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Brasília-DF. Novas Mídias e Novas TecNologias Elaboração Rodolpho Freire Martins Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APrESEntAção ................................................................................................................................. 5 orgAnizAção do CAdErno dE EStudoS E PESquiSA .................................................................... 6 introdução.................................................................................................................................... 8 unidAdE i informação na sociedade .............................................................................................................. 9 CAPítulo 1 sociedade da informação e sociedade do conhecimento ......................................... 9 CAPítulo 2 sociedade e tecnologia ................................................................................................... 15 CAPítulo 3 origem das mídias e panorama atual .............................................................................. 21 unidAdE ii mídias e tecnologias ...................................................................................................................... 25 CAPítulo 1 novas tecnologias, novas mídias e velhas dificuldades ............................................. 25 CAPítulo 2 novas mídias e cibercultura ............................................................................................. 30 CAPítulo 3 mídia e cotidiano ............................................................................................................... 35 unidAdE iii cultura digital ................................................................................................................................. 42 CAPítulo 1 geração Y e tecnologia .................................................................................................. 42 CAPítulo 2 tics e ntics .......................................................................................................................... 46 CAPítulo 3 convergência midiática, interação e interatividade .................................................... 51 unidAdE iV novas ferramentas ......................................................................................................................... 62 CAPítulo 1 Web de segunda geração ................................................................................................ 62 CAPítulo 2 ferramentas da Web ........................................................................................................... 67 CAPítulo 3 redes e conectividades ..................................................................................................... 90 PArA (não) FinAlizAr ..................................................................................................................... 99 rEFErênCiAS ................................................................................................................................ 100 5 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 6 organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Praticando Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer o processo de aprendizagem do aluno. 7 Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Exercício de fixação Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/ conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não há registro de menção). Avaliação Final Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber se pode ou não receber a certificação. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 8 introdução A cada dia, surgem novas mídias, novas tecnologias, novos processos, novos “tudo”. Vivemos no mundo das novidades. Internet, Web2.0, tecnologia 3G, iPhones, TV digital. Essas são apenas algumas das palavras e expressões às quais as pessoas estão sendo expostas nos dias mais recentes. A fusão entre as telecomunicações e a Tecnologia da Informação imprimiu ao mercado uma velocidade e um dinamismo tão grandes que fica cada vez mais difícil acompanhar as tendências em termos de mídias eletrônicas. Uma coisa, porém, é certa: as novidades que virão impactarão fortemente as comunicações do futuro, o que nos faz repensar nosso trabalho como profissionais da mídia, bem como exige dos veículos e das empresas de comunicação um reposicionamento de trabalho. Gostaria que, nesta disciplina, debatêssemos e estudássemos novas mídias e novas tecnologias e suas reverberações positivas e negativas. Aproveite essa oportunidade e busque maior quantidade de informações para o seu melhor aproveitamento! Sucesso! objetivos » Discutir o papel das novas mídias e de tecnologias para a Comunicação. » Apresentar as principais tecnologias da atualidade. » Provocar um senso crítico no que se refere às novas mídias. 9 unidAdE iinFormAção nA SoCiEdAdE CAPítulo 1 Sociedade da informação e Sociedade do Conhecimento Imagem: Creative Commons Na atualidade, existeuma grande discussão acerca do tipo de sociedade que vivenciamos. Temos uma Sociedade da Informação ou uma Sociedade do Conhecimento? Mas, afinal, há diferenças entre esses dois conceitos? Para Musacchio (2014, p. 01), “a Sociedade da Informação representa um acesso democratizado, universal, global e total a informação e ao conhecimento, por meio dos meios de comunicação e equipamentos eletrônicos”. Ele fala, ainda, que a sociedade conhecida como da informação foi inaugurada pela Internet. 10 UNIDADE I│INformAção NA socIEDADE Já Sociedade do Conhecimento ele diz que foi constituída “a partir das redes sociais, das interações e colaborações entre os indivíduos membros. São pessoas discutindo questões, refletindo sobre elas, ensinando e aprendendo, umas com as outras, em todas as áreas de conhecimento” (MUSACCHIO, 2014, p. 01), ou seja, o conceito de Sociedade do Conhecimento – muitas vezes chamada, também, de sociedade do saber – é mais recente e representa uma consequência e evolução da chamada Sociedade da Informação. Dziekaniak e Rover (2011) falam que os primeiros registros teóricos sobre a Sociedade da Informação datam de 1978, quando se começou a falar desse novo (à época) tipo de sociedade, sempre relacionado às tecnologias. Os autores falam que o termo Sociedade do Conhecimento surgiu, na década de 1990, como alternativa à visão mercadológica do termo anterior. Outras nomenclaturas foram sugeridas para esta nova fase da sociedade, como sociedade da inteligência, sociedade pós-informação e até mesmo sociedade digital, mas o termo que ficou preponderante foi o de Sociedade do Conhecimento. Para os autores, há um ponto em comum entre essas duas sociedades, que é justamente o destaque dado às tecnologias da informação e comunicação e sua evolução na trajetória das sociedades, bem como «a alteração do modus operandi dessas sociedades desenvolverem suas economias, vinculando conhecimento à moeda, o qual, apesar de intangível, é um bem muito valoroso” (DZIEKANIAK; ROVER, 2011, p. 05). Para Dziekaniak e Rover (2011), na essência da Sociedade do Conhecimento, o próprio conhecimento encontra-se ao alcance de todos que o desejarem, mas, na realidade atual, o conhecimento é acessível a poucas pessoas. Para eles, “sociedades em que há fortes diferenças sociais, econômicas e culturais não podem ser denominadas de sociedade do conhecimento, haja vista que o conhecimento deva perpassar, inclusive, pela esfera da moral e da ética” (DZIEKANIAK; ROVER, 2011, p. 08). Assim, o conhecimento é, até certo ponto, uma alavanca para as desigualdades sociais. Para Musacchio (2014), há uma série de questões a serem desenvolvidas na Sociedade do Conhecimento, cujo foco principal é a reinvenção da relação com o “saber”. Ele destaca as autorias compartilhadas, a gestão de Tecnologia da Informação, capacitação profissional, gestão do conhecimento, interatividade e colaboratividade como itens fundamentais, e ainda propõe dez formas para se viver plenamente a Sociedade do Conhecimento. 11 informação na sociedade│Unidade i Como entrar na Sociedade do Conhecimento? 1. Nunca mais pare de estudar, de se capacitar, de se habilitar. O mundo não vê com bons olhos quem se julga pronto, acabado, realizado. 2. Participe das redes sociais. Existem milhares. Mas escolha aquelas que irão acrescentar no seu portfólio profissional. 3. Desenvolva a prática saudável de produzir informação (blogs, wikis, páginas pessoais, revistas eletrônicas e clippings). 4. Participe de grupos de estudos na sua área de atuação profissional no Facebook. Todos os grandes colaboradores estão lá dispostos a ajudar. 5. Construa sua imagem baseada na coerência, na honestidade, no coleguismo, no altruísmo, na parceria. Seja amigo de você mesmo. 6. Procure ver e ser visto. Ajude os outros a subirem também. Sua estrada profissional não está pronta. É você que a constrói. 7. Desenvolva a capacidade de ouvir, mais do que falar. Quem sabe ouvir, aprende mais e melhor. Mas não se cale diante dos desafios. 8. A colaboração e a interação é o seu principal foco social e profissional. Quem não se comunica, perde a oportunidade de aprender. 9. Não omita sua opinião. A organização espera que você seja um formador de opinião. 10. Nunca diga “eu acho”. Na nova Sociedade do Conhecimento, não há mais espaço para o “achismo”. É preciso estudar e aprender para poder dizer. Fonte: ( MUSACCHIO, 2014) Sociedade da Informação é um termo polissêmico reconhecido mundialmente, porém os dados a que se refere nem sempre possuem as informações organizadas, ou seja, nem sempre estão relacionadas a conhecimento propriamente falando. Informação significa transmissão, enquanto o saber envolve aprendizagem, informações organizadas. Há diversos conhecimentos organizados: o saber acadêmico, do cotidiano, tradicional, indígena; todos podem ser muito úteis. Assim, o que, atualmente, se defende é que a Sociedade do Saber ou do Conhecimento deve centralizar o processo de aprendizagem. 12 UNIDADE I│INformAção NA socIEDADE Você acredita que, no geral, vivemos em uma Sociedade da Informação ou do Conhecimento? Desenvolva essa questão. Metacognição: pensar sobre o próprio pensar para mudar As mudanças verdadeiras passam pela mudança na própria forma de pensar Por Leandro Abranches, Portal Administradores.com.br Imagem: Reprodução de administradores.com.br/iStock. As transformações nos vários campos do saber são inúmeras, surgindo temas como: transgênicos, mapeamento genético, física quântica, inteligência artificial, cura genética, neurociência, novos planetas, nanotecnologia, celulares sofisticados, entre outros. Para a pesquisadora, escritora e Doutora em Letras pela PUC (RJ), Valéria Cristina Pereira: “os programas apresentados para a manutenção e/ou desenvolvimento das organizações supõem um indivíduo constantemente preparado para a recepção e compreensão dos itens estabelecidos por tais programas, como, por exemplo, a consciência para perceber maneiras de resolução das dificuldades encontradas no ambiente de trabalho e aprendizado contínuo. Porém, tais programas não mostram aos indivíduos formas de aperfeiçoamento desta consciência [...]”. 13 informação na sociedade│Unidade i A escritora continua: “como desenvolver esta consciência? Como adquirir autonomia e acesso à informação? Como aprender a aprender de forma crítica? Como alcançar leituras e linguagens para muitos inacessíveis? Como manter o desenvolvimento desta consciência no cotidiano e na dinâmica das organizações? Os programas não respondem a tais perguntas, na medida em que não exploram a força de potência individual e a prática do desenvolvimento da consciência [...]”. Frente a essa complexidade apresentada pela estudiosa e levando em consideração que vivemos na Era da Informação e do Conhecimento, pensar e aperfeiçoar o próprio pensar (metacognição) se reflete, entre outros aspectos, na comunicação, nas linguagens e nas suas leituras diversas, gerando ações mais assertivas. As mudanças verdadeiras, seja em qual esfera for, sendo o indivíduo o principal agente modificador, passam pela transformação na forma de pensar. Em outras palavras, passam “pelo pensar sobre o próprio pensar”, o que, por sua vez, implica criatividade. No que tange ao próprio pensar, o sociólogo Edgar Morin, com a sua teoria do “Pensamento Complexo”, e os estudos sobre “Criatividade e Pensamento Lateral” do psicólogo Edward de Bono (ver meu artigo intitulado Creativity e Pensamento Lateral) vão ao encontro dos estudos da pesquisadora e Doutora no tema Valéria Pereira, o que nos lança uma luz à questão. Para Edgar Morin, a concepção da necessidade do modelo de pensamento complexo advém das revoluções provocadas nas ciências com a Teoria da Relatividade (Albert Einstein afirmou que tempo e espaço são relativos e estão profundamente entrelaçados) e da Mecânica Quântica (segmento da física moderna que estuda o movimento das partículas muitopequenas, mesmo de limites muito imprecisos, dos quais começam a notar efeitos como a impossibilidade de conhecer com infinita acuidade e ao mesmo tempo a posição e a velocidade de uma partícula). Em linhas gerais, tanto a Teoria da Relatividade quanto a Mecânica Quântica já haviam obrigado as ciências a reverem suas doutrinas e Leis (que até então eram inquestionáveis) referentes à relatividade e às incertezas quanto à probabilidade na esfera da física. Nesse aparente “caos”, surge a Teoria do Caos. “Quando tudo parecia incerto e relativo, a teoria do caos, já na segunda metade do século, veio, de certa forma, na direção oposta, ao demonstrar que, também no sistema caótico, existe ordem” (Revista Nova Escola, no 25, p. 114). 14 UNIDADE I│INformAção NA socIEDADE As transformações descritas acima e outras levaram Edgar Morin a definir princípios de reformulação do conhecimento humano, para ajustar a realidade e a Sociedade do Conhecimento e da Informação. Entre esses princípios, que são sete (Revista Nova Escola, no 25, p. 114-115), destaco os seguintes. » Reintrodução do conhecimento em todo o conhecimento (pensamento crítico sobre o próprio pensar). » Princípio sistêmico (o todo é mais do que a soma das partes). » Ciclo retroativo (a causa age sobre o efeito e vice-versa). » Autoeco-organização (o homem se recria em troca com o ambiente). Os princípios de Edgar Morin vão além, evidentemente, do exposto acima. Logo, este artigo não pretende esgotar o debate sobre o tema, pelo contrário, pretende provocar os leitores sobre nossos modelos e paradigmas de pensamento. “Como pensar fora da caixa, como se diz nas empresas, se não conseguimos ver a caixa? Acha mesmo que vai mudar as coisas (e/ ou a si mesmo) pensando do mesmo jeito?”. Fontes: <Portal Administradores.com.br> e <http://www.administradores.com.br/artigos/carreira/metacognicao-pensar-sobre- o-proprio-pensar-para-mudar/90166/>. Quais as reflexões propostas nesse texto e qual seu posicionamento com relação a elas? 15 CAPítulo 2 Sociedade e tecnologia Imagem: Creative Commons. Satisfação garantida Obsolescência programada Eles ganham a corrida antes mesmo da largada Eles querem te vender, eles querem te comprar Querem te matar, à sede... eles querem te sedar Quem são eles? Quem eles pensam que são? (3o do plural, Engenheiros Do Hawaii) Você já deve ter ouvido falar em obsolescência programada, um termo que diz respeito a uma prática mercadológica em que se fabricam produtos tecnológicos com pouco tempo útil e que rapidamente se tornam obsoletos, para forçar o consumidor a comprar a novos produtos ou novas versões. 16 UNIDADE I│INformAção NA socIEDADE Segundo Leite (2011), o homem moderno é, ao mesmo tempo, otimista e pessimista com relação ao futuro da civilização, mas sempre deposita confiança no desenvolvimento tecnológico, como se o avanço das tecnologias fosse garantia para solucionar problemas sociais. Ele destaca que a qualidade das experiências não, necessariamente, melhora com o uso de novas tecnologias. “A tecnologia conecta o mundo numa só rede ao mesmo tempo em que isola o indivíduo em sua subjetividade” (LEITE, 2011, p. 3). Esse pensamento nos suscita um problema da sociedade atual: até que ponto somos dependentes de tecnologias? Para Corso, Freitas e Behr (2012), o crescente uso de tecnologias móveis (notebooks, tablets, smartphones etc.) tem modificado a vida privada dos indivíduos, bem como a vida pública, pois possibilitam novas formas de interação na sociedade e, também, novas maneiras de expressão pessoal de suas identidades. Para os autores, os paradoxos, ou seja, as contradições do uso das tecnologias podem ser expressas nos seguintes itens: controle versus caos, liberdade versus escravidão, novo versus obsoleto, engajamento versus desengajamento, eficiência versus ineficiência, satisfação versus criação de necessidades, integração versus isolamento e competência versus incompetência. Para eles, em consonância com outros autores, os paradoxos de controle/caos, liberdade/ escravidão, novo/obsoleto e competência/incompetência “podem ser mais notáveis entre todos, porque eles são, muitas vezes, experienciados em relação a uma gama de produtos tecnológicos que são difíceis de compreender. Frequentemente, quebram-se e tornam-se rapidamente obsoletos” (CORSO; FREITAS; BEHR, 2012, p. 04). Eles falam, ainda, que os demais paradoxos são “mais sutis e mais abstratos e, por isso, menos saliente entre os consumidores” (CORSO; FREITAS; BEHR, 2012, p. 04), entretanto os paradoxos como competência/incompetência e novo/obsoleto são mais associados a produtos específicos, “particularmente relacionados aos produtos eletrônicos e computacionais, em que as rotinas de operação são mais complicadas e a inovação é constante” (CORSO; FREITAS; BEHR, 2012, p. 04). Dependência de Internet, transtorno de dependência de Internet, uso patológico de Internet, abuso de Internet, uso compulsivo de Internet, compulsão de mídia digital e dependência virtual são alguns termos utilizados para o que Greenfield (2011) classifica como o uso compulsivo ou dependente de Internet, tema de vários estudos na atualidade. 17 informação na sociedade│Unidade i A primeira pesquisa acadêmica sobre isso data de 1998, quando se constatou que o uso excessivo de Internet estava associado a efeitos prejudiciais no desempenho acadêmico e profissional das pessoas. Em 1999, estimava-se que 6% das pessoas usavam a Internet compulsivamente, chegando a ter consequências negativas sérias. Muito provavelmente, essa porcentagem é amplamente maior nos dias de hoje. Explicite sua visão sobre pelo menos um dos oito paradoxos do uso das tecnologias apontados por Corso, Freitas e Behr (2012) no texto. Dependência tecnológica é tratada com terapia cognitiva e medicação Especialistas falam sobre os distúrbios causados pelo vício em tecnologia Imagem: Reprodução/Globo Ciência/Thinkstock/Getty Images. Casos extremos de uso excessivo de tecnologia já acabaram em tragédia. Em 2012, um jovem de 18 anos, de Taiwan, morreu ao jogar videogame ininterruptamente por cerca de 40 horas, sem parar, até mesmo, para comer, notícia que ganhou o mundo à época. Outros casos semelhantes também já foram noticiados pela imprensa, chamando a atenção para os limites quanto ao uso dos aparelhos eletrônicos. Além dos jogos, o acesso à Internet, feita, hoje, em grande parte por dispositivos móveis, como os celulares e os tablets, também vem sendo apontado como responsável pelo uso demasiado da tecnologia. 18 UNIDADE I│INformAção NA socIEDADE Mas como é possível identificar, realmente, quando uma pessoa precisa de tratamento por conta do uso dos eletrônicos? O médico Rubens Luis Folchini, psiquiatra do Núcleo de Medicina Psicossomática e Psiquiatria (NMPP), do Hospital Israelita Albert Einstein, explica que um indivíduo passa a precisar de ajuda quando o uso da tecnologia se torna algo patológico. Ou seja, a pessoa passa a utilizar a tecnologia, apontada por ele como sendo o uso de Internet, jogos eletrônicos e de smartphones, de forma compulsiva e repetitiva, para além das necessidades do trabalho ou do entretenimento. O médico aponta alguns sintomas que devem ser vistos com atenção. “Há piora no rendimento escolar ou no trabalho, isolamento social e conflitos familiares. Além disso, observam-se, também, elementos de tolerância e abstinência, caracterizados, principalmente, por alterações de humor, como irritabilidade, ou exacerbação ansiosa quando não se está em uso tecnológico”, alerta o especialista. Além desses sintomas, a psicóloga Sylvia Van Enck, do Grupo de Dependências Tecnológicas do Programa Integrado dos Transtornos do Impulso (Pro-Amiti), pertencente ao Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), ressalta que muitas pessoas, no caso do uso da Internet, mentem com relação à quantidade de tempo que ficam conectadas.“Soma-se a isso a necessidade de aumentar o tempo de conexão, para obter a mesma satisfação; o descumprimento das horas de sono e das refeições; além da vida familiar, social, escolar e profissional, que fica comprometida, refletindo, negativamente, no desempenho das tarefas, podendo ocasionar depressão e outros problemas de saúde”, ressalta a psicóloga. Entre os tipos de distúrbios relativos ao uso das tecnologias, Rubens destaca o uso abusivo, a dependência, além do agravamento de outros transtornos. Ele explica que o uso abusivo consiste no prejuízo social e na compulsão para o consumo da tecnologia. Já a dependência é o uso abusivo junto ao fenômeno de tolerância e da abstinência. “Também pode acontecer, como agravante de outros transtornos psiquiátricos, transtornos psicóticos que têm seus sintomas amplificados pela relação que o indivíduo desenvolve com a tecnologia, incluindo delírios de perseguição com conteúdo de monitorização, ou vigilância tecnológica, ou piora de funcionamentos de personalidade, em que a pessoa tende a ficar mais retraída socialmente”, lista o médico. 19 informação na sociedade│Unidade i Tratamento e prognóstico de cura Rubens destaca que, geralmente, o tratamento é realizado de forma individualizada, por meio da análise do padrão de uso da tecnologia feito pelo paciente, buscando sensibilizar o indivíduo sobre o problema, que, muitas vezes, só é claro para os familiares. “Mostra-se ao paciente o prejuízo social, a desregulação do ciclo do sono, a má alimentação, a ansiedade social desenvolvida e os sintomas de abstinência. A partir daí, o jovem, faixa etária mais comumente acometida, é motivado a se engajar no tratamento, por meio de entrevistas motivacionais e de sensibilização”, detalha o especialista, ressaltando que o envolvimento da família é importante no tratamento. Sylvia destaca que, no Grupo de Dependências Tecnológicas, do Pro-Amiti, o processo de atendimento aos adultos prevê acompanhamento médico e psicológico. O tratamento cognitivo é desenvolvido em grupos de oito pessoas, em média, pelo período de 18 semanas consecutivas. “A proposta de atendimento psicológico segue a abordagem da terapia cognitiva. Paralelamente, segue o acompanhamento do médico em todo processo. Vale ressaltar que, na etapa preliminar da avaliação clínica, o médico psiquiatra avaliará a necessidade de terapêutica medicamentosa, acompanhando, independentemente da prescrição, a evolução do paciente. É desenvolvida, também, com os pais de adolescentes e jovens, uma proposta de reuniões quinzenais, nas quais são abordados aspectos relativos às implicações do uso abusivo da tecnologia por parte de seus filhos”, destaca. Com relação à cura da dependência da tecnologia, o médico explica que esse conceito ainda é controverso. Ele lembra que as taxas de sucesso terapêutico são baseadas no tempo de abstinência do uso da tecnologia e no número de recaídas, havendo, então, controle do problema. “No entanto, com enfoque na tecnologia, tratando-se de uma população predominantemente jovem e com a personalidade em desenvolvimento, a partir do momento em que se consegue o reestabelecimento de um uso moderado e saudável, e isso passa a constituir um comportamento duradouro, vislumbra-se, sim, a perspectiva de cura”, afirma o psiquiatra. Fonte: Globo Ciência <http://redeglobo.globo.com/globociencia/noticia/2013/08/dependencia- tecnologica-e-tratada-com-terapia-cognitiva-e-medicacao.html>. 20 UNIDADE I│INformAção NA socIEDADE Caso você tenha interesse em saber mais sobre a dependência tecnológica do ponto de vista médico, sugerimos a leitura do livro “Dependência de Internet: manual e guia de avaliação e tratamento”, publicado pela Editora Artmed, em 2011. 21 CAPítulo 3 origem das mídias e panorama atual Imagem: Creative Commons. Gatinho risonho”, disse ela, “poderia dizer-me, por favor, que caminho devo tomar agora?” “Depende muito de onde está querendo chegar”, disse o gato. “Não me importo muito para onde estou indo”, disse Alice. “Então, não importa que caminho irá tomar”, disse o gato. (Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carrol) Há uma significativa mudança em curso nas comunicações (COSTA, 2009) que afeta como o jornalismo e o entretenimento são produzidos e como são consumidos. Atinge, também, a linguagem, pois os mercados percebem uma concentração de empresas nessa área, dando uma nova ênfase à convergência entre telecomunicações e mídia. Para Lemos (2003), a informatização da sociedade, que começa na década de 1970 do século 20, parece já ter sido estabelecidas nas cidades principais do ocidente. Desde o início do século 21, o que está em foco é uma nova fase da Sociedade da Informação, que teve como marco a popularização da Internet na década de 1980. 22 UNIDADE I│INformAção NA socIEDADE É generalizado o uso do conceito de mídia em pesquisas acadêmicas de Comunicação no Brasil. A partir da década de 1990 é que começou a ser amplamente empregada. Mídia é comumente empregada no mesmo sentido de grande imprensa, imprensa, jornalismo, veículo de comunicação, meio de comunicação, bem como é utilizada em estudos que vinculam o campo da Comunicação ao campo da Política e da Economia Política (GUAZINA, 2007). Segundo Costa (2009), a nova mídia refere-se à mescla de meios que se valem da linguagem, entretenimento, informação e serviços disponíveis por artefatos tecnologicamente avançados em relação aos suportes tradicionais, a exemplo de rádio por ondas eletromagnéticas, aparelho de televisão, papel etc. Para ele, nova mídia não quer dizer apenas uma nova forma de produzir e veicular informação e ainda uma nova forma de interlocução com os consumidores; ela inclui a velha mídia, incorporando-as com os novos modelos de relacionamento com o público e com a informação, com foco na interação e participação. Santaella (2003) aponta que há um processo de complexificação cumulativo, pois a nova forma de comunicação cultural se integra à forma antiga, provocando mudanças de ajustes e funções. Ela prevê que alguns elementos desaparecem, a exemplo de substituição de suportes, como o papiro e do telégrafo, que foram substituídos. A nova mídia, em suma, possui audiência segmentada, diferenciada, embora com grandes públicos, já que não tem como característica a simultaneidade e uniformidade na recepção de mensagens. Ela não é mais uma mídia de massa no sentido clássico do conceito, pois o envio de mensagens é limitado nesse sentido. «Devido à multiplicação de mensagens e fontes, a própria audiência torna-se mais seletiva. A audiência visada tende a escolher suas mensagens, aprofundando, assim, sua segmentação, intensificando o relacionamento individual entre o emissor e o receptor» (CASTELLS, 2000, pp. 367). O mercado brasileiro de IPTV está no início, mas o relatório da consultoria Dataxis estima que, em 2017, o país vai ter 3,9 milhões de usuários utilizando o serviço1. Em estudo realizado, a consultoria estima o aparecimento de ao menos 200 novas empresas de TV paga no mercado brasileiro. Essas empresas surgirão impulsionadas pela Lei no 12.485/2011 e pelo regulamento do Serviço de Acesso Condicionado (SeAC). O relatório intitulado Mercado de IPTV no Brasil 2012-2017 foi elaborado com base nos projetos dos principais operadores de telecomunicações e nos desenvolvimentos locais para implantação de IPTV. 1 Disponível em: <exame.abril. com.br/tecnologia/noticias/Brasil-tera-3-9-milhoes-de-acessos-ao-iptv-em-2017>. Acesso em: 12 jul. 2015. 23 informação na sociedade│Unidade i É comum empresas trocarem a forma do serviço de atendimento ao consumidor. Antigamente, era pessoalmente; depois, por carta; pouco depois, por telefone; e, hoje em dia, por e-mail ou chat. Identifique três vantagens e três desvantagens para os consumidores e as empresas, considerando as novas mídias. Sociabilidade, tecnologia da internet e Comunicação Por Rafael Freitas– Observatório da Imprensa No processo histórico contemporâneo, a comunicação é o agente construtor da realidade. Nossa percepção do mundo é uma construção cultural, sendo a comunicação quem produz e interfere nas percepções. A partir da inserção das tecnologias informacionais no cotidiano, os indivíduos interagem entre si, independentemente das distâncias geográficas. Com o surgimento da Internet, que é o mais completo meio de comunicação já concebido pela tecnologia humana, temos assistido uma reconfiguração das culturas e o nascimento de uma nova estrutura da sociabilidade contemporânea. Organizando a informação que conhecemos sobre este tema, e tentando tirar conclusões destes conhecimentos, para propor algumas hipóteses a cerca dos esquemas de sociabilidade que estão a surgir nas nossas sociedades, irei dialogar com os estudos realizados por Manuel Castells e Pierre Lévy, no sentindo de sintetizar e interpretar os dados disponíveis acerca da relação entre Internet e a sociedade. O surgimento da Internet como novo meio de comunicação gerou um conflito a cerca do aparecimento de novos padrões de interação social. A partir dessa origem, o filósofo Pierre Lévy diz que a revolução contemporânea é apenas uma das dimensões de uma transformação antropológica ampla. Lévy afirma que ainda estamos na “infância da cibercultura”, e que, para ele, as principais transformações sociais provocadas pela tecnologia ainda estão por vir. Lévy coloca que a cibercultura é um movimento que oferece novas formas de comunicação. Como tal, reflete a “universalidade sem totalidade”, algo novo se comparado aos tempos da oralidade primária e da escrita. É universal porque promove a interconexão generalizada, mas comporta a diversidade de sentidos, dissolvendo a totalidade. Em outras palavras: a interconexão mundial de computadores forma a grande rede, mas cada nó dela é fonte de diversidade de assuntos. 24 UNIDADE I│INformAção NA socIEDADE Quais são ou seriam as novas mídias e tecnologias? Vivemos um momento de excessivo bombardeio de informações, dificultando- nos saber qual informação é confiável ou não. Como poderíamos saber o que é verdade, o que é mentira, quem tem a razão e quem não tem? 25 unidAdE iimídiAS E tECnologiAS CAPítulo 1 novas tecnologias, novas mídias e velhas dificuldades Imagem: Creative Commons. Jornalistas deixam veículos impressos e fomentam o mercado on-line Portal dos Jornalistas É cada dia mais comum profissionais do jornalismo impresso migrarem para novas mídias, como portais e blogs. Muitos buscam novas colocações e outros estão atrás de maior autonomia, independência e realização profissional. Em Belo Horizonte, muitas redações estão sendo reduzidas e algumas foram até extintas, como as da Rádio Guarani e de Veja BH. 26 UNIDADE II│míDIAs E tEcNologIAs As vagas de trabalho nessa área estão diminuindo e diversos profissionais estão perdendo seus empregos. Para continuar no mercado e trabalhar com a profissão escolhida, os jornalistas estão migrando para as novas mídias e descobrindo novas oportunidades de trabalho pela Internet. Luciana Avelino, ex-editora do grupo VB Comunicação, tem 20 anos de experiência em mídias tradicionais e, desde que saiu da Viver, está trabalhando em seu novo projeto, a Revista Eletrônica Luciana Avelino, que aborda assuntos como arquitetura, beleza, bem-estar, gastronomia e cultura, entre outros. Ela conta que as novas mídias têm apresentado um crescimento significativo nos últimos anos e podem ser vistas como uma evolução do jornalismo: “Nas gerações anteriores, os trabalhos na Internet eram mínimos e poucos profissionais se arriscavam a trabalhar nessa área. Atualmente, a situação é totalmente contrária. A mídia online tem se tornado fundamental para a divulgação de notícias”. Luciana acredita que a mídia online é uma alternativa para os profissionais que querem continuar trabalhando com jornalismo e não veem recursos nas mídias tradicionais: “Nessa área, temos dois perfis de trabalhadores. Encontramos quem já tem conhecimento sobre as faculdades e cresceu em meio a essa evolução e, também, quem está em busca de novos conhecimentos, depois de dedicar anos a outros meios e se aperfeiçoar para dar sequência a novos trabalhos”. Para Téo Scalioni, sócio e fundador do portal Minas Inova, a Internet é uma tendência não só da comunicação, mas de diversas áreas: “As pessoas estão conectadas, chamam o motorista ou táxi pelo aplicativo, pedem comida da mesma forma, escutam e compartilham músicas na Internet. E, na comunicação, não seria diferente. No mundo online, as coisas são mais dinâmicas. As notícias e informações são na hora. Não ficam velhas. Se acontece algo na parte da manhã, os jornais impressos passarão as informações apenas no outro dia, ficando velhas, uma vez que as pessoas já viram. A Internet possibilita novas formas de trabalho e, ainda, tem a força da interatividade”. Segundo ele, o mercado online está engatinhando e várias organizações ainda não descobriram as infinitas oportunidades da Web. Entretanto, empresas tradicionais que não anunciavam no digital estão começando a fazê-lo. Quem não estava nas redes sociais, mesmo as empresas e instituições governamentais, agora já está. 27 mídias e tecnologias│Unidade ii “O segmento tem profissionais que estão se reinventando e aprendendo. A linguagem na Web é diferente, com textos menores, mais dinâmicos. O tratamento é impessoal e leve. O perfil, portanto, tem que ser de alguém com espírito livre e aberto para aprender, pois, diariamente, chegarão coisas novas, uma plataforma diferente e um assunto inovador, em que será necessário se adequar e aperfeiçoar”, constata. Fonte: Portal dos Jornalistas <http://www.portaldosjornalistas.com.br/noticia/jornalistas-deixam-veiculos-impressos- fomentam-mercado-em-online-em>. Será que o conceito de novas mídias e novas tecnologias está tão claro assim? Manovich (2005) aponta que as novas mídias começaram a amadurecer como campo de estudo no final da década de 1990. Para o autor, em vez de usarmos o termo novas mídias para tratarmos de usos culturais das tecnologias atuais, como computadores ou redes de computadores, podemos nos referir a todas as mídias modernas e as tecnologias de telecomunicações que passam por sua “etapa de nova mídia”. Ele aponta dez itens para entendermos o que realmente são as novas mídias. 1. Novas mídias x cibercultura. 2. Novas mídias como tecnologia computacional usada para distribuição. 3. Novas mídias como dados digitais controlados por software. 4. Novas mídias como software. 5. Novas mídias como o mix entre convenções culturais existentes e as convenções do software. 6. Novas mídias como a estética que acompanha o estágio inicial de todas as modernas mídias e tecnologias de comunicação. 7. Novas mídias como a execução mais rápida de algoritmos previamente executados manualmente ou por meio de outras tecnologias. 8. Novas mídias como codificação da vanguarda modernista; as novas mídias como metamídias. 9. Novas mídias como desenvolvimento adicional da arte radical da década de 1960. 10. Tecnologia das novas mídias como arte (isto é, o software é a vanguarda). 28 UNIDADE II│míDIAs E tEcNologIAs A partir das dez definições de novas mídias – ou pontos de partida para estudos deste conceito – apresentados por Manovich (2005), podemos ter uma ideia de que elas vão muito além do recorte comunicacional que costumamos dar. Assim, o que nos interessa saber sobre novas mídias? De acordo com Sturza (2013, p. 01), “as novas tecnologias da comunicação influenciam o comportamento da sociedade, representando quebras de paradigmas no campo da informação. Esses reflexos podem ser observados, principalmente, na cultura contemporânea”. Nesse ponto, a autora traz à tona o conceito de Novas Tecnologias de Comunicação e Informação (NTCIs), amplamente ligado à ideia de novas mídiase de cibercultura. Para Manovich (2005), cibercultura é “o estudo dos vários fenômenos sociais associados à Internet e a outras novas formas de comunicação em rede” (MANOVICH, 2005, p. 22). Para o autor, a distinção possível entre cibercultura e novas mídias pode ser resumida por: «a cibercultura concentra-se no social e na rede; as novas mídias concentram-se no cultural e na computação” (MANOVICH, 2005, p. 27). Para Dizard Jr (2000), é muito evidente o crescimento dos avanços tecnológicos e do mundo virtual no nosso cotidiano. O autor tem uma visão mais integralista, ao propor que “a mídia velha divide o mundo entre produtores e consumidores: nós somos autores ou leitores, emissores ou telespectadores, animadores ou audiência; como se diz tecnicamente, essa é a comunicação um-todos. A nova mídia, pelo contrário, dá a todos a oportunidade de falar assim como de escutar. Muitos falam com muitos – e muitos respondem de volta” (DIZARD JR, 2000, p. 23). Dizard Jr (2000) ainda propõe que, para que as «velhas mídias» permaneçam existindo, é necessária uma sinergia com as mídias atuais, tendo que haver uma adaptação às realidades tecnológicas e econômicas em vigor. Para debatedores, as velhas e as novas mídias estão em conflito Câmara dos Deputados O deputado Emiliano José (PT-BA), integrante da frente parlamentar em defesa da liberdade de expressão e democratização da comunicação, afirmou que há uma luta política entre as velhas e as novas mídias. “Queremos que as múltiplas vozes da sociedade brasileira tenham o direito de falar, de se expressar”, defendeu. 29 mídias e tecnologias│Unidade ii O parlamentar é um dos debatedores da audiência pública promovida pela Comissão de Direitos Humanos sobre o tema. As velhas mídias, segundo o deputado, atacam judicialmente os novos meios de comunicação porque se sentem ameaçadas. “A velha mídia quer ter o monopólio do discurso da vida brasileira”, disse. A própria seleção dos fatos que merecem ser noticiados, de acordo com o deputado, já é dirigida pelos interesses da “velha mídia”. Emílio José destacou, ainda, que a imprensa deve ser crítica, mas não irresponsável. “A regulamentação do direito de resposta é uma necessidade”, afirmou. O deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) chama a atenção para a complexidade das mudanças que as novas mídias trazem para a sociedade. Ele considera um equívoco separar as novas e as velhas mídias. Wyllys defendeu uma nova legislação para a comunicação. “Nem tudo na Internet é bom. Da mesma maneira que é um espaço democrático, é palco para a expressão do ódio, do preconceito e de campanhas difamatórias”, alertou. Já a deputada Érica Kokay (PT-DF) classificou o cenário atual como uma ditadura da comunicação tradicional, que está nas mãos de dez famílias. “Não há espaços para os contrapontos. A mídia invade a cidadania e impõe opiniões e comportamentos. Precisamos desenvolver o pensamento crítico da sociedade”, afirmou. A audiência foi encerrada. A partir dos conhecimentos adquiridos neste capítulo, reflita e responda. Hoje, discute-se, no meio acadêmico, que o termo “novas mídias” deveria ser substituído por “mídias atuais”, pois já não são tão novas assim. Você concorda? As velhas mídias perdem seu poder com o surgimento de novas mídias? Os desafios da profissão de jornalista continuam no contexto nas novas mídias? 30 CAPítulo 2 novas mídias e cibercultura Imagem: Creative Commons. Formatei meu HD Numa tarde em Itapuã Na Rua da Poesia Sentada à beira-mar Ele não tinha software livre E por isso começou a travar Fechando seu código-fonte Bem ali, a céu aberto Mostrando que certo É programa de índio Que sabe navegar Então sorri a ver navios Até a maré baixar (Conexão à beira-mar, Marina Mara) 31 mídias e tecnologias│Unidade ii Como é de se imaginar, outro conceito bastante importante para os nossos estudos sobre novas mídias é cibercultura. De acordo com Baratto e Crespo (2013), o termo cibercultura é muito popular, mas não há uma definição fechada. Para eles, a cultura é um reflexo da ação humana que permitiu a criação do computador e, consequentemente, da cultura digital. “Cabe ressaltar, aqui, que a cultura não se transforma em digital, mas, sim, ela busca se adequar ao cenário digital, ao mundo virtual” (BARATTO; CRESPO, 2014, p. 17). Eles apresentam os elementos constituintes da cibercultura: o ato de compartilhar; o conceito de (des) territorialidade; o conceito de produção; a tecnologia e racionalização; a cultura digital e educação; e o sentimento de autonomia. Em suma, “a cultura digital, em qualquer definição que possa ser dada, constitui-se, em essência, de compartilhamento, desterritorialização, racionalização, unificação e autonomia” (BARATTO; CRESPO, 2014, p. 24). Para Pierre Lévy (1999), um dos principais autores da área, cibercultura “especifica, aqui, o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço” (LÉVY, 1999, p. 17). A cibercultura dá forma a um novo tipo de universal: o universal sem totalidade. E, repetimos, trata-se, ainda, de um universal acompanhado de todas as ressonâncias possíveis de serem encontradas com a filosofia das luzes, uma vez que possui uma relação profunda com a ideia de humanidade. Assim, o ciberespaço não engendra uma cultura do universal porque, de fato, está em toda parte, e sim porque sua forma ou sua ideia implicam de direito o conjunto dos seres humanos (LÉVY, 1999, p. 119). Bergmann (2007) ressalta que a cibercultura “se trata de um novo espaço de comunicação, de sociabilidade, de organização, acesso e transporte de informação e conhecimento” (BERGMANN, 2007, p. 05). Para a autora, é importante entendermos, também, o que é ciberespaço, que, para ela, significa “um espaço de práticas sociais cuja função não é a de inibir ou acabar com práticas antigas; a escola virtual como forma de organização do ensino, substituindo a escola real, a comunidade virtual como substituta da comunidade real, e, por fim, a cidade virtual em substituição a cidade real” (BERGMANN, 2007, p. 05). 32 UNIDADE II│míDIAs E tEcNologIAs A autora ressalta que a inteligência coletiva é a última finalidade da cibercultura, o que traz outras implicações nesse âmbito. Para ela, a inteligência coletiva “Seria o modo de realização da humanidade, favorecido pela rede digital universal, sem que saibamos, a priori, que resultados podem resultar a partir da conexão das pessoas em rede, uma vez que as organizações colocam em sinergia seus recursos intelectuais” (BERGMANN, 2007, p. 05). o que é cibercultura? Por Luísa Barwinski, Tecmundo Alguém já deve ter perguntado a você como seria viver uma semana inteira sem os aparatos tecnológicos que nós tanto usamos hoje em dia. A resposta deve ter variado, mas o conteúdo não ficou muito longe de querer saber qual tecnologia você estaria abrindo mão. É quase impraticável, não? Mas não fique preocupado, existem milhões de pessoas que compartilham desse mesmo sentimento. Antes de começarmos a entender o que é exatamente a cibercultura, é preciso entender dois conceitos anteriores. Ambos estão fortemente relacionados com a nossa ligação com a tecnologia. Existem gerações diferentes e, com elas, diferenças grandes com relação à necessidade do uso de aparatos tecnológicos para executarmos algumas tarefas. Aqui, vai um pouco de teoria. Existe um mito grego para a origem do fogo que narra a história de Prometeu, um titã que, junto com seu irmão Epitemeu, deveria criar os homens e os animais. Como Epitemeu já havia esgotado seus recursos criando atributos como asas, garras, olhos superpoderosos e força nos animais, coube a Prometeu criar um diferencial para o homem. Para resumir o mito, Prometeu subiu ao Olimpo e roubou o fogo – que era propriedade exclusiva dos deuses – e o deu aos homens. Agora, a vantagemsobre os outros animais estava posta. A partir dessa história, compõe-se o pensamento “prometeico”, ou seja, o de quem acredita na técnica como algo bom para o homem e o seu desenvolvimento. Na contramão, vêm os defensores de Fausto, ou seja, aqueles que não concordam com a dependência da técnica para o crescimento das pessoas e sociedades. Essa linha de pensamento é originada na obra do autor alemão Goethe, em “Fausto”. 33 mídias e tecnologias│Unidade ii Nesse livro, Dr. Fausto é um médico decidido a superar o conhecimento da sua época e, para isso, faz um pacto com o demônio Mephístoles. O final do trato é, realmente, o inferno. Assim, pode-se dizer que as pessoas que veem a tecnologia como uma “armadilha” são adeptas do pensamento “fáustico”. Tecnologia: gostar ou não? Depois de você ter observado alguns critérios sobre a relação das pessoas com a tecnologia, é hora de partir para um conceito maior. A cibercultura é entendida como um conjunto de espaços, atitudes, rituais e costumes que as pessoas desenvolvem quando entram em contato com a tecnologia. Assim, é possível entender como algumas pessoas lidam com a situação. É fácil entender. Normalmente, o indivíduo que está bem inserido nesse contexto tende a não perceber que se trata de algo que vem acontecendo desde a década de 1970. Entretanto, os laços tecnológicos ficaram mais estreitos a partir da popularização da Internet e das tecnologias móveis, como os telefones celulares, smartphones e computadores portáteis. As gerações mais jovens têm muita afinidade com a tecnologia. Se resolvêssemos resumir o conceito de cibercultura, teríamos uma divisão da cultura contemporânea marcada pelo digital e o estudo das técnicas. Dessa forma, podemos ver uma série de reflexos da cultura offline na vida online. Afinal de contas, a Internet nada mais é do que um potencializador de comportamentos. Para entender o que é a cibercultura, é importante adotar o pensamento prometeico, ou seja, aquele que é favorável à tecnologia, como um referencial para comparações. Isso porque as características de uma pessoa inserida nesse contexto estão mais conectadas aos hábitos de uma vida “moderninha”. Portanto, se você já se deu ao trabalho de ler este texto enquanto navega pela Internet, ouve suas músicas e aguarda alguma mensagem no seu celular ou Twitter, desista, você é parte da cibercultura e, por mais que tente negar, participa de forma bastante ativa. Surpreso? Pois suas atitudes e comportamentos ajudam a formar o que se chama de “ciberespaço”. 34 UNIDADE II│míDIAs E tEcNologIAs Os conceitos referentes às novas mídias nem sempre são fechados e restritos. Tendo em vista essa afirmação e após todas as últimas leituras e reflexões, responda: qual a ideia que você tem sobre cibercultura? 35 CAPítulo 3 mídia e cotidiano Imagem: Plugcitarios.com. A internet vai acabar? Entenda o que disse Eric Schmidt, do google Por João Kurtz, Portal Techtudo “A Internet vai desaparecer”, essa foi a declaração de Eric Schmidt, ex-CEO do Google, que chocou tanta gente na última semana. Mas, não se preocupe. O atestado de óbito conferido a Internet por Schmidt se refere apenas a um possível futuro da rede, que está ligado à sua evolução e não extinção. Ao longo do painel no Fórum Econômico Mundial, o ex-CEO da gigante de buscas explicou sua “previsão apocalíptica”. “Existirão tantos endereços IP e tantos dispositivos, sensores e coisas para vestir, que estaremos interagindo com elas sem mesmo senti-las, elas serão parte da nossa presença o tempo inteiro”, afirmou. O ex-CEO acrescentou, ainda, que, no futuro, os cômodos serão dinâmicos, promovendo uma maior interação entre o usuário e a sala em que ele se encontra. 36 UNIDADE II│míDIAs E tEcNologIAs O que Schmidt quer dizer com isso? O que Schmidt quer dizer com o termo “desaparecer”, portanto, é justamente o contrário do que foi se inicialmente pensado. O ex-CEO não está pregando o fim da Internet, e sim uma expansão tão grande, que vai ficar difícil definir os limites entre o real e o virtual, entre o online e o off-line. Um dos fatores que apontam para essa tendência é a Internet das Coisas, termo usado para designar novos dispositivos que podem se comunicar entre si por meio da rede. No início, a tecnologia era utilizada apenas por celulares, mas, hoje, é possível encontrar diversos produtos capazes de se comunicar, como eletrodomésticos e até lâmpadas que podem ser ligadas ou desligadas a distância. Para Schmidt, portanto, o que está ocorrendo é um movimento de convergência, no qual a Internet está cada vez mais presente e ligada a nossas atividades diárias. Nesse contexto, não é exagero dizer que a Internet vai desaparecer dos nossos olhos, da navegação tradicional via browser, para ser substituída por algo ainda mais comum e tão presente, que será difícil viver sem ela. Eric Emerson Schmidt é presidente do conselho do Google, ex-chefe executivo (CEO) do gigante de buscas e doutor (Ph.D) em Ciência da Computação pela Universidade da Califórnia em Berkeley. Fonte: Portal Techtudo. <http://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2015/01/Internet-vai-acabar-entenda-o-que- disse-eric-schmidt-do-google.html>. Novas mídias surgem como amparo para um mercado cada vez mais exigente e ansioso por inovação. Destacar-se da concorrência não é tão simples e necessita muita criatividade e trabalho. A criatividade está em toda parte, sacos de pão, lojas de conveniência, estacionamentos, academias, farmácias, lavanderias, salão de beleza, metrô, táxi, mobiliário urbano e, nesse exato momento, pode estar surgindo em outro lugar. E as inovações não param por aí. Você está com fome, pede uma pizza e, quando o entregador chega, eis que surge aquela caixinha com um anúncio impresso em sua parte superior com o novo lançamento de uma construtora. No meio de uma mordida e outra, você fica sabendo quantos quartos e o valor das prestações de mais um empreendimento imobiliário. Não tem jeito, é mídia para toda parte. 37 mídias e tecnologias│Unidade ii Prática e teoria Tantas novas alternativas deixam a gente louco, às vezes. Para os profissionais da área, fica a tentativa constante de empreender novas possibilidades, de fazer acontecer, e de forma diferente do outro, de preferência. Para o consumidor, socorro! Seja onde for que você estiver agora, pense bem. Não tem como correr. Então, se você não pode com eles, junte-se a eles. Quem sabe não tem por aí uma empresa que aluga espaço no seu próprio corpo durante um tempo para vender seus produtos? Diversos tipos de mídias e tecnologias estão sendo usadas pelas instituições no Brasil e no mundo, como forma de comunicação, das mais simples às mais rebuscadas. Vale lembrar que nem todas são novas mídias/tecnologias, na sua maioria, é um aprimoramento de mídias já existentes, dando uma nova funcionalidade, mudando a aparência ou mesclando diversos tipos de mídias. Vejamos, a seguir, alguns exemplos. Mídia exterior » Busdoor e backbus » Empena » Frontlight e backlight » Mídia aeroportuária » Mídia em metrô » Mídia em táxis » Mobiliário urbano e outdoor Mídia impressa » Identidade visual » Folders » Cartazes » Folhetos, mala direta » Publicações 38 UNIDADE II│míDIAs E tEcNologIAs » Jornais » Revistas e sinalização Mídia digital » Banners em sites » Anúncios em redes sociais » Links patrocinados em sites de busca » E-mail marketing » Portais » Mídia outofhome mídia digital out of home A mídia digital out of home é um novo meio de comunicação que surgiu neste novo milênio. Ela atinge os consumidores quando eles se encontram fora de suas casas, no momento certo. Seja no momento de decisão de compra nos pontos de venda ou em ambientes que exijam um tempo de espera forçada. Por exemplo: monitores instalados em shopping centers, redes de supermercados, bares e restaurantes ou aqueles estrategicamenteinstalados e transmitindo programação segmentada, para públicos que se encontram em ônibus, elevadores, metrôs, trens, consultórios etc. Normalmente, monitores são instalados em pontos estratégicos, lugares onde haja um alto fluxo de pessoas, podendo ou não permanecerem no lugar por um certo tempo. Provavelmente, você já viu em elevadores, banheiros, corredores de shopping, restaurantes, bares, escolas, em pontos de venda (PDV), entre outros. O conteúdo exibido nesses monitores pode ser atualizados em tempo real, com conteúdos diferentes para cada ponto estratégico, possibilitando um maior retorno da eficácia da informação veiculada, seja ela publicitária ou informativa, bem como manter os clientes entretidos, no caso de uma permanência no local. 39 mídias e tecnologias│Unidade ii outras formas de sinalização Existem, também, outros tipos de sinalização em que poderíamos chamar de “novas mídias” ou de “formas criativas”, isto é, a mesma mídia apresentada de uma nova forma. Apresentamos, neste capítulo, até agora, uma visão de mídias mais baseada na exploração das marcas no nosso dia a dia. Mas e as mídias tradicionais (rádio, TV, jornal impresso, revista), qual a presença delas no nosso cotidiano? A mídia em nossas vidas: informação ou manipulação? Por Christiane Lima, Elo Internet Semana passada, o final de uma novela paralisou o país, em um fenômeno sem precedentes, que levou até a presidente Dilma Rousseff a adiar comício por conta do último capítulo. Particularmente, não assisto, mas não dá para ignorar um fato como esse. O “The Washington Post”, um dos jornais norte-americanos mais respeitados e lidos em todo o mundo, relatou o poder de influência das novelas na vida dos brasileiros, em seu artigo “Brazil’s Novelas May Affect Viewers’Lifes” (Novelas do Brasil podem afetar as vidas dos telespectadores). Um dos trechos do artigo diz: “No Brasil, um país que, na média, assiste mais à televisão que qualquer outro país, exceto o Reino Unido, novelas têm um efeito mais duradouro ao influenciar escolhas no estilo de vida, dizem os pesquisadores. As novelas tornaram-se uma parte muito importante na sociedade brasileira”. A população é facilmente influenciada pela mídia, principalmente quando está relacionada a novelas. Nestas, heróis nacionais são criados – ficcionais ou não. Acaba uma novela e inicia outra e os modelos de comportamentos, beleza, moda e outros vão se alterando. Mudam os personagens, a trama e os assuntos abordados e a sociedade vai respondendo a esse estímulo produzido. Os padrões difundidos são copiados e seguidos, porém as pessoas não conseguem adaptá- los a uma vida real, o que gera ansiedade, angústia e frustração. 40 UNIDADE II│míDIAs E tEcNologIAs Assistir televisão, navegar na Internet, falar ao celular são coisas do cotidiano da maioria da população mundial. Somos, todos os dias, bombardeados por diversas mídias que, em comum, têm o objetivo de nos vender alguma coisa: uma ideia, um produto, um sonho etc. E essa tecnologia influencia o tempo todo a sociedade e, em consequência, a educação, tanto informal quanto formal. Podemos afirmar que a vida e a interação humana são mediadas e controladas pelos meios de comunicação. E é nesse ambiente de interação com o mundo e significação que desde pequena a criança é colocada à frente da televisão e esta então se apresenta como parte integrante da família por ser uma boa “babá eletrônica”. Como negar a influência da TV, presente na quase totalidade dos domicílios brasileiros, sobre as formações das identidades sociais? A influência das mídias digitais no dia a dia Bruna Coura, Plugcitários Imagem: Creative Commons As mídias digitais estão presentes na nossa rotina há alguns anos, mas só há pouco tempo é que deixaram de ser apenas uma ferramenta de entretenimento. Hoje, elas assumem um papel indispensável na vida das pessoas. O aparelho celular, por exemplo, que, antes, servia apenas para fazer ligações ou enviar mensagens de texto, acabou se tornando um computador de bolso, passando a ser chamado de smartphone – aliás, um nome justo, tendo em vista sua funcionalidade. A mesma ideia serve para os tablets. http://plugcitarios.com/2015/03/a-influencia-das-midias-digitais-no-dia-a-dia/ 41 mídias e tecnologias│Unidade ii Depois dos aplicativos, a inserção desse tipo de mídia na vida das pessoas se tornou realidade e se consolidou de forma tão natural que chega a ser espantoso. Podemos controlar muita coisa por meio do celular, quase tudo se faz por meio de um aparelho com conexão à Internet – transações bancárias, agendamento médico, análise da melhor rota no trânsito, assistir um filme, interagir com amigos ou até mesmo conhecer gente nova. O lado bom desses novos meios fazendo parte do cotidiano é a facilidade e agilidade que trazem para a vida das pessoas. Não é mais necessário se aborrecer com filas imensas para pagar uma conta no banco. Hoje em dia, qualquer pessoa pode baixar o aplicativo do seu banco e pagar suas contas no conforto da sua poltrona de casa, no dia e hora que quiser. O lado ruim é a dependência emocional que elas podem causar nas pessoas, mas nada que uma dose de bom senso não resolva. Após a leitura dos dois últimos textos, reflita sobre a presença das mídias na sua vida. Em seguida, faça uma estimativa de quantas horas por dia você gasta consumindo velhas (TV, rádio, impressos) e novas mídias (Internet nos mais diversos dispositivos). O que podemos inferir a partir do resultado? 42 unidAdE iiiCulturA digitAl CAPítulo 1 geração Y e tecnologia Imagem: Reprodução/Exame.abril.com.br/Ilustração: Mariana Coan Somos os filhos da revolução Somos burgueses sem religião Somos o futuro da nação Geração Coca-Cola (Geração Coca-Cola, Legião Urbana) Você, alguma vez, já ouviu alguma referência ao termo “geração Y»? Conhecido também como geração da Internet, ele faz referência às pessoas que nasceram por volta de 1980, época de extremo desenvolvimento tecnológico, o que certamente afeta no comportamento da geração. 43 cultura digital│uNidadE iii Para Vasconcelos et al. (2010), podemos considerar três perfis atuais de geração: baby boomers, que são os nascidos até o ano de 1964; geração X, que compreende os nascidos ente 1965 e 1977; e geração Y, que são as pessoas nascidas a partir de 1978. Hoje, já se fala em geração Z, conceito informal que está em desenvolvimento e faz alusão aos nascidos a partir do ano de 1995. Os autores destacam que a geração Y tem sido fonte de muitas pesquisas, de diversas áreas, devido ao interesse do impacto da tecnologia nas pessoas que nasceram em uma época digital. As peculiaridades dessas pessoas, que, para Vasconcelos et al. (2010), são filhas da tecnologia, envolvem o ritmo para mudanças, necessidade de interatividade, acesso à informação e diferentes relações com o mundo do trabalho. Vasconcelos et al. (2010, p. 229) elencam uma série de características dos integrantes dessa geração: “permanente conexão com algum tipo de mídia; são habituados a mudanças e dão valor à diversidade; preocupam-se com questões sociais e acreditam nos direitos individuais; são mais criadores do que receptores; são curiosos, alegres, flexíveis e colaboradores; formam redes para alcançar objetivos; priorizam o lado pessoal em relação às questões profissionais; são inovadores e gostam da mobilidade; são imediatistas, impacientes, auto-orientados, decididos e voltados para resultados; não lidam bem como restrições, limitações e frustrações”. Por fim, os autores destacam que “essa geração encara o trabalho como desafio e diversão e preza por um ambiente informal com transparência e liberdade, além disso, busca aprendizado constante e não tem medo da rotatividade de empregos” (VASCONCELOS et al., 2010, p. 229). 44 UNIDADE III│cUltUrA DIgItAl imagem: reprodução/projeto Websegura. Crianças de 6 anos dominam tecnologia digital melhor que adultosPor Juliette Garside, do The Guardian, Tradução de Rodrigo Neves para o Observatório da Imprensa Uma criança de seis anos sabe mais sobre tecnologia digital do que um adulto de 45 anos, afirma o órgão regulador de mídia do Reino Unido, Ofcom, em seu relatório anual sobre os consumidores britânicos, lançado no começo de agosto. 45 cultura digital│uNidadE iii “Estas crianças estão moldando as comunicações”, disse Jane Rumble, chefe de pesquisa de mídia no Ofcom. “Por terem crescido na era digital, elas estão desenvolvendo hábitos de comunicação completamente diferentes de gerações mais velhas, mesmo comparado-as com os jovens entre 16 e 24 anos”. O Ofcom criou um “coeficiente digital”, um teste que analisou como 800 crianças e 2 mil adultos do Reino Unido usam diversos dispositivos digitais, como tablets e smartphones, e qual o conhecimento deles sobre tecnologia. As crianças de 6 a 7 anos se saíram melhor nos testes que adultos entre 45 e 49 anos, com um coeficiente médio de 98 contra 96. O auge de entendimento digital se dá nos jovens entre 14 e 15 anos, com um coeficiente médio de 113, e esse número cai gradualmente nas faixas mais velhas, sofrendo bruscas quedas ao chegar na faixa dos idosos. A forma como as crianças deste milênio se comunicam entre si e consomem entretenimento é tão diferente das gerações anteriores que analistas, agora, consideram as crianças melhores indicadores do futuro da comunicação do que os adolescentes e os jovens adultos. A partir da leitura do texto, reflita sobre os diferentes usos e as diferentes percepções sobre tecnologia que pessoas de gerações diferentes podem ter. 46 CAPítulo 2 tiCs e ntiCs imagem: creative commons. As Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) são “recursos tecnológicos que, se estiverem integrados entre si, podem proporcionar a automação e/ou a comunicação de vários tipos de processos existentes nas atividades profissionais, no ensino e na pesquisa científica, na área bancária e financeira, religiosa etc.” (MICHEL, 2009, p. 09). Segundo a autora, as TICs, então, são “tecnologias usadas para reunir, distribuir e compartilhar informações» (MICHEL, 2009, p. 09), como, por exemplo, sites da Web, equipamentos de informática (hardware e software), telefonia, quiosques de informação e balcões de serviços automatizados. Corroborando com Michel (2009), Miranda (2007, p. 43) aponta que o termo TIC «se refere à conjugação da tecnologia computacional ou informática com a tecnologia das telecomunicações e tem, na Internet, e mais particularmente na World Wide Web (WWW), a sua mais forte expressão”. Para a autora, os temos TICs e NTICs “parecem redundantes, pois a referência à novidade nada acrescenta à delimitação e clarificação do domínio. Mais ainda, o que é novo hoje deixa de o ser amanhã” (MIRANDA, 2007, p. 43). 47 cultura digital│uNidadE iii Já autores como Peçanha (2011) compreendem essa questão por outro ponto de vista. A autora aponta que o processo de produção e uso de jornais, revistas, rádio, cinema, vídeo etc. compreendem tecnologias específicas, as chamadas TICs, e a Internet possibilitou um incremento no termo, o que deu origem às NTICs. O avanço tecnológico das últimas décadas garantiu novas formas de uso das TICs para a produção e propagação de informações, a interação e a comunicação em tempo real, ou seja, no momento em que o fato ocorre. Surgiram, assim, as novas tecnologias de informação e comunicação, as NTICs. Nessa categoria, é possível, ainda, considerar a televisão e, mais recentemente, as redes digitais, a Internet. Com a banalização do uso dessas tecnologias, o adjetivo “novas” vai sendo deixado de lado e todas são chamadas de TICs, independentemente de suas características (PEÇANHA, 2011, p. 19). Para Otero Garcia (2012), antes do advento da Internet, o termo TICs se referia a jornais, revistas, rádio etc. Isso mudou na era digital, quando o termo passou a ser chamado de NTICs. O autor faz uma proposição: “atualmente, conforme já dissemos, com o uso cada vez mais comum das NTICs, tratá-las simplesmente por TICs parece- nos mais adequado (e, por que não de tecnologias da inteligência?)” (OTERO-GARCIA, 2012, p. 286). Após ler um pouco sobre várias visões sobre TICs e NTICs, formule suas próprias definições para os dois termos. Como gerenciar a pegada de carbono das tiCs Soluções existem e, à medida que as companhias de tecnologia se conscientizam sobre a importância deste problema, elas adotam as medidas apropriadas Por José Renato Gonçalves, 2015. Estudos recentes estimam que a Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) é responsável por mais de 10% do consumo de energia do mundo – e à medida que evolui, é provável que passe a usar cada vez mais. 48 UNIDADE III│cUltUrA DIgItAl O consumo varia – recarregar um smartphone ou um tablet requer pouquíssima eletricidade, porém assistir a uma hora por semana de vídeo em um aparelho móvel consome mais eletricidade que o uso de dois refrigeradores por um ano. Isso se deve à energia dispensada para ligar e depois desligar os servidores de vídeo de um datacenter, além do consumo do equipamento de rede. No entanto, graças aos avanços em eficiência energética para as TICs – que dobraram a cada um ano e meio, pelos últimos seis anos – os telefones e tablets de hoje, reconhecidos pelo baixo consumo, usam cada vez menos energia – 2kWh e 12kWh, respectivamente. Por outro lado, há milhões deles em uso todos os dias. O datacenter é a área das TICs mais faminta por energia – estima-se que eles consumam entre 1 a 2% da energia do mundo – e uma pesquisa recente mostrou que o custo com energia e disponibilidade são as principais preocupações entre os operadores de datacenter. As TICs, como um todo, respondem por mais de 830 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), colocando-as junto à indústria de aviação para emissões de CO2 globais. Por isso, a pegada de carbono das TICs não pode ser ignorada e deve ser vista como um desafio. O Bell Labs conduziu uma pesquisa de tendências energéticas para o mundo sempre online de hoje e previu que, em 2017, teremos mais de 3,9 bilhões de usuários de Internet, levando a um crescimento de 400% em tráfego de dados e de 720% para vídeos. Com isso, a eficiência energética das TICs nunca foi tão importante. Como podemos, neste contexto, torná-las mais eficientes? Soluções existem e, à medida que as companhias de tecnologia se conscientizam sobre a importância deste problema, elas adotam as medidas apropriadas. Já foi dito, por exemplo, que uma grande economia de energia pode ser alcançada trocando as aplicações de negócios para ambientes em nuvem. A realocação de espaços de servidores pequenos e ineficientes e dos serviços hospedados localmente para a nuvem pode reduzir os custos com energia em 87%. O uso de servidores compartilhados e baseados na nuvem permite o uso compartilhado de energia e, como efeito, faz para a energia usada na computação o que a carona compartilhada faz para as emissões da indústria de automóveis. 49 cultura digital│uNidadE iii Outras maneiras de fazer com que os datacenters se tornem espaços mais eficientes e que tenham impacto direto sobre a pegada de carbono são a gestão do fluxo de ar, uso minimizado de ar condicionado e implementação de free cooling – técnica que explora a existência de diferenças de temperatura entre ambientes, para a produção de refrigeração. Impacto da Internet das Coisas e mais O advento da Internet das Coisas (IoT) também pode ter um efeito positivo. Opções possibilitadas pela tecnologia, que passaram a surgir graças à evolução da própria tecnologia, incluem aplicativos móveis como soluções de videoconferência e gestão de prédios inteligentes via M2M – ambos com impactos ambientais positivos. O efeito geral do IoT é também projetado como positivo, com novas soluções, como as citadas acima, cortando em mais de16,5% as emissões de gases – uma redução de 9,1 giga toneladas de CO2 até 2020. Além dessas soluções, a tecnologia está inventando novas formas de tornar o mundo, como um todo, mais verde. As TICs tornaram possível o desenvolvimento da tecnologia smart grid, possibilitando à Internet transportar grandes quantidades de energia de dados, para fazer com que o acelerado desenvolvimento urbano traga mais espaços para trabalhar e que sejam energeticamente eficientes. A já mencionada videoconferência contribui para a redução do número de voos para reuniões de negócios. Então, a Internet tem um impacto de dois lados no meio ambiente e na sua própria pegada de carbono: encontrar maneiras de usar a tecnologia de forma mais inteligente e inventar soluções novas e mais verdes a todo momento. Gigantes da indústria de tecnologia já se comprometeram com políticas verdes e investem constantemente em iniciativas ambientais. À medida que a tecnologia continua a evoluir, as TICs que devem se fazer cada vez mais verdes, para o bem de todos. Fonte: Portal Cio <http://cio.com.br/tecnologia/2015/09/15/como-gerenciar-a-pegada-de-carbono-das-tics/>. 50 UNIDADE III│cUltUrA DIgItAl Com base no texto e nos aprendizados até esse momento, explique como o uso das TICs interferem cada vez mais no modo em que vivemos. 51 CAPítulo 3 Convergência midiática, interação e interatividade Imagem: Creative Commons. Veja o que sugere o texto abaixo, de B. Piropo, do Portal Techtudo. As TVs Inteligentes dominarão o mercado Por B. Piropo, Techtudo Há quase exatamente dois anos o conceituadíssimo Grupo Gartner previa que quase 85% das televisões de tela plana fabricadas em 2016 serão “inteligentes”. Agora, o mesmo Grupo Gartner prevê que, no ano seguinte, 2017, a transmissão de vídeo ao vivo pelos usuários será um evento tão corriqueiro que os vídeos pessoais ocuparão o lugar dos autorretratos, os populares selfies. O grupo Gartner, penso eu, dispensa apresentações. Em todo o caso, se você não o conhece, pode descobrir, na página About Gartner, que se trata de uma “empresa de consultoria, líder mundial em pesquisas sobre Tecnologia da Informação”, uma empresa capaz de fornecer aos clientes toda a informação necessária para tomar corretamente suas decisões. Foi fundada em 1979, tem sede em Connecticut, EUA, e tem, em seu corpo de colaboradores, mais de 1.500 analistas de pesquisas. Em suma: é uma das fontes de informação mais ricas e fidedignas no campo da Tecnologia da Informação. 52 UNIDADE III│cUltUrA DIgItAl Já “TV inteligente” todo mundo sabe o que é. Ou não? Bem, depende. Imagem: Reprodução/Techtudo. Pergunte por aí e, provavelmente, quem tem alguma ideia do assunto responderá que “é uma televisão conectada à Internet”. O que, de fato, não deixa de ser verdade. Por outro lado, talvez, exprima uma visão demasiadamente limitada do que efetivamente vem a ser uma TV Inteligente. A Wikipedia afirma que é uma televisão com a Internet integrada e funcionalidades de “Web 2.0”, um exemplo de convergência tecnológica entre computadores e televisores. O que também é verdade. O Grupo Gartner, por sua vez, na primeira das pesquisas citadas, define a típica Televisão Inteligente (“Smart TV”) como “uma TV que tem a habilidade de usar uma conexão de alta taxa (banda larga) para efetuar buscas na Internet por conteúdos em vídeo e exibir o conteúdo encontrado”, o que já é um pouco mais específico, mas ainda deixa muita margem para diferenças substanciais. Então, antes de voltar a discutir as implicações dos relatórios Gartner, vamos reservar alguns minutos para examinar essas diferenças. 53 cultura digital│uNidadE iii Para começar, uma TV Inteligente, mesmo conectada à Internet, não goza da liberdade oferecida por um computador. Seu dono somente pode usar os aplicativos, ou apps, fornecidos com ela ou adquiridos na “loja” de seu fabricante ou associado. O número e tipo desses aplicativos variam muito conforme a marca e o modelo da TV. O Skype, por exemplo, é bastante comum, o YouTube é quase obrigatório, assim como o Picasa. Quase todas oferecem acesso ao Netflix, um serviço que põe à disposição do usuário uma enorme coleção de filmes, documentários e quase todo tipo de vídeo mediante um módico pagamento mensal. Algumas dispõem de um número limitado de jogos e quase todas permitem acesso às principais redes sociais, como Twitter, Facebook etc. Outras dão acesso a sítios de notícias e a edições de jornais ou revistas que podem ser lidos facilmente na tela de alta definição. Alguns modelos oferecem um programa navegador, o que amplia bastante a possibilidade de explorar os sítios da rede. O problema é que, se você pretende usar sua TV Inteligente para gerenciar seu correio eletrônico refestelado na poltrona da sala ou adicionar comentários a postagens das redes sociais, vai ter que digitar alguma coisa. Até mesmo para visitar o sítio desejado terá que digitar seu URL na barra de endereços do navegador. E digitar usando a combinação de controle remoto e teclado virtual exibido na tela é uma tortura. Se é essa sua intenção, o ideal é uma TV que seja fornecida com mouse e teclado ou que permita a conexão a teclado e mouse sem fio de computador. Porém, ainda que se equipe a TV Inteligente com esses periféricos, há que lembrar que uma TV Inteligente é uma TV, não um computador. Ou seja: é um dispositivo concebido para fins de entretenimento, não para executar qualquer atividade produtiva. Considere, então, que toda sua “inteligência” não passa de uma funcionalidade adicional da TV e, mesmo quando equipada com os devidos acessórios, não substituirá um computador (outra coisa é conectar um pequeno computador ligado à Internet a, por exemplo, uma entrada HDMI de uma TV “burra”, porém de tela plana, ampla e de alta definição; nesse caso, com um bom conjunto de teclado e mouse sem fio, você terá um sistema capaz de satisfazer suas necessidades de entretenimento e, além disso, acessar a Internet e, de lambuja, rodar os programas instalados no micro. 54 UNIDADE III│cUltUrA DIgItAl Por fim, há que discutir a questão da Internet. Se você já não dispõe de uma conexão de alta taxa de transmissão (banda larga) em sua casa, vai ter que contratar uma apenas para a TV, o que, talvez, não seja a melhor das ideias. E, se no bairro ou região onde mora não é possível obter uma conexão de alta taxa de transmissão, nem pensar em TV Inteligente. Quem adquire e instala uma destas TVs sem conexão de alta taxa à Internet até poderá alegar que a TV é inteligente, mas ela se comportará de forma tão estúpida quanto qualquer TV convencional. Na verdade, comprar uma TV como estas para assistir programas sobre “celebridades” e congêneres serve, apenas, para evidenciar que, embora a TV seja inteligente, definitivamente o mesmo não ocorre com seu dono. E, finalmente, como conectar a TV à Internet? Os modelos mais antigos só permitiam que essa conexão fosse estabelecida via cabo com conector padrão RJ45, aquele tipicamente usado para redes de computadores, para ligar o aparelho de TV a uma saída do “modem” ou roteador que recebe e distribui o sinal da Internet para computadores. Já as mais modernas trazem integrado um dispositivo que permite conexão direta à uma rede doméstica (que, presumivelmente, está conectada à Internet de alta taxa) via WiFi, desde que seu roteador possa funcionar como “ponto de presença” (ou de irradiação de sinal) WiFi, bastando que se configure a televisão adequadamente, entrando com a devida senha. E, por último, existem os modelos intermediários, conhecidos por “WiFi Ready”, que, para aqueles que, mesmo ligados à área de TI, usam o português como idioma preferencial, significa “prontas para receber o sinal WiFi”. Esses modelos exigem o uso de um pequeno receptor de sinal WiFi que, em geral, é conectado a uma porta USB da televisão. Alguns vendedores
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