Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Pró Reitoria Acadêmica Licenciatura em História História do Brasil I Recife, 2018 Centro de Teologia e Ciências Humanas Licenciatura em História História do Brasil I Trabalho apresentado ao Prof. Dr. Tiago da Silva Cesar como requisito parcial de avaliação do 1º GQ por Clara Maria Luna Varjão Schettini. Recife, 2018 Fichamento Comentado COUTO, Jorge. A construção do Brasil: ameríndios, portugueses e africanos, do início do povoamento a finais de Quinhentos. 3ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011, p. 123-299. • “Essa rivalidade [luso-castelhana] - (...) - encontra-se na origem do complexo processo que conduziu, num primeiro momento, à divisão do Mar Oceano entre dois reinos (Tratado de Tordesilhas, 1494),” (COUTO, 2011, p.123) Comentário: Antes do Tratado de Tordesilhas o tratado em vigor era o de Alcáçovas, onde os reis de Portugal e Castela-Aragão se comprometiam a interditar o comercio ou corso na área de domínio do seu vizinho. Este contrato continha aspectos totalmente inovadores, como objeto de negociação de áreas ainda desconhecidas. • D. Afonso V (...) [em] 6 de abril de 1480, [concede] poderes ao príncipe D. João (...) de apresar todas as embarcações armadas por castelhanos, aragoneses ou qualquer outro estrangeiro que violasse a linha de demarcação e de lançar as respectivas tripulações ao mar.” (COUTO, 2011, p.124) Comentário: A conclusão desse tratado coincidiu com o reinado de D. João II que retomou a exploração da costa africana, nessa exploração se confirmou a ligação entre o Mar Oceano e o Índico fazendo com que o projeto joanino de alcançar a Índia pelo Atlântico Sul fosse mais viável deixando livre a exploração da rota pelo poente. • A descoberta da passagem de sudeste (...) tornava potencialmente mais atrativa a área a sul do paralelo das Canárias a que os soberanos daqueles reinos [Castela e Aragão] tinham renunciado. (...) era necessário reafirmar a validade do Tratado de Alcáçovas (...) foi à luz desses objetivos que o rei lusitano propôs em março de 1490, o casamento do seu herdeiro, o príncipe D. Afonso, com D. Isabel.” (COUTO, 2011, p.125-126) Comentário: D. João, internamente, investiu no aperfeiçoamento dos métodos de medição de latitudes e meridianas e traçar uma rota que contornasse ao largo a costa africana para evitar as dificuldades de navegação. • A 2 de janeiro de 1492 (...) Castela e Aragão receberam (...) as chaves da cidade de Granada, concluindo a conquista do derradeiro bastião mulçumano na Hispânia. (...) [dando condições a Isabel de Castela] conceder o prometido apoio de alcançar as Índias pela rota do Atlântico Ocidental, cuja a concretização Cristóvão Colombo insistentemente lhe requeria.” (COUTO, 2011, p.126) Comentário: Cristóvão Colombo, que estava em Portugal quando Bartolomeu Dias voltou de sua viagem que comprovava a ligação do atlântico com o índico, foi para o reino vizinho atrás de concretizar seu projeto de alcançar a Índia pelo poente. • (...) dispondo de uma favorável conjuntura internacional, (...) com Carlos VIII (1483- 1498), os Reis Católicos puderam então equacionar seriamente o apoio a um projeto que, (...) encontraria forte oposição por parte de Portugal, com sérias probabilidades de provocar confrontações que poderiam, inclusive, degenerar em guerra aberta.” (COUTO, 2011, p.126) Comentário: Conseguir estabelecer relações diretas com os países orientais trariam indiscutíveis vantagens políticas e diplomáticas para quem primeiro conseguisse fazer essa rota e os lucros comerciais minoravam as consequencias negativas. • “Da primeira viagem de Cristóvão Colombo (1492-1493) resultou a descoberta de algumas ilhas das Bahamas e das Antilhas (...) consideradas pelo navegador genovês como pertencentes a um grande arquipélago adjacente à Ásia.” (COUTO, 2011, p.127) Comentário: Essa descoberta desiquilibrou as relações na partilha de áreas de influência entre Portugal e Castela levando a uma séria atividade diplomática entre Portugal, Castela e Roma. Portugal começou a preparar uma armada com o objetivo de forçar os Reis Católicos a abrir uma negociação. • “(...) os Reis Católicos atuaram em duas frentes: em primeiro lugar, deliberaram impetrar à Santa Sé que explicitasse (...) o seu direito às terras ocidentais e, em segundo lugar, decidiram enviar outra expedição para tornar efetiva a sua posse, (...)” (COUTO, 2011, p.129) Comentário: Sabendo que a falta de um tratado levaria a diversos conflitos, o rei português sugeriu a divisão do Atlântico entre os dois reinos, entretanto, o privilegiado relacionamento entre os Reis Católicos e um antigo cardeal, Rodrigo Borja, facilitou a obtenção de mais duas bulas papais favoráveis a suas pretensões. • No decurso das conversações mantidas (...), os negociadores castelhanos convenceram-se de que a insistência de D. João II (...) se destinava a garantir a inclusão na área portuguesa de terras (...) de cuja a existência suspeitaria – (...) os Reis Católicos informaram Colombo e solicitaram-lhe um parecer, na qualidade de pessoa que “mais do que qualquer outra” sabia daquele negócio, (...)” (COUTO, 2011, p.130) Comentário: As negociações continuaram, assim como a expedição de bulas papais, Castela se empenhou em descobrir o por que Portugal fazia questão dessa divisão do Mar Oceano. • “(...) eliminava o princípio da demarcação fixa de áreas de influência, substituindo-o pelo da prioridade na ocupação. Revogava, por conseguinte, o meridiano de 100 léguas, (...)” (COUTO, 2011, p.131) Comentário: Assim todas as terras, inclusive as ilhas que ficavam no hemisfério sul em frente a costa africana, poderiam ser feitas domínio castelhano. • “(...) os Reis Católicos empenharam-se na formação de uma grande armada destinada a tomar posse das novas terras com maior urgência, recomendando inclusive a Colombo que “não se detivesse uma só hora”” (COUTO, 2011, p.131) Comentário: Os Reis Católicos estavam desconfiados do rei lusitano e temiam que ele chegasse primeiro a algum território ainda não conhecido e buscaram outros meios de pressionar Portugal a reconhecer o direito castelhano no Mar Oceano e desistir de tentar aumentar suas terras de influência. • “D. João II não ficou inativo em face as iniciativas diplomáticas e militares dos Reis Católicos, (...) tendo mandado fazer, de forma dissimulada, (...) grandes preparativos para a guerra.” (COUTO, 2011, p.132) Comentário: D. João soube articular em várias frentes para pressionar os Reis Católicos a fazerem um novo tratado, além de fortificar as fronteiras o príncipe perfeito negociou com um nobre francês se oferecendo para ajudá-lo na guerra com os mouros, dando a entender que eles apoiariam a presença francesa na região o que era uma ameaça para castelhano- aragoneses. • “No último trimestre de 1493, Isabel e Fernando não pretendiam concluir nenhum acordo sem terem conhecimento dos resultados da segunda expedição colombina.” (COUTO, 2011, p.133) • “A evolução negativa do quadro internacional, (...) e a iminência de um novo conflito com a França (...), obrigou os soberanos de Castela e Aragão a retomar, (...), as negociações com o reino lusitano, (...)” (COUTO, 2011, p.133) • “(...) o rei de Portugal não só recusou o convite para integrar a Liga Santa contra a França (...), como concedeu tacitamente apoio às reinvindicações italianas de Carlos VIII, (...)” (COUTO, 2011, p.134) Comentário: D. João mostrou claramenteseu desagrado pelas políticas que vinham sendo feitas pelos Reis Católicos e pela Igreja que, através das bulas papais, tiraram o domínio lusitano no Atlântico Sul. • “O Príncipe Perfeito (...) propôs a Isabel e Fernando uma negociação direta entre as respectivas cortes, independentemente das concessões papais.” (COUTO, 2011, p.134) Comentário: Nessa negociação o principal objetivo era garantir o exclusivo acesso à rota do Cabo da Boa Esperança, pois, a essa altura, já se tinha as informações trazidas por Bartolomeu Dias, que confirmavam que existia uma ligação entre o Mar Oceano e o Índico. Eles tinham o conhecimento de uma rota e de pontos onde poderiam parar para reabastecer e descarregar a caravela para continuar a viagem. • “Os Reis Católicos encontraram-se em Medina del Campo, em abril de 1494, quando receberam Antônio Torres, a quem Colombo encarregara de lhes transmitir informações (...) o Almirante do Mar Oceano garantia que as ilhas encontradas (...) pertenciam ao “princípio do Oriente” (...)” (COUTO, 2011, p.135) Comentário: Após receber essa informação, vinda de Colombo, os soberanos de Castela e Aragão se tranquilizaram e tiveram quase certeza da não existência de terras na região entre as 100 e 360 léguas, assim retomaram as negociações com Portugal. • “Nesse contexto, Isabel e Fernando, na última e conclusiva fase do processo negocial, procuraram fundamentalmente garantir a posse das terras ocidentais, na convicção de que eram asiáticas, enquanto D. João II pretendia assegurar o domínio do Atlântico Sul, que lhe proporcionaria o exclusivo do Caminho Marítimo para a Índia através do contorno da África pelo largo.” (COUTO, 2011, p.136) Comentário: Portugal aceitou a substituição pelo paralelo das canárias com a condição de seu afastamento ser de 370 léguas, eles diziam que esse era o espaço necessário para conseguir contornar a África fugindo das tormentas e dificuldades encontradas na costa africana, eles recusaram a proposta castelhana de 270 e 350 léguas. Os Reis Católicos colocaram mais exigências para aceitas o afastamento do paralelo, entre eles a garantia de D. Manuel ao trono, ganhos territoriais, poder pescar na costa africana e atividade de corso em um determinado território marítimo. • “(...) à partilha do Mar Oceano (...) substituição do princípio da prioridade no descobrimento pela das demarcações fixas, para que se optou por um meridiano situado 370 léguas a ocidente do arquipélago de Cabo Verde como linha de delimitação dos hemisférios ibéricos no Atlântico, (...) oriental para Portugal e ocidental para Castela;” (COUTO, 2011, p.137) Comentário: Com esse tratado Portugal fez com que houvesse um compromisso de não recorrerem ao papa para modificar o texto e assegurou passagem no seu hemisfério aos navios de Castela. Uma nota transitória também foi colocada, em que as terras encontradas entre 250 e 370 léguas que fossem descobertas até a volta de Colombo de sua segunda viagem seriam integradas a Coroa de Castela. Mesmo depois de toda essa negociação ainda existiam divergências, e os Reis Católicos se aproveitaram da situação. • “Ao sustentar a candidatura de D. Manuel, os Reis Católicos visariam a colocar no trono de Portugal um primo coirmão da rainha Isabel que, (...), adotasse uma política mais favorável aos interesses castelhanos-aragoneses, (...)” (COUTO, 2011, p.138) Comentário: Assim Isabel e Fernando aproveitaram de sua posição privilegiada para, no seu ver, conseguir uma maior influência sobre o reino de Portugal e enfraquecer a força que o reinado do Príncipe Perfeito trouxe as terras lusitanas. Inclusive interviram para inviabilizar a legitimação do filho bastardo de D. João II e alegaram que haveria ameaças se D. Jorge assumisse o trono. Além disso, acreditavam que D. Manuel se sentiria devedor dos soberanos castelhano-aragoneses por terem intervindo para sua ascensão ao trono. • “Foi somente após D. João ter informado os enviados castelhanos de que não pretendia que o filho bastardo lhe sucedesse no trono e, provavelmente, também, depois de discutirem a realização do casamento da sua filha mais velha, D. Isabel, com D. Manuel que os Reis Católicos assinaram (...) os dois tratados com Portugal, assinados em Tordesilhas, (...)” (COUTO, 2011, p.139-140) Comentário: Depois de muita negociações e exigências de ambos os lados se conseguiu chegar a um acordo que ficou conhecido como Tratado de Tordesilhas, que dividia o mundo entre espanhóis e portugueses. • “Estes dados levaram muitos autores a defender que a atitude do rei foi motivada pela preocupação de reservar para Portugal os territórios situados no ocidente austral (Brasil) de que tinha conhecimento positivo.” (COUTO, 2011, p.141) Comentário: O fato de D. João II ter cedidos a tantas exigências, até a sua sucessão, fez com que muitos historiadores acreditassem que ele já tinha conhecimento das terras que conhecemos hoje como Brasil, ele defendeu o limite de 370 léguas e não menos, pois sabia que a 100 léguas não teria nada além de água. • “(...) um tão profundo conhecimento dos condicionalismos físicos da metade meridional do Mar Oceano não pode ter resultado apenas de duas viagens efetuadas em diferentes estações do ano e utilizando naus.” (COUTO, 2011, p.143) Comentário: O conhecimento de rotas tão precisas também colabora para a teoria de que as viagens exploratórias, que poderiam ter levado ao conhecimento das terras austrais, foram feitas nesse período. • “As viagens joaninas (...) visariam a encontrar a forma mais rápida e eficaz de escapar às calmarias equatoriais e de contornar a costa ocidental africana para evitar as dificuldades que a navegação costeira colocava na parte meridional do continente (...)” (COUTO, 2011, P.143) Comentário: A navegação na costa africana era bem turbulenta o que fez com que os capitães de navios, como Bartolomeu Dias, tentassem uma navegação mais afastada da costa buscando por uma rota mais tranquila e fácil de ser feita, essas experiências foram feitas por caravelas, que tinham a configuração física mais favoráveis a operações de reconhecimento e após o regresso de Bartolomeu Dias se tem registros uma significativa atividade de abastecimento de caravelas, alimentando as suspeitas de que outras expedições foram feitas para traçar essa rota segura. • “(...) (voo de aves, alterações na coloração das águas oceânicas, detritos vegetais, e, eventualmente, objetos) que levantaram fundadas suspeitas sobre a existência de terras austrais, (...)” (COUTO, 2011, p.144) Comentário: No decorrer das explorações para encontrar essa rota mais rápida e eficaz acredita- se que foram muito próximo das terras austrais e que por isso encontraram vestígios das terras brasileiras. • “O meridiano de 100 léguas (...) assegurava (...) uma razoável área de manobra para a execução da rota ‘indireta’ em arco.” (COUTO, 2011, p.144) • “Os dados sobre a movimentações dos navios portugueses recolhidos pela espionagem dos Reis Católicos despertaram nestes as maiores desconfianças de que se destinariam às novas terras, (...)” (COUTO, 2011, p.145) Comentário: Esse conjunto de informações mostram que os reis Católicos tinham motivos para sua desconfiança em relação ao aumento de léguas no Tratado de Tordesilhas e que muito provavelmente a teoria de que D. João II tinha conhecimento de terras austrais sejam verdadeiras. • “Várias fontes – todas de origem castelhana – demonstram que D. João II “suspeitava da existência de ilhas e mesmo de um continente a sudoeste do Atlântico...” (COUTO, 2011, p.146) • “Chega-se, pois, à conclusão de que ricas ilhas e o continente situar-se-iam no quadrante ocidentaldo Atlântico, sendo, no entretanto, interpretados como fazendo parte integrante do continente asiático.” (COUTO, 2011, p.148) Comentário: O fato de que o rei português suspeitava da existência de terras no sudoeste do Atlântico é bem difundida e alguns historiadores afirmam que não é somente uma suspeita, mas sim uma convicção. Entretanto, os Reis Católicos acreditavam que essas terras encontradas ou que se acreditava existir se tratavam de terras asiática. • “O fato de D. João II e D. Manuel I, contrariamente aos Reis Católicos, nunca terem tomado uma única iniciativa no sentido de dar cumprimento à cláusula referente à organização da viagem conjunta destinada a fixar o meridiano de demarcação, apesar da insistência castelhana, também estará relacionado com a posse de indícios sobre a existência de terras no hemisfério austral a ocidente da África.” (COUTO, 2011, p.150) Comentário: Portugal não tinha interesse de fazer essa expedição mista, inclusive era preferível que Castela continuasse achando que havia chegado a Ásia, evitando conflitos e deixando a rota para as Índias sobre domínio português, a mentalidade da época era chegar às terras orientais pelo caminho que ficava sob seu domínio primeiro. Essa foi a prioridade de Portugal. • “Em síntese, sem as concepções geopolíticas do Príncipe Perfeito, muito avançadas para o seu tempo, (...) Portugal não só teria enfrentado grandes dificuldades na estruturação e manutenção da Carreira da Índia como não teria tido qualquer presença no Novo Mundo.” (COUTO, 2011, p.152) Comentário: Essa visão de D. João II ajudou Portugal a se manter influente e mesmo depois de D. Manuel I assumir o reino ele decidiu continuar com os empreendimentos que visavam a rota para o oriente. • “Tinham, no entanto, a vantagem de possuir não só tonelagem mais elevada, o que possibilitava o transporte de guarnições militares, de passageiros e de maior quantidade de carga, (...)” (COUTO, 2011, p.153) Comentário: Esse trecho se refere as Naus que estavam sendo testadas para substituir as caravelas, elas eram mais lentas, entretanto, mais resistentes às intempéries que se enfrentava na costa africana, além de sua capacidade de carregamento maior. Vasco da Gama foi o primeiro a comandar uma expedição composta por naus que cruzou o Atlântico Sul. • “Estes elementos concorrem para comprovar cartograficamente a realização de “uma expedição lusa por essas paragens, anterior à Cabral, mas não antes de 1498, quando lá esteve Cristóvão Colombo”, coadunando-se perfeitamente com a viagem de exploração empreendida, nesse ano, por Duarte Pacheco, que teria reconhecido parte litoral setentrional sul-americano, incluindo, muito provavelmente, uma parcela do atual território brasileiro que viria a ser, (...), gradualmente incorporada na Coroa portuguesa,(...)” (COUTO, 2011, p.169) Comentário: • D. Manuel (...), o Venturoso apressou-se a escrever a Isabel e Fernando para comunicar-lhes o feliz sucesso da empresa, não esperando sequer pela chegada do comandante da expedição.” (COUTO, 2011, p.170) Comentário: Portugal queria garantir o seu monopólio de acesso à Índia. O que no começo parecia ser fácil e, com o passar do tempo, mostrou-se complicado pela existência de uma grande quantidade de comunidades mulçumanas que controlava o comercio na região. Ao receber essa notícia vinda de Portugal os Reis católicos perderam a confiança nos relatos de Cristovão Colombo, tirando dele a exclusividade na exploração ocidental, abrindo espaço para outros exploradores com objetivo de alcançar o Oriente. • “Por carta régia de 15 de fevereiro de 1500, o soberano nomeou para o cargo de comandante da frota Pedro Alvares de Gouveia (Cabral), (...) embora anteriormente tivesse escolhido Vasco da Gama para exercer aquela função. (...) [devido a] preocupações relacionadas com o estabelecimento de alianças com vários soberanos locais.” (COUTO, 2011, p.173) Comentário: Com o propósito de conseguir sucesso nas negociações no Oriente D. Manuel I mandou Cabral, que tinha experiencia na diplomacia. Os documentos encontrados estão incompletos, curiosamente, na parte que fala sobre a travessia do Atlântico Sul, onde provavelmente estaria as instruções sobre o descobrimento do Brasil. • “A 9 de março de 1500 zarpou de Belém a segunda armada da Índia, constituida po 13 velas (...) capitaneadas por Cabral, (...). A esquadra transportava entre 1.200 e 1.500 homens, (...). A 14 desse mês, (...) sem que tivesse ocorrido qualquer tempestade, desapareceu a nau de Vasco Ataíde, (...) Entre os dias 29 e 30, (...) iniciando a penetração na zona das calmarias equatoriais (...) a frota encontrou vento escasso, iniciando, então, de acordo com as recomendações do Gama, a volta pelo largo em busca do alísio de sueste, (...) por volta de 10 de abril, a rota terá sido corrigida para su- sudoeste, passando a frota a cerca de 210 milhas a ocidente do arquipélago de Fernando de Noronha. (...) Por volta do dia 18, a armada encontrar-se-ia na altura da baía de Todos os Santos, (...). Na terça, 21, (...) os membros da tripulação encontraram alguns sinais de terra: Muita quantidade d’ervas compridas (...) o capitão-mor alterou deliberadamente o rumo para oeste em busca de terra. A 22 de abril toparam, pela manhã, “com aves (...) e, a horas de véspera (...), “tiveram vista de terra” (...) Após esse achamento, (...) ancoraram a cerca de meia légua (milha e meia) da foz do posteriormente rio de Frade. Foi, então, decidido enviar um batel à terra, (...) para estabelecer relações com os indígenas que se encontravam na praia.” (COUTO, 2011, p.176) Comentário: Depois disso eles encontraram um “porto seguro” onde pararam as naus e e reuniram os capitães onde decidiram devolver os nativos que tinham aprisionado e desembarcar o degredado que haviam trazido para desenvolver um relacionamento com os nativos. Trocaram objetos e no domingo de pascoa celebraram uma missa e após decidiram manda um navio para avisar o Rei sobre o achamento. Na carta enviada ao Rei, o mestre João Faras diz que para saber a localização das terras basta olha o mapa-múndi que eles tinham em Lisboa, a existência desse mapa antes de mil e quinhentos tem aumentado as especulações sobre o conhecimento anterior das terras austrais. • “O debate em torno da intencionalidade ou casualidade do descobrimento do Brasil pela segunda armada da Índia constitui um dos temas mais polêmicas da historiografia das explorações geográficas quatrocentistas.” (COUTO, 2011, p.181) Comentário: Vemos vários historiadores que estudaram e colocaram em xeque a casualidade do descobrimento do Brasil. Existem várias teorias que vão até da posição em que os barcos chegaram, o fato de não ter batido em corais e encontrado facilmente um porto seguro até o termo usado “achamento” que pode ser interpretado como ação ou pratica de quem está procurando, comprovando que encontrou o que procurava. Além disso, não se acredita que Cabral, de sua própria vontade, resolveu colocar toda a tripulação em risco retardando a viagem em dez dias e reduzindo o número de naus que prosseguiriam a jornada, acredita que foram ordens confidenciais da coroa. Essa confidencialidade teria por objetivo mantes os Reis Católicos ocupados com seu caminho para as índias, além de muitas outras variáveis que existiam na relação com Castela e Aragão. O fato desse Reis terem em seu poder o herdeiro de D. Manuel I concedia-lhes um grande poder sob o Venturoso. D. Manuel não queria demonstrar o interesse de expansão portuguesa, mas fez questão de erguer uma cruz para demarcar o poderio português na Terra de Vera Cruz. O achamento dessa terra foi silenciado por um ano.Navegadores contemporâneos afirmam que Cabral não aportou aqui por acaso. • “D. Manuel resolveu (...) efetuar uma prospecção dos produtos com interesse comercial existentes na Terra de Santa Cruz.” (COUTO, 2011, p. 201) Comentário: A expedição com esse propósito comandada por Gonçalo Coelho contava com a participação de dois florentinos que já tinham participado de expedições castelhanas e poderia confirmar que Portugal não passara da sua área de jurisdição. Com isso não haveria hostilidades vinda dos Reis Católicos, e D. Manuel poderia continuar sua cruzada no Oriente contra os mulçumanos. • “O comportamento de D. Manuel relativamente à divulgação dos resultados obtidos pela esquadra de Cabral foi diametralmente oposto àquele que adotou quando o descobrimento do Caminho Marítimo para a Índia. Neste último caso, o monarca, (...) apressou-se a escrever aos Reis Católicos, transmitindo-lhes euforicamente o feliz sucesso da empresa, (...). Relativamente à descoberta do Brasil, o soberano não só não deu qualquer informação (...), como também retardou o mais possível a sua participação, fazendo-o num tom de “prudência e jubilo moderado”.” (COUTO, 2011, p.203) Comentário: D. Manuel queria evitar um conflito com Castela, pois já havia conseguido o domínio na rota para a Índia, concorrer pelo domínio de terras no hemisfério ocidental poderia ser visto como uma provocação. • “Uma consequência da viagem de 1501-1502 consistiu em reforçar a noção de continentalidade da terra firme ocidental que já ganhara consistência na corte manuelina no decurso de 1501.” (COUTO, 2011, p.206) Comentário: Nesse período se deu conhecimento melhor da dimensão da terra Brasil, porém, boa parte desse conhecimento não foi divulgado, e algumas informações foram adulteradas, para não desperta o interesse de Castela na parte sul do continente, onde existiria terras que seriam de sua possessão de acordo com o Tratado de Tordesilhas. Também foi quando o termo Novo mundo começou a ser usado, pelos italianos, e divulgado. • “(...) 1502, D. Manuel I arrendou a Terra de Santa Cruz a uma associação de mercadores. O contrato, (...), tinha duração de 3 anos.” (COUTO, 2011, p.207) Comentário: A prioridade portuguesa era a exploração do caminho para a índia, por isso, nesse período, ele resolveu designar a terceiros a exploração do Novo Mundo mediante clausulas que beneficiassem a coroa economicamente e também na área do conhecimento dessas terras. Essas incursões ao Novo Mundo levantaram suspeitas dos Reis Católicos, que quiseram se certificar de que Portugal não estaria se estabelecendo em seus territórios. • “Inteirado das desconfianças existentes no reino vizinho, D. Manuel mandou fornecer àquele piloto e cartógrafo duas cartas de marear comprovativas de que as viagens feitas por súditos seus tinham sido efetuadas na área de influência portuguesa.” (COUTO, 2011, p.208) Comentário: A noção das dimensões do novo continente estava sendo construída, o que dificultava os pilotos e cartógrafos da época que não estiveram na América determinarem as áreas de domínios de cada país. Nesse período também houve a primeira doação de Terra, que atualmente é conhecido como Fernando de Noronha. • “A 10 de junho de 1503 zarpou de Lisboa a segunda armada de Gonçalo Coelho, constituída de seis navios, que tinha como um dos objetivos prioritários o de construir uma feitoria na Terra de Santa Cruz.” (COUTO, 2011, p.210) Comentário: O tempo gasto para se explorar o pau brasil e encher os navios tornava esse negócio pouco lucrativo. Com objetivo de aumentar os lucros foi pensada a solução de se fazer as feitorias. Nesses lugares, com a colaboração indígena, se cortaria e armazenaria as árvores até a chegada dos navios portugueses, que só ficariam até serem totalmente carregados e voltariam mais rápido para a Europa. Primeiro estabelecida em Cabo Frio, a primeira feitoria no Brasil em 1504, mas acabou sendo transferida para Pernambuco, em 1516, por vários motivos, como a distância em relação a Portugal, a descoberta de sua posição por outros países, etc. • “Por volta de 1516, foram impressas, pela primeira vez, no Regimento da declinação do Sol, tábuas de latitude das regiões situadas a sul do Equador, (...). A divulgação destes dados até então ciosamente conservado em sigilo - (...) - revela uma mudança de estratégia da Coroa portuguesa.” (COUTO, 2011, p.215) Comentário: Portugal e Castela enfrentam conflitos nesse período para determinar o domínio de cada reino. São feitas, por D. Manuel, expedições para determinar os limites das Terras portuguesas, e nessas expedições, algumas vezes, se passa para território castelhano levando a tripulação a ser presa e até mesmo torturada. • “O conhecimento dos resultados da expedição lusa de 1513-1514 ao rio da Prata (...), associado à informação fornecida pelo piloto português João Dias de Solis - (...) - de que Castela tinha direito a territórios situados na região austral, levaram Fernando de Aragão a celebrar com aquele navegador, em novembro de 1514, uma capitulação que o incumbia de descobrir, de forma muito secreta, as terras que se encontrassem a sul da linha de demarcação e de procurar uma ligação marítima com o Oriente.” (COUTO, 2011, p. 216) Comentário: A presença constante de franceses no Novo Mundo e a presença de castelhanos nas terras austrais ameaçou o domínio português pois colocou em xeque a segurança dos navios portugueses, já que Castela tinha direito a terras mais ao sul, e concorrência na procura por metais. Nesse contesto D. Manuel I decide adotar as “capitanias de mar e terra” com uma série de ações para ampliar e garantir a presença portuguesa. • “O início do reinado de D. João III (1521-1557) coincidiu com uma conjuntura em que avultavam os seguintes vetores geopolíticos e econômicos desfavoráveis (...) novo rei na Espanha, (...) o que ampliou enormemente o poderio da Casa de Habsburgo, (...) revitalização da rota terrestre das especiarias (...), eclosão (...) da disputa com Carlos V sobre a posse das Ilhas Molucas (...), descobriu a ligação marítima entre o Atlântico e o Pacífico e abriu à Espanha a possibilidade de penetrar no mercado das especiarias extremo-orientais - (...)- e, finalmente, intensificação da presença francesa no Mar Oceano.” (COUTO, 2011, p. 218-219) Comentário: Com todo esse cenário crítico, D. João III decidiu abandonar alguns projetos imperiais de D. Manuel I e se concentrou em manter sua hegemonia no atlântico sul. As relações portuguesas com os franceses eram complicadas nesse período. Ao mesmo tempo que queria desfazer o monopólio português no comercio com a África, Brasil e Oriente, queria formar uma aliança para combater Carlos V, que estava em domínio de um vasto território na Europa. O monarca português, apesar de insatisfeito com as incursões de piratas franceses, não queria enfraquecer Francisco I, para que a dinastia de Habsburgo não aumentasse ainda sua influência territorial. Só após o Acordo de Saragoça D. João III se libertou da sua preocupação principal, que era a delimitação das terras de influência ibérica no pacífico e permitiu-se enfrentar as outras ameaças mais resolutamente. • “Os governantes lusos chegaram à conclusão, no final da década de trinta, de que a única medida capaz de neutralizar a ameaçadora presença francesa no Brasil e de conter a penetração espanhola no Prata residia na criação de núcleos populacionais ao longo do litoral.” (COUTO, 2011, p.228) Comentário: As capitanias de mar não foram eficientes em impedir a presença estrangeira na América Sul, foi sugerido a Portugal atribuir a particulares a responsabilidade de ocupar efetivamente o Brasil, entretanto,D. João III não aceitou a proposta. Provavelmente pelos rumores da existência de metais preciosos na região da platina. • “A Martin Afonso de Sousa foram fixados diversos objetivos: efetuar um aprofundado reconhecimento do litoral, do Amazonas ao Prata; proceder ao assentamento de padrões locais estratégicos da “Costa do Ouro e da Prata”, (...); apresar todos os navios franceses encontrados na “Costa Pau-Brasil", (...); procurar descobrir metais preciosos; efetuar experiências agrônomas e fundar povoações litorâneas.” (COUTO, 2011, p.229) Comentário: O rei lusitano resolveu adotar a exclusividade Régia designando Martin Afonso de Sousa Governador da Terra do Brasil com objetivo principal de impedir a penetração francesa nas terras lusitanas da américa do sul e já chegou nos mares brasileiros exercendo essa função. Apreendeu, queimou e recuperou navios que estavam com franceses. Também foi atrás de metais preciosos e contou com a ajuda de um chefe indígena, porém, essa expedição não teve sucesso, eles foram destruídos por índios carijós. O governador também fundou a primeira povoação lusitana em São Vicente. Ele tinha poderes na área cível e criminal. Na Bahia foram feitas experiencias agrícolas e em São Vicente chegou-se à conclusão de que a cana-de-açúcar era uma cultura adequada para aquela região. • “Um variado conjunto de fatores induziu o círculo governativo joanino, (...), a repensar, em 1532, a estratégia lusitana de ocupação efetiva da Província de Santa Cruz: (...)” (COUTO, 2011, p.237) Comentário: As altas despesas na manutenção do domínio Régio, o assédio de nações estrangeiras, a crise financeira de 1532, entre outros fatores fez com que Portugal buscasse uma nova estratégia no domínio do novo mundo. Foi sugerido que se designassem particulares para essa tarefa, diminuindo o gasto de tempo e dinheiro da coroa portuguesa. De acordo com Diogo de Gouveia bastava a existência de 7 a 8 povoados para impedir que os franceses de fazer expedições comercial no Brasil. • “(...) entre 10 de março de 1534 e 18 de janeiro d 1536, o Piedoso concedeu doze capitanias-donatarias, divididas em quinze lotes, a doze titulares (...), que compreendia um total de 735 léguas de costa, abrangendo todo sertão at´r a raia de Tordesilhas:” (COUTO, 2011, p.239) Comentário: Essas capitanias eram concedidas com a obrigatoriedade de os beneficiários arcarem com todas as despesas dessa colonização, além de pagamento de tributos a coroa. Apesar dessas exigências as vantagens dos capitães também eram muitas, destacando a hereditariedade dessas terras, pensões que recebia dos tabeliões, vintena da dizima dos pescados, etc. Eles estavam responsáveis pelas áreas cíveis e criminal, a Coroa ficou com a responsabilidade de designar oficiais da Fazenda Real responsáveis pela arrecadação de tributos. • “São Vicente e Pernambuco eram as únicas capitanias-donatarias onde, apesar das dificuldades, se verificavam notórios avanços no cultivo do solo e na fundação ou crescimento de núcleos populacionais, embora os seus moradores também fossem alvo de investidas por parte de alguns grupos tribais hostis.” (COUTO, 2011, p.248) Comentário: Houve uma grande assimetria no desenvolvimento dos quinze lotes, a procura por metais preciosos falhou, alguns grupos indígenas, na Bahia e São Tomé, resistiram a penetração lusitana fazendo com que alguns colonos e seus governadores tivesse que se refugiar em capitanias vizinhas, ataque de castelhanos, maremoto em São Vicente, problemas da arbitrariedade no exercício da justiça, todos esses fatores influenciaram o funcionamento do modelo da exclusividade particular. Muitos capitães donatários ficaram seriamente endividados com as despesas com suas capitanias. Apesar das dificuldades, esse sistema ajudou a ampliar a presença portuguesa no Brasil. • “No final da década de quarenta, a América Portuguesa encontrava-se ameaçada no litoral pelos franceses e na bacia platina e no interior pelo crescimento da colonização espanhola. (...) a incapacidade das capitanias-donatarias para assegurar a completa ocupação e garantir a defesa eficaz do vastíssimo território brasílico. (...), bem como os abusivos praticados na administração da justiça levaram o círculo governativo joanino a ponderar, em 1548, a adoção de um modelo mais adequado aos desafios que a colonização da Província de Santa Cruz suscitava.” (COUTO, 2011, p.253) Comentário: A alternativa adotada por D. João III foi o Governo Geral, uma estrutura administrativa, jurídica, militar e fiscal (governador-geral, provedor-mor e ouvidor-geral) que se reportava diretamente a Portugal. • “Os regimentos régios reduziram substancialmente os poderes conferidos pelo soberano aos capitães-governadores e criaram um novo quadro institucional que reservava à Coroa um papel muito mais interveniente no governo do Brasil.” (COUTO, 2011, p.256) Comentário: As capitanias-donatarias continuavam, embora com menos poderes que agora deveriam ser exercidos por representantes diretamente nomeados pelo rei. Nesse período também foi instalada a diocese de São Salvador, na Bahia. • “Os motivos que terão levado D. João III a optar pela Bahia estariam relacionados com o abandono a que se encontrava votada devido a morte do seu titular e de muitos dos seus companheiros em combate com os tupinambás, com as exepcionais condições que proporcionava para a ancoragem de grandes frotas e, finalmente, com o posicionamento geográfico relativamente central (...)” (COUTO, 2011, p.261) Comentário: A Bahia foi escolhida como capital do governo geral e o herdeiro dessa capitania foi indenizado. Tomé de Sousa foi nomeado capitão da Bahia e governador-geral do Brasil. Uma das primeiras coisas feitas por ele foi a escolha da sede do governo geral, ele escolheu construir Salvador no alto de uma colina para ser esse lugar. Tomé de Sousa tinha uma série de responsabilidades e cumpriu muitas delas; abriu caminhos e construiu um estaleiro no Recôncavo Baiano, mandou subir o rio São Francisco para descobrir jazidas, inspecionou e fortificou capitanias, entre outras coisas. Mandou um relatório para D. João III sugerindo a adoção de algumas medidas que achava importantes, pediu para sair do cargo de governador- geral em julho de 1553. • “O superior dos jesuítas fundou, a 29 de agosto de 1553, a aldeia de Piratininga, (...), criou a catequese dos aborígenes, criou uma escola de meninos, (...). A 25 de janeiro de 1554, o Padre Manuel de Paiva, superior do grupo de jesuítas enviados por Nóbrega em missão a Piratininga, celebrou a primeira missa no rudimentar templo de taipa do Colégio São Paulo.” (COUTO, 2011, p.266) Comentário: Os “governadores” anteriores não queriam aumentar o conflito com os índios, porem Nóbrega queria catequizá-los e resolveu subir o planalto para ficar mais próximo dos índios. Na época de Duarte da Costa, governador geral que substituiu Tomé de Sousa, Nóbrega iniciou a catequese dos ameríndios e criou uma escola de meninos, essa aldeia foi o começo do que mais tarde viria a ser o bastião das bandeiras paulistas. • “A gradual ocupação do litoral resultante da expansão da colonização portuguesa reduziu paulatinamente o número de enseadas acessíveis aos navios franceses na “Costa do Pau-Brasil". As crescentes dificuldades encontradas (...) levaram-nos [os franceses] a envidar esforços no sentido de aliciar Henrique II a adotar uma política oficial de apoio à penetração gaulesa nas paragens tropicais, (...).” (COUTO, 2011, p.267) Comentário: Os comerciantes franceses aproveitaram a entrada do novo Rei para promover uma festa de encenava a realidade brasílica na beira do Sena com índios tamoios, malocas,animais, etc. Queriam despertar o interesse econômico nos soberanos. Além dessa festa, o monopólio ibérico do comércio ultra marinho induzira Henrique II a mandar uma expedição para obter informações sobres os recursos existentes no Brasil. A baía de Guanabara destacou-se por ser um dos poucos portos naturais que não tinham ocupação portuguesa e pela presença dos tamoios que eram aliados dos franceses e inimigos dos portugueses. • “Em julho de 1553, Nicolau Durand Villegagnon (1510-1572), cavaleiro da ordem de Malta, foi, em recompensa pelos serviços prestados à Coroa nos assuntos escoceses, nomeado vice-almirante de Bretanha.” (COUTO, 2011, p.268) Comentário: Villegagnon conseguiu diversos patrocínios, inclusive da coroa (que não declarou nada para evitar conflitos), e um contingente heterogêneo de 600 homens, tanto católicos como reformados, para vir ao Brasil. Chegaram ao litoral do Brasil na altura de Macaé, chegando mais tarde na baía da Guanabara, onde fundaram bases em lugares estratégicos, mas que não tinham água potável, o que os tornou dependentes dos índios e debilitou a capacidade de resistência a um cerco prolongado. Villegagnon achou o número de homens insuficientes e enviou seu sobrinho para angariar reforço. Era um homem com um rigoroso modelo de conduta e moral e, inclusive, proibia as ligações entre franceses e aborígenes o que causou um motim. Essas imposições em diversas áreas levaram a divergências, com o agravamento na concordância entre as reuniões religiosas os reformados foram expulsos, essa atitude fez com que o projeto da igreja reformada de mandar 700 homens para a França Antártica fosse abortado. Villegagnon volta a França atrás de reforços, mas, uma série de fatos ocorridos nesse período inviabilizam o retorno do cavaleiro de Malta a França Antártica. • “O segundo governador-geral do Brasil, embrenhado em conflitos com uma parte das autoridades civis e eclesiásticas, não reagiu à criação da França Antártica em terras brasílicas. A inactividade de D. Duarte da Costa em face dos gauleses e a contestação da Câmara do Salvador à sua atividade governativa levaram D. João III a tomar a decisão de o substituir por Mem de Sá (...)” (COUTO, 2011, p.273) Comentário: Mem de Sá veio com a missão de restabeleceu a ordem na capital e garantir a unidade territorial e religiosa da Província de Santa Cruz. A morte de D. Sebastião retardou a tomada de decisão sobre alguns assuntos do império. Nesse momento as relações com a França estavam difíceis, as tentativas diplomáticas de resolver o problema da ocupação francesa no Brasil foram inúteis. Essa situação foi analisada pelo conselho régio que decidiu atender ao pedido do governador-geral e enviar reforços para expulsar os gauleses do Brasil. Esse ataque foi organizado e Mem de Sá conseguiu informações com um dos reformados que havia sido expulso por Villegagnon, reforços foram enviados da capitania de São Vicente. Após dois dias de bombardeamento os defensores do forte Coligny se refugiaram em terra firme e o forte foi destruido. Uma aldeia dos tamoios também foi atacada em represália pelo apoio dado aos franceses. • “A queda do bastião francês na América suscitou profundas reações de hostilidade na Metrópole. (...) [um representante francês apresentou] um veemente protesto pelo ataque ao forte Coligny e de [exigiu] sua restituição. Esta diligência não obteve qualquer sucesso, uma vez que D. Catarina de Áustria reafirmou a pertença do Rio de Janeiro a Portugal, (...)” (COUTO, 2011, p.275) Comentário: Essa conquista portuguesa foi comemorada na capital do Brasil e a regente de Portugal, para evitar maiores conflitos, manifestou a disposição de libertar os franceses capturados, mas manteve firme a posição de que estava dentro de seus direitos no ataque ao forte Coligny. Essa posição encerrou as relações entre os dois países nesse período. As tenções religiosas enfrentadas dentro da França nessa época deixaram para segundo plano o comércio ultra marinho. • “Depois da partida da esquadra de Mem de Sá, um certo número de franceses regressou à Europa, enquanto outros, que permaneceram no Brasil, edificaram, conjuntamente com os tamoios, redutos fortificados em Urucu-Mirim (...) onde abasteciam de mercadorias os navios normandos e bretões que continuavam a frequentar aquela região, fornecendo armamento aos nativos e organizando ataques de surpresa a povoações portuguesas.” (COUTO, 2011, p.278) Comentário: Para resolver esse problema os portugueses teriam que ocupar a região fluminense e conseguir de alguma maneira trazer as tribos dessa região para o seu lado de maneira não violenta para evitar o gasto de recursos demográficos e financeiros. O padre Manuel da Nóbrega já havia enviado uma missiva para catequisar os povos dessa região e planejou propor uma aliança com os tamoios, as negociações duraram meses e não alcançaram o propósito inviabilizando a solução pacífica. • “A insegurança na zona meridional do território brasílico agravou-se devido à persistência da confederação dos tamoios da Guanabara, sob a direção de Cunhambebe. (...) Paralelamente, a permanência de núcleos de gauleses, (...), que asseguravam a manutenção do trato comercial com a França, (...)” (COUTO, 2011, p.279) Comentário: Diante desse cenário o regente da época enviou dois galeões para fundar o povoado do Rio de Janeiro. Tribos aliadas os portugueses que habitavam a Guanabara foram dizimados pelos tamoios em larga escala e buscaram refúgio em Vitória, devido esse histórico essas tribos foram chamadas para participar do empreendimento militar português. A expedição desembarcou, armou acampamento militar e fundou a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Estácio de Sá administrou essa ocupação. Durante essa ocupação foram travadas diversas batalhas e resultaram na expulsão dos Tamoios da região. Em um desses conflitos Estácio de Sá foi morto por uma flecha envenenada. • “O governador-geral ratificou as nomeações efetuadas por Estácio de Sá e proveu os cargos que ainda se encontravam vagos. Confirmou as anteriores concessões de sesmarias e procedeu à atribuição de numerosas novas doações de forma a promover a ocupação do território e o cultivo da terra.” (COUTO, 2011, p.285) Comentário: A fundação do Rio de Janeiro teve várias funções, como a de vedar o acesso dos franceses, garantir um ancoradouro importante e submeter os grupos ameríndios da região ao domínio lusitano. Os tamoios e franceses apresentaram resistência ainda por um bom tempo fundando aldeias na região de Cabo Frio, o que levou a morte de um grande número de índios e europeus que se encontravam nessas aldeias. Sem seus contatos no Brasil os franceses abandonaram o sudeste brasileiro. • “As tarefas de colonização como desbravamento de terras, construção de fortificações e dos mais variados tipos de edifícios, as acrescidas exigências de fornecimento de mantimentos para a subsistência dos novos habitantes (...), bem como a cultura da cana- de-açúcar, implicavam a existência de um elevado número de braços, fato que, atendendo à insuficiência dos recursos demográficos lusitanos no século XVI, tornou imprescindível a utilização de mão de obra indígena.” (COUTO, 2011, p.288) Comentário: No início os índios escravizados eram os capturados pelas tribos aliadas dos portugueses, esse sistema se tornou insuficiente. O trabalho agrícola, na cultura indígena, era designado ao sexo feminino, tornando mais difícil a “colaboração” dos índios escravizados. O sistema usado posteriormente foram os “saltos”, não respeitando sequer os grupos tribais aliados. Essa necessidade de mão de obra fez com que costumes antigos indígenas, como o ritualde sacrifício de prisioneiros, fossem subvertidos pela falta dos mesmos. Juntando a essa escravidão em massa, a imposição da religião e dos costumes lusitanos levaram os silvícolas a revoltarem e atacarem diversas aldeias e fazendas portuguesas. O que levou aos portugueses a reprimir violentamente várias tribos, mesmo as que antigamente eram aliadas, levando a migração forçada e significativa para o sertão e litoral do Maranhão e Pará. • “Estes dois rios, o das Amazonas e o da Prata, princípio e fim desta costa, são dois portentos da natureza... São como duas chaves de prata, ou de ouro, que fecham a terra do Brasil. Ou são como duas colunas de líquido cristal que a demarcam entre nós e Castela, não só por parte do marítimo, mas também do terreno.” (COUTO, 2011, p.296) Comentário: A difusão da visão de que o Brasil era uma “ilha” que era dividida das terras castelhanas pela junção do rio Amazonas e o da Prata foi lenta, mas foi um projeto português que teve certo sucesso. Portugal buscava aumentar seu território através dessa ideia. Este projeto deixou uma marca no imaginário português. Até a Monarquia Dual existiam duas capitanias reais, duas novas capitanias desanexadas da Bahia e a troca de titularidade de outras. • “O objetivo de incrementar a presença portuguesa no Novo Mundo, cuja a extensão territorial era imensa, conduziu o governo de D. Sebastião (1568-1578), após a morte de Mem de Sá, a adotar a solução de dividir o Brasil em duas unidades autônomas, medida que visava a tornar mais eficaz o governo de uma enorme Província que se encontrava em franco florescimento.” (COUTO, 2011, p.298) Comentário: Mem de Sá solicitou a sua substituição após um longo tempo no Brasil, o substituto acabou sendo morto durante um ataque de corsários a sua nau e foi implantado a divisão do Brasil em Norte (Salvador) e Sul (São Vicente). O aumento das despesas pela duplicação da máquina de governo e a divisão gerou diversos inconvenientes que levou a reunificação em 1577 com Lourenço da Veiga nomeado governador-geral.
Compartilhar