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TEORIA DA HISTÓRIA PROFESSOR RODRIGO PEREZ Aula 1- A importância da reflexão teórica para o ofício do historiador II- Construindo o argumento central da aula: A teoria e a Metodologia como fundamento operacional da produção do conhecimento histórico A produção do conhecimento demanda um procedimento discursivo capaz de dar coerência à mensagem transmitida. É exatamente nesse aspecto operacional que reside a teoria e a metodologia. - O termo “teoria” nos remete à antiguidade grega, quando existia a figura do theorios, quer era o expectador do teatro; ou seja, o ato de teorizar é etmologicamente e culturamente relacionado à observação, à contemplação. - O termo método já relaciona-se ao caminho percorrido para atingir determinado fim; ou seja, o método é uma forma de fazer algo. - O método está vinculado à teoria; uma determinada forma de contemplar determinado objeto implica em um procedimento destinado a traçar um caminho até ele. - Por exemplo, o interesse em determinada experiência histórica demanda uma abordagem, uma certa forma de contemplar e observar essa experiência; a isso chamamos teoria. - A análise desse experiência envolve um procedimento de leitura da historiografia já produzida sobre o tema, o exame da documentação e a produção de um texto destinado a oferecer ao leitor a “sensação de verdade”. - A partir disso, podemos supor que o conhecimento histórico é produto de uma operação intelectual caracterizada pela subjetividade autoral; ou seja, a história não é um relato mecânico sobre o passado, ela relaciona-se diretamente ao seu espaço de produção, à experiência do tempo em que viveu o historiador. Um estudo de caso sobre a subjetividade autoral http://www.youtube.com/watch?v=4jw9RJBSUak - Um historiador formado na tradição do materialismo histórico olhará a experiência do passado a partir de uma determinada forma, caracterizada pela ênfase nas estruturas econômicas e pelo conceito de “luta de classes”. http://www.youtube.com/watch?v=NqKLzFELxIU - Um historiador formado na tradição da filosofia foucaultiana olhará a experiência do passado a partir de uma abordagem atenta aos mecanismos de poder instituídos na sociedade em questão. Qual das duas abordagens é a mais correta ou a melhor? - Essa questão não deve ser colocada já que, na sua qualidade de discurso historicamente construído, a história não opera com verdades definitivas e universalmente aceitas. As verdades históricas se apresentam sob a forma de hipóteses e são transitórias, podendo ser questionadas a qualquer momento. - Diante disso, podemos falar a história é uma espécie de discurso retórico que através de procedimentos teóricos e metodológicos pretende inocular o leitor uma certa “sensação de verdade”. III- Revirando o Baú - Uma análise teórico-metodológica demanda a compreensão de outros dois conceitos fundamentais: paradigma e campo. - O paradigma – Uma certa forma de conceber os estudos históricos, uma espécie de “lente” que o historiador adquire com a sua formação e que prefigura a maneira como ele interpreta determinada experiência. Já vimos as principais marcas no paradigma marxista (também conhecido como “materialismo histórico) e do paradigma foucaultiano. Vejamos agora as principais características do paradigma estruturalista. http://www.youtube.com/watch?v=DHXc4kFy10A&feature=related O paradigma estruturalista será fundamental para o nosso curso de teoria da história; ele foi hegemônico na historiografia durante grande parte do século XX, quando entrou em crise na década de 1970. - O campo – Os diversos paradigmas historiográficos disputam as “verdades” históricas em um campo específico do conhecimento. A ideia de “campo” nos remete a um espaço de produção do conhecimento relativamente autônomo que funciona de acordo com regras específicas. - Por exemplo, o campo da história possui regras e métodos específicos que o diferencia do campo da literatura. É claro que essa diferenciação não exclui a possibilidade de diálogo entre esses campos. - Podemos dizer então que o campo dos estudos históricos é uma arena de conflito, onde diversas abordagens – paradigmas – disputam a hegemonia. Os donos dessa posição mudam ao sabor das circunstâncias, o que nos leva a definir a história como um conhecimento historicamente construído. Como exemplo disso, vejamos o vídeo da conferência de Carlo Guinzburg, um dos principais representantes do paradigma historiográfico atualmente hegemônico. http://www.youtube.com/watch?v=XvrmurOOWp4 Diante disso, podemos pensar as verdades históricas na chave sofística, ou seja, menos como elementos que se auto-legitimam e mais como modelos discursivos retoricamente elaborados e historicamente datados. IV- Revisão - Nessa aula aprendemos que: - A produção do conhecimento histórico demanda uma teorização metodológica. - No plano da teoria os conceitos de “paradigma” e “campo” são fundamentais. - Esses conceitos nos levam a negar qualquer dimensão universalista das verdades históricas; elas são provisórias e transitórias. V- Exercício de fixação 1) Qual a relação que existe entre teoria e metodologia? 2) Qual a relação entre “paradigma” e “campo”? Na próxima aula estudaremos a crise dos paradigmas estruturalistas.
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