africana para evitar as 
dificuldades que a navegação costeira colocava na parte meridional do continente (...)” 
(COUTO, 2011, P.143) 
Comentário: A navegação na costa africana era bem turbulenta o que fez com que os capitães 
de navios, como Bartolomeu Dias, tentassem uma navegação mais afastada da costa buscando 
por uma rota mais tranquila e fácil de ser feita, essas experiências foram feitas por caravelas, 
que tinham a configuração física mais favoráveis a operações de reconhecimento e após o 
regresso de Bartolomeu Dias se tem registros uma significativa atividade de abastecimento de 
caravelas, alimentando as suspeitas de que outras expedições foram feitas para traçar essa rota 
segura. 
• “(...) (voo de aves, alterações na coloração das águas oceânicas, detritos vegetais, e, 
eventualmente, objetos) que levantaram fundadas suspeitas sobre a existência de terras 
austrais, (...)” (COUTO, 2011, p.144) 
Comentário: No decorrer das explorações para encontrar essa rota mais rápida e eficaz acredita-
se que foram muito próximo das terras austrais e que por isso encontraram vestígios das terras 
brasileiras. 
• “O meridiano de 100 léguas (...) assegurava (...) uma razoável área de manobra para a 
execução da rota ‘indireta’ em arco.” (COUTO, 2011, p.144) 
• “Os dados sobre a movimentações dos navios portugueses recolhidos pela espionagem 
dos Reis Católicos despertaram nestes as maiores desconfianças de que se destinariam 
às novas terras, (...)” (COUTO, 2011, p.145) 
Comentário: Esse conjunto de informações mostram que os reis Católicos tinham motivos para 
sua desconfiança em relação ao aumento de léguas no Tratado de Tordesilhas e que muito 
provavelmente a teoria de que D. João II tinha conhecimento de terras austrais sejam 
verdadeiras. 
• “Várias fontes – todas de origem castelhana – demonstram que D. João II “suspeitava 
da existência de ilhas e mesmo de um continente a sudoeste do Atlântico...” (COUTO, 
2011, p.146) 
• “Chega-se, pois, à conclusão de que ricas ilhas e o continente situar-se-iam no 
quadrante ocidentaldo Atlântico, sendo, no entretanto, interpretados como fazendo 
parte integrante do continente asiático.” (COUTO, 2011, p.148) 
Comentário: O fato de que o rei português suspeitava da existência de terras no sudoeste do 
Atlântico é bem difundida e alguns historiadores afirmam que não é somente uma suspeita, mas 
sim uma convicção. Entretanto, os Reis Católicos acreditavam que essas terras encontradas ou 
que se acreditava existir se tratavam de terras asiática. 
• “O fato de D. João II e D. Manuel I, contrariamente aos Reis Católicos, nunca terem 
tomado uma única iniciativa no sentido de dar cumprimento à cláusula referente à 
organização da viagem conjunta destinada a fixar o meridiano de demarcação, apesar 
da insistência castelhana, também estará relacionado com a posse de indícios sobre a 
existência de terras no hemisfério austral a ocidente da África.” (COUTO, 2011, 
p.150) 
Comentário: Portugal não tinha interesse de fazer essa expedição mista, inclusive era preferível 
que Castela continuasse achando que havia chegado a Ásia, evitando conflitos e deixando a rota 
para as Índias sobre domínio português, a mentalidade da época era chegar às terras orientais 
pelo caminho que ficava sob seu domínio primeiro. Essa foi a prioridade de Portugal. 
• “Em síntese, sem as concepções geopolíticas do Príncipe Perfeito, muito avançadas 
para o seu tempo, (...) Portugal não só teria enfrentado grandes dificuldades na 
estruturação e manutenção da Carreira da Índia como não teria tido qualquer presença 
no Novo Mundo.” (COUTO, 2011, p.152) 
Comentário: Essa visão de D. João II ajudou Portugal a se manter influente e mesmo depois de 
D. Manuel I assumir o reino ele decidiu continuar com os empreendimentos que visavam a rota 
para o oriente. 
• “Tinham, no entanto, a vantagem de possuir não só tonelagem mais elevada, o que 
possibilitava o transporte de guarnições militares, de passageiros e de maior 
quantidade de carga, (...)” (COUTO, 2011, p.153) 
Comentário: Esse trecho se refere as Naus que estavam sendo testadas para substituir as 
caravelas, elas eram mais lentas, entretanto, mais resistentes às intempéries que se enfrentava 
na costa africana, além de sua capacidade de carregamento maior. Vasco da Gama foi o primeiro 
a comandar uma expedição composta por naus que cruzou o Atlântico Sul. 
• “Estes elementos concorrem para comprovar cartograficamente a realização de “uma 
expedição lusa por essas paragens, anterior à Cabral, mas não antes de 1498, quando 
lá esteve Cristóvão Colombo”, coadunando-se perfeitamente com a viagem de 
exploração empreendida, nesse ano, por Duarte Pacheco, que teria reconhecido parte 
litoral setentrional sul-americano, incluindo, muito provavelmente, uma parcela do 
atual território brasileiro que viria a ser, (...), gradualmente incorporada na Coroa 
portuguesa,(...)” (COUTO, 2011, p.169) 
Comentário: 
• D. Manuel (...), o Venturoso apressou-se a escrever a Isabel e Fernando para 
comunicar-lhes o feliz sucesso da empresa, não esperando sequer pela chegada do 
comandante da expedição.” (COUTO, 2011, p.170) 
Comentário: Portugal queria garantir o seu monopólio de acesso à Índia. O que no começo 
parecia ser fácil e, com o passar do tempo, mostrou-se complicado pela existência de uma 
grande quantidade de comunidades mulçumanas que controlava o comercio na região. Ao 
receber essa notícia vinda de Portugal os Reis católicos perderam a confiança nos relatos de 
Cristovão Colombo, tirando dele a exclusividade na exploração ocidental, abrindo espaço para 
outros exploradores com objetivo de alcançar o Oriente. 
• “Por carta régia de 15 de fevereiro de 1500, o soberano nomeou para o cargo de 
comandante da frota Pedro Alvares de Gouveia (Cabral), (...) embora anteriormente 
tivesse escolhido Vasco da Gama para exercer aquela função. (...) [devido a] 
preocupações relacionadas com o estabelecimento de alianças com vários soberanos 
locais.” (COUTO, 2011, p.173) 
Comentário: Com o propósito de conseguir sucesso nas negociações no Oriente D. Manuel I 
mandou Cabral, que tinha experiencia na diplomacia. Os documentos encontrados estão 
incompletos, curiosamente, na parte que fala sobre a travessia do Atlântico Sul, onde 
provavelmente estaria as instruções sobre o descobrimento do Brasil. 
• “A 9 de março de 1500 zarpou de Belém a segunda armada da Índia, constituida po 13 
velas (...) capitaneadas por Cabral, (...). A esquadra transportava entre 1.200 e 1.500 
homens, (...). A 14 desse mês, (...) sem que tivesse ocorrido qualquer tempestade, 
desapareceu a nau de Vasco Ataíde, (...) Entre os dias 29 e 30, (...) iniciando a 
penetração na zona das calmarias equatoriais (...) a frota encontrou vento escasso, 
iniciando, então, de acordo com as recomendações do Gama, a volta pelo largo em busca 
do alísio de sueste, (...) por volta de 10 de abril, a rota terá sido corrigida para su-
sudoeste, passando a frota a cerca de 210 milhas a ocidente do arquipélago de Fernando 
de Noronha. (...) Por volta do dia 18, a armada encontrar-se-ia na altura da baía de Todos 
os Santos, (...). Na terça, 21, (...) os membros da tripulação encontraram alguns sinais 
de terra: Muita quantidade d’ervas compridas (...) o capitão-mor alterou 
deliberadamente o rumo para oeste em busca de terra. A 22 de abril toparam, pela 
manhã, “com aves (...) e, a horas de véspera (...), “tiveram vista de terra” (...) Após esse 
achamento, (...) ancoraram a cerca de meia légua (milha e meia) da foz do 
posteriormente rio de Frade. Foi, então, decidido enviar um batel à terra, (...) para 
estabelecer relações com os indígenas que se encontravam na praia.” (COUTO, 2011, 
p.176) 
Comentário: Depois disso eles encontraram um “porto seguro” onde pararam as naus e e 
reuniram os capitães onde decidiram devolver os nativos que tinham aprisionado e desembarcar 
o degredado que haviam trazido para desenvolver um relacionamento com os nativos. Trocaram 
objetos e no domingo de pascoa celebraram uma missa e após decidiram manda um navio para 
avisar o Rei sobre o achamento. Na carta enviada ao Rei, o mestre João Faras diz que para saber 
a localização das terras basta olha o mapa-múndi que eles tinham em Lisboa, a existência desse 
mapa antes de mil e quinhentos tem aumentado as especulações sobre o conhecimento anterior 
das terras austrais. 
• “O debate em torno da intencionalidade ou casualidade do descobrimento do Brasil pela 
segunda armada da Índia constitui um dos temas mais polêmicas da historiografia das 
explorações geográficas quatrocentistas.” (COUTO, 2011, p.181) 
Comentário: Vemos vários historiadores que estudaram e colocaram em xeque a casualidade 
do descobrimento do Brasil. Existem várias teorias que vão até da posição em que os barcos 
chegaram, o fato de não ter batido em corais e encontrado facilmente um porto seguro até o 
termo usado “achamento” que pode ser interpretado como ação ou pratica de quem está 
procurando, comprovando que encontrou o que procurava. Além disso, não se acredita que 
Cabral, de sua própria vontade, resolveu colocar toda a tripulação em risco retardando a viagem 
em dez dias e reduzindo o número de naus que prosseguiriam a jornada, acredita que foram 
ordens confidenciais da coroa. Essa confidencialidade teria por objetivo mantes os Reis 
Católicos ocupados com seu caminho para as índias, além de muitas outras variáveis que 
existiam na relação com Castela e Aragão. O fato desse Reis terem em seu poder o herdeiro de 
D. Manuel I concedia-lhes um grande poder sob o Venturoso. D. Manuel não queria demonstrar 
o interesse de expansão portuguesa, mas fez questão de erguer uma cruz para demarcar o 
poderio português na Terra de Vera Cruz. O achamento dessa terra foi silenciado por um ano.Navegadores contemporâneos afirmam que Cabral não aportou aqui por acaso. 
• “D. Manuel resolveu (...) efetuar uma prospecção dos produtos com interesse comercial 
existentes na Terra de Santa Cruz.” (COUTO, 2011, p. 201) 
Comentário: A expedição com esse propósito comandada por Gonçalo Coelho contava com a 
participação de dois florentinos que já tinham participado de expedições castelhanas e poderia 
confirmar que Portugal não passara da sua área de jurisdição. Com isso não haveria hostilidades 
vinda dos Reis Católicos, e D. Manuel poderia continuar sua cruzada no Oriente contra os 
mulçumanos. 
• “O comportamento de D. Manuel relativamente à divulgação dos resultados obtidos 
pela esquadra de Cabral foi diametralmente oposto àquele que adotou quando o 
descobrimento do Caminho Marítimo para a Índia. Neste último caso, o monarca, (...) 
apressou-se a escrever aos Reis Católicos, transmitindo-lhes euforicamente o feliz 
sucesso da empresa, (...). Relativamente à descoberta do Brasil, o soberano não só não 
deu qualquer informação (...), como também retardou o mais possível a sua participação, 
fazendo-o num tom de “prudência e jubilo moderado”.” (COUTO, 2011, p.203) 
Comentário: D. Manuel queria evitar um conflito com Castela, pois já havia conseguido o 
domínio na rota para a Índia, concorrer pelo domínio de terras no hemisfério ocidental poderia 
ser visto como uma provocação. 
• “Uma consequência da viagem de 1501-1502 consistiu em reforçar a noção de 
continentalidade da terra firme ocidental que já ganhara consistência na corte manuelina 
no decurso de 1501.” (COUTO, 2011, p.206) 
Comentário: Nesse período se deu conhecimento melhor da dimensão da terra Brasil, porém, 
boa parte desse conhecimento não foi divulgado, e algumas informações foram adulteradas, 
para não desperta o interesse de Castela na parte sul do continente, onde existiria terras que 
seriam de sua possessão de acordo com o Tratado de Tordesilhas. Também foi quando o termo 
Novo mundo começou a ser usado, pelos italianos, e divulgado. 
• “(...) 1502, D. Manuel I arrendou a Terra de Santa Cruz a uma associação de 
mercadores. O contrato, (...), tinha duração de 3 anos.” (COUTO, 2011, p.207) 
Comentário: A prioridade portuguesa era a exploração do caminho para a índia, por isso, nesse 
período, ele resolveu designar a terceiros a exploração do Novo Mundo mediante clausulas que 
beneficiassem a coroa economicamente e também na área do conhecimento dessas terras. Essas 
incursões ao Novo Mundo levantaram suspeitas dos Reis Católicos, que quiseram se certificar 
de que Portugal não estaria se estabelecendo em seus territórios. 
• “Inteirado das desconfianças existentes no reino vizinho, D. Manuel mandou fornecer 
àquele piloto e cartógrafo duas cartas de marear comprovativas de que as viagens feitas 
por súditos seus tinham sido efetuadas na área de influência portuguesa.” (COUTO, 
2011, p.208) 
Comentário: A noção das dimensões do novo continente estava sendo construída, o que 
dificultava os pilotos e cartógrafos da época que não estiveram na América determinarem as 
áreas de domínios de cada país. Nesse período também houve a primeira doação de Terra, que 
atualmente é conhecido como Fernando de Noronha. 
• “A 10 de junho de 1503 zarpou de Lisboa a segunda armada de Gonçalo Coelho, 
constituída de seis navios, que tinha como um dos objetivos prioritários o de construir 
uma feitoria na Terra de Santa Cruz.” (COUTO, 2011, p.210) 
Comentário: O tempo gasto para se explorar o pau brasil e encher os navios tornava esse 
negócio pouco lucrativo. Com objetivo de aumentar os lucros foi pensada a solução de se fazer 
as feitorias. Nesses lugares, com a colaboração indígena, se cortaria e armazenaria as árvores 
até a chegada dos navios portugueses, que só ficariam até serem totalmente carregados e 
voltariam mais rápido para a Europa. Primeiro estabelecida em Cabo Frio, a primeira feitoria 
no Brasil em 1504, mas acabou sendo transferida para Pernambuco, em 1516, por vários 
motivos, como a distância em relação a Portugal, a descoberta de sua posição por outros países, 
etc. 
• “Por volta de 1516, foram impressas, pela primeira vez, no Regimento da declinação do 
Sol, tábuas de latitude das regiões situadas a sul do Equador, (...). A divulgação destes 
dados até então ciosamente conservado em sigilo - (...) - revela uma mudança de 
estratégia da Coroa portuguesa.” (COUTO, 2011, p.215) 
Comentário: Portugal e Castela enfrentam conflitos nesse período para determinar o domínio 
de cada reino. São feitas, por D. Manuel, expedições para determinar os limites das Terras 
portuguesas, e nessas expedições, algumas vezes, se passa para território castelhano levando a 
tripulação a ser presa e até mesmo torturada. 
• “O conhecimento dos resultados da expedição lusa de 1513-1514 ao rio da Prata (...), 
associado à informação fornecida pelo piloto português João Dias de Solis - (...) - de 
que Castela tinha direito a territórios situados na região austral, levaram Fernando de 
Aragão a celebrar com aquele navegador, em novembro de 1514, uma capitulação que 
o incumbia de descobrir, de forma muito secreta, as terras que se encontrassem a sul da 
linha de demarcação e de procurar uma ligação marítima com o Oriente.” (COUTO, 
2011, p. 216) 
Comentário: A presença constante de franceses no Novo Mundo e a presença de castelhanos 
nas terras austrais ameaçou o domínio português pois colocou em xeque a segurança dos navios 
portugueses, já que Castela tinha direito a terras mais ao sul, e concorrência na procura por 
metais. Nesse contesto D. Manuel I decide adotar as “capitanias de mar e terra” com uma série 
de ações para ampliar e garantir a presença portuguesa. 
• “O início do reinado de D. João III (1521-1557) coincidiu com uma conjuntura em que 
avultavam os seguintes vetores geopolíticos e econômicos desfavoráveis (...) novo rei 
na Espanha, (...) o que ampliou enormemente o poderio da Casa de Habsburgo, (...) 
revitalização da rota terrestre das especiarias (...), eclosão (...) da disputa com Carlos V 
sobre a posse das Ilhas Molucas (...), descobriu a ligação marítima entre o Atlântico e o 
Pacífico e abriu à Espanha a possibilidade de penetrar no mercado das especiarias 
extremo-orientais - (...)- e, finalmente, intensificação da presença francesa no Mar 
Oceano.” (COUTO, 2011, p. 218-219) 
Comentário: Com todo esse cenário crítico, D. João III decidiu abandonar alguns projetos 
imperiais de D. Manuel I e se concentrou em manter sua hegemonia no atlântico sul. As relações 
portuguesas com os franceses eram complicadas nesse período. Ao mesmo tempo que queria 
desfazer o monopólio português no comercio com a África, Brasil e Oriente, queria formar uma 
aliança para combater Carlos V, que estava em domínio de um vasto território na Europa. O 
monarca português, apesar de insatisfeito com as incursões de piratas franceses, não queria 
enfraquecer Francisco I, para que a dinastia de Habsburgo não aumentasse ainda sua influência 
territorial. Só após o Acordo de Saragoça D. João III se libertou da sua preocupação principal, 
que era a delimitação das terras de influência ibérica no pacífico e permitiu-se enfrentar as 
outras ameaças mais resolutamente. 
• “Os governantes lusos chegaram à conclusão, no final da década de trinta, de que a única 
medida capaz de neutralizar a ameaçadora presença francesa no Brasil e de conter a 
penetração espanhola no Prata residia na criação de núcleos populacionais ao longo do 
litoral.” (COUTO, 2011, p.228) 
Comentário: As capitanias de mar não foram eficientes em impedir a presença estrangeira na 
América Sul, foi sugerido a Portugal atribuir a particulares a responsabilidade de ocupar 
efetivamente o Brasil, entretanto,D. João III não aceitou a proposta. Provavelmente pelos 
rumores da existência de metais preciosos na região da platina. 
• “A Martin Afonso de Sousa foram fixados diversos objetivos: efetuar um aprofundado 
reconhecimento do litoral, do Amazonas ao Prata; proceder ao assentamento de padrões 
locais estratégicos da “Costa do Ouro e da Prata”, (...); apresar todos os navios franceses 
encontrados na “Costa Pau-Brasil", (...); procurar descobrir metais preciosos; efetuar 
experiências agrônomas e fundar povoações litorâneas.” (COUTO, 2011, p.229) 
Comentário: O rei lusitano resolveu adotar a exclusividade Régia designando Martin Afonso 
de Sousa Governador da Terra do Brasil com objetivo principal de impedir a penetração 
francesa nas terras lusitanas da américa do sul e já chegou nos mares brasileiros exercendo essa 
função. Apreendeu, queimou e recuperou navios que estavam com franceses. Também foi atrás 
de metais preciosos e contou com a ajuda de um chefe indígena, porém, essa expedição não 
teve sucesso, eles foram destruídos por índios carijós. O governador também fundou a primeira 
povoação lusitana em São Vicente. Ele tinha poderes na área cível e criminal. Na Bahia foram 
feitas experiencias agrícolas e em São Vicente chegou-se à conclusão de que a cana-de-açúcar 
era uma cultura adequada para aquela região. 
• “Um variado conjunto de fatores induziu o círculo governativo joanino, (...), a repensar, 
em 1532, a estratégia lusitana de ocupação efetiva da Província de Santa Cruz: (...)” 
(COUTO, 2011, p.237) 
Comentário: As altas despesas na manutenção do domínio Régio, o assédio de nações 
estrangeiras, a crise financeira de 1532, entre outros fatores fez com que Portugal buscasse uma 
nova estratégia no domínio do novo mundo. Foi sugerido que se designassem particulares para 
essa tarefa, diminuindo o gasto de tempo e dinheiro da coroa portuguesa. De acordo com Diogo 
de Gouveia bastava a existência de 7 a 8 povoados para impedir que os franceses de fazer 
expedições comercial no Brasil. 
• “(...) entre 10 de março de 1534 e 18 de janeiro d 1536, o Piedoso concedeu doze 
capitanias-donatarias, divididas em quinze lotes, a doze titulares (...), que compreendia 
um total de 735 léguas de costa, abrangendo todo sertão at´r a raia de Tordesilhas:” 
(COUTO, 2011, p.239) 
Comentário: Essas capitanias eram concedidas com a obrigatoriedade de os beneficiários 
arcarem com todas as despesas dessa colonização, além de pagamento de tributos a coroa. 
Apesar dessas exigências as vantagens dos capitães também eram muitas, destacando a 
hereditariedade dessas terras, pensões que recebia dos tabeliões, vintena da dizima dos 
pescados, etc. Eles estavam responsáveis pelas áreas cíveis e criminal, a Coroa ficou com a 
responsabilidade de designar oficiais da Fazenda Real responsáveis pela arrecadação de 
tributos. 
• “São Vicente e Pernambuco eram as únicas capitanias-donatarias onde, apesar das 
dificuldades, se verificavam notórios avanços no cultivo do solo e na fundação ou 
crescimento de núcleos populacionais, embora os seus moradores também fossem alvo 
de investidas por parte de alguns grupos tribais hostis.” (COUTO, 2011, p.248) 
Comentário: Houve uma grande assimetria no desenvolvimento dos quinze lotes, a procura por 
metais preciosos falhou, alguns grupos indígenas, na Bahia e São Tomé, resistiram a penetração 
lusitana fazendo com que alguns colonos e seus governadores tivesse que se refugiar em 
capitanias vizinhas, ataque de castelhanos, maremoto em São Vicente, problemas da 
arbitrariedade no exercício da justiça, todos esses fatores influenciaram o funcionamento do 
modelo da exclusividade particular. Muitos capitães donatários ficaram seriamente endividados 
com as despesas com suas capitanias. Apesar das dificuldades, esse sistema ajudou a ampliar a 
presença portuguesa no Brasil. 
• “No final da década de quarenta, a América Portuguesa encontrava-se ameaçada no 
litoral pelos franceses e na bacia platina e no interior pelo crescimento da colonização 
espanhola. (...) a incapacidade das capitanias-donatarias para assegurar a completa 
ocupação e garantir a defesa eficaz do vastíssimo território brasílico. (...), bem como os 
abusivos praticados na administração da justiça levaram o círculo governativo joanino 
a ponderar, em 1548, a adoção de um modelo mais adequado aos desafios que a 
colonização da Província de Santa Cruz suscitava.” (COUTO, 2011, p.253) 
Comentário: A alternativa adotada por D. João III foi o Governo Geral, uma estrutura 
administrativa, jurídica, militar e fiscal (governador-geral, provedor-mor e ouvidor-geral) que 
se reportava diretamente a Portugal. 
• “Os regimentos régios reduziram substancialmente os poderes conferidos pelo soberano 
aos capitães-governadores e criaram um novo quadro institucional que reservava à 
Coroa um papel muito mais interveniente no governo do Brasil.” (COUTO, 2011, 
p.256) 
Comentário: As capitanias-donatarias continuavam, embora com menos poderes que agora 
deveriam ser exercidos por representantes diretamente nomeados pelo rei. Nesse período 
também foi instalada a diocese de São Salvador, na Bahia. 
• “Os motivos que terão levado D. João III a optar pela Bahia estariam relacionados com 
o abandono a que se encontrava votada devido a morte do seu titular e de muitos dos 
seus companheiros em combate com os tupinambás, com as exepcionais condições que 
proporcionava para a ancoragem de grandes frotas e, finalmente, com o posicionamento 
geográfico relativamente central (...)” (COUTO, 2011, p.261) 
Comentário: A Bahia foi escolhida como capital do governo geral e o herdeiro dessa capitania 
foi indenizado. Tomé de Sousa foi nomeado capitão da Bahia e governador-geral do Brasil. 
Uma das primeiras coisas feitas por ele foi a escolha da sede do governo geral, ele escolheu 
construir Salvador no alto de uma colina para ser esse lugar. Tomé de Sousa tinha uma série 
de responsabilidades e cumpriu muitas delas; abriu caminhos e construiu um estaleiro no 
Recôncavo Baiano, mandou subir o rio São Francisco para descobrir jazidas, inspecionou e 
fortificou capitanias, entre outras coisas. Mandou um relatório para D. João III sugerindo a 
adoção de algumas medidas que achava importantes, pediu para sair do cargo de governador-
geral em julho de 1553. 
• “O superior dos jesuítas fundou, a 29 de agosto de 1553, a aldeia de Piratininga, (...), 
criou a catequese dos aborígenes, criou uma escola de meninos, (...). A 25 de janeiro de 
1554, o Padre Manuel de Paiva, superior do grupo de jesuítas enviados por Nóbrega em 
missão a Piratininga, celebrou a primeira missa no rudimentar templo de taipa do 
Colégio São Paulo.” (COUTO, 2011, p.266) 
Comentário: Os “governadores” anteriores não queriam aumentar o conflito com os índios, 
porem Nóbrega queria catequizá-los e resolveu subir o planalto para ficar mais próximo dos 
índios. Na época de Duarte da Costa, governador geral que substituiu Tomé de Sousa, Nóbrega 
iniciou a catequese dos ameríndios e criou uma escola de meninos, essa aldeia foi o começo do 
que mais tarde viria a ser o bastião das bandeiras paulistas. 
• “A gradual ocupação do litoral resultante da expansão da colonização portuguesa 
reduziu paulatinamente o número de enseadas acessíveis aos navios franceses na “Costa 
do Pau-Brasil". As crescentes dificuldades encontradas (...) levaram-nos [os franceses] 
a envidar esforços no sentido de aliciar Henrique II a adotar uma política oficial de apoio 
à penetração gaulesa nas paragens tropicais, (...).” (COUTO, 2011, p.267) 
Comentário: Os comerciantes franceses aproveitaram a entrada do novo Rei para promover uma 
festa de encenava a realidade brasílica na beira do Sena com índios tamoios, malocas,animais, 
etc. Queriam despertar o interesse econômico nos soberanos. Além dessa festa, o monopólio 
ibérico do comércio ultra marinho induzira Henrique II a mandar uma expedição para obter 
informações sobres os recursos existentes no Brasil. A baía de Guanabara destacou-se por ser 
um dos poucos portos naturais que não tinham ocupação portuguesa e pela presença dos tamoios 
que eram aliados dos franceses e inimigos dos portugueses. 
• “Em julho de 1553, Nicolau Durand Villegagnon (1510-1572), cavaleiro da ordem de 
Malta, foi, em recompensa pelos serviços prestados à Coroa nos assuntos escoceses, 
nomeado vice-almirante de Bretanha.” (COUTO, 2011, p.268) 
Comentário: Villegagnon conseguiu diversos patrocínios, inclusive da coroa (que não declarou 
nada para evitar conflitos), e um contingente heterogêneo de 600 homens, tanto católicos como 
reformados, para vir ao Brasil. Chegaram ao litoral do Brasil na altura de Macaé, chegando 
mais tarde na baía da Guanabara, onde fundaram bases em lugares estratégicos, mas que não 
tinham água potável, o que os tornou dependentes dos índios e debilitou a capacidade de 
resistência a um cerco prolongado. Villegagnon achou o número de homens insuficientes e 
enviou seu sobrinho para angariar reforço. Era um homem com um rigoroso modelo de conduta 
e moral e, inclusive, proibia as ligações entre franceses e aborígenes o que causou um motim. 
Essas imposições em diversas áreas levaram a divergências, com o agravamento na 
concordância entre as reuniões religiosas os reformados foram expulsos, essa atitude fez com 
que o projeto da igreja reformada de mandar 700 homens para a França Antártica fosse 
abortado. Villegagnon volta a França atrás de reforços, mas, uma série de fatos ocorridos nesse 
período inviabilizam o retorno do cavaleiro de Malta a França Antártica. 
• “O segundo governador-geral do Brasil, embrenhado em conflitos com uma parte das 
autoridades civis e eclesiásticas, não reagiu à criação da França Antártica em terras 
brasílicas. A inactividade de D. Duarte da Costa em face dos gauleses e a contestação 
da Câmara do Salvador à sua atividade governativa levaram D. João III a tomar a 
decisão de o substituir por Mem de Sá (...)” (COUTO, 2011, p.273) 
Comentário: Mem de Sá veio com a missão de restabeleceu a ordem na capital e garantir a 
unidade territorial e religiosa da Província de Santa Cruz. A morte de D. Sebastião retardou a 
tomada de decisão sobre alguns assuntos do império. Nesse momento as relações com a França 
estavam difíceis, as tentativas diplomáticas de resolver o problema da ocupação francesa no 
Brasil foram inúteis. Essa situação foi analisada pelo conselho régio que decidiu atender ao 
pedido do governador-geral e enviar reforços para expulsar os gauleses do Brasil. Esse ataque 
foi organizado e Mem de Sá conseguiu informações com um dos reformados que havia sido 
expulso por Villegagnon, reforços foram enviados da capitania de São Vicente. Após dois dias 
de bombardeamento os defensores do forte Coligny se refugiaram em terra firme e o forte foi 
destruido. Uma aldeia dos tamoios também foi atacada em represália pelo apoio dado aos 
franceses. 
• “A queda do bastião francês na América suscitou profundas reações de hostilidade na 
Metrópole. (...) [um representante francês apresentou] um veemente protesto pelo 
ataque ao forte Coligny e de [exigiu] sua restituição. Esta diligência não obteve qualquer 
sucesso, uma vez que D. Catarina de Áustria reafirmou a pertença do Rio de Janeiro a 
Portugal, (...)” (COUTO, 2011, p.275) 
Comentário: Essa conquista portuguesa foi comemorada na capital do Brasil e a regente de 
Portugal, para evitar maiores conflitos, manifestou a disposição de libertar os franceses 
capturados, mas manteve firme a posição de que estava dentro de seus direitos no ataque ao 
forte Coligny. Essa posição encerrou as relações entre os dois países nesse período. As tenções 
religiosas enfrentadas dentro da França nessa época deixaram para segundo plano o comércio 
ultra marinho. 
• “Depois da partida da esquadra de Mem de Sá, um certo número de franceses regressou 
à Europa, enquanto outros, que permaneceram no Brasil, edificaram, conjuntamente 
com os tamoios, redutos fortificados em Urucu-Mirim (...) onde abasteciam de 
mercadorias os navios normandos e bretões que continuavam a frequentar aquela região, 
fornecendo armamento aos nativos e organizando ataques de surpresa a povoações 
portuguesas.” (COUTO, 2011, p.278) 
Comentário: Para resolver esse problema os portugueses teriam que ocupar a região fluminense 
e conseguir de alguma maneira trazer as tribos dessa região para o seu lado de maneira não 
violenta para evitar o gasto de recursos demográficos e financeiros. O padre Manuel da Nóbrega 
já havia enviado uma missiva para catequisar os povos dessa região e planejou propor uma 
aliança com os tamoios, as negociações duraram meses e não alcançaram o propósito 
inviabilizando a solução pacífica. 
• “A insegurança na zona meridional do território brasílico agravou-se devido à 
persistência da confederação dos tamoios da Guanabara, sob a direção de Cunhambebe. 
(...) Paralelamente, a permanência de núcleos de gauleses, (...), que asseguravam a 
manutenção do trato comercial com a França, (...)” (COUTO, 2011, p.279) 
Comentário: Diante desse cenário o regente da época enviou dois galeões para fundar o povoado 
do Rio de Janeiro. Tribos aliadas os portugueses que habitavam a Guanabara foram dizimados 
pelos tamoios em larga escala e buscaram refúgio em Vitória, devido esse histórico essas tribos 
foram chamadas para participar do empreendimento militar português. A expedição 
desembarcou, armou acampamento militar e fundou a cidade de São Sebastião do Rio de 
Janeiro. Estácio de Sá administrou essa ocupação. Durante essa ocupação foram travadas 
diversas batalhas e resultaram na expulsão dos Tamoios da região. Em um desses conflitos 
Estácio de Sá foi morto por uma flecha envenenada. 
• “O governador-geral ratificou as nomeações efetuadas por Estácio de Sá e proveu os 
cargos que ainda se encontravam vagos. Confirmou as anteriores concessões de 
sesmarias e procedeu à atribuição de numerosas novas doações de forma a promover a 
ocupação do território e o cultivo da terra.” (COUTO, 2011, p.285) 
Comentário: A fundação do Rio de Janeiro teve várias funções, como a de vedar o acesso dos 
franceses, garantir um ancoradouro importante e submeter os grupos ameríndios da região ao 
domínio lusitano. Os tamoios e franceses apresentaram resistência ainda por um bom tempo 
fundando aldeias na região de Cabo Frio, o que levou a morte de um grande número de índios 
e europeus que se encontravam nessas aldeias. Sem seus contatos no Brasil os franceses 
abandonaram o sudeste brasileiro. 
• “As tarefas de colonização como desbravamento de terras, construção de fortificações 
e dos mais variados tipos de edifícios, as acrescidas exigências de fornecimento de 
mantimentos para a subsistência dos novos habitantes (...), bem como a cultura da cana-
de-açúcar, implicavam a existência de um elevado número de braços, fato que, 
atendendo à insuficiência dos recursos demográficos lusitanos no século XVI, tornou 
imprescindível a utilização de mão de obra indígena.” (COUTO, 2011, p.288) 
Comentário: No início os índios escravizados eram os capturados pelas tribos aliadas dos 
portugueses, esse sistema se tornou insuficiente. O trabalho agrícola, na cultura indígena, era 
designado ao sexo feminino, tornando mais difícil a “colaboração” dos índios escravizados. O 
sistema usado posteriormente foram os “saltos”, não respeitando sequer os grupos tribais 
aliados. Essa necessidade de mão de obra fez com que costumes antigos indígenas, como o 
ritualde sacrifício de prisioneiros, fossem subvertidos pela falta dos mesmos. Juntando a essa 
escravidão em massa, a imposição da religião e dos costumes lusitanos levaram os silvícolas a 
revoltarem e atacarem diversas aldeias e fazendas portuguesas. O que levou aos portugueses a 
reprimir violentamente várias tribos, mesmo as que antigamente eram aliadas, levando a 
migração forçada e significativa para o sertão e litoral do Maranhão e Pará. 
• “Estes dois rios, o das Amazonas e o da Prata, princípio e fim desta costa, são dois 
portentos da natureza... São como duas chaves de prata, ou de ouro, que fecham a terra 
do Brasil. Ou são como duas colunas de líquido cristal que a demarcam entre nós e 
Castela, não só por parte do marítimo, mas também do terreno.” (COUTO, 2011, p.296) 
Comentário: A difusão da visão de que o Brasil era uma “ilha” que era dividida das terras 
castelhanas pela junção do rio Amazonas e o da Prata foi lenta, mas foi um projeto português 
que teve certo sucesso. Portugal buscava aumentar seu território através dessa ideia. Este 
projeto deixou uma marca no imaginário português. Até a Monarquia Dual existiam duas 
capitanias reais, duas novas capitanias desanexadas da Bahia e a troca de titularidade de outras. 
• “O objetivo de incrementar a presença portuguesa no Novo Mundo, cuja a extensão 
territorial era imensa, conduziu o governo de D. Sebastião (1568-1578), após a morte 
de Mem de Sá, a adotar a solução de dividir o Brasil em duas unidades autônomas, 
medida que visava a tornar mais eficaz o governo de uma enorme Província que se 
encontrava em franco florescimento.” (COUTO, 2011, p.298) 
Comentário: Mem de Sá solicitou a sua substituição após um longo tempo no Brasil, o substituto 
acabou sendo morto durante um ataque de corsários a sua nau e foi implantado a divisão do 
Brasil em Norte (Salvador) e Sul (São Vicente). O aumento das despesas pela duplicação da 
máquina de governo e a divisão gerou diversos inconvenientes que levou a reunificação em 
1577 com Lourenço da Veiga nomeado governador-geral.

Continue navegando