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FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL E ÉTICA - Eixo Ética e Tecnologia

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Ética e Tecnologia 
2º semestre / 2018 
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PRÓ-REITORIA DE ENSINO 
2018 
 
 
 
COLETÂNEA 
FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL E ÉTICA 
EAD (Módulo 54 / 2018) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Organizadoras 
Cristina Herold Constantino 
Débora Azevedo Malentachi 
 
 
Colaboradores 
Edson Dias dos Santos 
Fabiana Sesmilo de Camargo Caetano 
Letícia Matheucci Zambrana 
Rebeca Sabrina Vaz Lencina 
 
 
 
Direção Geral 
Pró-Reitor Valdecir Antônio Simão 
 
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Sumário 
 
 
 
 
 
 
 
Apresentação.................................................................................................................................................... 04 
Considerações Iniciais.................................................................................................................................... 05 
A leitura na sociedade do conhecimento...................................................................................................... 06 
Ética e Tecnologia...................................................................................................................................................... 08 
A ética digital e suas controvérsias na era da tecnologia........................................................................................ 11 
Informação, ética e tecnologia........................................................................................................................... 12 
Universidades dos EUA tentam trazer ética dos médicos para programadores.................................................... 15 
Nanotecnologia na Medicina: robôs em nós................................................................................................................ 17 
Os desafios da Cibersegurança: como evitar os males da inovação?.................................................................... 20 
Capitalismo Informacional.............................................................................................................................................. 23 
Qual é o efeito da tecnologia nas pessoas?............................................................................................................... 24 
Criador do Orkut: “Redes criaram uma geração que não sabe se comunicar”........................................................................................ 27 
Tecnologia e inovação: a base para o varejo do futuro....................................................................................................................................... 28 
Para competir com robôs no futuro, esta é a competência para aprender hoje............................................................................................. 21 
Filme..................................................................................................................................................................................... 33 
Livros.................................................................................................................................................................................... 34 
Músicas................................................................................................................................................................................. 38 
Tiras e Charges.................................................................................................................................................................... 40 
Considerações Finais........................................................................................................................................................ 44 
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Apresentação 
 
 
A Formação Sociocultural e Ética (FSCE) compõe um dos Projetos de Ação da UniCesumar, cujo 
principal objetivo é aperfeiçoar habilidades e estratégias de leitura fundamentais para seu desempenho 
pessoal, acadêmico e profissional. Nesse sentido, esta disciplina corresponde à missão institucional, a 
qual consiste em “Promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando 
profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária”. 
Conforme slogan da FSCE, “Quem sabe mais faz a diferença!”, o conhecimento adquirido por meio da 
leitura é a mola propulsora capaz de formar e transformar sujeitos passivos em cidadãos ativos, 
preparados para fazer a diferença na sociedade como um todo. 
 
Na FSCE, você terá contato com vários assuntos e fatos que ocorrem na sociedade atual e que devem 
fazer parte do repertório de conhecimentos de todos os que buscam compreender criticamente seu 
entorno social, nacional e internacional. Em síntese, no intuito de atender ao objetivo desta disciplina, a 
FSCE está dividida em seis grandes eixos temáticos: Ética e Sociedade; Ética, Política e Economia; Ética, 
Cultura e Arte; Ética e Ciência; Ética e Tecnologia; Ética e Meio Ambiente, sendo que nos dois primeiros 
eixos estão incluídos temas complementares e pertinentes propostos pelo Observatório Social do Brasil. 
 
Este material, também chamado de Coletânea, é o principal instrumento de estudo da FSCE. Recebe o 
nome de Coletânea porque reúne vários gêneros textuais criteriosamente selecionados para estimular sua 
reflexão e análise pontuais. Textos retirados de diferentes fontes, com a finalidade de abordar recortes 
temáticos relacionados ao conteúdo de cada eixo supracitado. Tem como principal objetivo ser um 
material de apoio à sua formação geral, servindo-lhe de estímulo à leitura, interpretação e produção 
textual. Uma Coletânea como esta é organizada a cada duas semanas, ou seja, a realização completa 
desta disciplina ocorre no período de 10 semanas. Cada Coletânea apresenta-se, inicialmente, com uma 
introdução, seguida por aspectos relacionados à leitura, interpretação e/ou escrita, os quais antecedem a 
apresentação dos diversos textos referentes aos respectivos eixos. A sequência de textos normalmente é 
finalizada com os gêneros: música, poesia ou frases e charges, sendo finalmente concluída com breves 
considerações finais. 
 
Você tem em suas mãos, portanto, uma compilação por meio da qual terá acesso a um conteúdo seleto de 
textos basilares para sua reflexão, aprendizagem e construção de conhecimentos valiosos. Textos 
compostos por fatos, notícias, ideias, argumentos, aspectos veiculados nos principais meios de 
comunicação do país, links de acesso a entrevistas, depoimentos, vídeos relacionados ao eixo temático, 
além de respaldos teóricos e práticos acerca da linguagem que poderão servir como suporte à sua vida 
em todas as instâncias. Também, importa lembrar que a organização deste e demais materiais da FSCE 
não pressupõe qualquer tendência político-partidária e/ou apologia a qualquer grupo religioso em 
detrimento de outros, sendo que estamos disponíveis ao recebimento de indicações de textos, sites, tanto 
quanto às sugestões de conteúdos relacionados aos referidos eixos. Faça, portanto, da FSCE sua porta 
de entrada para a aquisição de novos conhecimentos. 
 
Vista a camisa do conhecimento e seja MAIS! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Considerações Iniciais 
 
 
 
Na esfera da tecnologia, o tempo parece avançar ainda mais rápido enquanto a vida se resume a 
conexões e aplicativos. E, nesse ritmo, nem sempre a sensação ao final do dia é de tarefa cumprida, pelo 
contrário. No túnel do tempo, somos beneficiados e, ao mesmo tempo, consumidos pelas novidades 
tecnológicas. Conectados a elas, fazemos mil coisas ao mesmo tempo para resolvermos as mais 
urgentes e, muitas vezes, não damos conta das mais importantes. Tornar-se um bom gestor do tempo 
tem sido, se não o maior, umdos maiores desafios contemporâneos. E, nesse ritmo, caminham os filhos 
da sociedade tecnológica... Rumo ao risco da dependência digital que se instala sem pedir licença... 
 
Ao mesmo tempo em que testemunhamos avanços fenomenais na tecnologia, estamos sujeitos a nos 
tornar dependentes daquilo que, na verdade, 
deveria nos tornar mais livres. Neste material, 
propomos plugar nossas antenas neste 
universo de novidades, na tentativa de 
entendermos melhor quem somos ou 
deixamos de ser no meio disso tudo. Para 
começar, como de praxe, apresentamos uma 
seção específica sobre leitura, desta vez mais 
diretamente associada à escrita. 
Posteriormente, apresentamos os textos 
selecionados exclusivamente para esta 
coletânea. Em síntese, são diversos gêneros 
sobre assuntos que vão desde os valores éticos na sociedade tecnológica, passando por curiosidades 
acerca da evolução e dependência digital, da inteligência artificial, dentre outros recortes temáticos que 
sugerem reflexões bastante pertinentes. Por fim, tiras, charges, músicas, dentre outros. 
Sem dúvida, o mundo não para e é fundamental que a tecnologia continue a nos fazer avançar. Entretanto, 
consideramos essencial e oportuno desacelerar um pouco do nosso tempo não apenas para angariar 
informações, mas também para favorecer reflexões pontuais que nos permitam compreender melhor em 
que medida o avanço realmente nos faz progredir enquanto pessoas que sabem ocupar com alteridade o 
nosso lugar neste mundo, e o quanto de nós e do nosso tempo investimos neste lugar para nos dedicar ao 
outro e ao que realmente faz a vida valer a pena. 
 
 
 
 
Boa leitura! 
 
 
Organizadoras 
 
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A Leitura na Sociedade do Conhecimento 
 
A leitura possibilita prazeres, saberes, reflexões e ações. É fundamental saber realizar a leitura do mundo, 
do contexto vivenciado que antecede a leitura da palavra, para conciliar na vida pessoal, educacional, 
profissional e social. Quantas vezes a leitura se torna elemento diferencial na vida das pessoas? Será que 
o sujeito pode, com leituras, ganhar mais qualidade de vida? Quais as leituras que são necessárias para 
sobreviver e conviver na sociedade globalizada e globalizante? 
 
O conceito de leitura amplia-se a cada dia, de acordo com vivências e experiências no pulsar das 
informações e, em especial, com o avanço da tecnologia dos meios de comunicação e da mídia. Pode-se 
ler um quadro de Da Vinci da mesma forma que se pode fazer uma leitura critica de um filme de Fellini. 
Nesse universo de textos - tudo é texto - independente do suporte em que se apresenta, o leitor infere 
sentidos ao que se mostra aos seus olhos. 
 
A sociedade global apresenta dois aspectos: fragmentos e efemeridades da informação. Obras muitas 
vezes são mutiladas, escolhem-se fragmentos de textos como capítulos de livros, partes de artigos, 
frações de filmes, imagens descontextualizadas para efetuar leituras, ou seja, ideias de autores são 
recortadas e agrupadas como se fossem uma colcha de retalhos. Que ideias fragmentadas podem ser 
usadas para construir uma sociedade melhor ou até mesmo uma sociedade que utiliza a informação digital 
no desenvolvimento do ser humano? Vive-se um momento de informações apresentadas através de 
"recortes" e, ao mesmo tempo, se busca formar cidadãos integrais - como conviver com esta contradição? 
 
O ser humano precisa realizar leituras diversificadas e de qualidade para sobreviver na era da 
globalização. O mais importante é saber selecionar as leituras evitando a sobrecarga informacional. No 
caso, zapear a informação, saber localizar a informação significativa [...]. Caso contrário, haverá desgaste 
físico, emocional, racional e pouco aproveitamento das informações. 
 
As efemeridades tornam-se constantes no fazer, no ter, no ser e no saber. Efemeridades na rede de 
relações podem sofrer a influência da velocidade na transmissão da informação; podem repercutir na 
flexibilidade de espaços e ambientes; e podem, também, oportunizar condições atemporais e físicas no 
sentido de movimentar ações do ser humano. A informação on-line permite novos modos de dinamizar o 
acesso e, possivelmente, reforçar o uso da informação. Isso tudo pode desencadear o desenvolvimento de 
leituras e fortalecer ações para integrar o sujeito na aldeia global, se ele está conectado pela rede de 
computadores. 
 
Para o sujeito interagir no ambiente da Sociedade da Informação, existe a troca de identidades e de 
responsabilidades. A identidade começa a ser reportada a endereços eletrônicos na World Wide Web. Não 
necessariamente o sujeito precisa viver em determinado país para possuir um endereço de correio 
eletrônico daquele país, mas, necessita possuir acesso e fazer uso de provedor de informações de um 
país, indiferente de seu posicionamento geográfico ou até mesmo político ideológico. 
 
[...] A efemeridade pode ser percebida quanto aos endereços eletrônicos, sejam de sites ou de 
correspondência eletrônica, facilmente mutáveis, isto é, ontem um, hoje outro e quiçá amanhã nenhum 
destes ou, então, um bem diferente. Alteram-se vínculos com identidades. A característica dessa era pós-
industrial potencializa o sujeito em relação aos signos (tempo real), às técnicas (das ações, do corpo e do 
ambiente físico), e à crescente complexidade das relações sociais (no uso da violência, do poder, e da 
informação). A privacidade do ser é invadida, manipulada e controlada por ações e por sujeitos muitas 
vezes não facilmente identificados. As consequências percebidas são, por exemplo, o recebimento de lixo 
eletrônico, tornando as leituras cada vez mais seletivas. Será que as pessoas estão preparadas para 
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identificar a origem, a credibilidade e as funções de mensagens? Ou, será que sabem das consequências 
provocadas por softwares embutidos que podem danificar seu equipamento de leitura (desde o 
computador e respectivos programas de acesso à informação na web)? Com a interação do sujeito no 
espaço cibernético, identidades são criadas e a identidade primária perde características de sua 
singularidade, sua pessoalidade e até mesmo ganha variâncias na personalidade e transforma-se em um 
sujeito plural ou um sujeito global. Deste sujeito, podemos lembrar McLuhan, na década de 1960, ou seja, 
viver no mundo da aldeia global hoje não é apenas uma teoria e sim uma realidade. Tudo isto é possível 
numa sociedade que está interligada por redes de relações e redes de computadores [...]. Mas cabe 
destacar que um sujeito fragmentado e de visibilidade efêmera (pela presença de endereços virtuais) 
dificulta uma visualização do real, da proximidade, do ser. Certamente isso repercute na emoção e 
sensibilidade do sujeito. Este sujeito, composto por fragmentos e por sinais efêmeros, deixa uma pergunta: 
como as pessoas poderão construir uma imagem mais aprofundada de seu próximo? 
Acesso e uso da informação na era do conhecimento 
O acesso e uso da informação on-line, num clicar de teclas, podem romper estruturas milenares. A 
comunicação de massa, especificamente a internet, se apropria das novas tecnologias de informação e 
comunicação para levar sua mensagem. Cabe ao ser humano interagir no mundo, utilizar os poderes do 
digital - que implica em ser real, virtual, atual e a devir - para potencializar as dimensões do ser. Mas, que 
ser humano é este numa sociedade em constante mutação? Nesta sociedade que se diz ser da 
"informação" nos quais os valores éticos, culturais e educacionais perdem balizas estabelecidas durante o 
longo processo de civilização da humanidade? 
 
O comportamento das pessoas tem mudado e, consequentemente, das instituições também. Existem 
aspectos positivos, mas, os negativostambém acompanham o interagir no mundo das leituras. As 
estruturas organizacionais alteram os modos de interação: algumas vezes é mais fácil e cômodo obter 
informações no ambiente on-line, outras vezes, observa-se entraves tecnológicos e cognitivos isolando as 
pessoas e impedindo-as de participarem na Sociedade da Informação. A Internet no Brasil pode ser 
considerada como um espaço no qual só uma pequena parcela da população tem acesso à informação; é 
preciso que seja mais socializado e democratizado para toda população. O Indicador Nacional de 
Analfabetismo Funcional - INAF (2005) aponta que no Brasil 25% da população já utiliza computadores, 
principalmente para consulta na Internet e no uso do correio eletrônico. Mas, conforme os dados do INAF, 
entre os brasileiros de 14 a 64 anos, só 47% completaram a 8ª. série da educação básica (ensino 
fundamental), isto é, 53% da população não alcançaram o nível de escolaridade mínimo delineado pela 
Constituição brasileira como essencial. Cabe ao leitor de textos de páginas impressas a telas, diferenciar o 
essencial, o relevante, o importante, o referencial e não cair no mar das informações disponibilizadas, pois, 
como um bom navegador de oceanos, precisará manter o foco, ter um propósito claro e conseguir a 
informação precisa para a tomada de decisão. É necessário tornar o fazer-saber-pensar uma mola 
propulsora de desenvolvimento, de criatividade e, assim, gerar conhecimentos e inovações para melhoria 
da qualidade de vida. 
Autoras: Lafaiete da Silva Carvalho, Ursula Blattmann, Lúcia de Lourdes Rutkowsky Bernardes e Graça Maria Fragoso 
Disponível em: <http://revista.acbsc.org.br/racb/article/view/459/575> Adaptado. Acesso em: 25 set. 2018. 
 
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Textos Selecionados 
O texto que inaugura esta coletânea é fundamentalmente reflexivo e, portanto, nos leva a pensar 
que tipo de ética queremos para este mundo tecnológico? Até que ponto muitos dos desastres 
poderiam ser evitados se não fosse imposta uma tecnologia para a qual as pessoas não estão 
preparadas? Em que medida a educação pode formar cidadãos conscientes e agentes 
transformadores dando à ética o lugar devido? 
 
Ética e Tecnologia 
Dr. José Liberado Ferreira Caboclo 
 
A tecnologia invadiu as três atividades humanas fundamentais, conforme a sistematização de Hannah 
Arendt. Labor, trabalho e ação foram completamente modificados no último século, a tal ponto que até a 
mais privada de todas as atividades 
humanas, o labor, tornou-se pública. 
Se em outro tempo se poderia dizer que 
a condição humana do labor é a própria 
vida, ou seja, o processo biológico do 
corpo humano cujo desenvolvimento e 
declínio dependem da satisfação das 
atividades básicas atendidas pela 
atividade laborativa, hoje, este processo 
elementar já tem uma dependência 
íntima com o conhecimento tecnológico. 
O homem mais humilde, desprovido de 
ambição do acúmulo de riqueza, vivendo numa sociedade razoavelmente organizada já não mais 
consegue cumprir apenas a sua atividade laborativa. As leis e diretrizes sociais obrigam-no a 
compromissos que o excedente da sua atividade laborativa não atenderá. A sua alimentação, que ele 
mesmo produz por meio de uma agricultura primitiva, talvez não consiga atingir um valor no mercado, de 
tal forma que, o excedente sendo vendido, não será suficiente para que ele pague as taxas e impostos da 
"sua propriedade". Até mesmo a água que ele bebe, seja de um poço, ou de um sistema de captação e 
distribuição, sofre um controle tecnológico. A sua composição deve ser avaliada por uma instituição 
tecnicamente competente. A quantidade de micróbios desta água tem de estar dentro de um limite 
aceitável. Ele pode até ser obrigado a se mudar do lugar que escolhera para viver, se os controladores do 
meio ambiente concluírem que o ar por ele respirado tem uma concentração muito alta de dióxido de 
carbono. O destino dos seus dejetos não mais lhe cabe decidir. Eles terão de ser encaminhados a um 
sistema adequado de drenagem e terminarão numa usina de compostagem, onde se transformarão em 
fertilizante biodegradável. No seu isolamento, sequer uma atitude estoica, de convívio com a dor, lhe é 
permitida. A dor, reflexo de uma enfermidade de causa desconhecida, implicará numa investigação 
profunda, para que se afaste o perigo de eclosão de uma endemia. Ele será radiografado, tomografado, 
sonorizado e ressonorizado magneticamente. Todos os líquidos do seu corpo serão cientificamente 
caracterizados. Ele poderá, ao fim de todos esses exames, ser geneticamente aconselhado a não ter 
filhos. A sua capacidade de reproduzir foi cerceada tecnicamente. Talvez ele possa até ter filhos, desde 
que a sua mulher faça um exame especial para afastar a possibilidade de uma segregação perigosa de 
genes. A tecnologia permite que ele "escolha adequadamente o seu objeto ideal. Melhor que os seus 
sentimentos". 
Viver simplesmente a vida passou a ter um custo que a simples atividade laborativa não consegue 
atender. Em toda a história da humanidade, nenhum ditador, nenhum império exerceu um tamanho 
domínio sobre o homem. Não mais existe a possibilidade de se viver em contato com a natureza sem a 
pretensão de dela não se apropriar. 
A ética do desenvolvimento tecnológico se fundamenta numa existência mais longa e mais prazerosa. O 
prazer, no entanto, jamais é atingido numa atitude passiva. A tecnologia imposta, num sistema de 
acumulação de riqueza, perde seu significado ético, porque, de modo contraditório, gera um sofrimento 
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desenfreado. O desenvolvimento tecnológico industrial nada tem a ver com um índio que, um dia à beira 
de um rio, observando o seu curso, percebe que as escamas do peixe brilham sob a luz solar. Aprende a 
pescá-lo com a mão e corre para a sua taba, carregado de piramutabas. E difunde para toda a sua tribo a 
sua descoberta, além de, com eles, compartilhar o incremento da produtividade decorrente do progresso 
tecnológico. Singelamente, aquele indígena definiu a subordinação da técnica ao modo de produção, o 
caráter ético, a função social e a apropriação social do progresso técnico. 
A perda quase total de significação da atividade laborativa é um dos fatores principais de nossa 
desagregação social. A migração das populações rurais e a prostituição feminina decorrem da extinção da 
chamada economia de subsistência. 
Os migrantes para os centros urbanos vão contrair sócios na sua atividade laborativa (empregada 
doméstica), que lhes permite viver sem evoluir para um trabalho que não existe ou para o qual não têm 
competência ou, pelo menos, competitividade. Em outras situações, mascaram uma atividade laborativa, 
como se fosse um trabalho, posto que vendem sua força por um preço inferior ao custo e custeio da 
máquina (servente de pedreiro). 
Finalmente, promovem a ausência de dor por falta de afeto, perspectiva de felicidade, dentro da existência 
privada do indivíduo isolado do mundo (prostituição). 
Na esfera do trabalho, o avanço tecnológico melhorou a qualidade de vida na medida em que diminuiu a 
dor corporal, reduziu a utilização da força física e, com isto, absorveu maiores contingentes humanos, 
facilitou o aprendizado, aproximou o homem à distância e reduziu as especulações exotéricas. No entanto, 
a tecnologia deu ensejo a emoções negativas, excluiu humanos não competitivos, diminuiu a criatividade 
humana, distanciou os homens na sua proximidade e aumentou o misticismo não religioso. Mas, muitas 
vezes, se confundem as distorções trazidas pela tecnologia com as incorreções de governos não 
democráticos. Há que se distinguir a origem das imperfeições. 
Negar a aquisição de tecnologia a uma sociedade, seu domínio e sua implementação, é condená-la a um 
estado de submissão e de empobrecimento inexorável. Dominar uma tecnologia nada tem a ver com a sua 
aplicação imediata, sem seconsiderar outros fatores condicionantes. O domínio tecnológico envolve 
investimentos em pesquisa. 
Em qualquer nação organizada, este investimento deve ser feito sob o controle da sociedade. Esta é uma 
atitude ética. É uma interpretação errônea presumir que a liberdade criativa deva ser assegurada para que 
a pesquisa possa se desenvolver mais plenamente. Não se pode, de modo algum, submeter a vontade 
coletiva aos desejos individuais. O que parece ser uma posição liberal, na realidade, transforma-se numa 
típica atitude nazista. Nada justifica uma atitude procrastinatória em relação à aquisição de tecnologia. Não 
existe limite para o investimento. O que se deve limitar é a abrangência da aplicação do avanço 
tecnológico. O acesso ao progresso tecnológico deve ser eticamente estabelecido por parâmetros de 
prioridade. Infelizmente, a não-fixação de limites de demanda impede a investigação vertical. Uns poucos 
são contemplados a curto prazo. A 
médio e longo prazo todos perdem. 
Teme-se enfrentar uma realidade 
indesejável, não tanto pela sua 
inexorabilidade, mas muito mais por 
atitude de onipotência, elaborada 
como se fosse uma posição idealista. 
Procura-se uma explicação 
conjuntural para a impossibilidade e 
se perde tempo e energia num 
preciosismo ridículo. Pesquisa não se 
faz num só projeto, nem muito menos 
numa só geração. A pesquisa deve 
ser uma atividade contínua, não condicionada a verbas flutuantes, nem muito menos dependente de 
paixões pessoais. 
Numa sociedade heterogênea, em que diferentes segmentos se encontram em fases assincrônicas de 
desenvolvimento, deve-se fugir da atitude escapista que postule a satisfação prioritária das necessidades 
básicas antes de "se aventurar" em projetos mais avançados. Se existe alguma aventura, é a teimosia em 
se querer negar que muito da defasagem no desenvolvimento se deve justamente à submissão 
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tecnológica. E mais, é querer negar que o avanço tecnológico pressupõe a simplificação dos modelos, 
tornando-os mais acessíveis às comunidades mais atrasadas. 
Um programa nuclear deve ser pesquisado com obstinação. Se não existem recursos para a montagem de 
uma usina termonuclear, que se construa um pequeno reator até mesmo para finalidade didática, de tal 
forma que os cientistas do país possam apreender a evolução dos conhecimentos. O mesmo deve ocorrer 
em todas as áreas do desenvolvimento tecnológico: fibra ótica, supercondutores, biotecnologia, químico-
farmacêutica. 
O não-desenvolvimento tecnológico é antiético, na medida em que torna uma sociedade definitivamente 
subordinada aos interesses imperialistas de outras nações. Não se pode mais aceitar velhas teses da 
harmonia de objetivos, que é a característica básica da economia clássica. Mesmo os liberais admitiram a 
existência de um único objetivo, como se houvesse uma mão invisível a produzir a harmonia dos vários 
interesses. De modo diferente, Marx encarou a realidade do conflito e anteviu a hipotética ficção da 
harmonia. A sociedade pós-moderna tem mostrado uma característica não prevista. Os segmentos mais 
privilegiados assumiram uma atitude de conformismo ante a evolução tecnológica, de tal forma como se 
dissesse - vamos para a festa, assim já está bom. Este neoconservadorismo é designado por apelidos 
notáveis - preservação do planeta, conservação ambiental, respeito aos códigos morais e religiosos. 
Chega-se mesmo a se contar como atos heréticos certas práticas da engenharia genética. Não é ético 
limitar o conhecimento humano. Mais uma vez cabe à sociedade disciplinar seu uso. 
Durante muito tempo a cultura ocidental judaico-cristã aceitou o postulado platônico da criatividade 
humana, segundo o qual toda invenção é um ato do pensamento. E o pensamento é um atributo de Deus, 
que é um ser infinito pensante, completaria Spinoza. A velha tese Aristotélica de que a criatividade 
humana decorre apenas e tão-somente de um sem número de percepções que modulam o pensamento foi 
rejeitada pelos ideólogos das religiões cristãs. Muito antes da descoberta do inconsciente, Agostinho e 
Nicolaus de Cosa entenderam que o trabalho criativo está intimamente relacionado à capacidade 
emocional do amor e da paixão. É dentro desta concepção que se pode admitir uma perfeita conciliação 
ética entre o avanço tecnológico e a harmonia da sociedade. Não se trata de se exigir uma 
homogeneização da sociedade, graças à adoção de políticas que incluam a potencialidade de todos. Esta 
pseudovisão marxista levaria, fatalmente, a sociedade a uma estagnação e submissão irreversíveis. 
Cumpre antes ensejar o desenvolvimento tecnológico e delimitar a sua implementação aos segmentos, 
cujo estágio cultural de desenvolvimento o permita. A tabuada deve conviver com o supercomputador, o 
míssil com o estilingue, o transplante com a pajelança, a máquina de lavar roupa com a tina da beira do 
rio, o alimento congelado com o feijão da panela de barro preparado no velho fogão de lenha. A atitude 
ética que permite a fusão destas realidades é a educação. 
A imposição de uma tecnologia a uma sociedade que não teve uma educação adequada para recebê-la 
tem provocado os maiores desastres para a humanidade. Levaram, por exemplo, jovens a matarem 
milhões de míseros camponeses asiáticos, na presunção de que eles representavam uma grande ameaça 
para a democracia do novo mundo. Esta educação deve, obrigatoriamente, priorizar o aprendizado de 
atitudes coletivas de respeito humano, segundo a tábua dos mandamentos os mais sagrados. Tudo dentro 
da proposição de Spinoza - todas as ideias, enquanto se referem a Deus, são verdadeiras! 
O desenvolvimento tecnológico passou a envolver um outro tipo de dominação, o código da propriedade 
intelectual. A tecnologia industrial, atualmente, se encontra em discussão em quase todo o mundo em 
função de certas conquistas recentemente atingidas, e enfrenta problemas de natureza ética. O nosso 
país, por exemplo, há cerca de vinte anos deixou de reconhecer o direito de patente sobre produtos 
químicos farmacêuticos e sobre produtos nutritivos. O capital internacional agora tenta obter o direito de 
patente, não só para este tipo de produto, como também para os resultantes de processos 
biotecnológicos. Argumenta-se que o investimento em pesquisa é muito grande, nem sempre com retorno 
imediato e, portanto, o direito à patente se justifica ante a necessidade de se cobrir os custos de produção 
e poder-se continuar num processo de investigação, necessário à melhoria da qualidade de vida de toda a 
humanidade. Quando se pergunta se o preço do produto já não inclui estes gastos, a resposta é a de que 
a reprodução imitativa por um competidor impediria uma concorrência efetiva no mercado. Não deixa de 
ser paradoxal - o neoliberalismo pedindo a interferência do Estado para proteger a economia. Ou seja, o 
neoliberalismo aceita o Estado que defenda as suas incoerências. Quando se pergunta ainda por que a 
patente com direito à exploração monopolista não pode ser substituída pelo pagamento do royalty, a 
explicação é que seria impossível o controle da produção. Não há qualquer dúvida de que a patente 
poderá ser um artifício de estímulo à competitividade técnico-científica. Mas, não se pode deixar de 
considerar o aspecto global do relacionamento econômico entre as diferentes sociedades. A ética não 
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pode prevalecer em situações circunscritas. Antes, deve nortear acordos bilaterais em que não só a 
propriedade intelectual, mas outros fatores devam ser equacionados. 
Um organismo internacional do tipo Gatt, que regule todos os assuntos pertinentes à proteção industrial e 
agrícola, está fadado ao insucesso, posto que é impossível uma sistemática única que contemple as 
expectativas de países em fases diferentes de desenvolvimento. A patente seria mais bem regulamentada 
em acordos bilaterais, sendo a transferência de tecnologia uma determinante parauma posição 
consensual. 
Do ponto de vista moral-filosófico, a patente é antiética no conceito de Spinoza. Com efeito, o pensamento 
de Deus é infinito e o ato de pensar está em Deus. Não cabe tributar a criação divina. 
Disponível em: <http://www.portalmedico.org.br/biblioteca_virtual/des_etic/26.htm> Adaptado. Acesso em: 20 set. 2018. 
A tecnologia poderá se tornar uma ameaça? O próximo texto é um artigo de opinião e como tal 
revela o ponto de vista do autor ao longo de sua abordagem. Neste sentido, desafiamos você a 
fazer uma leitura crítica e analítica acerca da ética digital ponderando em que medida se têm 
considerado valores e princípios nas interações digitais entre empresas, pessoas e coisas. 
Parece que a educação acaba sendo aventada como uma possível ajudadora no processo. 
Minimamente, ela pode contribuir para uma formação leitora proficiente. Veja você também e 
forme a sua opinião! 
 
A ética digital e suas controvérsias na era da tecnologia 
Não é de hoje que as inovações tecnológicas pautam diálogos na sociedade, provocam o interesse da 
mídia e pesquisadores e impactam as relações e ações do cotidiano. Seja por meio do uso de algoritmos e 
softwares inteligentes, de máquinas capazes de imitar o raciocínio humano, nas tomadas de decisões no 
trabalho ou no modo como nos comunicamos, a tecnologia se faz presente o tempo inteiro. No entanto, ao 
mesmo passo que a automação proporciona inúmeros benefícios, há também um maior risco de 
comprometimento da ética e de quebra da confiança humana. 
Conceito 
De acordo com a Gartner, empresa do ramo das pesquisas, consultorias, eventos e prospecções do 
mercado de TI, ética digital é o sistema de valores e princípios adotados por uma empresa na condução 
de interações digitais entre empresas, pessoas e coisas. “Para aplicar o conceito, as empresas devem 
considerar o que é moralmente desejável para o cliente e não apenas o que é possível para a tecnologia 
ou permitido pela lei. Ao meu ver, o primeiro passo para 
compreender a ética digital seria por meio da educação 
tecnológica nas escolas e de planejamento no governo ao 
elaborar sua legislação”, afirma Patrick Simon, professor de 
Comunicação Social na Newton. 
O docente destaca que a preocupação com a ética digital 
vem desde a década de 80, com o lançamento, na época, 
do filme “Blade Runner - O Caçador de Androides”. O longa 
mostra uma corporação que criava robôs virtualmente 
idênticos aos seres humanos, levantando discussões sobre 
as diferenças entre homem e androide e questões sobre a 
moral na humanidade. “O assunto não é novo, mas ainda 
traz conflitos entre comunidade, empresas e a utilização da internet, por exemplo. A maioria das pessoas 
domina muito pouco as tecnologias e não sabem para onde elas estão caminhando e nem como elas são 
usadas. E, por esse motivo, acho que o tema ética digital é bem abrangente, justamente por não haver 
transparência nas interações entre os grupos sociais envolvidos”, explica. 
Caso Facebook 
Em março, o Facebook se envolveu em uma repercussão com a revelação de que as informações de mais 
de 50 milhões de pessoas foram utilizadas sem o consentimento delas pela empresa norte-americana 
Cambridge Analytica, com o objetivo de fazer propaganda política. A empresa teria tido acesso ao volume 
de dados ao lançar um aplicativo de teste psicológico na mídia social. Aqueles usuários do Facebook que 
12 
 
participaram do teste acabaram por entregar à Cambridge Analytica não apenas suas informações, mas os 
dados referentes a todos os amigos do perfil. “A denúncia levantou dúvidas sobre a transparência e o 
compromisso da empresa com a proteção de dados dos usuários, pois não sabiam que seus dados 
estavam sendo usados indevidamente”, conta Simon. 
Os dois lados da inovação 
Segundo o professor, as pessoas precisam equilibrar os riscos e recompensas da transformação digital. 
“Temos que analisar as duas linhas da corrente. Muitos consideram que a tecnologia está avançando 
rápido demais e pode se tornar uma ameaça. Um caso seria a substituição de muitos profissionais pela 
máquina. Outros entendem que ela é necessária e faz parte de um processo natural. O que não podemos 
ser é ingênuo ao achar que seus impactos serão só negativos ou só positivos. Como comunicador, 
acredito plenamente que a inovação digital é a melhor alternativa na busca por um mundo mais 
equilibrado, justo e ecologicamente sustentável. Ela reduz custos em muitas operações, otimiza trabalhos 
e reduz impacto físico no planeta”, diz. 
Por outro lado, Simon ressalta que, mesmo com tantas vantagens, a transformação digital segrega muitos 
indivíduos, especialmente aqueles que possuem um reportório menor e têm menos possibilidades de 
mudar suas carreiras. “Infelizmente, falta conhecimento por parte da população. Para se ter uma ideia, 
muitas pessoas não sabem que, ao curtirem uma página, também abrem uma brecha para que a empresa 
continue enviando informações sobre ela. É importante compreender que cada interação propõe e 
influencia outros aspectos dentro da plataforma envolvida”, destaca. “Outra coisa para ficar atento é 
entender que não existe nada gratuito na internet. Quando algum conteúdo é disponibilizado 
gratuitamente, o que mais interessa para essa mídia são os dados do seu público. Essas informações 
permitem que muitos negócios conquistem seus objetivos entrando na vida das pessoas, compreendendo 
seus universos e quais são seus desejos”, finaliza. 
Disponível em: <https://www.newtonpaiva.br/deolhonasuacarreira/a-etica-digital-e-suas-controversias-na-era-da-tecnologia> Acesso em: 21 ago. 
2018. 
Novamente, a ética em meio à tecnologia e à informação. E, novamente, a postura crítica frente 
às informações pode fazer toda a diferença. Questiona-se, por exemplo, em que medida a 
tecnologia pode ser ética se quem se utiliza dela não o for? Quais as perdas e ganhos de se 
submeter à tecnologia? Você, como parte desta geração conectada, está atento a isto? 
 
Informação, ética e tecnologia 
Numa entrevista concedida à revista PerCursos (v.17, n.34) em outubro 
de 2016, falamos, entre outras coisas, sobre a censura, a ética nos 
algoritmos e a necessidade da competência informacional como 
ferramenta para viver na nossa sociedade da informação, onde as 
notícias falsas, preconceitos e os interesses da mídia impregnam as 
informações que acessamos diariamente. Segue abaixo a entrevista na 
íntegra. 
 
PerCursos: Atualmente, as tecnologias influenciam substancialmente na 
forma de acesso e apropriação da informação por parte dos indivíduos. 
No caso da mídia tradicional, observamos fontes de informação, como a 
Internet, Televisão e Rádio, as quais, muitas vezes, têm efeito contrário: 
ao invés de informar, elas “desinformam”. O que é necessário para se 
faça uma boa escolha das fontes de informação? 
 
Se falarmos de informação científica, existem muitas instituições e 
profissionais encarregados de pesquisar, gerenciar, compartilhar e 
publicar este tipo de informação para a área que precisarmos. No 
âmbito da ciência, a informação passa pelo filtro da comunicação 
científica, que ajuda a identificar informações erradas, com metodologias incorretas ou incompletas, entre 
outros, mediante a revisão por pares quando submetemos um artigo a uma revista. No caso da informação 
jornalística ou geral, muda um pouco. A influência das grandes mídias na população é maior, e geralmente 
atrás das grandes companhias existem fortes interesses econômicos privados. Manuel Castells em “O 
13 
 
Poder da Comunicação” trata alguns dos problemas da mídia e o poder que exerce sobre a população. 
Com a internet, mudou a comunicação unidirecional dos jornais ou os noticiários da TV para uma 
comunicação em que o usuário também participa e interatua com a informação, no que agora se denomina 
segunda tela. 
 
Por um lado, é umaboa notícia, por outro, sem a formação mínima necessária, as informações acessadas 
não serão de muita utilidade se a população não tem as competências para diferenciar entre informações 
objetivas e subjetivas. Não devemos esquecer que atrás das fontes de informação, científicas ou 
periodistas, estão os humanos. Não podemos exigir que os cientistas ou jornalistas sejam 100% 
éticos se a sociedade não é, porque como acontece com os políticos, eles sãos simplesmente um 
reflexo da sociedade; se a sociedade é corru[p]ta, também veremos corrupção nas informações ou nas 
fontes em que se encontram. Neste sentido, ter uma boa competência informacional é fundamental para 
reduzir, na medida do possível, a chance de sermos manipulados ou enganados. 
 
PerCursos: Ao pensar mais especificamente na Internet e na sua amplitude e abrangência, ficamos 
sujeitos a algum tipo de censura, ocultação ou manipulação de informação quando obtemos resultados de 
uma determinada busca? 
 
O buscador quase onipresente nas buscas dos usuários no mundo inteiro, Google, oferece resultados 
conforme os nossos interesses, ou melhor, segundo os interesses que a corporação estadunidense 
considera que são os interesses dos seus usuários, porque eles fazem um perfil muito completo de cada 
um de nós. Há uns anos, quando o buscador operava na China, fiz um pequeno teste procurando “Praça 
Tiannamen” no Google Imagens dos EUA, Espanha, França, Itália e China (e ampliei um tempo depois 
em: “Las principales formas de censura en internet“. Os resultados dos quatro primeiros países eram 
parecidos: a icônica imagem de um homem de calças pretas e camisa branca, com uma maleta e uma 
sacola nas mãos parado frente a um fila de tanques de guerra. A imagem é um ícone mundial da 
resistência contra o poder. Quando se procurou o mesmo termo na versão chinesa do buscador, apenas 
apareciam imagens da praça na atualidade, sem aparecer nenhuma imagem relacionada com a forte 
repressão acontecida nesse lugar. Os resultados estavam “filtrados”. 
Hoje, o Google não opera mais na China, mas sua forma de atuar continua sendo a mesma. Por exemplo, 
Google Maps muda as fronteiras dependendo de onde o acessemos (2, http://www.popsci.com/does-
google-create-worlds-borders ). Já existem algumas vozes que consideram que deveria existir um 
motor de busca público que garanta que os resultados apresentados não apresentam manipulação, 
ocultação e nenhum tipo de censura. Poderíamos ampliar este raciocínio para a criação de um 
organismo público internacional para a preservação dos conteúdos na web. Seja como for, o papel do 
profissional da informação e da competência informacional deve ser protagonista para orientar os usuários 
nestas e em outras questões. 
 
PerCursos: Com relação às mídias sociais, como Facebook e Youtube, por exemplo, quais os principais 
problemas observados na questão referente ao compartilhamento de materiais e aos direitos autorais? 
 
O principal problema que existe com os direitos autorais é que as pessoas não conhecem nem, 
geralmente, tem interesse em conhecê-los. Uma pergunta clássica quando pesquisamos em algum 
trabalho sobre o assunto é: “O que precisamos fazer para obter os direitos de autor sobre uma obra que 
criamos?”. Poucas pessoas sabem que os direitos de autor são adquiridos no mesmo momento da 
criação, não é preciso nenhum requisito formal. Isto é importante, pois se alguém tiver dúvidas se um 
trabalho de aula, por exemplo, tem direitos de autor, a resposta é sim, e os direitos são do aluno, portanto, 
em linhas gerais, podemos pensar que todas as fotos que usamos de internet, memes, vídeos, tudo, por 
efeito, está protegido. Se os usuários e os profissionais da informação se preocupassem um pouco 
mais com direitos autorais, conseguiríamos mudar uma legislação que não atende às necessidades 
da sociedade conectada e mais pessoas compartilhariam suas obras com licenças do tipo Creative 
Commons. 
 
PerCursos: Como fica a questão da Lei dos Direitos Autorais: as redes sociais seguem a lei vigente do seu 
país ou do país onde foi produzida a informação que a rede social compartilhará? 
 
As leis de direitos autorais, embora tenham como base acordos e convênios internacionais, são leis 
nacionais. Em princípio, cada empresa e cada pessoa deve cumprir a lei do país onde se encontre. No 
nosso caso, a Lei 9.610, de 19 de fevereiro de 1998 foi criada meses antes da fundação do buscador de 
14 
 
Google. É fácil imaginar que uma lei da era pré-internet não está muito adaptada às necessidades de 
nossa sociedade da informação. 
 
PerCursos: Quais as implicações éticas que envolvem questões como a vigilância tecnológica e o 
rastreamento de nossas atividades na rede? 
 
A vigilância tecnológica é um termo aplicado principalmente a empresas ou entidades, para conhecer a 
evolução do mercado, onde investir, quais são as novas pesquisas ou que novos produtos apresentam 
empresas do mesmo setor, entre outros. Em troca, a privacidade é um direito das pessoas. Do meu ponto 
de vista, é uma tarefa dos profissionais da informação orientar os usuários a viver on-line, ensinando 
vantagens e desvantagens de aplicativos, tecnologias e comportamentos na rede, para que as pessoas 
possam decidir o que fazer com conhecimento. É difícil de compreender as pessoas que afirmam não se 
importar com o direito à privacidade porque não têm nada a esconder. Como diria Edward Snowden (1), 
seria como dizer que não se importam com a liberdade de expressão porque não têm nada a dizer. A 
privacidade é um direito que deve ser respeitado e é importante que os usuários saibam como fazê-lo. 
 
PerCursos: A internet atual tem convergido para Internet das Coisas e Web Semântica. Este novo 
paradigma tem que impacto nas pesquisas que virão em CI e na vida das pessoas? 
 
A Internet das Coisas será a próxima revolução segundo os especialistas, e terá um melhor impacto nas 
nossas vidas se conseguirmos antes debater algumas questões éticas atrás da hiperconexão de objetos 
que interagem entre eles e conosco. O avanço é indubitável, mais devemos estabelecer com clareza 
como se resolverão os dilemas que terão os dispositivos quando pensarem por eles mesmos (coisa 
que já fazem). Um exemplo é o carro autônomo, sem motorista. Devemos pensar como desejamos que ele 
escolha frente a um acidente: ir para a esquerda e atropelar várias pessoas ou para direita e arriscar a 
vida do motorista? Por outro lado, temos que continuar pensando na importância da privacidade e na 
segurança. Aqueles com aplicativos no telefone ou relógios inteligentes que registram todo o exercício 
feito durante o dia, imagino que não concordariam se a companhia que compila toda a informação 
compartilhasse seus dados com as seguradoras médicos, que poderiam rejeitá-lo se fizesse mais 
exercícios ou menos do que eles consideram o padrão, ou com bancos, que poderiam calcular o risco de 
dar um empréstimo. A ciência e a tecnologia oferecem avanços maravilhosos que melhoram nossas vidas, 
e devemos tentar garantir que seja assim e não nos convertermos em simples produtos que geram dados 
para que outras empresas se aproveitem, e sem ter nosso consentimento informado. 
 
PerCursos: Um dos aspectos da cultura digital é a emergência do e-book. Quais os conflitos atuais no que 
se refere ao direito dos autores? São os mesmos direitos de um livro em papel? Por exemplo, o e-book 
pode ser emprestado pelas bibliotecas? 
 
Do meu ponto de vista, é um assunto muito relevante para os profissionais da informação. Quando 
compramos um livro em papel, adquirimos uma série de direitos. Podemos emprestá-lo, lê-lo as vezes que 
quisermos e onde quisermos, assim como vendê-lo, é uma propriedade material. Entretanto, quando 
compramos um e-book não compramos um arquivo epub ou pdf, compramos uma licença. As licenças são 
um tipo de contrato que oferecem acesso a uma obra e apontam o que podemosfazer com ela. Por 
exemplo, geralmente as licenças proíbem a venda ou empréstimo de nosso livro legalmente 
adquirido a terceiros. Se comprarmos o clássico 1984, de George Orwell em papel, podemos 
emprestá-lo a várias pessoas, e um dia, se quisermos, vendê-lo. Com o mesmo livro adquirido em 
formato digital, não. Além disso, as licenças podem limitar desde onde acessamos a uma obra, como 
acontece com as grandes bases de dados do portal CAPES: precisamos estar dentro do campus da 
universidade (ou acessar mediante VPN) para ter acesso às bases de dados; se estivermos fora ou não 
tivermos configurado corretamente o VPN, então não podemos acessar. 
 
PerCursos: Comente sobre a emergência de movimentos como Copyleft ou Creative Commons em 
contraposição ao Copyright. 
 
O movimento Copyleft não é contrário aos direitos autorais, ou pelo menos não todo o movimento (não 
devemos esquecer que onde existe poder, existe um contra poder). Embora seja um trocadilho, copyleft: 
cópia esquerda, como o contrário de copyright: cópia direita, está baseado nos direitos autorais; tanto é 
assim que melhoram os direitos de autor, para que os criadores e usuários tenham controle sobre nossas 
obras e possamos criar, utilizar e compartilhá-las segundo as condições que decidamos. Neste ponto, 
15 
 
poderíamos falar sobre as licenças GNU em computação, fundamentais no software livre, e no âmbito da 
educação, das licenças Creative Commons, que apresentam seis licenças das quais duas são 
consideradas como livres e poderiam se encaixar dentro do conceito de copyleft (CC by e CC by-sa). O 
Acesso Aberto é um movimento fundamental para o avanço da Ciência que fomenta o acesso e 
compartilhamento de informação científica. Este movimento se baseia nas licenças Creative Commons e, 
sem elas, seria muito difícil que pudesse existir. A meu ver, os professores e alunos deveriam compartilhar 
suas obras sempre com uma licença Creative Commons. Para isso, simplesmente temos que entrar no 
site do projeto (https://creativecommons.org/choose/?lang=pt ), escolher a licença que quisermos, e 
escrever na nossa obra qual é a licença CC utilizada e um link para que se alguém não souber, possa se 
aprofundar mais no que permite ou não a licença. É uma forma simples e de graça de liberar e fomentar a 
educação para fazer do mundo um lugar um pouco melhor. 
 
MURIEL-TORRADO, Enrique. Informação, ética e tecnologia. Uma entrevista com o Professor Enrique Muriel-Torrado. [Entrevista concedida em 
30 de setembro de 2016]. Revista PerCursos. Florianópolis, v. 17, n.34, p. 134 – 140, maio/ago. 2016. Entrevistadores: Daniella Camara Pizarro, 
Divino Ignácio Ribeiro Júnior e José Eduardo Santarem Segundo. 
DOI: http://dx.doi.org/10.5965/1984724617342016134 
Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. 
 
Disponível em: <http://enriquemuriel.prof.ufsc.br/entrevista-a-revista-percursos-sobre-informacao-etica-e-tecnologia/> Acesso em: 04 out 2018. 
 
Continuando a reflexão, universidades têm se atentado para a formação de profissionais de 
tecnologia que ajam e reajam contra o lado obscuro da tecnologia. Centrados em desafios e 
situações-problema, professores e alunos buscam aproximar conteúdo e prática em uma 
perspectiva ética. 
Universidades dos EUA tentam trazer ética dos médicos para 
programadores 
Professores de cursos de computação e dados iniciam movimento para estimular estudantes a refletirem sobre impactos negativos 
da tecnologia. 
 
 
Jeremy Weinstein, Hilary Cohen, Mehran Sahami e Rob Reich, da Universidade de Stanford, vão iniciar novo curso de ética no 
próximo ano. 
A profissão médica tem uma ética: antes de tudo, não ferir. O Vale do Silício tem uma regra: primeiro 
fazer, depois pedir perdão. Hoje, porém, com as notícias falsas (fake news) e outros problemas que 
atingem as gigantes de tecnologia, universidades que formaram alguns dos maiores gênios do Vale estão 
se mexendo para trazer para a Ciência da Computação um pouco da ética da Medicina. 
16 
 
Neste semestre, a Universidade de Harvard e o Massachusetts Institute of Technology (MIT) estão 
oferecendo em conjunto um novo curso sobre ética e regulação da inteligência artificial. A Universidade do 
Texas, em Austin, também acaba de lançar um curso intitulado “Fundamentos Éticos da Ciência da 
Computação”. A instituição pretende eventualmente integrá-lo a todos os seus cursos. 
E, na Universidade de Stanford, o coração acadêmico do Vale do Silício, três professores e um 
pesquisador estão desenvolvendo um curso de ética em Ciências da Computação para começar a partir 
de 2019. A universidade espera que centenas de estudantes se inscrevam. 
Dilemas. A ideia é treinar a próxima geração de especialistas em tecnologia – e também legisladores – 
para considerar o lado obscuro de inovações, como armas que funcionam sozinhas ou carros sem 
motorista, antes que esses produtos cheguem ao mercado. “Trata-se de descobrir ou identificar pontos 
com os quais, nos próximos anos, os estudantes aqui formados vão se defrontar”, disse Mehram Sahami, 
professor de Ciências da Computação na Universidade de Stanford. Ele ganhou fama no campus por levar 
o presidente executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, para conversar com os alunos todo ano. “A 
tecnologia não é neutra”, disse Sahami, que já trabalhou no Google como cientista pesquisador. “As 
escolhas feitas na adoção de tecnologia têm ramificações sociais.” 
Os cursos surgem num momento em que grandes empresas de tecnologia lutam para controlar seus 
efeitos colaterais. Basta ver o Facebook, com o escândalo do uso ilícito de dados pela Cambridge 
Analytica, a luta para acabar com contas falsas no Twitter e para tirar do ar vídeos obscenos com crianças 
no YouTube. Esses professores pretendem desafiar uma atitude comum no Vale do Silício: a de 
considerar a ética como um entrave à inovação. 
“Temos de ensinar às pessoas que há um lado negativo na ideia de ‘avançar sempre, mesmo quebrando 
coisas’”, diz Laura Norén, pós-doutoranda do Centro de Ciência de Dados da Universidade de Nova York, 
que leciona em um novo curso de ética em Ciência de Dados. “É possível consertar um software, mas não 
uma reputação destruída.” 
Cursos de ciência da computação têm de garantir que os estudantes tenham conhecimento de normas 
éticas relacionadas à computação para terem o aval do ABET, grupo internacional de validação de 
programas universitários de Ciência e Engenharia. Em alguns cursos, o tema é embutido em aulas mais 
abrangentes, enquanto em outros, são abordados em cursos independentes. 
No entanto, até recentemente a ética não parecia relevante para muitos estudantes. “Comparada à 
Medicina, a interação diária com a dor ou a morte é muito menor quando se produz software”, diz Joi Ito, 
diretor do Media Lab, do MIT. 
Automação. Um dos motivos para as universidades estarem investindo em ética é a popularização de 
tecnologias poderosas, como o aprendizado de máquina. Tratam-se de algoritmos que podem aprender de 
modo autônomo a executar tarefas a partir da análise de grandes volumes de dados. 
Como tais ferramentas podem, em última análise, modificar a sociedade, as universidades se apressam a 
fazer os estudantes entenderem as potenciais consequências. “Uma vez que começamos a fazer coisas 
como veículos autônomos, as pessoas estão ansiosas para criar um sistema ético.” 
No ano passado, a Universidade Cornell introduziu um curso no qual os estudantes aprendem a enfrentar 
desafios éticos. Eles têm de analisar um conjunto de dados tendenciosos, com poucos lares de baixa 
renda, por exemplo, para entenderem que o banco de dados não é representativo para o conjunto da 
população. Os alunos também debatem o uso de algoritmos em decisões de vida, como contratar alguém 
ou escolher uma universidade. “Procurei fazê-los entender os desafios que enfrentarão”,disse Solon 
Baroca, professor de Ciência da Informação que leciona no curso 
Em outro curso da Cornell, a professora Karen Levy direciona a discussão ética para o papel das 
empresas, não dos profissionais. “Muitas decisões éticas têm a ver com as escolhas que uma empresa 
faz: que produtos vai desenvolver, como lidará com os dados pessoais de seus usuários”, disse Karen. “Se 
o treinamento ético se concentrar inteiramente na responsabilidade individual do cientista de dados, há o 
risco de o papel da empresa ser subestimado.” 
17 
 
Disponível em: <https://link.estadao.com.br/noticias/cultura-digital,projeto-de-lei-quer-criminalizar-qualquer-tipo-de-invasao-a-sites-no-
pais,70002470128> Acesso em: 23 ago. 2018. 
 
Mas, afinal, o que significa nanotecnologia? Quais as áreas de aplicação e de que modo pode 
contribuir para a saúde do homem? O texto a seguir traz informações básicas, a começar por sua 
dimensão, uso, aplicação prática, contribuições e riscos. 
Nanotecnologia na Medicina: robôs em nós 
 
Esdras Moreira 
Você já imaginou como será a medicina no futuro? Com o rápido desenvolvimento da tecnologia, as 
ferramentas utilizadas para a realização de procedimentos médicos têm se tornado cada vez mais 
modernas e práticas, e a nanotecnologia na medicina é uma das novidades mais revolucionárias da 
atualidade. 
 
Essa tecnologia consiste no conjunto de ações, pesquisas e descobertas que envolvem manipulação de 
matéria a nível molecular ou atômico. Assim, foram desenvolvidos microprocessadores (chamados de 
nanorobôs) com medidas em 1 a 100 nanômetros, ou seja, 0.000000001 metros! 
Criada no Japão, a nanociência tem aplicação em diversas áreas, como a eletrônica, engenharia, ciência 
da computação e medicina. Nesse último caso, o ramo é chamado de nanomedicina. 
O futuro da medicina será moldado por essa inovação, o que é um tema excepcionalmente importante 
para todos que trabalham na área e se preocupam com sua saúde. Veja tudo o que você precisa entender 
sobre o assunto, desde seu funcionamento, aplicações, benefícios, riscos e o futuro dessa tecnologia: 
Como funciona a nanotecnologia na medicina? 
Basicamente, consiste na junção de medicina e nanotecnologia em prol da saúde do homem. De acordo 
com Robert. A. Freitas Jr., um dos pesquisadores mais influentes no campo, a nanomedicina consiste no: 
18 
 
 monitoramento, controle, construção, reparo, defesa e desenvolvimento de todo o sistema biológico 
humano a nível molecular, utilizando-se de nanopartículas ou nanorobôs; 
 ciência que diagnostica, trata, previne doenças e danos, aliviando a dor e aprimorando a saúde 
humana por meio de ferramentas moleculares; 
 implantação de máquinas e conhecimentos moleculares para solucionar problemas médicos. 
Os nanoprocessadores criados são invisíveis ao olho nu, seus tamanhos podem ser de até seis vezes 
menor que um glóbulo vermelho, tendo dimensões comparáveis com a de uma bactéria ou até mesmo do 
DNA humano. Eles podem ser injetados diretamente na corrente sanguínea, ingeridos por meio de 
capsulas de medicamento, entre outros meios. 
Os instrumentos necessários que permitem a observação de moléculas ao nível atômico são chamados de 
Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) e o Microscópio de Varredura por Tunelamento (STM). 
Seu princípio básico é a construção de estruturas estáveis e novos materiais a partir de átomos. Isso 
ampliou muito o leque de possibilidades dentro da medicina, permitindo o desenvolvimento de uma 
infinidade de aplicações. 
Quais suas aplicações práticas? 
Graças ao tamanho dos microprocessadores, é possível que eles adentrem em células, façam reparações, 
catalisem reações químicas e ditem o comportamento dessas máquinas no organismo humano para 
outras funcionalidades. Alguns exemplos de suas aplicações são: 
 colocar microssondas para fazer testes sanguíneos dentro do corpo humano; 
 eliminar a contaminação de um ambiente; 
 criar novos processos de limpeza corporal; 
 desenvolver novas drogas artificiais; 
 regenerar tecidos do corpo; 
 destruir vírus e bactérias; 
 desobstruir artérias; 
 entre inúmeras outras possibilidades. 
Alguns dos itens acima ainda não possuem aplicações reais, pois se trata de um ramo que ainda depende 
de muitos avanços científicos e tecnológicos. 
Como está sendo utilizado hoje? 
Há tratamentos e drogas, desenvolvidos a partir dessa tecnologia, que já fazem parte de nossas vidas. A 
seguir, listamos tópicos contendo algumas aplicações atuais da nanomedicina. 
Medicamentos e drogas 
Na data de janeiro de 2016, a revista NanoBiotech News publicou que havia mais de 125 drogas e 
medicamentos sendo desenvolvidos a partir das descobertas da nanomedicina. 
No ano de 2017, de acordo com a P&T Community, cerca de 50 desses medicamentos já foram aprovados 
e já estão sendo comercializados e utilizados para uso clínico. A mesma pesquisa demonstra que a 
nanotecnologia reduz o nível de toxicidade nos medicamento. 
Várias outras drogas estão sendo pesquisadas para tratar desordens metabólicas, condições de 
autoimunidade, doenças psiquiátricas, neurológicas entre outras. 
Drug Delivery 
19 
 
Esse termo consiste nas fórmulas, tecnologias e sistemas de transporte de drogas utilizados para que o 
remédio chegue até o órgão ou parte do corpo correto, fazendo com ele produza seus efeitos no lugar 
almejado. 
A nanomedicina não somente ajuda a desenvolver novas drogas, mas também as encaminha até o seu 
destino. Uma publicação na ScienceDaily mostrou que os pesquisadores da Houston Methodist e da Rice 
University, no Texas, descobriram que os canais em que as drogas moleculares passam possuem entre 
2.5 e 250 nanômetros. 
A intenção dos cientistas é fazer com que os nanorobôs atravessem esses canais para conhecer seus 
tamanhos, caminhos, propriedades e outros fatores. 
Tratamento de câncer 
Tratamentos contra o câncer estão limitados ao uso de cirurgias, radiação e quimioterapias. Todos esses 
três métodos causam bastante dano à integridade do indivíduo e não são capazes de erradicar 
completamente a doença. 
Devido aos seus tamanhos, os nanomateriais são capazes de agir diretamente nas células cancerígenas. 
Dessa forma, é possível atacar a doença sem danificar o restante do corpo do paciente, o que diminui os 
efeitos colaterais do tratamento e aumenta a probabilidade de sobrevivência. 
Uma equipe internacional de investigadores da RMIT University descobriu que as nanopartículas podem 
aumentar a dose de uma determinada radiação (usada para tratar câncer) sobre as células em até 90%. 
As descobertas da nanotecnologia impactam de forma decisiva o tratamento da doença. 
Quais os benefícios? 
As vantagens da nanomedicina abrangem várias vertentes da área da saúde. De forma geral, pode-se 
listá-las nos seguintes itens: 
 maior sensibilidade nos diagnósticos, possibilitando a detecção de doenças em um estágio inicial e 
aprimorar a análise de amostras sanguíneas; 
 melhoria na qualidade dos exames de imagem; 
 permite localizar precisamente onde se encontram doenças; 
 possibilita cirurgias menos invasivas, pois agem diretamente no órgão e células defeituosas; 
 entrega mais efetiva de medicamentos em partes específicas do corpo; 
 aumenta a eficiência das terapias e reduzem a necessidade do consumo de medicamentos. 
Quais os riscos? 
Apesar da sua ampla gama de funcionalidades e vantagens, ainda há diversos problemas que precisam 
ser superados pelos cientistas. Os principais riscos que ela pode causar ao corpo humano são: 
 danos aos pulmões se as nanopartículas forem inaladas; 
 suas propriedades tornam a ingestão das nanopartículas tóxicas; 
 no ambiente celular, as nanopartículas sofrem biodegradação, o que pode gerar mudanças 
intracelular e alterar genes; 
 o uso de nanodrugs podelevar à sua imunidade, tornando os pacientes resistentes à tecnologia; 
 ainda precisa de regulamentação para mitigar os riscos envolvidos. 
Qual o panorama para o futuro? 
O desenvolvimento da nanomedicina encontra obstáculos como a falta de rentabilidade financeira em seu 
investimento, falta de confiança do consumidor, regulamentações ineficientes quanto à proteção de 
patentes e incertezas do mercado. 
20 
 
Apesar dessas contrariedades, o interesse na tecnologia cresce a cada ano. Atualmente 
existem aproximadamente 200 empresas que trabalham com pesquisa sobre nanomedicina, e 27% de 
todo o investimento da nanotecnologia é voltado para a área da saúde. 
Portanto, trata-se de um campo bastante promissor, principalmente por surgir como uma esperança para 
curas de doenças como o câncer, AIDS e desordens cerebrais. 
A aplicação da nanotecnologia na medicina transformou as perspectivas que temos do futuro. Graças a 
essa tecnologia, doenças serão rapidamente diagnosticadas e tratadas, aumentando a qualidade de vida 
de todos os indivíduos ao redor do globo. 
Se você quer saber mais sobre a nanotecnologia, entenda quais serão seus impactos em nosso futuro! 
Disponível em: <https://transformacaodigital.com/nanotecnologia-na-medicina-robos-em-nos/> Acesso em: 02 out. 2018. 
Se, por um lado, a informação está ao alcance de todos, nunca se esteve tão à mercê da 
obtenção indevida de dados e ideias e, por conseguinte, necessitando de uma segurança maior 
neste âmbito. Daí a necessidade da cibersegurança. Mas, o que seria? Como entender esse 
conceito e esta prática? Tem sido um risco que as gerações atuais e futuras não podem correr. 
Mas, como? O texto que segue apresenta propostas tanto para a proteção das informações 
quanto para si mesmo. 
Os desafios da Cibersegurança: como evitar os males da inovação? 
 
 
A evolução da tecnologia tem melhorado o desempenho de diversos setores da sociedade, do campo à 
saúde, passando pelos negócios: todas as áreas ganharam muito em resultados com a aplicação de 
recursos digitais. No entanto, quanto mais tecnologia aplicada, maiores os riscos envolvidos. É aqui que 
entra o conceito de cibersegurança. 
21 
 
Você já deve ter ouvido falar sobre empresas que sofreram com a atuação de hackers, os criminosos da 
internet, não é mesmo? Esse tipo de ação está cada vez mais comum e, dessa forma, surge a 
questão: como aproveitar os benefícios da tecnologia e minimizar seus riscos? 
 
 
O que é cibersegurança 
Podemos definir a cibersegurança como a proteção aos ativos de informação pelo tratamento de riscos 
que ameaçam os dados processados, armazenados e transportados pelos sistemas utilizados em uma 
empresa. 
Os ativos digitais são as informações confidenciais e essenciais ao negócio, que possuem um 
determinado valor estratégico para a companhia e devem, dessa forma, ser protegidos. 
Os sistemas são os aplicativos utilizados pela empresa para a geração e transmissão dos ativos digitais do 
negócio. Dessa maneira, a cibersegurança tem por objetivo proteger essas informações cruciais para a 
empresa. 
Evolução da TI e a segurança da informação 
A tecnologia tem evoluído a olhos vistos. Hoje em dia nós contamos com um leque de soluções digitais 
para o auxílio de praticamente todas as nossas atividades diárias. 
Com o aumento constante da acumulação de dados e informações, sejam pessoais ou profissionais, 
surgiu a necessidade de proteger tais dados contra a investida de pessoas mal-intencionadas. 
A segurança da informação é a área responsável por essa proteção e conta hoje com diversas soluções 
criadas com o intuito de evitar o vazamento de dados sigilosos de empresas e pessoas. 
No entanto, assim como a TI e a segurança da informação evoluem, os ataques de hackers também ficam 
cada vez mais sofisticados, exigindo assim uma busca constante por novas formas de proteção de dados. 
Tendências em segurança digital 
Com a sofisticação dos ataques orquestrados pelos cibercriminosos contra as empresas e pessoas, é 
preciso antecipar-se às possíveis brechas que serão abertas pelas novas tecnologias. Entre as principais 
tendências hoje em cibersegurança, estão: 
Inteligência artificial 
As aplicações de inteligência artificial já não estão mais só em filmes. Já fazem parte de nossas vidas. 
Esses sistemas têm a capacidade de aprender e se adaptar para a realização de tarefas. 
O principal desafio da cibersegurança nos próximos anos é evitar que os hackers utilizem de sistemas de 
inteligência artificial para buscar e se aproveitar de brechas de segurança. A solução para evitar esse tipo 
de situação é investir em softwares inteligentes que busquem por falhas e as corrijam de forma autônoma. 
IoT 
A Internet das Coisas já vem tomando corpo há algum tempo e hoje já é comum que alguns dispositivos 
estejam em contato com a internet. Todo esse novo ambiente de conexão pode gerar portas de entrada 
para os cibercriminosos. 
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É necessário desenvolver sistemas seguros que evitem que os dispositivos eletrônicos com acesso à 
internet possam ser utilizados como ferramentas por hackers, protegendo todo o sistema montado na 
empresa. Uma das precauções que podem ser tomadas é criar sub-redes protegidas contra acesso 
externo. 
Ransomware 
O sequestro de informações confidenciais de empresas e pessoas tem se tornado cada vez mais comum e 
é hoje um dos principais desafios dos profissionais de cibersegurança. 
A tendência é que esse tipo de crime aumente, devido a facilidade com que o cibercriminoso pode invadir 
e sequestrar dados sensíveis da vítima. Os profissionais de cibersegurança devem se preocupar em 
fechar brechas e minimizar as falhas para evitar essas situações. A saída para se proteger desse tipo de 
situação é investir em softwares de monitoramento, que visualizam necessidades de atualização e 
minimizam os riscos de brechas. 
Segurança em nuvem 
A nuvem tem sido um refúgio para grande parte das empresas que buscam se modernizar, com o apoio de 
diversos sistemas de informação, mas não têm condições de bancar uma infraestrutura de TI completa. 
No entanto, o número de investidas de cibercriminosos contra serviços de nuvem tem aumentado muito 
nos últimos tempos, o que exige que sejam realizados investimentos massivos em segurança para garantir 
a confiabilidade desses sistemas. Uma das principais tecnologias para evitar a perda de dados quando 
falamos em computação em nuvem é o backup, nele seus arquivos estarão à salvo de qualquer perda. 
Os perigos da evolução constante 
Quanto mais tecnologia, maior a vulnerabilidade. Essa é uma frase que já virou folclórica dentro do mundo 
da TI e é considerada por muitos profissionais como uma premissa verdadeira. 
É simples entender o porquê. Como a evolução constante da tecnologia tem nos permitido contar com 
cada vez mais sistemas e aplicativos, o número de portas de entrada que podem ser utilizadas pelos 
cibercriminosos também aumenta. 
É claro que a opção viável não é deixar de evoluir e investir em novas tecnologias, mas sim estar atento a 
todas as possibilidades que são abertas aos hackers a cada salto evolutivo da TI. 
A evolução da cibersegurança 
Assim como as tecnologias evoluem constantemente para atender às nossas demandas pessoais e de 
negócios, a cibersegurança também se molda para deixar-nos protegidos contra a ação dos hackers. 
Hoje, já existem no mercado soluções completas de monitoramento e segurança para aplicação nas 
empresas, realizando o controle de todas as aplicações utilizadas, conexões de rede, download de 
pacotes, entre outras funcionalidades. 
A inteligência artificial é outra grande sacada quando falamos em segurança. Sistemas inteligentes que 
buscam falhas e sugerem a melhor solução já estão em desenvolvimento. 
Quais as principais preocupações das empresasUma das principais redes varejistas de nosso país foi invadida recentemente e, segundo dados 
divulgados, cerca de 2 milhões de clientes tiveram suas informações vazadas na rede. 
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Em outro episódio como esse, a Equifax, empresa americana de consultas de crédito, foi invadida e os 
dados de 143 milhões de americanos foram vazados, incluindo número de seguro social, nome completo e 
endereço. Informações essas que podem ser utilizadas para diversos tipos de fraudes. 
Falhas de segurança podem trazer uma série de preocupações para as empresas, entre as principais está 
o desgaste de sua imagem no mercado, a perda de clientes e a interrupção de seus serviços. Episódios 
como esses listados acima podem ser muito prejudiciais, levando até mesmo à falência da empresa. 
O que grandes nomes da tecnologia têm falado sobre cibersegurança nesse cenário 
Para Bruce Schneider, diretor de tecnologia da IBM, uma das principais preocupações em um futuro 
próximo é com a regularização a respeito das vulnerabilidades dos dispositivos conectados à internet, uma 
realidade da Internet das Coisas. 
Já o CEO da Portnox, Ofer Amitai, vê na inteligência artificial a principal tendência para a cibersegurança, 
utilizando da automação para o combate de tentativas de invasão. 
Segundo Tushar Kothari, CEO da Attivo Networks, devido à grande velocidade do surgimento de novas 
ameaças, é preciso investir em detecção na rede, a fim de evitar qualquer tipo de risco a integridade dos 
dados da empresa. 
Disponível em: <https://transformacaodigital.com/os-desafios-da-ciberseguranca-como-evitar-os-males-da-inovacao/> Acesso em: 02 out. 2018. 
Você já ouviu falar em Terceira Revolução Tecnológica? Em se tratando de revolução 
tecnológica, como entender o conjunto de transformações advindas dessa revolução? Qual a 
relação entre capitalismo informacional e capitalismo financeiro? Como as sociedades estão 
organizadas? Que impactos as sucessivas transformações técnicas podem trazer? Novas 
concepções! Novas inter-relações! 
 
Capitalismo Informacional 
O capitalismo informacional corresponde ao conjunto de transformações provocadas pela revolução tecnológica sobre a dinâmica socioeconômica 
mundial. 
 
O capitalismo informacional estrutura-se na relação entre tecnologia, capital e conhecimento 
O capitalismo informacional é um termo criado pelo sociólogo espanhol Manuel Castells, em sua obra A 
Sociedade em Rede, originalmente publicada no ano de 1996. O conceito refere-se à evolução dos 
instrumentos técnicos do sistema capitalista, sobretudo envolvendo as transformações tecnológicas 
proporcionadas pela Terceira Revolução Industrial. A particularidade do sistema informacional é, assim, 
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a importância do conhecimento e a sua maior facilidade em se deslocar e reproduzir-se pelas diferentes 
partes do mundo. 
Existe certa questão em aberto quanto à periodização do sistema capitalista e sua evolução. Alguns 
autores colocam o capitalismo informacional como uma fase posterior ao Capitalismo Financeiro. No 
entanto, em sua obra, Castells¹ nunca considerou essa divisão e apenas classificou a sociedade 
informacional como uma nova fase dos sistemas produtivos, mas não necessariamente como uma nova 
configuração do sistema em si em oposição às demais. 
Além disso, o capitalismo financeiro continua ativo e atuante, com o sistema financeiro e especulativo, 
pautado no mercado de ações, títulos, dívidas e juros, no centro da economia. No entanto, com os 
avanços produzidos pela Terceira Revolução Industrial e a consolidação do processo de globalização, 
podemos dizer que o capitalismo informacional e o financeiro andam juntos atualmente, pois ambos se 
complementam. 
Os avanços técnicos promovidos pela última revolução tecnológica, cujos valores se apresentaram mais 
profundamente na segunda metade do século XX em diante, assinalaram aquilo que Castells chama por 
“paradigma da tecnologia da informação”. Esse paradigma estrutura-se em três principais características, 
que se resumem nas seguintes premissas: 
a) a informação é matéria-prima e age sobre a tecnologia; 
b) o maior poder da tecnologia em moldar ou influenciar a existência individual e coletiva; 
c) a estruturação das sociedades a partir da formação das redes. 
Desse modo, tendo o conhecimento – e a sua rápida difusão – no cerne do desenvolvimento do processo 
tecnológico, as sociedades estruturam-se a partir da era da informação, compondo-se em redes 
estruturais. Essas redes podem ser percebidas tanto sob o ponto de vista da tecnologia, como a internet, 
como sob o ponto de vista dos territórios, a exemplo dos sistemas de transporte e também da hierarquia 
urbana internacional, em que as Cidades Globais são os principais polos que formam o elo entre o global 
e o local. 
Além dessas características, as inovações concernentes a esse período da economia permitiram: 
– a ampla difusão do sistema capitalista financeiro pelo mundo, com a consolidação da globalização; 
– a flexibilidade dos sistemas produtivos, com o marco para o toyotismo; 
– a difusão maciça das empresas multinacionais ou globais pelo mundo; 
– a ampliação da concepção neoliberal de mínima participação do Estado na economia; 
– a reconfiguração da Divisão Internacional do Trabalho, com os países menos desenvolvidos 
industrializando-se e os mais desenvolvidos especializando-se em tecnologias de ponta; 
– a intensificação do aspecto monopolista do capitalismo financeiro, com a fusão de grandes empresas 
(trustes) e a formação dos grandes conglomerados internacionais (holdings). 
Diante desses efeitos e aspectos do Capitalismo Informacional, podemos perceber os impactos que as 
sucessivas transformações técnicas – e, nesse caso, aquilo que Milton Santos chamou por Meio Ténico-
Científico-Informacional – geram sobre o modo de se construir as sociedades. 
¹CASTELLS, M. A sociedade em rede – a era da informação: economia, sociedade e cultura; Volume I. 
São Paulo: Paz e Terra, 1999. 
Disponível em: <https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/capitalismo-informacional.htm> Acesso em: 02 out. 2018. 
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Estamos mais conectados, é fato. Mas, estamos melhor informados? Temos a possibilidade de 
contato com dezenas de pessoas ao mesmo tempo, sem ultrapassarmos a barreira física, 
contudo, qual o nível das nossas relações humanas? Que tipo de olhar temos para com as 
pessoas e com o mundo que nos cerca? Panorâmico. Da massa. Ou olhar detido nas pequenas e 
essenciais coisas da vida. Sendo assim, a reflexão em torno do texto que segue é tão pertinente 
quanto fundamental. 
Qual é o efeito da tecnologia nas pessoas? 
 
O momento brasileiro está longe de parecer fácil. Quem esteve conectado em qualquer canal de 
informação nos últimos dias certamente ficou chocado com o estupro coletivo realizado no Rio de Janeiro. 
A internet se mobilizou – de uma forma que só a internet sabe fazer – para deixar bem claro que, em 
qualquer situação, a culpa do estupro é sempre do estuprador e nunca da vítima. 
As redes sociais convidaram a sociedade para um debate sobre o machismo, a opressão feminina, o 
medo que as mulheres sentem quando saem às ruas. Esses são fatos que, antes da comunicação livre e 
espontânea por meio das novas mídias, tinham pouco ou nenhum espaço. A questão é: mesmo com 
tantas informações, temos mais conhecimento? 
É um questionamento pertinente que envolve, principalmente, o comportamento das gerações mais 
jovens, que estão sempre conectadas. Recentemente, a revista Consumidor Moderno apresentou uma 
hipótese de divisão de gerações que existem no Brasil. Assim, foram abordadas algumas características 
dos Millennials e jovens da geração Z. 
Uma das entrevistadas sobre esse tema foi a psicanalista Maria Lucia Homem, que é referência na área 
em que atua. Abaixo, confira alguns insights

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